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FISIOLOGIA RESPIRATÓRIA: ESTUDO DIRIGIDO

1) Quais as funções atribuídas ao sistema respiratório? Descreva brevemente cada uma.

● A Principal função pulmonar é realizar ​trocas gasosas que consiste em mover O₂


para o interior do corpo e remover CO₂ .

● Auxilia na manutenção do ​equilíbrio ácido-básico a partir hiperventilação e


hipoventilação, que leva conversão reversível do CO₂ em H₂CO₃ mediada pela
enzima ​anidrase carbônica, ​promovendo o tamponamento e a regulação da
concentração do íon H⁺ e, consequentemente do PH.

● Atua como ​mecanismo de defesa​, funcionando como barreira primária entre o


mundo exterior e o corpo, desde estruturas mais superiores (nariz) as mais profundas
(alvéolos).

➔ Sistema de depuração mucociliar: muco aprisiona materiais estranhos e o


líquido periciliar permite que os cílios os direcione para a faringe e
posteriormente expelido.

➔ Aqui devemos lembrar do tecido linfóide associado às mucosas (MALT) que


promove resposta imune inata e da imunoglobulina A que se concentra nas
vias aéreas e se liga a materiais particulados auxiliando na remoção dessas
estruturas junto ao mecanismo de depuração mucociliar.

● Participa da ​fonação​ produzida na laringe e dependente do fluxo de ar.

● É ​reservatório de sangue devido a maior complacência de seus vasos que recebem o


débito cardíaco total.

● Realiza ​regulação da temperatura através da expiração, mas é pouco efetiva em


humanos que realizam essa regulação pelas glândulas sudoríparas .

● Desempenha papel no ​metabolismo ​por meio das células endoteliais do leito capilar
pulmonar. Por exemplo a Angiotensina I que é ativada na superfície das células
endoteliais em Angiotensina II pela enzima ECA ali presente. Além disso, através dos
pneumócitos tipo II realiza a síntese de surfactante, essencial para o controle da tensão
superficial nos alvéolos.
2) Quais estruturas compõem as vias aéreas superiores e inferiores. Explique as
diferenças entre elas e suas funções.

● Vias aéreas superiores - responsável pela preparação do ar

➔ Nariz: ponto de maior resistência ao fluxo de ar ( 50%) e portanto, para


diminuir a resistência respiramos pela boca. O nariz apresenta turbinados
(conchas nasais) repletos de células imunológicas e glândulas que secretam
muco e aprisionam partículas estranhas e evitam que elas cheguem nas vias
aéreas inferiores, sendo mais facilmente eliminadas (ex: espirro)

* As terminações nervosas no teto do nariz, acima da concha nasal superior,


que levam impulsos ao bulbo olfatório promovendo o senso de olfação.

➔ Seios nasais: promove ressonância sonora por facilitar o movimento de ar,


auxiliando a fonação. Diminuem o peso do crânio e protegem o cérebro contra
impactos diretos.

➔ Laringe: epiglote e aritenóide são as principais estruturas da laringe e atuam


impedindo a aspiração de alimentos e líquidos.

● Vias aéreas inferiores - responsável pela condução e troca gasosas.

➔ Traquéia: apresenta anéis cartilaginosos resistentes ao fechamento das vias


aéreas e se bifurca em dois brônquios principais , direito e esquerdo.O
brônquio principal direito é mais verticalizado que o esquerdo, com
importante relação clínica devido a possíveis aspirações que tendem a fluir
para o lado direito.

* Cada ramificação é denominada geração.

➔ Brônquios: os brônquios principais se ramificam em brônquios lobares, que


por sua vez, se dividem em brônquios segmentares. Esses formam unidades
funcionais pulmonares junto a região pulmonar suprida, tornando-os
independentes. Os brônquios também possuem cartilagem.

➔ Bronquíolos: ​não têm cartilagem e são menores que os brônquios. Os


bronquíolos terminais são vias com menor tamanho mas não apresentam
alvéolos. Nos bronquíolos respiratórios começam a aparecer alvéolos, mas em
pouca quantidade.

