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Enfermagem na
Saúde da Criança e
do Adolescente
Prof.ª Débora Cristina Modesto Barbosa
Indaial – 2023
2a Edição
Elaboração:
Prof.ª Débora Cristina Modesto Barbosa
222p.
ISBN 978-85-459-2347-3
ISBN Digital 978-85-459-2348-0
“Graduação - EaD”.
1. Enfermagem 2. Criança 3. Adolescente
CDD XXXXX
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679
Impresso por:
APRESENTAÇÃO
A enfermagem tem papel de destaque nas ações realizadas junto aos serviços
de saúde e a população como um todo, visto que está presente, de forma atuante e
necessária, em todas as fases do ciclo de vida dos indivíduos, seja com o propósito de
promover saúde, realizar prevenção de doenças, articular a proteção e/ou favorecer a
recuperação e reinserção dos indivíduos em seus espaços de origem. O grande diferencial
deste profissional é que apesar de suas ações serem fundamentadas na literatura atual,
embasadas em evidências científicas e clínicas, e sustentadas por recomendações, toda
sua aplicação é realizada de forma singular, articulada e colaborativa junto ao serviço de
saúde, equipe multiprofissional e planos de cuidado.
Para que sua trajetória seja a mais produtiva possível, dividimos o material em
três Unidades: Unidade 1, Unidade 2 e Unidade 3, que apesar de terem características
específicas, estão bem articuladas.
Bom estudo!
QR CODE
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a
você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, a UNIASSELVI disponibiliza materiais
que possuem o código QR Code, um código que permite que você acesse um conteúdo
interativo relacionado ao tema que está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse
as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade
para aprimorar os seus estudos.
ENADE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.
REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 69
REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 147
REFERÊNCIAS.....................................................................................................................219
UNIDADE 1 -
ATENÇÃO INTEGRAL À
SAÚDE DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE: POLÍTICAS
E INDICADORES DE SAÚDE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!
Acesse o
QR Code abaixo:
2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 -
POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO
INTEGRAL À SAÚDE DA CRIANÇA
(PNAISC)
1 INTRODUÇÃO
Mas por que a saúde da criança ganha destaque nesse cenário? Porque a taxa
de mortalidade infantil aparece como um indicador sensível do desenvolvimento de
um país, demonstrando as prioridades e os valores deste país relacionado as ações de
saúde, educação, moradia, alimentação, segurança, dentre outros (OMS, 2008), tanto
que é um dos Objetivo de Desenvolvimento do Milênio (ODM).
Apesar de, nas últimas décadas, termos identificado avanços na melhoria das
taxas, ajustes de políticas públicas e crescimento de linhas-guia e diretrizes, ainda
temos um longo trajeto a percorrer. Então, acadêmico, no Tema de Aprendizagem 1,
iremos explorar as políticas nacionais, sua evolução e organização e a direcionada
para saúde da criança.
NOTA
Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) são oito
grandes objetivos globais pactuados pelos países-membros da
Organização das Nações Unidas (ONU), que propõem metas,
que quando colocadas em prática, impactam na possibilidade
de o mundo progredir de forma rápida, duradoura e impactante,
principalmente, rumo à eliminação da extrema pobreza e da fome
do planeta (IPEA, 2019).
3
Dentre esses ODM, o objetivo 3 visa à saúde e bem-estar, com o propósito de
assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades,
sendo que na meta 3.2 é previsto que até 2030, se acaba com as mortes evitáveis de
recém-nascidos e crianças menores de cinco anos, a partir do momento que todos os
países das nações unidas compartilhem o objetivo de reduzir a mortalidade neonatal
para pelo menos 12 por 1.000 nascidos vivos e a mortalidade de crianças menores de
cinco anos para pelo menos 25 por 1.000 nascidos vivos (IPEA, 2019).
DICA
O Brasil apresenta uma meta ampliada, por já ter atingido os valores
previstos pela ONU. Assim, para o Brasil, até 2030, enfrentar as
mortes evitáveis de recém-nascidos e crianças menores de cinco
anos, o objetivo é reduzir a mortalidade neonatal para no máximo
cinco por mil nascidos vivos e a mortalidade de crianças menores
de cinco anos para no máximo oito por mil nascidos vivos.
Quer saber mais? Acesse: https://www.ipea.gov.br/ods/ods3.
html#:~:text=At%C3%A9%202030%2C%20acabar%20com%20
as,25%20por%201.000%20nascidos%20vivos.
4
A elevada morbidade e mortalidade de crianças por doenças imunopreveníveis
e a disponibilidade de tecnologias custo-efetivas foi determinante na proposição dos
organismos internacionais, com marcos como a Declaração de Alma-Ata, de 1978.
ESTUDOS FUTUROS
Na unidade 2, nós iremos abordar de forma mais detalhada
o Programa Nacional de Imunizações (PNI), programa que foi
criado, em 18 de setembro de 1973, e que procura cumprir
sua missão “oferecer todas as vacinas com qualidade a todas
as crianças que nascem anualmente em nosso país, tentando
alcançar coberturas vacinais de 100% de forma homogênea em
todos os municípios e em todos os bairros” (DATASUS, 2022,
s.p.). O PNI, nesses quase 50 anos de existência, tornou-se
uma ação do governo, que é caracterizada pela inclusão social,
visto que assiste todas as pessoas, em todos os recantos do
País, sem distinção de qualquer natureza. Seja rico ou pobre,
more no litoral ou nos sertões, seja velho ou jovem, o brasileiro
sabe que pode contar com vacina de boa qualidade em todos
os momentos de sua vida (BRASIL, 2013b).
Vamos perceber que a maioria das políticas de saúde maternoinfantil, até então
tinham se desenvolvido em um cenário de exclusão, onde nem todos os brasileiros
tinham acesso e usufruíam as ações programáticas. Na década de 1970, com o
movimento desenvolvido por organizações internacionais como a Organização Mundial
de Saúde (OMS) e a Organização Panamericana de Saúde (OPAS) incentivaram debates
sobre a temática, demonstrando que era necessário um ajuste e adequação das ações
de Atenção Primária, para que resultado fossem alcançados (BRASIL, 2009b).
5
do apresentado até então. Com a reforma sanitária, a criação do SUS através da
Constituição de 1988, críticas severas ao modelo vigente, tornaram-se mais evidentes
e alternativas começaram a ser colocadas em prática.
ATENÇÃO
O Programa de Assistência Integral à Saúde da Criança (PAISC)
foi criado em 1984, e é a estratégia de enfrentamento às
adversidades nas condições de saúde vivenciadas pela população
infantil, em particular no que se refere à sobrevivência infantil,
que incorpora diversas ações para redução das altas taxas de
mortalidade da época. Seu grande diferencial é que ele tem o
objetivo de promover a saúde de forma integral, priorizando as
crianças pertencentes a grupos de risco e procurando qualificar a
assistência, além de aumentar a cobertura dos serviços de saúde,
incorporando ações de acompanhamento do crescimento e
desenvolvimento infantil, do incentivo ao aleitamento materno
e orientação alimentar para o desmame, do controle das
doenças diarreicas e das infecções respiratórias agudas, além da
imunização propriamente dita (BRASIL, 2009a).
6
DICA
Vamos resgatar as principais legislações importantes para a
Política de Saúde da Criança? Acesse: BRASIL. Ministério da Saúde.
Saúde Brasil 2008: 20 anos de Sistema Único de Saúde (SUS) no
Brasil. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. 416 p. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_brasil_2008.
pdf, páginas 95 a 98 e veja as principais legislações.
7
que ganham destaque: O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069, de
13/07/1990); As Leis Orgânicas de Saúde (Lei nº 8.080 de 19/09/90 e Lei Nº 8.142, de
28/12/90) e a Lei Orgânica da Assistência Social (Lei nº 8.742, de 07/12/93).
Foi em 1989, na Assembleia Geral das Nações Unidas, que a Convenção sobre
os Direitos da Criança adotou o plano normativo: “o valor intrínseco da criança e do
adolescente como ser humano, a necessidade de especial respeito a sua condição
de pessoa em desenvolvimento, o reconhecimento como sujeitos de direitos e sua
prioridade absoluta nas políticas públicas” (BRASIL, 2010, p. 64).
ATENÇÃO
O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069, de
13/07/1990), que se fundamenta na Doutrina da Proteção
Integral, reconhece todas as crianças e adolescentes de 12 a 18
anos de idade como sujeitos de direitos nas diversas condições
sociais e individuais. A condição de “pessoa em situação peculiar
de desenvolvimento” (Art. 6º) não retira de crianças e adolescentes
o direito à inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral,
abrangendo a identidade, autonomia, valores e ideias, o direito
de opinião e expressão, de buscar refúgio, auxílio e orientação
(BRASIL, 2010).
8
Sinase (Lei nº 12.594, de 18 de janeiro de 2012); Lei que instituiu a Escuta Especializada
(Lei nº 13.431, de 4 de abril de 2017); a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez
na Adolescência (Lei nº 13.798, de 3 de janeiro de 2019); Política Nacional de Busca
de Pessoas Desaparecidas (Lei nº 13.812/2019, de 16 de março de 2019) e Programa
Nacional de Enfrentamento da Violência contra Crianças e Adolescente (Decreto
nº 10.701/2021), que faz alusão ao “Maio Laranja”, mês de combate ao abuso e à
exploração sexual do público infantojuvenil (BRASIL, 2021).
IMPORTANTE
O Ministério da Saúde (MS), através da PNAISC, segue o conceito
da Organização Mundial da Saúde (OMS), considerando primeira
infância: pessoa na faixa etária de 0 (zero) a 5 (cinco) anos, ou seja,
de 0 (zero) a 72 (setenta e dois) meses (BRASIL, 2016) e criança:
pessoa na faixa etária de 0 (zero) a 9 (nove) anos, ou seja, de 0 (zero)
a 120 (cento e vinte) meses; (BRASIL, 2015, art. 3º). Mas é importante
ressaltar que para atendimento em serviços de pediatria, a PNAISC
e o SUS abrangem “crianças e adolescentes de zero a 15 anos, ou
seja, até completarem 16 anos ou 192 meses” (BRASIL, 2018, p. 26).
9
Então, a manutenção dos cuidados aos adolescentes nos serviços de Pediatria
da rede de saúde do SUS, é uma grande conquista, já que possibilita a continuidade
do cuidado, com profissionais que apresentam vínculo, o que facilitará a abordagem
de mudanças, problemas e necessidades que são específicas da adolescência.
ESTUDOS FUTUROS
Voltaremos a abordar o tema relacionado a adolescente
mais para frente neste mesmo livro didático. Por exemplo, a
Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) aponta que a pediatria
deveria acompanhar pessoas de zero a 20 anos, mas como
o Ministério da Saúde não adota esses parâmetros, no Brasil,
hoje, vigora o previsto na PNAISC, com a justificativa de que a
formação dos pediatras e a estrutura dos serviços de saúde
não conseguiriam acompanhar pessoas a partir de 16 anos
(BRASIL, 2018). A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde
da Criança (PNAISC), criada através da Portaria nº 1.130 de 5 de
agosto de 2015, tem o objetivo de:
ATENÇÃO
“Promover e proteger a saúde da criança e o aleitamento
materno, mediante à atenção e cuidados integrais e integrados
da gestação aos 9 (nove) anos de vida” e para que isso ocorra, é
fundamental que seja direcionada atenção especial “à primeira
infância e às populações de maior vulnerabilidade, visando à
redução da morbimortalidade e um ambiente facilitador à vida
com condições dignas de existência e pleno desenvolvimento
(BRASIL, 2015).
IMPORTANTE
Você sabe quais são os motivos da política centralizar as ações
na faixa etária até os nove anos de idade? Quando avaliamos
a mortalidade infantil, é possível perceber que, até um mês, a
mortalidade tem como causa fatores intrínsecos (qualidade do
pré-natal, doenças congênitas, prematuridade). Já na faixa etária
acima de 29 dias a antes de completar de um ano, os fatores
extrínsecos (acidentes, violência), que têm maior impacto na taxa
de mortalidade. Resgatando alguns indicadores, a partir de 2008,
os fatores externos como “acidentes de transporte terrestre, o
afogamento e a submersão acidental as principais causas de morte”
tornarem-se a primeira causa de morte em crianças de entre 1 e 9
anos de idade (BRASIL, 2018, p. 20).
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3.2 ENTENDENDO A POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO
INTEGRAL À SAÚDE DA CRIANÇA (PNAISC)
A PNAISC prevê ações que articulem os três entes federativos (federal,
estadual e municipal) com o propósito de viabilizar a agenda da Saúde da Criança,
dentro da saúde pública brasileira. Essas ações condizem com o pleiteado e divulgado
por organizações já atuantes nesta área (militantes da causa dos direitos da criança
e do adolescente) como a Rede Nacional da Primeira Infância (RNPI), a Pastoral da
Criança, o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda),
além de organismos internacionais como o Fundo das Nações Unidas para a Infância
(Unicef) e a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) (BRASIL, 2018).
Figura 1 – Princípios da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC), 2015
Fonte: o autor
11
3) Acesso universal à saúde – direito de toda criança receber atenção e cuidado
necessários e dever da política de saúde, por meio dos equipamentos de saúde,
de atender às demandas da comunidade, propiciando o acolhimento, a escuta
qualificada dos problemas e a avaliação com classificação de risco e vulnerabilidades
sociais, propondo o cuidado singularizado e o encaminhamento responsável, quando
necessário, para a rede de atenção (BRASIL, 2005)
4) Integralidade do cuidado – princípio do SUS que trata da atenção global da
criança, contemplando todas as ações de promoção, de prevenção, de tratamento,
de reabilitação e de cuidado, de modo a prover resposta satisfatória na produção
do cuidado, não se restringindo apenas às demandas apresentadas. Compreende,
ainda, a garantia de acesso a todos os níveis de atenção, mediante a integração
dos serviços, da Rede de Atenção à Saúde, coordenada pela Atenção Básica, com
o acompanhamento de toda a trajetória da criança em uma rede de cuidados e
proteção social, por meio de estratégias como linhas de cuidado e outras, envolvendo
a família e as políticas sociais básicas no território (BRASIL, 2005).
5) Equidade em saúde – igualdade da atenção à saúde, sem privilégios ou preconceitos,
mediante a definição de prioridades de ações e serviços de acordo com as demandas
de cada um, com maior alocação dos recursos para aqueles com maior necessidade.
Dá-se por meio de mecanismo de indução de políticas ou programas para populações
vulneráveis, em condição de iniquidades em saúde, por meio do diálogo entre governo
e sociedade civil, envolvendo integrantes dos diversos órgãos e setores da Saúde,
pesquisadores e lideranças de movimentos sociais (BRASIL, 2005; 2009).
6) Ambiente facilitador à vida – princípio que se refere ao estabelecimento e à
qualidade do vínculo entre criança e sua mãe/família/cuidadores e também destes
com os profissionais que atuam em diferentes espaços que a criança percorre
em seus territórios vivenciais para a conquista do desenvolvimento integral
(BRASIL, 2018). Esse ambiente se constitui a partir da compreensão da relação
entre indivíduo e sociedade, interagindo por um desenvolvimento permeado pelo
cuidado essencial, abrangendo toda a comunidade em que vive. Este princípio é a
nova mentalidade que aporta, sustenta e dá suporte à ação de todos os implicados
na Atenção Integral à Saúde da Criança.
7) Humanização da atenção – princípio que busca qualificar as práticas do cuidado,
mediante soluções concretas para os problemas reais vividos no processo de
produção de saúde, de forma criativa e inclusiva, com acolhimento, gestão
participativa e cogestão, clínica ampliada, valorização do trabalhador, defesa dos
direitos dos usuários e ambiência, estabelecimento de vínculos solidários entre
humanos, valorização dos diferentes sujeitos implicados, desde etapas iniciais da
vida, buscando a corresponsabilidade entre usuários, trabalhadores e gestores neste
processo, a construção de redes de cooperação e a participação coletiva, fomentando
a transversalidade e a grupalidade, assumindo a relação indissociável entre atenção e
gestão no cuidado em saúde (BRASIL, 2018).
8) Gestão participativa e controle social – preceito constitucional e um princípio do
SUS, com o papel de fomentar a democracia representativa e criar as condições para
o desenvolvimento da cidadania ativa. São canais institucionais, de diálogo social, as
12
audiências públicas, as conferências e os conselhos de saúde em todas as esferas de
governo que conferem à gestão do SUS realismo, transparência, comprometimento
coletivo e efetividade dos resultados. No caso da saúde da criança, o Brasil possui um
extenso leque de entidades da sociedade civil que militam pela causa da infância e
do aleitamento materno e que podem potencializar a implementação deste princípio
(CONSELHO NACIONAL DOS SECRETÁRIOS MUNICIPAIS DE SAÚDE, 2009).
Figura 2 – Diretrizes da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC), 2015
Fonte: o autor
Vamos entender mais sobre essas diretrizes e a importância que têm para
que as ações produzidas realmente impactem os problemas vivenciados pela criança?
Segundo a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (BRASIL, 2015):
13
4) Fomento à autonomia e corresponsabilidade da família – fomento à autonomia
e corresponsabilidade da família, princípio constitucional, que deve ser estimulado
e apoiado pelo poder público, com informações qualificadas sobre os principais
problemas de saúde e orientações sobre o processo de educação dos filhos, o
estabelecimento de limites educacionais sem violência e os cuidados com a criança,
com especial foco nas etapas iniciais da vida, para a efetivação de seus direitos.
5) Qualificação da força de trabalho – qualificação da força de trabalho para a
prática de cuidado, da cogestão e da participação nos espaços de controle social,
do trabalho em equipe e da articulação dos diversos saberes e intervenções dos
profissionais, efetivando-se o trabalho solidário e compartilhado para produção de
resposta qualificada às necessidades em saúde da família.
6) Planejamento no desenvolvimento de ações – aperfeiçoamento das estratégias
de planejamento na execução das ações da Pnaisc, a partir das evidências
epidemiológicas, definição de indicadores e metas, com articulação necessária
entre as diversas políticas sociais, iniciativas de setores e da comunidade, de forma
a tornar mais efetivas as intervenções no território, que extrapolem as questões
específicas de saúde.
7) Incentivo à pesquisa e à produção de conhecimento – incentivo à pesquisa e
à produção de conhecimento para o desenvolvimento de conhecimento com apoio
à pesquisa, à inovação e à tecnologia no campo da Atenção Integral à Saúde da
Criança, possibilitando a geração de evidências e instrumentos necessários para a
implementação da Pnaisc, sempre respeitando a diversidade étnico-cultural, aplicada
ao processo de formulação de políticas públicas.
8) Monitoramento e avaliação – fortalecimento do monitoramento e avaliação das
ações e das estratégias da Pnaisc, com aprimoramento permanente dos sistemas
de informação e instrumentos de gestão, que garantam a verificação a qualquer
tempo, em que medida os objetivos estão sendo alcançados, a que custo, quais os
processos ou efeitos (previstos ou não, desejáveis ou não), indicando novos rumos,
mais efetividade e satisfação.
