Você está na página 1de 84

FLUÊNCIA

DA FALA
Professor(a) Esp. Ana Paula Taborda do Nascimento
REITORIA Prof. Me. Gilmar de Oliveira
DIREÇÃO ADMINISTRATIVA Prof. Me. Renato Valença
DIREÇÃO DE ENSINO PRESENCIAL Prof. Me. Daniel de Lima
DIREÇÃO DE ENSINO EAD Profa. Dra. Giani Andrea Linde Colauto
DIREÇÃO FINANCEIRA Eduardo Luiz Campano Santini
DIREÇÃO FINANCEIRA EAD Guilherme Esquivel
COORDENAÇÃO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO Profa. Ma. Luciana Moraes
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE ENSINO Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE PESQUISA Profa. Ma. Luciana Moraes
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE EXTENSÃO Prof. Me. Jeferson de Souza Sá
COORDENAÇÃO DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal
COORDENAÇÃO DE PLANEJAMENTO E PROCESSOS Prof. Me. Arthur Rosinski do Nascimento
COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA EAD Profa. Ma. Sônia Maria Crivelli Mataruco
COORDENAÇÃO DO DEPTO. DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS Luiz Fernando Freitas
REVISÃO ORTOGRÁFICA E NORMATIVA Beatriz Longen Rohling
Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante
Caroline da Silva Marques
Eduardo Alves de Oliveira
Jéssica Eugênio Azevedo
Marcelino Fernando Rodrigues Santos
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Bruna de Lima Ramos
Hugo Batalhoti Morangueira
Vitor Amaral Poltronieri
ESTÚDIO, PRODUÇÃO E EDIÇÃO André Oliveira Vaz
DE VÍDEO Carlos Firmino de Oliveira
Carlos Henrique Moraes dos Anjos
Kauê Berto
Pedro Vinícius de Lima Machado
Thassiane da Silva Jacinto

FICHA CATALOGRÁFICA

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP

N244f Nascimento, Ana Paula Taborda do


Fluência e fala / Ana Paula Taborda do Nascimento.
Paranavaí: EduFatecie, 2024.
83 p.: il. Color.

1. Fonoaudiologia. 2. Distúrbios da fala. 3. Gagueira. I. Centro


Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância.
III. Título.

CDD: 23. ed. 616.855


Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577

As imagens utilizadas neste material didático


são oriundas do banco de imagens
Shutterstock .

2023 by Editora Edufatecie. Copyright do Texto C 2023. Os autores. Copyright C Edição 2023 Editora Edufatecie.
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva
dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permitido o download da
obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la
de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
AUTOR

Professor(a) Esp. Ana Paula Taborda do Nascimento

• Bacharel em Fonoaudiologia (Unicesumar)


• Pós-graduação em Fonoaudiologia Hospitalar (ISEPE)
• Pós-graduação em Terapia Cognitivo-Comportamental (FAMEESP)
• Pós-graduação em Intervenção ABA aplicada ao Transtorno do Espectro Autista
(TEA) (FAMEESP)
• Curso PROMPT: Introdução à Técnica (The PROMPT Institute)
• Curso Multigestos Fala (MultiGestos Cursos)
• Curso DTTC – Dynamic Temporal and Tactile Cueing (Borges e Caetano Cursos)
• Especialista em desenvolvimento de fala e linguagem
• Fonoaudióloga Clínica.

Trabalhou como Fonoaudióloga Home Care na área da fonoaudiologia Hospitalar


entre 2019 a 2022.

3
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Olá, Aluno(a)!
Seja bem-vindo(a) à jornada de aprendizado sobre a complexidade da fluência e
disfluência na comunicação verbal. Este curso é dividido em quatro unidades, cada uma ex-
plorando aspectos essenciais para profissionais de saúde, especialmente fonoaudiólogos,
compreenderem e abordarem os desafios relacionados à fala.
Em Fundamentos da Fluência e Disfluência na Fala, na primeira unidade, destaca-
mos a importância de compreender os conceitos de fluência e disfluência na fala para uma
análise eficaz da comunicação verbal. Abordamos também a gagueira, um tema complexo
com fatores orgânicos, psicológicos e sociais, enfatizando a influência do ambiente e das
interações sociais, além de uma possível base genética.
No Distúrbios Específicos da Fluência na Fala, na segunda unidade, adentramos
nos diferentes distúrbios da fluência na fala, como gagueira neurogênica, gagueira psico-
gênica, taquilalia e taquifemia.
Já na Anamnese da Gagueira em Crianças e Adultos, na terceira unidade, aborda
a complexidade da anamnese da gagueira em crianças, destacando a influência de fatores
genéticos e ambientais. Para a gagueira em adultos, a terapia.
Sobre o Diagnóstico e Tratamento da Taquifemia e Taquilalia Encerramos o curso
com a quarta unidade, explorando que o diagnóstico e tratamento da taquifemia e taquilalia
requerem uma abordagem abrangente. Profissionais de saúde serão capacitados a lidar
eficazmente com esses distúrbios, promovendo uma comunicação verbal saudável e eficaz.
Prepare-se para uma jornada rica em conhecimento e compreensão, onde a
expertise adquirida nesse curso será fundamental para enfrentar os desafios complexos
relacionados à fluência e disfluência na comunicação verbal. Boa aprendizagem!
Bons estudos!

4
SUMÁRIO

UNIDADE 1
Fluência e Disfluência

UNIDADE 2
Gagueira do Desenvolvimento, Gagueira Neurogênica,
Gagueira Psicogênica, Taquilalia, Taquifemia.

UNIDADE 3
Avaliação da Fluência, Anamnese, Coleta e Análise
de Amostras de Fala, Parâmetros da Fluência,
Tratamento dos Distúrbios da Fluência.

UNIDADE 4
Programas de Tratamento para Adolescentes
e Adultos, Taquilalia e Taquifemia

5
Professor(a) Esp. Ana Paula Taborda do Nascimento
DISFLUÊNCIA
FLUÊNCIA E

• Conhecer as causas da disfluência;.


• Definição de Fluência e Disfluência.

Objetivos da Aprendizagem
UNIDADE

• Compreender a fluência na fala;


• Reconhecer a disfluência;
Plano de Estudos
1
.............................................................
.............................................................
.............................................................
.............................................................
.............................................................
.............................................................
.............................................................
INTRODUÇÃO
Oi, tudo bem? Seja bem-vindo(a) a nossa primeira unidade da Disciplina Fluência
da Fala. Acredito que, assim como eu, você deve estar com muitas expectativas para iniciar
essa trilha de aprendizagem. Portanto, procure um lugar confortável e se acomode, porque
vamos realizar uma introdução de Fluência da Fala a partir de agora.
A fluência da fala é uma característica fundamental da comunicação humana que
desempenha um papel crucial em nossa capacidade de transmitir pensamentos, emoções e
informações de maneira eficaz. Este aspecto da linguagem é muitas vezes considerado um
dos pilares da comunicação bem-sucedida, juntamente com a clareza e a compreensibilidade.
A fluência é um elemento complexo que pode ser influenciado por diversos fatores,
como aspectos neurológicos, psicológicos e sociais, e sua importância é evidente em con-
textos diversos, desde a interação cotidiana até o desempenho profissional e acadêmico.
Nesse breve estudo, exploraremos a fluência e a disfluência da fala em detalhes, discutindo
sua importância e os fatores que a afetam.
Nessa unidade vamos falar sobre o conceito da fluência e disfluência da fala,
analisando suas características, causas e implicações na comunicação cotidiana. Ao com-
preender esses aspectos, poderemos apreciar melhor a complexidade da linguagem falada
e aprender a reconhecer, aceitar e lidar com as disfluências quando elas ocorrem. À medida
que mergulhamos nesse tópico, será possível apreciar como a fluência e disfluência da fala
desempenham um papel fundamental em nossa vida diária e em nossa capacidade de nos
conectarmos com os outros de maneira significativa.

Está preparado(a)?! Então vem comigo!


Bons estudos!

UNIDADE 1 FLUÊNCIA E DISFLUÊNCIA 7


1
TÓPICO

DEFINIÇÃO DE
FLUÊNCIA E
DISFLUÊNCIA

Para compreender o conceito de disfluência, é fundamental começar discutindo o


conceito de fluência na fala. A fluência, em termos simples, se refere a uma sequência de
sons da fala que é pronunciada de maneira contínua e clara, de forma que seja facilmente
compreendida pelo ouvinte. Quando essa fluência é interrompida ou perturbada de alguma
forma, entramos no território da disfluência.
Podemos definir a fluência em termos de quatro fatores-chave: sincronização respi-
ratória correta, iniciação suave e harmoniosa da fala, sustentação da coluna de ar e vibração
adequada das pregas vocais. Esses elementos contribuem para uma fala contínua e fluida.
A fluência verbal é o resultado de uma integração harmoniosa entre a pressão de ar
subglótica e a pressão de ar supraglótica, juntamente com a correta resistência das pregas
vocais. Portanto, a coordenação precisa ser perfeitamente sincronizada entre os músculos
envolvidos para que a fluência na fala seja alcançada.
A fluência na fala pode ser caracterizada por quatro parâmetros fundamentais:
• Sequência ou Organização Temporal: Refere-se à maneira como os fonemas
são organizados em uma expressão linguística, ou seja, a ordem em que são
pronunciados.
• Duração da Articulação: Indica o tempo necessário para articular cada ele-
mento fonético. Em condições normais, a articulação de cada fonema leva cerca
de 0,3 segundos. No entanto, em situações de tensão ou emoção, esse tempo
pode aumentar ligeiramente.

UNIDADE 1 FLUÊNCIA E DISFLUÊNCIA 8


• Velocidade da Articulação: Este parâmetro se relaciona com a rapidez com
que os elementos fonéticos são pronunciados. Cada elemento fonético tem uma
duração variável, e a velocidade da articulação afeta a fluência da fala.
• Ritmo e Prosódia: Isso engloba a cadência, melodia, tonalidade e intensidade
da fala, ou seja, a forma como as palavras e frases são entoadas e entonadas
ao longo da comunicação. Esses aspectos prosódicos desempenham um papel
importante na percepção da fluência verbal.

Portanto, a fluência na fala é caracterizada pela organização temporal dos fonemas,


a duração da articulação, a velocidade da articulação e os aspectos prosódicos que incluem
ritmo, melodia, tonalidade e intensidade. Esses parâmetros combinados desempenham um
papel crucial na compreensão e avaliação da fluência da linguagem falada.
De acordo com Escarpa (1995), o pesquisador Fillmore (1979) propôs quatro tipos
de fluência, cada um relacionado a diferentes aspectos do uso efetivo da linguagem:
• O primeiro tipo de fluência diz respeito à capacidade de falar de forma extensa,
sem interrupções, hesitações ou a necessidade de pensar sobre o que será dito,
tornando a fala quase automática.
• O segundo tipo de fluência está ligado à habilidade de dominar os recursos
semânticos e sintáticos da língua, tornando possível a produção de sentenças
coerentes e bem estruturadas.
• O terceiro tipo de fluência envolve a capacidade de lidar com uma ampla varie-
dade de tópicos e a habilidade de escolher as palavras apropriadas em diferentes
contextos de maneira eficiente.
• O quarto tipo de fluência é caracterizado pela capacidade de se expressar de
maneira criativa, usando trocadilhos, metáforas e formas inovadoras de comu-
nicação. Assim, a fluência na fala é um conceito multifacetado que envolve a
capacidade de se comunicar de forma eficaz em diversos aspectos, desde a
continuidade da fala até a expressão criativa. A compreensão desses aspectos é
fundamental para identificar e entender as disfluências na linguagem.

A fluência é percebida como um conceito dependente do contexto, é a habilidade de


planejar e expressar a fala de forma simultânea. A fluência é como uma impressão no ouvinte
de que os processos psicolinguísticos de planejamento e produção da fala estão ocorrendo
de maneira fácil e eficiente, a fluência também pode se considerada como uma habilidade
processual automática na produção da fala, que não requer uma atenção ou esforço signi-
ficativo por parte do falante. Essa definição também foi adotada por (JAKUBOVICZ, 2009)

UNIDADE 1 FLUÊNCIA E DISFLUÊNCIA 9


Andrade (2001) define a fluência como uma fala contínua e suave, e descrevem
como aquela que exige pouco esforço motor, emocional e cognitivo durante a sua produção.
Jakubovicz (1997) argumenta que, além de ser produzida sem esforço, a fala fluente deve
ser percebida pelo ouvinte como natural. É importante notar que a literatura apresenta
várias tentativas de caracterização da fluência na fala.
No entanto, é essencial ressaltar que a fluência na fala não é uma ocorrência cons-
tante. A menos que se trate de uma fala decorada, raramente encontramos uma fala com-
pletamente fluente. Os falantes são frequentemente interrompidos por desorganizações no
discurso, intencionais ou não, tornando-os frequentemente disfluentes. (JAKUBOVICZ, 2009)

Portanto, entendemos que a fala comum e espontânea, como aquela em ambientes


familiares, conversas entre amigos, ou situações formais como aulas, discursos, entrevis-
tas de emprego e sermões religiosos, está repleta de disfluências. Estas disfluências são
consideradas “lapsos normais”, comuns na língua. No entanto, quando essas disfluências
ocorrem em excesso, elas podem causar uma impressão negativa no ouvinte, tornando a
fala percebida como “incorreta”. A fluência é mais frequentemente observada em discursos
controlados, como as falas ensaiadas de atores de teatro, locutores esportivos e radialistas.
É importante notar que, mesmo em situações de fala controlada, como a narração
de eventos esportivos, não estamos isentos de lapsos ou interrupções na comunicação. Por
exemplo, é comum perceber que os comentários feitos por locutores durante uma partida de
futebol são mais suscetíveis a disfluências do que a narração propriamente dita. Isso ocorre
porque, durante os comentários, as ideias estão sendo formuladas em tempo real, o que é
diferente da narração, que geralmente envolve uma fala mais ensaiada e treinada. Mesmo
ouvintes atentos já devem ter notado essas interrupções na fala durante essas situações.
No entanto, de acordo com, (JAKUBOVICZ, 2009) a fluência na fala, no sentido
de uma continuidade absoluta e perfeita sequência de palavras, é impossível devido à
necessidade de respirar. As pausas para a respiração são inevitáveis e contribuem para
a disfluência na fala. Segundo os autores, em média, respiramos a cada cinco segundos,
ou seja, cerca de doze vezes por minuto. Essas pausas para a respiração são naturais e
essenciais para o processo de comunicação oral.
Conforme apontado por(JAKUBOVICZ, 2009) a fala não planejada é um processo
que se desenrola quando é proferida, ou seja, está constantemente em construção. O pla-
nejamento e a verbalização ocorrem simultaneamente durante a interação verbal, dando
origem a uma forma dinâmica e, portanto, descontínua de comunicação. A autora faz uma
analogia interessante, comparando a fala a um filme devido à sua natureza em constante

UNIDADE 1 FLUÊNCIA E DISFLUÊNCIA 10


evolução, enquanto o texto escrito é mais estático e se assemelha a um quadro. A des-
continuidade frequente no fluxo discursivo , é resultado de fatores de natureza cognitiva
e interacional, refletindo a natureza viva e em constante mudança da comunicação oral
(JAKUBOVICZ, 2009).

É comum que as pessoas produzam disfluências naturais durante a fala, e as


disfluências comuns são consideradas perturbações não prejudiciais na comunicação. Os
autores apresentam três motivos para estudar a disfluência comum (JAKUBOVICZ, 2009).
Primeiro, a disfluência na fala é considerada normal, como indicado pelos dados
dos autores, que revelam que, em média, de seis a dez disfluências podem ocorrer a cada
100 palavras. Na maioria das vezes, essas disfluências são praticamente imperceptíveis
para os ouvintes.
Além disso, as disfluências introduzem novo conteúdo lexical por meio de repe-
tições, correções e outros fenômenos. Ferreira e Bailey (2004) apontam que esse novo
conteúdo pode resultar em enunciados a-gramaticais, abrindo possibilidades para estudos
adicionais. Por exemplo, eles mencionam que o fragmento “Em que museu fica?” contém
conteúdo não gramatical devido à repetição de “é isso” embora essa falha não prejudique a
compreensão humana. Isso sugere que existem outros meios para distinguir essas rupturas
do restante do discurso.
Por último, o terceiro motivo para estudar as disfluências comuns é que os meca-
nismos sintáticos, como o “analisador,” podem auxiliar na compreensão da estrutura em
que essas disfluências são incorporadas. Por exemplo, em uma correção do tipo “você vai
colocar – você deve deixar cair a bola” no nível descritivo, a sintaxe integra a sequência
“você vai colocar” como parte do enunciado, de modo que o sistema linguístico não descon-
sidera as expressões que não estão sintaticamente corretas na sentença. Isso ressalta a
complexidade da análise das disfluências na comunicação e sua importância na compreen-
são da linguagem falada.
A disfluência na fala, se refere a interrupções e hesitações durante a comunicação
verbal. Essas interrupções podem ocorrer independentemente de alguém ser considerado
um locutor disfluente (gago) ou não. Existem diferentes classificações para a disfluência,
algumas associadas a distúrbios neurológicos e outras relacionadas ao ritmo da fala.
A identificação da disfluência muitas vezes depende do julgamento do ouvinte, que
pode ter seus próprios critérios para determinar o que é considerado uma fala fluente.
Alguns podem considerar o uso frequente de palavras como “eh” ou “ne” como sinais de
disfluência, enquanto outros podem achar isso normal e não associado à gagueira.

UNIDADE 1 FLUÊNCIA E DISFLUÊNCIA 11


Para esclarecer as interrupções na fala, precisamos observar os termos que indi-
cam gagueira:
IMAGEM 1 - SERÁ QUE É GAGUEIRA?

Fonte: https://clipi.com.br/2016/10/24/sera-que-e-gagueira

A) Repetição: Isso pode envolver a repetição de sílabas ou frases, que pode ocor-
rer de 1 a 5 vezes. Às vezes, a distinção entre a repetição de sílabas e palavras pode ser
ambígua, mas qualquer quebra na fluência é considerada uma repetição.
B) Pausas: Pausas na fala podem ocorrer por diversos motivos, como espera para
chamar a atenção do ouvinte, circunstâncias externas, momentos de reflexão para escolher
as palavras, pausas involuntárias ou a inserção de interjeições.
C) Interjeições: Isso inclui a inserção de sons, palavras ou frases curtas no discurso,
como “ah”, “hum”, “eh”, “bem”, “né”, entre outros.
D) Bloqueio: Envolve bloqueios na fala causados por esforço físico súbito ou tensão.
O texto também menciona uma classificação das disfluências feita por Johnson em 1959,
que inclui categorias como interjeições, repetições de sons, palavras e frases, revisões de
frases, frases incompletas, palavras quebradas e sons prolongados.
O autor Johnson (1959) realizou um estudo que resultou na classificação de oito
categorias de disfluências, que incluem.
Interjeições, como “ah!”, “bem!”, “ai!”, “tá!”, “né!”, entre outras.
Repetição de sons, exemplificado por “p-p-p-parque.”
Repetição de palavras, como “eu, eu, eu fui ao parque.”
Repetição de frases, por exemplo, “eu ia, eu ia, eu ia dizer isso mesmo.”
Revisão de frases, como “eu ia, eu fui ao parque e você não estava lá.”
Frases incompletas, ilustradas por “eu ia… depois que cheguei, lá voltei.”
Palavras partidas, representadas por “eu f- (pausa) ui para casa da minha amiga.”
Sons prolongados, como “s, s s s saiu de perto.”

UNIDADE 1 FLUÊNCIA E DISFLUÊNCIA 12


Contudo, observa-se que a classificação de Johnson inclui elementos que não
se alinham com a maioria das definições de gagueira, como revisões de palavras, frases
incompletas e interjeições, que são mais típicas da disfluência normal na fala. Isso levanta
a questão de discernir o que é considerado normal em comparação com a disfluência rela-
cionada à gagueira.
Além disso, apresenta-se uma classificação das disfluências feita por Hill (1955),
que distingue entre disfluências típicas e atípicas:
» Disfluência típica envolve interjeições, hesitações na fala, palavras inacabadas,
revisões de frases e repetição de palavras (no mínimo 2 vezes).
» Disfluências atípicas incluem repetição de palavras (3 ou mais vezes), repetição
de sílabas, repetição de sons, prolongamentos e bloqueios.