➔ Unidade respiratória: é a unidade básica fisiológica pulmonar, que consiste


em bronquíolos respiratórios, ductos alveolares e alvéolos. Nos alvéolos são
encontrados as células epiteliais alveolares de tipo I e II.

3) Descreva a estrutura do sistema respiratório desde a traqueia até as unidades


respiratórias.

Traqueia → Brônquio principal → Brônquio lobar → Brônquio segmentar →


Bronquíolo não respiratório (terminal) ​→ Bronquíolo respiratório ​→ Ductos alveolares
→ Sacos alveolares

⊛ Vias de condução aérea ​⊛ Zona de transição⊛ Unidade respiratória

4) Qual a importância das diversas ramificações da estrutura do aparelho respiratório.

Do ponto de vista clínico, a divisão em ramificações, sobretudo dos brônquios segmentares,


torna as unidades anátomo-funcionais pulmonares independentes umas das outras. Assim,
doenças pulmonares que se iniciam em uma região podem ser removidas sem que isso
influencie o fluxo de ar que se direciona a outras regiões. Além disso, as ramificações
permitem a diminuição da resistência ao fluxo de ar, porque o diâmetro das vias respiratórias
diminui e sua área de secção transversal aumenta. Em consequência, há redução da
velocidade do fluxo de ar que chega aos alvéolos, o que facilita as trocas gasosas.

5) Quais os músculos envolvidos na respiração? Descreva quais participam da


inspiração, expiração de repouso e forçada.

● Inspiração

➔ Diafragma: sua contração aumenta a dimensão da capacidade torácica , cria


diferença de pressão entre o espaço intrapleural e, consequentemente,
pulmonar e o ambiente externo. Esse é inervado pelos nervos frênicos direito e
esquerdo, que saem entre C3 e C5.
➔ Músculos intercostais externos: na inspiração puxam as costelas para cima e
para frente. São inervados pelos nervos intercostais.

➔ M. escalenos​: elevação das duas primeiras costelas.

➔ Músculos de ação acessória: m. esternocleidomastóideo, m. peitoral menor e


alar nasal.

● Expiração de repouso

➔ Ocorre passivamente com o relaxamento dos músculos inspiratórios.

● Expiração forçada:

➔ Músculos intercostais internos: realizam a depressão das costelas para baixo


e para dentro. São inervados pelos nervos intercostais ( T1-T12).

➔ Músculos da parede abdominal: m. reto abdominal, oblíquo interno e


externo e transverso do abdome.

6) Quais as células encontradas nas vias aéreas e quais suas funções?

Aqui é importante lembrar que a árvore traqueobrônquica sofre alterações na constituição de


suas estruturas desde a traqueia aos alvéolos.

Via aérea Células Outras estruturas

Células ciliadas Anel/placas de cartilagem


Traqueia/Brônquio Músculo liso
Células caliciformes
Glândulas submucosas

Células ciliadas
Bronquíolos Células caliciformes Músculo liso
Células de Clara

Células alveolares tipo I * grande quantidade de


Alvéolos Células alveolares tipo II capilares para realizar trocas
Células de Clara gasosas

● Células ciliadas: secretam líquido de solução salina e realizam movimento


mucociliar que empurra o muco e partículas nele contidas em direção às vias aéreas
superiores. O cílio é formado por um par de microtúbulos centrais e mais 9 pares de
microtúbulos (tubulinas) conectados por dineínas. A partir do gasto de energia ocorre
o movimento ciliar de “escalada”.

● Células caliciformes:​ produzem muco nas vias aéreas.

● Glândulas submucosas:​ secretam muco e serosas.

● Células de clara: secretam substâncias similares às produzidas pelos pneumócitos


tipo II e realizam reparo tecidual dessas células e/ou assumem o papel desempenhado
pelas células alveolares.

● Células alveolares tipo I: ocupam a maior parte da superfície alveolar, local primário
das trocas gasosas devido à fina espessura.

