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Resumo:
A agropecuária tem sido responsável por grande parte do superávit da balança comercial brasileira. Porém,
por exigência do mercado internacional, os produtores de frutas do Brasil precisam se adequar a normas de
certificação para continuarem exportando. O sistema de certificação brasileiro, a Produção Integrada de
Frutas - PIF, requer investimentos de implantação e tende a alterar os custos de produção. Este trabalho
analisou-se a viabilidade econômica da implantação desse sistema de produção em fazendas de mamão do
Extremo Sul da Bahia a partir de entrevistas nas três propriedades certificadas em maio de 2007,
utilizando-se de uma pesquisa. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica com o levantamento dos pontos de
adequação às Normas Técnicas Específicas (NTE) da PIF-Mamão. O estudo demonstra a viabilidade
econômica da implantação do sistema de Produção Integrada de Mamão para o Extremo Sul da Bahia, com
vantagem comparativa em relação ao sistema de produção convencional.
Resumo
A agropecuária tem sido responsável por grande parte do superávit da balança comercial
brasileira. Porém, por exigência do mercado internacional, os produtores de frutas do Brasil
precisam se adequar a normas de certificação para continuarem exportando. O sistema de
certificação brasileiro, a Produção Integrada de Frutas - PIF, requer investimentos de
implantação e tende a alterar os custos de produção. Este trabalho analisou-se a viabilidade
econômica da implantação desse sistema de produção em fazendas de mamão do Extremo Sul
da Bahia a partir de entrevistas nas três propriedades certificadas em maio de 2007,
utilizando-se de uma pesquisa. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica com o levantamento
dos pontos de adequação às Normas Técnicas Específicas (NTE) da PIF-Mamão. O estudo
demonstra a viabilidade econômica da implantação do sistema de Produção Integrada de
Mamão para o Extremo Sul da Bahia, com vantagem comparativa em relação ao sistema de
produção convencional.
1. Considerações iniciais
A região do Extremo Sul da Bahia constitui-se no maior pólo produtor de mamão do
Brasil, com produção de 726.991 toneladas em 13.475 hectares cultivados (BRASIL, 2007).
Porém, os produtores baianos não têm conseguido acesso aos mercados estrangeiros, União
Européia e Estados Unidos, em função da contaminação dos frutos por agrotóxicos e
microorganismos, além da falta de condições de rastreabilidade e de responsabilidade social e
ambiental por parte destes produtores.
O Governo Federal implementou em setembro de 2002, a Produção Integrada de
Frutas (PIF) para modificar a opinião internacional, por meio da substituição das práticas
culturais degradantes por formas de manejo sustentáveis e o controle eficaz de doenças,
pragas e plantas daninhas com o mínimo uso de agroquímicos.
A PIF é um sistema de produção que envolve diferentes práticas agrícolas (preparo do
solo, escolha das mudas/sementes, cultivo, irrigação, fertilização, manejo de plantas
infestantes, doenças e pragas e colheita e pós-colheita) com objetivo de obter frutos com bom
aspecto, baixos níveis de resíduos de agrotóxicos e livres de contaminação microbiológica.
Adicionalmente, assegura uma produção com respeito ao meio ambiente e ao homem e
permite a rastreabilidade de todo o processo produtivo.
Estudos de Tabagiba et al. (2005) afirmam que a adesão à PIF reduziu em 50% e 70%
as pulverizações com fungicidas e inseticidas/acaricidas, respectivamente, no Estado do
Espírito Santo, o que implica em redução dos custos de produção. Porém, não é conhecido
qual o investimento necessário ao produtor que decide optar pelo sistema.
Os produtores estão sendo forçados pelo mercado e incentivados pelo Governo
Federal a aderir a esse sistema de produção, sem que se saiba os efeitos desse novo modelo
sobre a continuidade das fazendas, enquanto empresas rurais.
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pomares com a finalidade de não contaminar as nascentes de água e o uso não degradante do
solo.