Em 1959, o pesquisador Johnson (1959) realizou um estudo na Universidade de


Minnesota, onde examinou 68 meninos e 23 meninas com idades de 2 anos e meio e 8 anos.
Ele agrupou crianças que tinham gagueira com crianças que não tinham gagueira da mesma
faixa etária e analisou vários aspectos, cujos resultados estão resumidos no Quadro 1.
A conclusão de Johnson foi que as crianças com gagueira apresentaram mais
interrupções na fluência da fala do que as crianças sem gagueira na maioria dos aspectos
analisados. No entanto, não foram encontradas diferenças significativas em alguns aspec-
tos, como o uso de interjeições, a revisão de frases e frases incompletas.
importante observar que a pesquisa de Johnson comparou crianças em duas faixas
etárias muito diferentes no que diz respeito ao desenvolvimento da linguagem. Crianças de
2 a 4 anos estão nos estágios iniciais da aprendizagem da linguagem, enquanto as crianças
de 6 a 8 anos já passaram por estágios anteriores de desenvolvimento e estão em um
estágio mais avançado no uso da linguagem.

QUADRO 1 – PARÂMETROS E RESULTADOS


Tipo de disfluência Crianças gagas Crianças não-gagas
Interjeições 3,62 3,13
Repetição de sílaba 5,44 0,61
Repetição de palavras 4,28 1,07
Repetição de frases 1,14 0,61
Revisão de frase 1,30 1,43
Frases incompletas 0,34 0,23
Palavras partidas 0,12 0,04
Prolongamentos 1,67 0,16
Fonte: Johnson (1959)

UNIDADE 1 FLUÊNCIA E DISFLUÊNCIA 13


Quando uma criança inicia sua jornada na escola aos 7 anos, ela está começando
a aprender a ler e escrever, ou seja, está no início do processo de alfabetização. Isso é uma
fase importante em que ela está compreendendo a estrutura da língua.
Em 2003, uma pesquisadora chamada Jakubovicz teve uma ideia interessante. Ela
decidiu investigar como as crianças lidam com os momentos em que têm dificuldade para
falar fluidamente. Ela dividiu as crianças em dois grupos: um com 3 e 4 anos de idade e
outro com 6 e 7 anos. Nenhum dos participantes tinha histórico de gagueira, e seus pais
responderam a perguntas sobre como as crianças se comunicavam.
Em seguida, Jakubovicz pediu para que as crianças contassem uma história, como
a da Chapeuzinho Vermelho ou dos Três Porquinhos. Ela gravou esses relatos, transcreveu
e analisou apenas 100 palavras ditas por cada criança. Os resultados dessa análise estão
resumidos em um quadro, Quadro 2.
Se olharmos para o Quadro 2, podemos notar uma diferença na fluência da fala
entre as idades de 3-4 anos e 6-7 anos. Isso sugere que, à medida que a criança cresce
e amadurece, ela tende a superar as dificuldades na fala, ficando apenas com pequenas
interrupções e repetições de palavras. Portanto, parece que a capacidade de falar fluente-
mente é uma conquista que ocorre à medida que a criança adquire e pratica a linguagem.
Outro ponto importante é que, em crianças com idades entre 3 e 7 anos, conside-
ra-se aceitável que 12 a 15% de suas falas tenham alguma dificuldade na fluência. Valores
acima desse intervalo indicam que a criança está enfrentando dificuldades na fala que não
são típicas e que precisam ser observadas com mais atenção.
A disfluência apresenta diferentes classificações atribuídas a essas interrupções na
comunicação verbal. Os autores, em geral, concordam quanto à descrição das manifesta-
ções visíveis da gagueira, mas as divergências surgem principalmente no que diz respeito
às diversas causas associadas a esse fenômeno.

QUADRO 2 – PARÂMETROS E RESULTADOS


Idades 3-4 6-7
Repetição da sílaba 0,5 0,6
Repetição da palavra 2,7 2,3
Repetição da frase 1,3 0,9
Frases abordadas 2,6 1,8
Interjeições 8,2 6,5
Total das disfluências 15,3% 12,1%
Fonte: Johnson (1959)

UNIDADE 1 FLUÊNCIA E DISFLUÊNCIA 14


As teorias que explicam a gagueira podem ser divididas em três grupos principais:
orgânicas, psicológicas e sociais.
• Teorias Orgânicas: Essas teorias frequentemente relacionam a gagueira a
causas neurológicas, como a epilepsia, afasia, disfunção cerebral mínima, lesões
cerebrais, dominância cerebral, incoordenação motora, retardo na mielinização
das áreas corticais relacionadas à fala, ou a problemas sensoriais e perceptivos,
como a teoria de feedback auditivo retardado. Elas também consideram causas
congênitas, hereditárias, traumáticas, infecciosas, endócrinas, alérgicas, orgâni-
cas, cardiovasculares e metabólicas.
• Teorias Psicológicas: Essas teorias sugerem que a gagueira pode ser um
sintoma de conflitos intrapsíquicos, como conflitos entre o desejo de falar e fa-
tores inconscientes que impedem o sujeito de se expressar. Também exploram
conflitos relacionados a falar ou não falar.
• Teorias Sociais: Abordam a causa da gagueira não no indivíduo, mas nas di-
nâmicas de suas relações com outras pessoas. Além disso, existe a categoria de
Teorias de Aprendizagem, que descrevem a gagueira como um hábito adquirido
durante o desenvolvimento da criança. Segundo essas teorias, a disfluência nor-
mal da fala pode ser reforçada de maneira negativa, levando ao desenvolvimento
da gagueira.

Em resumo, embora haja um consenso entre os autores sobre os aspectos obser-


váveis da gagueira, as divergências surgem principalmente na tentativa de identificar suas
causas subjacentes. As teorias podem ser agrupadas nas categorias orgânicas, psicológi-
cas, sociais e de aprendizagem, cada uma oferecendo uma perspectiva única sobre esse
fenômeno complexo.
Existem várias teorias sobre as causas da gagueira. Algumas delas não se con-
centram em ideias de condicionamento, mas sim na influência do ambiente e de pessoas
significativas na vida da criança que gagueja.
Teoria de Wendell Johnson: Wendell Johnson (1961) acreditava que a gagueira é
causada em grande parte pelo julgamento inadequado das pausas normais na fala de uma
criança como sendo gagueira. Quando os pais e pessoas importantes na vida da criança
começam a corrigi-la de maneira excessiva, isso pode interferir no desenvolvimento normal
da fala e, na verdade, causar a gagueira.
Teoria de Bloodstein: Segundo esta teoria, a gagueira resulta de experiências pas-
sadas de dificuldades na fala. Ou seja, se uma pessoa teve problemas anteriores ao falar,
isso pode contribuir para o desenvolvimento da gagueira (BLOODSTEIN, 1975)

UNIDADE 1 FLUÊNCIA E DISFLUÊNCIA 15


Pesquisa de Van Riper: Van Riper conduziu uma pesquisa na qual encontrou um
número significativo de pessoas que eram consideravelmente disfluentes na fala, mas nunca
se preocuparam com o fato de serem gagas, e não foram julgadas por outras pessoas como
sendo gagas. Ele observou que essas pessoas tiveram pais e professores compreensivos
durante a infância. Isso sugere que o apoio e a compreensão na infância podem desempenhar
um papel importante na prevenção da gagueira. Ele se concentra nas relações interpessoais
e no processo de aprendizagem. Van Riper observa que as pessoas que gaguejam geral-
mente não gaguejam quando estão sozinhas, falando com crianças, animais, cantando ou
representando. Isso sugere que a gagueira pode estar relacionada a problemas emocionais
causados pelas circunstâncias em que a pessoa está falando (RIPER, 1971)
Teoria de Sheehan: Ela sugere que a gagueira pode ser causada por conflitos inter-
nos na mente da pessoa e por problemas nas relações com outras pessoas, especialmente
quando os pais não aceitam a maneira como a criança fala. A não aceitação faz a criança
se sentir culpada, o que pode causar conflito. Essa teoria também considera que a gagueira
pode ser causada por problemas na forma como a pessoa se apresenta aos outros, mais
do que ser apenas um problema de fala, é um problema de identidade (SHEEHAN, 1970).
Teoria de Wishner: Ela acredita que a gagueira pode ser desencadeada quando a
criança não é aceita por causa de pequenos problemas de fala, o que a faz sentir ansiedade,
pena e vergonha. Esses sentimentos podem levar a uma luta antecipatória, onde a pessoa
começa a esperar gaguejar, o que realmente faz a gagueira acontecer. Depois de gaguejar,
a pessoa se sente aliviada da ansiedade, o que pode reforçar o padrão (WISHNER, 1950).
Em resumo, essas teorias exploram diferentes aspectos do desenvolvimento da
gagueira, com ênfase na influência do ambiente e das interações com pessoas significati-
vas. Elas nos ajudam a entender que a maneira como as pausas na fala são percebidas e
tratadas na infância, bem como experiências passadas com a fala, podem desempenhar
um papel crucial no desenvolvimento da gagueira, essas teorias tentam explicar por que as
pessoas gaguejam, e cada uma delas aborda a gagueira de maneira um pouco diferente.
Algumas pessoas argumentam que as questões psicológicas desempenham um pa-
pel na gagueira. Isso significa que a gagueira pode ser resultado ou um sintoma de problemas
que ocorrem dentro da mente da pessoa. Vamos explorar alguns desses possíveis problemas:
• Conflitos internos: Às vezes, as pessoas podem enfrentar um conflito interno,
onde desejam falar, mas algo no nível inconsciente as impede de fazê-lo. Pode
ser como se houvesse uma luta dentro da mente entre o desejo de falar e algo
mais que as impede.

UNIDADE 1 FLUÊNCIA E DISFLUÊNCIA 16


• Conflito emocional: Outra ideia é que a gagueira pode ser causada por confli-
tos emocionais intensos. Isso significa que sentimentos opostos ou contraditórios
podem estar causando interrupções na fala. Pode ser como se houvesse uma
batalha entre sentimentos opostos que prejudicam a capacidade de falar fluen-
temente.
• Desejo de falar, às vezes não falar: Algumas pessoas podem experimentar
um conflito duplo, onde desejam falar, mas também têm medo de falar. Isso pode
resultar em momentos de silêncio e ansiedade, onde a pessoa fica dividida entre
sua vontade de se expressar e o medo de fazer isso.

Outros fatores psicológicos, como necessidades sexuais não resolvidas e agressi-


vidade reprimida, também podem desempenhar um papel na gagueira. Esses sentimentos
não resolvidos podem ser liberados de maneira incontrolável durante a fala, causando
interrupções. A ideia é que a gagueira pode estar relacionada a conflitos internos e emocio-
nais, bem como a outros fatores psicológicos não resolvidos, que afetam a capacidade da
pessoa de falar fluentemente.
Os aspectos psicológicos e emocionais relacionados à gagueira, são os esforços
físicos durante a fala, ansiedade, tensão, medo de falar, conflitos em relação ao ato de falar,
alterações fisiológicas e mudanças no comportamento social devido à gagueira.

IMAGEM 2 - HOMEM PESQUISANDO

Fonte:PEXELS.Disponivelecm:https://www.pexels.com/pt-br/foto/homem-formal-entediado-assistindo-laptop-na-mesa-3760811/

Há mais de 60 anos, os cientistas começaram a estudar a causa genética da ga-


gueira. No início, eles notaram que a gagueira parecia ocorrer mais frequentemente em
famílias, sugerindo que poderia ser transmitida de pais para filhos. No entanto, também

UNIDADE 1 FLUÊNCIA E DISFLUÊNCIA 17


observaram que a gagueira só se manifestava em alguns membros da família quando havia
influência de fatores ambientais.
Mais tarde, foi sugerido um novo modelo de transmissão genética da gagueira,
propondo que a condição poderia resultar da interação de vários genes, um modelo deno-
minado poligênico. Assim, ao invés de ser causada por um único gene, a gagueira pode
ser influenciada pela contribuição de múltiplos genes, tornando o quadro genético mais
complexo do que se pensava anteriormente (JAKUBOVICZ, 2009)

A explicação sobre como a gagueira pode ser transmitida, destacando a influência de


fatores genéticos e ambientais. Segundo eles, a gagueira é manifestada quando há uma predis-
posição genética e exposição a situações ambientais desencadeadoras (JAKUBOVICZ, 2009).
De maneira geral, se olharmos para diferentes grupos de pessoas, os riscos de ga-
gueira são diferentes dependendo de quão próximas são as relações familiares. A gagueira
é mais comum entre parentes de primeiro grau, como pais e filhos, do que entre parentes
mais distantes, como primos.

Experiências de fluência e disfluência da fala podem variar muito de pessoa para pessoa. Portanto, a aten-
ção à comunicação eficaz e o apoio às necessidades individuais são aspectos importantes a serem conside-
rados em qualquer discussão sobre esse tema.
Fonte: O autor (2023).

A fluência é uma abstração metodológica, baseada na leitura ensaiada ou profissional de um texto escrito,
ou em textos orais decorados e ensaiados. O sujeito fluente é abstrato e integra-se em algum estilo de fala
ou de comportamento social. No entanto, é com esta abstração ou esta ilusão necessária, em termos de
recortes epistemológicos, que se têm constituído os corpora analisados por modelos linguísticos.
Fonte: (SCARPA, 2006, p. 174).

UNIDADE 1 FLUÊNCIA E DISFLUÊNCIA 18


CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final da nossa primeira unidade! Espero que você tenha aproveitado
ao máximo os conhecimentos apresentados aqui. Você sabe que os estudos sobre esses
assuntos não acabam aqui, né?! Agora é o momento de procurar por mais informações,
continuar suas pesquisas em sites, revistas, artigos científicos, livros e vídeos, a fim de
enriquecer ainda mais seu repertório sobre o assunto!
Sabendo que você vai continuar seus estudos depois de finalizar a leitura da nossa
unidade, precisamos fechar nossas discussões, tendo a compreensão dos conceitos de
fluência e disfluência na fala que é fundamental para analisar a comunicação verbal. A
fluência envolve a capacidade de se expressar de maneira contínua e clara, abrangendo
diversos parâmetros, como organização temporal, duração da articulação, velocidade da
articulação e aspectos prosódicos.
A disfluência, por outro lado, refere-se a interrupções na fala, que podem ocorrer
devido a diversas razões. A fluência na fala é um conceito multifacetado, abrangendo
desde a continuidade da fala até a expressão criativa. Em contrapartida, a disfluência é
comum na linguagem falada, e varia de acordo com o contexto e a idade das pessoas.
Embora seja normal apresentar disfluências na fala, um excesso delas pode causar uma
impressão negativa no ouvinte.
A causa da gagueira é um tema complexo, com teorias que exploram fatores or-
gânicos, psicológicos e sociais. Algumas teorias enfatizam a influência do ambiente e das
interações sociais, destacando a importância do apoio e da compreensão na infância para
prevenir a gagueira. Além disso, estudos genéticos sugerem que a gagueira pode ter uma
base genética complexa, influenciada por fatores ambientais.
Em última análise, a fluência e a disfluência na fala são fenômenos intrincados,
influenciados por uma variedade de fatores, e a compreensão desses conceitos é crucial
para o estudo da linguagem e da comunicação.

UNIDADE 1 FLUÊNCIA E DISFLUÊNCIA 19


LEITURA COMPLEMENTAR
Artigo: O que fonoaudiólogos e estudantes de fonoaudiologia entendem por fluên-
cia e disfluência
Autor: Ana Maria Do Carmo Carvalho de Oliveira, Ignês Maia Ribeiro, Sandra
Merlo e Ana Lúcia de Magalhães Leal Chiappetta
Link de acesso: https://doi.org/10.1590/S1516-18462007000100006

Resenha: O artigo de Oliveira, Ribeiro, Merlo e Chiappetta traz uma pesquisa a


respeito sobre o que os fonoaudiólogos e estudantes de fonoaudiologia entendem
por fluência e disfluência, bem como os conceitos de fluência e disfluência, os
elementos que afetam a fluência e quais são os diferentes tipos de disfluência

Fonte: OLIVEIRA, A. RIBEIRO, I. MERLO, S. CHIAPPETTA, A. O que fonoaudió-


logos e estudantes de fonoaudiologia entendem por fluência e disfluência, p. 41-43, 2023.
DOI: 10.1590/s1516. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1516-18462007000100006.
Pdf. Acesso em: 15 out. 2023.

UNIDADE 1 FLUÊNCIA E DISFLUÊNCIA 20


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
• Título: Gagueira: Origem e Tratamento
• Autor: Silvia Friedman
• Editora: SUMMUS EDITORIAL LTDA.
• Sinopse: Silvia Friedman traçou um paralelo entre o processo
de desenvolvimento da consciência e a manifestação da gagueira.

FILME/VÍDEO
• Título: O discurso do Rei
• Ano: 2010
• Sinopse: O filme conta a história de um Príncipe da Inglaterra
que deve ascender ao trono como Rei George VI, mas ele tem
um problema de fala. Sabendo que o país precisa que seu marido
seja capas de se comunicar perfeitamente. Elizabeth contrata
Lionel logue, um ator australiano e fonoaudiólogo, para ajudar.

UNIDADE 1 FLUÊNCIA E DISFLUÊNCIA 21


2
.............................................................
.............................................................
.............................................................
.............................................................
.............................................................
.............................................................
.............................................................
UNIDADE

GAGUEIRA DO
DESENVOLVIMENTO,
GAGUEIRA NEUROGÊNICA,
GAGUEIRA PSICOGÊNICA,
TAQUILALIA, TAQUIFEMIA.
Professor(a) Esp. Ana Paula Taborda do Nascimento

Plano de Estudos
• Características da gagueira do desenvolvimento;
• Compreensão da gagueira e suas causas;
• Compreensão da gagueira neurogênica;
• Fatores psicológicos envolvidos na gagueira;
• Definição de taquilalia e taquifemia.

Objetivos da Aprendizagem
• Compreende os conceitos básicos;
• Identificar as causas;
• Diferenciar entre os distúrbios.
INTRODUÇÃO
Oi, tudo bem? Seja bem-vindo(a) a nossa segunda unidade da Disciplina Fluência
da Fala. Acredito que, assim como eu, você deve estar com muitas expectativas para iniciar
essa trilha de aprendizagem. Portanto, procure um lugar confortável e se acomode, porque
vamos realizar uma introdução sobre Gagueira do desenvolvimento, Gagueira neurogênica,
Gagueira psicogênica, Taquilalia, Taquifemia.
A partir de agora teremos uma visão abrangente sobre as diferentes formas de
gagueira, incluindo gagueira de desenvolvimento, gagueira neurogênica, gagueira psicogê-
nica, taquilalia e taquifemia. Na qual nos destaca as características distintas de cada tipo
de gagueira e as dificuldades associadas a cada um deles. Além disso, o texto menciona a
complexidade do diagnóstico diferencial entre essas condições, uma vez que compartilham
algumas semelhanças.
No entanto, o texto também enfatiza a importância de compreender e distinguir es-
ses distúrbios de fluência, pois isso é crucial para determinar as abordagens de tratamento
apropriadas. A gagueira é um problema de comunicação que pode afetar significativamente
a qualidade de vida das pessoas que a experimentam. Portanto, identificar corretamente o
tipo de gagueira é fundamental para direcionar os esforços terapêuticos e fornece o suporte
adequado aos indivíduos afetados.
Além disso, o texto ressalta a complexidade da gagueira em relação às questões
neurológicas, emocionais e cognitivas envolvidas. Cada tipo de gagueira tem suas próprias
características distintas, e entender essas nuances é essencial para fornecer tratamento
personalizado e eficaz.
Em resumo, o texto oferece informações valiosas sobre a gagueira e suas diferen-
tes formas, enfatizando a necessidade de uma abordagem multidisciplinar e individualizada
para lidar com esse problema de comunicação.