● Células alveolares tipo II: são encontradas mais na periferia alveolar, fazem reparo
tecidual de pneumócitos de tipo I e secretam surfactantes que modulam a tensão
superficial no fluido alveolar.

7) Como o sistema nervoso autônomo influencia a fisiologia respiratória?

O pulmão é inervado pelo sistema nervoso autônomo do SNP, que está sob controle do SNC
com destaque ao núcleo vagal (parassimpático) na região bulbar. Apesar de o bulbo sozinho
poder gerar um ritmo respiratório básico, tanto os centros superiores do SNC como as
aferências sensoriais promovem o ajuste fino desse ritmo. Por exemplo, a ponte contém
neurônios que afetam a atividade da eferência respiratória.

A estimulação do sistema ​parassimpático leva à constrição das vias aéreas


(broncoconstrição), à dilatação de vasos sanguíneos (vasodilatação) e ao aumento da secreção
glandular. Já a estimulação do sistema ​simpático ​causa relaxamento das vias aéreas
(broncodilatação), constrição dos vasos sanguíneos (vasoconstrição) e inibição da secreção
glandular.

8) Descreva os volumes e capacidades pulmonares. Quais destes podem estar alterados


nas doenças pulmonares obstrutivas e restritivas?

Todos os volumes pulmonares são subdivisões da capacidade pulmonar total (CPT), o


volume total de ar que pode ser contido no pulmão. Essa é o somatório da CV e da VR e
inclui o volume de ar que pode ser movido (CV) e o volume de ar que sempre está presente
(retido) no pulmão (VR).

● Capacidade Pulmonar Total (CPT): quantidade de ar nos pulmões ao final de uma


inspiração máxima (​≅ ​6L).

[ CPT = VC + VRI + VRE´+ VR ]

● Volume corrente (VC): volume de ar inspirado ou expirado durante um ciclo


respiratório em repouso (​≅ 0,5L)

● Volume Residual (VR): o ar remanescente no pulmão após a expiração máxima


completa (​≅ ​1,5L).

● Volume de Reserva Inspiratório (VRI): volume máximo que pode ser inspirado a
partir do final de uma inspiração espontânea ( ​≅ ​2,5L)

● Volume de Reserva Expiratório (VRE): volume máximo que pode ser expirado a
partir do final de uma respiração espontânea ( ​≅ ​1,5L)

● Capacidade Vital (CV): O volume total do ar exalado desde a máxima inspiração até a
máxima expiração ( ​≅ ​4,5L).

[ CV = VC + VRI + VRE ]

● Capacidade Inspiratória (CI): volume máximo inspirado a partir do final de uma


expiração espontânea (​≅ ​3L).

[ CI = VC + VRI ]

● Capacidade Residual Funcional (CRF): quantidade de ar nos pulmões após uma


expiração espontânea (​≅ ​3L).

[ CRF = VRE + VR ]

➔ Em doenças obstrutivas há aumento do volume residual (VR) e, consequentemente,


aumento da capacidade residual funcional (CRF) e da capacidade pulmonar total
(CPT). Por fim, ocorre aumento da relação: ​↑​ VR .
CPT
➔ Em doenças restritivas há redução da capacidade pulmonar total e, consequentemente,
uma redução proporcional de todos os volumes e capacidades. Por fim, ocorre
aumento da relação: ​ VR .
↓CPT

9) Quais seriam as explicações para as diferenças de volumes e capacidades pulmonares


encontradas quando se considera gênero, etnia, tamanho corporal, etc?

De uma forma geral, as mulheres possuem uma caixa torácica menor, possuindo uma CPT
menor em relação aos homens. Com relação a altura, pessoas mais altas tem uma caixa
torácica maiores e, portanto, maiores volumes e capacidades. No Brasil não são relatadas
grandes diferenças em relação a etnia, entretanto, dados dos EUA relatam que negros
possuem volumes e capacidades menores. Em idosos, há aumento da complacência
pulmonar, em consequência de uma menor retração elástica, levando ao aumento do volume
residual e da CRF.