9) Intersetorialidade – promoção de ações intersetoriais para a superação da
fragmentação das políticas sociais no território, mediante a articulação entre agentes,
setores e instituições para ampliar a interação, favorecendo espaços compartilhados
de decisões, que gerem efeitos positivos na produção de saúde e de cidadania.
14
ATENÇÃO
Apesar de termos melhorias expressivas nos indicadores de
mortalidade infantil, quando avaliadas as últimas décadas, ainda
estamos distantes das taxas ideais. Isso se torna mais preocupante,
principalmente, quando avaliamos algumas regiões do país, e
acrescentamos gradientes como: diferenças sociais, econômicas
e demográficas (IBGE, 2020; UNICEF, 2023). Com o propósito
de superar esses entraves decorrentes de condicionantes
e determinantes sociais; reduzir vulnerabilidade, risco de
adoecimento, morte atual e na vida adulta; amenizar os desafios da
melhoria dos indicadores, proporcionando a efetivação de medidas
que permitam o nascimento, desenvolvimento e crescimento
adequado; e proporcionar uma atenção de qualidade, humana,
baseada em evidências e resolutiva, a PNAISC é organizada em
sete eixos estratégicos de ação.
Para tanto, está estruturada em sete eixos estratégicos que têm a finalidade
de orientar gestores e trabalhadores sobre as ações e serviços de saúde da criança
no território, a partir dos determinantes sociais e condicionantes para garantir o direito
à vida e à saúde, visando à efetivação de medidas que permitam a integralidade da
atenção e o pleno desenvolvimento da criança e a redução de vulnerabilidades e riscos.
Suas ações se organizam a partir das Redes de Atenção à Saúde (RAS), com ênfase para
as redes temáticas, em especial à Rede de Atenção à Saúde Materna e Infantil e tendo
a Atenção Básica (AB) como ordenadora e coordenadora das ações e do cuidado no
território, e servirão de fio condutor do cuidado, transversalizando a Rede de Atenção à
Saúde, com ações e estratégias voltadas à criança, na busca da integralidade, por meio
de linhas de cuidado e metodologias de intervenção, o que pode se constituir em um
grande diferencial a favor da saúde da criança (BRASIL, 2018).
15
Esses eixos têm por finalidade orientar e qualificar as ações e os serviços
de saúde da criança no território nacional, considerando os determinantes sociais
e condicionantes para garantir o direito à vida e à saúde, visando à efetivação de
medidas que permitam o nascimento e o pleno desenvolvimento na infância, de forma
saudável e harmoniosa, bem como a redução das vulnerabilidades e dos riscos para o
adoecimento e outros agravos, a prevenção das doenças crônicas na vida adulta e da
morte prematura de crianças (BRASIL, 2015).
Figura 3 – Eixos estratégicos de ação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança
(PNAISC), 2015
Fonte: https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/wp-content/uploads/2018/07/Pol%C3%ADtica-
-Nacional-de-Aten%C3%A7%C3%A3o-Integral-%C3%A0-Sa%C3%BAde-da-Crian%C3%A7a-P-
NAISC-Vers%C3%A3o-Eletr%C3%B4nica.pdf. Acesso em: 14 mar. 2023.
16
que necessitam de proteção especial. Os serviços de atenção à criança no ambiente
hospitalar e ambulatorial especializado, entre outros de maior complexidade e
densidade tecnológica, serão referenciados pelas portas de entrada das redes: Atenção
Básica, Atenção à Urgência e Emergência, Atenção Psicossocial e redes especiais de
acesso aberto (BRASIL, 2011).
DICAS
E como será que a PNAISC é desenvolvida em grupos específicos,
como as crianças indígenas, por exemplo? O Ministério da Saúde,
com a proposta de qualificar os profissionais de saúde que
atendem às populações com características específicas, promove
capacitações para que situações de possíveis iniquidades sejam
amenizadas. Que tal ler mais sobre isso em: “Oficina discute
implantação das ações da Política Nacional de Atenção à Saúde
da Criança em Terras Indígenas”, disponível em: https://www.gov.
br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2017/maio/copy_of_oficina-
discute-implantacao-das-acoes-da-politica-nacional-de-atencao-
a-saude-da-crianca-em-terras-indigenas.
Figura 4 – A Política Nacional de Atenção Integral Saúde da Criança – PNAISC, seus eixos estraté-
gicos e a articulação com as Redes de Atenção à Saúde
Fonte: https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/wp-content/uploads/2018/07/Pol%C3%ADtica-
-Nacional-de-Aten%C3%A7%C3%A3o-Integral-%C3%A0-Sa%C3%BAde-da-Crian%C3%A7a-P-
NAISC-Vers%C3%A3o-Eletr%C3%B4nica.pdf. Acesso em: 14 mar. 2023.
17
Ao avaliarmos os eixos é possível perceber que eles contemplam as principais
questões vivenciadas pela criança que afetam sua situação de saúde, doença e óbito.
Com isso, é possível organizar estratégias de combate aos problemas que, visando à
articulação de ações dos diversos setores de saúde e níveis de prevenção (primária,
secundária, terciária e quaternária) impactam direta e indiretamente nas diversas
fases da vida da criança.
NOTA
Você sabe o que é o “5º Dia de Saúde Integral”? É um momento
privilegiado, que possibilita a detecção de dificuldades e
necessidades particulares, tanto da mãe quanto do bebê. É possível
identificar os riscos e vulnerabilidades que podem interferir no
crescimento e no desenvolvimento da criança, e assim, programar
ações de forma preventiva. Tanto a mãe quando o bebê deve ser
acolhido pela equipe de Atenção Básica, e entre o 3º e 5º dia de vida
do RN, deve ser realizada a consulta, geralmente de enfermagem,
mas pode ser médica também. É uma consulta conjunta da
criança e da mulher (e quanto possível, a presença do pai também
é ideal), onde são realizados exames sumários de ambos, como
pesagem da criança (avaliação de ganho ponderal) e medida
do perímetro cefálico, assim como avaliação da amamentação
(observação da mamada) e orientações decorrentes do visualizado
e do questionado pelos pais e familiares. É um momento de
aproximação, de desmistificação e de reforçar as orientações
já repassadas durante o pré-natal e na maternidade que estão
constantes na Caderneta de Saúde da Criança e da Gestante,
assim como o informado pela mãe, pai e familiares.
18
2. Eixo Estratégico II – Aleitamento Materno e Alimentação Complementar
Saudável. Quanto ao aleitamento materno e alimentação complementar saudável é
fundamental a ampliação de estratégias como: Iniciativa Hospital Amigo da Criança
(IHAC); Estratégia Nacional para Promoção do Aleitamento Materno e Alimentação
Complementar Saudável no SUS – Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil (EAAB);
a Mulher Trabalhadora que Amamenta (MTA); a Rede Brasileira de Bancos de Leite
Humano; a implementação da Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos
para Lactentes, para Crianças de Primeira Infância, Bicos Chupetas e Mamadeiras
(NBCAL); e a mobilização social em aleitamento materno.
3. Eixo Estratégico III – Promoção e Acompanhamento do Crescimento e do
Desenvolvimento Integral. Consiste na vigilância e estímulo do pleno crescimento
e desenvolvimento da criança, em especial do “Desenvolvimento na Primeira Infância
(DPI)”, pela Atenção Básica à saúde, conforme as orientações da Caderneta de Saúde da
Criança, incluindo ações de apoio às famílias para o fortalecimento de vínculos familiares.
A seguir, destacam-se as ações estratégicas do eixo de promoção e acompanhamento
do crescimento e do desenvolvimento integral: § A disponibilização da Caderneta
de Saúde da Criança, com atualização periódica de seu conteúdo. § A qualificação
do acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da primeira infância pela
Atenção Básica à Saúde. § O Comitê de Especialistas e de Mobilização Social para o
Desenvolvimento Integral da Primeira Infância, no âmbito do Sistema Único de Saúde
(SUS). § O apoio à implementação do Plano Nacional pela Primeira Infância.
4. Eixo Estratégico IV – Atenção Integral a Crianças com Agravos Prevalentes
na Infância e com Doenças Crônicas. Consiste em estratégia para o diagnóstico
precoce e a qualificação do manejo de doenças prevalentes na infância e ações
de prevenção de doenças crônicas e de cuidado dos casos diagnosticados, com
o fomento da atenção e internação domiciliar sempre que possível. São ações
estratégicas do eixo de atenção integral a crianças com doenças crônicas:
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§ O fomento à organização e qualificação dos serviços especializados para atenção
integral a crianças e suas famílias em situação de violência sexual.
§ A implementação da “Linha de Cuidado para a Atenção Integral à Saúde de Crianças,
Adolescentes e suas Famílias em Situação de Violências”.
§ A articulação de ações intrassetoriais e intersetoriais de prevenção de acidentes,
violências e promoção da cultura de paz.
§ O apoio à implementação de protocolos, planos e outros compromissos sobre o
enfrentamento às violações de direitos da criança pactuados com instituições
governamentais e não governamentais, que compõem o sistema de garantia de direitos.
20
ESTUDOS FUTUROS
Na unidade 2, nós iremos abordar o atendimento a criança nos
diversos níveis de atenção, assim como as ações realizadas
especificamente pela equipe de enfermagem. Abordaremos
também diversas estratégias pertencentes aos eixos
estratégicos, como aleitamento materno, acompanhamento
e crescimento, complementação vitamínica, prevenção de
acidentes e calendário vacinal.
21
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tema de aprendizagem, você estudou:
22
AUTOATIVIDADE
1. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente: A criança e o adolescente gozam de
todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção
integral de que trata esta Lei, assegurando-se lhes, por lei ou por outros meios, todas
as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental,
moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. Considera-se:
a) ( ) criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos.
b) ( ) adolescente, para os efeitos desta Lei, a pessoa de dez a dezoito anos incompletos de
idade.
c) ( ) criança, para os efeitos desta Leia, a pessoa de cinco a nove anos de idade incompletos.
d) ( ) adolescente, para efeito desta Lei, a pessoa entre doze e vinte e um anos.
I- Dentre esses ODM, o que visa à saúde e bem-estar, tem o propósito de assegurar uma
vida saudável e promover o bem-estar para as crianças entre zero e nove anos de idade.
II- Uma das metas prevê que, até 2040, os países das Nações Unidas devam reduzir a
mortalidade neonatal e de crianças menores de 5 anos, para menos de 2 e 5 por 1.000,
respectivamente.
III- Para Brasil, a meta é de reduzir a mortalidade neonatal para no máximo 5 por mil nascidos
vivos e a mortalidade de crianças menores de 5 anos para no máximo 8 por mil nascidos
vivos, até 2030.
23
3. Leia com atenção o seguinte objetivo: promover e proteger a saúde da criança e o
aleitamento materno, mediante a atenção e cuidados integrais e integrados da gestação
aos 9 (nove) anos de vida e para que isso ocorra, é fundamental que seja direcionada
atenção especial à primeira infância e às populações de maior vulnerabilidade, visando à
redução da morbimortalidade e um ambiente facilitador à vida com condições dignas de
existência e pleno desenvolvimento.
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
24
UNIDADE 1 TÓPICO 2 -
POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO À
SAÚDE INTEGRAL DE ADOLESCENTES E
JOVENS (PNAISAJ)
1 INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas, o Brasil vem passando por uma modificação demográfica
importante, devido à queda das taxas de mortalidade infantil e natalidade e o aumento
da expectativa de vida populacional. O ritmo de crescimento da população adolescente
e jovem desacelerou, mas ainda representa um percentual importante, alcançando
patamares de pouco mais de 1/3 da população brasileira (51.402.821 pessoas -36,89%)
segundo Censo de 2010 (IBGE, 2020). Assim, a população de adolescentes e jovens de
10 a 24 anos de idade é significativa, e consequentemente, demandam de atenção dos
serviços de saúde. Mas por que a necessidade dessa atenção para uma população muitas
vezes classificada como “saudável”?
25
2.1 ADOLESCÊNCIA E JUVENTUDE
O Ministério da Saúde segue a convenção elaborada pela Organização Mundial
da Saúde (OMS), que delimita o período entre 10 e 19 anos, 11 meses e 29 dias de idade
como adolescência, e o situado entre 15 e 24 anos como juventude. Há, portanto, uma
interseção entre a segunda metade da adolescência e os primeiros anos da juventude
(BRASIL, 2010).
26
e realmente atinjam a população), é fundamental que tenhamos a promulgação de uma
política nacional de atenção integral, que vise ao protagonismo juvenil, identificando suas
necessidades específicas e definindo suas prioridades (LOPEZ; MOREIRA, 2013).
27
ATENÇÃO
O Ministério da Saúde adota a definição de adolescência prescrita
pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que caracteriza o
período de:
- Adolescência: 10 e 19 anos.
- Juventude: 15 a 24 anos (BRASIL, 2010).
Agora, quando avaliamos o Estatuto da Juventude (Lei nº 12.852,
de 5 de agosto de 2013), a definição de juventude segue estratos
distintos:
- adolescentes-jovens: dos 15 a 17 anos;
- jovens-jovens: dos 18 a 24 anos;
- jovens-adultos: dos 25 a 29 anos.
28
2.3 DIRETRIZES NACIONAIS PARA A ATENÇÃO INTEGRAL
À SAÚDE DE ADOLESCENTES E JOVENS NA PROMOÇÃO,
PROTEÇÃO E RECUPERAÇÃO DA SAÚDE
As Diretrizes Nacionais para a Atenção Integral à Saúde de Adolescentes e de
Jovens na Promoção, Proteção e Recuperação da Saúde é o documento que norteia
a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde de Adolescentes e Jovens (PNAISAJ)
(BRASIL, 2010).
A proposta é sensibilizar gestores para que construam uma visão holística do ser
humano e que assim, consigam empregar uma abordagem sistêmica das necessidades
dessa população. (BRASIL, 2017). Outro ponto importante é o fato de buscar apontar para a
importância da construção de estratégias interfederativas e intersetoriais que contribuam
para a modificação do quadro nacional de vulnerabilidade de adolescentes e de jovens,
influindo no desenvolvimento saudável desse grupo populacional (BRASIL, 2010).
29
Com isso, esse segmento populacional pode ficar vulnerável aos agravos
resultantes do uso abusivo e álcool e de outras drogas; agravos resultantes das violências;
de doenças sexualmente transmissíveis e Aids; à mortalidade materna; na saúde sexual
e na saúde reprodutiva, ao início ou ao estabelecimento de doenças crônicas, o que
interfere no crescimento e desenvolvimento saudáveis (BRASIL, 2010).
A Atenção Básica ganha destaque, visto que evidências mostram que mais de
80% dos problemas de saúde podem ser solucionados na Atenção Básica. Mas apesar
dessa alta taxa de resolubilidade, é fato, no entanto, que os serviços de saúde encontram
dificuldades em atender adolescentes e jovens que passam pelo SUS “invisibilizados” por
não serem reconhecidos em sua especificidade etária (BRASIL, 2010).
30
É importante ressaltar a relevância do Programa Saúde na Escola (PSE), criado
em 2007, como estratégia intersetorial dos Ministérios da Saúde e da Educação. Esse
programa tem como perspectiva ampliar as ações específicas de saúde aos alunos
da Rede Pública de Ensino, Ensino Fundamental, Ensino Médio, Rede Federal de
Educação Profissional e Tecnológica e Educação de Jovens e Adultos (GRILLO, 2011).
31
Figura 5 – Temas estruturantes previstos nas diretrizes nacionais para a atenção integral à saúde
de adolescentes e jovens na promoção, proteção e recuperação da saúde, 2010
Fonte: o autor
Figura 6 – Promoção da Saúde segundo temas estruturantes previstos nas diretrizes nacionais
para a atenção integral à saúde de adolescentes e jovens na promoção, proteção e recuperação
da saúde, 2010
32
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tema de aprendizagem, você estudou:
33
AUTOATIVIDADE
1. As categorias adolescências e juventudes são construções culturais e sociais, que têm
uma base material vinculada à idade. A condição etária aparece em todas as sociedades
como um dos principais eixos ordenadores das políticas públicas e das ações sociais.
Na realidade brasileira, adolescentes e jovens são definidos por diferentes aspectos,
emergindo opiniões diferenciadas quanto às formas de situá-los nos marcos referenciais
que os caracterizam. Sobre definição de adolescência e juventude adotada pelo Ministério
da Saúde, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Adolescência: 10 e 19 anos.
b) ( ) Juventude: 20 a 24 anos.
c) ( ) Adolescentes-jovens: dos 10 a 15 anos.
d) ( ) Jovens-adultos: dos 18 a 24 anos.
I- A proposta é sensibilizar gestores para que construam uma visão holística do ser humano
e que assim, consigam empregar uma abordagem sistêmica das necessidades dessa
população;
II- Aponta a importância da construção de estratégias interfederativas e intersetoriais que
contribuam para a modificação do quadro nacional de vulnerabilidade de adolescentes
e de jovens;
III- Sob esse marco legal, os adolescentes e jovens, independentemente de sexo, raça, cor,
origem ou qualquer outra condição, terão seus direitos garantidos por meio de ações
eficazes.
34
c) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.
3. O processo de reflexão sobre os temas estruturantes, propostos nestas diretrizes, é
fundamental nas ações de promoção do desenvolvimento e o bem-estar humano em
sua multidimensionalidade. Favorece a incorporação nas ações de saúde e na rede de
atenção à saúde de novos subsídios voltados para o reconhecimento dos adolescentes
e jovens como sujeitos plenos de direitos, socialmente mais responsáveis e mais
cooperativos, com capacidade de posicionamento frente à vida e a sua saúde. De
acordo com os temas estruturantes para a atenção integral à saúde de adolescentes e
de jovens, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas para a assertiva
em que TODOS os itens são contemplados como temas pelas Diretrizes Nacionais
para a Atenção Integral à Saúde de Adolescentes e Jovens na Promoção, Proteção e
Recuperação da Saúde:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
35
36
UNIDADE 1 TÓPICO 3 -
ANÁLISE DA SAÚDE DAS CRIANÇAS
E DOS ADOLESCENTES – PRINCIPAIS
INDICADORES, PROGRAMAS E
INICIATIVAS
1 INTRODUÇÃO
37
Países que apresentam valores elevados, tendem a possuir precárias
condições de vida e saúde, além de baixo nível de desenvolvimento social e
econômico (BRASIL, 2009b).
ATENÇÃO
A Taxa de Mortalidade Infantil (Coeficiente de Mortalidade
Infantil) é calculada através da divisão entre o número de
óbitos de menores de um ano de idade (numerador) e a
população residente em determinado espaço geográfico, no ano
considerado (denominador), por mil nascidos vivos, conforme
figura 7 (BRASIL, 2009a).
38
Figura 8 – Cálculo da taxa de mortalidade neonatal precoce (coeficiente de mortalidade neona-
tal precoce)
– Estimar o risco de morte dos nascidos vivos durante o seu primeiro ano de vida;
– Refletir, de maneira geral, as condições de desenvolvimento socioeconômico e
infraestrutura ambiental;
– Refletir o acesso e a qualidade dos recursos disponíveis para atenção à saúde materna
e da população infantil;
– Expressar um conjunto de causas de morte cuja composição é diferenciada entre os
subgrupos de idade (componentes da mortalidade infantil) (BRASIL, 2009a).
