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T8 e 9 – Aparelho Respiratório

A função major do sistema respiratório é o fornecimento de oxigénio às células e retirar o dióxido de


carbono, permitindo assim o correcto funcionamento do nosso organismo. O aparelho respiratório é
constituído por 3 partes:
1. Porção condutora – compreende uma série de passagens aéreas e que engloba as cavidades nasais,
faringe, laringe, traqueia, brônquios com as suas ramificações, e bronquíolos terminais. Esta porção é
subdividida em:
 Extra-pulmonar: termina no hilo pulmonar
 Intra-pulmonar: gerações dos brônquios, bronquíolos.
2. Porção respiratória – onde se processa as trocas gasosas e engloba os bronquíolos respiratórios, os
canais alveolares, os sacos alveolares e os alvéolos.
3. Mecanismo de ventilação – caixa torácica, músculos intercostais, diafragma e fibras elásticas.

Porção Condutora Extra-pulmonar

Cavidades nasais

Mucosa olfactiva
 As cavidades nasais e os seios nasais proporcionam uma extensa superfície de contacto com o ar
inspirado:
o filtrando-o
o aquecendo-o
o humedecendo-o
 Epitélio olfactivo - epitélio
pseudoestratificado ciliado com
células caliciformes
 Epitélio mais espesso que na
porção condutora, com cerca de 60
μm de espessura
 Encontra-se na porção mais
superior (tecto) das fossas nasais

 Grande densidade de núcleos –


zona mais superior => células de
3 tipos sustentação/suporte
de  Núcleos mais dispersos – zona
células intermédia => células olfactivas
(receptores/neurónios bipolares)
 Núcleos mais basais – zona inferior
=> células basais
Células Olfactivas
 Neurónio bipolar
 Dendrites
 Axónios => juntam-se e formam os filetes do nervo olfactivo I
 Quando a dendrite termina, à sua superfície, apresenta vesículas olfactivas a partir da qual irradia
cílios
 Tempo de vida 30 a 60 dias => células capazes de se reproduzir ao contrário da generalidade dos
outros neurónios
Lâmina própria do epitélio
 Constituída por tecido conjuntivo, glândulas sero-mucosas e um plexo venoso superficial;
 Continua-se com o osso/cartilagem que forma a parede das cavidades nasais;
 Glândulas sero-mucosas
o Glândula olfactiva de Bowman
o Glândulas tubulo-alveolares do tipo seroso
o Segrega um fluido seroso onde as substâncias odoríferas são dissolvidas
o Com um canal excretor que drena à superfície;
o Produz:
 Lisozima
 Imunoglobina A
 proteína fixadora de odores, OBP – alta afinidade para moléculas odoríferas, permite
a estimulação da célula olfactiva

Seios paranasais
 Revestidos por epitélio cilíndrico
pseudoestratificado ciliado com poucas
células caliciformes.
 A lâmina própria dos seios paranasais tem
apenas algumas glândulas.
 Funções: aquecimento, humidificação e
filtração
o Quando o ar entra na cavidade
nasal, cria-se correntes de
convexão que permite o
aquecimento e humidificação do ar –
condição importante para as trocas gasosas.
o Humidificação
 Quantidade enorme de células caliciformes na
mucosa e seios paranasais.
 Filme mucociliar à superfície da mucosa –
glândulas mucosas
o Aquecimento – rede vascular muito intensa
o Orifícios de drenagem dos seios
 Permitem a humidificação, aquecimento e filtração
 Não tem uma grande espessura de vascularização
 Ventilador com um anexo – panela de humidificação. Quando se ventila um doente, é necessário
aquecer o ar para depois entrar no organismo.
 Sinusite – inflamação do muco dos seios paranasais – o aumento do diâmetro dos vasos sanguíneos
leva ao aumento da espessura da mucosa, obstruindo os canais de drenagem

Faringe
 Tubo músculo-fibroso comum ao aparelho digestivo e ao aparelho respiratório.
 A parte superior da faringe constitui a nasofaringe, revestida internamente por um epitélio pseudo-
estratificado cilíndrico ciliado com células caliciformes – epitélio respiratório.
 A porção inferior da faringe, a orofaringe, que se continua com o esófago é revestida internamente
por epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado – epitélio digestivo.
 O tecido conjuntivo subjacente ao epitélio contém glândulas mucosas, serosas e mistas e abundante
tecido linfático que, em alguns locais específicos forma a tonsila faríngea ou adenoide e as tonsilas
tubares, em redor dos orifícios faríngeos das trompas de Eustáquio.