10) Como é gerado o gradiente de pressão entre a atmosfera e os alvéolos durante o ciclo
respiratório?

O gradiente de pressão é gerado pela expansão do tórax que reduz a pressão intrapleural e,
consequentemente, reduz a pressão alveolar para valores negativos ( mas sempre superiores a
pressão intrapleural). Por convenção a pressão atmosférica é sempre 0 cmH₂O e como o ar
sempre flui do meio de maior pressão para o de menor pressão ocorre um gradiente de
pressão do meio externo para o interior do pulmão, resultando na inspiração. Já com o
relaxamento passivo dos músculos da parede torácica ocorre retração dos alvéolos e aumento
da pressão pulmonar a valores positivos, gerando um gradiente de pressão do meio interno
para o meio externo, resultando na expiração.

11) Explique os eventos do ciclo respiratório.

Primeiramente, devemos lembrar que os pulmões têm uma tendência a colapsar devido a sua
retração elástica (consequência das fibras elásticas e da tensão superficial do pulmão) e a
parede torácica exerce uma retração elástica contrária que tensiona a caixa torácica para fora.
Essa situação de certo equilíbrio é a responsável por criar uma pressão negativa no espaço
intrapleural que separa o pulmão da caixa torácica.
Assim, a formação do gradiente de pressão se inicia com a inspiração, ou seja, contração do
músculo diafragma e expansão da caixa torácica, que aumenta a força de retração e reduz
ainda mais a pressão intrapleural. Como a superfície pleural está intimamente relacionada às
paredes alveolares, essa retração é transferida ao parênquima pulmonar levando a expansão
dos alvéolos e reduzindo a pressão alveolar. Como por convenção a pressão atmosférica é
sempre zero, e já sabemos que o fluxo de ar é direcionado do meio de maior pressão para o de
menor pressão, cria-se um gradiente de pressão que impulsiona o ar para o interior dos
pulmões.

Na expiração ocorre relaxamento passivo do diafragma reduzindo a retração da parede


torácica para fora. Assim, no início da expiração, a força resultante expressiva é gerada pela
retração elástica das fibras musculares e tensão superficial, que promovem a redução do
volume dos alvéolos e o aumento da pressão alveolar. Esse mecanismo gera um gradiente de
pressão que impulsiona o ar dos pulmões para o meio externo. Então, no final da expiração há
um retorno à situação de equilíbrio inicial gerada pelas forças de retração, na qual as pressões
alveolares e atmosféricas se igualam.

12) Como é a complacência e a elastância do pulmão e como as doenças pulmonares


restritivas e obstrutivas podem modificá-las?

A complacência pode ser entendida como a facilidade ou rigidez de distensão do pulmão e


está diretamente relacionada às propriedades elásticas pulmonares. E pode ser calculada pela
razão da variação do volume pela variação da pressão transpulmonar : ​Cp = ​ΔV
ΔP
Ou seja, um pulmão bastante complacente é aquele que sofre grande variação de volume a
partir de uma pequena variação de pressão. Assim, um pulmão com pouco volume de ar é
altamente complacente, mas ao se aproximar dos valores máximos de CPT essa complacência
reduz de forma expressiva. Já a elastância é o inverso da complacência.

No enfisema, doença obstrutiva pulmonar de fumantes em geral está associada à destruição


dos septos alveolares e do leito capilar sanguíneo, onde há um grande volume residual, o que
torna o pulmão mais complacente. Em contraste, na fibrose pulmonar, doença pulmonar
restritiva associada ao aumento da deposição de fibras colágenas no espaço intersticial, o
pulmão se torna mais rígido e, assim, para variar o volume pulmonar deve ser exercida uma
maior pressão.
13) O que é histerese pulmonar? Que fatores originam a histerese?

A histerese pode ser entendida como a diferença entre as trajetórias de enchimento e


esvaziamento pulmonares (curva pressão-volume), que existe porque é necessária uma
pressão transpulmonar maior para abrir uma via aérea previamente fechada, devido a um
déficit de surfactante na interface ar-água, do que para evitar o fechamento de uma via aérea
já aberta. Ou seja, devido a tensão superficial há uma resistência à distensão de alvéolos
menores e/ou com menores volumes de ar, mas em alvéolos maiores ou mais preenchidos de
ar há redução da resistência.