39
Figura 11 – A taxa de mortalidade de menores de cinco anos: a medida indispensável da saúde
infantil
Fonte: https://www.unicef.org/brazil/media/156/file/Pobreza_na_Infancia_e_na_Adolescencia.
pdf. Acesso em: 14 mar. 2023.
ATENÇÃO
E quando avaliado cada componente, é possível fazer uma
leitura de quais aspectos têm impactado mais no indicador de
mortalidade infantil. Se as questões intrínsecas, como doença
pregressa materna e/ou fetal, pré-natal inadequado, sem
qualidade e falta de acesso ao parto e as necessidades do recém-
nascido. Cenário que pode ser investigado devido a altas taxas
de mortalidade neonatal precoce e tardia, que estima o risco
de um nascido vivo morrer durante a primeira semana de vida
ou entre 7 e 27 dias, por mil nascidos vivos, em determinado
espaço geográfico, no ano considerado. Ou se são as questões
extrínsecas, como pobreza, alimentação insegura, falta de
saneamento básico, baixos níveis de saúde, de desenvolvimento
socioeconômico e de condições de vida que repercutem mais na
taxa. A taxa de mortalidade pós-neonatal, que estima o risco de
um nascido vivo morrer, entre 28 a 364 dias de vida completos,
por mil nascidos vivos, em determinado espaço geográfico, no
ano considerado. Quando a taxa de mortalidade infantil é alta,
a mortalidade pós-neonatal é usualmente o componente mais
elevado (BRASIL, 2009).
40
Avaliando esses indicadores no Brasil, foi possível observar importante redução
na mortalidade infantil nas últimas décadas. Até 1990, a taxa de mortalidade infantil,
assim como seus componentes (mortalidade neonatal e pós-neonatal), apresentava
valores expressivos, sendo um gradiente importante, as desigualdades socioeconômicas
regionais. Mas a partir do momento que assumiu compromissos internacionais, o país
passou a promover o “desenvolvimento de várias políticas e estratégias que resultaram
na redução significativa da mortalidade infantil” (GUSSO; LOPES; DIAS, 2019). A figura
12 descreve os principais fatores que repercutiram na redução da taxa de mortalidade
infantil nas últimas décadas.
Figura 12 – Principais fatores que influenciaram a redução de mortalidade infantil nas últimas
décadas
Fonte: o autor
41
mais acentuada, de 5,5%. Mas é entre 1990 e 2012 que esse indicador sofre o maior
impacto, passando de 47,1 óbitos por mil nascidos vivos em 1990 para 14,6 em 2012,
contabilizando uma diminuição de aproximadamente 70%. Por mais que tenhamos um
país de extenso território e com diferenças importantes entre suas regiões, essa queda
foi percebida em todas as regiões brasileiras. O Nordeste ganha notoriedade neste
cenário, pois na década de 1990 apresentava taxas acima das demais regiões (75,8
óbitos por mil nascidos vivos) e em 2012 apresentou 17,1 óbitos por mil nascidos vivos)
(BRASIL, 2014).
Figura 13 – Tendência secular da taxa de mortalidade infantil, entre 1990, 2000 e 2012
Fonte: http://200.198.6.35/index.php/banco-sala-de-imprensa/3406-mortalidade-na-infancia-
-brasil-registra-maior-queda-entre-os-paises-da-america-latina. Acesso em: 14 mar. 2023.
Nestes casos é possível perceber que a redução da mortalidade infantil foi bem
mais acentuada nos óbitos pós-neonatais, principalmente, graças à diminuição das
mortes por diarreia e pneumonia. E em contrapartida, a participação dos óbitos neonatais
cresceu tendo como principal gradiente, a prematuridade. O aumento da prematuridade
pode estar relacionado aos avanços tecnológicos que permitem gestantes de alto risco
engravidarem, ou gestantes que não poderiam engravidar de forma natural (reprodução
assistida), assim como o aumento de cesáreas programadas (GUSSO; LOPES; DIAS, 2019).
42
As desigualdades sociais repercutem na sobrevivência na infância, por isso,
o impacto significativo neste indicador dos programas sociais e assistenciais. Em
2019, 6 das 27 unidades da federação apresentavam mais de 90% das crianças e dos
adolescentes privados de algum dos direitos, que deveriam ser garantidos a esse público
(UNICEF, 2023). A discrepância é tamanha que apenas no Distrito Federal e três estados
do Sudeste) apresentam percentual de privação de crianças e adolescentes foi inferior
a 50%, conforme Figura 14.
Fonte: https://www.unicef.org/brazil/media/22676/file/multiplas-dimensoes-da-pobreza-na-in-
fancia-e-na-adolescencia-no-brasil.pdf. Acesso em: 14 mar. 2023.
Mas apesar deste cenário, 2015 torna-se um divisor de águas para o Brasil, pois
com a construção dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 2015-2030
das Nações Unidas para o desenvolvimento sustentável, ressaltou-se que o país está
num patamar diferenciado, pois possui indicadores de mortalidade infantil com melhores
resultados que os padrões propostos. Mas é importante ressaltar a importância de criar
novas estratégias para que a meta de acabar com toda e qualquer morte evitável de
recém-nascidos e crianças menores de 5 anos, seja alcançada (OMS, 2015).
43
Os resultados mostram que, dos 61% de crianças e adolescentes brasileiros
que vivem na pobreza, 49,7% têm privações múltiplas. Muitas dessas meninas e desses
meninos estão expostos a mais de uma privação simultaneamente. Em média, elas
e eles tiveram 1,7 privação. Há 14,7 milhões de meninas e meninos com apenas uma,
7,3 milhões com duas e 4,5 milhões com três ou mais. Neste grupo, existem 13,9 mil
crianças e adolescentes que não têm acesso a nenhum dos seis direitos analisados pelo
estudo, estão completamente à margem de políticas públicas (UNICEF, 2018).
a) Renda familiar;
b) Classe social na qual a criança é inserida;
c) Riquezas e bens que a família possui;
d) Educação e emprego dos genitores e responsáveis;
e) Educação dos pais e responsáveis;
f) Habitação e condições sanitárias;
g) Raça e etnia;
h) Relações pessoais e comunitárias (AFFONSO, 2014).
DICA
Para saber o panorama de cada privação, acesse: (UNICEF, 2018)
Disponível em https://www.unicef.org/brazil/media/156/file/
Pobreza_na_Infancia_e_na_Adolescencia.pdf.
44
concentração de crianças e adolescentes em relação a sua população, superando 41,6%
de seus residentes, conforme demonstrado pela Figura 15 (ABRINQ, 2023).
Fonte: https://www.fadc.org.br/sites/default/files/2023-03/cenario-da-infancia-e-adolescencia-
-no-brasil-2023.pdf.pdf. Acesso em: 14 mar. 2023.
45
trabalho, e é considerada um indicador de baixa qualidade de vida em uma sociedade e
tem nos homicídios sua maior expressão.
ESTUDOS FUTUROS
Teremos a oportunidade de discutir melhor o papel da violência
no período de adolescência. Na unidade 3. Mas é importante
reforçar que, durante o processo de atendimento, a equipe
pode ir construindo com o(a) adolescente uma leitura de sua
resiliência e de sua vulnerabilidade, que poderá propiciar
estratégias de cuidado singularizadas, que minimizem
situações de violência. Daí a importância de se conhecer as
demais políticas desenvolvidas para adolescentes e jovens
pela Educação, Assistência Social, Cultura, Esportes, Conselho
de Direitos etc. Quer saber um pouco mais sobre resiliência
e vulnerabilidade? Leia a página 42 de BRASIL. Ministério
da Saúde. Proteger e cuidar da saúde de adolescentes
na atenção básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2017.
Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
proteger_cuidar_adolescentes_atencao_basica.pdf.
46
As equipes de saúde têm um papel fundamental, ao reportar as limitações de
estrutura, processo e resultado, de identificação do óbito infantil e fetal e da qualificação
das informações, além da adequada investigação e análise de evitabilidade dos óbitos.
Para tanto, é preciso a identificação das medidas necessárias para a prevenção de novas
ocorrências. A criação de Comitês Estaduais e Municipais de Prevenção do Óbito Infantil
e Fetal é uma importante ferramenta para melhoria na organização da assistência de
saúde para a redução das mortes preveníveis, bem como a melhoria dos registros sobre
a mortalidade (BRASIL, 2016).
47
3.1 SUGESTÃO DE GRUPOS PARA CRIANÇAS
A seguir apresentamos a sugestão de grupos direcionados a crianças, segundo
a Secretaria Municipal de São Paulo, através do Manual técnico: Saúde da Criança e do
Adolescente nas Unidades Básicas de Saúde (SÃO PAULO, 2015). A proposta prevê três
grupos (FIGURA 16; FIGURA 17 e FIGURA 18), divididos por faixa etária e com abordagens
relacionadas aos problemas, agravos e dificuldades mais prevalentes em cada faixa etária.
Fonte: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/arquivos/saudedacrian-
caedoalescente02012017.pdf. Acesso em: 14 mar. 2023.
48
Figura 17 – Segundo grupo, faixa etária de 7 a 9 meses
Fonte: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/arquivos/saudedacrian-
caedoalescente02012017.pdf. Acesso em: 14 mar. 2023.
49
3.2 SUGESTÃO DE GRUPOS PARA ADOLESCENTES
Já a inclusão do adolescente em ações de promoção à saúde tem sido um
grande desafio para o enfermeiro no seu dia a dia. Não existem fórmulas prontas para
a realização dos grupos de adolescentes e jovens, mas o objetivo principal destes
grupos deve basear-se na participação, desenvolvimento de reflexão crítica e estímulo
à criatividade e iniciativa.
Por isso, o planejamento das atividades é uma etapa importante, pois é quando os
profissionais de saúde, munidos do diagnóstico situacional, criaram as ações e atividades
necessárias nestes grupos. Então é fundamental conhecer nosso público-alvo.
• idade, sexo, orientação sexual, etnia, raça, nível socioeconômico, escolaridade, inserção
no mercado de trabalho (formal e informal), pessoas com deficiências;
• informações sobre morbimortalidade, uso de álcool, tabaco e outras drogas, gravidez
na adolescência, conhecimento e uso de contraceptivos;
• aspectos subjetivos, como desejos, valores, insatisfações, ídolos, vínculos com a
família, amigos e percepção sobre a escola, a comunidade e a unidade de saúde;
• características das famílias: renda, estrutura e dinâmica familiar;
• condições de vida: tipo de moradia, saneamento, destino do lixo, condições de
segurança, transporte;
• recursos comunitários: escolas, atividades profissionalizantes, culturais e esportivas,
áreas de lazer, igrejas, grupos organizados da sociedade civil;
• condições de atendimento nas unidades de saúde: acesso, distribuição dos
adolescentes e jovens nos diferentes serviços, programas, projetos e atividades,
percentagem de homens e mulheres, concentração de consultas, captação de
gestantes por trimestre, principais motivos de atendimento, serviços oferecidos a
adolescentes e jovens.
50
A Secretaria Municipal de São Paulo, através do Manual técnico: Saúde da Criança
e do Adolescente nas Unidades Básicas de Saúde (SÃO PAULO, 2014), apresenta algumas
sugestões de roteiro de grupos para a adolescente (FIGURA 19).
Fonte: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/arquivos/saudedacrian-
caedoalescente02012017.pdf. Acesso em: 14 mar. 2023.
DICAS
Que tal ler o material Sugestão de dinâmicas de apresentação
para conhecer estratégia para trabalhar com grupos de
jovens e adolescentes. Material disponível em: https://bvsms.
saude.gov.br/bvs/publicacoes/07_0272_M.pdf.
51
Para tanto, há a necessidade de se ter a participação ativa dos adolescentes e jovens, em
propostas educacionais inovadoras. Essas propostas precisam favorecer o engajamento
dos adolescentes e jovens na vida da comunidade, devem “evidenciar a importância de
sua participação na vida social e de seu papel protagonista na construção de um projeto
de vida consciente e responsável” (BRASIL, 2007b, p. 33).
52
Compete a rede de atenção básica, especialmente da Estratégia Saúde da
Família (BRASIL, 2013a):
53
10.Articular estratégias no território, em redes intra e intersetorial, para o desenvolvimento
de ambientes protetores às adolescentes grávidas, mães e pais adolescentes, na
garantia da sua permanência na escola, do acesso à profissionalização e ao primeiro
emprego e do fortalecimento dos laços familiares.
11.Identificar, no território, os adolescentes em situação de vulnerabilidade social e
pessoal, articulando as políticas sociais básicas e a sociedade para uma ampla
intervenção que favoreça a melhoria da qualidade de vida e promova ações de apoio,
inclusão social, proteção e garantia de direitos.
12.Construir espaços para troca de experiências, atualizações e estudos entre os
profissionais, incluindo a intervisão e supervisão dos casos.
IMPORTANTE
Quel tal conhecer os programas referências a infância e
adolescência do governo federal? BRASIL. Ministério da Saúde.
Guia de Programas da Infância e Adolescência do Governo
Federal. Brasília: Ministério da Saúde, 2018.
ESTUDOS FUTUROS
54
A escola é um espaço privilegiado para a captação dos adolescentes e jovens
porque:
Ficou curioso em saber mais das ações que os profissionais atuantes na Atenção
Primaria à Saúde podem realizar na escola? Veja com atenção a Figura 20, extraído do
material de divulgação do ministério da Saúde: Saúde integral de adolescentes e jovens:
orientações para a organização de serviços de saúde.
55
Figura 20 – Ações de atenção primária à saúde na escola pela Estratégia Saúde da Família/Uni-
dade Básica de Saúde
56
Fonte: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/orientacao_basica_saude_adolescente.pdf.
Acesso em: 14 mar. 2023.
57
LEITURA
COMPLEMENTAR
ATENÇÃO À FAMÍLIA EM CUIDADO DOMICILIAR EM SITUAÇÃO DE NECESSIDADES
ESPECIAIS DE SAÚDE
Introdução
Esta lição traz um caso clínico de uma criança com necessidades especiais de
saúde, uma vez que cresce o número de crianças portadoras de doenças crônicas que
demandam cuidados especiais da equipe da SF.
58
Quais as políticas públicas para estas crianças?
59
Brasil, o benefício da prestação continuada de cuidado no domicílio é assegurado pela
Lei Orgânica da Assistência Social (BRASIL, 1993), por meio da qual é concedido recurso
financeiro no valor de um salário-mínimo à pessoa portadora de deficiência e cuja família
seja incapaz de prover sua manutenção.
60
Mortalidade Infantil define ações profissionais nos mais distintos espaços de atenção.
As linhas estratégicas de Atenção à Saúde da Criança objetivam o atendimento à saúde
infantil no contexto da integralidade do cuidado (BRASIL, 2004).
61
O primeiro contato da eSF com a família Flores da Silva ocorreu logo após seu
retorno para o domicílio. A equipe responsável pelo planejamento da alta hospitalar da
criança, preocupada com a continuidade do cuidado da criança no domicílio, contatou a
Unidade de Saúde da Família de referência, informando o caso e a necessidade de apoio
à família. Na ocasião da primeira visita domiciliar, a abordagem inicial da equipe consistiu
na apresentação dos membros da equipe e aproximação com a família na tentativa de
começar a conhecê-la e promover um engajamento. A família havia trazido a criança para
casa há três dias e o ambiente estava tumultuado e desorganizado, pois a família estava
se adaptando aos cuidados da filha em casa, se mostrando preocupados e tensos, havia
também a presença de mais pessoas na casa, a avó materna veio auxiliar no cuidado e mais
duas vizinhas. Assim, a família não se mostrou muito receptiva à equipe. Nesse contexto,
o médico procedeu à avaliação clínica da criança, enquanto a enfermeira fazia algumas
perguntas a Sra. Sonia, mãe da criança, se precisava de algum tipo de ajuda. A mãe fala
que está feliz, responde no momento não precisa de ajuda, mas que estão se organizando
e colocando as coisas no lugar. A enfermeira mantém conversação e pergunta para mãe
como está sendo cuidar da Vitória e tem tido alguma dificuldade. A mãe reafirma que não,
dá graças a Deus e que aprendeu fazer tudo direitinho com o pessoal do hospital e que
está dando conta de cuidar e que não tem nada que ela não saiba fazer. A enfermeira
continua e explora se a família conta com mais alguém, da família ou outra pessoa para
ajudar a cuidar da Vitória. A mãe declara que é só ela e o pai.
62
A criança (Vitória) estava deitada em sua própria cama – onde havia diversos
objetos de estímulo: móbiles, brinquedos coloridos, desenhos com temas infantis –
muito bem arrumada e em excelentes condições de higiene. Os pais são elogiados pelos
membros da equipe pelo desempenho zeloso e seguro no cuidado à Vitória. O médico
Roberto após examinar a criança, compartilha sua avaliação com os pais, informando
que Vitória continua ótima, estável e dentro do esperado. Ele percebe que os pais olham
apreensivos, porém com certo contentamento. Assim aproveita para explorar sobre a
presença de alguma preocupação ou necessidade de ajuda. Antônio (pai) timidamente
fala da luta e conquista deles em trazer Vitória para casa e como se sentem gratos por
estar conseguindo cuidar da Vitória, revelando que não ter falta de equipamentos, que
possuem amigos que os ajudam, e revela a preocupação deles quando for necessário
trocar a traqueo por ser caro e que eles não dispõem de muitos recursos. O Médico
acolhe e reitera que é importante que eles possam falar das suas preocupações e
dúvidas, acrescenta que verá como auxiliar nesta questão da troca da traqueo.
O pai cria coragem e se permite então falar sobre a doença da filha, sobre ter
cura, se a filha crescerá? Andará ou não? Contudo, o pai afirma manter a esperança e
a fé para o futuro dela, e que sempre irão cuidar dela. O médico se mostra empático a
eles e esclarece sobre a doença e que a medicina está sempre buscando. Nesse mesmo
tempo, a enfermeira trocava o curativo da sonda de gastrostomia para a observação da
pele da Vitória, com o olhar atento da mãe, que verbaliza sobre o seu medo da sonda
dar algum problema.
A enfermeira explora esse sentimento. A mãe fala que tem medo que tenha
infecção e que ele volte a ser internada, falando então desse momento da internação,
onde permaneceu um longo período, quase um ano, que sentiu internada junto com
ela e deixou de viver outras coisas, para só cuidar dela o tempo todo, que às vezes se
sentia sofrida e sozinha. Tanto ela como toda a sua família sofreram com esse período
da internação da filha. A enfermeira vai desenvolvendo a escuta qualificada e aproveita
também para explorar, por meio de perguntas, com o olhar e gestos, o conteúdo e
sentimentos trazidos pela mãe dessa experiência.