A PIF surgiu como extensão do Manejo Integrado de Pragas (MIP), criado nos anos
70, no Norte da Itália, para reduzir o uso de pesticidas na cultura da maçã (FACHINELO,
1999). Essa forma de manejo substitui o uso de agroquímicos por calendário de aplicação, por
uma prática de inspeção regular aos pomares, por amostragem e registrando as ocorrências em
cadernetas de campo, para a identificação das necessidades reais do plantio e aplicação
corretiva no local e na intensidade necessária.
O uso de agrotóxicos, além dos danos à saúde dos consumidores e dos trabalhadores,
pode representar uma parte considerável dos custos de produção de uma cultura. Na cultura
do mamão, pesquisa de Silva et al (2004. p. 40-43) em Santa Fé do Sul (SP), demonstra uma
participação de quase 60% nos custos operacionais efetivos por parte dos insumos, dos quais
90% foram gastos com defensivos. Estudo realizado no Estado do Espírito Santo afirma que a
adesão à PIF reduziu em 50% e 70% as pulverizações com fungicidas e inseticidas/acaricidas,
respectivamente (TABAGIBA et al., 2005).
A possibilidade de redução das aplicações de agrotóxicos significa a possibilidade de
retorno do investimento feito na adequação da propriedade por meio da economia gerada e
uma fabulosa proteção ao meio ambiente e ao homem.
3. A empresa agrícola
Podemos definir a empresa agrícola como uma organização que ordena os recursos
naturais por intermédio do trabalho e da tecnologia para a produção de alimentos e matéria
prima.
Por conta das próprias características do setor, a contabilidade rural apresenta diversas
peculiaridades. Pode-se destacar: a dependência do clima, a correlação tempo de produção
versus tempo de trabalho, a dependência de condições biológicas, a terra como participante da
produção, a estacionalidade da produção, a incidência de riscos, o sistema de competição
econômica, os produtos não uniformes, o alto custo de saída ou entrada (CREPALDI, 2005).
Na exploração agrícola o empresário sente de forma mais contundente os fatores
ambientais. A produção depende mais de épocas corretas, do clima da região, das
características fisico-químicas do solo, do relevo e ainda da disponibilidade hídrica. Além
disso, não se pode pela intensidade do trabalho apressar a produção. É necessário esperar que
a natureza faça o seu paciente trabalho até que seja o tempo da colheita.
Outro aspecto a se ressaltar no que tange a atividade agrícola é a diferenciação entre
culturas temporárias e permanentes. Nas culturas temporárias a colheita é feita uma só vez,
sendo necessário realizar um novo plantio para produzir novamente. Isso significa que todos
os custos de formação da cultura precisam ser considerados despesas de custeio no período de
sua realização. Enquanto os pomares permanentes produzem por ciclos sucessivos. Por isso,
os custos de formação do pomar devem ser rateados pela quantidade de colheitas que se
pretende realizar. O Quadro 1 apresenta exemplos de culturas temporárias e permanentes.
Os custos podem ser separados em custos diretos e custos indiretos. Custos diretos
estão ligados diretamente ao bem ou serviço produzido, podem ser mensurados de forma
objetiva. Moreira e Santana (2001, p. 5) afirmam que “são todos os custos que são
mensuráveis em quantidade e valor ao portador final de custos, não se utiliza do critério de
rateio ou apropriação, pois não oferecem dúvidas quanto a sua classificação”. Esses custos
geralmente variam proporcionalmente à quantidade produzida. Para Horngren et al (2000,
p.20), os custos indiretos são aqueles que: “estão relacionados a um determinado objeto de
custo, mas não podem ser identificados com este de maneira economicamente viável (custo
efetivo)”. Assim, os custos indiretos é a parcela dos custos que exige alguma forma de rateio
para se determinar qual a parcela esta relacionada a cada unidade produzida.