Laringe – epiglote
 A laringe continua-se da faringe até à traqueia.
 Formada por um conjunto de formações cartilaginosas
o Cartilagem hialina – cartilagem tiroide, cricoide e parte das aritenoides
o Cartilagem elástica – epiglote, cartilagens corniculadas e o topo das cartilagens aritenoides
 As várias formações cartilaginosas estão ligadas entre si e ao osso hióide por feixes de tecido
conjuntivo que formam as membranas tiróide e cricotiroideia.
 Desempenha funções de fonação.
 O epitélio de revestimento varia com a sua extensão
o face anterior e metade da face posterior – epitélio pavimentoso estratificado não
queratinizado, que pode conter corpúsculos gustativos
o na restante superfície interna – o epitélio é pseudoestratificado cilíndrico ciliado com células
caliciformes;
 Lâmina própria: tecido conjuntivo laxo, com um grande número de mastócitos e com glândulas
mucosas e seromucosas.
 Visão real das cordas vocais com epiglote – laringoscopia
1. Epiglote
2. Entrada para a laringe com as cordas vocais e as falsas cordas vocais

Epiglote
 Impede a entrada de alimentos e saliva na traqueia e pulmões
 Face inferior ou posterior – epitélio idêntico das vias respiratórias – cilíndrico pseudo-estratificado
ciliado
 Face superior ou anterior – epitélio idêntico à cavidade bucal – pavimentoso estratificado não
queratinizado
 Eixo da epiglote – cartilagem elástica com pericôndrio
 Glândulas na lâmina própria nas
duas faces

Laringe / cordas vocais


 4 cordas vocais (2 verdadeiras e 2
falsas), entre as quais está o
ventrículo laríngeo
 Cordas vocais falsas – revestidas
por epitélio cilíndrico
pseudoestratificado ciliado com
células caliciformes
 Cordas vocais verdadeiras –
epitélio é submetido a poderosas
correntes de ar, logo é
diferenciado para a protecção –
epitélio pavimentoso estratificado
 Depois na espessura existe
músculo estriado

Traqueia e brônquios
 Formação tubular que se segue à
laringe, descendo através do
mediastino e, termina, bifurcando-se em brônquio principal direito e esquerdo.
 A parede da traqueia e dos brônquios principais, apresenta uma organização histológica idêntica,
constituída por uma mucosa, túnica média fibro-mio-cartilaginosa e uma adventícia.

Mucosa
 Epitélio pseudoestratificado cilíndrico ciliado com 4 tipos de células:
o Células caliciformes
o Células cilíndricas ciliadas – mais apicais
o Células basais
o Células endócrinas/ Kulchitsky;
 São células difíceis de ver em MO, mas bem visíveis
à ME e à imunocitoquímica
 Produzem: ADH, calcitonina, somatostatina,
serotonina.
 Podem ser comparadas com as células enteroendócrinas do sistema digestivo, pois
pertencem ao tecido endócrino difuso;
 Nos brônquios, as células endócrinas podem agrupar-se formado corpos neuro-
epiteliais, que são quimiorreceptores capazes de detectar variações de e de .
 Lâmina própria
o Fibras elásticas
o Glândulas serosas e mucosas acinosas, cujos canais excretores se abrem no lúmen da
traqueia e dos brônquios;
o Células de tecido conjuntivo – mastócitos
o Vasos sanguíneos.

Túnica fibro-mio-cartilaginosa
 Traqueia – composta por anéis cartilagíneos incompletos na face posterior (forma de C) – 16 a 20
anéis;
 Brônquios principais – Composto por anéis cartilaginosos completos;
 Os anéis estão unidos por
o Tecido fibro-elástico – fibras conjuntivas, que permitem a mobilidade
o Músculo liso – músculo traqueal

Adventícia
 Tecido conjuntivo laxo com células adiposas.

