Entre os curadores paranormais até hoje conhecidos, ele permanece sem paralelo pela amplidão dos poderes que demonstrou. Zé Arigó foi chamado de “A Oitava Maravilha do Mundo” pela extensão de seus fenômenos. Neste documentário oferecemos uma explicação alternativa da origem dos poderes deste homem extraordinário, baseada nos cânones do Ocultismo. Entregamo-la à livre reflexão do expectador. Não repetiremos aqui os dados biográficos de Arigó, bem conhecidos e que podem ser encontrados em livros e no filme recente sobre ele lançado. Vamos considerar apenas as suas habilidades paranormais. Arigó disse que desde menino via um espectro de um cirurgião em roupas médicas antigas; um homem alto e careca, que o orientava. Dizia também escutar em um dos seus ouvidos uma voz que o dirigia no que tinha que fazer e dizer. Seria o espírito de Adolph Fritz, médico alemão que teria atuado na primeira guerra mundial e que decidiu servir a humanidade por meio de Arigó. Sem saber a origem do que ocorria consigo, Zé Arigó aceitou a tese de alguns espíritas que lhe orientaram e a partir dali começou a atender numa clínica que abriu na Rua Floriano Peixoto, na cidade de Congonhas, Minas Gertais. Cerca de 200 a 500 pessoas por dia acorriam à clínica, atraídas pelo êxito de sua prática curadora. Segundo testemunhas oculares, antes que a pessoa dissesse seu problema, Arigó se adiantava e a diagnosticava com precisão. Se o caso pudesse ser resolvido só com medicamentos, ele receitava toda a farmacopeia então conhecida, de remédios antigos aos mais modernos e até alguns que ainda não haviam chegado ao Brasil e estavam em testes em laboratórios do estrangeiro. Arigó sabia o nome técnico, dosagem e posologia com precisão extraordinária. Fato surpreendente para um homem simples do interior do Brasil e que tinha estudado só até a terceira série primária. Se o caso requeresse intervenção física, Arigó empunhava uma faca comum de cozinha, navalha ou até mesmo um canivete, enferrujados ou não, e operava a pessoa ali mesmo. A pessoa não sentia dor, não havia sangramento e o corte fechava-se sozinho a um comando seu. Não havia infecção. Arigó podia mesmo afastar sua mão do objeto usado para os cortes e este trabalhava sozinho, como se segurado por mãos invisíveis, como relataram muitas testemunhas. Não bastando, neste estado de transe Arigó era tomado por certa onisciência, pois tudo sabia e tudo conhecia. Podia relatar a vida inteira dos pacientes e até fatos futuros, que depois de um tempo se confirmavam. Falava com autoridade e segurança. Não demorou muito para Arigó atrair a atenção de cientistas estrangeiros. Um comitê de médicos americanos, liderados pelo Dr. Andrija Puharich, especialista em bioengenharia, deslocou-se a Congonhas com uma série de equipamentos científicos, para testar o médium. Os cientistas viram que aquele caipira do interior do Brasil conversava com eles no jargão médico, utilizando termos técnicos que só um médico ou estudante avançado de medicina podia dominar. Citava procedimentos, remédios e técnicas próprias da medicina. Arigó podia ainda determinar com precisão a pressão arterial de um paciente sem medi-la, assim como enxergava tumores e todo tipo de problemas internos apenas olhando paras as pessoas, como se os corpos destas lhe fossem transparentes. Após o estudo, o Dr. Puharich e os médicos americanos verificavam que Arigó acertava em cerca de 90% das vezes o diagnóstico, assim como ficava nessa média sua taxa de cura. Arigó nunca se lembrava do que fazia quando estava em transe e por vezes ficava incrédulo quando lhe contavam seus feitos. Após a morte de Arigó, outros médiuns brasileiros disseram encarnar o mesmo espírito que supostamente se manifestava por meio de Arigó. Alguns deles efetivamente reproduziram muitos dos feitos de Arigó, embora nenhum o tenha superado na amplitude de poderes. Os dois mais famosos foram o médico ginecologista Edson Cavalcante Queiroz e o engenheiro eletrônico Rubens Faria Jr. O nome “Dr. Fritz” tornou-se quase uma marca no meio mediúnico e é muito evocado por parte de médiuns curadores. No maior país espírita do mundo, com esta religião e suas variantes amplamente difundidas entre milhões de brasileiros, a explicação espírita do fenômeno Arigó e outros como ele é amplamente aceita. Mas o que diz o Ocultismo sobre o assunto? Há outra forma de entender o que ocorria com Zé Arigó? Para aqueles que assistiram ao nosso documentário neste Canal, “O Contato com os Mortos Segundo o Ocultismo”, viram a explicação detalhada da fenomenologia espírita sob a lente do Ocultismo. No caso de Zé Arigó e outros como ele, excetuando os casos de crasso charlatanismo, os fenômenos são autênticos e verdadeiramente assombrosos, mas não dependem de espíritos desencarnados para sua produção. Como afirmou Helena Blavatsky em um dos seus textos, “o homem tem capacidades psíquicas que, se despertadas, podem fazer dele um deus na Terra”. Arigó foi uma dessas pessoas que nasceram com algumas dessas capacidades despertadas, oriundas provavelmente de experiência em vida anterior, mas que foram abertas de forma anárquica e inconsciente. Em outras palavras, como todos os médiuns ele não podia controlar o que ocorria consigo, necessitando perder a consciência para que seu outro lado pudesse despertar, o inverso do que ocorre