O rateio é a forma de se alocar os custos indiretos aos produtos, segundo critérios
racionais, afim de encontrar um valor que se aproxime do real. Os critérios de rateio exigem
do contador grande conhecimento do sistema de produção da empresa em que serão
empregados para não prejudicarem a análise. Os custos indiretos podem ser rateados
utilizando-se artifícios variados, como, unidades produzidas, horas trabalhadas, horas
máquinas, valor da mão-de-obra direta etc. O critério utilizado deve ser aquele que tenha
maior relevância na produção.
Pode-se melhor entender os custos entendendo as seguintes proposições:
Se somarmos os custos diretos (CD) aos indiretos (CIF) teremos o custo de produção
do período (CPP), ou seja, o CPP= CD + CIF.
O custo direto, também chamado de custo primário, é formados pelo somatório do
material direto (MD) mais a mão-de-obra direta (MOD), logo, Custo Direto = MD + MOD.
Assim, o custo de produção do período (CPP) é igual a soma do material direto mais
mão-de-obra direta mais custos indiretos de fabricação (CPP= MD + MOD + CIF).
Os custos indiretos junto com a mão-de-obra direta formam o custo de transformação
(CT) ou de conversão (CC), assim, CT ou CC = CIF + MOD.
Em relação aos níveis de produção, há custos fixos, variáveis e mistos. Custos fixos
são aqueles que não se relacionam com a quantidade produzida, assim, mesmo que a
produção seja nula, eles ocorrem. Já os custos variáveis ocorrem em relação a variação no
nível de produção. Os mistos podem ser semivariáveis, são os que variam com o volume de
produção embora tenham uma parte fixa, e semifixos ou por degraus, são custos que são fixos
numa determinada faixa de produção.
Dentre os diversos sistemas de custeio, os mais comuns são o custeio por Absorção,
Variável, Padrão e ABC.
Para Moreira e Santana (2001, pl.7), “o Custeio por Absorção tem como premissa
básica que todos os custos de produção, independentemente de serem fixos ou variáveis são
alocados aos produtos ou serviços”. E que é importante segregar os custos das despesas.
Os custos são reconhecidos quando da fabricação dos produtos, proporcionalmente à
parte realizada. Os produtos antes da sua realização compõem o estoque de produtos acabados
ou de produtos em processo, quando ainda não concluídos, pela determinação do estágio de
produção em que se encontram. Por não chocar com os princípios contábeis este tipo de
custeio é mais bem aceito do que o Variável. Embora haja limitações no seu uso para tomada
de decisões.
Embora o Custeio por Absorção tenha a grande virtude de ser formado por todos os
custos de produção, reconhecendo a importância do custo fixo, como lembra Maher (2001, p.
375), há sérios problemas na utilização dessa forma de custeio. Martins (2003, p.197-198)
enumera três pontos: (1) os custos fixos tendem a ser muito mais um encargo para a empresa
ter condições de produzir do que para produzir uma unidade a mais, (2) a apropriação dos
custos fixos dependem de critérios de rateio, o que aumenta as possibilidades de distorções e
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(3) o custo fixo unitário de um produto varia em função do seu volume de produção e do
volume de produção de outros produtos.
Segundo Maher (2001, p. 374), “o Custeio Variável ou Direto não se preocupa com a
escolha de uma medida ‘verdadeira’ do valor do estoque e do lucro líquido quanto está com a
escolha da medida de custo que seja mais adequada para a tomada de decisão”. Só são
considerados custos de produção do período os custos variáveis incorridos. Isso em função do
entendimento de que pelo fato de os custos fixos existirem mesmo quando não há produção,
os mesmos devem ser classificados como despesas do exercício. Esse entendimento ainda que
contrário aos princípios contábeis é muito utilizado para a tomada de decisões gerenciais.