Cílios – Importância das células ciliadas


 Funcionalidade adequada – direcção do fluxo
mucociliar;
 Quando a morfologia dos cílios é alterada
(diferentes pares de microtúbulos), os cílios ficam
imóveis, não batem normalmente e assim não
conseguem movimentar o muco.
 As secreções acumulam-se no interior dos seios
nasais.

Síndrome dos cílios imóveis ou de Kartagener – os


produtos de secreção acumulam-se causando sinusites
crónicas.
Formam-se condições ambientais propícias para o
desenvolvimento de bactérias, havendo pneumonias de repetição.

Porção condutora intrapulmonar

Brônquio primário e secundário


 Após a entrada nos pulmões, na região do hilo, os brônquios principais direito e esquerdo dão
origem aos brônquios lobares.
 No pulmão direito existem 3 brônquios lobares, correspondentes aos 3 lobos do pulmão direito e, no
pulmão esquerdo, existem 2 brônquios lobares, correspondentes aos 2 lobos do pulmão esquerdo.
 Estes dividem-se e originam os brônquios segmentares, 10 à direita e 8 à esquerda.
 Histologicamente, os brônquios lobares e segmentares são semelhantes aos brônquios principais,
embora sofram uma gradual diminuição de calibre.
 Contudo existem pequenas diferenças que se
acentuam à medida que vão diminuindo de
calibre:
1. Os anéis cartilaginosos dão origem a
placas de cartilagem que conferem
suporte/consistência.
2. Uma camada contínua de fibras
musculares lisas surge entre as placas de
cartilagem e a mucosa
3. As glândulas vão-se tornando cada vez
mais escassas
4. O epitélio vai-se reduzindo em altura,
tornando-se cilíndrico simples com menor
número de cílios
5. As células caliciformes do epitélio vão
gradualmente diminuindo de número
Superfície
 Epitélio pseudoestratificado cilíndrico ciliado
 Lâmina própria com glândulas sero-mucosas;
 Músculo liso (camada contínua);
 Placa de cartilagem hialina – desde a traqueia
até aos brônquios (aspecto de diferenciação).
Profundidade

Bronquíolo
Aspecto de diferenciação entre os brônquios e os
Superfície bronquíolos
 Epitélio cilíndrico simples com cílios e Os bronquíolos:
algumas/nenhumas células caliciformes, podendo
 Aspecto mais pregueado resultante da
ser cúbico simples em bronquíolos de menores
contração do músculo liso;
dimensões;
 Sem cartilagem;
 Presença de células de Clara no epitélio
 Sem glândulas;
 Lâmina própria – ausência de glândulas;
 Sem células caliciformes;
 Aumento da espessura da camada contínua de
 Presença de células de Clara.
músculo liso;
 Ausência de placas de cartilagem;
Profundidade

 Células não ciliadas, existentes na camada epitelial


 Aspecto bolonizado – com o polo apical arredondado que faz
protusão para o lúmen do bronquíolo
 Grande potencial metabólico
 Pólo apical com vesículas de secreção (alguma comparação com o
hepatócito)
 Reticulo endoplasmático rugoso abundante, para a produção e
muitas proteínas
 Produz:
Células
o proteínas do surfactante (algumas);
de Clara
o glicosaminoglicanos;
o enzimas proteolíticas;
 Reabsorção de água, cloro e citocromos P450;
 Elevada capacidade de hidroxilação de compostos aromáticos;
 Retículo endoplasmático liso muito exuberante – permite a
realização de fenómenos de desintoxicação cit P450
 Neutralização de substâncias que são inaladas da poluição
atmosférica.
 Existem tumores de células claras.
Bronquíolos terminais
 A ramificação de cada bronquíolo dá origem a 5/7 bronquíolos
terminais, que constituem a parte final da porção condutora.
 O bronquíolo terminal é revestido por epitélio cúbico simples
com poucas células ciliadas e com numerosas células de Clara.
 As células musculares lisas têm uma orientação concêntrica
relativamente ao lúmen, encontram-se fibras elásticas dispostas
longitudinalmente.

