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INTRODUÇÃO

O presente relatório tenciona apresentar as observações realizadas nas práticas


laboratoriais de Histologia ocorridas nos dias 29 de maio e 05 de junho de 2023, tendo por
objeto de estudo as vias aéreas integrantes do sistema respiratório, um sistema de ventilação
que possibilita a absorção de oxigênio e a liberação de dióxido de carbono pelo sangue — a
chamada "hematose". Histologicamente, pode ser dividido em porção condutora — que
direciona o ar para os pulmões — e respiratória — na qual efetivamente se dá a troca gasosa.
Integrado ao sistema nervoso, o sistema respiratório também participa da olfação.

O ar entra primeiramente pelos vestíbulos nasais, cuja mucosa é contínua à pele do


nariz, sendo de epitélio pavimentoso estratificado (que carece, contudo, da camada de
queratina), com uma lâmina própria de tecido conjuntivo contínua à derme. É rica em
vibrissas (pelos) e glândulas sebáceas e sudoríparas que atuam na filtragem do ar. O ar
percorre, então, a porção respiratória das cavidades nasais (meatos e conchas nasais),
revestida pelo característico epitélio respiratório: epitélio pseudoestratificado colunar ciliado
associado a células caliciformes, secretoras de muco, e células em escova, receptores
sensoriais. O epitélio respiratório conta ainda com células basais, pequenas células-tronco
arredondadas rentes à lâmina basal, e células granulares, semelhantes às basais, mas com
inúmeros grânulos. O epitélio respiratório também tem atividade de defesa, apresentando
linfócitos, linfonodos, plasmócitos e macrófagos em sua lâmina própria.

Já a porção olfatória das cavidades nasais é recoberta por epitélio olfatório: células
de sustentação colunares com microvilosidades em sua superfície, células basais e células
olfatórias —neurônios cujos dendritos, voltados para a luz, possuem cílios imóveis com
quimiorreceptores, e cujos axônios se reúnem em feixes que atravessam a lâmina cribriforme
para formar o nervo olfatório. A lâmina própria desse epitélio conta com glândulas
tubuloacinosas, conhecidas como Glândulas de Bowman, responsáveis por secretar um fluxo
contínuo que limpa os cílios neuronais. Os seios paranasais e células etmoidais são revestidos
por epitélio respiratório, com algumas glândulas em sua lâmina própria. O muco é drenado
para as cavidades nasais pelo batimento ciliar.

O ar segue, então, para a faringe, cavidade comum às cavidades nasal e oral que se
comunica tanto à laringe quanto ao esôfago. A nasofaringe é revestida por epitélio
respiratório, enquanto a orofaringe o é por epitélio pavimentoso estratificado, que lhe confere

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resistência ao contato frequente com o alimento. O ar passa, então, pela laringe, órgão tubular
de esqueleto cartilaginoso que se destaca pela fonação. Enquanto as cartilagens tireoide,
cricoide e a maior parte das aritenoides são formadas por cartilagem hialina, as demais,
inclusive a epiglote, são de cartilagem elástica. A mucosa da laringe forma dois pares de
pregas salientes em seu interior: as pregas vestibulares, superiores — cuja lâmina própria de
tecido conjuntivo frouxo conta com glândulas —, e as vocais, inferiores, que apresentam um
eixo de tecido conjuntivo elástico, ao qual se seguem, externamente, os músculos intrínsecos
da laringe, do tipo estriado esquelético. O revestimento epitelial da laringe é
predominantemente do tipo respiratório, exceto nas pregas vocais e na face anterior da
epiglote, em que é pavimentoso estratificado. Já a lâmina própria é rica em fibras elásticas e
contém pequenas glândulas serosas e mucosas, exceto nas pregas vocais. A laringe conta
ainda com dois conjuntos de músculos do tipo estriado esquelético: músculos extrínsecos,
que têm uma das inserções na laringe e outra em estruturas externas, e músculos intrínsecos,
e cuja contração eleva ou abaixa a laringe durante e após a deglutição; e músculos
intrínsecos, cujas inserções são inteiramente na laringe, e têm como função modificar a
abertura das pregas vocais.