Neves e Viceconti (2003, p. 152-159) distinguem duas vantagens no uso do Custeio
Variável: “o fato de impedir que aumentos de produção que não correspondam a aumento de
vendas distorçam o resultado, removendo os efeitos de alterações nos estoques sobre o lucro,
e por ser uma ferramenta melhor para a tomada de decisões dos administradores”. O uso do
custeio por Absorção pode induzir a decisões errôneas sobre a produção. Como desvantagens
os autores afirmam que “no caso de Custos Mistos nem sempre é possível separar
objetivamente a parcela fixa da parcela variável e que o Custeio Variável não é aceito pela
Auditoria Externa das empresas que tem capital aberto e nem pela legislação do Imposto de
Renda, bem como por uma parcela significativa de contadores”.
O Custeio Padrão é uma meta pré-estabelecida pela empresa do custo de produção,
tomando como base todos os fatores que envolvem a produção. Para Martins (2003, p.316)
seu grande objetivo é o de fixar uma base de comparação entre o que ocorreu de custo e o que
deveria ter ocorrido. Deve ser associado com qualquer outro tipo de custeio, o que o faz mais
uma técnica auxiliar do que uma forma de custeio, propriamente dita.
Existem três tipos de Custo-Padrão, o Ideal, o Estimado e o Corrente. O Custo-Padrão
Ideal deve ser definido segundo critérios científicos, baseado em estudos da Engenharia de
Produção da empresa, dentro de condições ideais de qualidade dos materiais, de eficiência da
mão-de-obra e com o mínimo de desperdício de todos os insumos envolvidos. Esse tipo de
custeio pode oferecer risco à continuidade da empresa se utilizado como critério para a
tomada de decisão. O Custo-Padrão Estimado é determinado pela análise da evolução
histórica. Esse método não é muito útil como meta, uma vez que não considera as
ineficiências do passado. O Custo-Padrão Corrente é um ponto eqüidistante entre o Ideal e o
Estimado. A empresa faz o estudo da produção, reconhecendo as ineficiências que não
poderão ser corrigidas e até mesmo as que deverão passar por uma gradativa evolução.
O sistema de custeio ABC (Activity Based Costing) é um método novo de alocar os
custos baseado nas atividades e não nos produtos fabricados. Atribui-se os custos de fabricar
um produto às atividades necessárias à fabricação e então soma o custo dessas atividades para
determinar o custo de fabricar o produto (MAHER, 2001, p.51). A idéia é controlar os custos
de cada atividade desenvolvida, uma vez que são elas que consomem os recursos da
produção. Brito e Silva (2001, p. 3) afirmam que ao descer a níveis de detalhamento o método
vai procurando identificar com maior grau de apuração o custo do produto e
consequentemente com o direcionamento das atividades, vai diminuindo o grau de rateio dos
custos indiretos aos produtos. Essa característica tem sido importantíssima em virtude do
aumento da participação dos custos fixos no custo total dos produtos, como conseqüência da
mecanização em todos os setores produtivos. Maher (2001, p. 280) afirma que se os
administradores querem que seus produtos sejam competitivos, é bom que conheçam (1) as
atividades realizadas para fabricar os produtos ou prestar os serviços e (2) os custos dessas
atividades.
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5. Custos na agricultura
O estudo dos custos pode ser aplicado a qualquer organização. Porém, é necessário
considerar as características do negócio e as necessidades dos seus usuários, sejam eles
internos ou externos. Na agricultura se faz necessário um modelo diferente que contemple as
suas características.
Schuh (1976, p. 103) afirma que para certo propósito e determinada extensão de prazo,
uma estimativa será mais relevante; para outra situação, será outra estimativa a mais
relevante. Grande parte do tempo de produção agrícola não se dá pelo trabalho direto, mas
pela força da natureza no decorrer do tempo. Por isso, um sistema de custos na agricultura não
pode deixar de privilegiar esse custo de se manter a terra “produzindo por si mesma”.
Oliveira (1971, p. 2) apresenta a seguinte estrutura de custos:
Custo de implantação
Capital necessário a ser investido na organização da empresa (terra,
imóveis e máquinas)
Custo de produção
1. Custo de formação do pomar (1ª fase: vai do preparo do terreno
até o plantio definitivo; 2ª fase: cálculo dos gastos que devem
ocorrer até o pomar começar a produzir)
2. Despesas gerais
Despesas diversas
Despesas de depreciação e conservação de benfeitorias,
construções, instalações e melhoramentos.