Porção respiratória
 Cada bronquíolo terminal ramifica-se em dois ou mais
Bronquíolos respiratórios (nestes bronquíolos aparecem
“bolas” nas paredes – alvéolos pulmonares, marcando o início
da porção respiratória).
 O território pulmonar ventilado por cada bronquíolo terminal
tem a designação de lóbulo pulmonar e o território ventilado
por cada bronquíolo respiratório corresponde ao ácino
pulmonar.
Bronquíolo respiratório
 O bronquíolo respiratório corresponde à primeira parte da porção respiratória, estabelecendo a
transição entre uma zona exclusivamente condutora e uma zona exclusivamente respiratória.
 Inicialmente o bronquíolo respiratório é revestido por epitélio cúbico simples, mas depois vai-se
achatando progressivamente;
 Os alvéolos surgem na parede do bronquíolo respiratório, revestidos por epitélio pavimentoso
simples (uma parede muito pouco espessa), que já
permite a ocorrência de trocas gasosas; Há medida que nos aproximamos dos alvéolos,
 Há medida que os bronquíolos respiratórios se vão  A musculatura lisa vai diminuindo
ramificando, vão surgindo mais alvéolos na sua  As fibras elásticas vão aumentando
parede.
 O bronquíolo respiratório ainda apresenta musculatura lisa
Canais alveolares
 A porção mais distal dos bronquíolos respiratórios continua-se com os canais alveolares, de cujas
paredes surge uma grande quantidade de alvéolos;
 A aparência de tubo é assegurada pela presença de pequenos feixes de fibras colagénicas, elásticas e
de células musculares lisas.
Sacos alveolares
 Os canais alveolares terminam em espaços irregulares, sacos alveolares;
 Um saco alveolar é constituído por uma série de alvéolos.
 A porção mais distal do pulmão é constituída por alvéolos e septos interalveolares com capilares,
que permitem as trocas gasosas

Bronquiolo respiratório Canal alveolar


Porção Porção
Epitélio cúbico simples Epitélio pavimentoso simples
apical do distal do
Muito músculo liso Pouco músculo liso
pulmão pulmão
Poucas fibras elásticas Muitas fibras elásticas

Alvéolos
 Têm um aspecto poliédrico com 200μm de diâmetro e com uma ampla abertura que permite a
entrada de ar;
 Parede muito fina, revestida por epitélio pavimentoso simples;
 Em cada pulmão adulto existem 300 milhões de alvéolos = 140 de superfície para trocas gasosas;
 Os alvéolos adjacentes estão separados entre si por septos interalveolares, por onde circulam
capilares, e através dos quais o sangue é exposto ao ar inspirado, havendo trocas gasosas;
 Nos septos interalveolares, compostos por fibras colagénicas e elásticas, existem fibroblastos, células
de armazenamento de lípidos e vitamina A e macrófagos;
O Parênquima pulmonar é constituído por:
 Alvéolos pulmonares
 Septos interalveolares
 Rede de capilares sanguíneos
 Interstício pulmonar – conjunto de capilares e dos elementos do tecido conjuntivo dos septos
interalveolares;
 Os septos interalveolares apresentam aberturas,
revestidos por epitélio alveolar, que permitem a
comunicação entre alvéolos – poros alveolares
ou de Kohn – ausentes nos primeiros anos de
vida
Nos alvéolos existem dois tipos de células:
 Pneumócito tipo I:
o Revestem 95 % da superfície alveolar;
o Responsáveis por formar o epitélio
pavimentoso simples
o Com citoplasma muito fino de forma a
permitir as trocas gasosas,
 Pneumócito tipo II:
o Revestem 5% da superfície alveolar;
o Têm aspecto globoso
o São os produtores de surfactante –
substância tênsio-activa
o Encontram-se nos vértices dos alvéolos.
o Possui grânulos no seu citoplasma que
contêm o surfactante. Estes grânulos
estão dispostos em múltiplas lamelas,
por isso são denominados corpos
multilamelares.
o Os grânulos são lançados para a superfície do
alvéolo e as múltiplas membranas acabam por
se abrir e distender, dispondo-se em toda a
superfície do alvéolo.
o A sua função é reduzir a tensão superficial na
superfície alveolar, impedindo o colapso dos
alvéolos.
o O surfactante é 90% constituído por
fosfolípidos e 10% por proteínas (com função
anti-infecciosa).
o Os pneumócitos tipo 2 apresentam mitoses,
sendo as células que asseguram a renovação
do revestimento alveolar, diferenciando-se em
pneumócitos de tipo I.
o Os bebés prematuros, normalmente, têm de ser tratados com surfactante, pois ainda não o
conseguem produzir e, se não tiverem, os pulmões colapsam.