Está preparado(a)?! Então vem comigo!


Bons estudos!

UNIDADE 2 GAGUEIRA DO DESENVOLVIMENTO, GAGUEIRA NEUROGÊNICA, GAGUEIRA PSICOGÊNICA, 23


TAQUILALIA, TAQUIFEMIA
1
TÓPICO

FASES DO
DESENVOLVIMENTO
DA GAGUEIRA

Muitas crianças começam a gaguejar entre os 2 e 5 anos de idade. É comum


pensar que a gagueira passa por diferentes fases de desenvolvimento ao longo do tempo.
Inicialmente, a gagueira pode ser simples, com pequenas repetições e prolongamentos ao
falar. Conforme a criança cresce, a gagueira pode se tornar mais complexa e severa, com
bloqueios e períodos de fluência diminuindo.
No entanto, é importante notar que crianças que recebem tratamento para a gagueira
desde o início não necessariamente seguem esse padrão. Quando tratadas precocemente,
a gagueira tende a evoluir da complexidade para a simplicidade e pode perder parte de sua
severidade. Por outro lado, crianças não tratadas desde o início podem ver a gagueira se
tornar mais complexa com o tempo.
A gagueira pode evoluir de simples para complexa à medida que a criança cresce,
mas o tratamento precoce pode ajudar a reverter esse processo, tornando a gagueira me-
nos complexa e severa.
O quadro 1 mostra a porcentagem de crianças que possuem maneiras de gaguejar
diferentes. O quadro foi elaborado por (WARD; SCOTT, 2011)
Foi feito um estudo que alcançou as idades de 2 a 16 anos. O número de sujeitos
pesquisados em cada faixa etária está no quadro (N =), em um total de 418 sujeitos. Não
foi um longitudinal, o que quer dizer que não nos dá ideia de como o comportamento da
gagueira se modificou em uma criança específica.
Segundo as descobertas de Blodstein (1960), a gagueira tem uma essência que
envolve pequenas repetições e prolongamentos ao falar, e essa essência tende a diminuir
com o tempo. À medida que as pessoas envelhecem, é observado que essas repetições e
prolongamentos se tornam menos frequentes.

UNIDADE 2 GAGUEIRA DO DESENVOLVIMENTO, GAGUEIRA NEUROGÊNICA, GAGUEIRA PSICOGÊNICA, 24


TAQUILALIA, TAQUIFEMIA
Por outro lado, os bloqueios ou momentos em que a fala fica presa, que são carac-
terísticas da gagueira mais severa, tendem a aumentar à medida que a gagueira progride.
Além disso, os sintomas associados, como maneirismos na fala, também tendem a se
tornar mais evidentes.
Contrariando o que se poderia esperar, a fluência da fala, ou seja, os momentos em que
a pessoa fala sem gaguejar, tende a diminuir à medida que a gagueira se torna mais severa.
É interessante observar que situações e palavras difíceis de pronunciar geralmente começam
a ser mais problemáticas por volta dos 6-7 anos e se tornam mais difíceis com o tempo. As
antecipações sobre quando ocorrerá a gagueira e as substituições de palavras geralmente
aparecem mais tarde, por volta dos 8-9 anos, indicando que a criança começa a ter emoções
como medo e ansiedade depois que a gagueira se desenvolveu. O comportamento de evitar
falar começa a surgir quando as crianças têm cerca de 4 a 5 anos e progride à medida que
a gagueira se desenvolve. Isso sugere que, no início, a gagueira não está ligada a emoções.
Em resumo, os dados indicam que a gagueira não permanece constante ao longo
dos anos. Pelo contrário, ela muda com o tempo à medida que o medo de falar e o estresse
de se comunicar se desenvolvem.
Com base em suas pesquisas, Blodstein (1960) formulou o que ele descreveu como
“fases da gagueira”. Ele percebeu que o desenvolvimento da gagueira segue um padrão
típico, mas não é universal, ou seja, varia de pessoa para pessoa. Blodstein identificou
quatro fases que representam um contínuo, no qual alguns indivíduos se enquadram em
uma das fases e outros estão em uma fase de transição.

QUADRO 1- PORCENTAGEM DE CRIANÇAS QUE POSSUEM MANEIRAS DIFERENTES DE


GAGUEJAR.
2-3 4-5 6-7 8-9 10-11 12-13 14-15
IDADES
N = 30 N = 74 N = 79 N= 60 N = 79 N = 47 N = 49
Pequena repetições 30% 34% 28% 37% 30% 9% 8%
Prolongamentos 43% 32% 18% 18% 11% 4% 4%
Contatos presos 40% 32% 44% 45% 53% 51% 53%
Sintomas associados 33% 39% 57% 58% 57% 64% 65%
Períodos fluentes 47% 45% 27% 10% 10% 9% -
Situações difíceis de falar 27% 67% 71% 75% 72%
Achar as palavras difíceis
82% 62% 72% 73%
de falar
Antecipação da gagueira 38% 45% 62% 71%
Substituição de palavras 48% 65% 66% 83%
Evitar falar 5% 11% 17% 28% 40% 45%
Fonte: (JAKUBOVICZ, 1997)

1.1 – Fase l (Inicio entre 2 e 6 anos)


A gagueira em crianças possui características específicas:

UNIDADE 2 GAGUEIRA DO DESENVOLVIMENTO, GAGUEIRA NEUROGÊNICA, GAGUEIRA PSICOGÊNICA, 25


TAQUILALIA, TAQUIFEMIA
• Episódica: A gagueira tende a ocorrer em episódios, ou seja, em determinados
períodos. Às vezes, a fala flui perfeitamente, sem qualquer gagueira. Durante
essa fase, uma grande parte das crianças apresenta recuperação espontânea, o
que significa que a gagueira desaparece sem a necessidade de tratamento.
• Desencadeantes: A criança gagueja quando está excitada, aborrecida, tem
muito a dizer ao mesmo tempo, ou está sob pressão para se comunicar. Nessas
situações, as repetições na fala são mais proeminentes.
• Repetições predominantes: Na gagueira infantil, a predominância recai nas
repetições de sons ou sílabas. Em alguns casos, a repetição é o único sintoma
visível. Geralmente, as repetições ocorrem no início das palavras. 4. Início da
frase: Há uma tendência para a gagueira ocorrer no início de uma frase. Algumas
crianças só gaguejam na primeira palavra da frase.
• Palavras específicas: As palavras que tendem a desencadear a gagueira são
frequentemente pronomes, conjunções, artigos e preposições.
• Comportamento da Criança: Nessa faixa etária, as crianças normalmente
não se preocupam com a gagueira nem são conscientes das repetições que
ocorrem na fala. Algumas podem ficar frustradas e reagir de diferentes maneiras,
como parar de falar ou fazer birras, quando se sentem incapazes de se comunicar
eficazmente devido à gagueira.

1.2 - Fase II (início aos 4 anos até a idade adulta)


Características:
• Crônica: A gagueira, em idades posteriores, é frequentemente considerada
crônica, o que significa que ocorre com poucos ou muito poucos momentos de
fala fluente.
• Autoconceito negativo: A criança que gagueja nessa fase tende a se ver como
alguém que gagueja, o que pode levar a um conceito negativo de si mesma em
relação à fala.
• Ampliação dos tipos de palavras afetadas: A gagueira é observada em diver-
sas categorias gramaticais, incluindo substantivos, verbos, adjetivos e advérbios.
• Menos gagueira no início das palavras: Há menos tendência para a gagueira
ocorrer no início das palavras, e mais fragmentação de palavras pode ser notada.
Menos repetições de sílabas: As repetições de sílabas são menos comuns nesta fase,
embora a criança possa já ter desenvolvido um autoconceito de “gago”. No entanto, a
criança geralmente não demonstra preocupação com as dificuldades na fala.
• Aumento da gagueira sob estresse ou excitação: A gagueira pode aumentar
quando a criança está excitada ou precisa falar mais rapidamente. Isso se torna
mais sintomático nesta fase.

UNIDADE 2 GAGUEIRA DO DESENVOLVIMENTO, GAGUEIRA NEUROGÊNICA, GAGUEIRA PSICOGÊNICA, 26


TAQUILALIA, TAQUIFEMIA
A gagueira em idades posteriores é frequentemente crônica, afetando várias ca-
tegorias de palavras, com menos repetições de sílabas, mas um autoconceito negativo
associado à gagueira e uma tendência a piorar sob estresse ou excitação.

1.3 – Fase III (início aos 8 anos até a idade adulta)


Características:
• Gatilhos Específicos: A gagueira geralmente começa e termina em resposta a
certas situações, como falar ao telefone, falar alto na sala de aula, conversar com
pessoas desconhecidas ou fazer compras.
• Dificuldade com Sons: Algumas palavras ou sons se tornam mais difíceis de
pronunciar do que outros durante a gagueira. Substituição de Palavras: Pode
haver substituição de palavras durante a fala gaguejada, onde a pessoa tenta
evitar palavras difíceis.
• Medo de Sons: Às vezes, há um medo de sons ou fonemas específicos que
podem causar a gagueira.
• Antecipação: A pessoa pode antecipar que vai gaguejar, o que pode aumentar
a ocorrência da gagueira.
• Não Evitar a Fala: Geralmente, não é comum que a pessoa evite falar ou evitar
situações de comunicação devido à gagueira.
• Falta de Embaraço: Aqueles que gaguejam normalmente não experimentam
um forte medo ou embaraço em relação à sua fala.

1.4 – Fase IV (dos10 anos até a idade adulta)


Características:
• Antecipação da Gagueira: A pessoa muitas vezes prevê que vai começar a
gaguejar antes mesmo de falar.
• Medo de Palavras e Sons: Existe um medo associado a certas palavras, sons
e situações sociais que podem desencadear a gagueira.
• Substituição de Palavras: A substituição frequente de palavras que a pessoa
considera difíceis de pronunciar é comum.
• Evita situações na Fala: Pessoas com gagueira costumam evitar situações
de fala, evitando falar em público ou evitando situações de comunicação social.
• Medo e Vergonha: A gagueira pode causar medo de falar e vergonha durante
a comunicação.
• Sensibilidade às Reações do Outro: A pessoa que gagueja tende a ser sen-
sível às reações e julgamentos dos ouvintes.

UNIDADE 2 GAGUEIRA DO DESENVOLVIMENTO, GAGUEIRA NEUROGÊNICA, GAGUEIRA PSICOGÊNICA, 27


TAQUILALIA, TAQUIFEMIA
• Gagueira Crônica: A gagueira, em muitos casos, pode se tornar uma condição
crônica, persistindo ao longo do tempo.

Vamos a mais exemplos, as conexões entre a habilidade de falar, as emoções


e o processo de pensamento. Considere uma criança de 3 a 4 anos que volta da escola
empolgada para compartilhar suas experiências com os pais. Ela deseja contar tudo de
uma vez, e nesse contexto, tanto sua capacidade cognitiva quanto sua habilidade motora
são afetadas, resultando em hesitações, repetições e bloqueios na fala.
Agora, imagine essa mesma criança em ambientes familiares nos quais todos ao
seu redor dominam a linguagem melhor do que ela. Isso pode criar um sentimento de falta
de oportunidade para falar, expectativas de se expressar bem e ansiedade, afetando tanto
sua cognição quanto sua motricidade
Além disso, considere adolescentes e adultos em sala de aula, enfrentando a tarefa
de apresentar um seminário. Essas situações podem gerar insegurança, ansiedade, pres-
são e expectativas, todas essas emoções podem interferir na fluidez da fala, prejudicando
o pensamento e a motricidade, resultando em interrupções durante a apresentação.
É fundamental ressaltar, considerando os exemplos mencionados anteriormente,
que não podemos estabelecer de antemão (como alguns fazem) o limite entre a gagueira
considerada natural e aquela que é considerada anormal. Devemos abordar a produção da
fala com uma compreensão das influências motoras, emocionais e cognitivas, sem precon-
ceitos, e começar a desenvolver uma perspectiva científica própria na área de Fonoaudio-
logia em relação às características da produção da fala individual. Isso nos permitirá afastar
as definições pré-concebidas sobre o que é considerado normal e patológico na fluência da
fala, evitando idealizações da atividade de falar e o estigma associado à gagueira

UNIDADE 2 GAGUEIRA DO DESENVOLVIMENTO, GAGUEIRA NEUROGÊNICA, GAGUEIRA PSICOGÊNICA, 28


TAQUILALIA, TAQUIFEMIA
2
TÓPICO

GAGUEIRA
NEUROGÊNICA

A gagueira neurogênica é um termo criado por WARD e SCOTT (2011) para descre-
ver a falta de fluência na fala que resulta de danos no sistema nervoso central. Acredita-se
que a gagueira neurogênica seja o tipo mais comum de gagueira adquirida.
Diversos termos têm sido usados para referir-se à gagueira resultante de danos no
sistema nervoso central. Algumas alternativas menos comuns, e talvez não recomendáveis,
incluem “gagueira neurológica”

Esses rótulos se referem à natureza ou à localização da lesão cerebral subjacente,


como a gagueira associada ao acidente vascular cerebral e a gagueira cortical. Esses rótu-
los podem ser apropriados para descrever casos nos quais a gagueira está relacionada a
um acidente vascular cerebral ou a uma lesão cerebral em uma região específica.
O mecanismo fisiopatológico da gagueira neurogênica ainda não é completamente
compreendido. Ela pode estar associada a diversas patologias e lesões em diferentes áreas
do cérebro. A gagueira neurogênica não está necessariamente ligada a danos em uma
área específica do cérebro, mas pode envolver várias estruturas neurológicas que fazem
parte da rede neural da fala. Essas estruturas podem incluir os quatro lobos de ambos os
hemisférios cerebrais, a substância branca, os gânglios da base e o tálamo cerebral.
A gagueira neurogênica, na maioria dos casos, é resultado de um acidente vascular
cerebral. Ela não está limitada a uma lesão em uma região específica do cérebro, mas é
resultado da complexa rede de conexões gânglio-corticais e cortiço-basais, que envolvem
várias áreas cerebrais, incluindo o córtex frontal inferior, córtex temporal superior, córtex

UNIDADE 2 GAGUEIRA DO DESENVOLVIMENTO, GAGUEIRA NEUROGÊNICA, GAGUEIRA PSICOGÊNICA, 29


TAQUILALIA, TAQUIFEMIA
intraparietal, gânglios da base e suas interconexões na substância branca por meio do
fascículo longitudinal superior e da cápsula interna. Essas áreas desempenham um papel
crucial na rede neural sensorial e motora envolvida na produção da fala. Portanto, uma ou
mais lesões nessa rede podem desencadear a gagueira neurogênica, mas não estão ne-
cessariamente relacionadas ao número de lesões no cérebro ou à gravidade da gagueira.
Além de lesões traumáticas, a gagueira neurogênica pode ter outras causas, como
cistos, neoplasias, doenças degenerativas (como Parkinson e esclerose múltipla), meningites,
síndrome de Guillain-Barré, HIV, epilepsia e o uso excessivo de certos medicamentos. Essas
condições podem causar disfluências na fala, conhecidas como gagueira farmacológica.

2.1 – Sintomatologia da gagueira neurogênica


A gagueira neurogênica está comumente relacionada a eventos cerebrovasculares,
ou, em certos casos, pode surgir vários meses após o diagnóstico de um problema médico.
Os sintomas da gagueira neurogênica são detalhados na Tabela 1- Sintomas da gagueira
neurogênica.

TABELA 1. SINTOMAS DA GAGUEIRA NEUROGÊNICA


Repetição de sílabas e sons, enquanto os bloqueis são menos frequentes
As disfluências são quase tão comuns com palavras substantivas como com palavras
não substantivas
O falante pode parecer preocupado com a gagueira, mas não demonstra ansiedade em temos
de repetições ou prolongamentos, e os bloqueios aparecem em qualquer lugar de uma pala-
vra ou enunciado, ao contrário da posição inicial da palavra na gagueira do desenvolvimento
Os sintomas secundários raramente ocorrem, mesmo que ocorram caretas faciais, piscar
e cerrar os punhos, não está vinculado a momentos de disfluências
Não há efeito de adaptação
Há consistência na gagueira nas diferentes tarefas de fala (conversação, explicação,
repetição e leitura)
As pessoas frequentemente apresentam sinais adicionais de afasia e disartria
Fonte: (JANUZOVIC; SINANOVIC; MAJIC, 2021)

A gagueira neurogênica pode levar a uma autoimagem negativa, sentimentos de inapti-


dão social e, como resultado, ao isolamento social. Isso, por sua vez, tem um impacto negativo
na qualidade de vida da pessoa. Portanto, identificar a gagueira neurogênica de maneira precisa
e rápida pode ajudar a reduzir ou até mesmo evitar essas dificuldades na comunicação.

UNIDADE 2 GAGUEIRA DO DESENVOLVIMENTO, GAGUEIRA NEUROGÊNICA, GAGUEIRA PSICOGÊNICA, 30


TAQUILALIA, TAQUIFEMIA
3
TÓPICO

GAGUEIRA
PSICOGÊNICA

A gagueira psicogênica costuma estar associada a questões psicológicas ou

traumas emocionais. Anteriormente, era referida como “gagueira histérica”, embora esse

termo não seja mais utilizado em estudos mais recentes. Outra designação anteriormente

utilizada é “gagueira traumática” (WARD; SCOTT, 2011).

Não existe um consenso claro em relação à gagueira psicogênica, e o termo


é geralmente reservado para casos nos quais a falta de fluência na fala está
claramente relacionada a uma psicopatologia diagnosticada (ASHA, 1999).
No entanto, Baumgartner (1999) argumenta que a presença de psicopatologia
nem sempre é necessária para que a gagueira seja considerada psicogênica.

Alguns especialistas defendem a distinção entre a disfluência com e sem psicopa-

tologia comprovada, desde que haja justificativas sólidas para essa diferenciação. Aqueles

que excluem a disfluência sem psicopatologia diagnosticada da definição de gagueira psi-

cogênica afirmam que nesses casos os sintomas continuam a se desenvolver da mesma

forma que na gagueira que se inicia na infância sem qualquer evento traumático.

Em casos com psicopatologia comprovada, os sintomas geralmente não continuam

a se desenvolver, mas nem todos os pacientes com gagueira e um diagnóstico psiquiátrico

apresentam recuperação completa. (WARD; SCOTT, 2011)

Em outros casos, pode ser difícil obter um diagnóstico psiquiátrico, pois o paciente

pode optar por não se submeter a uma avaliação psiquiátrica.

UNIDADE 2 GAGUEIRA DO DESENVOLVIMENTO, GAGUEIRA NEUROGÊNICA, GAGUEIRA PSICOGÊNICA, 31


TAQUILALIA, TAQUIFEMIA
Segundo a perspectiva do autor Baumgartner (1999), o rótulo de gagueira psico-

gênica poderia ser aplicado em situações nas quais existam evidências de que a origem

da falta de fluência na fala está relacionada a fatores psicológicos ou traumas emocionais.

É importante ressaltar que a simulação da gagueira, ou seja, fingir ter gagueira, não

se enquadra na categoria de gagueira psicogênica. A simulação envolve a exageração dos

sintomas com o objetivo de obter algum tipo de benefício, como evitar situações desagra-

dáveis. Em contraste, as pessoas com gagueira psicogênica produzem disfluências na fala

de forma consciente e intencional, devido a fatores emocionais ou psicológicos.

UNIDADE 2 GAGUEIRA DO DESENVOLVIMENTO, GAGUEIRA NEUROGÊNICA, GAGUEIRA PSICOGÊNICA, 32


TAQUILALIA, TAQUIFEMIA
4
TÓPICO

DIFERENÇA DA
GAGUEIRA PSICOGÊNICA
E NEUROGÊNICA

A distinção entre gagueira psicogênica e neurogênica é um desafio devido à escassez


de informações na literatura disponível. O diagnóstico diferencial entre gagueira neurogênica
e psicogênica é complicado para os profissionais de saúde, uma vez que os sintomas podem
ser semelhantes ou se sobrepor. Algumas das características da gagueira psicogênica e neu-
rogênica que podem ser úteis no processo de diferenciação são apresentadas na Tabela 2.

