Você está na página 1de 33

Hildegarda de Bingen

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Hildegarda de Bingen (em alemão: Hildegard von Bingen;


Bermersheim vor der Höhe, verão de 1098 — Mosteiro de
Santa Hildegarda de Bingen
Rupertsberg, 17 de setembro de 1179), apelidada Sibila do
Reno, foi uma monja beneditina, mística, teóloga, compositora,
pregadora, naturalista, médica informal, poetisa, dramaturga,
escritora alemã e mestra do Mosteiro de Rupertsberg em
Bingen am Rhein, na Alemanha. É uma santa e doutora da
Igreja Católica.

Personalidade muito citada mas de fato pouco conhecida pelo


grande público moderno, rompendo as barreiras dos
preconceitos contra as mulheres que existiam em seu tempo, se
tornou respeitada como uma autoridade em assuntos
teológicos, louvada por seus contemporâneos em altos termos.
Hoje é considerada uma das figuras mais singulares e
importantes do século XII europeu, e suas conquistas têm
poucos paralelos mesmo entre os homens mais ilustres e
eruditos de sua geração. Seus vários e extensos escritos
mostram que ela possuía uma concepção mística e integrada
do universo, ainda que essa concepção não excluísse o
realismo e encontrasse no mundo muitos problemas. A solução
para eles, de acordo com suas ideias, devia advir de uma união
cooperativa e harmoniosa entre corpo e espírito, entre
natureza, vontade humana e graça divina. Mas não tentou
inaugurar uma nova corrente de pensamento religioso; sempre
permaneceu fiel à ortodoxia do Catolicismo, e combateu as Retrato de Hildegarda no Liber scivias
Domini
heresias e a corrupção do clero. Quis acima de tudo desvelar
para seus semelhantes os mistérios da religião, do cosmos, do Monja Beneditina e Doutora da Igreja
homem e da natureza. Para ela o universo era a resposta para Nascimento 1098 em Bermersheim vor
as dúvidas da humanidade, e a humanidade era a resposta para der Höhe, Alemanha
o enigma do universo. Mas, como ela escreveu, se a Morte 17 de setembro de
humanidade não fizesse a pergunta, o Espírito Santo não 1179 (81 anos) em
Mosteiro de Rupertsberg,
poderia respondê-la.[3] Foi a primeira de uma longa série de Alemanha
mulheres influentes tanto na religião como na política, e um Veneração Igreja Católica
representante típico da aristocracia cultural beneditina. por
Orgulhosa de pertencer a uma elite social e espiritual, mostrou- Beatificação Data ignorada. Veneração
se no entanto humilde e submissa a Deus.[4] pública autorizada em
1324 pelo papa João
Além de mística, teóloga e pregadora, foi poetisa e XXII.[1]
compositora talentosa, deixando obra de vulto e original. Canonização 1584, em canonização
Também fez muitas observações da natureza com uma administrativa autorizada
objetividade científica até então desconhecida, especialmente pelo papa Gregório XIII,
sobre as plantas medicinais, compilando-as em tratados onde sem processo formal.[2]
abordou ainda vários temas ligados à medicina e ofereceu Principal Igreja de Santa Hildegard,
templo Eibingen, Alemanha
métodos de tratamento para várias doenças.[5] Seus primeiros Festa 17 de setembro
biógrafos a mencionaram como santa e lhe atribuíram alguns litúrgica
milagres, em vida e logo após a sua morte. Abriu-se um Padroeira músicos
processo de canonização, mas sua causa parou na beatificação. Portal dos Santos
Entretanto, em 1584 o papa Gregório XIII autorizou a inclusão
do seu nome no Martirológio Romano como santa. O papa
Bento XVI reafirmou oficialmente sua santidade e a proclamou Doutora da Igreja através de carta apostólica
de 7 de outubro de 2012. Seu dia é festejado em muitas dioceses alemãs. Depois de um longo período de
obscuridade, sua vida e obra vêm recebendo atenção crescente desde a segunda metade do século XX; seus
escritos começaram a ser traduzidos para várias línguas, muitos livros e ensaios já lhe foram dedicados e foram
feitas diversas gravações com sua música.[5][6]

Índice
Biografia
Juventude
Maturidade
Anos finais e morte
As fontes documentais primitivas
Seu tempo
Misticismo e santidade
Ideias gerais e posição histórica
Obras
Sua trilogia teológica
Liber scivias Domini
Liber vitae meritorum
Liber divinorum operum
Ciência natural
Música e poesia
Ordo Virtutum
Symphonia armonie celestium revelationum
Lingua ignota
Outros escritos
Correspondência
Hagiografia
Trabalhos exegéticos
Homenagens
Lista de obras
Referências
Ligações externas

Biografia
Juventude

Hildegarda de Bingen nasceu em uma família da pequena nobreza de Bermershein, que estava a serviço dos
condes de Sponheim, e que produziu diversas personalidades religiosas e culturais, entre elas dois de seus
irmãos, Hugo, mestre do coro da Catedral de Mogúncia e mentor do bispo de Liège, e Roricus, que se tornou
cônego da abadia beneditina de Tholey.[7] O nome da família não foi transmitido com segurança à
posteridade, mas é possível que fosse Von Stein, a partir de algumas indicações nos documentos primitivos.[8]
Hildegarda foi a décima filha de Hildebert e Mechtild, e por esse motivo teria sido oferecida como dízimo à
Igreja, mas é possível que o fato de ela desde tenra infância experimentar visões, combinado à sua saúde
precária, teriam sido os motivos principais para destiná-la à vida religiosa.[7][9] Segundo a Vita Sanctae
Hildegardis, a mais importante biografia antiga sobre ela, aos três anos de idade ela teve sua primeira
experiência espiritual, quando viu uma luz de brilho deslumbrante que fez sua alma tremer, e nos anos
seguintes essas visões se repetiram com frequência. Hildegarda relatou algumas delas para as pessoas de sua
família, mas, intimidada com a reação de surpresa e desconfiança que causavam, logo cessou de mencioná-
las.[10]

Com oito anos foi confiada aos cuidados de Jutta, filha do conde de
Sponheim, e que era a mestra (Cf. nota:[11]) de um pequeno grupo de
monjas enclausuradas de um eremitério anexo ao Mosteiro de
Disibodenberg, que as supervisionava. Jutta introduziu Hildegarda no
modo de vida dos Beneditinos e deu-lhe as primeiras letras através da
leitura das Escrituras. Possivelmente também lhe ministrou elementos
de música. Em sua época os mosteiros beneditinos eram uma das
melhores opções para os membros da aristocracia germânica que
desejavam se dedicar à religião; estavam entre os mais importantes
Entrega de Hildegarda para Jutta, centros de cultura da Europa medieval, e podiam prover uma
altar de Santa Hildegarda na igreja educação esmerada para os filhos da nobreza. Mas parece que, no seu
paroquial de Bingen. caso, a julgarmos por suas repetidas declarações anos mais tarde, essa
educação inicial foi apenas rudimentar.[7] Suas experiências
visionárias continuavam, mas ela mesma ainda não sabia definir sua
origem. Dizia que via e ouvia as coisas "em sua alma", chegava a ter
sensações táteis e olfativas, e ao mesmo tempo continuava alerta para
com o que se passava no mundo físico, e em plena posse de suas
faculdades mentais e corpóreas, mas também disse que elas a
exauriam, a ponto de deixá-la constantemente doente.[10]

Em 1114 fez seus votos definitivos e ingressou na Ordem, mas a


reconstituição de sua vida nesse eremitério é muito difícil; não há
relatos descritivos, salvo breves alusões. A partir de crônicas deixadas
Ruínas do Mosteiro de sobre outras comunidades semelhantes de seu tempo, é provável que
Disibodenberg. seu eremitério tenha seguido em linhas gerais, mas com maior
pobreza, a rotina dos monges beneditinos que o supervisionava,
passando a maior parte do dia em orações ou trabalhos manuais. O contato com o mundo profano era
rigorosamente vedado, e ao que tudo indica não podiam sequer sair para exercitar-se. Em todos os assuntos
devem ter dependido dos monges vizinhos, mas não há como saber em que medida Hildegarda se beneficiou
da rica vida cultural de que desfrutavam os integrantes masculinos da Ordem. Entretanto, mesmo em todos os
outros momentos isoladas do mundo, parece garantido que as missas eram assistidas pelas monjas na igreja dos
monges, pois não possuíam uma própria, e pelo menos no que diz respeito à vivência musical e ao
aprendizado do latim, da retórica sacra e da doutrina católica, essa frequência deve ter sido de grande
importância para a futura carreira de Hildegarda. Logo a fama de virtude de sua mestra, que veio a ser
santificada, e a dela própria, começaram a atrair outras monjas, o pequeno eremitério, que inicialmente possuía
apenas uma porta e uma janela, foi gradualmente ampliado e se tornou quase um mosteiro autônomo, e o rigor
de sua clausura parece ter sido suavizado. É possível que tenha se envolvido então com o cuidado de doentes e
gestantes e incrementado suas práticas musicais. Segundo o que disse anos depois, sua saúde melhorou, ela se
sentia mais confiante e sua habilidade clarividente se desenvolveu, passando a ser capaz de prever o futuro.[12]

Maturidade

Até a ocasião da morte de Jutta, em 1136, quando foi eleita mestra das monjas de Disibodenberg, as fontes
primitivas não dão dados relevantes; ela mesma afirmou em um de seus escritos que sua juventude fora de
pouco interesse salvo pelas visões que tinha. Mas em 1141 teve uma visão que abriu-lhe o entendimento para o
significado profundo do texto das Escrituras.[13] Numa de suas notas autobiográficas, disse:

"E sucedeu no 1141º ano da encarnação de Jesus


Cristo, Filho de Deus, quando eu tinha quarenta e
dois anos e sete meses, que os céus se abriram e
uma luz ofuscante de excepcional fulgor fluiu para
dentro de meu cérebro. E então ela incendiou todo
o meu coração e peito como uma chama, não
queimando, mas aquecendo… e subitamente
entendi o significado das exposições dos livros, ou
seja, dos Salmos, dos Evangelhos e dos outros
livros católicos do Velho e Novo Testamentos".[13]

Ao mesmo tempo uma voz lhe ordenou: "Oh mulher frágil, cinza de
cinza e corrupção de corrupção, proclama e escreve o que vês e
ouves". Para que não restassem dúvidas, a ordem lhe foi repetida por
três vezes.[13] Mas não pôde colocar em prática de imediato o
Hildegarda escrevendo sob
mandado divino. Imaginava-se indigna e isso a atormentava, e inspiração divina.
temendo o que os outros iriam dizer dela se aparecesse como profeta,
entrou em uma crise interior, e adoeceu. Por incentivo do monge
Volmar, que provavelmente deu-lhe uma educação complementar mais sólida e ajudou-a na correção do seu
latim ainda precário, transcreveu alguma coisa em segredo, os primeiros esboços de seu Liber scivias Domini,
mas somente em 1147, ainda hesitante, procurou Bernardo de Claraval, já famoso, em busca de orientação.
Escreveu-lhe uma carta onde expunha suas dúvidas e receios, e pedia uma confirmação para seu dom, mas a
resposta do celebrado religioso foi circunspecta e evasiva. Não quis assumir a responsabilidade por seus atos,
mas encorajou-a a confiar no seu próprio julgamento e através dele atender ao chamado que recebera. Mas
logo passou a apoiá-la mais efetivamente, persuadindo o papa Eugênio III a ler alguns de seus escritos iniciais
diante do sínodo reunido em Trier em 1147-1148. O papa enviou uma comissão de clérigos para verificar a
autenticidade do que tinha em mãos como sendo dela, e, confirmada a autoria, o papa enviou-lhe uma carta
louvando seu amor a Deus e sua reputação honrada, aprovando suas visões, o que lhe deu o impulso decisivo
para assumir publicamente seu dom profético como uma missão evangelizadora e passasse a lançar ao papel
resolutamente e em detalhe o que lhe era revelado.[14] Escrevia em latim, o que de imediato excluía um
público popular, e o próprio conteúdo de seus escritos também os direcionava para a elite. Torna-se
surpreendente a sua produção quando se lembra que em seu tempo as mulheres em geral tinham pouquíssimo
espaço na vida cultural, civil e religiosa, havia muitos preconceitos contra elas a respeito de sua moralidade e
de suas capacidades físicas e intelectuais, e não tinham nenhuma autoridade. Ao mesmo tempo, ela própria se
sentia pouco qualificada, alegando ter recebido uma educação pobre e que, comparada com a refinada cultura
nas artes liberais que muitos monges recebiam, fazia dela, aos olhos de seus contemporâneos, uma semi-
analfabeta. Mas imediatamente depois da aprovação papal, tornou-se uma celebridade em toda a Europa.[15]