Presença de macrófagos alveolares


 Os macrófagos existentes nos septos alveolares migram para o lúmen alveolar, aderem às células
epiteliais, e fagocitam partículas de poeira ou bactérias, sendo designado por macrófagos alveolares.
 Os macrófagos alveolares atravessam os poros alveolares ou poros de Kohn.
 Estes possuem enzimas nos lisossomas, como a elastase, que destroem as fibras elásticas,
perturbando assim a dinâmica das fibras elásticas.
 Os macrófagos alveolares encontram-se em grande número nos fumadores, daí que nos fumadores
haja grande destruição do parênquima pulmonar, resultando em casos mais graves em enfisema
pulmonar.
 Pertencem ao sistema fagocitário mononuclear.
Barreira Alvéolo-capilar
 É uma barreira que separa o capilar do alvéolo
 Constituída pela membrana citoplasmática do pneumócito tipo I, pelo endotélio capilar e por uma
membrana basal entre o pneumócito e o capilar.

Membrana do
Célula Membrana
Capilar pneumócito Alvéolo
endotelial basal
tipo 1

Pleura
 É uma membrana serosa constituída por 2 folhetos:
o Folheto visceral, que reveste a superfície externa dos pulmões;
o Folheto parietal, que reveste a superfície interna da caixa torácica
 Os 2 folhetos são revestidos por epitélio pavimentoso ou cúbico simples, o mesotélio.
 Subjacente ao folheto visceral existe um tecido conjuntivo que contém fibras colagénicas e uma rede
de fibras elásticas muito desenvolvida, que permite que a pleura acompanhe os movimentos dos
pulmões.
 Neste tecido existe também muitos capilares sanguíneos e linfáticos.
 As células mesoteliais segregam uma pequena quantidade de fluido que permite o deslizamento dos
folhetos, sem haver fricção.
 Entre eles existe um espaço virtual, a cavidade pleural, com pressão negativa, para a entrada do ar.
 Quando há perfuração, deixa de haver uma pressão negativa, e ocorre um pneumotórax.

Embriologia do sistema respiratório


 O primórdio do aparelho respiratório aparece no final da 4ª semana de gestação, com o brotamento
mediano da face anterior da parte caudal da faringe primitiva, dando origem à fenda laringo-traqueal,
que depois vai constituir o divertículo laringo-traqueal
 A fenda laringo-traqueal desenvolve-se em posição imediatamente caudal ao 4º arco faríngeo. O
divertículo laringo-traqueal mantém a sua posição à face anterior da faringe, vindo a constituir o
orifício superior da laringe.
 O endoderme que reveste a fenda laringo-traqueal vai dar origem ao epitélio de revestimento e às
glândulas da laringe, traqueia e brônquios, e da porção respiratória dos pulmões.
 Da mesoderme esplâncnica vai desenvolver-se o tecido conjuntivo, a cartilagem e o tecido muscular
liso de todo o aparelho respiratório.
 O divertículo laringo-traqueal vai estender-se caudalmente em frente ao esófago, sendo separado
pelo septo traqueo-esofágico (em situações anómalas este septo dá origem a fístulas traqueo-
esofágicas).
 Pelo 28º dia de gestação, na porção distal do divertículo laringo-traqueal ocorrem 3 dilatações que
constituem os brotamentos pulmonares.
 A árvore brônquica torna-se mais extensa e subdivide-se em direito e esquerdo.
 A cavidade torácica e abdominal não estão separadas, pois o diafragma não está bem desenvolvido.
 As pregas pleuro-pericardicas vão se aproximando e vão “arrastar” também as veias cardinais de um
lado e de outro, cuja fusão origina a veia cava superior. As 2 pregas vão separar a cavidade pulmonar
da cardíaca. As pregas perdem a espessura e passam a chamar-se membranas.
 De cada lado existem canais pleuro-peritoneais que levam à separação da cavidade torácica da
abdominal.
 4º mês: Desenvolvimento pulmonar; separação da cavidade pleural e pericardica; formação da veia
cava superior; formação da parte muscular do diafragma.
Períodos do Desenvolvimento Pulmonar
A – Período Pseudo Glandular (5-17 semana);
O pulmão apresenta-se estruturalmente como uma glândula (pseudo-glândulas)
Neste período forma-se a porção condutora