Despesas de conservação e depreciação de máquinas, utensílios,
implementos e veículos.
Juros sobre o capital fixo.
Juros sobre o capital de exploração.
Juros sobre o capital circulante.
Imposto sobre o imóvel rural.
3. Importâncias anuais necessárias durante a formação do pomar
4. Custo total de formação do pomar
Despesas de plantio
Despesas de cultivo
Despesas gerais
5. Custeio do pomar de produção
6. Receita proveniente do pomar
7. Lucro e remuneração ao capital investido
Perceba que “lucro e remuneração ao capital investido” aparece como custo de
produção. Essa definição se enquadra na de Schuh (1976, p.98) que classifica os custos em
contratuais e não contratuais, sendo que os últimos compreendem o que geralmente é referido
como lucro. Isso pelo fato de ser uma planilha de projeção de futuro. E, entende-se como
incorreto estabelecer o “lucro” antecipadamente.
O conceito de custo de produção engloba a remuneração de todos os fatores
envolvidos na produção, inclusive, terra, capital e trabalho. Matsunaga et al. (1976, p.126) dia
que “o custo de produção é definido como sendo a soma dos valores de todos os serviços
produtivos dos fatores aplicados na produção de uma utilidade, sendo esse valor global
equivalente ao sacrifício monetário total da firma que a produz”.
O resultado da produção destina-se a remunerar todos os fatores envolvidos no
processo produtivo. Todos os insumos são sacrificados para se alcançar depois de algum
tempo os produtos. Por isso, um dispêndio só pode ser considerado no cálculo dos custos se
estiver ligado a um ou mais insumos.
Aqui cabe uma discussão sobre os impostos. Aqueles ligados aos insumos devem ser
embutidos no preço desses, inclusive o Imposto Territorial Rural. A administração também é
um insumo, e também os seus encargos compõem o custo de produção. Porém, o Imposto de
Renda não deve fazer parte dos custos.
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F1 F2 F3
Área total 1.040 ha 1.094 ha Prop. arrendada
Área PIF-Mamão 20 ha 157 ha 136 ha
Total com mamão 30 ha 157 ha 236 ha
Outras culturas 209 ha 687 ha -
68 fixos 250 fixos
Nº de empregados 22 fixos
15 temporários 100 temporários
Irrigação Sim Sim Sim
Fonte: Entrevistas aos produtores em maio de 2007.
Quadro 2. Caracterização das propriedades certificadas.
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Tabela 1. Efeito da redução no uso de agrotóxicos, por hectare, na cultura do mamão no primeiro ano, Extremo
Sul da Bahia (em R$).
Itens Convencional F1 F2 F3
Pulverizações e aplicação de herbicida 1.273,88 828,02 891,72 891,72
Uso de agrotóxicos 1.447,02 940,56 1.012,91 1.012,91
COE* 12.665,00 11.712,69 11.848,73 11.848,73
Economias geradas 952,32 816,27 816,27
* Custo Operacional Efetivo
Fonte: Convencional: FNP CONSULTORIA E COMÉRCIO (2007). F1, F2 e F3: Dados da pesquisa.
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Tabela 2. Efeito da redução no uso de agrotóxicos, por hectare, na cultura do mamão no segundo ano, Extremo
Sul da Bahia (em R$).
Itens Convencional F1 F2 F3
Pulverizações e aplicação de herbicida 1.684,16 1.094,70 1.178,91 1.178,91
Uso de agrotóxicos 1.884,54 1.224,95 1.319,18 1.319,18
Custo Operacional Efetivo - COE 14.783,00 13.533,96 13.712,39 13.712,39
Economias geradas 1.249,05 1.070,61 1.070,61
Fonte: Convencional: FNP CONSULTORIA E COMÉRCIO (2007). F1, F2 e F3: Dados da pesquisa.