Em 1148, obedecendo uma ordem recebida em uma visão, deixou Disibodenberg junto com outras monjas a
fim de revitalizar o antigo Mosteiro de Rupertsberg, então arruinado. Era localizado numa região erma, e lá
continuou seu trabalho religioso e assistencial, bem como seus escritos. A mudança encontrou resistência no
clero e nos monges de Disibodenberg, e inclusive entre suas monjas, mas finalmente, em torno de 1150, o
prédio estava restaurado, e o grupo, instalado.[16] Sua primeira obra, o Liber scivias Domini (Livro do
conhecimento dos caminhos do Senhor), foi concluída ali em 1151, contendo uma coleção de relatos sobre
suas visões até então. Esse período inicial em Rupertsberg foi marcado por várias dificuldades, lutando por
verbas para o sustento da comunidade e pela regularização de seu estatuto jurídico, e enfrentando a deserção
de várias monjas, perdendo inclusive a sua assistente e discípula favorita, Richardis von Stade, que foi
indicada superiora de outro mosteiro. Por outro lado, foi favorecida pelas boas relações de sua família com a
nobreza local e com o alto clero. Ela mesma já era famosa e se correspondia com várias personalidades
importantes, e ganhou a amizade e a proteção de Frederico II, até que as diferenças dele com o papa fizeram
essa amizade esfriar. Também desta fase datam suas primeiras composições musicais e poéticas conhecidas,
bem como suas primeiras observações científicas da natureza e textos médicos. A partir de 1158 iniciou sua
próxima obra importante, o Liber vitae meritorum (Livro dos méritos da vida), onde examinou os vícios e as
virtudes da vida humana, mas esteve doente ao longo de quase todo o período em que o escreveu.[17]

Anos finais e morte

A partir de 1160, sempre por força de comandos divinos que lhe impunham doenças até que ela anuísse ao
chamado, o que fazia nem sempre de boa vontade ou imediatamente, por temor da rejeição das pessoas,
empreendeu diversas viagens pela Alemanha e França a fim de pregar, um privilégio nunca outorgado a
mulheres, indo primeiro a Mogúncia, Würzburg, Ebrach e Bamberg. Depois viajou para a Lorena, passando
por Trier e Metz. No ano seguinte visitou Colônia e outras cidades, indo até o Ruhr. Em 1163 terminou o
Liber vitae e imediatamente iniciou sua obra teológica mais notável, o Liber divinorum operum (Livro das
obras divinas), um comentário sobre o prólogo do Evangelho de São João e sobre o livro do Gênesis,
aprofundando os temas já tratados no Scivias. A escrita dessa obra sofreu várias interrupções, e só foi
terminada em 1174, pouco antes de sua morte. Em 1165 suas tarefas duplicaram com a fundação de um novo
mosteiro em Eibingen, para acomodar o crescente número de monjas sob seus cuidados. Visitava-o duas vezes
por semana, e nesse período seus biógrafos dizem que fez suas primeiras curas milagoras e exorcismos.[17]

Em torno de 1170, já idosa, uma visão ordenou que ela fizesse uma última viagem, agora para Maulbronn,
Hirsau, Zwiefalten e outras cidades. De início relutou, como costumava fazer, mas então foi atacada por uma
hoste de espíritos malignos que se compraziam em humilhá-la e infligir-lhe intensas dores físicas. Quando
finalmente aceitou a incumbência, foi recompensada com a visão de um homem de aparência
extraordinariamente formosa e de bondade amantíssima:

"Ao vê-lo senti todo meu ser infuso de um perfume balsâmico. Então exultei com
alegria imensa, e desejei permanecer na sua contemplação para sempre. E ele
ordenou que os que me afligiam partissem e me deixassem em paz, dizendo: 'Vão, não
quero que a atormentem mais!', e eles, partindo, gritaram: 'Ah, sempre que viemos aqui
saímos confundidos!' Imediatamente, às palavras do homem, a doença que me afligia,
como água empurrada pelo vento, se foi, e eu recuperei as forças".[18]

Suas pregações eram audaciosas e veementes, denunciando os vícios


do clero e combatendo as heresias, em particular a dos cátaros, que
naquela altura estavam penetrando rapidamente na Germânia, fazendo
muitos seguidores.[19] Esses périplos exigiam muito de sua saúde, e
seus anos finais foram perturbados por uma série de moléstias.
Algumas lhe causavam grandes sofrimentos, mas seus dotes
intelectuais e espirituais pareciam crescer à medida que o corpo
fraquejava. Permaneceu sempre em atividade, escrevendo, debatendo
Mosteiro de Rupertsberg em torno de com outros religiosos e atendendo à crescente multidão de pessoas
1620. que vinham em busca de seu conselho e dos remédios que
preparava.[20] Nesse período escreveu as biografias de São Rupert e
São Disibod, um comentário sobre a Regra Beneditina, e outras peças
menores. Além de seus problemas de saúde e os administrativos,
perdeu em 1173 seu colaborador de longa data, o monge Volmar, e
custou a encontrar um substituto. Teve de apelar para o papa
Alexandre III, e após longas negociações foi-lhe enviado o monge
Gottfried em fins de 1174 ou no início de 1175, que começou a servir
de seu assistente e iniciou a compor uma biografia sobre Hildegarda,
mas faleceu em 1176 sem terminá-la. Foi então substituído pelo
monge Guibert de Gembloux, que também se dedicou a escrever
Relicário de Santa Hildegarda na
igreja paroquial de Eibingen.
sobre sua vida, e igualmente não terminou o trabalho, abordando
apenas seus anos iniciais, o que foi uma lástima dado o vulto do
fragmento que sobreviveu.[21]

No último ano de sua vida enfrentou uma outra crise, agora a do interdito que o clero de Mogúncia impôs
sobre o seu mosteiro, impedindo a celebração da missa e a prática dos cânticos sacros. O motivo foi o de ela
ter permitido o enterro de um nobre alegadamente excomungado no cemitério de seu mosteiro, mas segundo
ela este nobre havia sido absolvido in extremis e recebido a eucaristia. A despeito de ter feito apelos às
autoridades, explicando o ocorrido, o conflito só piorou e foi necessário o concurso do arcebispo de
Mogúncia, que decidiu levantar o interdito em 1179. Mas todo o caso a desgastou profundamente, e depois de
conseguir uma solução favorável para si, perdeu as forças e desejou ser liberta do corpo para encontrar a
Cristo. Previu a iminência de sua morte e faleceu pacificamente em 17 de setembro do mesmo ano.[20]

As fontes documentais primitivas


A principal fonte de informação sobre sua vida é a biografia que
foi escrita por seu secretário, o monge Gottfried, Vita Sanctae
Hildegardis, mas quando ele morreu, em 1176, deixou a obra
inacabada. Somente uma década mais tarde o monge Theoderic,
de Echternach, retomou o trabalho, escrevendo mais dois
volumes e provendo um prefácio. Embora Gottfried tenha vivido
em contato direto com Hildegarda e conhecido muito de sua
vida, informações essenciais não foram incluídas no seu livro,
nem mesmo o lugar e a data de nascimento foram indicados.
Além disso, seu relato é convencionalmente laudatório, mas por
outro lado transcreveu boa parte da correspondência de
Hildegarda. A contribuição de Theoderic foi também importante
porque ele usou longas passagens autobiográficas de material
autógrafo que mais tarde foi perdido.[13] Mas como toda
hagiografia daquela época, seus autores não se propuseram a
oferecer uma narração "objetiva" de sua carreira - o propósito
primário foi o de mostrá-la ao mundo como uma sábia, uma
profetisa e uma santa, encontrando para todos os seus atos uma
justificação sobrenatural e uma inspiração divina, e advogando
claramente sua canonização oficial.[22]

Outra fonte de suma importância é a sua própria


correspondência, e os prefácios que escreveu para seus livros,
Fólio 0317 recto do Riesencodex, com a
onde muitas vezes deu detalhes de como, quando e onde foram
primeira página da Vita Sanctae
escritos. Uma outra biografia, também incompleta, foi deixada
Hildegardis.
pelo monge Guibert de Gembloux, o último secretário de
Hildegarda, e sobrevivem ainda alguns documentos eclesiásticos
e algumas crônicas posteriores do próprio mosteiro, que acrescentam dados úteis, como a Acta Inquisitionis,
elaborada pela Igreja quando as monjas de Rupertsberg pleitearam sua canonização. Recentemente foi
descoberta a biografia sobre Jutta, sua mestra, mas se dá um painel interessante sobre o contexto cultural da
época e sobre os primeiros anos de Hildegarda, a cronologia que apresenta não concorda com a maioria das
outras fontes conhecidas.[13]

Embora com algumas perdas, o principal de sua produção foi preservado e chegou aos dias de hoje.
Sobrevivem dez manuscritos integrais do Scivias, cinco do Liber vitae meritorum, cinco do Liber divinorum
operum, três do Physica, um do Causae et curae, e dezenove com um número variado de suas cartas, além de
um grande número de trechos citados em obras alheias e fragmentos diversos,[23][24] mas o mais importante é
o Riesencodex, conservado na Biblioteca Estatal de Hesse, na Alemanha, com sua obra quase completa,
excluindo o tratado sobre ciência natural. Foi considerado em sua época como a versão definitiva de seus
escritos. Não deve ter sido concluído no período de sua vida, mas com toda probabilidade foi uma edição
iniciada por ela mesma, e executada por um grupo de assistentes anônimos de Rupertsberg. Foi escrito como
volumes separados, que entre os séculos XV e XVI foram reunidos em um só códice com 481 fólios, pesando
15 kg.[25]

Seu tempo
No período em que Hildegarda viveu a Europa central estava experimentando um período de florescimento
depois de séculos de agitações internas, nascidas com a fragmentação do Império Carolíngio, e de ameaças
externas nas invasões viquingues ao norte e oeste, magiares a leste e mouras no sul. Com a cessação desses
problemas a população voltou a crescer, a agricultura e a educação se desenvolveram, a tradição clássica
começou a ser recuperada, e foram fundadas novas ordens religiosas. Nesse panorama o reino da Germânia,
onde ela nasceu, se foi relativamente poupado das aflições que acometeram o resto da Europa e foi uma das
áreas a primeiro dar sinais de revitalização, sua situação não estava isenta de graves problemas internos. A
estrutura do reino era fracamente coesa, sendo formado por vários pequenos Estados mais ou menos
independentes, muitos deles regidos por clérigos de nascimento nobre, e assim influência da Igreja sobre os
assuntos laicos era especialmente forte. Isso não impediu, paralelamente, que surgissem diferenças com o
papado, especialmente de parte de Henrique, rei da Germânia e depois imperador do Sacro Império, que
acabou excomungado e deposto pelo papa Gregório VII em 1075, o que degenerou em uma guerra civil que
durou com altos e baixos até a assinatura da Concordata de Worms em 1122, mas por toda a vida de
Hildegarda o clima social permaneceu instável e tenso, ocorreram outros atritos entre o poder laico e o
sagrado, e novas batalhas, ainda que os principais conflitos tenham ocorrido longe de sua região e o ritmo da
sua vida monástica tenha permanecido mais ou menos livre dos efeitos perturbadores dos acontecimentos
políticos e militares.[26]