TABELA 2. CARACTERÍSTICAS DA GAGUEIRA INDICANDO POSSÍVEL GAGUEIRA PSICOGÊNICA/


NEUROGÊNICA.
Gagueira psicogênica Gagueira neurogênica
Súbito – formas Início repentino
Incomuns defluências, como repetição múlti-
plas de todos os fonemas, seguidas de caretas Repetições, prolongamento, bloqueio em todas
faciais, acenos de cabeça e movimentos seme- as posições das palavras
lhantes a tremores
A consistência da gagueira por meio de diferen-
Repetições, prolongamentos, bloquei em todas
tes tarefas de fala, o significado simbólico do
as posições da palavra
transtorno atual
As disfluências ocorrem durante a fala em qual- Consistência da gagueira através de diferentes
quer lugar de uma palavra ou enunciado tarefas da fala
Uma pessoa pode ser indiferente ao seu dis- Disfluências ocorrem durante a fala em qualquer
curso lugar de uma palavra ou enunciado
Uma pessoa muitas vezes anto tem consciên-
Qualidade de voz bizarra cia do transtorno, mas pode ficar frustrada com
sua fala
Dados anamnésicos indicam história de pro-
blemas emocionais (transtorno de personalida-
de, transtorno de estresse pós-traumático, de-
pendência de drogas, ansiedade ou depressão)
O diagnóstico de psicopatologia não é necessário

UNIDADE 2 GAGUEIRA DO DESENVOLVIMENTO, GAGUEIRA NEUROGÊNICA, GAGUEIRA PSICOGÊNICA, 33


TAQUILALIA, TAQUIFEMIA
A pessoa da impressão de aderir a determinado
padrão de disfluência e continua gaguejando
em condições que melhoram a fluência e du-
rante a imitação de movimentos mímicos
Após expressar informações emocionai, ocorre
melhora repentina da fluência
Após um curto período é observado um pro-
gresso rápido e satisfatório
Piora dos sintomas ao realizar tarefas mais
simples
Piora da gagueira durante a releitura do mesmo
texto
Movimentos bizarros como: cabeça e olhos e
sinais de ansiedade não relacionados com a
produção da fala
Construções gramaticais incomuns
A existência de um episódio ocasional de ga-
gueira ou gagueira em situação específica.
Fonte: (BOLSEL, 2014)

UNIDADE 2 GAGUEIRA DO DESENVOLVIMENTO, GAGUEIRA NEUROGÊNICA, GAGUEIRA PSICOGÊNICA, 34


TAQUILALIA, TAQUIFEMIA
5
TÓPICO

TAQUILALIA

A taquilalia refere-se ao tempo da fala. A fala taquilálica é atropelada no tempo,


uma palavra agrupada com a outa. É um problema associado a uma disfunção no sistema
nervoso central. O ritmo da fala é muito mais rápido do que o normal, e a fala é desorga-
nizada. A sequência dos sons está alterada, tornando a linguagem incompreensível. Não
há consciência do problema nem componentes emotivos envolvidos. Se houver tensão
muscular, ela será imperceptível.
Ao mesmo tempo, a Classificação Internacional de Doenças reconhece a taquilalia
como a ocorrência de uma taxa de elocução ou articulação (velocidade da fala) tão elevada
que afeta consideravelmente a capacidade de compreensão da mensagem. Nesses casos,
não há um aumento notável no número de hesitações ou disfluências comuns, como gague-
jo, e não são observadas outras alterações na linguagem, como dificuldades na estrutura
das frases ou problemas na organização do discurso mais amplo, tornando-o confuso.

UNIDADE 2 GAGUEIRA DO DESENVOLVIMENTO, GAGUEIRA NEUROGÊNICA, GAGUEIRA PSICOGÊNICA, 35


TAQUILALIA, TAQUIFEMIA
6
TÓPICO

TAQUIFEMIA

A taquifemia é um distúrbio da fluência verbal no qual uma pessoa fala em uma


velocidade alta, rápida e irregular, resultando em uma fala desorganizada e confusa. Isso
leva a mudanças nas sílabas, como omissões e pausas desnecessárias, e também pode
distorcer os sons da fala.
Os fonoaudiólogos geralmente concordam que a taquifemia e a gagueira são dois
distúrbios distintos da fluência. No entanto, a pesquisa sobre a taquifemia tem sido limitada,
e um desafio no diagnóstico e tratamento dessa condição é que ela muitas vezes ocorre
em combinação com outros distúrbios, alguns relacionados à fala/linguagem e outros não.
O diagnóstico diferencial entre taquifemia e gagueira é complicado, uma vez que
esses transtornos compartilham características semelhantes e frequentemente coexistem.
A taquifemia ocorre principalmente em situações de fala não fluente.
O termo “taquifemia” abrange uma variedade de sintomas e características que se ma-
nifestam em graus variados nas pessoas afetadas. Nenhum único aspecto isolado é suficiente
para determinar o diagnóstico; é a combinação de certos traços que define essa condição.
Alguns autores sugerem que a taquifemia pode envolver não apenas problemas de fala, mas
também comportamento motor não verbal, traços de personalidade e déficits de atenção.
A pesquisa sobre a taquifemia é importante não apenas para aprimorar os métodos
de tratamento, mas também para fornecer insights valiosos sobre os processos normais
subjacentes à fala, linguagem e atenção. Compreender a taquifemia é fundamental para
o estudo da gagueira, pois esses distúrbios são frequentemente interligados, embora
contrastantes. É importante observar que a taquifemia é um distúrbio heterogêneo, o que
significa que pode ter causas e subgrupos diferentes.

UNIDADE 2 GAGUEIRA DO DESENVOLVIMENTO, GAGUEIRA NEUROGÊNICA, GAGUEIRA PSICOGÊNICA, 36


TAQUILALIA, TAQUIFEMIA
A taquifemia é associada a uma área específica no cérebro, localizada na parede
medial do lobo frontal esquerdo, no córtex que fica entre os hemisférios cerebrais.

FIGURA 1. A PAREDE MEDIAL DO HEMISFÉRIO ESQUERDO.

Fonte: (WARD; SCOTT, 2011)

A figura 1 mostra as regiões propostas para constituir um centro executivo para a


produção de discurso estão marcadas em cinza: o cogACC, O PreSMA e a SMA propria-
mente dito, com divisão aproximada do ACC adicionada, com base e revisão de dados de
vários estudos (WARD; SCOTT, 2011).

Isso sugere que o córtex frontal medial desempenha um papel fundamental na produ-
ção da fala espontânea, trabalhando em conjunto com as áreas tradicionais de fala e linguagem
no hemisfério esquerdo, como as áreas de Wernicke e Broca. Acredita-se que o córtex medial
tenha uma função de coordenação na fala espontânea, envolvendo motivação para falar, pla-
nejamento de frases, recuperação de palavras, elementos sintáticos e código fonológico das
regiões laterais do córtex, além de executar a sequência motora e monitorar a saída da fala.
As regiões-chave envolvidas na taquifemia parecem ser, o córtex cingulado anterior (ACC), o
pré-SMA e o próprio SMA, junto com a contribuição dos circuitos dos gânglios basais.
O ACC é visto como tendo funções semelhantes a um “executivo central”, desem-
penhando um papel central na atenção intencional e no monitoramento de erros de alto
nível. O ACC, juntamente com o pré-SMA, desempenha um papel crítico na montagem da
frase, desde o sequenciamento até a seleção de palavras e formas de palavras. O tempo
de articulação é controlado principalmente pela SMA, com o suporte dos gânglios basais e,
em grande parte, através de conexões auditivas com o ACC e o SMA.

UNIDADE 2 GAGUEIRA DO DESENVOLVIMENTO, GAGUEIRA NEUROGÊNICA, GAGUEIRA PSICOGÊNICA, 37


TAQUILALIA, TAQUIFEMIA
FIGURA 2 ALÇAS DOS GÂNGLIOS DA BASE, EM CORTE TRANSVERSAL DE UM ÚNICO
HEMISFÉRIO.

Fonte: (MORENO; BAAMONDE, 2003).

A figura esquemática mostra uma alça motora começando e terminando na área


motora suplementar (SMA), passando pelo putâmen (parte do corpo estriado) e pelo tála-
mo. A figura também mostra a cauda do núcleo caudado (parte do corpo estriado) em corte
transversal. ACC: córtex cingulado anterior.

6.1 – Sintomas e características da taquifemia


Os sintomas da taquifemia a outros distúrbios neurológicos e sugeriu que a taquife-
mia é resultado de uma disfunção no sistema dos gânglios da base. O neurologista.
Os traços de desordem cerebral após danos ou doenças cerebrais geralmente
ocorrem após lesões no sistema dos gânglios da base, como no caso da doença de Parkin-
son. Os sintomas motores da fala na taquifemia geralmente envolvem uma alta velocidade
de fala, articulação inadequada com confusão na mistura de sons e erros na sequência de
fonemas, como “gleen glass” em vez de “grama verde” ou “bo gack” em vez de “voltar”.
Além disso, a prosódia da fala é frequentemente reduzida. Em muitos casos, esses
sintomas são altamente influenciados pela atenção, e a fala pode temporariamente parecer
normal quando um gravador é ativado). (WARD; SCOTT, 2011).

UNIDADE 2 GAGUEIRA DO DESENVOLVIMENTO, GAGUEIRA NEUROGÊNICA, GAGUEIRA PSICOGÊNICA, 38


TAQUILALIA, TAQUIFEMIA
7
TÓPICO

DIFERENÇAS ENTRE
TAQUILALIA E
TAQUIFEMIA

A taquilalia e a taquifemia são dois distúrbios de fala que envolvem a velocidade e


o ritmo da produção da fala, mas existem algumas diferenças fundamentais entre eles:
Taquilalia:
• Definição: Taquilalia refere-se a uma condição em que a fala é produzida a
uma velocidade anormalmente rápida.
• Fluência: Geralmente, as pessoas com taquilalia têm uma fala fluente e sem
interrupções significativas, mas a velocidade é anormalmente alta.
• Causas: Pode ser causada por fatores neurológicos, como uma lesão cerebral
ou distúrbio neurológico.
• Controle: Geralmente, as pessoas com taquilalia têm controle adequado sobre
a articulação das palavras, mas a taxa de produção é aumentada.
• Taquifemia:
• Definição: A taquifemia é um distúrbio de fala caracterizado por uma fala rápi-
da, incoerente e frequentemente interrompida.
• Fluência: As pessoas com taquifemia tendem a apresentar interrupções na fala,
como bloqueios ou repetições de sons, ou palavras, devido à velocidade excessiva.
• Causas: Pode ser causada por fatores emocionais ou psicológicos, como an-
siedade ou estresse.
• Controle: A taquifemia pode resultar em uma perda de controle sobre a fluência
da fala, levando a interrupções e repetições.
Em resumo, a principal diferença entre taquilalia e taquifemia está na fluência da fala.
Taquilalia se refere a uma fala rápida, mas normalmente fluente, enquanto a taquifemia en-
volve uma fala rápida e frequentemente desordenada, com interrupções e repetições. Ambos
os distúrbios podem ter causas diferentes, com a taquilalia muitas vezes associada a fatores
neurológicos e a taquifemia frequentemente ligada a fatores psicológicos ou emocionais.

UNIDADE 2 GAGUEIRA DO DESENVOLVIMENTO, GAGUEIRA NEUROGÊNICA, GAGUEIRA PSICOGÊNICA, 39


TAQUILALIA, TAQUIFEMIA
Cada um desses distúrbios possui características distintas e muitas vezes complexas, tornando o diagnós-
tico e diferenciação entre eles um desafio. A compreensão dessas condições é essencial para profissionais
de saúde, como fonoaudiólogos, no diagnóstico e tratamento adequados.
(Autor 2023)

Dizer que uma pessoa é fluente, apresenta uma fala com fluência, implica a pressuposição de uma fala
com disfluências livres de comprometimento de julgamentos, do sujeito e do outro, na fala. Neste sentido,
afirmar que não existe fluência (ou que não existe fluência absoluta) torna-se também um contrassenso,
dentro de uma perspectiva que assume o posto de observação da língua a partir de seu uso social e
concreto, já que a fluência é sempre composta por disfluência. (SANTOS, 2015, p.28)

UNIDADE 2 GAGUEIRA DO DESENVOLVIMENTO, GAGUEIRA NEUROGÊNICA, GAGUEIRA PSICOGÊNICA, 40


TAQUILALIA, TAQUIFEMIA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final da nossa primeira unidade! Espero que você tenha aproveitado
ao máximo os conhecimentos apresentados aqui. Você sabe que os estudos sobre esses
assuntos não acabam aqui, né?! Agora é o momento de procurar por mais informações,
continuar suas pesquisas em sites, revistas, artigos científicos, livros e vídeos, a fim de
enriquecer ainda mais seu repertório sobre o assunto!
Sabendo que você vai continuar seus estudos depois de finalizar a leitura da nossa
unidade, precisamos fechar nossas discussões, tendo a compreensão dos conceitos de
Gagueira do desenvolvimento, Gagueira neurogênica, Gagueira psicogênica, Taquilalia, Ta-
quifemia, na qual abordo abordou diferentes tipos de distúrbios da fluência na fala, incluindo
a gagueira neurogênica, a gagueira psicogênica, a taquilalia e a taquifemia. Cada um desses
distúrbios possui características distintas e muitas vezes complexas, tornando o diagnóstico
e diferenciação entre eles um desafio. A compreensão dessas condições é essencial para
profissionais de saúde, como fonoaudiólogos, no diagnóstico e tratamento adequados.
Além disso, o texto destaca a importância de considerar não apenas os aspectos físicos da
fala, mas também os emocionais, cognitivos e neurológicos que podem estar envolvidos.
O estigma associado à gagueira e outros distúrbios da fluência deve ser abordado com
sensibilidade, e a pesquisa contínua nessa área é crucial para aprimorar os métodos de
tratamento e compreender melhor os mecanismos subjacentes a esses distúrbios.

Obrigado pela companhia e até a próxima unidade!


Abraço!

UNIDADE 2 GAGUEIRA DO DESENVOLVIMENTO, GAGUEIRA NEUROGÊNICA, GAGUEIRA PSICOGÊNICA, 41


TAQUILALIA, TAQUIFEMIA
LEITURA COMPLEMENTAR
Artigo: Neurogenic Stuttering: Etiology, Symptomatology, and Treatment.
Autor: Lejla Junuzovic-Zunic, Osman Sinanovic e Blazenka Majic
Link de acesso: doi: 10.5455/medarh.2021.75.456-461.

Resenha: A gagueira neurogênica é um tipo de gagueira adquirida relacionada


a danos cerebrais. Nos destaca o objetivo de fornecer uma visão abrangente da
fisiopatologia, sintomas, diagnóstico diferencial, avaliação e tratamento da gagueira
neurogênica com base em uma revisão crítica da literatura. Os resultados revelam
que a gagueira neurogênica é um distúrbio complexo com mecanismos fisiopa-
tológicos ainda incompreendidos, associado a várias condições neurológicas e
medicamentos. O diagnóstico diferencial entre gagueira neurogênica e psicogênica
é desafiador, e o tratamento geralmente envolve fonoaudiólogos e médicos, espe-
cialmente neurologistas. Conclui-se que, embora haja pesquisas disponíveis sobre
a gagueira neurogênica, sua complexidade exige estudos contínuos para fornecer
o melhor tratamento aos pacientes.

Fonte : JUNUZOVIC-ZUNIC, L. SINANOVIC, O. MAJIC, B. Neurogenic Stuttering:


Etiology, Symptomatology, and Treatment, Bosnia and Herzegovina. Dec;75(6):456-461.
Med Arch. DEC, 2021. Disponivel em: doi: 10.5455/medarh.2021.75.456-461. PMID:
35169374; PMCID: PMC8802677. Acesso em: 29 out. 2023.

UNIDADE 2 GAGUEIRA DO DESENVOLVIMENTO, GAGUEIRA NEUROGÊNICA, GAGUEIRA PSICOGÊNICA, 42


TAQUILALIA, TAQUIFEMIA
MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
• Título: Gagueira
• Autor: Regina Jakubovicz
• Editora: Reviner Ltda.
• Sinopse: Nas últimas edições, houve mudanças na compreen-
são da gagueira e novas terapias surgiram. A autora comparou a
gagueira a um quebra-cabeça, admitindo que a causa ainda é des-
conhecida. Mesmo sem novidades nesse aspecto na sexta edição,
a autora dedicou 22 anos a pesquisas e esforços para melhorar a
qualidade de vida das pessoas que gaguejam.

FILME/VÍDEO
• Título: Meu nome é Rádio
• Ano: 2003
• Sinopse: Embora o foco principal do filme seja a amizade entre um
treinador de futebol e um jovem com deficiência intelectual, a gaguei-
ra do personagem principal é um elemento importante da história.

UNIDADE 2 GAGUEIRA DO DESENVOLVIMENTO, GAGUEIRA NEUROGÊNICA, GAGUEIRA PSICOGÊNICA, 43


TAQUILALIA, TAQUIFEMIA
3
.............................................................
.............................................................
.............................................................
.............................................................
.............................................................
.............................................................
.............................................................
UNIDADE

AVALIAÇÃO DA FLUÊNCIA,
ANAMNESE, COLETA E ANÁ-
LISE DE AMOSTRAS DE FALA,
PARÂMETROS DA FLUÊN-
CIA, TRATAMENTO DOS
DISTÚRBIOS DA FLUÊNCIA.
Professor(a) Esp. Ana Paula Taborda do Nascimento

Plano de Estudos
• Importância da anamnese na avaliação da fluência;
• Desenvolver habilidades de entrevista para coletar informações relevantes;
• Método de avaliação, como escalas, questionários e observação;
• Identificação de sintomas e características dos distúrbios da fluência;
• Técnicas de gravação de amostra de fala;
• Prática na coleta de amostras de fala de pacientes;
• Taxa de articulação, pausas, prolongamentos e outros parâmetros;
• Analise quantitativa e qualitativa da fluência;
• Abordagens terapêuticas.

Objetivos da Aprendizagem
• Aprimorar Habilidades de Avaliação;
• Dominar técnicas de coletas de Amostras de fala;
• Identificar Parâmetros da Fluência;
• Desenvolver Planos de Tratamento Personalizados;
• Avaliar a eficácia do tratamento..
INTRODUÇÃO
Oi, tudo bem? Seja bem-vindo(a) a nossa terceira unidade da Disciplina Fluência
da fala, acredito que, assim como eu, você deve estar com muitas expectativas para iniciar
essa trilha de aprendizagem. Portanto, procure um lugar confortável e se acomode, por-
que vamos realizar um estudo sobre Avaliação da fluência, anamnese, coleta e análise de
amostras de fala, parâmetros da fluência, Tratamento dos distúrbios da fluência no qual vai
abranger a gagueira em crianças que é um fenômeno complexo e multifacetado, cujas
origens e influências são objeto de estudo e debate na área da fonoaudiologia.
Este texto aborda a anamnese da gagueira em crianças, explorando fatores ge-
néticos, ambientais e suas interações. A pesquisa de Eva Laufer (1983), apresentada no I
Congresso Internacional de Profissionais em Fonoaudiologia em 1983, é destacada como
um marco na compreensão dessa condição em crianças.
Anamnese da Gagueira em Crianças: Explorando Fatores Genéticos e Ambientais.
A gagueira, muitas vezes, tem sua origem na infância, e estudos indicam uma possível base
genética, com cerca de 60% dos casos apresentando influências hereditárias. No entanto,
compreender como os genes afetam a fala a ponto de desencadear a gagueira permanece
desafiador. Enquanto alguns casos mostram cura ou remissão total, especialmente em
crianças, a relação entre genes e ambiente nesse contexto ainda é incerta.
A pesquisa de Eva Laufer, conduzida em 1983, teve como objetivo identificar di-
ferenças auditivas entre a gagueira fisiológica e a gagueira declarada em crianças. Os
resultados sugerem que a gagueira se manifesta a partir de uma disfluência normalmente
intensificada ao longo do tempo, frequentemente influenciada por pressões externas para
modificar a fala da criança.
A análise das quatro crianças estudadas revelou diferenças significativas na fre-
quência e na natureza das disfluências entre aquelas com gagueira e fluentes. O estudo,
embora inicial, proporcionou insights valiosos, indicando a necessidade de investigações
mais aprofundadas com amostras maiores e análises psicolinguísticas detalhadas.
O texto também destaca a importância de ouvir os pais na avaliação da gagueira
infantil. Um questionário indireto é apresentado, abordando preocupações dos pais, con-
cepções sobre fluência, e a necessidade de informação precoce sobre o desenvolvimento
da linguagem. A prevenção é enfatizada como crucial no enfrentamento da gagueira infantil.