B – Período Canalicular (18-24 semana);


Pulmão mais “esburacado”
Intensa proliferação do componente conjuntivo e aparecimento da rede vascular (diminuição da
distância entre a árvore brônquica e os capilares)
Aproximação progressiva do compartimento vascular e o compartimento aéreo
Pela 24ª semana surgem os bronquíolos respiratórios, canais alveolares e alguns sacos alveolares
No final deste período é possível a identificação dos pneumócitos tipo II, apresentando os corpos
multilamelares
A produção de surfactante pelos pneumócitos tipo 2 inicia-se de forma muito ténue pela 20ª semana do
desenvolvimento, e aumenta intensamente nas duas últimas semanas antes do nascimento. Esta quantidade
de surfactante é necessária para que não ocorra o colapso dos pulmões.

C – Período Sacular Terminal (25 semana – nascimento);


Capilares em volta da porção respiratória
Grande aumento dos sacos alveolares e adelgaçamento do epitélio de revestimento da porção
respiratória, da qual resulta uma diminuição da espessura da barreira alvéolo-capilar
A partir da 25ª semana há um aumento progressivo das fibras elásticas, antes desta praticamente não
existem fibras elásticas. Estas fibras são responsáveis pela expansão dos alvéolos e consequentemente pela
expansão do pulmão.

D – Período Alveolar (nascimento – 8 anos);


Formação de alvéolos
No nascimento apenas 5% dos alvéolos estão formados. O número de alvéolos da idade adulta é
atingido pelos 8 anos de idade.
Nascimento = alvéolos
Adulto = alvéolos
Período de terminação plena.
No início do trabalho de parto, os pulmões possuem no seu interior grande quantidade de líquido
amniótico, fluido que tem que ser removido para ser substituído pelo ar inspirado no momento do
nascimento. A remoção deste fluido é efectuada por 3 mecanismos:
1 – pela boca e pelo nariz, por compressão durante o trajecto no canal de parto;
2 – pelos canais pulmonares;
3 – pelos linfáticos pulmonares.
Patologias no desenvolvimento embrionário

Hipoplasia Pulmonar – falta de líquido amniótico


Às vezes o desenvolvimento da árvore respiratória não acontece de forma correcta devido à falta de líquido
amniótico no saco amniótico.
Normalmente, a expansão pulmonar faz com que o líquido amniótico penetre na árvore respiratória e permita
o seu desenvolvimento. Na ausência deste, a arborização pulmonar não tem o correcto desenvolvimento.
Um recém-nascido com hipoplasia pulmonar tem muitas poucas possibilidades de sobreviver.

Hérnia diafragmática – interrupção anatómica do diafragma, não fecha totalmente.


Ocorre passagem das vísceras da cavidade abdominal para a cavidade torácica, comprimindo os pulmões,
impedindo o seu correcto desenvolvimento. Ex: passagem de ansas intestinais para o lado esquerdo da
cavidade torácica, os pulmões e coração são empurrados para o lado direito e não tem espaço para o seu
desenvolvimento.
O local mais frequente de ocorrerem hérnias diafragmáticas é no foramen de Bochdalek, do lado esquerdo.
As hérnias à direita são raras, devido à presença do fígado.
Conforme o estado de desenvolvimento dos pulmões, a terapêutica é realizada por cirurgia.

Eventração diafragmática – o diafragma fica muito “plástico” e é empurrado pelas vísceras. Há 1 película
de diafragma que entra na cavidade torácica.

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