Na altura do nascimento de Hildegarda a Igreja estava largamente secularizada; a compra de títulos


eclesiásticos era corriqueira mesmo por pessoas sem a menor vocação religiosa, príncipes e bispos vendiam
abadias e mosteiros sem o menor embaraço a quem pagasse o melhor preço, e seus novos ocupantes por sua
vez faziam comércio dos cargos correlatos; a simonia infectara toda a hierarquia do clero e nem o trono papal
estava isento. Por outro lado, os Estados germânicos se haviam apropriado das investiduras clericais à revelia
da Igreja, e estando os cargos sacros vinculados amiúde à posse de bens e terras, se criou efetivamente toda
uma classe de poderosos clérigos que em nada diferiam dos senhores feudais em seus propósitos, práticas e
ambições, inclusive mantendo exércitos e mulheres em concubinato. Ademais, sua época foi uma de heresias,
cismas religiosos e antipapas, e todos esses fatores tornaram a vida religiosa de então tumultuada, desvirtuada e
confusa. Boa parte da atuação de Hildegarda foi dedicada a tentar corrigir esse estado de coisas, e sua
correspondência com reis e prelados eminentes o prova, não poupando ásperas censuras contra aqueles que
considerava corruptos.[27] Quanto à atuação pública das mulheres, havia restrições várias, mais fortes ainda no
campo religioso, derivadas do banimento da fala feminina no culto imposto pelo apóstolo São Paulo, e que
havia sido estendido para toda atividade de exegese e pregação, e contra essa tendência sua ativa
personalidade pública surgiu como uma pioneira.[19]
Misticismo e santidade

A época de Hildegarda viu mudar o conceito de Deus, mudança que tornou a divindade aos olhos das pessoas
menos carregada dos atributos da justiça inflexível, da inacessível majestade e da ira vingativa contra os
pecadores, e mais cheia de amor para com seus filhos, dando-lhe um caráter mais paternal e benevolente que a
aproximou do reino humano. Isso deu origem a um desejo de uma experiência do divino mais direta e íntima, e
a legitimação desse desejo pela autoridade eclesiástica foi seguida pelo desenvolvimento de uma religiosidade
de índole mística, profusamente colorida por expressões físicas e marcada pelo irracionalismo. Muitos estudos
recentes têm apontado para as associações do misticismo medieval com a histeria e outros fenômenos
psicossomáticos; vários místicos daquele tempo combinaram intensa devoção com grandes doses de
sofrimento corporal, não raro autoinfligido em severas disciplinas e penitências físicas, numa ampla gama de
modalidades e efeitos que não excluía o visionarismo de caráter claramente sexual. O misticismo de
Hildegarda não foi exatamente típico, mas combinava percepções sensoriais de várias espécies com um
conteúdo alegórico-teológico intenso e profundo. Como já foi aludido antes, suas visões lhe surgiam em plena
consciência desperta, vendo-as através de seus sentidos espirituais enquanto que permanecia de posse de seus
sentidos corporais, e também eram-lhe causa de sofrimento ou exaustão físicos, muito agravados quando ela se
recusava ou tardava a colocá-las por escrito, o que ela dizia ser uma punição divina por sua falta de fé e pouca
obediência.[28]

Alguns pesquisadores modernos acreditam que essas alegadas


visões eram alucinações psicossomáticas derivadas de uma
neurose histérica, ou efeitos colaterais de uma enxaqueca
recorrente, em vista de uma série de sintomas visuais que estão
amiúde associados a esta afecção, como halos luminosos em
torno dos objetos, luzes ofuscantes e assim por diante. Mas um
estudo detalhado de seu comportamento e vida a partir das fontes
disponíveis torna a possibilidade da histeria na melhor das
hipóteses apenas conjetural, ao mesmo tempo que ela parece ter
sido embasada em pressupostos freudianos já em parte
desacreditados; por sua vez, a enxaqueca, se de fato pode causar
aberrações perceptivas, não pode ser apontada como a origem do
conteúdo místico altamente organizado e coerente que as
acompanhava.[10][29][30] Sua mestra Jutta praticava um
ascetismo rigoroso que incluía penitências e mortificações
corporais severas, mas não o impunha a Hildegarda, o que é
importante saber porque estudos indicam que aflições físicas
drásticas podem induzir a estados alterados de consciência; mas
por outro lado as doenças crônicas que sofria podem ter sido as
A fonte da vida, iluminura do Liber facilitadoras para a ocorrência dos fenômenos e não a sua
divinorum operum. consequência, como ela julgou. Enfim, a verdadeira origem das
suas visões é obscura, restando ainda a possibilidade, rejeitada
por muitos estudiosos modernos, de serem de fato obra de
Deus.[31]

Tem sido pretexto para muito debate o motivo por que Hildegarda envolveu sua produção científica e
moralizante, e mesmo seu trabalho teológico, dentro de uma moldura especificamente mística, pois o interesse
pela natureza, a instrução ética e a teologia não são necessariamente parte do universo místico e poderiam ter
florescido numa perspectiva acadêmica e/ou pastoral. Uma das explicações mais comuns entre os
pesquisadores é a de que ela se viu obrigada a tanto pelo seu contexto sociocultural, numa época em que as
mulheres eram objeto de desprezo generalizado. Assim, revestir sua fala com o prestígio da revelação divina
teria sido a solução que encontrou para abrir espaço para si num mundo dominado pelos homens. Mas como é
válido para toda a religiosidade daquele tempo, tentar decidir se suas visões tiveram uma causa de fato
sobrenatural ou se foram produto de distúrbios psíquicos ou físicos, ou se foram um simples recurso estratégico
para se fazer ouvir e respeitar, não vem ao caso para os propósitos do estudo de sua vida no contexto de sua
época - para os homens do século XII a inspiração divina era tida como uma possibilidade concreta e suas
manifestações físicas bizarras ou maravilhosas como parte do mistério inerente à vivência religiosa
profunda.[28]

Mesmo possuindo traços místicos, para vários autores, como Newman, Bynum, Bishop e Hart, Hildegarda
não deveria ser estudada centralmente dentro da perspectiva do misticismo, pois entendem sua religiosidade
não tanto como uma busca da união interna e pessoal com Deus, nem conformada a uma prática de ascetismo
intenso, de pobreza evangélica e de isolamento eremítico, que seriam os determinantes do misticismo mais
típico, e a descrevem antes como profetisa, pregadora, reformadora da Igreja e visionária, que via as práticas
ascéticas extremas como uma tentação a ser evitada. Também apontam em reforço a esta tese a virtual ausência
de sua parte de um interesse forte em sua própria subjetividade, e a despeito de suas múltiplas visões internas,
elas parecem ter sido consideradas por Hildegarda mais como informações concretas a serem transmitidas ao
mundo exterior, como a verdadeira voz divina de que ela era apenas um canal, do que como parte de um
universo pessoal seu.[32][33]

Narrações sobre sua benignidade, devoção e piedade são abundantes na biografia escrita por Gottfried e
Theoderic, mas isso apenas, para a Igreja, não faz um santo, e são necessários testemunhos fidedignos de
milagres. Na Vita são-lhe atribuídos um exorcismo e vinte e cinco curas milagrosas, entre elas a cura de um
edema no peito e garganta de uma serva do seu mosteiro ao fazer o sinal da cruz sobre a região afetada; a
restauração da visão de um menino com a água do rio Reno, e a cura à distância de um sangramento crônico
em uma mulher através do contato de uma carta sua contendo uma bênção, e depois de sua morte foram
relatadas outras curas de peregrinos junto ao seu túmulo.[34] Mesmo assim, Hildegarda não fora canonizada
oficialmente pela Igreja Católica. Uma tentativa nesse sentido foi orquestrada logo após sua morte por seus
amigos e suas monjas, que incluiu o incentivo a romarias à sua tumba, a compilação de uma lista de seus
milagres, a construção de um altar para ela, a confecção de versões de luxo de seus escritos - a origem dos
manuscritos iluminados e do Riesencodex que chegaram à contemporaneidade - e, é claro, um pedido formal
ao papa Gregório IX, que deu início ao processo regulamentar em 1227, continuado por seus sucessores.
Depois de várias delongas, somente em torno de 1233 a comissão encarregada foi ouvir as testemunhas e os
recipientes de seus milagres, mas nesta altura muitos já haviam morrido, as curas milagrosas póstumas haviam
cessado e sua popularidade já declinara bastante. O resultado foi o de se abandonar o processo por ausência de
evidências suficientes, mas conseguiu-se sua beatificação oficial.[35] Ao longo do século XIII se desenvolveu
um culto popular dirigido a ela, em 1324 o papa João XXII autorizou sua veneração pública, e suas relíquias
foram autenticadas no encerramento do século XV.[1] Finalmente seu nome foi inscrito como santa na primeira
edição do Martirológio Romano, de 1584, aprovada pelo papa Gregório XIII, e sua inclusão foi ratificada na
edição revista de 2001 publicada sob os auspícios do papa João Paulo II,[2] que a descreveu como "uma santa
extraordinária, uma luz para seu povo e sua época que nos dias de hoje brilha ainda mais intensamente".[36]
Para dirimir quaisquer dúvidas que ainda pairassem sobre o seu estatuto de santa, em 10 de maio de 2012 o
papa Bento XVI proclamou publicamente sua santidade e determinou que seu culto seja estendido à Igreja
Universal na forma devida aos santos, ratificando definitivamente a inclusão do seu nome na lista dos santos
católicos.[6][37][38] Em 7 de outubro do mesmo ano, através de Carta Apostólica, foi honrada com o título de
Doutora da Igreja, considerando a ortodoxia da sua doutrina, a sua reconhecida santidade, a importância dos
seus tratados e sua influência sobre outros teólogos.[39]

Ideias gerais e posição histórica


Seus escritos evidenciam que ela tinha um profundo interesse pela natureza e pela história do mundo. Para ela
a Criação e a vida eram essencialmente boas e santas, mas procurava em tudo um significado dentro do drama
da Salvação universal e uma utilidade prática para a melhoria da vida na Terra como um todo. Contudo, se
torna difícil para a pesquisa moderna interpretar muito de seus textos em virtude de sua densa rede de
simbolismos, alegorias e metáforas, mas essa mesma
complexidade e riqueza é um dos motivos de tanto interesse atual
sobre seu pensamento. Segundo Jane Duran, a metafísica de
Hildegarda evoluiu de modo a formar um conceito integrado
sobre o que significa ser Humano no contexto da Criação divina,
através de um diálogo entre o vitalismo monista, tipificado na sua
concepção abrangente e unificada da origem, estrutura e destino
do cosmos, e o dualismo, expresso em sua constante
preocupação com a luta entre o bem e o mal.[40] Tentou mostrar
que o homem desempenha um papel de grande relevo na ordem
do mundo, mas enfatizou sua união essencial e indissolúvel com
o restante da natureza. Também reafirmou a primazia absoluta do
Criador, o Deus Triuno, como a fonte, essência, substância,
justificativa e fim de tudo:

"Deus é quem vive, é quem trabalha, e é quem


conhece. Nele todas as coisas têm o potencial A criação do mundo em seis dias,
da perfeição. Todas as coisas se tornam iluminura do Scivias.
distintas e perfeitas através daqueles três
poderes.... Deus está além da mente e do
entendimento de todas as criaturas. Na claridade de seus mistérios e segredos Ele
provê para tudo e governa sobre todos, assim como a cabeça governa todo o
corpo".[41]