UNIDADE 3 AVALIAÇÃO DA FLUÊNCIA, ANAMNESE, COLETA E ANÁLISE DE AMOSTRAS DE FALA, PARÂME- 45


TROS DA FLUÊNCIA, TRATAMENTO DOS DISTÚRBIOS DA FLUÊNCIA
Avaliação e Tratamento em Crianças: Enfoque na Observação e Orientação aos
Pais, a avaliação em crianças é descrita como iniciando com a observação direta da intera-
ção entre pais e filho, seguida de uma entrevista para discutir as observações. A necessida-
de de abordar crenças dos pais sobre a hereditariedade da gagueira é destacada, visando
tranquilizá-los quanto à sua não culpabilidade.
Tratamento em Crianças: Estratégias Graduais para Construir Fluência o tratamen-
to em crianças é ilustrado com um exemplo prático, introduzindo uma abordagem gradual
para construir fluência. O texto destaca a importância de envolver a criança em atividades
relaxantes enquanto prática fala, passando por diferentes níveis de complexidade.
Anamnese, Avaliação e Tratamento em Adultos: Desafios e Abordagens Terapêu-
ticas, o texto aborda a complexidade da avaliação e tratamento em adultos, ressaltando a
consciência dos próprios sintomas pelos pacientes. Questões relevantes para a anamnese
em adultos são apresentadas, explorando a história da gagueira, sua relação com o estres-
se e seu impacto na vida social e profissional.
Terapia de Gagueira em Adultos: Enfoque na Mudança de Comportamentos e Atitu-
des. A terapia em adultos é discutida com base em três teorias: aprendizagem, cibernética
(propriocepção) e psicoterapia. O texto enfatiza a mudança de comportamentos e atitudes
como objetivos-chave, visando modificar padrões de fala adquiridos ao longo do tempo. A
importância do controle emocional, adaptação ao estresse e construção de hierarquias de
dificuldades são destacadas nas diferentes fases da terapia.
Em resumo, a anamnese da gagueira em crianças e adultos envolve uma compreen-
são holística, explorando fatores genéticos, ambientais, comportamentais e emocionais. O
texto destaca a importância da prevenção, observação cuidadosa, orientação aos pais e
abordagens terapêuticas adaptativas para enfrentar essa condição de maneira abrangente.

Está preparado(a)?! Então vem comigo!


Bons estudos!

UNIDADE 3 AVALIAÇÃO DA FLUÊNCIA, ANAMNESE, COLETA E ANÁLISE DE AMOSTRAS DE FALA, PARÂME- 46


TROS DA FLUÊNCIA, TRATAMENTO DOS DISTÚRBIOS DA FLUÊNCIA
1
TÓPICO

ANAMNESE DE
GAGUEIRA EM
CRIANÇAS

Não há dúvida de que a gagueira tem início na infância e, ao longo dos anos, sua
intensidade tende a aumentar. A questão da hereditariedade da gagueira também surge, com
estudos indicando que cerca de 60% dos casos podem ter uma base genética. No entanto,
ainda falta compreender como os genes influenciam a fala de uma criança a ponto de desenca-
dear a gagueira. Além disso, a explicação para casos comprovados de cura ou remissão total
de gagueira, especialmente em crianças, permanece um desafio, considerando que existem
traços genéticos, como a cor dos olhos ou dos cabelos, que não são afetados pelo ambiente.
A possibilidade de a gagueira ser um gene recessivo e se sofrer influências do am-
biente é uma incerteza. Tudo indica que a hereditariedade é apenas uma das influências,
conforme evidenciado em estudos nos quais, mesmo entre gêmeos idênticos, alguns pares
não apresentavam gagueira. Isso sugere que fatores ambientais também desempenham
um papel. A fala, sendo uma atividade motora sensível, pode ser facilmente afetada pela
emoção e influências ambientais. Mudanças de ambiente regional demonstram a rápida
assimilação do modo de falar da região, indicando que irmãos criados no mesmo ambiente
podem influenciar mutuamente suas maneiras de falar, tornando a gagueira de um poten-
cialmente “contagiante” para o outro.
Em última análise, pode haver fatores desconhecidos ou diversos elementos que
predispõem um indivíduo à gagueira. Em alguns casos, fatores circunstanciais podem
desencadear a gagueira em crianças predispostas, enquanto em outros, a predisposição
pode estar presente, mas o ambiente pode contribuir para a fluência da fala, ou vice-versa.
Eva Laufer conduziu uma pesquisa cujos resultados foram apresentados no I
Congresso Internacional de Profissionais em Fonoaudiologia em 1983 e posteriormente
publicados no Jornal Brasileiro de Reabilitação, no ano 4, número 15, volume IV, em 1984.

UNIDADE 3 AVALIAÇÃO DA FLUÊNCIA, ANAMNESE, COLETA E ANÁLISE DE AMOSTRAS DE FALA, PARÂME- 47


TROS DA FLUÊNCIA, TRATAMENTO DOS DISTÚRBIOS DA FLUÊNCIA
O estudo tinha como objetivo identificar possíveis diferenças auditivas entre a gagueira
fisiológica, também conhecida como disfluência normal, e a gagueira como uma entidade
já declarada e reconhecida.
Os pesquisadores observaram que a gagueira fisiológica não estava relacionada
à gagueira já estabelecida. A gagueira manifesta, ao contrário, desenvolver-se a partir de
uma disfluência normal que se intensifica ao longo do tempo, iniciando-se quando os pais
ou o ambiente começam a pressionar a criança para modificar sua maneira de falar.
A pesquisa envolveu a gravação de discursos espontâneos de crianças com idades
entre 3 e 6 anos. Critérios foram estabelecidos para auxiliar na diferenciação entre disfluên-
cia normal e gagueira declarada. As crianças selecionadas incluíam aquelas em tratamento
fonoaudiológico, aquelas não consideradas gaguejantes pelos pais e o irmão gêmeo de
uma criança julgada como tendo gagueira. Assim, havia duas crianças fluentes, sendo uma
delas o irmão gêmeo. As idades das crianças variaram entre 3 anos e 6 meses, 4 anos, 5
anos e 9 meses, e 5 anos e 9 meses.
A análise da disfluência foi realizada em ambiente clínico durante interações te-
rapeuta-criança, seja em situações de jogo ou conversas informais. Em todos os casos
estudados, apenas 100 palavras foram transcritas e analisadas (Quadro 1.1).

QUADRO 1 – COMPARATIVO DAS QUATRO CRIANÇAS ESTUDADAS


Total nas duas Total nas duas
Disfluência
Crianças gagas Crianças fluentes
Repetição de sílabas, de palavras e de frases 31 13
Pausas 5 2
Prolongamentos 23 8
Fonte: Jakubovicz, 2009

Na análise qualitativa, observou-se que o irmão gêmeo que gagueja apresenta


variações na tonalidade da voz, indo de um tom grave a agudo em algumas ocasiões. A
análise quantitativa revelou que o irmão gago repete, em média, quatro vezes a mesma
palavra, enquanto seu irmão fluente repete no máximo duas vezes. No total, o primeiro
apresenta mais do que o dobro de disfluências do que o segundo, o que provavelmente
levou a mãe a considerar um filho como gago e o outro como fluente.
Os resultados chamaram a atenção, pois nenhum dos quatro sujeitos poderia ser
considerado fluente na verdadeira acepção da palavra. A pesquisa conduzida por Jakubo-
vicz R. e Laufer Eva (1983) foi considerada válida e útil, embora com dados ainda insufi-
cientes. O estudo inicial pode ser visto como um passo primordial para uma investigação
mais aprofundada, considerando aspectos adicionais, como um número maior de sujeitos
avaliados e uma análise psicolinguística mais detalhada.
Os dados coletados proporcionaram a base para algumas conclusões sobre fluência,
disfluência fisiológica e gagueira do desenvolvimento. Recomenda-se analisar minuciosamen-

UNIDADE 3 AVALIAÇÃO DA FLUÊNCIA, ANAMNESE, COLETA E ANÁLISE DE AMOSTRAS DE FALA, PARÂME- 48


TROS DA FLUÊNCIA, TRATAMENTO DOS DISTÚRBIOS DA FLUÊNCIA
te o discurso de crianças cujos pais estão preocupados com sua fala, prestando atenção à
presença de tensão vocal e ao número excessivo de repetições, bloqueios e prolongamentos.
Intervenções terapêuticas devem ocorrer ao perceber sinais de alerta, pois há uma boa chance
de evitar o aumento das disfluências e tornar a gagueira mais resistente ao tratamento.
Quanto à pesquisa sobre fluência e disfluência em crianças em idade de aquisição,
as pesquisadoras (Laufer E. e Jakubovicz R.) perceberam que haviam surgido mais ques-
tionamentos do que respostas. Isso levou à conclusão de que uma nova pesquisa seria
necessária para explorar abordagens diferentes na compreensão da gagueira infantil.
Ao abordar as concepções sobre a gagueira infantil, diferentes especialistas têm visões
divergentes, criando incertezas sobre o que as pessoas realmente conhecem sobre o tema. A
questão de dar ouvidos aos pais que buscam esclarecimentos sobre a gagueira é levantada. É
salientado que a escuta deve ser desprovida de conceitos preestabelecidos, e é crucial ajudar
as famílias a lidar com o problema, sem discriminar qualquer queixa apresentada.
Os pais, muitas vezes, não compreendem exatamente o que significa ser fluente,
confundindo fluência com outros distúrbios da fala. A necessidade de informação precoce
sobre o desenvolvimento da linguagem, os sinais de preocupação válidos e a importância
de procurar profissionais qualificados, como fonoaudiólogos, são destacadas. A prevenção
é considerada fundamental no início do quebra-cabeça da gagueira infantil, apesar das
incertezas e questões levantadas ao longo do texto. Questionário quadro 2.

QUADRO 2 – QUESTIONÁRIO INDIRETO


1- Quando seu filho está falando, o que lhe chama mais atenção?
( ) O assunto que ele fala ( ) Sua maneira de falar
2 – Você costuma comparar a maneira de falar do seu filho com a de outras crianças?
( ) Sim ( ) Não
Por quê? ____________________________________________________
3 – Já se preocupou, ou está preocupada com a maneira de falar de seu filho?
( ) Sim ( ) Não ( ) Talvez
Por quê? _____________________________________________________
4 – Você acha que os problemas de fala passam com o tempo?
( ) Sim ( )Não
Por quê? ______________________________________________________
5 – Quando seu filho demora para terminar de falar, você costuma completar para ele?
( ) A palavra ( ) A frase ( ) Não completa
Por quê? ______________________________________________________
6 – Levando em consideração os itens abaixo, qual deles você acha que interfere mais
na fluência?
( ) Repetir as palavras ( ) Fazer pausas muito longas
( ) Bloquear a respiração ( ) Prolongar as palavras
Outros itens não citados anteriormente: _____________________________

UNIDADE 3 AVALIAÇÃO DA FLUÊNCIA, ANAMNESE, COLETA E ANÁLISE DE AMOSTRAS DE FALA, PARÂME- 49


TROS DA FLUÊNCIA, TRATAMENTO DOS DISTÚRBIOS DA FLUÊNCIA
7 – Quando seu filho não está fluente, você costuma usar frases do tipo:
( ) Calma! ( ) Pare e fale mais devagar
( ) Respire fundo e fale ( ) Não entendi nada do que você falou. Repita!
Cite outra frase que você usa: _________________________________________
8 – Você considera seu filho fluente?
( ) Sim ( ) Não
Por quê? ______________________________________________________
9 – Você considera seu filho gago?
( ) Sim ( ) Não
Por quê?______________________________________________________
Fonte: Jakubovicz 2009

1.1 Avaliação para crianças


A avaliação para determinar a necessidade de tratamento ou não deve iniciar com
a criança e os pais em uma sala, observando como eles reagem e interagem. A observação
ideal é realizada de forma indireta, por meio de um espelho unidirecional ou por gravação
de vídeo. É possível registrar a interação entre pais e filho para análise posterior.
Após a observação, sem a presença da criança, realiza-se uma entrevista com
os pais para discutir as observações feitas. A abordagem mais eficaz para apresentar as
questões é mostrar aos pais a gravação ou vídeo obtido, permitindo que eles percebam por
si mesmos as áreas que podem precisar de ajustes. Preferencialmente, é melhor que os
pais vejam ou ouçam as situações que podem estar contribuindo para as dificuldades da
criança em vez de serem informados diretamente.
Por exemplo, se for observado que os pais falam em nome da criança, interrompem
excessivamente sua fala, completam suas frases ou demonstram desconforto quando a
criança gagueja, é importante mostrar e discutir esses comportamentos. A conclusão de
que tais práticas podem ser prejudiciais é preferível que surjam dos pais, não do terapeuta,
evitando que eles se sintam culpados ou ansiosos em relação à gagueira da criança.
Os pais também tendem a pensar que esses problemas são hereditários. É crucial
abordar essa crença, explicando que a gagueira pode ocorrer independentemente de os
pais serem gagos ou não, e que a hereditariedade ainda não foi comprovada. É importante
tranquilizar os pais, afirmando que não são culpados pela gagueira do filho, já que outros
pais podem agir de maneira semelhante, e seus filhos não apresentam esse problema.
Destaca-se que algumas crianças são mais vulneráveis e sensíveis que outras, e é possível
que o filho esteja dentro dessa categoria (Quadro 3).

UNIDADE 3 AVALIAÇÃO DA FLUÊNCIA, ANAMNESE, COLETA E ANÁLISE DE AMOSTRAS DE FALA, PARÂME- 50


TROS DA FLUÊNCIA, TRATAMENTO DOS DISTÚRBIOS DA FLUÊNCIA
QUADRO 3 – PERGUNTAS QUE OS PAIS SE DEVEM FAZER (AUTOANALISE)
- Será que nós estamos irritados ou revoltados por nosso filho ter esse problema?
- Será que falamos com nosso filho de forma muito complicada, ou muito rápida, ou mes-
mo falamos demasiado, e, então, ele acha que deve nos imitar e também falar complica-
do, rápido ou demasiado?
- Será que estamos pressionando nosso filho, quando fazemos muitas perguntas a ele ou
pedimos que ele nos conte muitas coisas?
- Será que, quando nosso filho nos fala, o interrompemos demais, viramos a cabeça, não
prestamos atenção ao assunto que ele nos traz, ou, então, nos retiramos enquanto ele
está falando?
- Será que temos feito muitas críticas a ele, dado punições demais, ou feito ele sentir que
não é suficiente bom?
- Será que ele sabe que nós gostamos muito dele e que ele é muito importante para nós?
- Será que nós não deixamos nosso filho ficar zangado quando isso é preciso. Não deixa-
mos ele ser criança ou extravasar seus sentimentos quando há necessidade?
- Será que em nossa casa o ambiente é muito excitante, as brincadeiras são muito ten-
sas, há muitos filmes que transmitem ansiedade?
- Será que nós temos esperado muita coisa de nosso filho, cobrando demais dele, exigido
além do que ele pode nos dar?
- Será que nosso filho percebe que nós ficamos aborrecidos ou preocupados quando ele
fala gaguejando? Será que ele pensa que, por causa disso, nós não gostamos dele?
Fonte: Jakubovicz, 2009.

Para efetivamente prevenir o problema da gagueira, é fundamental realizar avalia-


ções e tomar decisões adequadas. Se a gagueira já estiver presente, é necessário realizar
terapia com a criança e fornecer orientações aos pais.
No caso de não haver gagueira instalada, é importante orientar os pais e revisar
a criança periodicamente para uma nova avaliação. O Quadro 4 destaca a avaliação e o
tratamento direto com a criança.

QUADRO 4 AVALIAÇÃO E TRATAMENTO DIRETO COM A CRIANÇA


Histórico da criança
Histórico da gagueira
Entrevista com a criança em idade escolar
Perguntas sobre a fala
Perguntas sobre a escola
Fonte: Jakubovicz 2009

1.2 – Tratamento em crianças


Aqui vai um exemplo de uma dentre muitas técnicas de construir fluência consiste
em ir introduzindo uma forma diferente de falar passo a passo. Pode-se começar pedindo
que a criança monte um quebra-cabeça ou faça um desenho, mas enquanto isso ela deve
repetir as palavras que o terapeuta irá falar. A intenção de fazer o desenho e falar ao

UNIDADE 3 AVALIAÇÃO DA FLUÊNCIA, ANAMNESE, COLETA E ANÁLISE DE AMOSTRAS DE FALA, PARÂME- 51


TROS DA FLUÊNCIA, TRATAMENTO DOS DISTÚRBIOS DA FLUÊNCIA
mesmo tempo, é manter a criança entretida em uma atividade bem relaxada (o desenho ou
jogo de encaixe) enquanto faz outra atividade não tão relaxante, como falar. O terapeuta
começa, então, a repetir a repetição de palavras monossilábicas do tipo:

PA – TOM- MAR – PÃO – CÉU – SIM- NÃO – DAR – ETC.

Se a criança tiver a fluência, o que é quase certo que ela consiga, pois são palavras
fáceis de falar, pede-se a repetição de dissílabas simples como:

BOLO – SAIA – BICA – BOTA – MATO – FADA – TATU – VASO – ETC.

Se for fluente, pedir a repetição de palavras complexas como os grupos consonantais:

PROVA – GRADE – FLAUTA – TREVO – CLUBE – CLASSE – ETC.

O próximo passo é pedir a repetição de frases bem curtas do tipo:

COLHER FLORES – CASA PEQUENA – BATER PALMAS – SAI DA FRENTE –


CORTA O CABELO – LEVANTA O LÁPIS - SOPRA ESSA VELA – ETC.

Se a criança já tem habilidade de leitura, ela começará a ler o material em etapas


progressivas, indo de listas simples para mais complexas. Uma vez que a criança alcan-
ça fluência na repetição e leitura, avança para outra fase, que envolve a expressão oral
espontânea. O próximo passo no desenvolvimento da fluência é narrar histórias de forma
sequencial. Às vezes, é necessário realizar exercícios para integrar a respiração na frase,
e nesse contexto, a criança é instruída a fazer uma pequena inspiração no início da frase,
liberando o ar suavemente ao longo da fala.