14) O que é tensão superficial e como esta atua no pulmão?

A tensão superficial é a força causada pelas moléculas de água (pontes de hidrogênio) na


interface ar-líquido que tende a minimizar a área de superfície. Assim, ela tende a reduzir o
volume de gás compressível dentro da bolha e aumentar sua pressão. No equilíbrio, a
tendência de que o aumento da pressão expanda a bolha de gás contrabalança a tendência da
tensão superficial de colapso.

Já no pulmão, pode ser feita uma analogia entre os alvéolos e esferas de interface ar-líquido,
no qual se aplica a Lei de Laplace em que ​P = 2T/R . Portanto, quanto menor o raio da bolha,
maior a pressão necessária para mantê-la inflada uma vez que a tensão superficial se mantém
constante. Assim, a tensão superficial também causa uma constrição dos alvéolos e outras
vias aéreas, dando grande contribuição à retração elástica fisiológica, tornando mais difícil
insuflar o pulmão.

15) O que é o surfactante? Como ele é formado? Qual sua composição? Quais suas
funções e como ele participa da histerese pulmonar?

O surfactante pulmonar é uma mistura complexa de fosfolipídios, lipídios neutros, ácidos


graxos e proteínas produzidos pelas células alveolares tipo II. Os fosfolipídios são os
principais constituintes, e desses a fosfatidilcolina tem maior concentração com
aproximadamente 75% na forma de dipalmitoil fosfatidilcolina. O segundo fosfolipídio mais
abundante é o fosfatidilglicerol que corresponde de 1% a 10% de todo o surfactante. Existem
ainda quatro proteínas específicas do surfactante, a proteína SP-A está envolvida na
regulação da renovação do surfactante, na regulação imunológica no pulmão e na formação
da mielina tubular. As proteínas SP-B e SP-C podem estar envolvidas na capacidade de
dispersão e estabilização dos fosfolipídeos e na atividade da tensão superficial do
surfactante.

Então, a formação do surfactante ocorre a partir dos pneumócitos tipo II que secretam
corpúsculos lamelares, no lúmen alveolar, que se acumulam e formam a mielina tubular. Essa
é responsável pela reorganização e distribuição dos fosfolipídeos na monocamada na
interface alvéolo-ar.

O surfactante pulmonar desempenha muitos papéis fisiológicos, incluindo redução do


trabalho da respiração pela diminuição das forças de tensão superficial (como o surfactante
reduz a tensão superficial, ele aumenta a complacência, tornando muito mais fácil o
enchimento dos pulmões). Realiza prevenção do colapso e fixação dos alvéolos na expiração
( reduzindo a tensão superficial, o surfactante minimiza a acumulação de fluido no alvéolo) e
promove a estabilização dos alvéolos, especialmente os que tendem a desinsuflar-se sob
baixa tensão superficial (ajuda a manter o tamanho dos alvéolos relativamente uniforme
durante o ciclo respiratório).

Na histerese, o surfactante atua reduzindo a tensão superficial proporcionalmente a área


alveolar. Assim, em maiores volumes (inspiração) ele se espalha pelo pulmão reduzindo sua
ação sobre a tensão superficial. Já na expiração, ele se acumula (concentra) em menores
volumes e assim aumenta seu efeito de reduzir a tensão superficial.
16) Utilizando o gráfico Volume-Pressão, explique como a parede torácica interage com
o pulmão.