Sua cosmologia incluía ainda outras entidades em uma ordenação hierarquizada, como os anjos e diversas
outras que descreveu em suas visões, e incluía nesta ordem as virtudes em abstrato, o que de certa forma a
aproximava da concepção platônica das ideias, que em sua época estava sendo redescoberta através dos
escritos do Pseudo-Dionísio e de Escoto Erígena.[28][40] Sua concepção da anatomia esotérica do ser humano
derivava em parte da filosofia clássica, ao vê-lo composto por proporções específicas dos quatro elementos,
mas a herança cristã, predominante, se tornava evidente na aceitação da ortodoxia católica em todos os
aspectos fundamentais. A forma humana era a forma por excelência da Encarnação do Verbo divino; assim os
homens eram verdadeiras encarnações divinas, compostos por alma e corpo numa união originalmente
harmoniosa e pura - Adão e Eva -, e ainda que descrevesse a alma presentemente como caída, continuava
poderosa e podia ser redimida pela graça de Cristo e pelo exercício das virtudes, e enfim voltar voluntária e
conscientemente para sua origem sublime. Criatura dúplice, ao mesmo tempo fraco e forte, augusto e
deplorável, mortal e imortal, o homem de qualquer forma ocupava para ela o lugar mais destacado na estrutura
do cosmos, espelhando-o em si mesmo e sendo o rei e senhor da natureza. Por isso jamais poderia viver em
isolamento e devia trabalhar em prol de tudo ao seu redor, tanto para o bem do mundo como para seu próprio,
pois o corolário de sua visão era que tudo fazia parte dele e ele fazia parte de tudo, tudo estava em Deus e
Deus estava em tudo através da Encarnação. Desse modo, com o uso da razão, da vontade e do senso de
responsabilidade de que fora dotado, e com o concurso das outras potências espirituais que Deus depositara
em sua alma e que faziam parte da vida e poder do próprio Deus, o homem podia, se quisesse, ser um auxiliar
inestimável de seu Criador na realização de todas as potencialidades do universo. Porém mais do que uma
opção, a colaboração entre homem e Deus era, para Hildegarda, indispensável para que o universo chegasse à
sua plena floração (opus per hominem floreat), e não é gratuita a palavra "floração", pois em todos os seus
escritos natureza e homem são sempre correlacionados e compartilham também de uma simbologia
comum.[42]

A intimidade entre homem e natureza era tanta que, segundo o que escreveu, o comportamento humano era
capaz de alterar o meio ambiente, atribuindo a irregularidade do clima ao estado de incessante inquietude
humana, pois essa agitação confundia os elementos e os fazia saírem de seus limites, com resultados
desastrosos. Chegou a dar fala aos elementos naturais, fazendo-os clamar pela justiça divina contra a
insensatez humana: "Todos os elementos e todas as criaturas choram em alta voz diante da profanação da
natureza e da devoção maligna da humanidade ao seu modo de vida de rebelião contra Deus, enquanto que
a natureza irracional cumpre submissa as leis divinas. Eis o motivo pelo qual a natureza protesta tão
amargamente contra a humanidade", ao que Deus respondia dizendo: "Eu os purgarei com minhas varas e os
atormentarei até que voltem para mim.... os ventos terão fedor de putrefação e o ar vomitará tanta sujeira que
as pessoas não ousarão sequer abrir suas bocas", e esse quadro soa como uma sombria prefiguração dos
problemas ecológicos de hoje.[43][44] Se o mundo físico e seus elementos constituintes estavam para
Hildegarda investidos de tanta importância, os meios pelos quais o homem tomava conhecimento do mundo
também foram valorizados - seus sentidos corpóreos - a ponto de ela declarar que "somos fortalecidos e
conseguimos a salvação de nossas almas através dos cinco sentidos.... podemos conhecer todo o mundo
através de nossa visão, entendê-lo através de nossos ouvidos, distinguir as coisas pelo olfato.... dominá-lo
com nosso toque, e desse modo chegamos a conhecer o verdadeiro Deus, autor de toda a Criação", o que
ressalta o papel central que atribuía à Encarnação no processo de Redenção da humanidade.[45]

Seus escritos mais importantes, os que relatam suas inúmeras visões, não eram inconsistentes com o
pensamento corrente de sua época. Apesar do florescimento das universidades e da ciência em geral, a
inspiração divina na aquisição do verdadeiro conhecimento era ainda aceita como uma possibilidade real, e de
extrema importância quando considerada autêntica, como foi o seu caso. Todo o conhecimento que acumulou
procedeu, segundo sua declaração, da fonte sobrenatural, apesar se valer de muita observação e
experimentalismo diretos especialmente quando estudou a medicina e áreas correlatas. O dado mais original
em seu pensamento foi sua forte tendência a analisar tudo numa perspectiva holística, e disso deriva o seu
grande apelo para os movimentos ecológico, pacifista e naturista modernos.[40] Ao interligar várias correntes
distintas de pensamento em um corpo conceitual bastante integrado, seu trabalho tem afinidade com o de
pensadores contemporâneos que não podem ser encaixados facilmente em uma única escola, como Alan Watts
e Fritjof Capra. Para Hildegarda não fazia sentido analisar um fenômeno específico isoladamente, mas era
essencial ter uma visão do todo e dos múltiplos relacionamentos estabelecidos entre suas partes.[46] Apesar de
Hildegarda ocupar um lugar importante na cultura do século XII, é difícil determinar as fontes teóricas para sua
cosmologia e sua exegese. Colocando sua força na inspiração divina e dizendo-se iletrada, apenas em poucos
casos citou outros autores em seus próprios escritos. Além das fontes óbvias das Escrituras e da literatura
patrística produzida entre outros por Santo Agostinho, São Gregório Magno e o venerável Beda, que eram
canônicos e largamente conhecidos, tentativas de ligá-la a escritores além destes têm se provado sempre
conjeturais, especialmente no que tange aos clássicos e aos apócrifos, mas com muita probabilidade retirou
inspiração também da literatura beneditina, dos populares florilégios sobre os santos e de contemporâneos
doutos como Bernardo de Claraval e Hugo de São Vitor.[47]

Outros aspectos de sua carreira e obra que têm sido de muito interesse para a atualidade são, em primeiro lugar,
o fato de ela ter sido uma mulher respeitada numa sociedade patriarcal misógina que via as mulheres com
olhos cheios de preconceito, correspondendo-se em pé de igualdade com papas, altos prelados e autoridades
profanas, e conseguindo muito do que quis; e em segundo, o grande papel que atribuía ao feminino na ordem
do universo. Imagens femininas alegóricas investidas de grande poder abundam em seus textos, como a Fé, a
Igreja e a Caridade, mas em especial a figura da Sabedoria, e é significativo que ela se recusasse atribuir a
culpa do pecado original a Eva. O próprio Deus, em seu tempo invariavelmente considerado uma entidade
masculina, é descrito por ela muitas vezes como uma mãe amamentando a Criação e velando por sua progênie.
Mas é preciso assinalar que essa ênfase no feminino não a levou a uma negação do masculino, nem a um
confronto direto com as definições da ortodoxia dogmática do Cristianismo - o que ela parece ter buscado foi
uma harmonização entre os opostos, o que também fez parte de uma tendência de seu tempo se lembramos do
crescimento então do culto Mariano, do qual ela mesma foi grande devota. Em terceiro lugar vem sua
abordagem franca da sexualidade humana, analisada tanto sob uma óptica teológica quanto fisiológica, mas
também nesse terreno foi cuidadosa, herdando parte da tendência condenatória do desejo e do prazer sensual
de seu tempo mas mostrando-os como funções essenciais do corpo e necessárias para o bem-estar humano no
estágio evolutivo em que se encontra. Finalmente, traçando um painel histórico dos papéis sociais
tradicionalmente atribuídos às mulheres - a maternidade ou a vida
religiosa - não via nenhum deles como de todo satisfatórios, mas
se manteve numa posição ambivalente a esse respeito, com
certeza pressionada pelo seu contexto.[48][49]

Como observou Barbara Newman, sua contribuição foi tão


excepcional em se tratando de uma mulher de sua época, que os
pesquisadores modernos, com todo seu aparato teórico e
instrumental, ainda consideram difícil analisá-la com suficiente
objetividade e avaliar sua real importância. Alguns a consideram
simplesmente uma anomalia bem sucedida; muitos
compreensivelmente duvidam da origem divina de seus escritos,
mas em geral não se considera imprópria a elevadíssima estima
que ela desfrutou entre seus contemporâneos, que a chamaram de
"A Sibila do Reno", a "Profetisa dos Teutões" e outros epítetos
grandiloquentes, nem se vê como injusto ela ter-se tornado um
dos ícones do movimento feminista do século XX. É de assinalar
algumas de suas conquistas: foi a primeira mulher a ser
Iluminura do Scivias mostrando o corpo considerada uma autoridade em assuntos teológicos; a única
místico da Sabedoria. mulher medieval a quem se concedeu o direito de pregar a
doutrina cristã em público; a autora do primeiro auto sacro jamais
escrito e o único dramaturgo no século XII que não permaneceu anônimo; a única mulher medieval a ser
lembrada como compositora de um extenso e qualificado corpo de obras musicais; o primeiro autor a escrever
sobre sexualidade e ginecologia de um ponto de vista feminino, e o primeiro santo a ter uma biografia oficial
que inclui trechos autobiográficos. Todas essas realizações são extraordinariamente notáveis por ela ter sido
uma mulher do século XII, mas não apenas por isso, suas obras em todos os campos a que se dedicou têm um
elevado mérito próprio independentemente de seu gênero, e ela foi comparada a sábios seus contemporâneos
como Avicena. Mas a despeito de em muitos pontos ela ser uma pioneira e uma inovadora, em muitos outros
ela manteve uma postura conservadora, às vezes até retrógrada, e somente um estudo contextualizado e
detalhado pode trazer à luz onde sua obra foi típica ou atípica, original ou rotineira. É certo, porém, que seu
conservadorismo em tudo o que era essencial ao dogma cristão, face ao poder indisputável da Igreja naquele
tempo, foi o que possibilitou sua ascensão a uma posição tão destacada, de onde abriu um caminho para que
outras mais tarde lhe seguissem o exemplo sem serem imediatamente silenciadas.[50][51]

Também é interessante notar que suas ideias sobre as regras e disciplinas monásticas se inseriam numa tradição
que em seu tempo já parecia antiquada, diante da emergência de novas formas de religiosidade que
enfatizavam a pobreza absoluta em imitação do exemplo evangélico. Sua posição a esse respeito ficou clara na
polêmica que travou com Tengswich, abadessa de um mosteiro em Andernach, que a havia acusado de
receber em sua casa apenas jovens da nobreza e lhes permitir o uso de jóias finas durante a Eucaristia.
Respondeu ironicamente dizendo que não se devia manter animais de espécies diferentes na mesma gaiola,
defendendo o princípio da discriminação de classe, acrescentando que até mesmo os anjos possuíam uma
hierarquia e que as monjas deviam sim se vestir como nobres em sua condição de esposas de um rei, Cristo.
Nesse sentido ela continuava o costume do clero de origem aristocrática de combinar renúncia pessoal de bens,
poderes e títulos seculares ao mesmo tempo que preservavam sua influência, prestígio e riqueza corporativa.
Essa posição aparentemente elitista, que tem-lhe atraído críticas também na atualidade, era consistente com a
sua atuação como reformadora social e religiosa, já que não propôs uma mudança na estrutura da sociedade ou
da Igreja, apenas combateu seus abusos e perversões. Apoiava a tendência de seu tempo de interpenetração
dos poderes temporal e espiritual sob a primazia da Igreja, desejando restabelecer na Cristandade a sujeição
dos príncipes ao clero, e do povo às hierarquias constituídas, mas dentro do espírito da ordem e da justiça
sociais.[52][53]
Famosa em vida, sua obra se tornou uma influência sobre os
beneditinos, foi aceita como autoridade pelos teólogos da
influente Universidade de Paris, teve seus escritos compilados e
comentados por vários autores, e chegou a ser plagiada. Mas ela
não criou uma "escola". Sua contribuição como escritora, teóloga
e compositora musical foi esquecida pouco depois de seu
desaparecimento - salvo na Inglaterra, onde permaneceu em alta
até o século XIV -, tanto pela mudança na sensibilidade da
época, que passou a ver seu estilo como obscuro e difícil, e
também em virtude de sua obra ter sido bastante ofuscada pela de
sua única continuadora direta, Elisabeth de Schönau, que foi
muito mais lida apesar de hoje ser considerada de menor
importância e muito menos brilhante. Foi mais lembrada pelos
séculos à frente como profetisa, pregadora e visionária,
principalmente pela circulação de algumas de suas cartas e pela
divulgação de uma série de suas profecias apocalípticas,
Iluminura do Scivias mostrando as compiladas, resumidas e interpoladas com comentários próprios
hierarquias angélicas. pelo monge cisterciense Gebeno de Eberbach. Intitulada
Pentachronon (c. 1220), essa coletânea se tornou muito mais
popular do que seus escritos originais para o gosto da Idade
Média tardia e foi reproduzida em incontáveis manuscritos.[54][55] Durante o Renascimento sua figura foi em
parte redescoberta, com a publicação de um relato um tanto fantasioso sobre sua vida pelo abade de Sponheim,
e as primeiras edições impressas do Scivias e do Physica apareceram na França em 1513 e em 1533,
respectivamente. Por outro lado, a autenticidade de seus escritos foi posta em dúvida, sendo considerados um
produto do monge Volmar ou de algum outro autor escrevendo sob pseudônimo, e ela foi acusada de
protestantismo pela sua condenação dos abusos do clero.[24][54]