UNIDADE 3 AVALIAÇÃO DA FLUÊNCIA, ANAMNESE, COLETA E ANÁLISE DE AMOSTRAS DE FALA, PARÂME- 52


TROS DA FLUÊNCIA, TRATAMENTO DOS DISTÚRBIOS DA FLUÊNCIA
2
TÓPICO

ANAMNESE, AVALIAÇÃO
E TRATAMENTO EM
ADULTOS

Se avaliar a gagueira em crianças pode ser desafiador, o mesmo não se aplica a


adolescentes e adultos. Isso se deve ao fato de que adultos geralmente se autodenominam
como “gagos” e têm plena consciência de sua forma de falar. Ao buscar tratamento, estão
insatisfeitos com sua fala e carregam emoções negativas em relação a isso. Na primeira
entrevista, é crucial fazer perguntas diretas e pertinentes ao problema. Se o paciente de-
monstra timidez ou se recusa a responder de imediato, isso é sintomático, indicando que
não está acostumado a discutir abertamente o problema da “gagueira”. À medida que o
fonoaudiólogo, por meio de perguntas específicas, mostra compreensão da gagueira e su-
gere a possibilidade de ajuda, ele transmite confiança ao paciente. Ao longo da entrevista,
o paciente começa a se sentir mais à vontade para responder.
A avaliação pode ocorrer em uma ou várias sessões, e o terapeuta deve usar sua
sensibilidade clínica para inferir e tirar conclusões da melhor maneira possível. As diretrizes
da psicoterapia surgirão das respostas e reações evidentes e não evidentes do paciente
a certas perguntas. Se possível, as entrevistas iniciais devem ser gravadas em vídeo. As
respostas e reações do paciente podem ser posteriormente analisadas e discutidas.
Por exemplo, em uma fase posterior do tratamento, é possível voltar à gravação
para que o próprio paciente avalie se suas reações e sensibilidades se modificaram. Per-
guntas sobre a frequência da gagueira em diferentes situações e com diferentes ouvintes,
as reações em relação à gagueira e aspectos da personalidade devem, se possível, ser
respondidas com um “SIM” ou “NÃO” ou de maneira muito concisa. É mais fácil interpretar
uma resposta curta do que histórias longas e detalhadas.

UNIDADE 3 AVALIAÇÃO DA FLUÊNCIA, ANAMNESE, COLETA E ANÁLISE DE AMOSTRAS DE FALA, PARÂME- 53


TROS DA FLUÊNCIA, TRATAMENTO DOS DISTÚRBIOS DA FLUÊNCIA
2.2- Anamnese em adultos
• Por que razões veio se consultar? Ou por que só agora veio se tratar da ga-
gueira?
• Você mesmo quis vir ou alguém pediu para você vir?
• Com que idade começou a gaguejar?
• Liga o início da gagueira a alguma causa particular?
• A gagueira começou de modo gradual ou foi de repente? Descreva a gagueira
no seu início.
• Alguém chamou sua atenção quando pequeno em sua maneira de falar?
• Sua maneira de gaguejar se modificou? De que maneira?
• Alguém mais gagueja na família?
• Tem alguma dificuldade em certas situações particulares? Por exemplo: alguém
especial, em situação específica, com certas palavras, com certos sons?
• Procura evitar essas situações, palavras ou pessoas?
• Pode prever quando vai gaguejar?
• O fato de ser gago influenciou: sua vida social, sua personalidade, e escolha da
carreira, a escolha do trabalho?

Aqui estão algumas das questões para realizar com adultos, deve-se também ava-
liar a frequência da gagueira com relação à situação e ouvintes, reações das pessoas com
relação à gagueira e avaliar os aspectos da personalidade. A avaliação também deve seguir
algumas etapas linguísticas. Elas se fazem necessárias para o terapeuta ficar conhecendo
todos os aspectos do problema e se tornar apto a modificá-los.

2.3 – Terapia de gagueira em adultos


O que exatamente o indivíduo que gagueja precisa aprender? É inquestionável que
ele precisa aprender a falar sem gaguejar. Quais aspectos da gagueira precisam desapa-
recer? Uma resposta adequada incluiria a eliminação da respiração anormal, da fonação
inadequada e da articulação fragmentada. Uma pergunta adicional surge aqui: será que
a pessoa que gagueja não sabe respirar normalmente, produzir a voz adequadamente e
articular as palavras na sequência correta? Quando ela fala fluentemente, e é inegável
que tem fases de fluência, ela respira normalmente, produz uma voz adequada e articula
corretamente os sons da fala em sequência. Isso sugere que ela sabe realizar essas três
coisas perfeitamente bem. Sabemos que o indivíduo com gagueira é capaz de entrar em
uma loja e pedir algo mesmo gaguejando. Portanto, falar fluentemente não é o problema; o
desafio está em saber como falar sem gaguejar.

UNIDADE 3 AVALIAÇÃO DA FLUÊNCIA, ANAMNESE, COLETA E ANÁLISE DE AMOSTRAS DE FALA, PARÂME- 54


TROS DA FLUÊNCIA, TRATAMENTO DOS DISTÚRBIOS DA FLUÊNCIA
Tudo indica que a pessoa que gagueja aprendeu a gaguejar, como mostra clara-
mente as fases de desenvolvimento da gagueira, de Bloodstein em 1950. A gagueira é um
contínuo que cada indivíduo desenvolve à sua maneira. São hábitos adquiridos ao longo
dos anos por meio de mecanismos de associação; desde a infância, a pessoa que gagueja
foi condicionada a falar de uma determinada maneira. Mesmo que o adulto não queira mais
falar daquela maneira, ele não consegue, pois aprendeu e está condicionado. Ao aprender
a falar facilmente e sem luta, é possível quebrar o ciclo vicioso, alterar o reforço, inverter o
ciclo vicioso e modificar o curso natural dos acontecimentos.
O método de abordar a gagueira como um aprendizado tem a vantagem de não se
ater às causas, evitando polêmicas nesse sentido, uma vez que a causa não é conhecida.
Dessa forma, o foco é direto e objetivo: eliminar o sintoma que foi aprendido no passado.
Existem diversas atividades que podem ser consideradas aprendizagens, como estudar
outra língua, memorizar um texto, aprender a dirigir um carro, jogar tênis, usar o computa-
dor, entre outras. Algumas atividades podem ser classificadas como ganho ou progresso,
mesmo que sua utilidade não seja imediatamente demonstrável. Nesse grupo estão os
tiques, os maneirismos e certas formas de gesticular ou falar gaguejando. A aprendizagem
pode ser definida como o progresso alcançado pela prática, embora saibamos que nem
sempre certos comportamentos sejam desejáveis, como é o caso da gagueira.
O enfoque de Van Riper em 1971, como um tratamento contínuo ao longo do tempo
para a gagueira, destaca a importância da relação paciente-terapeuta para o sucesso da
terapia. O grande diferencial é a responsabilidade atribuída à pessoa que gagueja. Para
Van Riper 1971, a mudança nos comportamentos de fala não é suficiente; é crucial haver
uma mudança nas atitudes. O objetivo geral da terapia não é eliminar a gagueira, mas sim
alcançar dois objetivos específicos:
01. Modificar os movimentos da gagueira com a finalidade de torná-los menos
intensos e frequentes.
02. Reduzir o medo da gagueira e os comportamentos de aviltamento associado
ao medo.

Gaguejar é um ciclo vicioso. Quando o indivíduo que gagueja deseja falar, ele se
esforça para evitar a gagueira, gerando uma tensão excessiva nos músculos fonoarticula-
tórios e acabando por gaguejar. Essa gagueira leva a mais esforço para evitá-la, resultando
em uma maior tensão muscular e, consequentemente, mais episódios de gagueira, criando
assim um ciclo contínuo.

UNIDADE 3 AVALIAÇÃO DA FLUÊNCIA, ANAMNESE, COLETA E ANÁLISE DE AMOSTRAS DE FALA, PARÂME- 55


TROS DA FLUÊNCIA, TRATAMENTO DOS DISTÚRBIOS DA FLUÊNCIA
A terapia visa modificar essa dinâmica, onde o indivíduo que gagueja tenta falar, o
terapeuta o instrui a parar e identificar quais músculos estão tensos, buscando relaxá-los.
Além disso, o terapeuta encoraja a pessoa a perceber suas ansiedades e medos em relação
à palavra ou à situação de fala que está enfrentando, antes de continuar a falar e modificar
toda a sua estrutura de comunicação.
A base da terapia é fundamentada em três teorias, que são:
01. Teoria da aprendizagem;
02. Teoria da cibernética ou da propriocepção;
03. Princípios da psicoterapia.

01. A teoria da aprendizagem aplicada à terapia para a gagueira sugere que o


processo visa desfazer os padrões de fala do indivíduo com a gagueira, levan-
do-o a abandonar hábitos antigos e respostas condicionadas. O objetivo é que
a pessoa desenvolva uma nova maneira de responder a situações que antes
desencadearam sua gagueira, promovendo assim uma fala mais fluente.
02. Na teoria da cibernética ou da propriocepção, Van Riper 1971, argumenta que,
uma vez que os atos motores da fala são controlados pelo feedback auditivo, o
método de tratamento deve considerar isso. O paciente é incentivado a utilizar
o feedback proprioceptivo em vez do auditivo, o que pode ser facilitado pelo uso
de dispositivos como DAF, mascaramento ou outros que favoreçam o controle
motor pela propriocepção. Mesmo sem dispositivos eletrônicos sofisticados, um
simples gravador usado pelo terapeuta para fornecer feedback sobre a fala pode
ser útil. O foco do paciente deve ser nos movimentos dos articuladores, buscando
sentir a anormalidade mais do que ouvi-la. O objetivo é que o paciente busque
um modelo melhor nos movimentos dos articuladores para que os erros possam
ser reconhecidos e corrigidos automaticamente.
03. Os princípios da psicoterapia na abordagem da gagueira destacam que a
maioria dos estudos indica que as pessoas com gagueira são mentalmente
saudáveis. Se houver neurose, ela é considerada secundária às experiências
traumáticas relacionadas à fala. O indivíduo pode sentir-se miserável, inferior,
deprimido ou desajustado devido à gagueira. O foco da psicoterapia, seja condu-
zida por um fonoaudiólogo ou psicólogo, é abordar essas questões emocionais
relacionadas à gagueira, visando melhorar o bem-estar mental do paciente.

2.4- Etapas da terapia


Fase de Identificação: Nesta etapa, que envolve a anamnese e a análise das emo-
ções e comportamentos, o terapeuta orienta o paciente na identificação de padrões.

UNIDADE 3 AVALIAÇÃO DA FLUÊNCIA, ANAMNESE, COLETA E ANÁLISE DE AMOSTRAS DE FALA, PARÂME- 56


TROS DA FLUÊNCIA, TRATAMENTO DOS DISTÚRBIOS DA FLUÊNCIA
Fase de Dessensibilização: O objetivo desta fase é reduzir a ansiedade, acalmar o
paciente e eliminar emoções negativas relacionadas à fala. Embora seja difícil alcançar um
estado permanente sem emoções, a dessensibilização aborda medos, vergonhas e frus-
trações associadas à gagueira. Isso é feito através da aceitação e discussão do problema,
reconhecimento da imperfeição na fluência verbal e aprendizado sobre como avaliar as
reações do interlocutor.
Integrar Social e Emocionalmente: A adaptação social e emocional é desafiadora
para quem gagueja. O fonoaudiólogo deve avaliar a necessidade de psicoterapia formal,
especialmente se os desajustes emocionais estão ligados à gagueira. A manipulação das
emoções é crucial, e o profissional deve lembrar que todos enfrentam problemas pessoais,
muitos dos quais são superados sem ajuda especializada.
Superar Evitações: Ensinar o paciente a enfrentar situações de fala e a não evitar
palavras por medo da gagueira é essencial. Evitar faz com que as dificuldades pareçam
mais complicadas do que são na realidade. Acalmar-se e Enfrentar o Medo: Instruir o
paciente a acalmar-se, demonstrando que é possível gaguejar de forma tranquila, é impor-
tante. Enfrentar o medo é essencial, explorando os sons temidos e fornecendo exercícios
para testar a realidade, como listar palavras iniciadas com o som temido.
Contato Visual e Confiança: Manter contato visual e desenvolver alta confiança
são elementos-chave. É crucial encorajar o paciente a acreditar que a gagueira pode ser
superada com esforço e apoio, não sendo um problema insolúvel.
Controle Emocional: Ensinar a controlar as emoções é vital. O paciente precisa
entender que as emoções são apenas sentimentos e que ele pode manter a comunicação
focando na ação, não nos sentimentos.
Adaptar ao Estresse: Reconhecer a relação entre gagueira e estresse é fundamen-
tal. Quanto mais se gagueja, mais medo surge, alimentando um ciclo. Aprender a lidar com
o estresse é crucial para reduzir a gagueira.
Construir Hierarquias: Elaborar uma lista de situações de fala difíceis, em conjunto
com o paciente, visa sensibilizá-lo para as reações do interlocutor, promovendo a supera-
ção gradual das dificuldades.

UNIDADE 3 AVALIAÇÃO DA FLUÊNCIA, ANAMNESE, COLETA E ANÁLISE DE AMOSTRAS DE FALA, PARÂME- 57


TROS DA FLUÊNCIA, TRATAMENTO DOS DISTÚRBIOS DA FLUÊNCIA
Cada um desses distúrbios possui características distintas e muitas vezes complexas, tornando o diagnós-
tico e diferenciação entre eles um desafio. A compreensão dessas condições é essencial para profissionais
de saúde, como fonoaudiólogos, no diagnóstico e tratamento adequados.
(Autor 2023)

A importância das contribuições neurofisiológicas é significativa, uma vez que os impulsos provenientes
do sistema muscular desempenham um papel crucial nesse processo automático. Isso ocorre devido ao
feedback reflexo originado nos núcleos nervosos que ativam a língua, os lábios e o queixo. Além disso, há
um padrão registrado nas conexões cerebrais específicas para esses movimentos.
(JAKUBOVICZ, 2009, p.190)

UNIDADE 3 AVALIAÇÃO DA FLUÊNCIA, ANAMNESE, COLETA E ANÁLISE DE AMOSTRAS DE FALA, PARÂME- 58


TROS DA FLUÊNCIA, TRATAMENTO DOS DISTÚRBIOS DA FLUÊNCIA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final da nossa terceira unidade! Espero que você tenha aproveitado
ao máximo os conhecimentos apresentados aqui. Você sabe que os estudos sobre esses
assuntos não acabam aqui, né?! Agora é o momento de procurar por mais informações,
continuar suas pesquisas em sites, revistas, artigos científicos, livros e vídeos, a fim de
enriquecer ainda mais seu repertório sobre o assunto!
Sabendo que você vai continuar seus estudos depois de finalizar a leitura da nossa
unidade, precisamos fechar nossas discussões, tendo a compreensão da Avaliação da
fluência, anamnese, coleta e análise de amostras de fala, parâmetros da fluência, Trata-
mento dos distúrbios da fluência
Em resumo, a anamnese da gagueira em crianças revela uma complexidade que
envolve fatores genéticos e ambientais. Estudos indicam uma possível base genética, mas
a influência do ambiente, incluindo a interação entre irmãos, é notável. A pesquisa de Eva
Laufer destaca a diferença entre gagueira fisiológica e manifesta, indicando que pressões
externas podem intensificar a condição.
A avaliação em crianças envolve observação, análise qualitativa e quantitativa da
disfluência, destacando a importância de intervenções terapêuticas precoces. O questio-
nário indireto destaca a necessidade de compreensão dos pais sobre a fluência da fala e
ressalta a importância da prevenção.
No contexto da avaliação e tratamento, a atenção aos pais é crucial, abordando
suas práticas e preocupações. O Quadro 3 destaca perguntas para autoanálise, incentivan-
do os pais a refletirem sobre sua abordagem.
Para a gagueira em adultos, a conscientização é mais direta, e a terapia busca
desfazer padrões aprendidos ao longo do tempo. A abordagem de Van Riper destaca a
responsabilidade do indivíduo, focando na modificação dos movimentos da gagueira e na
redução do medo associado. A terapia é dividida em etapas, desde a identificação de
padrões até a construção de hierarquias para superar desafios específicos.

UNIDADE 3 AVALIAÇÃO DA FLUÊNCIA, ANAMNESE, COLETA E ANÁLISE DE AMOSTRAS DE FALA, PARÂME- 59


TROS DA FLUÊNCIA, TRATAMENTO DOS DISTÚRBIOS DA FLUÊNCIA
LEITURA COMPLEMENTAR
Artigo: Neurogenic Stuttering: Etiology, Symptomatology, and Treatment.
Autor: Lejla Junuzovic-Zunic, Osman Sinanovic e Blazenka Majic
Link de acesso: doi: 10.5455/medarh.2021.75.456-461.

Resenha: A gagueira neurogênica é um tipo de gagueira adquirida relacionada a


danos cerebrais. Nos destaca o objetivo de fornecer uma visão abrangente da fisiopatolo-
gia, sintomas, diagnóstico diferencial, avaliação e tratamento da gagueira neurogênica com
base em uma revisão crítica da literatura. Os resultados revelam que a gagueira neurogê-
nica é um distúrbio complexo com mecanismos fisiopatológicos ainda incompreendidos,
associado a várias condições neurológicas e medicamentos. O diagnóstico diferencial
entre gagueira neurogênica e psicogênica é desafiador, e o tratamento geralmente envolve
fonoaudiólogos e médicos, especialmente neurologistas. Conclui-se que, embora haja
pesquisas disponíveis sobre a gagueira neurogênica, sua complexidade exige estudos
contínuos para fornecer o melhor tratamento aos pacientes.

Fonte: JUNUZOVIC-ZUNIC, L. SINANOVIC, O. MAJIC, B. Neurogenic Stuttering:


Etiology, Symptomatology, and Treatment, Bosnia and Herzegovina. Dec;75(6):456-461.
Med Arch. DEC, 2021. Disponível em: doi: 10.5455/medarh.2021.75.456-461. PMID:
35169374; PMCID: PMC8802677. Acesso em: 29 out. 2023.

UNIDADE 3 AVALIAÇÃO DA FLUÊNCIA, ANAMNESE, COLETA E ANÁLISE DE AMOSTRAS DE FALA, PARÂME- 60


TROS DA FLUÊNCIA, TRATAMENTO DOS DISTÚRBIOS DA FLUÊNCIA
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
• Título: Tratamento da Gagueira na Criança “Exércitos Práticas
para Construir a fluência.
• Autor (a): Regina Jakubovicz e Fernanda Tavares Basbaum
• Editora: Revinter
• Sinopse: Este livro escrito visando à intervenção terapêutica pre-
coce necessária para evitar que o problema cresça e evolua. Tra-
ta-se do resultado da observação de terapeutas e fonoaudiólogos
que lidam com a gagueira e ficam, muitas vezes, confusos e meio
paralisados sem saber como enfocar o distúrbio. Como proposta
para resolver esta situação, apresenta o que é a gagueira, como
identificá-la e o auxílio necessário desde o início. Nos capítulos
finais, há conselhos e cuidados que os pais de crianças com ga-
gueira devem saber e aplicar para ajudar o filho a falar melhor.

FILME/VÍDEO
• Título: O Clube do Imperados
• Ano: 2002
• Sinopse: Embora não seja o foco principal do filme, um dos
personagens principais, Sedgewick Bell, tem gagueira e o filme
retrata do impacto desse distúrbio em sua vida e como ele supera
os desafios.

UNIDADE 3 AVALIAÇÃO DA FLUÊNCIA, ANAMNESE, COLETA E ANÁLISE DE AMOSTRAS DE FALA, PARÂME- 61


TROS DA FLUÊNCIA, TRATAMENTO DOS DISTÚRBIOS DA FLUÊNCIA
Professor(a) Esp. Ana Paula Taborda do Nascimento
ADULTOS, TAQUILALIA

• Explorar ferramentas de avaliação utilizadas na identificação e

• Explorar métodos tradicionais, como terapia de fluência, para


TRATAMENTO PARA
ADOLESCENTES E
PROGRAMAS DE

E TAQUIFEMIA

diagnósticos de taquilalia e taquifemia;


UNIDADE

Objetivos da Aprendizagem
• Abordagens terapêuticas.
• Diagnóstico e avaliação;
Plano de Estudos

tratar taquifemia.
4
.............................................................
.............................................................
.............................................................
.............................................................
.............................................................
.............................................................
.............................................................
INTRODUÇÃO
Oi, tudo bem? Seja bem-vindo(a) a nossa última unidade da Disciplina Fluência da
fala, acredito que, assim como eu, você deve estar com muitas expectativas para iniciar
essa trilha de aprendizagem. Portanto, procure um lugar confortável e se acomode, porque
vamos realizar um estudo sobre Programas de tratamento para adolescentes e adultos,
Taquilalia e Taquifemia.
Na unidade em foco, exploramos a avaliação e o diagnóstico diferencial da taquife-
mia, um distúrbio da fluência da fala, em conjunto com outras condições relacionadas, como a
gagueira e dificuldades de aprendizagem. A complexidade do diagnóstico reside na frequente
coocorrência desses distúrbios, o que demanda uma análise detalhada e abrangente.
A avaliação desses aspectos desafiadores da linguagem abrange diferentes tare-
fas, como leitura oral, fala espontânea e recontagem de histórias, além da observação de
comportamentos em situações de conversa informal. Ao abordar o tratamento da taqui-
femia, reconhecemos a natureza multifacetada da desordem. Uma abordagem sistêmica,
considerando as diversas partes do sistema de fala e linguagem, destaca a interconexão
entre dimensões como controle da frequência, organização linguística e prosódia. Diversas
técnicas terapêuticas visam melhorar a articulação, clareza e organização linguística, envol-
vendo estratégias como exercícios respiratórios, relaxamento, e atividades que promovem
a consciência dos próprios padrões de fala. A taquilalia, por sua vez, é tratada com foco na
simplificação da fala, ajuste da de monitoramento e feedback, são aplicados para reduzir o
fluxo da fala e melhorar a articulação. O tratamento também abrange a gestão adaptativa
de situações conflitantes e a dessensibilização sistemática para lidar com a ansiedade
associada ao distúrbio.