No ponto de equilíbrio (no gráfico P = 0 cmH₂O) , que é a CFR, existe um equilíbrio entre a
retração elástica dos pulmões, voltada para dentro, que equilibra-se exatamente com a
retração elástica da parede torácica voltada para fora. Pela observação do gráfico, percebe-se
que o pulmão realiza sempre uma retração interna independente do volume pulmonar (curva
se mantém no lado direito do gráfico), por causa da distensão das fibras elásticas e da tensão
superficial do pulmão . Já a parede torácica em volumes menores realiza retração para fora (
lado esquerdo do gráfico), mas a partir de aproximadamente 70% da CPT ele começa a
realizar retração interna. Assim, nesse momento haverá duas forças para dentro, a torácica e a
pulmonar, e a pressão de retração total do sistema se torna positiva.

17) Como a mudança na posição corporal pode afetar a CRF de um indivíduo?

Embora a curva de retração elástica para o pulmão permaneça inalterada, as curvas de


retração para a parede torácica estão desviadas para a direita. A razão desse desvio é o efeito
da gravidade sobre a mecânica dos músculos da parede torácica, em especial o
diafragma.Visto que a curva do sistema respiratório é a soma das curvas do pulmão e da
parede torácica, ela também é desviada para a direita. Assim, ocorre redução da CRF com a
inclinação do corpo (reduz levemente o volume pulmonar), e redução do VRE em função do
aumento do VRI.
18) Comente sobre a resistência das vias aéreas. Onde ela é maior? Por quê? Qual sua
relação com os volumes pulmonares?

De modo geral, a resistência das vias aéreas é inversamente proporcional ao raio, ou seja,
com o aumento do raio há uma redução da resistência e aumento do fluxo aéreo. Entretanto,
nas vias aéreas isso não ocorre porque com a redução do raio, ocorre uma maior distribuição
do ar devido ao aumento da área superficial. Assim, ao longo das gerações a resistência ao
fluxo diminui, havendo uma maior resistência nas zonas de condução quando comparada
com a zona respiratória. Na zona respiratória, é importante que a resistência seja menor
porque, assim, a velocidade do fluxo de ar também é reduzida, o que facilita as trocas
gasosas.

Além disso, conforme ocorre o aumento do volume pulmonar há redução da resistência e


aumento da condutância. Esse comportamento se dá pela interdependência das estruturas
pulmonares, assim, com a redução do volume pulmonar ocorre redução do raio dos alvéolos e
de outras estruturas pulmonares com o aumento proporcional da resistência. E com a
expansão pulmonar ocorre o inverso. Em doenças obstrutivas , por exemplo, existe uma
maior dificuldade de expirar, devido a maior resistência das vias aéreas, geralmente por
mecanismo de redução do raio ( muco ou contração muscular), já no enfisema ocorre
destruição do parênquima pulmonar que pela interdependência reduz outras estruturas
pulmonares.

19) Além dos volumes pulmonares, que outros fatores podem alterar a resistência das
vias aéreas?

Fatores que aumentam a resistência da via aérea incluem o muco das vias aéreas, o edema e a
contração da musculatura lisa dos brônquios, todos reduzindo o calibre das vias aéreas.
Assim, a musculatura lisa brônquica influencia a resistência com sua contração ou
relaxamento alterando o raio da árvore brônquica. Esse mecanismo sofre influência direta do
sistema nervoso autônomo pelo simpático e parassimpático, além de hormônios e outras
moléculas como histamina, serotonina, acetilcolina , óxido nítrico, entre outros. A densidade
e a viscosidade do gás inspirado também afetam a resistência das vias aéreas, respirar gás de
baixa densidade, resulta em redução da resistência das vias aéreas, e isso tem sido empregado
no estado de mal asmático, condição associada ao aumento da resistência das vias aéreas
causado por uma combinação de broncoespasmo, inflamação de vias aéreas e muco.
20) Explique o que é ponto de igual pressão e o que ele determina.

O ponto de igual pressão ocorre em uma expiração forçada, onde há contração dos músculos
intercostais internos que geram uma pressão intrapleural positiva. A pressão alveolar também
sobe, em parte, devido ao aumento da pressão pleural e, em parte, devido à pressão de
retração elástica do pulmão nesse volume pulmonar. A pressão alveolar é a soma da pressão
pleural e da pressão de retração elástica. Essa é a pressão motriz para o fluxo gasoso
expiratório. Como a pressão alveolar excede a pressão atmosférica, o gás começa a fluir dos
alvéolos para o meio externo. Enquanto o gás flui para fora do alvéolo, a pressão transmural,
através das vias aéreas, diminui. Assim, o gradiente de pressão transmural é menor do que em
situações de expiração passiva, podendo ocorrer compressão leve das vias aéreas com
resistência ao fluxo aéreo.