A partir da segunda metade do século XX o interesse pela sua figura histórica e seus escritos renasceu,
especialmente através dos estudos monumentais de Marianna Schrader, Christel Meier e Aldegundis
Führkötter, e com as traduções feitas dos originais latinos para o inglês por Otto Müller, tornando acessível seu
trabalho para um público muito mais vasto, de modo que atualmente sua produção já é objeto de análises
particularizadas por um bom número de acadêmicos da Europa e Estados Unidos, destacando-se Peter
Dronke, Barbara Newman e Heinrich Schipperges, entre muitos outros.[56]

Obras

Sua trilogia teológica

Liber scivias Domini

Seu primeiro livro descrevendo suas visões, o Liber scivias Domini, cujo título é uma abreviação de Scito vias
Domini (Conhecei os caminhos do Senhor), foi escrito entre 1141 e 1151 e foi em sua vida o mais conhecido e
apreciado. Foi o livro cujo esboço o papa Eugênio III leu e aprovou, trazendo-lhe uma fama imediata. O
público pretendido por Hildegarda para ele foi o dos clérigos e monges, com um intuito de corrigir sua
indolência, como lhe ordenou Deus: "Mostrai-lhes a inutilidade dos mistérios que eles, tímidos como são,
escondem em um campo oculto e estéril. Jorrai como uma fonte de abundância, e inundai-os com o
conhecimento místico, até que eles, que agora te julgam desprezível por causa do erro de Eva, renasçam com
as grandes águas de tua irrigação".[57] É uma obra alentada dividida em três volumes, contendo cada um,
respectivamente, seis, sete e treze visões. O primeiro volume abre com uma descrição do Reino dos Céus. O
principal tema dessa parte é a origem do pecado no mundo, explicada como advinda da rebelião de Lúcifer e a
consequente queda de Adão e Eva. Então segue o exame das
consequências disso para o mundo e para a humanidade. Em alguns
pontos ela antecipou o remédio para o mal, que seria a Encarnação de
Cristo, mas não a inseriu numa perspectiva cronológica. Antes
trabalhou sobre o contraste entre a Sinagoga, ou a Antiga
Dispensação, e a Igreja, a Nova Dispensação, e a visão final do
primeiro volume aborda as hierarquias angélicas. A temática do
segundo volume é a obra divina da redenção da humanidade, falando
sobre a vinda de Cristo, as pessoas da Trindade e sobre a eclesiologia,
incluindo seções sobre as virtudes dos Sacramentos. O volume final
retoma os temas principais abordados antes numa perspectiva mais
vasta, histórica e arquitetural, recapitulando as etapas da queda e da
salvação do homem, tanto coletiva como individualmente. Estabelece
um painel do Juízo Final e encerra com 14 peças musicais em forma
de um pequeno drama sacro que compõem a primeira versão do auto
musicado Ordo Virtutum, coroando de forma dramática sua descrição
Primeira visão do Liber scivias
da origem e destino final do homem com uma ilustração teatral e Domini.
musical das beatitudes do Paraíso.[58] A seguir se transcrevem, a título
de ilustração, dois trechos da IV Visão do II Volume, referente o
primeiro à descrição simbólica da Igreja, e o segundo à explicação
dada pela voz que ouvia:

"Então eu vi como se fosse uma imensa torre


circular inteiramente construída de pedra branca,
com três janelas no topo, de onde saía uma luz tão
clara que até mesmo o teto cônico da torre parecia
translúcido. As janelas eram decoradas com as
mais belas esmeraldas. E esta torre estava
colocada como que no dorso da imagem da
mulher (a Igreja) que já citei, como uma torre que é
construída na muralha de uma cidade, de forma
que a imagem não poderia de forma alguma ser
abalada por causa de sua solidez e força…"

"Pois a razão pela qual viste uma grande torre


redonda toda feita de pedra branca é porque a Iluminura do Scivias mostrando a
suavidade do Espírito Santo é imensa e engloba estrutura do cosmos.
totalmente todas as criaturas em sua graça, de
modo que nenhuma corrupção na integridade da
plenitude da sua justiça a pode destruir; e, brilhando, indica o caminho e emana todos
os rios de santidade na claridade de sua força, onde não se pode achar mácula
alguma de insensatez. Portanto o Espírito Santo é um fogo cuja ardente serenidade,
acendendo as virtudes ígneas, jamais será destruída e assim afugenta toda a
escuridão".[59]

Neste livro ela introduziu o conceito da viriditas, que percorre todas as suas outras obras, significando
literalmente "verdor", mas que é empregado tanto no sentido da cor verde das plantas como no de ser uma
qualidade vivificante do Espírito Santo que é infusa em toda a Criação. Como obra visionária, segundo o que
pensam Bishop & Hart, o Scivias é único, e como suma de doutrina se alinha à melhor produção de seu tempo,
comparável às obras de um influente contemporâneo seu, Hugues de Saint-Victor, particularmente ao Sobre os
Sacramentos da Fé Cristã, que é em muito similar. Mas o tom da narrativa é todo diferente: enquanto que
Hugues fez uma meditação privada em seu próprio nome, Hildegarda não raro falou em nome de Deus. Seu
estilo de escrita sofre com um latim um tanto desajeitado, não obstante o monge Volmar tê-lo revisado e
corrigido. O Scivias pode ser lido de uma variedade de maneiras - como uma proclamação profética, um livro
de alegorias, um estudo de exegese e uma suma teológica. Cada visão era acompanhada, no manuscrito
original definitivo de c. 1165 produzido em Rupertsberg, por uma iluminura, elaboradas por algum de seus
assistentes, sob a sua direta supervisão, e são tão originais em seu estilo plástico quanto o conteúdo e o estilo
textual de Hildegarda. Esse manuscrito foi perdido na II Guerra Mundial, mas por fortuna em 1927 havia sido
feita uma cópia fac-similar em pergaminho, preparada pelas monjas de Eibingen. [60]

Liber vitae meritorum

O segundo livro de visões, Liber vitae meritorum (Livro dos méritos da vida), é um tratado de ética que
trabalha sobre a oposição entre os vícios e as virtudes, um tema que era comum em sua época. O texto é
dominado por uma figura monumental que representa Cristo ou Deus. Ela reaparece ao longo das visões; seus
pés assentam no abismo das águas e a cabeça se perde no éter, enquanto que nuvens ígneas de virtudes
emanam de sua boca. As virtudes não são vistas individualmente, mas sua voz é ouvida, ou são representadas
por símbolos. Os vícios são descritos em formas grotescas que misturam partes humanas e animais, e falam
uma linguagem muito grosseira mas muito sedutora. Parte do sucesso deste livro vem de sua habilidade no dar
voz àquelas entidades abstratas em diálogos de grande eficiência. Trinta e cinco virtudes são contrapostas a
trinta e cinco vícios, e as visões concluem por enfatizar a responsabilidade e a liberdade do homem na escolha
de seu caminho e informam sobre as consequências de sua opção. O livro também oferece um painel das
práticas penitenciais de seu tempo, e é muito possível que tenha sido usado como um manual prático para as
monjas não só de Rupertsberg, mas também dos mosteiros de Gembloux e Villiers. Outra característica
interessante do texto é ter sido um dos primeiros tratados de ética religiosa a incluir uma detalhada descrição e
explicação do Purgatório, cuja doutrina há pouco havia sido formulada.[61][62]

Liber divinorum operum

A trilogia se encerra com o seu Liber divinorum operum (Livro das obras divinas), escrito quando Hildegarda
já tinha mais de sessenta anos de idade e já era famosa como escritora e conselheira espiritual. O livro é um
vasto painel de toda a criação divina, e aborda três temas principais: o mundo da humanidade, o mundo além e
a história da salvação desde Adão e Eva até o Juízo Final. Seu esquema narrativo é o mesmo do Scivias: uma
visão introduz cada nova seção principal, e que é descrita em detalhe. Depois uma voz desce do céu para
explicar o significado do que foi visto. Embora o conteúdo revelado sobrenaturalmente tenha a clara primazia
em termos de autoridade, Hildegarda não se furtou de acrescentar inúmeros comentários próprios que dão
explicações mais claras ou enfatizam algum ponto importante. Como a maioria dos teólogos de seu tempo,
Hildegarda via nas Escrituras mais do que seu significado literal e histórico, e buscava sua explicação profunda
através de leituras simbólicas, moralizantes e alegóricas. Ao final de cada seção aparece um exortação para que
o leitor use o texto de moto para suas penitências e meditações, e o livro como um todo é fechado com uma
severa advertência para que futuros copistas não acrescentem ou removam uma só letra ao que foi escrito, sob
pena de o autor de tal profanação cometer um pecado contra o Espírito Santo - imperdoável - e ser excluído do
Livro da Vida de Deus. O manuscrito que contém as iluminuras, o Codex 1942 da Biblioteca Estatal de
Lucca, é posterior à sua morte, mas parece copiar a fonte original. O livro se abre com a figura alada
monumental da Caridade/Amor, que engloba em si todo o universo criado.[63][64] Diz ela:

"Eu sou a suprema e incandescente força que acendeu todas as centelhas vivas, e eu
não criei coisa alguma morta… e eu sou a vida ígnea da essência de Deus: Eu ardo
acima da beleza dos campos, eu brilho nas águas, eu queimo no sol, na lua e nas
estrelas… Sou também a Razão. É meu o trovão da sonora Palavra pela qual toda
criação veio à existência, e eu animei todas as coisas com meu alento de modo que
nenhuma é mortal em seu gênero, pois eu sou a Vida".[65]

Boa parte do livro está concentrada na descrição da constituição e forma do ser humano, compreendendo seu
corpo físico e sua alma, correlacionando a forma humana com vários aspectos do microcosmo e do
macrocosmo, como ilustração de um extenso comentário aos 14 primeiros versículos do Evangelho de São
João e ao livro do Gênesis. Todas as partes do corpo são carregadas
de simbolismo.[63] Um exemplo:

"A esfera do crânio indica o poder dominante da


humanidade… Deus revela através de nossos
olhos o conhecimento pelo qual Deus prevê e
conhece tudo de antemão… Deus se nos revela
através de nossa habilidade de ouvir todos os
sons da glória sobre os mistérios ocultos… pelo
nosso nariz Deus mostra a sabedoria que reside
como um oloroso senso de ordem em todas as
obras de arte… por nossa boca Deus indica a
Palavra divina, a Palavra pela qual Deus criou
todas as coisas…".[66]

A forma humana é vista, pois, como o modelo divino da Encarnação,


de acordo com o conceito básico apresentado no Gênesis, e é louvada
como uma manifestação da vitalidade, amor e beleza de Deus. Corpo
e alma são concebidos como uma unidade integral, onde as forças da
natureza e do espírito interagem em harmonia, e servem como um
espelho e objetivo para toda a obra da Criação. "Deus inscreveu toda
sua obra na forma humana", escreveu. Assim a criação do universo Caritas, a primeira visão do Liber
estava ligada indissoluvelmente à criação da forma humana, e mais do divinorum operum.
que isso, aquela estava quase que subordinada a esta, já que para
Hildegarda a Encarnação do Verbo divino estava prevista desde antes
do Tempo e a forma humana serviria como o instrumento privilegiado
para a reunião da criatura com o Criador após o longo trajeto desde a
origem do universo até sua redenção.[63]