Bons estudos!

UNIDADE 4 PROGRAMAS DE TRATAMENTO PARA ADOLESCENTES E ADULTOS, TAQUILALIA E TAQUIFEMIA 63


1
TÓPICO

AVALIAÇÃO E
TRATAMENTO
DA DESORDEM

Na unidade em foco, buscamos elucidar a avaliação e o diagnóstico diferencial


da taquifemia e de outros distúrbios da fluência da fala. Verificou-se, embasado em es-
tudos, que um dos desafios no diagnóstico e tratamento da taquifemia é sua ocorrência
muitas vezes concomitante com outros distúrbios, sendo alguns relacionados à fala, como
a gagueira, e outros à linguagem, como as dificuldades de aprendizagem (WARD, 2006).
Como conclui Gregory (1995), o transtorno da taquifemia evidência claramente quanto às
dificuldades de fala, linguagem e aprendizagem têm em comum.
Na gagueira pura, observa-se uma alta frequência de interrupções involuntárias na
fluência da fala, levando as pessoas que gaguejam a experimentarem uma sensação de
perda de controle (WARD, 2011).
As interrupções na gagueira geralmente assumem a forma de repetições (inten-
sas) de sons, sílabas ou palavras monossílabas; prolongamentos de sons; ou bloqueios de
respiração, ou voz; (WARD, 2006).
Preus (1996) destaca que a taquifemia possui mais semelhanças com as dificul-
dades de aprendizagem do que com a gagueira. Vários pesquisadores afirmam que a
ocorrência de problemas de taquifemia e dificuldade de aprendizagem está principalmente
relacionada a questões de expressão, leitura e escrita. Nas dificuldades de aprendizagem,
a velocidade da fala é comparável à dos controles fluentes, enquanto a produção de lingua-
gem é perturbada por frases incompletas, problemas na localização de palavras, estruturas
de frases incorretas e distúrbios de leitura (VAN ZAALEN et al., 2009).
Em alguns casos, indivíduos com taquifemia podem desenvolver o medo de falar,
resultado de respostas negativas dos ouvintes (“o que você disse?”, “Não entendi o que

UNIDADE 4 PROGRAMAS DE TRATAMENTO PARA ADOLESCENTES E ADULTOS, TAQUILALIA E TAQUIFEMIA 64


você disse”, “Não entendo você”) ou de reações não verbais tensas. Essas respostas dos
ouvintes, sem especificar os sintomas da fala, podem confundir o falante (WARD, 2011)
As reações dos ouvintes evidenciam claramente as inseguranças e apreensões
enfrentadas por pessoas com dificuldades de fala, resultando em uma hesitação ao se
expressar devido a essas incertezas (WINKELMAN, 1990).
No âmbito das tarefas de fala, para diferenciar a taquifemia de outros distúrbios da
fala, a avaliação deve direcionar-se a diferentes aspectos da comunicação e cognição. Este
processo abrange leitura oral, fala espontânea, recontagem de uma história memorizada,
testes de coordenação motora da fala e questionários. A gravação digital de vídeo e áudio
é realizada durante a execução de diversas tarefas de fala, possibilitando análises subse-
quentes de fluência, velocidade e articulação inicial (VAN ZAALEN et al., 2009).
No contexto da leitura oral, o nível de material de leitura pode influenciar o grau de
desordem, portanto, é crucial que o profissional forneça materiais de leitura apropriados
variando em níveis de dificuldade. Passagens mais desafiadoras, com palavras multissilá-
bicas e frases linguisticamente mais complexas, podem resultar em comportamentos mais
confusos em comparação com passagens menos difíceis, contendo frases curtas com
palavras de uma ou duas sílabas (VAN ZAALEN et al., 2009).
Considerando a taquifemia como uma expressão de uma deficiência na automação da
linguagem, a avaliação deve focar em diferentes níveis linguísticos e em diferentes velocidades
de fala (VAN ZAALEN, 2009). Indivíduos com taquifemia frequentemente apresentam falhas na
comunicação em níveis elevados de produção linguística, como contar ou recontar narrativas.
Além disso, enfrentam dificuldades em aspectos pragmáticos da linguagem, como desconsi-
derar o ponto de vista ou conhecimento do ouvinte e interromper frequentemente o parceiro
comunicativo (DALY, 1986; MYERS; VAN ZAALEN; WINKELMAN, 2009; WARD, 2006).
Para avaliar essas áreas potencialmente desafiadoras da linguagem, sugere-se
que o profissional envolva o paciente em uma conversa descontraída sobre um tema de
grande interesse para ele, abrangendo explicação de um videogame, discussão sobre seu
esporte ou atividade de lazer favorita, ou contando uma história emocionante sobre um
evento recente vivenciado pelo paciente.
O profissional médico deve documentar, no mínimo, 10 minutos desta amostra
de linguagem. Essa amostra deve ser constituída por uma narrativa e não por interações
pontuais, como em uma lista (Van Zaalen et al., 2009; Ward, 2006).
No âmbito da fonoaudiologia, tarefas que variam desde atividades curtas e estrutu-
radas até aquelas mais longas e menos estruturadas também são cruciais. Exemplos das
primeiras incluem tarefas mecânicas, como a contagem a partir de 100 em intervalos de 3
segundos. Pacientes mais idosos devem ler palavras desafiadoras de pronúncia, como “esta-
tístico”, “paralelepípedo” e “tiranossauro”, repetindo essas palavras três vezes consecutivas,
inicialmente em um ritmo confortável e depois em um ritmo de fala mais acelerado. Além dis-

UNIDADE 4 PROGRAMAS DE TRATAMENTO PARA ADOLESCENTES E ADULTOS, TAQUILALIA E TAQUIFEMIA 65


so, pacientes mais idosos devem enfrentar palavras com padrões variáveis de acentuação,
como “aplicar” e “aplicar”. Crianças mais jovens, por sua vez, devem nomear imagens (quatro
diferentes de uma vez ou imagens de palavras de duas sílabas) dentro ou fora da mesma
categoria semântica, apresentadas em uma ordem não sequencial (ver figura 1).
Como destacado anteriormente, a recontagem de histórias é uma parte crucial da
avaliação, pois é nesse nível mais elevado que a comunicação pode falhar. O clínico deve
atentar para a capacidade do paciente de parafrasear a história, mantendo os pontos-chave
da narrativa em uma sequência lógica, com a gramática da história preservada, estrutura
silábica, palavras e frases adequadas, pausas apropriadas e inteligibilidade de fala. Aspec-
tos pragmáticos também devem ser observados.
Outro componente da avaliação consiste na imitação de frases de extensão cres-
cente (até 20 palavras para adultos e adolescentes, até 14 palavras para crianças de 10
anos e até 10 palavras para crianças de 8 anos). Essa tarefa proporciona informações
sobre as habilidades de memória auditiva e o nível de complexidade linguística no qual a
comunicação do cliente é interrompida (Van Zaalen et al., 2009).

FIGURA 1 - CATEGORIA DE SEMÂNTICA

Fonte: MORENO, M. GARCÍA, E., 2003.

Na desordem comunicativa, o componente emocional abrange o impacto do discurso


na percepção do próprio falante. Como mencionado anteriormente, quando alguém não se
sente compreendido repetidamente, pode surgir o medo de se comunicar. Um paciente que
avalia positivamente seu discurso e culpa o ouvinte por não compreender adequadamente.

UNIDADE 4 PROGRAMAS DE TRATAMENTO PARA ADOLESCENTES E ADULTOS, TAQUILALIA E TAQUIFEMIA 66


A ansiedade na comunicação pode surgir quando não há uma conexão entre a expressão
verbal do falante e a reação do ouvinte. O temor da comunicação pode desenvolver-se de
maneira inconsciente, tornando-se um problema latente na desordem. O fonoaudiólogo
deve estar ciente de que uma autoimagem positiva pode ser alterada quando o indivíduo
associa a resposta do ouvinte à sua fala.
A taquifemia é uma condição multidimensional que envolve a avaliação complemen-
tar de dimensões individuais, como velocidade e fluência, a fim de determinar a gravidade
geral da desordem. O Programa de Avaliação de Taquifemia (CLASP), uma ferramenta
gratuita desenvolvida por Bakker (2005) para calcular a porcentagem de tempo de fala
desordenado, é útil nesse contexto. O diagnóstico diferencial da taquifemia é um desafio,
dada a escassez de pesquisas abrangentes. No entanto, autores como Bakker (2005) e St.
Louis e McCaffrey (2005) sugerem que a taquifemia pura pode ocorrer em 5% a 16% das
crianças disfluentes. Weiss (1964) destacou uma proporção de 7% de taquifemia pura em
comparação com 21% de gagueira pura. Preus (1992) analisou sete projetos de pesquisa,
identificando a taquifemia-gagueira em grupos de gagos.
Há uma hipótese de que a incidência de taquifemia aumenta durante a adolescência
devido ao crescimento natural da velocidade de fala. Os adolescentes podem perder o controle
da fala, tornando-a menos compreensível. Algumas desordens podem passar despercebidas
até o início da adolescência, por volta dos 10 anos, quando as demandas de comunicação
atingem um ponto crítico, especialmente em indivíduos predispostos à desordem. Boey
(2000) observa que, geralmente, a velocidade de fala diminui no início da idade adulta.
A avaliação da produção da estrutura das frases deve ocorrer em ambientes
controlados, como clínicas, e em situações menos controladas fora delas, a análise de
transcrições escritas de cada situação de fala para avaliar a produção da estrutura da
frase. Estruturas de sentença corretas, produzidas imediatamente ou após reformulação
em resposta ao monitoramento interno, são pontuadas como gramaticalmente corretas na
primeira tentativa (após a exclusão de repetições) ou na segunda tentativa (após a exclusão
de disfluências normais),(WARD, 2011).
Pausas adicionais ou não linguísticas são frequentemente mencionadas na literatu-
ra sobre taquifemia como um ponto de preocupação no planejamento de pausas linguísticas
precisas (Daly & Cantrell, 2006). A duração média de uma pausa geralmente varia entre
0,5 e 1,0 segundos (Van Zaalen & Winkelman, 2009), desempenhando um papel essencial
na respiração, formulação da linguagem do falante e compreensão da linguagem pelo
ouvinte. A velocidade rápida de fala está diretamente associada a pausas mais curtas e/ou
a um menor número de pausas (Levelt, 1989). A taquifemia é caracterizada por uma alta

UNIDADE 4 PROGRAMAS DE TRATAMENTO PARA ADOLESCENTES E ADULTOS, TAQUILALIA E TAQUIFEMIA 67


variabilidade na duração das pausas, podendo ser muito curtas ou ocorrer em quantidade
insuficiente (Levelt, 1989).
Alguns pesquisadores, como St. Louis et al. (2003, 2007), excluem uma compo-
nente linguística de sua definição de taquifemia devido à presença de casos em que não
há sintomas relacionados à linguagem. Embora seja reconhecido que as dificuldades no
planejamento linguístico podem estar envolvidas na desordem (Ward, 2006), dados conclu-
sivos sobre a desordem como um todo ainda estão pendentes.
Os comportamentos desordenados tornam-se mais evidentes em situações de
conversa mais informais, espontâneas e extensas (Van Zaalen et al., 2008). Muitas vezes,
os pais ou parceiros de pessoas com taquifemia relatam que a fala do indivíduo é significa-
tivamente melhor dentro da clínica em comparação com situações de conversa relaxadas
(Daly, 1996; Op ‘t Hof & Uys, 1974; Van Zaalen & Winkelman, 2009; Weiss, 1964).
É mais provável que o médico observe a desordem de forma “descontrolada”
quando o cliente não está ciente de que está sendo observado, como durante interações
naturais, por exemplo, entre pais e filhos, ou entre adultos e parceiros, quando o médico
está ausente da sala.
Pessoas com taquifemia geralmente têm consciência de seus problemas de fala em
geral, embora muitas vezes não percebem os sintomas no momento em que ocorrem. Jet
skis, frequentemente, reconhecem sua rapidez, disfluências, ininteligibilidade e problemas
de pausa ao ouvirem suas falas gravadas. No entanto, a resposta a esses problemas durante
a fala pode ser limitada pelo ritmo das interações verbais em tempo real. A leitura em voz alta
de um texto desconhecido ou a expressão em uma língua estrangeira demandam um alto
nível de atenção, enquanto a leitura repetitiva da mesma história pode reduzir o foco na fala,
resultando em mais erros desordenados. Ao contrário da gagueira, onde a repetição reduz
frequentemente a frequência, na taquifemia, o médico deve examinar cuidadosamente os
contextos linguísticos nos quais os erros aumentam ou diminuem em clientes individuais.
A comparação do número de erros de leitura, coarticulação ou palavras telescópicas em
contextos que exigem ou não um alto nível de concentração na fala pode fornecer insights
sobre o impacto da atenção na fala do indivíduo (Van Zaalen & Winkelman, 2009).
O receio da comunicação é uma manifestação comum em pessoas com desordens
de fala, levando alguns indivíduos a evitar falar em determinadas situações. A identificação
das palavras ou situações mais desafiadoras para o paciente pode ser realizada por meio
de uma lista de verificação de situações de fala, como o SSC no Behavior Assessment
Battery (Brutten & Vanryckeghem, 2006).

UNIDADE 4 PROGRAMAS DE TRATAMENTO PARA ADOLESCENTES E ADULTOS, TAQUILALIA E TAQUIFEMIA 68


Em relação à consciência dos sintomas ou distúrbios da fala, é observado que
pessoas com taquifemia geralmente estão cientes de seus problemas de fala, mas nem
sempre no momento em que os sintomas ocorrem. Jet skis reconhecem frequentemente a
rapidez, as disfluências, a ininteligibilidade e os problemas de pausa ao ouvirem gravações
de suas próprias falas. A falta de resposta imediata a esses problemas durante a fala pode
ser atribuída à natureza acelerada das interações verbais em tempo real, que não propor-
ciona o tempo de reflexão proporcionado pela audição de uma gravação da própria fala.
A leitura em voz alta de um texto desconhecido ou a expressão em uma língua
estrangeira demanda um alto nível de atenção, resultando em um aumento do foco na
fala. Por outro lado, a repetição contínua da mesma história diminui o nível de atenção à
fala, levando a mais erros desordenados. Essa dinâmica difere da gagueira, onde leituras
repetidas muitas vezes resultam em uma diminuição da frequência da gagueira. Dado que
a gaguez e a taquifemia frequentemente coexistem, é crucial que o médico examine cuida-
dosamente os contextos linguísticos nos quais os erros aumentam ou diminuem em cada
indivíduo. (Ver figura 2).

FIGURA 2 – LEITURA EM VOZ ALTA

Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/procurar/imagens

Na avaliação da desordem, é útil solicitar ao cliente que critique seu próprio discur-
so durante várias tarefas gravadas. Utilizando uma escala de avaliação de 5 pontos, tanto
o médico quanto o cliente podem julgar simultaneamente as amostras gravadas em cada
uma das principais dimensões da fala e linguagem do cliente. A comparação das avaliações
do cliente e do médico proporciona uma compreensão mais aprofundada da consciência
dos sintomas do cliente (Brutten & Vanryckeghem, 2006).

UNIDADE 4 PROGRAMAS DE TRATAMENTO PARA ADOLESCENTES E ADULTOS, TAQUILALIA E TAQUIFEMIA 69


1.1 Tratamento da taquifemia
O estudo e tratamento da taquifemia apresentam desafios significativos, principal-
mente devido à natureza multifacetada da desordem. Um ponto crítico que requer consi-
deração e investigação é entender até que ponto os sintomas diversos da taquifemia são
específicos ou comuns a essa condição em si (Weiss, 1964).
Quando se aborda o tratamento da taquifemia, uma abordagem sistêmica destaca
a importância de considerar as diferentes partes do sistema de fala e linguagem como um
todo integrado. Essa abordagem é particularmente relevante para o tratamento da taqui-
femia devido à sua natureza multifacetada, interativa e complexa. Uma vantagem dessa
abordagem é que a terapia direcionada a uma dimensão, como o controle da frequência,
pode trazer benefícios para outras dimensões.
A taxa relacionada à capacidade de codificação de uma pessoa é uma variável
abrangente que influencia a sincronia e a sinergia entre as várias partes do sistema de
comunicação. A codificação refere-se à formulação das funções da fala e da linguagem,
enquanto a decodificação refere-se à extremidade receptora da cadeia de comunicação.
Essa compreensão da inter-relação dessas partes do sistema é crucial para um tratamento
eficaz da taquifemia (Weiss, 1964).
A produção da linguagem falada inclui: aspectos pré-linguísticos (intenções, men-
sagens pré-verbal), regulação do discurso (como um registro de discurso mantido mutua-
mente por um falante e um ouvinte), formulação da linguagem (seleção lexical e construção
sintática), operação fonológicas, especificações fonéticas, e o controle motor do sistema de
produção de fala gerar padrões acústicos. (Kent, 2000).
Diversas técnicas são empregadas para modificar ou modular comportamentos
relacionados à taquifemia. Abordaremos algumas dessas técnicas a seguir, focadas em
melhorar a articulação, clareza e inteligibilidade geral da fala:
01. Abordagens para Melhorar a Articulação e Clareza:
• Utilizar uma abordagem mais precisa e definitiva dos articuladores;
• Empregar uma execução mais ampla dos gestos articulatórios com movimentos
exagerados, inicialmente visando registrar o feedback sensorial associado a uma
postura articulatória precisa e firme;
• Dar atenção especial às terminações de palavras, sílabas átonas em palavras
multissilábicas e encontros consonantais, uma vez que esses contextos fonológi-
cos frequentemente resultam em comportamentos confusos;
• Enfatizar sílabas tônicas para proporcionar maior oportunidade de melhor arti-
culação e variações prosódicas.

UNIDADE 4 PROGRAMAS DE TRATAMENTO PARA ADOLESCENTES E ADULTOS, TAQUILALIA E TAQUIFEMIA 70


02. Abordagens para Melhorar a Organização Linguística, Envolvendo Funções
Executivas:
• As funções executivas, responsáveis por regular emoções e comportamentos
para alcançar objetivos apropriados ao contexto, englobam atividades cerebrais
como inibir impulsos, mudar, monitorar, planejar e organizar respostas (Westby e
Watson, 2004).
• Estas habilidades executivas são fundamentais para assegurar que as priorida-
des adequadas sejam atribuídas aos elementos-chave durante a comunicação.