Após passar pela laringe, o ar chega à traqueia, que divide-se em quatro camadas:
uma túnica mucosa de epitélio colunar ciliado pseudoestratificado (epitélio respiratório), que
oferece proteção contra a poeira e concentra os nervos receptores da tosse, e sua lâmina
própria de fibras reticulares e elásticas; uma tela submucosa de tecido conjuntivo areolar e
glândulas seromucosas; os anéis, compostos de cartilagem hialina — o que lhes confere
rigidez —, associados a uma membrana fibrosa que reveste a abertura da “ferradura”, voltada
posteriormente, formada de tecido conjuntivo elástico e músculo liso responsável pelo
estreitamento ou dilatação traqueal; e uma túnica adventícia de tecido conjuntivo areolar.

A traqueia se segmenta em brônquios, que conduzem o ar para dentro dos pulmões.


Iniciam-se na bifurcação da traqueia ao nível do ângulo do esterno — na qual se localiza a
carina, uma projeção da última artéria traqueal semelhante a uma quilha —, que origina os
brônquios principais direito e esquerdo. Após adentrar os pulmões pelos hilos, os brônquios
principais se ramificam em brônquios lobares, que suprem, cada um, um lobo pulmonar. Os
brônquios lobares dividem-se, então, em brônquios segmentares, que suprem, cada um, um
segmento broncopulmonar — seções do lobo separadas por septos de tecido conjuntivo. Por
sua parte, os brônquios segmentares ramificam-se em bronquíolos, que se ramificam
sucessivamente até chegar aos bronquíolos terminais. Os bronquíolos terminais, por fim,

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subdividem-se em bronquíolos respiratórios, dos quais emergem os ductos que conduzem o
ar para os alvéolos, invaginações nas quais ocorrem as trocas gasosas. Estima-se que, dos
brônquios principais aos alvéolos, ocorram 25 ordens de ramificação. .

A composição histológica dos brônquios varia gradualmente conforme se ramificam.


Em sua porção extrapulmonar, os brônquios principais pouco diferem da traqueia. Contudo,
uma vez que penetram os pulmões, os anéis ferraduridormes dão lugar a cartilagens circulares
irregulares. Além disso, entre a mucosa — que permanece de epitélio colunar ciliado
pseudoestratificado, rico em glândulas— e as cartilagens, passa a haver uma camada
helicoidal de músculo liso. Externa às cartilagens, há, por fim, uma camada adventícia de
tecido conjuntivo do mesênquima pulmonar adjacente. Linfonodos são comuns tanto na
mucosa como na adventícia.

À medida que os brônquios se segmentam em bronquíolos, as cartilagens e


glândulas se ausentam e linfonodos se tornam raros. Além disso, o epitélio respiratório dá
lugar a um epitélio colunar simples ciliado ou sem cílios, com uma delgada lâmina própria de
lâminas elásticas que se entrelaçam à camada muscular lisa externa à mucosa, a qual se
continua pelo parênquima pulmonar — sendo, inclusive, mais espessa que a dos brônquios.
Os bronquíolos terminais se diferem por sua parede mais delgada e epitélio colunar baixo ou
cúbico, com ou sem cílios, mas principalmente pela presença de células em clava, células
secretoras não-ciliadas com superfície apical de funções diversas.

Os bronquíolos respiratórios, que se seguem aos terminais, se diferem destes pela


abundância de descontinuidades em suas paredes, que comunicam seu lúmen aos alvéolos —
quando as paredes passam a se constituir basicamente de saídas para os alvéolos, os
bronquíolos respiratórios passam a se chamar ductos alveolares. Uma matriz de fibras
elásticas e reticulares, irrigada por capilares pulmonares, fornece suporte a esses bronquíolos
e ductos, que desembocam, enfim, em sacos alveolares, formados por vários alvéolos, onde
ocorre a hematose. Os alvéolos são invaginações revestidas por epitélio de dois tipos:
pneumócitos I e I.

Os pneumócitos I são epitélio pavimentoso simples que constitui uma barreira


contínua de espessura mínima da parede alveolar, a fim de possibilitar as trocas gasosas. Já os
pneumócitos II localizam-se entre as paredes dos alvéolos (septos) e são células epiteliais
arredondadas ou cúbicas, cuja função é produzir o líquido alveolar, que umedece o lúmen

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alveolar. Esse líquido contém o surfactante, uma mistura de fosfolipídios e lipoproteínas que
reduz sua tensão superficial, evitando o colapso dos alvéolos. Além disso, as paredes
alveolares contém macrófagos, responsáveis por remover partículas de poeira e outros corpos
estranhos, bem como fibroblastos.