Ao mesmo tempo, dizia que a vida que animava o homem era a


mesma que animava todo o universo, e que o universo criado era a luz
do homem, significando que o trabalho da Redenção estava na
dependência do entendimento do mundo, e por consequência, do
entendimento da vontade divina. Nesse sentido, até mesmo as paixões
humanas, tantas vezes condenadas por outros escritores cristãos de
sua época, eram vistas como parte integral do plano divino.
Entretanto, ela não foi muito além do reconhecimento e aceitação
puros e simples do estado de coisas da humanidade, pois numa
perspectiva ideal ainda pensava que o ser humano devia aspirar à
reconquista da inocência edênica, o que necessariamente excluía toda
a sexualidade. Tendo de administrar ideal e real, concebeu uma teoria
da sexualidade muito sutil e ambígua, e de certa forma precária.
Comparando o desejo humano à fertilidade da terra, reconhecia que Liber divinorum operum: o homem
ele dava à luz uma pletora de riquezas, e também que o sexo era fonte divino.
de prazer, mas via o corpo como um instrumento da alma que devia
ser disciplinado para que se formasse uma cooperação entre ambos,
potencialmente confortável e prazerosa, e para que o objetivo primeiro da salvação da alma pudesse ser
alcançado.[67] Escreveu:

"E assim a alma diz depois de sua vitória: Oh minha carne, e vós, meus membros,
onde fiz minha morada! Quanto me regozijo de ter sido enviada a vós, e de ver que
estais em acordo comigo, e que com isso me encaminheis para minha recompensa
eterna!"[68]
O Liber divinorum termina com uma seção dedicada à escatologia, pintando o Juízo Final em cores escuras,
provavelmente estando Hildegarda abalada com o cisma de 1159. Embora em suas cartas ela se recusasse a
comentar o assunto, alegando ter sido proibida por Deus de fazê-lo, alusões a um cisma, ainda que
inespecífico, são claras no final do livro, colocando a imagem da Justiça a invectivá-lo sonoramente. Também
o clero não aparece sob uma luz favorável, sendo acusado de muitos vícios e de submersão nos assuntos
mundanos. O tom do livro é bem mais pesado que o do Scivias, mas a estrutura do cosmos que dele emerge é
muito mais poderosamente organizada.[69]

Ciência natural

Sobre este tema Hildegarda escreveu o Liber subtilitatum diversarum naturarum creaturarum, (Livro das
propriedades - ou sutilezas - das várias criaturas da natureza), dividido em Physica (Liber simplices medicinae)
(Física - Livro da medicina simples) e Causae et curae (Liber compositae medicinae) (Causas e curas - Livro
da medicina complexa). Não se sabe como ela veio a adquirir seu conhecimento; sua atividade como médica
foi toda informal e sua formação nesse campo aconteceu provavelmente de forma autodidata, mas ela pode ter
recebido uma base terapêutica prática com Jutta e os monges de Disibodenberg durante seu noviciado. Fazia
parte das obrigações das superioras conventuais velar pela saúde de suas monjas, mas a prática profissional do
ofício exigia formação universitária, o que era vedado às mulheres.[34] Seja como for, pelo conteúdo do tratado
se infere que ela estava familiarizada com a medicina de Galeno, de Hipócrates, as práticas árabes e o
curandeirismo tradicional alemão, e deve ter ampliado seus conhecimentos com a prática de atendimento a
doentes no seu mosteiro. Também deve ter conhecido as obras de naturalistas antigos como Plínio, o Velho e
Isidoro de Sevilha, bem como os bestiários e livros de maravilhas de sua época, e as teorias dos
temperamentos, dos fluidos corporais e dos humores, estabelecidas desde a Antiguidade, mas fez muitas
observações originais e inventou diversas terapias novas. O texto traça um panorama abrangente das práticas
medicinais disponíveis em sua época, derivadas das tradições pagãs greco-romanas, muçulmanas, cristãs e
folclóricas, e fica clara sua concepção de que a natureza e o homem são espelhos mútuos e integrados. O Liber
subtilitatum foi o primeiro livro de ciência natural escrito no Sacro Império Romano-Germânico,
permanecendo uma influência para o estudo da Botânica na Europa do norte até o século XVI, mas ainda
espera dos pesquisadores estudos mais detidos que o posicionem mais corretamente no contexto do
desenvolvimento da ciência e medicina medievais.[24][70] Suas ideias têm sido apontadas como uma referência
para os adeptos modernos da medicina holística.[44]

A primeira parte tem o caráter de uma enciclopédia e descreve as


propriedades dos elementos naturais como os rios e lagos, o ar e a
terra, as pedras preciosas, plantas, animais e minerais, na perspectiva
de seu uso medicinal pelo homem. O texto não é visionário, mas a
interpretação das propriedades desses elementos se encaixa em sua
teologia geral, avaliando a natureza sob premissas cristãs.
Considerava que ela fora desvirtuada através da queda de Adão e
Eva, mas identificava vários domínios naturais ainda intactos e
portadores de um valor sacramental. Muitas das práticas terapêuticas
que ela descreveu têm um interesse apenas histórico, mas outras foram
confirmadas pela ciência moderna e permanecem válidas. Também
assinalou a importância do conhecimento do natural para o bem-estar
do homem, e a necessidade do uso das forças da natureza em aliança
com a graça salvífica de Cristo, sempre atribuindo o resultado da
As estações e o cultivo da terra,
intervenção terapêutica à vontade divina. Para ela bênçãos e
iluminura do Liber divinorum operum. maldições tinham uma realidade concreta, e muitas de suas práticas
curativas traziam um elemento de magia ou de prece. Um exemplo é
sua receita para curar a loucura nascida de uma maldição, onde
recomendou que se passasse uma certa pedra preciosa através de uma fenda em forma de cruz aberta na casca
de um pão aquecido, enquanto o terapeuta devia recitar as palavras: "Deus, que privou o diabo de todas as
pedras preciosas, se este mandamento foi quebrado, remova de (fulano) todas as fantasias e palavras
mágicas, levando com elas o sofrimento da loucura".[71]

Causae et curae tem uma estrutura bem mais frouxa e um conteúdo mais heteróclito, e aparentemente nunca
recebeu uma redação definitiva pela autora; possivelmente foi compilado como um manual prático para seu
uso pessoal. Traz uma miscelânea de tradições folclóricas sobre Adão e Eva, notas astrológicas, mas sobretudo
enfoca o corpo humano, estudando sua anatomia e fisiologia.[72] Para Hildegarda boa parte das doenças do
homem derivam das consequências do pecado original, da perda da harmonia e moderação primitivas e da
integração entre Criador, natureza e criatura, e se recusava a ver a doença como um assunto exclusivamente de
ordem física, fazendo constantes conexões entre os males que afligiam a alma e aqueles de que padecia o
corpo.[73] Ademais, também deu instruções sobre higiene geral e para as gestantes e mães, e com uma
franqueza inédita em sua época, abordou a sexualidade e suas disfunções, provendo remédios para elas. Fez
também uma detalhada análise do desejo e do prazer, e embora visse o ato sexual e o prazer positivamente,
comparando-os à música, e o corpo humano a um instrumento musical, muito de sua apreciação positiva é
obscurecida na análise e condenação da luxúria.[71][74] Via o relacionamento entre homem em mulher - num
sentido lato - essencial para a própria definição de seus gêneros, e, como assinalou Heinrich Schipperges, para
Hildegarda

"Homem e mulher foram atraídos um para o outro desde um plano espiritual, e se


manifestaram na encarnação como seres sexuados. Esta visão, expressa claramente,
era de todo incomum na Idade Média. Homem e mulher estavam assim tão interligados
que um era o verdadeiro produto do outro. (sic ad invicem admisti sunt, ut opus alterum
per alterum est). Sem a mulher, o homem não poderia ser chamado de homem; sem o
homem a mulher não poderia ser chamada de mulher (quia vir sine femina vir non
vocaretur, nec femina sine viro femina nominaretur). Homem e mulher obviamente
haviam sido criados um para o outro."[75]

Música e poesia

A técnica da música de Hildegarda se insere em linhas gerais, mas com diferenças importantes, no contexto do
canto gregoriano. Não fez uso dos recursos harmônicos e rítmicos que estavam sendo introduzidos pelos
proto-polifonistas da Catedral de Notre-Dame de Paris, e sua música, até onde se pôde descobrir, é
inteiramente monódica e melódica, embora ela possivelmente estivesse familiarizada com a técnica do
órganon[76] e o estilo de seu melodismo incorpore elementos da vanguarda musical de sua época e seja ele
mesmo inovador em vários aspectos. Os poemas que servem de substrato à música, sempre em latim, são
construídos livremente, em versos brancos com metros desiguais, e com estruturas estróficas flexíveis,
adaptando-se ao conteúdo textual.[77][78] Sua música é modal, mas emprega os modos com muita liberdade, e
é típico de seu estilo o uso intensivo do mais instável de todos, o frígio. Usa frequentes melismas com
finalidades expressivas, alguns de até cinquenta notas sobre palavras particularmente importantes, com um
caso de oitenta notas na antífona O vos angeli; trabalha numa tessitura ampla de mais de duas oitavas, em
certas peças quase três oitavas, exigindo muito do intérprete e sendo um caso único na música vocal medieval,
e sua construção melódica se faz amiúde através de graus disjuntos, sendo muito comum um salto de quinta
ascendente que é sua marca registrada. Para construir a forma total da composição emprega a variação
motívica, com um fragmento melódico reconhecível que aparece várias vezes ao longo da peça em contextos
diversos, e usa muitas vezes seções em modos distintos com fins estruturais.[16][78] É provável, a partir de
algumas alusões de Hildegarda, que ela tenha empregado rotineiramente recursos instrumentais acessórios,
capazes de prover algum grau de heterofonia ornamental, mas não sobrevive nenhuma partitura com notação
de instrumentos, e restam apenas as linhas vocais.[79]
A produção de Hildegarda está compreendida em duas obras: o
auto sacro Ordo Virtutum (A Ordem das Virtudes) e a
Symphonia armonie celestium revelationum (Sinfonia da
Harmonia das Revelações Celestes), uma coletânea heterogênea
de 77 canções para uso litúrgico ou semi-litúrgico. É importante
assinalar que sua produção poética-musical é toda de cunho
moralizante e pedagógico, está intimamente ligada aos seus
escritos teológicos, e foi-lhe inspirada durante suas inúmeras
visões. E mais do que isso, completamente alheia aos dilemas
morais de outros compositores sacros de seu tempo, acusados de
introduzirem excessiva beleza sensual nas longas e floridas linhas
melódicas que se tornavam comuns, e de com isso distraírem
perigosamente quem atendia ao serviço divino, Hildegarda via a
música como parte quintessencial do ser humano - ele não
poderia viver sem ela, pois reunia de forma única alma e corpo e
também de certa forma compensava a perda do Éden.[80] A
música tinha, para Hildegarda, poderes imensos:

"…a música de júbilo suaviza os corações


endurecidos, e lhes extrai as lágrimas de
compunção, invocando o Espírito Santo… e as
canções atravessam (os corações) de modo Fólio 466 recto do Riesencodex, onde
que eles possam compreender a Palavra aparece um trecho da Symphonia armonie
perfeitamente; pois a graça divina assim age, celestium revelationum.
banindo toda escuridão, e tornando luminosas
todas as coisas que são obscuras para os sentidos corpóreos por causa da fraqueza
da carne".[81]

"Na música se pode ouvir o som da paixão que arde no peito de uma virgem. Podemos
ouvir o botão se tornando flor. Podemos ouvir o fulgor da luz espiritual brilhando do
céu. Podemos ouvir a profundidade do pensamento dos profetas. Podemos ouvir a
sabedoria dos apóstolos se espalhando pelo mundo inteiro. Podemos ouvir o sangue a
pingar das chagas dos mártires. Podemos ouvir os mais íntimos movimentos do
coração que caminha para a santidade. Podemos ouvir a alegria de uma menina
diante da beleza da terra de Deus. Na música a criação devolve para seu Criador seu
júbilo e sua exultação; e dá graças por sua própria existência. Também podemos ouvir
na música a harmonia entre pessoas que antes eram inimigos e agora são amigos. A
música expressa a unidade do mundo como ela era no princípio, a unidade que é
restaurada através da penitência e da reconciliação"[82]