O ponto de igual pressão determina, então, o ponto ao longo das vias aéreas em que a pressão
dentro da via aérea é exatamente igual à pressão fora dela. Ou seja, o gradiente de pressão
transmural é igual a 0. Após esse ponto, o gradiente da pressão transmural atinge valores cada
vez mais negativos até atingir o meio externo, ocorrendo a compressão dinâmica das vias
aéreas que entrará em colapso se o apoio cartilaginoso ou a tração exercida pelos septos
alveolares forem insuficientes para mantê-la aberta.

21) Que valores e informações podem ser obtidas a partir de um teste de capacidade
vital forçada (CVF) ? Comente as diferenças entre um teste feito como um sujeito
saudável em comparação com sujeitos com doença pulmonar obstrutiva e restritiva.

A partir do espirograma é criada uma curva pelo registro das velocidades instantâneas de
fluxo durante manobra forçada, em função do volume do gás. É utilizado para determinar a
capacidade vital ( mobilização total de expiração), a maior velocidade de fluxo produzida,
durante a manobra de expiração, chamada de pico do fluxo expiratório (PFE) e quanto é de ar
expirado no primeiro segundo da manobra (VEF1). Uma razão bastante utilizada como
indicadora da resistência das vias aéreas é : ​VEF1 , que indivíduos saudáveis deve ser
superior a 0,70 ou 70%. ​CVF

Em doenças restritivas, como a fibrose pulmonar, tanto o VEF1 quanto a CVF estão
reduzidos, mas a relação VEF1/CVF costuma estar normal ou aumentada. Em doenças
obstrutivas, como a doença pulmonar obstrutiva crônica ou a asma brônquica, o VEF1 reduz
muito mais do que a CVF, resultando em uma relação VEF1/CVF baixa. Com frequência, são
vistos padrões mistos de restrição e obstrução.

22) O que é trabalho respiratório? Como se divide? O que acontece durante a doença
pulmonar obstrutiva e restritiva?

Trabalho respiratório é aquele necessário para superar as propriedades mecânicas inerentes ao


pulmão (ex: forças elásticas e fluxo-resistivas) e mover os pulmões e a caixa torácica para
executar a inspiração e expiração. Assim, a inspiração e expiração forçada sempre demandam
trabalho e a expiração passiva ocorre espontaneamente. Pode ser dividido em trabalho
elástico, que é necessário para vencer a tendência do pulmão de estar fechado e depende da
tensão superficial e das proteínas elásticas (elastina e colágeno); e trabalho não elástico que
se dá especialmente devido a resistência das vias aéreas mediada pelo do mecanismo de
interdependência e pela musculatura lisa que pode estar mais contraída ou relaxada.

Nas doenças pulmonares restritivas a complacência pulmonar fica reduzida e a curva


pressão-volume é deslocada para a direita. Isso resulta em aumento significativo do trabalho
de respiração. Por essa razão, indivíduos com fibrose pulmonar (trabalho elástico aumentado)
respiram mais superficialmente e rapidamente .

Nas doenças pulmonares obstrutivas, asma e bronquite crônica, a resistência das vias aéreas
fica elevada e uma grande pressão pleural negativa é necessária para manter a velocidade do
fluxo inspiratório normal. Além do aumento do trabalho inspiratório total, indivíduos com
doença obstrutiva pulmonar apresentam aumento da pressão pleural positiva durante a
expiração devido ao aumento da resistência e à aumentada carga de trabalho expiratória. Por
essa razão, indivíduos com doença obstrutiva pulmonar (trabalho elástico normal) respiram
mais lenta e profundamente no intuito de compensar o trabalho aumentado.

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