A Enfermeira reitera que ela pode contar com ela e que voltará para conversar
com ela, para avaliar Vitória, como conhecer mais sobre a família de vocês. Para isso, irão
fazer pergunta sobre quem faz parte da família, com quem e como e se relacionam com
as pessoas da comunidade, com os profissionais de saúde, centros de saúde e outras
instituições importantes para a família e a Vitória. Os pais acenam afirmativamente e
que estarão aguardando retorno da visita. O cuidado de pessoas com doenças crônicas
63
requer processos adaptativos e de ajustes contínuos, dados as possíveis demandas
físicas, afetivas e sociais que requer o cuidado às pessoas com necessidades especiais.
64
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tema de aprendizagem, você aprendeu:
65
AUTOATIVIDADE
1. A inclusão do adolescente em ações de promoção à saúde tem sido um grande desafio
para o enfermeiro no seu dia a dia. Não existem fórmulas prontas para a realização dos
grupos de adolescentes e jovens, mas o objetivo principal destes grupos deve basear-
se na participação, desenvolvimento de reflexão crítica e estímulo à criatividade
e iniciativa. Então é fundamental conhecer nosso público-alvo. Assim, assinale a
alternativa CORRETA:
Com base nas definições e uso da taxa de mortalidade infantil, analise as sentenças a seguir:
I- Refletir sobre o acesso e a qualidade dos recursos disponíveis para atenção à saúde
materna e da população infantil.
II- Estimar o risco de morte dos nascidos vivos durante os seus primeiros cinco anos de
vida.
III- Expressar um conjunto de causas de morte cuja composição é diferenciada entre os
subgrupos de idade (componentes da mortalidade infantil).
66
Assinale a alternativa CORRETA:
3. A taxa de mortalidade infantil tem sofrido reduções expressivas nos últimos anos no
Brasil, principalmente, quando avaliado de 1990 a 2012. As evidências têm demostrado
que algumas estratégias contribuíram de forma significativa para essa redução. De
acordo com as evidências constatadas quanto à redução da taxa de mortalidade
infantil, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas para as estratégias
listadas a seguir:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
67
5. Identificar e entender os determinantes de morbimortalidade infantil e juvenil é algo
de extrema necessidade para o enfermeiro que atuará, direta e indiretamente com
serviços que atendam a esse público. Quando avaliamos os resultados prévios do
Censo Demográfico 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), estima-se que 68,6 milhões de crianças e adolescentes entre 0 e 19 anos de
idade residiam no Brasil naquele ano, demonstrando quanto essa população demanda
de cuidado, atenção e orientação, assim como a importância de conhecer com mais
detalhes os determinantes de adoecimento e as taxas de mortalidade população.
Neste contexto, disserte sobre a importância de conhecer os níveis e tendências da
mortalidade infantil.
68
REFERÊNCIAS
ABRINQ (Fundação). Cenário da Infância e Adolescência no Brasil. Fundação Abrinq,
2023. Disponível em: https://www.fadc.org.br/sites/default/files/2023-03/cenario-da-
-infancia-e-adolescencia-no-brasil-2023.pdf.pdf. Acesso em: 14 mar. 2023.
69
BRASIL. Ministério da Saúde. Agenda de compromissos para a saúde integral da
criança e redução da mortalidade infantil. Brasília, 2005. Acesso em: 14 mar. 2023.
BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde Brasil 2008: 20 anos de Sistema Único de Saúde
(SUS) no Brasil. Brasília: Ministério da Saúde, 2009b. 416 p. Disponível em: https://bvs-
ms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_brasil_2008.pdf. Acesso em: 14 mar. 2023.
70
BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Promoção da Saúde: PNPS: revi-
são da Portaria MS/GM nº 687, de 30 de março de 2006. Brasília: Ministério da Saúde,
2015b. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pnps_revisao_
portaria_687.pdf. Acesso em: 14 mar. 2023.
BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde Brasil 2019 uma análise da situação de saúde
com enfoque nas doenças imunopreveníveis e na imunização. Brasília: Ministério
da Saúde, 2019. 520 p. Acesso em: 14 mar. 2023.
71
CONSELHO NACIONAL DOS SECRETÁRIOS MUNICIPAIS DE SAÚDE (Brasil). O SUS de A
a Z: garantindo saúde nos municípios. 3. ed. Brasília, 2009. Acesso em: 10 mar. 2023.
72
SÃO PAULO (Cidade). Secretaria da Saúde. Manual técnico: saúde da criança e do
adolescente nas unidades básicas de saúde. 4. ed. São Paulo: SMS, 2012. Disponível
em: https://docs.bvsalud.org/biblioref/sms-sp/2015/sms-10932/sms-10932-7671.pdf.
Acesso em: 14 mar. 2023.
73
74
UNIDADE 2 —
ASSISTÊNCIA DE
ENFERMAGEM NA SAÚDE
DA CRIANÇA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• elaborar estratégias para criar e fortalecer o vínculo da criança e família com a equipe
de saúde;
PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
75
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!
Acesse o
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76
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
ATENDIMENTO À CRIANÇA NOS DIVERSOS
NÍVEIS DE ATENÇÃO
1 INTRODUÇÃO
77
É possível identificar quatro aspectos essenciais da prática de enfermagem
contemporânea, nesta definição:
• aquelas que nascem prematuras ou com muito baixo peso (MBP) ou baixo peso ao
nascimento (BPN);
• as crianças que frequentam creches, as crianças que vivem em situação de pobreza
ou situação de rua, filhos de famílias imigrantes, e
• crianças com doenças crônicas e distúrbios psiquiátricos e que vivem com
necessidade especial ou deficiência.
• pobreza,
• violência,
• agressão,
• abandono,
• baixo desempenho escolar e
• a adaptação à separação dos pais e ao divórcio.
78
Atualmente, umas das propostas de organização da assistência direcionada à
Saúde da Criança, é ancorada no Modelo de Atenção às Condições Crônicas (MACC),
em que o cuidado da criança em seu ciclo de vida requer “uma resposta social proativa,
contínua e integrada”. Esse modelo propõe (SOCIEDADE BENEFICENTE ISRAELITA
BRASILEIRA ALBERT EINSTEIN, 2021).
Para que isso seja possível, a Rede de Atenção à Saúde da Criança, com
foco nos processos integrados da Atenção Primária à Saúde (APS) e da Atenção
Ambulatorial Especializada (AAE) precisam estar bem estruturados e fortalecidos,
baseando-se nos determinantes sociais (SOCIEDADE BENEFICENTE ISRAELITA
BRASILEIRA ALBERT EINSTEIN, 2021).
Fonte: https://www.as.saude.ms.gov.br/wp-content/uploads/2021/11/notatecnica_crian-
ca-1-1.pdf. Acesso em: 14 mar. 2023.
79
ATENÇÃO
A linha de cuidado é uma estratégia para a ação, um caminho
a ser percorrido para o alcance da atenção integral, uma vez
que cria a sinergia entre os profissionais envolvidos e fortalece
a responsabilização dos serviços numa cadeia de produção
do cuidado em todos os espaços da atenção e de proteção
(BRASIL, 2012).
Fonte: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_crescimento_desenvolvi-
mento.pdf. Acesso em: 14 abr. 2023.
80
Os primeiros 1000 dias de vida compreendem desde o momento da concepção
do indivíduo até os dois anos de idade da criança. Esse período é crucial para o
crescimento e para o desenvolvimento infantil, pois corresponde a uma “janela de
oportunidades” para prevenir e/ou reverter a programação metabólica e melhorar os
resultados maternos, fetais, do nascimento, da infância e até mesmo reduzir o risco de
as crianças desenvolverem DCNT no futuro (PEREIRA et al., 2022). Por isso, é importante
ter atenção às intervenções necessárias para o domínio infantil neste período.
DICA
Para identificar essas ações descritas acima, acesse o seguinte
link: http://mds.gov.br/webarquivos/publicacao/crianca_feliz/
Como_Investir_na_Primeira_Infancia.pdf.
3 ATENÇÃO BÁSICA
Quando pensamos na estrutura operacional da Rede de Atenção à Saúde da
Criança, vemos que ela envolve a Atenção Primária à Saúde, a Atenção Especializada
ambulatorial e hospitalar, os sistemas de apoio, os sistemas logísticos e o sistema de
governança (SOCIEDADE BENEFICENTE ISRAELITA BRASILEIRA ALBERT EINSTEIN,
2021). A Atenção Primária à Saúde é a responsável pela coordenação e ordenação da
assistência e do serviço de saúde. Assim, o centro de comunicação das redes articula os
fluxos e contrafluxos de pessoas, os produtos e as informações entre todos os pontos de
atenção (SOCIEDADE BENEFICENTE ISRAELITA BRASILEIRA ALBERT EINSTEIN, 2021).
81
É na Atenção Primária, ou Atenção Básica, que é possível acompanhar a criança
ao longo da vida, percebendo os eventos em seus períodos singulares, chamados de
transição. Então, é fundamental conhecer essa população a ser acompanhada, assim
como classificá-las para melhor acompanhamento (FIGURA 3).
DICA
Para saber quais são as situações que possibilitam a criança
ser classificada como de risco habitual, risco intermediário e
risco alto, não deixe de ler a Tabela 2. Estratificação de risco da
criança, disponível em: https://www.conass.org.br/biblioteca/
saude-da-crianca-de-zero-a-cinco-anos/.
82
A agenda de cuidados da criança nos primeiros cinco anos de vida deve seguir os
cuidados previstos nos eixos estratégicos da PNAISC, item que já discutimos na Unidade 1.
83
Falaremos mais sobre a consulta de enfermagem nos temas seguintes. Agora,
vamos nos atentar à visita domiciliária, onde a puérpera e o recém-nascido (RN) deverão
receber a visita domiciliária de Enfermagem logo que chegam ao domicílio, durante a
primeira semana. Nesta visita domiciliária, o enfermeiro deve estar atendo em seguir o
descrito na figura 5 (SÃO PAULO, 2015, p. 7):
84
• Prevenir lesões não intencionais; e
• Identificar sinais de perigo à saúde da criança.
• Todo e qualquer membro da equipe deve receber as crianças e suas famílias de forma
empática e respeitosa;
• Deve-se acolher a criança e a família em lugar específico para este tipo de atendimento;
• Acompanhe o caso e proceda aos encaminhamentos desde a entrada da criança e de
sua família no setor de saúde até o seguimento deles para a rede de cuidado e de
proteção social;
• Adote atitudes positivas e de proteção à criança e à sua família;
• Atue de forma conjunta com toda a equipe.
85
maiores que em qualquer outra faixa etária. Como o aprendizado se dá pela imitação
do comportamento dos adultos, crianças que assistem e/ou são vítimas de contínuas
cenas de violência em casa podem achar que essa é uma forma natural de lidar com
os conflitos e, assim, passar a adotar esse modelo de comportamento (BRASIL, 2018).
Assim, o profissional da Atenção Básica deve estar preparado para (BRASIL, 2012):
ATENÇÃO
É importante reforçar com a população que, se suspeitarem que
alguma criança está sofrendo violência, devem imediatamente
procurar a Unidade de Saúde, o Conselho Tutelar ou a Vara da
Infância e da Juventude, ou ligar gratuitamente para o nº 100.
86
De forma geral, é possível seguir o proposto na Figura 6 para avaliar e classificar
a possibilidade de violência:
Figura 6 – Avaliação e classificação das possibilidades de violência
Fonte: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_quadros_procedimentos_aidpi_
crianca_2meses_5anos.pdf. Acesso em: 14 mar. 2023.
87
NOTAS
Você já ouviu falar de fatores protetores? Os fatores protetores
são caracterizados por atributos pessoais, familiares ou sociais
que minimizam ou neutralizam o impacto do risco. Quanto
mais atuantes, maior é o seu efeito positivo na vida das crianças
e dos adolescentes (BRASIL, 2010).
Figura 7 – Linha de cuidado para a atenção integral à saúde de crianças, adolescentes e suas
famílias em situação de violências
Fonte: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_quadros_procedimentos_aidpi_
crianca_2meses_5anos.pdf. Acesso em: 14 mar. 2023.
88
DICA
Estamos comentando tanto sobre violência, sinais, linha de
cuidado, mas você sabe quais são os tipos e natureza da violência
infantil? Acesse o seguinte link: https://bvsms.saude.gov.br/
bvs/publicacoes/saude_crianca_crescimento_desenvolvimento.
pdf e https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_
quadros_procedimentos_aidpi_crianca_2meses_5anos.pdf.
Outro aspecto importante, é a visita domiciliar, que aparece como grande aliada
para o enfermeiro e sua equipe, pois possibilita a manutenção de um contato mais
próximo com as comunidades nas quais trabalham, especialmente, com as crianças e
suas famílias, tendo assim oportunidades únicas durante as visitas domiciliares, tanto
para detectar problemas relacionados a acidentes e violência, como para realizar ações
educativas e intervenções (BRASIL, 2012).
Pensando nos cuidados para garantir a segurança das crianças, a fim de evitar
acidentes, temos alguns cuidados a serem seguidos, conforme Figuras 8, 9 e 10.
Figura 8 – Cuidados para garantir a segurança das crianças, a fim de evitar acidentes, de 0 a
6 meses de idade
Fonte: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_crescimento_desenvolvi-
mento.pdf. Acesso em: 13 mar. 2023.
89
Figura 9 – Cuidados para garantir a segurança das crianças, a fim de evitar acidentes, de 6 a
12 meses de idade
Fonte: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_crescimento_desenvolvi-
mento.pdf. Acesso em: 13 mar. 2023.
Figura 10 – Cuidados para garantir a segurança das crianças, a fim de evitar acidentes, de 1 a
2 anos de idade
Fonte: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_crescimento_desenvolvi-
mento.pdf. Acesso em: 13 mar. 2023.
90
IMPORTANTE
O tópico “Cuidando da segurança da criança: prevenindo
acidentes e violência”, da Caderneta de Saúde da Criança
(BRASIL, 2018, p. 33), apresenta os cuidados preventivos
relativos aos acidentes, por faixa etária. Apresenta, ainda, as
consequências dos maus tratos domésticos, exteriorizados em
sinais físicos e alterações comportamentais. Acesse o conteúdo
da caderneta de saúde da menina no link a seguir:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderneta_saude_
crianca_menina_12ed.pdf e para a caderneta de saúde do
menino:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderneta_saude_
crianca_menino_12ed.pdf.
91
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tema de aprendizagem, você estudou:
92
AUTOATIVIDADE
1. O atendimento à criança engloba uma sequência de ações ou medidas preventivas
desde antes do nascimento, evitando seu adoecimento para, desta forma, promover
crescimento e desenvolvimento adequados. Sobre as medidas que compreendem,
desde o momento da concepção do indivíduo até os dois anos de idade da criança, são
chamadas de:
a) ( ) Agenda de cuidados.
b) ( ) Atenção Básica.
c) ( ) Os primeiros 1000 dias.
d) ( ) Linhas de cuidado.
( ) Aquelas que nascem prematuras ou com muito baixo peso (MBP) ou baixo peso ao
nascimento.
( ) As crianças que não frequentam creches e da classe média alta
( ) As crianças com doenças crônicas e distúrbios psiquiátricos e que vivem com
necessidade especial ou deficiência.
93
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
4. A faixa etária dos 0 a 6 meses de idade demanda grande cuidado, e muito no que tange
aos cuidados para garantir a segurança, a fim de evitar acidentes. Dentro deste contexto
e neste público específico, cite os principais acidentes que podem correr com crianças
de 0 a 6 meses de idade, e disserte sobre as medidas de segurança que podem ser
adotadas.
5. A violência interpõe-se como uma poderosa ameaça ao direito à vida e à saúde da criança
e de sua família. Mais do que qualquer outro tipo de violência, a cometida contra a criança
não se justifica, pois, as condições peculiares de desenvolvimento desses cidadãos os
colocam em extrema dependência de pais, familiares, cuidadores, do poder público e da
sociedade. Neste contexto, disserte sobre quais os sinais que são indicativos de violência
e quais os serviços que a pessoa que suspeita de um caso de violência pode procurar?
94
UNIDADE 2 TÓPICO 2 -
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À
CRIANÇA NA ATENÇÃO BÁSICA
1 INTRODUÇÃO
A consulta de enfermagem consiste na avaliação sistemática do crescimento
e desenvolvimento infantil, nas queixas mais comuns da infância, estado nutricional,
situação vacinal, situação social e parte psíquica da criança. A Atenção Primária à Saúde
(APS) é apontada, em todo o mundo, como a estratégia mais efetiva para a universalização
do acesso à saúde e inclui entre suas diretrizes, a integralidade da atenção, a coordenação
do cuidado, a centralidade na família, a orientação à participação comunitária e a
competência cultural dos profissionais, a fim de alcançar a resolutividade desejada em
face dos principais problemas de saúde da população, o que, no Brasil, vem ao encontro
dos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS).
95
São objetivos Gerais da Consulta do Enfermeiro (RIBEIRÃO PRETO, 2022, p. 19):
INTERESSANTE
Você lembra que no Tema de Aprendizagem 1 relatamos a
importância da visita domiciliar e que no caso específico da assistência
de enfermagem direcionada a crianças, a primeira consulta, que
deverá ocorrer na Unidade de Atenção Primária à Saúde (APS),
podendo ser realizada durante a visita domiciliar pelo médico e/
ou enfermeiro, juntamente com o Agente Comunitário de Saúde?
Essa primeira consulta apresenta características importantes, que
precisam ser realizadas com muito profissionalizamos e cautela,
pois é um momento crucial para orientar a família sobre os
desafios diários quanto: “aleitamento materno, puerpério, realizar
imunizações e a triagem neonatal” e “reforçar a importância de
dar continuidade nas próximas consultas com agendamento
consentido entre pais e profissional (BRASIL, 2023).
96
Figura 11 – Principais orientações e peculiaridades do cuidado ao recém-nascido que preci-
sam ser avaliadas na primeira consulta/ visita
Fonte: o autor
DICA
Para saber detalhadamente, acesse o Caderno de Atenção
Básica nº 33, disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/
publicacoes/saude_crianca_crescimento_desenvolvimento.pdf.
97
De forma geral, o Ministério da Saúde recomenda sete consultas de rotina no
primeiro ano de vida (na 1ª semana, no 1º mês, 2º mês, 4º mês, 6º mês, 9º mês e 12º
mês), além de duas consultas no 2º ano de vida (no 18º e no 24º mês) e, a partir do 2º
ano de vida, consultas anuais, próximas ao mês do aniversário. Essas faixas etárias são
selecionadas porque representam momentos de oferta de imunizações e de orientações
de promoção de saúde e prevenção de doenças. As crianças que necessitem de maior
atenção devem ser vistas com maior frequência (BRASIL, 2012).
98
Para que a criança cresça e se desenvolva bem, é fundamental comparecer à
unidade de saúde para fazer o acompanhamento do seu crescimento e desenvolvimento.
Nas consultas de rotina, as orientações sobre os cuidados necessários para que a
criança tenha boa saúde e esclarecimento de dúvidas devem ser elementos garantidos.
É sabido que algumas crianças necessitam de maior atenção e devem ser vistas com
maior frequência, mas de forma geral, o Ministério da Saúde recomenda o seguinte
esquema para as consultas de rotina.
Figura 13 – Recomendação da periodicidade das consultas de rotina nos dois primeiros anos
de vida
Fonte: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderneta_saude_crianca_menino_12ed.
pdf. Acesso em: 14 abr. 2023.