Os primeiros pensamentos são relevantes, mas pensamentos posteriores podem


não ser relevantes para uma determinada estratégia em relação ao pensamento original.
Enquanto ou mesmo pensar, minha mente pode e de fato se desvia para outros assun-
tos totalmente não relacionados. Embora eu tente muito estabilizar meus pensamentos,
palavras, etc., e projetá-los, eles podem não ser projetados da mesma forma que foram
planejados (sic) e a frase resultante (sic) pode estar fora de contexto (WARD, 2011)

• Estar familiarizado com as partes essenciais da história para organizar os pen-


samentos em uma conversa prolongada;
• Ter imagens das partes principais que precisam ser incluídas na história;
• Aprender a identificar as diferentes partes da gramática da história à medida
que outra pessoa conta uma história;
• Aprender a colocar as cartas na sequência para contar uma história adequada;
• Gravar e transcrever a própria fala utilizando a Análise Sistemática de Disfluên-
cias: as partes pretendidas da mensagem (ou seja, as partes que transmitem
informações) são sublinhadas, todas as outras partes, como comportamentos
labirínticos (por exemplo, interjeições, frases incompletas) não estão sublinha-
das; o ato de ouvir e analisar a própria fala ajuda a sensibilizar o paciente para a
informatividade, clareza e eficiência geral da linguagem.

03. Abordagens para Aprimorar a Prosódia:


A perspectiva “sistêmica” destaca a interconexão entre as diversas facetas da co-
municação. Por exemplo, ao aplicar terapia para estimular maiores variações prosódicas,
focando o aprimoramento das sílabas tônicas, observa-se também benefícios na taxa, com
o aumento da duração da sílaba tônica e a melhoria na clareza da fala. Isso resulta em uma
maior modulação dos articuladores, incluindo o aumento do volume. A vantagem abrangen-
te dessas variações prosódicas, através do destaque linguístico, contribui para realçar os

UNIDADE 4 PROGRAMAS DE TRATAMENTO PARA ADOLESCENTES E ADULTOS, TAQUILALIA E TAQUIFEMIA 71


contornos semânticos e pragmáticos da comunicação. Algumas atividades que favorecem
o desenvolvimento de variações prosódicas incluem:
• Leitura de textos e poesias;
• Ênfase nas sílabas tônicas;
• Leitura de peças teatrais;
• Variação na entonação ao expressar uma frase, como “é ótimo ver você”, para
transmitir diferentes emoções ou intenções pragmáticas, como sinceridade, sar-
casmo, raiva, inteligência, humor ou tristeza.

O profissional de saúde deve identificar de forma distinta quando as dificuldades


no fluxo da fala derivam de problemas motores, dificuldades na construção linguística ou
de uma combinação de ambos. Os próprios pacientes desejam realizar essa distinção em
relação às suas interrupções na fluência, uma vez que compreendam a diferença. Um
indivíduo com gagueira compartilhou comigo o seguinte: “Eu entendo o que quero dizer
quando gaguejou, mas simplesmente não consigo produzir sons. Quando estou confuso,
eu não sei exatamente o que quero dizer, mas continuo falando de qualquer maneira. Na
desorganização, muitos pensamentos vêm até mim ao mesmo tempo”.
• Transcrever a própria fala, isso dá ao paciente amostras de fluência auditiva e
escrita da sua comunicação e permite que o paciente faça uma autocrítica sobre
o grau em ou a mensagem é interrompida, ou interrompida por interjeições, frases
incompletas e revisões. Discuta com tais disfluências prejudicam a “continuidade”
e a eficácia geral do discurso; (ver figura 3).

FIGURA 3- TRANSCREVER A PRÓPRIA FALA

Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/procurar/imagens

• Concentra-se em palavras e frases que são essenciais para a base de informa-


ções da mensagem;

UNIDADE 4 PROGRAMAS DE TRATAMENTO PARA ADOLESCENTES E ADULTOS, TAQUILALIA E TAQUIFEMIA 72


• Discutir com o paciente que existe uma interação sinérgica entre fluência e
habilidades de processamento da linguagem.

04. Abordagens para gestão do discurso


Em alguns casos, a terapia pode precisar enfocar o manejo da comunicação para
otimizar a proximidade e os efeitos contingenciais das trocas verbais. Excessos na fala,
especialmente ao abordar informações que o interlocutor já possui, podem infringir os prin-
cípios da contingência pragmática.
• Tomar consciência dos próprios padrões de discurso e contar o número de
interrupções ou saída pela tangente;
• Faça uma dramatização de uma conversa que exija uma diminuição do ritmo,
como quando o melhor amigo de alguém está profundamente triste;
• Fique atento ao feedback do ouvinte.

05. Atividades terapêuticas que visam trazer todo o sistema de comunicação em


sincronia e sinergia
As seguintes atividades terapêuticas servem bem como atividades culminantes em
grupo ou com atividades para transferir a manutenção de habilidades aprendidas.
• Enquetes e peças teatrais, aumentar a consciência dos turnos dos diferentes
oradores, reduzir a probabilidade de interromper alguém se os versos da peça
teatral forem lidos ou recitados durante a representação.
• Poesia, os poemas devem ser lidos e recitados com sentimento, interpretação e
drama, diferentes versões do poema impõem certo ritmo e cadência para cultivar
variações prosódicas.
• Regência musical, o cliente dita o andamento de uma música, os integrantes do
grupo cantarem, o paciente escolhe qual música qual música tocar para ilustrar
as variações de ritmo;
• Apresentação em sala de aula, acentuam a necessidade de tornar a fala clara,
coerente e coesa, oportunidade de levar em consideração o feedback não verbal
do público para modular a apresentação;
• O paciente pode se beneficiar de vários grupos de apoio ou aconselhamento,
para lidar com questões de qualidade de vida decorrentes do impacto da desor-
dem na sensação de bem-estar em ambientes sociais, acadêmicos e de trabalho.

UNIDADE 4 PROGRAMAS DE TRATAMENTO PARA ADOLESCENTES E ADULTOS, TAQUILALIA E TAQUIFEMIA 73


2
TÓPICO

TAQUILALIA

A intervenção é fundamentada na aplicação de diversas técnicas utilizadas para o


tratamento de distúrbios de fluência. Incluem-se exercícios respiratórios e de relaxamento,
com destaque para o treino conhecido como relaxamento progressista de (WARD, 2011).
Além disso, são empregadas atividades que visam facilitar a correta articulação, como
massagens, gestos, praxias, faciais, orofaciais, exercícios de posicionamento e repetição.
O programa também incorpora técnicas específicas para reduzir o fluxo da fala, tor-
nando-a mais lenta e livre de imprecisões articulatórias, como a técnica de monitoramento,
feedback e autocorreção a partir de um texto lido, assim como técnicas de transição da
leitura à linguagem oral. Adicionalmente, são aplicadas técnicas destinadas a normalizar
a ansiedade e a auxiliar na gestão adaptativa de situações conflitantes, destacando-se a
técnica de dessensibilização sistemática.

2.1- Tratamento da taquilalia


O objetivo é simplificar a fala, ajustar a função respiratória, aumentar a mobilidade
ao falar e melhorar a agilidade motora nos órgãos envolvidos na articulação imprecisa dos
fonemas, adaptando o tom muscular, principalmente na fonação.
Durante as sessões, são fornecidas orientações para a prática de exercícios de
respiração e relaxamento em casa. O tratamento busca reeducar a fala, ajustar a respira-
ção e o tônus muscular por meio de exercícios de coordenação respiratória e relaxamento.
O paciente é orientado a conscientizar-se da própria respiração, praticando diferen-
tes técnicas, como inspiração nasal profunda, retenção de ar e expiração pela boca, entre

UNIDADE 4 PROGRAMAS DE TRATAMENTO PARA ADOLESCENTES E ADULTOS, TAQUILALIA E TAQUIFEMIA 74


outras. O relaxamento progressivo de Jacobson é utilizado para relaxar os músculos da
face e pescoço, seguindo passos específicos.
Além disso, são realizados exercícios para promover a mobilidade oral, massagens
no rosto, nariz, lábios e pescoço, e práticas para adquirir agilidade e coordenação necessá-
rias à articulação. Também são incluídos exercícios articulatórios com fonemas imprecisos,
combinando várias técnicas para tratar distúrbios de fluência verbal, juntamente com ativi-
dades para facilitar a articulação correta da criança. (MORENO e GARCÍA, 2003)

Ambos os distúrbios destacam a importância de uma abordagem integrada que considere diferentes as-
pectos da comunicação, incluindo função motora, linguística e emocional. O tratamento pode variar e fre-
quentemente envolve uma combinação de técnicas para abordar as complexidades desses distúrbios da
fluência da fala.
Fonte: autor 2023.

A complexidade da taquifemia e a taquilalia abrange a importância de uma avaliação e tratamento dessa


condição. A variedade de técnicas terapêuticas apresentadas evidencia a necessidade de personalização do
tratamento, levando em consideração as características individuais de cada paciente.
Fonte: autor 2023.

UNIDADE 4 PROGRAMAS DE TRATAMENTO PARA ADOLESCENTES E ADULTOS, TAQUILALIA E TAQUIFEMIA 75


CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final da nossa terceira unidade! Espero que você tenha aproveitado
ao máximo os conhecimentos apresentados aqui. Você sabe que os estudos sobre esses
assuntos não acabam aqui, né?! Agora é o momento de procurar por mais informações,
continuar suas pesquisas em sites, revistas, artigos científicos, livros e vídeos, a fim de
enriquecer ainda mais seu repertório sobre o assunto!
Sabendo que você vai continuar seus estudos depois de finalizar a leitura da nossa
unidade, precisamos fechar nossas discussões. Concluímos que o diagnóstico e tratamento
da taquifemia e taquilalia exigem uma abordagem abrangente, considerando não apenas
os aspectos físicos da fala, mas também os emocionais e cognitivos. O entendimento da
inter-relação entre os diferentes componentes do sistema de comunicação é crucial para
promover uma terapia eficaz e melhorar a qualidade de vida dos indivíduos afetados por
esse distúrbio.

Até mais!

UNIDADE 4 PROGRAMAS DE TRATAMENTO PARA ADOLESCENTES E ADULTOS, TAQUILALIA E TAQUIFEMIA 76


LEITURA COMPLEMENTAR
Artigo: Differential diagnostic characteristics between cluttering and stuttering—
Part one
Autor: Y. Van Zaalen- op ’t Hofa,b, F. Wijnen d, P.H. De Jonckere c
Link de acesso: doi:10.1016/j.jfludis.2009.07.001
Resenha: Os fonoaudiólogos geralmente concordam que a taquifemia e a gagueira
representam dois distúrbios diferentes da fluência. O diagnóstico entre taquifemia e ga-
gueira é difícil porque esses transtornos têm características semelhantes e ocorrem fre-
quentemente em conjunção entre si. Este artigo apresenta uma análise das características
diagnósticas diferenciais dos dois transtornos, e A., & Cantrell, RP (2006). Características
de desordem identificadas como diagnósticas significativas por 60 especialistas em fluência.

Fonte: ZAALAN-OP’T HOF, Y. V.; WIJNEN, F.; DE JONCKERE, P. H. Differential


diagnostic characteristics between cluttering and stuttering—Part one. Journal of Fluency
Disorders, v. 34, p. 137–154, 2009. doi:10.1016/j.jfludis.2009.07.001.

UNIDADE 4 PROGRAMAS DE TRATAMENTO PARA ADOLESCENTES E ADULTOS, TAQUILALIA E TAQUIFEMIA 77


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
• Título: Gagueira: uma abordagem natural e prática para o trata-
mento
• Autor (a): A. N. Okonoboh
• Editora: Babelcube Inc.
• Resenha: O que é a gagueira? As principais causas da gagueira
e como solucionar esses problemas. Esses são alguns dos temas a
bordados nessa publicação que apresenta a gagueira como a falta
de habilidade de coordenar os órgãos responsáveis pela fala. Além
disso, como os pais, familiares e pessoas próximas desenvolvem
um papel importante nesse processo.

FILME/VÍDEO
• Título: A música nunca parou
• Ano: 2011
• Sinopse: Este filme aborda a relação entre um pai e um filho,
onde o filho desenvolve gagueira após um tumor cerebral. A música
é usada como uma ferramenta de comunicação entre eles

UNIDADE 4 PROGRAMAS DE TRATAMENTO PARA ADOLESCENTES E ADULTOS, TAQUILALIA E TAQUIFEMIA 78


CONCLUSÃO GERAL
O processo de aprendizagem nunca se encerra! Estamos em constante construção!
Chegamos ao final do no material da Fluência da fala. Espero que você tenha aprendido os
principais conceitos debatidos aqui sobre os transtornos da fala.
Na primeira unidade foi destacada a importância de compreender os conceitos de
fluência e disfluência na fala para a análise da comunicação verbal. A fluência é multifaceta-
da, abrangendo desde a continuidade até a expressão criativa, enquanto a disfluência varia
com contexto e idade. O texto também aborda a gagueira, um tema complexo com fatores
orgânicos, psicológicos e sociais, destacando a importância do ambiente e interações so-
ciais, além de uma possível base genética.
Já na segunda unidade o texto aborda diferentes distúrbios da fluência na fala,
como gagueira neurogênica, gagueira psicogênica, taquilalia e taquifemia, destacando
suas características distintas e complexas. O diagnóstico e diferenciação entre esses dis-
túrbios representam um desafio, tornando crucial a compreensão dessas condições para
profissionais de saúde, especialmente fonoaudiólogos.
E na terceira unidade o texto aborda a complexidade da anamnese da gagueira
em crianças, destacando a influência de fatores genéticos e ambientais. A avaliação em
crianças envolve observação e análise da fluência, ressaltando a importância de interven-
ções terapêuticas precoces. Para a gagueira em adultos, a terapia visa desfazer padrões
aprendidos.
E para encerrar com a quarta unidade vimos o diagnóstico e tratamento da taqui-
femia e taquilalia requerem uma abordagem abrangente, que leve em consideração não
apenas os aspectos físicos, mas também os emocionais e cognitivos da fala.
Desejo a você caro(a) aluno(a) sucesso em sua jornada de conhecimento! Não pare
de se atualizar! Os profissionais de destaque estão em constante processo de construção.
Sucesso!
Prof. Ana Paula Taborda.

79
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE CRF. Diagnóstico e intervenção precoce no tratamento das gagueiras
infantis. São Paulo: Pró-fono, 1999. V. 12. N.1. p. 68-71

ANDREWS, G. HARRIS, M. The syndrome of stuttering. London: Heinemann, 1964.

BAKKER, K. LOUIS, K. O. MYERS, F. RAPHAEL, L. A freeware software tool for deter-


mining aspects of cluttering severity. In: Annual National Convention of the American
Speech-Language-Hearing Association, San Diego, CA, 2005.

BLOODSTEIN, O. A handbook on suttering. 2. Ed. Illinoi: National Easter Seal Society for
Crippled Children and Adults, 1975

BLOODSTEIN, O. A rating scale study of conditions under which stuttering is reduced


or absent. JSHD 1950; 15: 29-36.

BOEY, R. Stotteren detecteren en meten. Leuven-Apeldoorn: Uitgeverij Garant, 2000.

BRUTTEN, G. VANRYCKEGHEM, M. Behavior Assessment Battery for school-age


children who stutter. San Diego, CA: Plural Publishing, 2006.

DALY, D. BURNETT, M. Cluttering: Assessment, treatment planning, and case study


illustration. Journal of Fluency Disorders, 21, 239–244, 1996.

DALY, D. CANTRELL, P. Cluttering: Characteristics labelled as diagnostically signifi-


cant by 60 fluency experts. Paper presented at the 6th IFA World Congress on disorders
of fluency, Dublin, Ireland, 2006, July.

80
FILMORE, C. On Fluency. In Individual diferences in language ability and language
behavior. Nova Iorque: Academic Press, 85-101, 1979.

FRIEDMAN, S. Gagueira: Origem e Tratamento. São Paulo, SP: Copyright, 1986.

GREGORY, H. Analysis and commentary. Language Speech and Hearing Services in the
Schools, 26(3), 196–200, 1995.

GUITAR, B. Stuttering: An integrated approach to its nature and treatment. (3a ed.).
Baltimore, MD: Lippincott Williams & Wilkins, 2006.

HILL, H. A critical review and evaluation of biochemical investigations. JSHD 1955.

JAKUBOVICZ, R. Gagueira. 6 Edição Revisada e Ampliada. Rio de Janeiro: Revinter, 2009.

JOHNSON, W. A statistical analysis of adapatation and consistency effects in relation


to stuttering. Minneapolis: Univ. of Minnesota Press, 1959

JOHNSON, W. ROSEM, L. Innes M. Studies of speech pattern upon frequency of stut-


tering. JSHD Monograph, 1961; (Suppl 7): 1-54

KENT, D. Research on speech motor control and its disorders: A review and prospec-
tive. Journal of Communication Disorders, 33, 391–428, 2000.

KISSAGIZLIS, P. Re: The sound of cluttering. 2007, October 2. Message posted http://
cahn.mnsu.edu/10myers/disc59/00000006.htm.

LAUFER, E. I Congresso Internacional de Profissionais em Fonoaudiologia. Jornal


Brasileiro de Reabilitação. ano 4, n15, volume IV, 1984.

LEVELT, M. Speaking: From intention to articulation. Cambridge, MA: MIT Press, 1989.

81
LOUIS, K. O. MCCAFFREY, E. Public awareness of cluttering and stuttering: Preliminary
results. Pôster apresentado na Convenção Anual da American Speech-Language-Hearing
Association (ASHA), San Diego, CA, 2005, 18 de novembro.

LOUIS, O. RAPHAEL, J. MYERS, L. BAKKER, K. Cluttering updated. The ASHA Leader,


4–5, 20–22, 2003, Novembro 18.

MORENO M. GARCÍA, E. Intervención en un caso de taquilalia infantil. Revista de


Logopedia, Foniatría y Audiología, 23(3), 164–172. December 2003 doi:10.1016/s0214-
4603(03)75758-1. Acesso em: 19 nov. 2023.

PREUS, A. Cluttering and stuttering: Related, different or antagonistic disorders? In


F. K. Myers & K. O. St. Louis (Eds.), Cluttering: A clinical perspective (pp. 55–70). Leicester,
Reino Unido: Far Communications, 1992.

PREUS, A. Cluttering upgraded. Journal of Fluency Disorders, 21, 349–358, 1996.

PRIOR, M. Understanding specific learning difficulties. Hove, Reino Unido: Psychology,


1996.

RIPER, C. The treatment of stuttering. New Jersey: Prenteice Hall, 1971.

SCARPA, M. Organizações rítmicas na fala inicial. Anais do IX Encontro Nacional da


ANPOLL. Universidade Federal da Paraíba.1995.

SHEEHAN, J. Conflict theory of stuttering. In: Eisenson J. (ED). Stuttering a second


symposium. New York: Harper and Row, 1970

VAN RIPER, C. The treatment of stuttering. New Jersey: Prentice Hall, 1971.

82
VAN ZAALEN, Y. WIJNEN, F. DEJONCKERE, P. Language planning disturbances in
children who clutter or have learning disabilities. International Journal of Speech and
Language Pathology, 11, 496–508, 2009.

VAN ZAALEN, Y. WINKELMAN, C. Broddelen, een (on) begrepen stoornis. Bussum.


Coutinho, 2009.

VAN, Y. BOCHANE, M. The wallet story. In Proceedings of the 27 th world congresso of the
internaional association of Logopedics ande Phoniatrics. P 85. 2007

WARD, D. Cluttering: A Handbook of Research, Intervention and Education. 1st Edition.


EUA e Canadá: Psychology Press, 2011.

WARD, D. Stuttering and cluttering: Frameworks for understanding and treatment.


Hove, Reino Unido: Psychology Press, 2006.

WEISS, A. Cluttering. Englewood Cliffs. NJ: Prentice-Hall, 1964.

WESTBY, C. WATSON, S. Perspectives on attention deficit hyperactivity disorder.


Executive functions, working memory and language disabilities. Seminars in Speech and
Language, 25, 241–254, 2004

WISCHNER, J. Stuttering behavior and learning: a preliminar theoretical formulation.


JSHD 1950; 15: 324-35.

83
ENDEREÇO MEGAPOLO SEDE
Praça Brasil , 250 - Centro
CEP 87702 - 320
Paranavaí - PR - Brasil
TELEFONE (44) 3045 - 9898

Você também pode gostar