com um místico, que acessa conscientemente os planos superiores do Universo. A clarividência de Arigó explica-se pelo espectro de consciência humano que pode ser infinitamente ampliado, seja de forma inconsciente ou de forma consciente. Entre as possibilidades advindas desse acesso há o contato com os Registros Akashikos, a Memória do Universo, que confere a quem o contata conhecimento ilimitado de assuntos que nunca estudou. Outro exemplo famoso foi Edgar Cayce, paranormal americano muito semelhante a Arigó, sobre quem temos um vídeo nesse Canal. A mudança de personalidade de Arigó também não é espantosa, pois todo ser humano tem várias personalidades subsidiárias em si, que permanecem em segundo plano; são seus “eus” de outras vidas, que ficam reprimidos enquanto a personalidade da atual encarnação se manifesta. Cultas e incultas, tais personalidades formam os vários aspectos do Eu total. Em casos anormais ou patológicos, ou provocados voluntariamente, personalidades subliminares podem voltar à vida, separadas ou simultaneamente. Quando isso ocorre de forma anárquica e inconsciente, o indivíduo julga ter visões de aspectos aparentemente separados de si e que não passam de projeções de si mesmo, como ocorria com Arigó, que ao ver um médico antigo julgava- o por um espírito desencarnado, quando não passava de um aspecto de sua própria personalidade. Quando esses eus anteriores e subliminares são libertados, podem agir independente da personalidade atual. Aí surgem visões e vozes que, se incorretamente interpretados, podem parecer separadas da personalidade atual. De fato, Arigó dizia escutar em um dos ouvidos uma voz que lhe orientava sobre tudo o que tinha que fazer e dizer; para o Espiritismo era a de um espírito desencarnado, para o Ocultismo, a voz do Eu Interior do próprio Arigó. De fato, nunca se localizou um Adolph Fritz como tendo realmente existido. Também se formos levar em consideração o depoimento de uma das biógrafas de Arigó, Leida Lúcia de Oliveira, que dos 10 aos 23 anos assessorou Zé Arigó, outros médiuns que encarnaram o Dr. Fritz após a morte de Arigó não se lembraram dela quando ela se dirigiu a eles, coisa estranha caso se tratasse da mesma entidade se manifestando em outros corpos. O que reforça a tese ocultista de que no caso dos médiuns curadores, mesmo atuando sob o nome do mesmo suposto espírito, trata-se na verdade das capacidades psíquicas dos próprios indivíduos, embora eles não as controlem ou entendam seu verdadeiro mecanismo. A habilidade de Arigó em telecinese e materialização explica-se também pelos poderes psíquicos inatos no ser humano. O corpo astral ou plástico do homem pode ser deslocado e trabalhar independentemente do invólucro físico, por isso Arigó podia manipular objetos sem tocá-los, como se estes adquirissem vida. Muitos paranormais demonstraram a mesma habilidade. Precisamos considerar ainda a Lei da Evolução, uma das Leis Ocultas mais importantes. Segundo ela nenhuma pessoa, enquanto não atingir a perfeição absoluta, pode paralisar sua progressão espiritual e se recusar a reencarnar, atuando apenas através de médiuns. Por isso mensagens mediúnicas atribuídas a figuras do passado, como Cleópatra, Júlio Cesar, Napoleão, Victor Hugo, ou outras menos conhecidsa, não procedem, pois tais entidades já reencarnaram inúmeras vezes de acordo com esta lei. Seria espiritualmente desastroso para elas permanecerem prisioneiras de uma personalidade manifestada em uma encarnação passada. Como vimos no outro documentário já citado, o contato com desencarnados é plenamente possível, mas não se dá da forma como supõe o espiritismo, não requerendo mediunidade. Zé Arigó pertence ao espectro de psíquicos e paranormais involuntários, registrados em todos os tempos. Poderes psíquicos podem efetivamente eclodir de forma anárquica e inconsciente em qualquer indivíduo, e nesse caso sua causa será atribuída de acordo com a cultura dominante do lugar: deuses, demônios, espíritos etc. quase nunca em sua verdadeira dimensão: o próprio eu divino do homem. Antes de encerrar, convém indicar uma bibliografia relativa a Arigó. O primeiro livro é “Arigó: o Cirurgião da Faca Enferrujada”, da Ed. Nova Fronteira. Do escritor americano John G. Fuller, o livro apresenta a pesquisa dos cientistas americanos em torno de Arigó. A obra não assume nenhuma posição quanto a origem dos poderes assombrosos de Arigó e hoje está fora de catálogo, sendo muito rara. Já o livro “Cirurgias Espirituais de Zé Arigó”, de Leida Lúcia de Oliveira, da Editora Ame, é a biografia mais completa sobre Arigó em qualquer língua. A autora conviveu com Arigó por 13 anos e relata na obra detalhes sobre os poderes de Zé Arigó nunca antes revelados. A obra esposa a tese espírita para a origem das habilidades de Arigó e ainda é editada. Finalmente, neste ano foi lançado o filme brasileiro “Predestinado”, sobre a vida de Arigó. Dirigido por Gustavo Fernández, o filme também subscreve a tese espírita sobre Arigó. Bem dirigido e com ótimas atuações, o filme lhe presta uma justa homenagem. Homem simples e honesto, Zé Arigó auxiliou milhões e foi uma das provas do que o ser humano pode fazer quando age a partir da sua dimensão transcendente. Segundo pesquisadores internacionais, Zé Arigó permanece sendo o paranormal mais impressionante do século XX.