Outros diferenciais são que suas composições foram criadas para serem cantadas por mulheres e a temática do
feminino é recorrente no texto; alusões à corporalidade da prática musical e à musicalidade do corpo também
são comuns. Disse ela que o cantor é como um instrumento musical de Deus, e que "as palavras simbolizam o
corpo, e a música jubilosa revela as atividades do espírito; a harmonia celestial nos mostra Deus, e as
palavras, a humanidade do Filho de Deus". Nesse sentido, segundo a análise de Bruce Holsinger, a música
vivificava sua liturgia assim como a harmonia celeste vivificava o corpo de Cristo, e sugere que para ela o
canto apontava para a imanência da vida espiritual dentro da carne e para a própria Encarnação divina.[81] As
reiteradas menções ao prazer do canto e ao corpo, particularmente ao corpo feminino, quando Hildegarda
teorizou sobre música, a temática do feminino tão presente nos poemas que musicou, e o estilo muitas vezes
ricamente ornamental de suas melodias, desviando-se radicalmente da moderação e economia prescritas pela
maioria dos teóricos da música sacra do século XII, têm dado margem a uma série de especulações
contemporâneas sobre as possíveis ligações de sua concepção musical com as problemáticas do homoerotismo
e da sublimação do desejo no contexto do ambiente monástico, aspectos que têm sido trazidos à evidência por
numerosos pesquisadores também quando analisam outros compositores sacros de sua época, como sumarizou
Holsinger.[83] O que é certo é que a música ocupou um lugar de enorme relevo na vida da comunidade
monástica regida por Hildegarda, e todo ofício sacro era decorado com canto. Segundo Barbara Newman era
um lugar-comum monástico em seu tempo pensar que o canto agradava a Deus quando era desempenhado
com uma mente atenta e um coração devoto, imitando dessa forma os coros angélicos que se dizia estarem
perpetuamente louvando a divindade em cantos exaltados, o que seguia uma tradição que remontava à
Antiguidade pré-cristã.[79]

Até pouco tempo atrás sua música permaneceu ignorada pelos historiadores em vista de seu estilo muito
distinto das correntes principais da música medieval, mas diversos estudos recentes têm enfatizado a
originalidade de sua criação, assim como fizeram seus próprios contemporâneos.[84] Suas composições tem
ganhado destaque nos programas de música erudita; já há uma discografia significativa e em 1994 o álbum
Vision: The Music of Hildegard von Bingen, harmonizando suas melodias vocais com recursos eletrônicos,
vendeu 450 mil exemplares e permaneceu por dezesseis semanas no topo da lista Billboard na categoria de
música clássica crossover.[85]

Ordo Virtutum

O auto musicado Ordo Virtutum foi a primeira peça dramática de


seu gênero a ser escrita. Deve ter sido composta em torno de
1151, quando ela estava finalizado o Scivias, e de fato uma
primeira versão da peça está inclusa no final do livro. É em linhas
gerais uma dramatização musicada da luta de uma alma que caiu
em pecado em busca de redenção. Os personagens principais são
a Alma, o Demônio e as personificações das várias Virtudes que
concorrem para o resgate da alma caída, e o texto tem uma clara
função moralizante. Cada Virtude tem pelo menos uma seção
solo onde descreve suas características. No final a Alma redimida
é levada para o céu, enquanto que as Virtudes, lideradas pela
Humildade, acorrentam o Demônio.[86]

A principal fonte documental da obra é o Riesencodex, que traz


uma versão contínua, mas em edições modernas o texto foi
subdividido em seções. A peça inicia com um Prólogo que
apresenta ao público as Virtudes e um coro de Patriarcas e
Profetas. Na Cena I um coro de Almas em pranto lamenta as
dificuldades da vida na Terra, enquanto que uma delas, a Alma
protagonista, celebra, e no final da cena ela acaba
desencaminhada pelos argumentos persuasivos do Demônio. A A Alma humana, iluminura do Scivias.
Cena II apresenta em sequência todas as Virtudes, que cantam
em solos alternados com passagens em coro. Na Cena III o coro das Almas deplora a perda de uma delas para
o mundo, e tentam convencê-la a corrigir seu comportamento. A Cena IV, final, mostra o diálogo entre o
Demônio e as Virtudes, que por fim o derrotam e resgatam a Alma. A peça encerra com um coro que sumariza
a história do povo de Deus, narrando a Criação, a queda da Natureza e o sofrimento de Cristo.[16]

Musicalmente a Ordo Virtutum é um exemplo bastante típico do estilo desenvolvido por Hildegarda. Emprega
uma larga tessitura vocal, com uma escrita neumática na maior parte do texto, mas com muitas passagens
melismáticas, e em vários pontos aparece a sua típica figura de quinta ascendente. A parte do Demônio não é
cantada, mas recitada, e devia ser interpretada com rudeza e espalhafato, de acordo com indicações explícitas
na partitura, a fim de evidenciar sua carência de harmonia, o que faz um forte contraste com o restante da
música. Em muitos momentos há ilustrações musicais do conteúdo do texto, como por exemplo na tessitura
instável da parte da Alma, que ilustra seu caráter fraco e suas emoções rebeldes, ou quando passagens em
notas agudas indicam sentimentos nobres enquanto que notas graves retratam a aflição ou o desespero. As
passagens mais melismáticas aparecem quando as Virtudes descrevem a si mesmas, o que parece querer
ilustrar seu caráter sublime e transcendente. De acordo com instruções de Hildegarda os personagens deviam
usar figurinos adequados para seu caráter.[16]

Trecho do Ordo Virtutum: O frondens

Symphonia armonie celestium revelationum

Esta coletânea compreende composições em vários gêneros - antífonas, responsórios, sequências, hinos, um
Kyrie eleison e um Alleluia - e foi composta a partir de 1150 em peças individuais, mais tarde compiladas
juntas. O texto poético dessas pequenas obras é muito próximo da prosa, mas em um estilo artificioso
conhecido como Kunstprose (prosa artística). Hildegarda fez um uso muito versátil e criativo do relativamente
reduzido vocabulário poético e das formas sintáticas convencionais de que dispunha, e se valeu de
justaposições originais de imagens simbólicas que produzem efeitos grandiloquentes e vigorosos, obtendo
sonoridades que são musicais independentemente da música. Seus temas geralmente celebram a Encarnação
de Cristo, o espelhamento entre humanidade e natureza e a excelsitude das mulheres santas, e o estilo musical
do conjunto é em tudo semelhante ao que já foi descrito acima, mas a variedade de soluções formais torna
impossível aqui uma análise, mesmo sucinta, das 77 composições individualmente. Não pôde ser determinado
com exatidão como essas peças deveriam ser incluídas na liturgia, pois apenas em algumas delas há indicações
claras, e a diversas delas é especialmente difícil atribuir um emprego dentro dos ofícios sacros regulares em
função de seu estilo muito ornamental; devem, pois, possivelmente ter-se destinado à devoção privada ou para
uso em procissões.[87][88] A seguir um dos poemas musicados na Symphonia, O viridissima virga:

O viridissima virga Oh verdíssima rama (tradução livre)


O viridissima virga, ave Oh verdíssima rama, salve!
que in ventoso flabro sciscitationis tu que surgiste no sopro
sanctorum prodisti. do mistério sagrado.
Cum venit tempus Era o tempo chegado
quod tu floruisti in ramis tuis, de em teus próprios galhos floresceres,
ave, ave fuit tibi sejas, assim, louvada!,
quia calor solis in te sudavit pois o sol em ti transuda, ardente,
sicut odor balsami. um bálsamo cheiroso.
Nam in te floruit pulcher flos Deveras em ti abriu rara flor,
qui odorem dedit omnibus que para todos, áridos antes,
aromatibus que arida erant. deu seu perfume.
Et illa apparuerunt omnia E então tudo apareceu
in viriditate plena. em sua verdura plena.
Unde celi dederunt rorem E o céu derramou seu orvalho
super gramen sobre a relva
et omnis terra leta facta est, e toda terra exultou,
quoniam viscera ipsius pois de seu ventre
frumentum protulerunt brotaram os grãos,
et quoniam volucres celi e as aves do céu
nidos in ipsa habuerunt. nela fizeram seus ninhos.
Deinde facta est esca hominibus Assim foi criado o alimento do homem
et gaudium magnum epulantium. e a riqueza feliz dos banquetes.
Unde, o suavis Virgo, Virgem suave, oh, em ti
in te non deficit ullum gaudium. nunca míngua a alegria.
Hec omnia Eva contempsit. Eva uma vez lamentou tudo isso,
Nunc autem laus sit Altissimo.[89] mas agora, seja louvado o Altíssimo.

Lingua ignota
Seus primeiros biógrafos mencionam que sua música estava em
estreita associação com outro de seus projetos, o de criar uma
linguagem artificial, chamada por ela de língua ignota (língua
desconhecida), que possuía seu próprio alfabeto de litterae
ignotae (letras desconhecidas). A língua ignota, de grande
interesse para os linguistas modernos, era composta de cerca de
novecentas palavras inventadas para descrever os seres
fantásticos que via em suas visões. Também incluía termos de
uso litúrgico e outros para indicar muitos aspectos e objetos da
vida cotidiana no seu mosteiro. Segundo Hildegarda essa língua
O alfabeto desconhecido de Hildegarda,
e suas letras foram-lhes reveladas por Deus e possuíam
com seus correspondentes latinos.
associações místicas. Algumas palavras foram usadas em uma de
Riesencodex, fl. 464v.
suas antífonas, O orzichs Ecclesia, em uma versão do seu Kyrie e
no hino O virga mediatrix, e foi sugerido que essa língua tenha
servido como um código secreto para comunicação das monjas quando em presença de estranhos.[90]

Outros escritos

Correspondência

Sobrevivem cerca de 400 cartas de Hildegarda, dirigidas a pessoas de todas as classes sociais e tratando de
uma variedade de temas, desde simples bilhetes com instruções práticas ou meros cumprimentos para alguém
até longas perorações que têm o caráter de homilia ou sermão, que são de enorme valor para que se possa
formar uma ideia mais completa sobre sua pessoa e sua carreira do que é possível extrair de suas biografias e
de seus escritos visionários. Mas em muitos casos seus textos foram submetidos a revisões e censuras
posteriores por mãos desconhecidas. De qualquer maneira, nelas se encontra relatada uma ampla gama de
aspectos de seu cotidiano - como lidava com os problemas administrativos de sua comunidade, seu
relacionamento com outras figuras históricas destacadas, suas posições e reações sobre a repercussão de suas
obras e vislumbres sobre sua própria percepção do contexto social de sua época, e delas emerge a figura de
uma mulher de convicções firmes, eloquente e destemida ao ponto da audácia no trato com os poderosos mas
possuidora de grande tato diplomático quando necessário, amorosa e atenta às necessidades de suas monjas e
daqueles que a ela recorriam em busca de conselho, e que não hesitou em usar a sua aura de profetisa
divinamente inspirada para fazer valer suas ideias e conquistar seus objetivos, às vezes ameaçando seus
destinatários em nome de Deus com maldições e a condenação eterna se não atendessem às suas demandas.
Hildegarda também aparece nelas como uma pessoa de grande erudição geral, o que contrasta fortemente com
as onipresentes negações públicas de seu mérito intelectual, chamando-se de uma pobre e humilde mulher sem
estudos, o que se para seus contemporâneos confirmava a procedência divina de seu conhecimento, faz a
questão de como adquiriu tão vasta cultura permanecer insolúvel para a pesquisa moderna.[91]

Hagiografia

Estas são obras curtas às quais a própria autora deu pouca atenção posterior, e seu conteúdo e estilo são
bastante convencionais, descrevendo, em resumo, as ligações entre a realidade celeste e a cotidiana. A Vita
Sancti Disibodi (Vida de São Disibodo, c. 1170) foi escrita a pedido do abade Helenger, de Disibodenberg,
louvando a vocação precoce de Disibod e sua humildade, comparando-o a São João Batista. A Vita Sancti
Ruperti (Vida de São Ruperto) foi produzida certamente para celebrar o santo patrono do mosteiro que
Hildegarda reconstruiu sobre as ruínas de um edifício anterior que honrava o local da tumba do santo. O
primeiro mosteiro havia sido destruído no século IX pelos normandos, e desde então a área permanecera
inabitada. Por uma ordem divina Hildegarda deixou com um grupo de monjas seu mosteiro original a fim de
revitalizar as ruínas da construção antiga e restaurar o culto a São Rupert.[92]
Trabalhos exegéticos