A parede externa dos alvéolos é irrigadas por uma rede de capilares, cuja lâmina
basal se funde a dos próprios pneumócitos I. Essa barreira entre o sangue o ar formada pelos
pneumócitos I, pela lâmina basal fundida e pelo endotélio capilar (do tipo contínuo) é
conhecida como membrana respiratória, que tem em torno de 0,5 micrômetro de espessura.
Dada a breve introdução à histologia básica do sistema respiratório , o objetivo do presente
relatório será a tentativa de identificação das mencionadas estruturas nas lâminas estudadas.
A seguir, temos o percurso metodológico adotado para esse fim.

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METODOLOGIA

Para a prática laboratorial, foram utilizadas lâmina contendo cortes de vias aéreas de
pequenos mamíferos. Guardadas as devidas proporções, a proximidade biológica de tais
espécies em relação à nossa permite a análise de seu material histológico para uma
compreensão adequada do sistema respiratório humano.

Por fim, para o registro e análise dos tecidos observados, foi confeccionado um
esquema ilustrativo de próprio punho, de nove centímetros de diâmetro, conforme orientação
docente. As ilustrações esquemáticas tentaram reproduzir as lâminas observadas com o maior
realismo possível e contam com legendas indicativas das estruturas identificadas.
Encontram-se disponíveis na seção de Apêndice deste relatório.

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RESULTADOS.

A primeira lâmina contém uma seção transversal da traqueia. Para a análise,


focalizou-se na porção dorsal do órgão com um aumento de 40x10, que proporcionou nitidez
para a identificação de diversas estruturas. Primeiramente, revestindo a face lumínica, é
possível identificar o epitélio respiratório, com seus característicos cílios, seguido pela tela
submucosa, rica em vasos e glândulas. A seguir, vê-se claramente os anéis cartilaginosos em
"C" associados à membrana fibrosa de tecido conjuntivo elástico e músculo liso que reveste
sua abertura voltada dorsalmente, seguidos pela túnica adventícia. Enfim, posteriormente à
traqueia, é possível identificar o esôfago, normalmente colabado.

Já a segunda lâmina contém um corte transversal de um grande brônquio —


possivelmente um brônquio principal, por estar acompanhado de grandes vasos — e
estruturas adjacentes. Utilizou-se novamente um aumento de 40x10. É possível distinguir
nitidamente as camadas brônquicas: o epitélio respiratório seguido por feixes helicoidais de
músculo liso (que, por sua disposição, parecem ser descontínuos), envoltos por anéis
cartilaginosos irregulares. Além do brônquio principal, pode-se localizar dois brônquios
menores e um bronquíolo — discernido como tal pela ausência de cartilagens. Adjacentes a
todas essas estruturas, vê-se o parênquima pulmonar, formado majoritariamente pelos
alvéolos — o aumento, contudo, não possibilita discernir entre pneumócitos I e II.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

JUNQUEIRA, Luiz Carlos U.; CARNEIRO, José. Histologia Básica - Texto e Atlas.
Barueri: Grupo GEN, 2017. E-book. ISBN 9788527732178. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527732178/. Acesso em: 22 abr. 2023.
OVALLE, William. Netter Bases da Histologia. Barueri: Grupo GEN, 2014. E-book. ISBN
9788595151901. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/
#/books/9788595151901/. Acesso em: 22 abr. 2023.
PAWLINA, Wojciech. Ross Histologia - Texto e Atlas. Barueri: Grupo GEN, 2021. E-book.
ISBN 9788527737241. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.
com.br/#/books/9788527737241/. Acesso em: 22 abr. 2023.
SILVERTHORN, Dee U. Fisiologia humana: Uma abordagem integrada. Porto Alegre:
Grupo A, 2017. E-book. ISBN 9788582714041. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582714041/. Acesso em: 22 abr. 2023.

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APÊNDICE

ILUSTRAÇÃO ESQUEMÁTICA

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