A economia total por hectare em F1 é de R$ 2.201,37, e de R$ 1.886,88 em F2 e F3.
Questionou-se também os produtores acerca dos possíveis efeitos negativos da PIF
sobre os custos de produção. Foi percebido por F3 aumento da necessidade de mão-de-obra,
sendo contratados mais 2 (dois) empregados com salários de R$ 1.600,00. Em F1 e F2 não
houve contratações.
Considerando-se encargos sociais de 80%, têm-se um incremento de custo de R$
402,42 por hectare ao final do segundo ciclo (Tabela 3).
Itens F1 F2 F3
Certificação 3.800,00 6.000,00 8.000,00
Construção de sanitários - 1.500,00 4.000,00
Construção de depósito para agrotóxicos 800,00 5.000,00 6.000,00
Construção de local reservado à mistura 2.000,00 1.000,00 *
Depósito para embalagens vazias 500,00 2.000,00 *
Total com capacitação dos empregados 4.500,00 5.000,00 6.000,00
Aquisição de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) 3.000,00 3.000,00 6.000,00
Calibração de equipamentos 800,00 800,00 500,00
Compra de equipamentos 3.500,00 300,00 2.500,00
Elaboração de Projeto de Gestão Ambiental 4.000,00 4.000,00 4.000,00
Construção de refeitório - 10.000,00 -
Total 22.900,00 38.600,00 37.000,00
N° de hectares 20 157 136
Total por ha 1.150,00 250,00 270,00
*Inclusos no item anterior.
Fonte: Entrevistas aos produtores em maio de 2007.
A capacitação em PIF é composta de 12 (doze) cursos obrigatórios: (i) preenchimento
de cadernetas de campo, (ii) normas técnicas específicas para a cultura do mamoeiro, (iii)
regulagem e aferição de máquinas aplicadoras de insumos, (iv) operador de máquinas
agrícolas, (v) aplicação de agrotóxicos/EPI/armazenamento e embalagem de agrotóxicos, (vi)
manejo de pragas e doenças, (vii) formação de pragueiros, (viii) colheita e pós-colheita, (ix)
boas práticas agrícolas (produção de mudas, manejo físico do solo, plantio e práticas culturais,
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Tabela 5. Valor médio da produção sob o Sistema Convencional x PIF x Exportações, em F3, maio de 2007,
Extremo Sul da Bahia.
Tabela 6. Fluxo de caixa das fazendas certificadas PIF-Mamão do Extremo Sul da Bahia em relação ao Sistema
Convencional, maio de 2007.
7. Considerações finais
Embora a maior ênfase do Sistema de Produção Integrada não seja econômica, antes o
respeito ao meio ambiente e ao homem pela produção de frutos saudáveis, verifica-se a
viabilidade econômica dos investimentos feitos pelas fazendas produtoras de mamão do
Extremo Sul da Bahia na adequação das propriedades às normas da PIF.
Verifica-se o retorno do investimento com vantagem comparativa em relação ao
Sistema Convencional apenas pela redução dos gastos com agrotóxicos decorrente das
práticas de Manejo Integrado de Pragas. Essa vantagem é muito mais significativa quando há
incremento nos preços de venda no mercado interno ou abertura do mercado externo.
Conclui-se portanto que a PIF representa para as propriedades certificadas do Extremo
Sul da Bahia aumento de qualidade e agregação de valor, aliados a redução de custos.
Recomenda-se investimentos em marketing para gerar demanda disposta a pagar mais
pelo mamão certificado no mercado interno; associação entre produtores para reduzir os
custos da certificação e desenvolvimento de programas de incentivo às exportações.
Faz-se necessário ainda um novo estudo sobre os custos de produção e custos de
certificação, o que exige um acompanhamento por vários ciclos produtivos coletando-se todos
os custos de produção para a confirmação das estimativas desta pesquisa.
8. Referências
ALOE, A.; VALLE, F. Contabilidade agrícola. 7. ed. rev. atual. São Paulo: Atlas, 1981.
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