• Alimentação da criança.
• Peso, comprimento ou altura e perímetro cefálico (este último até os 2 anos).
• Vacinas.
• Desenvolvimento.
• Prevenção de acidentes.
• Identificação de problemas ou riscos para a saúde.
• Outros cuidados para uma boa saúde.
99
Espera-se que a atenção integral à saúde da criança favoreça a redução da
mortalidade infantil de forma significativa e duradoura, visto que envolve o controle de
diversas variáveis que podem influenciar neste desenvolvimento.
Fonte: https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/wp-content/uploads/2021/01/livro_texto.pdf.
Acesso em: 14 mar. 2023.
100
DICA
Em todas as consultas é necessária a utilização da Caderneta
de Saúde da Criança para o registro das principais informações
de condições de saúde, sendo um instrumento facilitador da
comunicação entre os pais e os profissionais de saúde. Que tal
conhecer mais sobre a Caderneta da Criança? Acesse:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderneta_saude_
crianca_menino_12ed.pdf para a Caderneta de Saúde da
Criança menino, e https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
caderneta_saude_crianca_menina_12ed.pdf para a Caderneta
de Saúde da Criança menina.
101
Fonte: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_crescimento_desenvolvi-
mento.pdf. Acesso em: 13 abr. 2023.
102
Figura 16 – O que observar, verificar, quais fatores de risco e alteração no exame físico, além
de desenvolvimento etário
Fonte: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_quadros_procedimentos_aidpi_
crianca_2meses_5anos.pdf. Acesso em: 14 abr. 2023.
Fonte: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_quadros_procedimentos_aidpi_
crianca_2meses_5anos.pdf. Acesso em: 14 abr. 2023.
103
ATENÇÃO
Você, como enfermeiro, deve estar atento aos fatores
protetores e de risco para a promoção do desenvolvimento
infantil.
Fonte: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_quadros_procedimentos_aidpi_
crianca_2meses_5anos.pdf. Acesso em: 14 abr. 2023.
104
2.2 CRESCIMENTO DA CRIANÇA
O crescimento é um processo dinâmico e contínuo, expresso pelo aumento do
tamanho corporal. Constitui um dos indicadores de saúde da criança. Ele é influenciado
por fatores intrínsecos (genéticos) e extrínsecos (ambientais) entre os quais se destacam
a alimentação, a saúde, a higiene, a habitação e os cuidados gerais com a criança, que
atuam acelerando ou restringindo tal processo.
105
são agravos nutricionais resultantes de uma complexa rede de fatores determinantes,
que incorporam desde a “alimentação e nutrição, insegurança alimentar, ingestão
inadequada e/ou insuficiente de alimentos in natura e minimamente processados, a
baixa qualidade nutricional da alimentação e a biodisponibilidade de micronutrientes”
(BRASIL, 2022, p. 6).
DICA
Atualmente, o MS conta com três programas e estratégias
voltados para a prevenção e atenção às deficiências de
micronutrientes por meio da suplementação profilática, são eles:
• Fortificação da alimentação infantil com micronutrientes
em pó – NutriSUS:
• Programa Nacional de Suplementação de Ferro (PNSF) e
• Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A
(PNSVA).
Que tal saber mais sobre esses programas? Acesso o link:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno_
programas_nacionais_suplementacao_micronutrientes.pdf.
106
Figura 19 – Organização do fluxo de suplementação de micronutrientes em crianças na APS
Fonte: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno_programas_nacionais_suple-
mentacao_micronutrientes.pdf. Acesso em: 14 mar. 2023.
ESTUDOS FUTUROS
O aleitamento materno exclusivo até o sexto mês e oferecido
até dois anos de idade ou mais, bem como a diversidade
da alimentação, são fatores determinantes para a oferta
de diferentes nutrientes e contribuem para a prevenção
de deficiências nutricionais, como a anemia e a deficiência
de vitamina A. Abordaremos mais sobre a importância do
aleitamento materno, ainda nesta unidade.
107
2.3 HIGIENE ORAL
Os dentes decíduos (dentes de leite) são importantes para “guardar” o espaço e
preparar o caminho dos dentes permanentes, servindo de guia para que esses dentes
se posicionem de forma correta. Para a criança se alimentar bem e com prazer e ter uma
mastigação eficiente dos alimentos sem desconforto, é necessário que seus dentes
estejam em bom estado. A perda dos dentes de leite antes do tempo pode prejudicar
a criança que está aprendendo a falar, a pronúncia de algumas palavras. Além disso, a
criança poderá se sentir diferente do restante do grupo de sua faixa etária, podendo
causar algum problema emocional/social (BRASIL, 2018). Olhe com atenção a figura 20
que descreve o desenvolvimento dos dentes por faixa etária.
Fonte: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderneta_saude_crianca_menino_12ed.
pdf. Acesso em: 14 abr. 2023.
108
• Os pais ou cuidadores devem escovar os dentes das crianças até que elas aprendam
a fazer isto sozinhas, mas devem acompanhar até perceber que estão fazendo a
higienização bucal de maneira correta.
1. Mamar no peito, desde o nascimento, faz o bebê crescer forte e saudável e favorece
o desenvolvimento da musculatura e ossos da face, evitando problemas no
posicionamento dos dentes.
2. Evitar o uso de chupetas, bicos e mamadeiras, pois eles podem deixar os dentes
“tortos” e prejudicar a mastigação, a deglutição (ato de engolir), a fala, a respiração e
o crescimento da face.
3. Após as mamadas e depois de cada refeição e uso de xarope (que são adocicados),
fazer a limpeza dos dentes, independente do horário.
4. Evitar colocar açúcar nos alimentos oferecidos ao bebê, pois ele aumenta o risco de
cárie; muitos alimentos, como as frutas, já contêm açúcar.
5. O uso de flúor nos dentes ajuda a protegê-los da cárie. Ele está presente na maioria
das pastas de dente e na água tratada de muitos municípios (BRASIL, 2018).
109
IMPORTANTE
O aleitamento materno marca o início de uma alimentação
saudável e, isoladamente, é capaz de nutrir de modo adequado
a criança nos primeiros seis meses de vida, e quando se inicia a
introdução de alimentos complementares, com a manutenção do
aleitamento materno pelo menos até os dois anos (BRASIL, 2012).
Por isso, são poucas as exceções onde o aleitamento materno
é contraindicado de forma parcial ou total, pois apesar da
alimentação variar enormemente entre as pessoas, o leite
materno, surpreendentemente, apresenta composição
semelhante para todas as mulheres que amamentam do
mundo (BRASIL, 2012).
DICA
Como enfermeiro, é importante que você saiba quais são os
casos em que a amamentação deve ser suspendida de forma
total ou parcial. Leia com atenção o item 9.1.3 Contraindicações
para a amamentação do Cadernos de Atenção Básica nº 33:
Saúde da criança: crescimento e desenvolvimento (BRASIL, 2012).
Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
saude_crianca_crescimento_desenvolvimento.pdf para ciência
dessas situações.
Assim, o leite anterior (do início da mamada) é rico em água e nutrientes, enquanto
o leite posterior (do final da mamada) é um leite rico em energia (calorias) e com maior
110
concentração de gordura. Daí a importância de a criança esvaziar bem a mama, para
que possa receber o leite do final da mamada, que é mais calórico, promovendo a sua
saciedade e, consequentemente, o ganho adequado de peso do bebê (BRASIL, 2009).
O tempo de permanência na mama em cada mamada não deve ser fixado, haja
vista que o tempo necessário para esvaziar uma mama varia para cada dupla mãe/
bebê e, numa mesma dupla, pode variar dependendo da fome da criança, do intervalo
transcorrido desde a última mamada e do volume de leite armazenado na mama, entre
outros. Um ponto importante de se frisar é que a mamada sempre seja iniciada pela
última mama que o bebê mamou, para ele tenha acesso ao leite anterior e posterior
(BRASIL, 2009).
DICA
Que tal assistir aos seguintes vídeos para conhecer mais sobre a
amamentação? Sociedade Brasileira De Pediatria. Ministério da
Saúde. Amamentação: muito mais do que alimentar a criança
– completo. 22 min. Brasília, 2015. Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=i31VEa--XpE.
111
Enquanto enfermeiro, é fundamental que você siga o fluxograma de atendimento
para conseguir impactar nas taxas de aleitamento materno exclusivo. Para tanto, olhe
com atenção a Figura 21 que ilustra como manejar os casos de aleitamento materno
exclusivo e a figura 22 para alimentação complementar.
Figura 21 – Fluxograma de manejo para crianças com problemas referentes ao aleitamento
materno exclusivo
112
A Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca quatro pontos-chave que
caracterizam o posicionamento e pega adequados e que podem influenciar diretamente
na manutenção do aleitamento materno (BRASIL, 2009):
113
• Há um efeito contraceptivo, principalmente quando a mulher permanece em amenorreia.
• Promoção do vínculo afetivo mãe-filho.
INTERESSANTE
Que tal saber mais sobre aleitamento materno? E que tal agora ler
sobre as afecções mamárias, o desenvolvimento da ordena e como
armazenar o leite materno?
114
2.5 INTRODUÇÃO ALIMENTAR
Como apresentado anteriormente, o aleitamento materno deve ser exclusivo até
os seis meses de idade e complementado até os dois anos ou mais. A partir de seis meses,
recomenda-se a introdução de alimentos complementares, já que antes desse período
o leite materno é capaz de suprir todas as necessidades nutricionais do bebê. Assim,
a alimentação complementar deve prover suficientes quantidades de água, energia,
proteínas, gorduras, vitaminas e minerais, por meio de alimentos seguros, culturalmente
aceitos, economicamente acessíveis e que sejam agradáveis à criança (BRASIL, 2015).
Por volta dos seis meses de vida a criança já tem desenvolvidos os reflexos
necessários para a deglutição, como o reflexo lingual, manifesta excitação à visão do
alimento, sustenta a cabeça, facilitando a alimentação oferecida por colher e tem-se
o início da erupção dos primeiros dentes, o que facilita na mastigação. Assim, além
de complementar as necessidades nutricionais, a introdução de alimentos, em idade
oportuna, aproxima progressivamente a criança dos hábitos alimentares da família e
ou cuidador e proporciona uma adaptação do bebê a uma nova fase do ciclo de vida,
na qual lhe são apresentados novos sabores, cores, aromas e texturas (BRASIL, 2015).
115
Figura 23 – Esquema alimentar para crianças amamentadas
Fonte: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_crescimento_desenvolvi-
mento.pdf. Acesso em: 14 mar. 2023.
Fonte: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_crescimento_desenvolvi-
mento.pdf. Acesso em: 14 mar. 2023.
ATENÇÃO
O período de introdução da alimentação complementar é de
elevado risco para a criança, tanto pela oferta de alimentos
inadequados, quanto pelo risco de sua contaminação devido à
manipulação/preparo inadequados, favorecendo a ocorrência
de doença diarreica e distúrbios nutricionais. Por isso, você
deve estar preparado para orientar as mães durante esse
período! Então, acesse: https://www.svb.org.br/images/guia_
da_crianca_2019.pdf, para saber as principais orientações
necessárias para manutenção de uma fase adequada da
criança, quando a introdução alimentar.
116
No caso das crianças maiores de dois anos, é importante permanecer com as
orientações, para que a alimentação dessa criança seja o mais segura possível e assim,
evitem-se problemas futuros. Sempre é importante trabalhar com exemplificações
de cardápios, mas respeitando as características regionais, poder aquisitivo e cultura
familiar (ALVES, 2018). A seguir compartilhamos um modelo de cardápio, mas atentando-
se que o Guia de Alimentação Saudável do Ministério da Saúde (BRASIL, 2019) oferece
alguns exemplos de refeições e cardápios e você poderá se basear nele para montar o
cardápio infantil.
Fonte: https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/Atencao-a-saude-da-
-crianca-aspectos-basicos_versao_final.pdf. Acesso em: 24 mar. 2023.
117
INTERESSANTE
Os alimentos sofrem diversos tipos de processamento na sua
produção. O tipo de processamento interfere na composição de
nutrientes dos alimentos, no sabor, na presença e nos tipos de
aditivos, nas circunstâncias em que serão consumidos (quando,
onde, com quem) e na quantidade em que serão ingeridos. Além
disso, o tipo de processamento tem impacto sobre o ambiente,
como veremos a seguir (BRASIL, 2019). Que tal saber mais sobre as
categorias de classificação dos alimentos segundo o Guia Alimentar
para a População Brasileira? Os alimentos são classificados em quatro
categorias, segundo a extensão e o propósito do seu processamento:
http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/guia_da_
crianca_2019.pdf).
ATENÇÃO
Você sabia que a principal causa de baixa estatura (altura
menor que escore-z –2 ou percentil <3) em nosso meio é a
ocorrência de desnutrição crônica, cujo diagnóstico muitas
vezes é difícil, pela falta de informações da história pregressa
e dos dados antropométricos da criança. É sempre importante
correlacionar as medidas de altura e de peso. Na desnutrição
crônica, observam-se atrasos proporcionais de peso e altura,
enquanto na desnutrição aguda raramente a altura está
comprometida. A caderneta de saúde da criança, contém os
seguintes gráficos de crescimento:
• perímetro cefálico (zero – 2 anos);
• peso para idade (zero – 2 anos, 2 – 5 anos e 5 – 10 anos);
• comprimento/altura para idade (zero – 2 anos, 2 – 5 anos
e 5 – 10 anos)
• índice de massa corporal (IMC) para idade (zero – 2 anos,
2 – 5 anos e 5 – 10 anos)
Os gráficos adotados são os recomendados pela OMS para
meninos/ meninas de zero – 5 anos e 5 – 10 anos. Os pontos de
corte utilizados nas distintas curvas estão representados em
escores z, que indicam unidades do desvio-padrão do valor da
mediana (escore z 0), cujas correspondências são apresentadas
em percentis.
Apesar do crescimento individual das crianças poder ter uma
grande variação, as várias medidas de crescimento colocadas
como pontos no gráfico ao longo do tempo e unidas entre si
formam uma linha. Essa linha representa o crescimento da
criança, ou seja, sua curva de crescimento, que sinaliza se a
criança está crescendo adequadamente ou não.
118
DICA
É fundamental que o profissional
de enfermagem realize a medição
correta, assim como o preenchimento
e interpretação adequada dos dados
anotados na caderneta de saúde de
criança. Para melhor entendimento
sobre a curva de crescimento,
anotação na caderneta, interpretação
dos dados e diagnóstico nutricional,
acesse: https://bvsms.saude.gov.
br/bvs/publicacoes/saude_crianca_
crescimento_desenvolvimento.pdf.
119
Figura 26 – Calendário Básico de Vacinação da Criança, Ministério da Saúde, 2023
DICA
Para obter a versão mais atualizada do Calendário vacinal,
além de orientações específicas para cada vacina, verifique
o endereço eletrônico: http://pni.datasus.gov.br/calendario_
vacina_Infantil.asp.
120
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tema de aprendizagem, você estudou:
121
AUTOATIVIDADE
1. Uma mãe que está amamentando seu filho de sete meses lhe procura para que seja
orientada quanto à melhor época para o desmame (cessação do aleitamento materno).
Sobre a orientação adequada que ela deveria receber, assinale a alternativa CORRETA:
122
( ) A partir do nascimento do primeiro dente é indispensável utilizar uma escova de dente
pequena de cerdas macias, com o uso de pequena quantidade (menos de um grão de
arroz) de creme dental com flúor.
( ) Enquanto a criança possuir apenas dentes de leite, é suficiente escovar os dentes com
creme dental uma vez ao dia, sem problemas que ele engula a espuma que se forma
durante a escovação.
( ) O uso do fio dental está indicado quando os dentes estão juntos, sem espaços entre eles,
uma vez ao dia.
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
123
124
UNIDADE 2 TÓPICO 3 -
PROBLEMAS COMUNS NA INFÂNCIA
E CONTEÚDO PROGRAMÁTICO PARA
GRUPOS EDUCATIVOS
1 INTRODUÇÃO
125
Embora a localização anatômica não possa ser considerada de modo absoluto,
na prática, é possível, muitas vezes, definir a síndrome clínica predominante naquele
momento e a conduta mais adequada ao caso. As doenças respiratórias de vias aéreas
superiores representam cerca de 3/4 dos casos da demanda aos serviços de saúde e,
em geral, têm menor gravidade. As que acometem as vias respiratórias inferiores, como
a bronquiolite, bronquite e pneumonia são mais graves e predominam nas indicações
de internação da criança e como causas de mortalidade (BELO HORIZONTE, 2015).
Figura 27 – Principais síndromes clínicas que acometem as crianças e seus principais sinais e
sintomas
Fonte: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/arquivos/publicaco-
es/CadernoCrianca.pdf. Acesso em: 14 mar. 2023.
A criança que é levada ao serviço de saúde com queixa de tosse e/ou dificuldade
respiratória deve receber atenção cuidadosa, pois a possibilidade de diagnósticos é
ampla, englobando uma variedade de patologias que vão desde o resfriado comum até
situações de risco de vida, como pneumonia e crise asmática grave (ALVES, 2018).
O profissional de saúde deve estar atento aos sinais e sintomas de alerta e tomar
as decisões adequadas o mais rapidamente possível.
126
Uma vez que as infecções agudas de vias aéreas apresentam elevada incidência
e respondem por cerca de 30% a 60% de todas as consultas pediátricas ambulatoriais, o
que significa enorme demanda para os serviços de saúde, é importante estruturar uma
forma de sistematizar o acolhimento e classificação do quadro. Uma das formas de se
abordar crianças que apresentem queixa de “resfriado” está ilustrado na figura a seguir:
Figura 28 – Principais Síndromes Clínicas nas crianças com queixas respiratórias devem ser
avaliadas considerando
Quando a doença já tem mais de cinco dias, a febre já passou, a criança brinca, se
alimenta e não tem cansaço para respirar, persistindo apenas com tosse e catarro
no peito, nesses casos, o auxiliar de enfermagem pode fazer as orientações gerais
de higiene nasal, inalação caseira, preparações caseiras para a tosse e explicar para
retornar se houver piora do quadro
Nesses casos, o auxiliar de enfermagem pode fazer as orientações gerais de higiene nasal,
inalação caseira, preparações caseiras para a tosse e explicar para retornar se houver piora do
quadro e enviar para avaliação médica.
Fonte: conasems-ava-prod.s3.sa-east-1.amazonaws.com/ava/aulas/o-trabalho-do-agente-
-comunitario-de-saude-1660162303.pdf. Acesso em: 14 abr. 2023.
127
Figura 29 – Distribuição das principais afecções respiratórias nos lactentes, pré-escolares e
escolares
Fonte: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/arquivos/publicaco-
es/CadernoCrianca.pdf. Acesso em: 14 mar. 2023.
2.1 PNEUMONIA
A pneumonia aguda é uma doença que resulta da infecção das vias aéreas e
dos pulmões por certos agentes. Eventualmente, pode ser acometido também o espaço
entre as pleuras (as membranas que envolvem os pulmões). Nessa condição, ocorre o
acúmulo de líquido ou pus na cavidade entre as pleuras, provocando um derrame pleural
(SOCIEDADE DE PEDIATRIA DE SÃO PAULO, 2007). Cerca de 80% das pneumonias na
infância são devidas a vírus e bactérias (SÃO PAULO, 2003).
