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A aparição do demônio em José de Souza

Martins e em Cisne Negro


O que um encontro entre realidades tão distintas pode comunicar?

Lucas Camargo Polesel;


Flavia Mangialardo Spinardi.
5° Ano, Turma 52.

Um trabalho para a disciplina “Trabalho e cotidiano”.


Introdução:

“A APARIÇÃO DO DEMÔNIO NA FÁBRICA” VS. “CISNE NEGRO”

O que cada história nos conta?


Diferenças:
A aparição do demônio na fábrica: ótica coletiva; trabalho fabril; aborda um recorte
dentre as realidades possíveis para o trabalhador brasileiro na metade do séc. XX;
processo despersonalização do trabalho através da inserção dos engenheiros e das
máquinas no ambiente.

Cisne negro: ótica voltada ao individual, apesar de ser possível também ler a obra
sob um olhar coletivo; concepção outra de trabalho, já que o estudo numa escola de
ballet não evoca necessariamente um labor idêntico ao demonstrado no texto;
contexto estadounidense (o filme se passa em Nova Iorque), privilegiado em vários
aspectos; o filme também evidencia e evoca questões de gênero e sexualidade (o
texto também toca nesses pontos, mas não de forma “sensível”).
O trabalho em cada um:

O TRABALHO EM DESPERSONALIZAÇÃO

VS.

A DESPERSONALIZAÇÃO NO TRABALHO

Diálogos e predominância dos fenômenos em cada obra.


Pontos em comum:
Mesmo que em realidades e em contextos completamente diferentes, tanto o texto
quanto o filme apresentam um fenômeno extremamente semelhante – a aparição do
demônio. Portanto, o que os une? Em ambos, a entidade demoníaca aparece como
uma tentativa de assimilação da difícil realidade vivenciada pelos sujeitos, e nos dois
casos isso é feito em nome da performance, ainda que, efetivamente, sob causas
diferentes:

A aparição do demônio na fábrica: a máquina ditando uma nova performance ao


trabalhador, o que o adoece.

Cisne negro: a busca pela perfeição artística encontra barreiras subjetvias da


protagonista (e do ser humano enquanto categoria).
Performance, perfeição, substituição:

“Ao operário já não cabia pensar o seu trabalho, mas apenas reagir
interpretativamente aos movimentos que o ritmo do processo de trabalho
impunha ao seu corpo. O processo de trabalho não dependia da mediação de sua
interpretação para que tivesse sequência. Seu corpo fora transformado num
instrumento dos movimentos automáticos da linha de produção”.

(Ritmo; corpo; trabalho; atmosfera e ambiente de trabalho).


O(s) demônio(s) e a subjetividade:

Aparência semelhante do demônio da fábrica com os engenheiros e do


demônio do filme com o cisne;
Caráter alucinatório que, no caso do filme, é individual e no caso do livro,
coletivo. Independentemente, ambas as situações podem ser lidas como
fenômenos subjetivos;
Tudo (ou quase tudo) elaborado psiquicamente a partir da relação com o
(O)outro.

E o que isso tem a ver com o trabalho?


“[...] Também os operários da moderna indústria
estão sujeitos à invocação do imaginário arcaico
para compreender as mudanças tecnológicas na
produção. Quando a modernização industrial
introduz uma separação radical entre o pensar e o
fazer no processo de trabalho, o imaginário arcaico
pode preencher esse vazio para lhe dar sentido: o
sentido que sua irracionalidade pode ter”.
O(s) demônio(s) e o adoecimento da subjetividade:

Substituição;
Exaustão do corpo em consequência do ritmo de trabalho;
Conflitos internos e externos atmosfera e ambiente de trabalho, sem
qualquer amparo efetivo.
Considerações finais:

Certo, mas então nada disso é real?


Referências:

MARTINS, José de Souza. A aparição do demônio na fábrica, no meio da


produção. Tempo Social, v. 5, p. 1-29, 1993.

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