128
Na atenção básica, a abordagem diagnóstica da criança com pneumonia aguda
deve ser feita por meio dos dados da história e do exame físico, não necessitando da
complementação por exames radiológicos, cuja realização, muitas vezes, posterga a
instituição do tratamento. Os dados clínicos permitem identificar, entre as crianças com
queixas respiratórias, os casos de pneumonia e classificar as infecções respiratórias
agudas (IRA) quanto à gravidade.
Figura 30 – Como avaliar e classificar criança com tosse ou dificuldade de respirar, segundo
AIDPI
Fonte: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_quadros_procedimentos_aidpi_
crianca_2meses_5anos.pdf. Acesso em: 14 mar. 2023.
1. identificar as crianças que devem ser examinadas por possível pneumonia (investigação
de casos com base nos "critérios de entrada");
2. identificar os casos de pneumonia (diagnóstico de casos);
3. identificar se a criança está com algum sinal geral de perigo, isto é, se apresenta risco
de morte por pneumonia ou por outra doença bacteriana grave; e
4. instituir tratamento apropriado (tratamento ou referência).
Entende-se por "Critérios de entrada" – tosse e/ou dificuldade para respirar são
os dois critérios de entrada na avaliação clínica da criança para identificar a presença
ou não de pneumonia. A febre não é considerada um bom sinal para ser utilizado como
129
"critério de entrada", pois está presente em crianças com outras doenças infecciosas
e pode estar ausente em crianças desnutridas com pneumonia. Para identificação
dos casos de pneumonia a frequência respiratória alta e a tiragem subcostal são
consideradas os sinais de maior valor preditivo para identificar os casos de pneumonia.
ATENÇÃO
São fatores de risco para pneumonia na infância, crianças que
(SOCIEDADE DE PEDIATRIA DE SÃO PAULO, 2007):
• Não receberam imunização adequada com as
vacinas disponíveis contra as principais moléstias
infectocontagiosas que predispõem a pneumonias e
contra os principais agentes de pneumonias (sarampo,
varicela, coqueluche, gripe, Haemophilus influenzae tipo
b, pneumococos);
• Não foram amamentadas ao seio pelo menos nos
primeiros 6 meses de vida e que não estão recebendo
uma boa nutrição;
• Crianças que permanecem em ambientes fechados em
aglomeração com outras crianças doentes como creches
ou berçários;
• Crianças expostas à fumaça de cigarro (fumantes passivos),
à poluição e a ambientes sem higiene com muita poeira
doméstica e ácaros.
INTERESSANTE
Para prevenção é necessário a manutenção rigorosa do calendário
de imunização, particularmente em relação às vacinas consideradas
obrigatórias. As vacinas contra as duas bactérias que causam a maior
parte das pneumonias, pneumococos e Haemophilus influenzae b,
devem ser administradas rotineiramente.
• manter o aleitamento materno exclusivo nos primeiros 6
meses de vida, uma alimentação saudável e um bom estado
nutricional;
• realizar suplementação com vitaminas A e D no primeiro ano
de vida, conforme recomendação médica;
• evitar a exposição da criança à fumaça de cigarro e a locais
muito poluídos;
• evitar locais com aglomeração de pessoas, em ambientes
fechados, particularmente no outono e inverno;
• procurar atendimento médico sempre que a criança apresentar
os sintomas de alerta, como tosse constante, gemência,
dificuldade para se alimentar, apatia e movimentos anormais
no tórax (SOCIEDADE DE PEDIATRIA DE SÃO PAULO, 2007).
130
Sobre o tratamento, a figura a seguir demonstra as diversas abordagens.
Fonte: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_quadros_procedimentos_aidpi_
crianca_2meses_5anos.pdf. Acesso em: 14 mar. 2023.
2.2 BRONQUITE
Bronquite aguda é o processo inflamatório de traqueia e brônquios, cuja
sintomatologia mais importante é a tosse produtiva. Já a bronquite crônica, por sua
vez, é definida como a presença de tosse produtiva crônica por pelo menos três meses
em cada um de dois anos consecutivos, em um paciente em que outras causas de
tosse crônica tenham sido afastadas. Esta definição, diferentemente da observada no
enfisema, é de natureza clínica e epidemiológica, não guardando, no entanto, relação
direta com a limitação ao fluxo aéreo, podendo precedê-la ou mesmo estar ausente nos
pacientes com obstrução aérea significativa (BARBOSA, 2013).
131
na recorrência ou persistência do quadro respiratório por duas a três semanas ou mais,
quando deve ser diferenciada de outras doenças como asma, sinusopatia, fibrose cística
e tuberculose (BARBOSA, 2013).
2.3 BRONQUIOLITE
A bronquiolite viral aguda (BVA) é doença de etiologia viral, predominando o
vírus sincicial respiratório e o adenovírus, frequente em lactentes (principalmente de 6
a 12 meses de idade), que podem apresentar vários episódios de bronquiolite, causados
por diferentes agentes virais. O quadro geralmente se inicia com como um “resfriado”
e tem evolução após dois ou três dias para intensificação da tosse, taquipneia, tiragem
intercostal e sibilância (BARBOSA, 2013).
Apenar de, na maioria dos casos evoluir com quadros leves, que não necessitam
de hospitalização, essa gravidade é definida nas primeiras 72 horas. Apenas 2% das
crianças com bronquiolite necessitam ser hospitalizadas. Os principais fatores de risco
para maior gravidade da bronquiolite são:
Das crianças que precisam de internação metade podem ter crises recorrentes
de sibilância e 2% evoluem para doença obstrutiva crônica – bronquiolite obliterante.
132
Nos casos que demandarem de hospitalização, a evolução da doença para cura ocorre
entre três a quatro dias (BARBOSA, 2013).
133
Considera-se diarreia quando há ocorrência de três ou mais evacuações
amolecidas ou líquidas em um período de 24 horas, sendo que a maioria dos episódios
é provocada por um agente infeccioso e dura entre uma e duas semanas (SÃO PAULO,
2012). Os casos em que a diarreia tem duração superior a 14 dias, é classificado como
diarreia persistente ou protraída, podendo causar problemas nutricionais e contribuem
para mortalidade na infância (BRASIL, 2003)
Você, como enfermeiro, deve estar atento à abordagem correta da criança com
diarreia aguda, pois isso é fundamental para evitar a desidratação, o comprometimento
do estado nutricional e a evolução para diarreia persistente (SÃO PAULO, 2003).
Fonte: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_quadros_procedimentos_aidpi_
crianca_2meses_5anos.pdf. Acesso em: 2 maio 2023.
134
O número de evacuações por dia considerado normal varia com a dieta e a idade
da criança. A percepção materna é extremamente confiável na identificação da diarreia
de seus filhos, descrevendo as fezes líquidas com terminologias regionais. Os lactentes
amamentados em forma exclusiva geralmente têm fezes amolecidas, não devendo isto ser
considerado diarreia. A mãe de uma criança que mama no peito pode reconhecer a diarreia
porque a consistência ou a frequência das fezes é diferente do habitual (BRASIL, 2017).
Fonte: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_quadros_procedimentos_aidpi_
crianca_2meses_5anos.pdf. Acesso em: 2 maio 2023.
135
Figura 34 – Avaliação do estado de hidratação do paciente
ATENÇÃO
Vamos entender melhor como funciona o plano de tratamento
A, B e C nos casos de desidratação? Leia com atenção o
cartaz do Ministério da Saúde que descreve o manejo do
paciente com diarreia, disponível em: https://bvsms.saude.
gov.br/bvs/cartazes/manejo_paciente_diarreia_cartaz.pdf.
Acesso em: 14 abr. 2023.
• Aumentar a oferta de líquidos de baixa osmolaridade: água, leite materno, chá, suco,
água de coco fresca, sopa (alimentos de fácil digestão e absorção).
• Não introduzir novos alimentos.
• Diminuir a quantidade de alimentos, mas aumentar o número de refeições para evitar
a anorexia. Melhorar o teor energético, cuidado com o acréscimo de gorduras.
• Oferecer de hora em hora soro distribuído na rede pública, principalmente após
evacuações líquidas.
136
• As crianças com desidratação leve ou moderada devem receber TERAPIA DE
REIDRATAÇÃO ORAL na Unidade de Saúde e ser reavaliada pelo Enfermeiro.
• Não oferecer suco artificial, refrigerantes ou bebidas isotônicas (tipo gatorade)
• Orientar sinais de desidratação e, no caso, retorno ao serviço de saúde.
137
É fundamental que o enfermeiro realize orientações como (SÃO PAULO, 2015):
• Aumentar a oferta de líquidos de baixa osmolaridade: água, leite materno, chá, suco,
água de coco fresca, sopa (alimentos de fácil digestão e absorção).
• Não introduzir novos alimentos.
• Diminuir a quantidade de alimentos, mas aumentar o número de refeições para evitar
a anorexia. Melhorar o teor energético, cuidado com o acréscimo de gorduras.
• Oferecer de hora em hora soro distribuído na rede pública, principalmente após
evacuações líquidas.
• As crianças com desidratação leve ou moderada devem receber TERAPIA DE
REIDRATAÇÃO ORAL na Unidade de Saúde e ser reavaliada pelo Enfermeiro.
• Não oferecer suco artificial, refrigerantes ou bebidas isotônicas (tipo gatorade).
• Orientar sinais de desidratação e, no caso, retorno ao serviço de saúde.
138
LEITURA
COMPLEMENTAR
A ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR E O MÉTODO BLW (BABY-LED WEANING)
A mãe não consegue fazer com que o recém-nascido ou lactente sugue maior
quantidade quando este encerra a mamada, ao sentir-se satisfeito. Desde o nascimento,
a mãe deve ser encorajada a entender que o recém-nascido e o lactente saudáveis
nascem aptos para regular sua fome e saciedade; aprender a interpretar estes sinais é
fundamental para o sucesso na amamentação, alimentação complementar e formação
dos hábitos alimentares até a vida adulta.
139
Neste contexto a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) tem orientações
publicadas no Manual de Orientação do Departamento de Nutrologia, disponível desde
2006 e atualizado em 2021, contendo informações abrangentes sobre o processo de
início da AC, tanto do ponto de vista nutricional como comportamental:
140
Led Weaning (BLW) que significa: o desmame guiado pelo bebê. Conceitualmente a
idealizadora, a britânica Gill Rapley, defende a oferta de alimentos complementares em
pedaços, tiras ou bastões.
141
Os dois grupos tiveram a ingestão de energia similar. Assim como outros
estudos com o BLW, há limitação importante quanto ao número de sujeitos envolvidos
na pesquisa. Assumindo os grandes questionamentos dos pais e dos profissionais
de saúde relativos ao BLW, como risco de engasgo, e de baixa oferta de ferro e de
calorias, um grupo de estudiosos neozelandeses, criou uma versão chamada Baby-Led
Introduction to SolidS (BLISS), que significa Introdução aos Sólidos Guiada pelo Bebê.
142
de alimentação, proporcionando um ambiente tranquilo sem a utilização de estratégias
coercitivas ou punitivas. Uma frase pode ser o resumo desta orientação: Comer junto e
não dar de comer.
Fonte: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/19491c-GP_-_AlimCompl_-_Meto-
do_BLW.pdf. Acesso em: 14 mar. 2022.
143
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tema de aprendizagem, você estudou:
144
AUTOATIVIDADE
1. É uma doença de etiologia viral, predominando o vírus sincicial respiratório e o adenovírus,
frequente em lactentes (principalmente de 6 a 12 meses de idade), que podem apresentar
vários episódios causados por diferentes agentes virais. Sobre a doença respiratória
acima descrita, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) É bronquiolite.
b) ( ) É bronquite.
c) ( ) É pneumonia.
d) ( ) É asma.
2. A diarreia aguda (DA) ainda é muito frequente, estando entre as principais causas
de morbimortalidade nos países em desenvolvimento. É uma doença infecciosa,
autolimitada, causada por bactérias, vírus ou parasitas, caracterizada pela perda de
água e eletrólitos, que resulta no aumento do volume e da frequência das evacuações e
diminuição da consistência das fezes, apresentado algumas vezes muco e sangue. Com
base nas definições de diarreia, analise as sentenças a seguir:
145
3. A Associação Brasileira de Engenharia de Produção (ABEPRO) é uma entidade
representativa de docentes, discentes e profissionais que atuam nas grandes áreas de
conhecimento da Engenharia de Produção. De acordo com os princípios e as normativas
elencadas no estatuto da ABEPRO, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para
as falsas:
( ) O plano A é destinado a crianças com desidratação leve e deve ser tratada em casa.
( ) O plano B é destinado a crianças com desidratação intermediária e deve ser tratada na
UBS.
( ) O plano C é destinado a crianças com desidratação grave e deve ser tratada no hospital.
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
4. A criança que é levada ao serviço de saúde com queixa de tosse e/ou dificuldade
respiratória deve receber atenção cuidadosa, pois a possibilidade de diagnósticos é
ampla. A estratégia de Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI)
da OMS/OPAS utiliza algumas classificações para uma criança com tosse ou dificuldade
para respirar. Disserte sobre quais são essas classificações e como se deve avaliar.
5. Você, como enfermeiro, deve estar atento à abordagem correta da criança com diarreia
aguda, pois isso é fundamental para evitar a desidratação, o comprometimento do
estado nutricional e a evolução para diarreia persistente. Neste contexto, disserte sobre
as principais orientações que o enfermeiro deve realizar em casos de diarreia.
146
REFERÊNCIAS
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Nescon/UFMG, 2018. 169 p. Disponível em: https://www.nescon.medicina.ufmg.br/
biblioteca/imagem/Atencao-a-saude-da-crianca-aspectos-basicos_versao_final.pdf.
Acesso em: 14 mar. 2023.
147
BRASIL. Ministério da Saúde. Caderneta de saúde da menina. 12. ed. Brasília: Mi-
nistério da Saúde, 2018. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
caderneta_saude_crianca_menina_12ed.pdf. Acesso em: 14 mar. 2023.
148
BRASIL. Ministério da Saúde. Programa Nacional de Imunizações (PNI): 40 anos.
Brasília: Ministério da Saúde, 2013. 236 p. Disponível em https://bvsms.saude.gov.br/bvs/
publicacoes/programa_nacional_imunizacoes_pni40.pdf. Acesso em: 14 mar. 2023.
BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde Brasil 2019 uma análise da situação de saúde
com enfoque nas doenças imunopreveníveis e na imunização. Brasília: Ministério
da Saúde, 2019. 520 p. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
saude_brasil_2019_analise_situacao.pdf. Acesso em: 14 mar. 2023.
149
HOCKENBERRY M. J.; WILSON, D. Wong: fundamentos de enfermagem pediátrica. 9.
ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2014. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.
php/5006226/mod_resource/content/1/WONG%20fundamentos%20de%20enferma-
gem%20pediatrica.pdf. Acesso em: 14 mar. 2023.
SÃO PAULO (cidade). Caderno temático da criança. São Paulo: SMS, 2003. Disponí-
vel em: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/arquivos/
publicacoes/CadernoCrianca.pdf. Acesso em: 14 mar. 2023.
SÃO PAULO. Estratégia Saúde da Família. 4. ed. São Paulo: SMS, 2012. 95 p. Dispo-
nível em: https://docs.bvsalud.org/biblioref/sms-sp/2015/sms-10932/sms-10932-7671.
pdf. Acesso em: 10 mar. 2023.
150
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DO DISTRITO FEDERAL. Protocolo de Atenção
Primária à Saúde da Criança. Brasília: Núcleo de Saúde da Criança, 2014. 91 p.: il.
– (Cadernos de Saúde da Criança, n. 3). Disponível em: https://www.saude.df.gov.br/
documents/37101/80989/Protocolo+de+Aten%C3%A7%C3%A3o+Prim%C3%A1ria+%-
C3%A0+Sa%C3%BAde+da+Crian%C3%A7a.pdf/2739857b-50fc-97cc-35cf-35d240d-
cadcf?t=1648526919365. Acesso em: 14 mar. 2023.
151
152
UNIDADE 3 —
ASSISTÊNCIA DE
ENFERMAGEM NA SAÚDE
DO ADOLESCENTE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
153
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!
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154
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
ATENDIMENTO AO ADOLESCENTE
NOS DIVERSOS NÍVEIS DE ATENÇÃO
1 INTRODUÇÃO
A clínica do adolescente é instigante e inovadora, como o próprio adolescente.
A enfermagem tem um papel importante nesse processo, visto que, ao atender o
adolescente, atende também todos os medos, aflições, angústias, que precisam ser
ouvidas e entendidas, e, conjuntamente a tudo isso, produzindo estratégias para
minimizar ou até sanar esses problemas.
Sendo assim, você, como enfermeiro, deve sempre levar em conta, dentre
outras variáveis, “o processo de crescimento e desenvolvimento do adolescente e sua
vulnerabilidade a inúmeros agravos físicos, psíquicos e sociais, cuja análise permitirá a
identificação dos fatores protetores que devam ser promovidos e os riscos que deverão
ser afastados e/ou atenuados” (SÃO PAULO, 2015, p. 93).
155
NOTA
Adolescência e puberdade são dois termos usados com muita frequência, mas será que
exprimem conceitos diferentes? Sim, a adolescência e a puberdade são termos que exprimem
conceitos diferentes. A puberdade compreende o conjunto de transformações
no corpo que marcam o final da infância, principalmente o surgimento dos
caracteres sexuais secundários. A adolescência, por sua vez, pode ser entendida
como uma transição da vida infantil para a vida adulta, um processo que tem
significados diferentes para o indivíduo em diversas classes sociais, épocas e
culturas cuja vivência reflete a exteriorização dos marcos socioculturais nos
quais o adolescente se desenvolveu e vive (BELO HORIZONTE, 2015).
ATENÇÃO
As Unidades Básicas de Saúde aparecem neste cenário como um espaço
privilegiado, de práticas multiprofissionais integradas, que estão articuladas
com os demais setores de saúde e que favorecem o desenvolvimento
de iniciativas intersetoriais voltadas à melhoria da qualidade de vida e ao
atendimento das necessidades de saúde locais (EMERICH; GAVA, 2019).
156
Então, é esperado que a abordagem realizada, não apenas pelo enfermeiro, como
pela equipe atuante na unidade e na rede de atenção, seja direcionada à integralidade,
tanto das práticas de saúde quanto da própria rede de serviços de saúde.
Fonte: https://cebrap.org.br/wp-content/uploads/2018/11/Linha-de-Cuidado-Adolescencia-Juventude-
-SUS-SP-1.pdf. Acesso em: 14 mar. 2023.
157
2.1 O PAPEL DA ATENÇÃO BÁSICA
A Atenção Básica ganha destaque, visto que, ao longo do ciclo de vida, a
vigilância em saúde das crianças, adolescentes e jovens é responsabilidade das equipes
de Saúde da Família (ESF), sendo sua competência realizar periodicamente a avaliação
das condições de saúde das crianças, adolescentes e jovens que estão nas escolas
inseridas em seus territórios adscritos (BRASIL, 2009).
Figura 2 – Ações desenvolvidas nas Unidades de Saúde que atenderão às necessidades locais e às
especificidades da atenção integral a adolescentes e jovens de ambos os sexos
158
Vamos conhecer um pouco mais de cada uma dessas estratégias?
Uma vez que o contato é realizado com a família como um todo, é preciso
ter cuidado para assegurar a confidencialidade das informações. Caso a unidade não
disponha dessa atividade, é possível articular-se com outros serviços, tais como equipes
de atenção básica, conselhos tutelares, grupos comunitários, escolas, dentre outros
(BRASIL, 2007, p. 18).
159
Falaremos mais sobre esse assunto no conteúdo do Tema de Aprendizagem 2,
em grupos educativos na adolescência.
Uma vez que a maioria dos problemas tem causas comuns, é possível trabalhar
com uma combinação de intervenções capazes de promover o desenvolvimento saudável
dos jovens. As articulações intra e interinstitucionais devem ser construídas num clima
de confiança e respeito entre os parceiros, onde cada organização seja valorizada com
suas singularidades, potencialidades e limitações. É importante destacar a necessidade
de uma articulação, inicialmente intra-institucional, uma vez que é comum acontecer
de vários grupos desenvolverem atividades voltadas para adolescentes e jovens em
uma mesma unidade de saúde, sem que haja uma integração (BRASIL, 2007).
160
Para essa organização devem ser levados em consideração a disponibilidade,
a formação e a educação permanente dos recursos humanos, a estrutura física, os
equipamentos, os insumos e o sistema de informação, adequando-os ao grau de
complexidade da atenção a ser prestada em cada região (SÃO PAULO, 2021).
IMPORTANTE
Na organização da atenção à saúde do adolescente e do jovem devem
ser levados em consideração os seguintes aspectos:
- Adequar os serviços de saúde às necessidades específicas de
adolescentes, respeitando as características da atenção local vigente, os
recursos humanos e materiais disponíveis.
- Respeitar as características socioeconômicas e culturais da comunidade,
além do perfil epidemiológico da população local.
- Estimular a participação ativa dos jovens nas ações de prevenção e
promoção à saúde (BRASIL, 2013, p.13).
DICA
Que tal conhecer o rol de ações detalhadas, assim como os profissionais
envolvidos na realização dessas atividades junto aos adolescentes
nas escolas? A proposta das orientações a seguir é proporcionar aos
profissionais a visão integrada do processo de atenção integral de saúde
de adolescentes nas unidades de saúde e nas escolas (BRASIL, 2013).
162
Figura 5 – Procedimentos a serem desenvolvidos na escola para a saúde bucal do adolescente e através da
equipe responsável da atenção básica e escola
Figura 6 – Procedimentos a serem desenvolvidas na escola para a saúde mental do adolescente e através
da equipe responsável da atenção básica e escola
163
Figura 7 – Procedimentos a serem desenvolvidas na escola, para a imunização do adolescente e através da
equipe responsável da atenção básica e escola
164
Figura 8 – Procedimentos a serem desenvolvidos na escola para a prevenção de acidentes e violências do
adolescente e através da equipe responsável da atenção básica e escola
ESTUDOS FUTUROS
É importante frisar que as ações não são realizadas isoladamente e nem
por um profissional só. Falaremos sobre o programa saúde na escola ainda
nesta unidade.
A articulação a outros serviços, tanto para solicitar apoio matricial como para
encaminhar adolescentes ou jovens, dependerá do tipo de necessidade, da finalidade
do cuidado a alcançar e do tipo de serviço disponível em cada região (SÃO PAULO, 2018).
165
Os serviços de saúde mais comumente ofertados na rede pública são: as
UBS; os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS); os Serviço de Atenção Especializada
(SAE) e os Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA); as Casas do Adolescente; e os
ambulatórios especializados em adolescentes de hospitais universitários (BRASIL,2011).
• CAPS I: atende todas as faixas etárias; existe em regiões ou municípios com população
acima de 20.000 habitantes.
• CAPS II: atende todas as faixas etárias; existe em regiões ou municípios com
população acima de 70.000 habitantes.
• CAPS III: atende todas as faixas etárias; funciona 24 horas; conta com acolhimento
noturno; existe em regiões ou municípios com população acima de 200.000 habitantes.
• CAPS Álcool e Drogas (AD): atende adultos ou crianças e adolescentes; existe em
regiões ou municípios com população acima de 70.000 habitantes.
• CAPS AD III: atende adultos ou crianças e adolescentes; conta com leitos para
observação e monitoramento e tem funcionamento 24 horas; existe em regiões ou
municípios com população acima de 200.000 habitantes.
• CAPS Infantojuvenil (IJ): atende crianças e adolescentes “com transtornos mentais
graves e persistentes e os que fazem uso de crack, álcool e outras drogas”; existe em
regiões ou municípios com população acima de 150.000 habitantes.
166
Esses ambulatórios surgem a partir de diferentes especialidades médicas e
vão também se relacionando em sociedades e associações. A atenção a adolescentes
se constitui tendo como princípio a integralidade e, nesse sentido, há uma tendência
a desenvolver o trabalho do profissional generalista, além da questão do acesso de
adolescentes aos serviços. Configura-se uma tensão entre a clínica e a saúde coletiva,
o indivíduo e a saúde pública, que marca a história dos serviços de atenção à saúde
paulistas (SÃO PAULO, 2018).
NOTA
A programação do serviço de saúde deve prever um sistema de referência e
contrarreferência que assegure acesso universal e oportuno, em termos de atenção,
que corresponda ao problema identificado. Quando se planeja a rede de serviços de um
sistema de saúde, é necessário que cada uma das unidades que integram a rede programe
suas atividades para a população da sua área de responsabilidade, tendo como base os
problemas identificados e as ações que pretende desenvolver. A essa programação, que
chamamos de básica, devem ser agregadas outras realizadas pelos demais serviços que
integram o sistema. A complexidade e a resolução dos serviços de saúde estão
fortemente relacionadas à composição da equipe, à qualificação e à integração
dos seus membros, além das condições de gestão e estrutura existentes.
O sistema de referência e contrarreferência deve contemplar também o
encaminhamento para instituições que não são da área de saúde, como
escolas, cursos profissionalizantes, atividades esportivas, culturais etc. Além da
referência, é fundamental que ocorra a contrarreferência (SÃO PAULO, 2018).
167
3 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO ADOLESCENTE NA
REDE BÁSICA E HOSPITALAR
A pessoa que procura a unidade de saúde busca um profissional disponível
a ouvir suas demandas, ajudar a encontrar soluções para seus problemas e que não
apresente julgamentos. Nesse contexto, o enfermeiro deve estar atento a atender essas
demandas e outras mais .
IMPORTANTE
Compete a toda a equipe de saúde dar continuidade ao acompanhamento de saúde
das crianças até a adolescência, programando avaliações periódicas, segundo protocolo
estadual, com visitas, consultas médicas ou de enfermagem e grupos, dentre outras
ações, priorizando as áreas e eventos de risco. Segundo Belo Horizonte (2014, p.13), o
enfermeiro tem um papel importante nas ações desenvolvidas, sendo responsável por:
- Captar, atender e realizar consulta ou encaminhá-los para avaliação de saúde anual
priorizando casos de maior risco (gravidez, IST/AIDS, drogadição, vítimas de violência).
- Desenvolver atitude acolhedora e flexível, com escuta atenta às suas queixas e demandas.
- Identificar situações de risco como: violência doméstica e sexual, abuso de álcool e drogas,
trabalho precoce, evasão escolar, gravidez na adolescência, distúrbios de comportamento
e informar o caso à ESF.
- Acolher o casal grávido, incentivando a participação do pai adolescente e encaminhando
para o pré-natal o mais breve possível.
- Realizar consulta de pré-natal conforme Protocolo da Saúde Mulher do município e estado.
- Fazer aconselhamento e orientação sobre uso de preservativos e contraceptivos, no
momento da liberação.
- Prescrever nos casos indicados o AE - Anticoncepcional de Emergência - (conforme as
Diretrizes de saúde sexual e reprodutiva do seu município/Estado) com aconselhamento,
orientação e agendamentos devidos.
- Verificar situação vacinal e orientar atualização do Cartão de Vacina – Caderneta de
Saúde do Adolescente/MS.
168
- Orientá-los e suas famílias sobre hábitos saudáveis de vida, prevenção de riscos,
importância da socialização (participação de grupos, movimentos culturais, esportes,
lazer) durante atendimentos individuais e em grupo.
- Promover e apoiar atividades educativas através de grupos de jovens, sala de espera,
oficinas em escolas, discussão de vídeos, produção de murais, reunião com pais etc.
Temas sugeridos: sexualidade, prevenção das DST/AIDS, promoção de hábitos
saudáveis de vida como atividade física, alimentação saudável, prevenção do
tabagismo, do alcoolismo e do uso de outras drogas.
- Participar da articulação da rede de apoio local (escolas, creches, projetos
esportivos e culturais), de ações educativas e de mobilização comunitária.
- Participar com a equipe das discussões dos casos de suspeita e/ou violência
sexual, antes de encaminhar e preencher a ficha de notificação.
Uma vez que o SUS, precisa garantir o acesso universal e igualitário às ações
e aos serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde, tanto para crianças
quando para adolescentes, segundo o art. 11, do Estatuto da Criança e do Adolescente,
é fundamental que haja documentos que auxiliem essa execução.
169
IMPORTANTE
Segundo a Nota Técnica n. 4, da Coordenação Geral de Saúde do Adolescente
e do Jovem, sobre o atendimento de adolescentes desacompanhados de
pais ou responsáveis, é importante que o enfermeiro e a equipe:
NOTA
O e-SUS Atenção Básica (e-SUS AB) é uma estratégia do Ministério da Saúde através do
Departamento de Atenção Básica (DAB) para reestruturar as informações da atenção
primária à saúde (APS), modernizando sua plataforma tecnológica com o objetivo de
informatizar as unidades básicas de saúde, oferecer ferramentas para ampliar o cuidado
e melhorar o acompanhamento da gestão (Conass, 2013). Pretende-se com o e-SUS AB
reduzir a carga de trabalho empenhada na coleta, inserção, gestão e uso da informação
na APS, permitindo que a coleta de dados esteja dentro das atividades já desenvolvidas
pelos profissionais, e não uma atividade em separado. Dentre as principais premissas do
e-SUS, destacam-se:
• Reduzir o retrabalho de coleta dados.
• Individualização do Registro.
• Produção de informação integrada.
• Cuidado centrado no indivíduo, na família e na comunidade e no território.
• Desenvolvimento orientado pelas demandas do usuário da saúde.
170
ATENÇÃO
Caro acadêmico, é importante ressaltar que a “sistematização das
atividades que compõem a atenção à saúde de adolescentes deve estar
embasada nos princípios da Atenção Primária à Saúde, conforme a Política
Nacional de Atenção Básica” (BRASIL, 2017). Essa sistematização deve ser
embasada não apenas pela legislação vigente, como por documentos
de cunho operacional, como: protocolos, linhas guia importantes,
que favorecem a organização do serviço, ao listar as ações que são de
responsabilidade de cada profissional de saúde.
ESTUDOS FUTUROS
No próximo tema falaremos sobre a consulta de enfermagem e sua
estruturação. Lá ficará mais claro a importância da abordagem adequada
do enfermeiro, que começa com o acolhimento adequado do adolescente,
que é definido como “o conjunto de medidas, posturas e atitudes dos
profissionais de saúde que garantam credibilidade e consideração à
situação” (GRILLO, 2011).
Trata-se de um conjunto de ações que fazem com que o indivíduo se sinta bem
recebido pelo serviço em todos os locais e momentos. Esse processo, fundamental para
a constituição de vínculos e compromissos, favorece o encaminhamento adequado do
cliente. Todos os funcionários da unidade devem se envolver nesse processo. Isso implica
a humanização das relações entre equipes de saúde e usuários, de forma que todos os
adolescentes e jovens que procuram o serviço de saúde sejam ouvidos com atenção,
recebam informação, atendimento e encaminhamento adequados (BRASIL, 2007).
171
Todos o processo de recepção, acolhimento, acompanhamento e encaminhamento
do adolescente deve ser contemplado em um fluxograma, que nada mais é que um
diagrama em que se desenha um modo de organizar os processos de trabalho, os quais se
vinculam entre si e em torno de uma certa cadeia de produção. Considera-se importante
o estabelecimento de fluxogramas que permitam representar de forma clara os serviços
de saúde, servindo como instrumento de visualização do cotidiano, seja para melhor
movimentação do adolescente/jovem nas unidades de saúde, assim como para a própria
equipe, auxiliando no planejamento e na execução das atividades. Sugere-se que cada
unidade defina o seu fluxograma de acordo com as instalações físicas, com os recursos
humanos existentes e com os serviços oferecidos (BRASIL, 2007).
DICA
Acadêmico, que tal conhecer um pouco mais sobre as cadernetas de
Saúde do Adolescente que são disponibilizadas pelo Ministério da Saúde?
São duas versões, sendo uma direcionada para as adolescentes (meninas)
e a outra para os adolescentes (meninos). As Cadernetas de Saúde do
Adolescente são disponibilizadas nos endereços a seguir:
Caderneta de Saúde da Adolescente: https://bit.ly/3MbvqRh.
Caderneta de Saúde do Adolescente: https://bit.ly/3pQ6CGF.
172
A implantação da caderneta é de suma importância para o acompanhamento
do adolescente, assim como para orientação, visto que os assuntos contemplados
na caderneta são descritos de forma lúdica e linguagem acessível, favorecendo a
compreensão não só pela equipe de saúde como, principalmente, pelo jovem e sua
família (BELO HORIZONTE, 2015).
173
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:
174
AUTOATIVIDADE
1 A população adolescente apresenta alguns problemas que vão além de questões
particulares ou desentendimento familiares, e para atender essa demanda, é
necessário que exista uma rede de atenção organizada, estruturada e fortalecida.
Sobre a organização do serviço de saúde e a atenção às demandas e necessidades
dos adolescentes e jovens, assinale a alternativa CORRETA:
175
3 Vários procedimentos podem ser desenvolvidos nas escolas, consistindo muitas
vezes em ações iniciais de acompanhamento básico de saúde de adolescentes, bem
como ações educativas em saúde que podem ser desenvolvidas em parceria com a
comunidade escolar. Quanto aos procedimentos relacionados ao acompanhamento
de crescimento e desenvolvimento que competem à equipe de saúde de Atenção
Básica, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
4 Adolescência e puberdade são dois termos usados com muita frequência, e que
exprimem conceitos diferentes. Disserte sobre o conceito de adolescência e puberdade.
176
UNIDADE 3 TÓPICO 2 -
CONSULTA DE ENFERMAGEM
AO ADOLESCENTE
1 INTRODUÇÃO
A atenção à saúde do adolescente aparece como um grande desafio para a
Organização dos Serviços de Saúde, visto que se trata de um grupo social em fase de
grandes e importantes transformações. A maioria dos problemas de saúde que acometem
essa população está diretamente relacionada a questões que podem ser prevenidas em
nível primário, como gravidez na adolescência, aumento do consumo de álcool e outras
drogas, causas externas, como acidentes automobilísticos, homicídios e suicídios, infecções
sexualmente transmissíveis (IST), dentre outros (COREN, 2020, p.15).
177
Percebe-se que cada unidade deve seguir o protocolo de atenção integral ao
adolescente do seu município/estado, assim como linhas de cuidado disponível. A figura
9 ilustra um fluxograma de atendimento ao adolescente.
Que tal entendermos melhor quais os pontos importantes que devem ser
utilizados para avaliar a situação de risco inerente e não inerentes à faixa etária utilizada
para essa classificação de situação de risco? A figura 10 descreve essas situações,
dividindo-as em riscos inerentes à faixa etária e riscos não inerentes à faixa etária.:
178
Figura 10 – Adolescentes com riscos inerentes e com riscos não inerentes à faixa etária
ATENÇÃO
A consulta de enfermagem direcionada para adolescentes e jovens
deve seguir as mesmas propostas de uma consulta geral, mas com a
direcionalidade para o seu público-alvo. A consulta de enfermagem deve
abordar o perfil do adolescente, aspectos sociodemográficos, condições
de saúde, fatores de risco, perspectiva de vida, queixas, enfermidades
ou situação de saúde atual, sexualidade, maturação sexual, cobertura
vacinal, dentre outros (COREN, 2020).
179
DICA
Uma forma de registro considerada bastante efetiva para a prática clínica na
Atenção Básica é o Registro Clínico Orientado por Problemas (RCOP), uma
adaptação do Registro Médico Orientado por Problemas (originalmente
criado para o ambiente hospitalar), com seu componente denominado SOAP
(Subjetivo, Objetivo, Avaliação, Plano) (DEMARZO; OLIVEIRA; GONÇALVES,
s.d.). Que tal você conhecer um Instrumento de consulta de enfermagem
com Adolescente que use como referência o ESUS/SOAP par entender
melhor quais item contemplam o atendimento, sua sequência e demandas?
Acesse bit.ly/457uW75. Acesso em: 11 maio 2023.
Olhe com atenção os itens comtemplados na Figura 12. Eles apontam objetivos
comuns que o enfermeiro deve ter atenção ao realizar a consulta de enfermagem a um
adolescente.
180
Quando possível, é importante participação ativa dos adolescentes na
contribuição do preparo do ambiente de acordo com as suas características, pois isso
fará com que o adolescente identifique como “seu espaço”, ficando mais à vontade, mais
calmo e se sentindo seguro (SÃO PAULO, 2015)
Mas, de forma geral, existe uma lista de assuntos que você, como enfermeiro,
deve contemplar na sua abordagem, principalmente através da consulta. Na figura
13, temos as sugestões desses temas, mas lembre-se: não são estanques. É preciso
conhecer bem seu público, o que pode gerar demandas de temas distintos dos
apresentados aqui.
ATENÇÃO
É muito importante que, já durante a primeira consulta, sejam estabelecidos os “pactos”
ou “contratos” com o adolescente e sua família. Repassar as informações importantes
durante a consulta torna o processo mais transparente e faz com que os envolvidos
fiquem mais à vontade (BRASIL, 2015). É importante também entender que:
• É o momento oportuno de você, enquanto enfermeiro, explicar de forma clara e
objetiva sobre o sigilo da consulta, onde o que for dito pelo adolescente ao profissional
só será repassado aos pais com o consentimento deste. Claro que para toda regra há
exceções, sendo assim, em situações de risco de vida do adolescente ou de terceiros,
os pais serão prontamente notificados.
• Outro ponto importante é informar que o adolescente não precisa de acompanhantes
para passar em consulta, e que a presença dos pais, principalmente onde há conflitos
familiares presentes, pode prejudicar o seguimento.
• Seguindo esses mesmos princípios, quando o adolescente procurar o atendimento
sozinho e mostrar maturidade para se responsabilizar por seu tratamento, seus pais
serão convidados a comparecer somente se ele estiver de acordo.
• É fundamental que o enfermeiro disponha de tempo adequado para cada
atendimento, principalmente para a realização de uma abordagem integral e de
orientações preventivas. Não esquecendo-se dos retornos com períodos mais
próximos que podem ser necessários para estabelecer um vínculo de confiança e
esclarecer situações mais complexas.
181
• No caso do Enfermeiro da Estratégia Saúde da Família, ao identificar
um adolescente com questões de risco ou de saúde mais complexa,
tem a necessidade de tentar expandir seu vínculo através do Agente
Comunitário de Saúde para auxiliá-lo no acompanhamento, incentivá-
lo a buscar mais vezes esse profissional para discutir e refletir sobre
seus problemas e também envolver toda a família (BRASIL, 2015).
182
Você consegue perceber que, para realizar essas ações, o enfermeiro deve ter
segurança, propriedade e embasamento teórico e prático? Grillo et al. (2011, p.37) trazem
em seu material que para o desenvolvimento da consulta de enfermagem ocorrer da
melhor forma possível, é fundamental que o enfermeiro utilize os seguintes pontos que
podem facilitar a relação entre o profissional de saúde e o adolescente:
O profissional de saúde não deve ficar restrito a obter informações sobre o motivo
focal que levou o adolescente ao serviço de saúde, e sim conhecer o adolescente como
um todo, seguindo um roteiro de anamnese. Isso inclui a avaliação de como ele está se
sentindo em relação às mudanças corporais e emocionais pelas quais está passando,
seu relacionamento com a família e com seus pares, a forma como usa as horas de lazer,
suas vivências anteriores no serviço de saúde, expectativas em relação ao atendimento
atual e seus planos para o futuro (BRASIL, 2018).
183
Para a anamnese, a Figura 14 indica aos profissionais de saúde como obter
informações dos adolescentes, de ambos os sexos, com idades entre 10 e 19 anos:
perinatal, pessoal e familiar. Todos os dados obtidos na anamnese e exame físico
fornecerão subsídios para a elaboração do Projeto Terapêutico Singular (PTS), do qual
devem participar o profissional/equipe de saúde, o adolescente e a família, quando
possível (BRASIL, 2018).
184
Quanto ao exame físico, é um momento para se avaliar o estado de saúde, o
autocuidado e para fornecer informações e orientações sobre as transformações físicas
e psicossociais que vêm ocorrendo, além de complementar os dados coletados no
histórico (SÃO PAULO, 2015).
185
Figura 15 – Exame físico do adolescente
186
Tem- se dados que apontam que cerca de 20 a 25% da altura do indivíduo adulto
cresce nesse período, e 40 a 50% do seu peso final. Esses parâmetros são alcançados,
em média, durante o intervalo de 3 a 5 anos no estirão da puberdade (BRASIL, 2018).
187
l) Investigar as principais causas de atraso caso o crescimento pré-puberal seja
menor que 4 cm/ano ou menor que 6 cm/ano em adolescentes na fase puberal.
m) Avaliar sempre a perda (desnutrição) ou ganho (sobrepeso/obesidade) de peso em
adolescentes.
n) Acompanhar semestralmente os adolescentes e, em caso de rastreamento de
riscos, acompanhar a cada 2 ou 3 meses.
ATENÇÃO
A avaliação da maturação puberal, segundo os estágios de Tanner,
em relação ao crescimento físico costuma ser uma demanda comum.
A utilização das pranchas de Tanner e das curvas de crescimento
inseridas na caderneta de saúde do adolescente é muito útil (GRILLO
et al., 2011). Leia com atenção a Caderneta de saúde do adolescente,
identifique os gráficos de crescimento e sua forma de preenchimento
em bit.ly/3BzAwlm e https://bit.ly/459j6JN. Acesso em: 11 maio 2023.
Figura 17 – Estágios de maturação sexual das pranchas de Tanner, para meninos e meninas
188
Figura 18 – Estágios de maturação sexual pranchas de Tanner, menina
Fonte: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/orientacoes_atendimento_adolescnte_menina.pdf.
Acesso em: 11 abr. 2023.
Fonte: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/orientacoes_atendimento_adolescnte_menino.pdf.
Acesso em: 11 abr. 2023.
189
2.2 ALIMENTAÇÃO NA ADOLESCÊNCIA
Outro ponto importante e necessário muita atenção é a alimentação na
adolescência. A adolescência é um período de transição entre a infância e a idade adulta,
potencialmente determinada por fatores psicológicos, socioeconômicos e culturais que
irão interferir diretamente na formação dos hábitos alimentares (BRASIL, 2001).
Fonte: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/arquivos/saudedacriancaedoales-
cente02012017.pdf. Acesso em 4 abr. 2023.
190
2.3 IMUNIZAÇÃO DO ADOLESCENTE
Quando avaliamos os imunobiológicos recomendados aos adolescentes e que
estão disponíveis na rede pública de saúde, temos:
Fonte: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/proteger_cuidar_adolescentes_atencao_basica.pdf.
Acesso em 17 abr. 2023.
É importante frisar que essas vacinas devem ser administradas após considerar
todo o histórico de vacinação do adolescente. É fundamental ter acesso à situação vacinal
atual e pregressa do adolescente, com o histórico de vacinas administradas na infância.
Esses dados devem ser conferidos através do cartão vacinal, e/ou da Caderneta
de Saúde do Adolescente.
191
ATENÇÃO
O conhecimento do Esquema Básico de Vacinação é fundamental para que se evite o
excesso ou a redução no número de doses, ambas as situações não são recomendadas
para o adolescente. De forma geral, a maioria dos adolescentes frequentemente apresenta
carteira de vacinação incompleta, com esquema básico de vacinação interrompido. Não é
necessário recomeçar o esquema por atraso de doses de qualquer vacina. Todas
as doses tomadas, independentemente do tempo, devem ser consideradas
se estiverem registradas no Cartão Vacinal ou na Caderneta de Saúde de
Adolescentes, que são documentos oficiais comprobatórios da situação
vacinal de cada indivíduo, com validade em todo o País. Nessa situação, deve-
se apenas completar o esquema. Caso a situação, seja não haver informação
disponível sobre vacinação anterior, seja a informação ser muito duvidosa,
recomenda-se considerar como não vacinado (SÃO PAULO , 2015).
Fonte: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/proteger_cuidar_adolescentes_atencao_basica.pdf.
Acesso em 17 abr. 2023.
192
3 GRUPOS EDUCATIVOS NA ADOLESCÊNCIA
Uma pergunta importante de se realizar é: Quais temas trabalhar prioritariamente
com adolescentes e jovens? A melhor resposta que podemos dar a essa questão
é aquela que leva em consideração um levantamento de suas necessidades. Sendo
assim, dependerá do contexto e será mais bem realizado se for de maneira participativa,
com a colaboração dos próprios adolescentes e jovens, assim como de outros atores
das suas comunidades (SÃO PAULO, 2018).
193
corpo; o próprio tema da adolescência e da juventude, dentre outros. Nesse âmbito, a
criatividade é mais do que bem-vinda, pois abordar um tema inédito torna as relações
entre profissionais e participantes mais genuínas e horizontais, na medida em que
ambos têm algo a aprender sobre o assunto elencado (SÃO PAULO , 2018).
Mas você sabe o que é o trabalho com grupos e qual a sua importância?
194
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:
195
AUTOATIVIDADE
1 O conhecimento do Esquema Básico de Vacinação é fundamental para que se
evite o excesso ou a redução no número de doses (ambas as situações não são
recomendadas para o adolescente). De forma geral, a maioria dos adolescentes
frequentemente apresenta carteira de vacinação incompleta, com esquema básico
de vacinação interrompido. Sobre o esquema vacinal no adolescente, assinale a
alternativa CORRETA:
196
3 Um adolescente é acompanhado pelo enfermeiro da unidade de saúde e apresenta:
impulsividade, imaturidade, obesidade, tem histórico de uso de drogas, é residente
em uma comunidade e seus pais são alcoólatras. O enfoque de risco auxilia a equipe
a planejar o acompanhamento do adolescente priorizando as ações preventivas e
assistenciais. De acordo com a classificação de riscos inerentes à faixa etária ou não,
classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
197
198
UNIDADE 3 TÓPICO 3 -
PRINCIPAIS AGRAVOS NA ADOLESCÊNCIA
1 INTRODUÇÃO
Sendo a adolescência o período entre a infância e a vida adulta, é também o
período do crescimento humano e a fase da vida onde os jovens questionam a existência,
os paradigmas sociais e culturais, se rebelam e se revelam (UNB , s.d.).
É comum que nessa fase o sujeito comece a interagir com o mundo externo
de modo mais autônomo sem, aparentemente, ter de assumir as responsabilidades da
vida adulta.
2.1 OBESIDADE
O desenvolvimento precoce da obesidade vem apresentando cifras alarmantes
entre crianças, adolescentes e adultos em todo o mundo, sendo um problema de saúde
pública que tende a se manter em todas as fases da vida. O excesso de peso como
problema de saúde pública tem suplantado, em muito, o baixo peso para estatura no
Brasil e em outros países (BRASIL, 2018).
199
Obesidade é uma consequência do aumento da gordura corporal em relação
à massa muscular. É uma doença multicausal, em que ocorre a interação de fatores
genético-metabólicos e do meio ambiente. Representa um importante problema de
saúde pública. O Índice de Massa Corporal [IMC = peso (Kg)/altura2 (m2)] é considerado
bom indicador de magreza ou excesso ponderal na adolescência e, por isso, é comumente
usados em estudos epidemiológicos (BRASIL, 2018).
Fonte: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/arquivos/saudedacriancaedoales-
cente02012017.pdf. Acesso em 14 abr. 2023.
201
2.2.1 Anorexia nervosa
Segundo Brasil (2018, p. 124), a anorexia nervosa é um distúrbio emocional e
alimentar caracterizado por:
202
2.2.2 Bulimia
Os critérios para o diagnóstico de bulimia pelo Manual das Desordens Mentais
(1994), Diagnóstico e Estatística (DSM-IV), incluem os seguintes itens:
Geralmente, o início dos sintomas ocorre nos últimos anos da adolescência até
os 40 anos, estando a idade média de início em torno dos 20 anos de idade. É mais
frequente no sexo feminino, na mesma proporção da anorexia nervosa. Durante um
episódio bulímico, a maior parte dos alimentos consumidos são doces e carboidratos,
podendo ingerir cerca de 6 mil a 15 mil calorias (SÃO PAULO, 2015).
204
2.4 COMPORTAMENTO DE RISCO – DROGAS LÍCITAS E ILÍCITAS
O consumo de drogas é um fenômeno universal, histórico e social. Entretanto,
vale enfatizar que o uso abusivo de medicamentos prescritos pode representar uma
dependência química. Um dos principais problemas de combate ao uso de drogas é
o fato de a sociedade sempre ter sido ambígua e incoerente frente ao seu consumo
(BRASIL, 2018).
• Uso abusivo – todo consumo de droga que causa dano físico, psicológico, econômico,
legal ou social ao indivíduo que a usa ou a outros afetados pelo seu comportamento.
• Intoxicação – mudanças no funcionamento fisiológico, psicológico, afetivo, cognitivo
ou de todos eles como consequência do consumo excessivo.
• Dependência – estado emocional e físico caracterizado pela necessidade urgente da
substância pelo seu efeito positivo ou para evitar o efeito negativo associado a sua
ausência.
205
para que os adolescentes se sintam envolvidos.
• Esteja bem-informada quanto à farmacologia, efeitos e complicações das principais
drogas usadas na região, procurando saber os tipos mais frequentes de drogas
usadas pelos adolescentes.
• Conheça as leis municipais, serviços judiciários e os conselhos tutelares para o
encaminhamento sempre que necessário.
• Desenvolva atividades de promoção de saúde com a participação de adolescentes na
decisão de não fumar. Deve-se ficar atento ao fato de que o indivíduo pode evoluir da
sua condição de fumante experimental para dependente da nicotina num período de
um ano ou menos (BRASIL, 2018).
206
Figura 25 – Classificação de risco no uso de drogas
• Quanto melhor o exemplo positivo dos pais, melhor a percepção dos adolescentes da
importância da saúde bucal.
• Uma das principais razões apontadas pelos adolescentes com o cuidado insuficiente
em saúde bucal foi a falta de tempo.
• Ações coletivas em saúde bucal são eficazes no combate das doenças prevalentes
da cavidade bucal (cárie dentária e doença periodontal) e na incorporação de hábitos
saudáveis.
207
• Atividades de educação em saúde bucal são as ações coletivas mais difundidas, use
temas mobilizadores como o “beijar”, a importância da função estética dos dentes,
ascensão social e progressão no trabalho em função dos dentes, a boca como
manifestação de afetividade e sexualidade, dentre outros (BRASIL, 2018).
208
Para realçar os aspectos e as relações entre os diferentes tipos e natureza da
violência, o modelo proposto pela Organização Mundial da Saúde classifica a violência
em três grandes categorias, divididas em tipos de violência mais específicos, segundo
a violência praticada contra si mesmo (autoprovocada), por indivíduos ou grupos
(interpessoal) e por organizações maiores (coletiva) praticada por estados, grupos
armados, milícias e grupos terroristas. Esses tipos são relacionados à sua natureza
física, sexual e psicológica, além da negligência/abandono, conforme a Figura 26.
Figura 26 – Tipos e natureza das principais violências que atingem crianças e adolescentes
209
Então, é fundamental que o enfermeiro:
DICA
Quer saber mais sobre o assunto violência? Leia "Linha de cuidado para
a atenção integral à saúde de crianças, adolescentes e suas famílias em
situação de violências: orientação para gestores e profissionais de saúde,
MS, 2010", disponível em: https://bit.ly/459cknd. Acesso em: 11 maio 2023.
210
• Sociais: características do grupo de companheiros, que podem apresentar valores
em conflito com a realidade pessoal e social, além das dificuldades de se integrar nas
normas culturais. Quando necessário, realizar interconsulta, ou atenção conjunta aos
profissionais da Saúde Mental dos Nasf, e/ou referenciar para centro de especialidades
em saúde mental.
211
LEITURA
COMPLEMENTAR
PROTOCOLO DE ENFERMAGEM DA SAÚDE DO ADOLESCENTE NA ATENÇÃO
PRIMÁRIA À SAÚDE
212
estirão do crescimento e outro indicando que a velocidade máxima de crescimento já
ocorreu. Para o sexo feminino, o marcador inicial do estirão do crescimento é a presença
do broto mamário (estágio M2 de mamas) e, para indicar que a velocidade máxima já
ocorreu, a menarca. Já para os meninos o marcador inicial do estirão é o aumento da
genitália (estágio G3) e para indicar a velocidade máxima, o estágio quatro ou cinco
de genitália e/ou a mudança da voz. Para avaliação dos adolescentes a respeito do
crescimento e desenvolvimento puberal é necessário saber, com precisão a altura; o
peso; e a maturação sexual (BRASIL, 2008).
A população adolescente vive uma condição social que é única: uma mesma
geração; num mesmo momento social, econômico, político e cultural do país e do
mundo. Ou seja, a modalidade de ser adolescente e jovem depende da idade, da geração,
da moratória vital, da classe social dos marcos institucionais e de gênero presentes em
dado contexto histórico e cultural (MARGULIS; URRESTI, 1996; ABRAMO, 2005).
213
oportunidades de adolescentes e jovens brasileiros. Cada sujeito nas suas dimensões
biológica, psicológica e sociocultural constitui uma unidade indissociável. Nesse
contexto, a atenção a adolescentes e jovens deve pautar-se na integralidade. Esse
paradigma imprime o respeito a diversidade e a certeza de que, para a promoção de
uma vida saudável, é preciso, antes de tudo, a inclusão de todos (BRASIL, 2018).
214
A partir da atenção integral à saúde pode-se intervir de forma satisfatória na
implementação de um elenco de direitos, aperfeiçoando as políticas de atenção a
essa população.
Fonte: http://ms.corens.portalcofen.gov.br/protocolo-de-enfermagem-da-saude-do-adolescente-na-aten-
cao-primaria-a-saude_25110.html . Acesso em: 30 jul. 2020.
215
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:
216
AUTOATIVIDADE
1 O desenvolvimento precoce da obesidade vem apresentando cifras alarmantes entre
crianças, adolescentes e adultos em todo o mundo, sendo um problema de saúde
pública que tende a se manter em todas as fases da vida. A respeito disso, assinale a
alternativa CORRETA:
a) ( ) O excesso de peso ainda não é um problema de saúde pública, pois ainda não
suplantou o baixo peso para estatura no Brasil e em outros países.
b) ( ) A obesidade é uma consequência do aumento da gordura corporal em relação
à massa muscular. É uma doença unicausal, relacionada aos hábitos de vida
da pessoa.
c) ( ) O envolvimento da família é fundamental para auxiliar a mudança no comportamento
alimentar dos adolescentes. Sendo assim, é necessário capacitar os pais e família.
d) ( ) O adolescente obeso tem poucas chances de tornar-se um adulto obeso, e
consequentemente menor probabilidade de apresentar complicações clínicas.
I- Conselho Tutelar.
II- Juizado da Infância e Juventude de cada município.
III- Prefeitura municipal.
217
3 As doenças bucais de alta prevalência prejudicam o crescimento e o desenvolvimento,
afetando a imagem corporal, a estética, a mastigação e a fala, além de dificultar
o acesso ao mercado de trabalho. Em geral, o adolescente não procura a UBS.
Considerando exemplos de doenças/problemas bucais frequentes na adolescência,
classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
( ) Cárie dentária.
( ) Perda dentária.
( ) Halitose.
218
REFERÊNCIAS
BELO HORIZONTE. Secretaria da Saúde. Protocolo de Atenção integral à saúde da
criança e do adolescente. Belo Horizonte, 2015. Disponível em: https://prefeitura.
pbh.gov.br/sites/default/files/estrutura-de-governo/saude/2018/documentos/
publicacoes%20atencao%20saude/Protocolo_Aten%C3%A7%C3%A3o_Integral_
Adolescente-1-4-2015.pdf. Acesso em: 14 mar. 2023.
219
BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de vigilância do óbito infantil e fetal e do
Comitê de Prevenção do Óbito Infantil e Fetal. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde,
2009. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_obito_
infantil_fetal_2ed.pdf. Acesso em: 14 mar. 2023.
220
BRASIL. Presidência da República. Portaria n. 3.088, de 23 de dezembro de 2011.
Institui a Rede de Atenção Psicossocial para pessoas com sofrimento ou transtorno
mental, incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e
outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial da União,
Poder Executivo, Brasília, DF. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/
saudelegis/gm/2011/prt3088_23_12_2011_comp.html. Acesso em: 14 mar. 2023.
221
LOPEZ, S. B.; MOREIRA, M. C. N.. Políticas Nacionais de Atenção Integral à Saúde de
Adolescentes e Jovens e à Saúde do Homem: interlocuções políticas e masculinidade.
Ciência & Saúde Coletiva, v. 18, n. 3, p. 743–752. Disponível em: https://doi.
org/10.1590/S1413-81232013000300020. Acesso em: 14 mar. 2023.
222