Hildegarda deixou quatro obras específicas de exegese: as


Solutiones triginta octo quaestionum, a Explanatio Regulae
Sancti Benedicti, a Explanatio Symboli Sancti Athanasii, e as
Expositiones Evangeliorum, além das longas seções exegéticas
do Liber divinorum, já mencionadas, e trechos esparsos em
outros documentos. Ela justificou sua atividade nesse campo em
uma homilia de Pentecostes sobre um trecho do Evangelho de
Lucas. Nela Hildegarda explicou que Jesus, e depois dele, os
escritores patrísticos, haviam interpretado a doutrina escrita
dando-lhe uma nova luz espiritual, de modo que toda a religião
se transformara, e nisso residia a importância da interpretação dos
textos sacros. Ela não mencionou na homilia as tradicionais
formas exegéticas usadas em seu tempo - a interpretação
histórica-literal, a alegórica, a moral e a transcendental ou
anagógica - mas demonstrou estar familiarizada com elas. Em sua
época estava muito em voga o abandono da interpretação
histórico-literal, e ela pessoalmente deu ênfase aos aspectos
alegóricos.[93] A verdadeira Trindade na verdadeira
Unidade, iluminura do Scivias.
A primeira, Solutiones triginta octo quaestionum (Solução para
trinta e oito questões), foi uma longa carta de Hildegarda em
resposta ao pedido de Guibert de Gembloux, em nome dos monges de Villiers, solicitando orientação a
respeito de 38 dúvidas sobre a interpretação de trechos das Escrituras. O estilo é convencional, mas o conteúdo
emprega um imaginário simbólico e um modo reflexivo-meditativo para explicar indiretamente os problemas
levantados antes do que resolvê-los analítica e objetivamente, deixando amplo espaço aberto para
interpretações individuais.[94]

A Explanatio Symboli Sancti Athanasii (Explicação do Credo de Atanásio, c. 1150-1170) surgiu para
edificação de suas monjas, combinando uma homilia e um comentário sobre o Credo de Atanásio. Esta
fórmula de fé é uma severa defesa da ortodoxia católica, e fora escrita possivelmente para combater a heresia
ariana. Seus temas centrais são a Santíssima Trindade e a Encarnação, e os comentários de Hildegarda,
penosamente repetitivos, enfatizam o papel da Caridade e da Sabedoria, traçando um painel sucinto do plano
divino da Salvação e reforçando a importância da unidade da Igreja, com muitas imagens visionárias.[92]

A Explanatio Regulae Sancti Benedictini (Explicação da Regra de São Bento, c. 1150-1160) foi escrita para
um grupo não identificado de recipientes, autodenominados de a Congregatio Hunniensis, que confiou em
suas luzes para tornar a Regra Beneditina mais compreensível e assim mais facilmente aplicável. O texto tem
um estilo direto e simples, sem alusões visionárias salvo uma no início e outra no fim, mas aqui elas não têm
uma função de autoridade e se tratam de fórmulas retóricas padronizadas. Curiosamente, ela comentou em
detalhe alguns capítulos da Regra mas omitiu inteiramente outros, e é especialmente sintomática a omissão dos
tópicos referentes à obediência, ao papel do abade, à consulta à comunidade e o da transferência de monges
para outros mosteiros, mas aprofundou o tema das virtudes da discrição e da humildade, e expandiu com
conceitos próprios os temas da moderação beneditina, da dieta e saúde monacal e das práticas litúrgicas.[92]

Na maior parte das suas 58 Expositiones Evangeliorum (Exposições sobre os Evangelhos) tomou como
pretexto fragmentos dos Evangelhos para descrever a luta da alma em busca da Redenção em meio ao
confronto entre os vícios e as virtudes, e também fez frequentes associações entre macro e microcosmo, temas
que são onipresentes em sua obra completa. Muitas vezes Hildegarda ultrapassou os modos exegéticos e deu à
sua interpretação uma dimensão cósmica, descrevendo as consequências da atividade humana sobre toda a
Criação, entrou em domínios da psicologia e usou uma tradição alegórica que datava da Antiguidade clássica,
reminiscente do pensamento platônico. As Expositiones são escritas na forma de homilias, em seu gênero
permanecem como obras muito originais. Suas interpretações são de grande sutileza e profundidade, e
demonstram um uso magistral da metáfora como elemento estruturante, estabelecendo uma complexa rede de
inter-relacionamentos significantes incomuns e inesperados entre todas as imagens alegóricas que evocou em
cada peça, dando-lhes uma forma coesa e poderosa.[93][95]

Homenagens
A maior homenagem prestada a Hildegarda foi, claramente, a de
ter sido declarada santa pela Igreja Católica, mas a sociedade
civil moderna também tem dedicado a ela outras formas de
elogio. Em sua condição de santa ela é honrada como padroeira
da Igreja de Santa Hildegard, o seu santuário mais importante,
onde estão suas relíquias, em Eibingen,[96] da Igreja de Santa
Hildegard e São Rupert em Bingerbrück,[97] da Abadia de Santa
Hildegard em Rüdesheim,[98] e de mais oito capelas ou igrejas na
Alemanha.

Ela é a patrona do Prêmio Hildegard von Bingen, criado em A Abadia de Santa Hildegarda em
1995 na Alemanha para distinguir jornalistas e publicitários que Rüdesheim.
tenham dado uma contribuição humanitária importante no seu
campo e promovido a pluralidade e o diálogo entre homens e
mulheres.[99] É nome de uma escola em Rüdesheim,[100] é um dos vultos históricos relembrados no Templo
de Walhalla em Ratisbona (placa comemorativa nº 46),[101] e é patrona da Medalha Hildegard von Bingen da
Bundesvereinigung Prävention un Gesundheitförderung e.V. para personalidades destacadas no campo da
educação sanitária mundial,[102] Sua vida foi objeto de um filme de Margarethe von Trotta intitulado Vision -
Aus dem Leben der Hildegard von Bingen, lançado em 2009.[103] Já existem duas sociedades internacionais
dedicadas ao estudo de sua vida e obra, a Internationale Gesellschaft Hildegard von Bingen, fundada na Suíça
em 1980, organizando grupos de trabalho, conferências e publicando uma revista, e contando com cerca de
1 800 membros de vários países do mundo,[104] e a International Society of Hildegard von Bingen Studies,
sediada desde 1983 nos Estados Unidos, também desenvolvendo uma atividade intensa.[105]

Lista de obras
Existem algumas discrepâncias quanto aos títulos de seus trabalhos entre os vários manuscritos originais e suas
edições posteriores. Abaixo segue a listagem obtida no artigo de Olivia Carter Mather, The Music of Hildegard
von Bingen (http://www.the-orb.net/encyclop/culture/music/mather.htm), publicado na página de estudos
medievalistas On-line Reference Book for Medieval Studies da Universidade da Cidade de Nova Iorque. Uma
listagem com uma divisão e nomes ligeiramente distintos pode ser consultada na página da International
Society of Hildegard von Bingen Studies (http://www.hildegard-society.org/bibliography.html).

Teológicas e místicas

Liber scivias domini;


Liber vitae meritorum;
Liber divinorum operum.

Ciência natural

Liber subtilitatum diversarum naturarum creaturarum, dividido em:


Physica (Liber simplices medicinae);
Causae et curae (Liber compositae medicinae).

Música e poesia

Symphonia armonie celestium revelationum (77 peças);


Ordo virtutum (auto sacro musicado);
Litterae ignotae;
Língua ignota;

Miscelânea

Expositiones Evangeliorum;
Explanatio Regulae Sancti Benedictini;
Explanatio Symboli Sancti Athanasii;
Vita Sancti Ruperti;
Vita Sancti Disibodi;
Solutiones triginta octo quaestionum;
Epistolae.

Referências
0bingen%22&f=false). Classics of Western
1. Butler, Alban; Burns, Paul & Thomas, Sarah spirituality. Paulist Press, 1990. p. 9
Fawcett. Butler's lives of the saints (http://boo
5. Saint Hildegard (http://www.britannica.com/E
ks.google.com/books?id=-KKc-SzyoEUC&p
Bchecked/topic/265747/Saint-Hildegard).
g=PA168&dq=hildegard+bingen+canonizati
Encyclopædia Britannica Online. 21 Nov.
on&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_m
iny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_ 2009
brr=3&hl=pt-BR#v=onepage&q=hildegard% 6. "Pope names 12th-century mystic nun a
20bingen%20canonization&f=false). Volume saint (http://www.upi.com/Top_News/World-
9 de Butler's Lives of the Saints Series. News/2012/05/10/Pope-names-12th-century-
Continuum International Publishing Group, mystic-nun-a-saint/UPI-23001336673483/).
2000. p. 168 UPI, May 10, 2012
2. Hildegard von Bingen - Heilige der Kirche (ht 7. Schipperges, pp. 9-10 (http://books.google.c
tp://www.pfarreien.com/index.html). om/books?id=Q6zr8cmisKYC&printsec=front
Pfarreiengemeinschaft der katholischen cover&dq=%22hildegard+von+bingen%22&l
Pfarrgemeinden r=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_i
3. Schipperges, Heinrich. Hildegard von s=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3
&hl=pt-BR#v=onepage&q=&f=false)
Bingen (http://books.google.com/books?id=Q
6zr8cmisKYC&printsec=frontcover&dq=%22 8. Mershman, Francis. St. Hildegard (http://ww
hildegard+von+bingen%22&lr=&as_drrb_is= w.newadvent.org/cathen/07351a.htm). The
q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_i Catholic Encyclopedia. Vol. 7. New York:
s=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR#v=o Robert Appleton Company, 1910.
nepage&q=&f=false). Markus Wiener Recuperado de New Advent
Publishers, 1997. pp. 3-5 9. Bingen; Bishop & Hart, pp. 10-11 (http://book
4. Bingen, Hildegard von; Bishop, Jane & Hart, s.google.com/books?id=7SVDoDhCV3oC&
Columba. Scivias (http://books.google.com/b pg=PA51&dq=%22hildegard+von+bingen%
ooks?id=7SVDoDhCV3oC&pg=PA51&dq 22&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_m
=%22hildegard+von+bingen%22&lr=&as_drr iny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_
b_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_m brr=3&hl=pt-BR#v=onepage&q=%22hildega
axm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-B rd%20von%20bingen%22&f=false)
R#v=onepage&q=%22hildegard%20von%2
10. Dronke, Peter (1984). Women writers of the BR#v=onepage&q=%22hildegard%20von%
Middle Ages: a critical study of texts from 20bingen%22&f=false)
Perpetua (d. 203) to Marguerite Porete, Parte 16. Mather, Olivia Carter. The Music of Hildegard
1310 (http://books.google.com/books?id=_xr von Bingen (http://www.the-orb.net/encyclop/
_GSXBbVwC&pg=PA144&dq=bingen+%22 culture/music/mather.htm). On-line
causae+et+curae%22&lr=&as_drrb_is=q&as Reference Book for Medieval Studies.
_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0& College of Staten Island, CUNY, 2002-2003.
as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR#v=onepa 17. Flanagan, pp. 6-9 (http://books.google.com/b
ge&q=bingen%20%22causae%20et%20cur ooks?id=wyIFO15BkgMC&pg=PA223&dq
ae%22&f=false). History e-book project. =%22hildegard+von+bingen%22&lr=&as_drr
Cambridge paperback library. Cambridge b_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_m
University Press, 1984. pp. 145-147 axm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-B
11. NOTA: Seu título era magistra, mestra, o R#v=onepage&q=%22hildegard%20von%2
mesmo que mais tarde Hildegarda assumiu 0bingen%22&f=false)
quando sucedeu Jutta, mantendo-o mesmo 18. Dronke (1984), p. 164 (http://books.google.co
quando fundou seu próprio mosteiro; a rigor m/books?id=_xr_GSXBbVwC&pg=PA144&d
Hildegarda nunca foi uma abadessa, como é q=bingen+%22causae+et+curae%22&lr=&a
correntemente divulgado. In Logan, F. s_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&
Donald. A history of the church in the Middle as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl
Ages (http://books.google.com/books?id=Ofjj =pt-BR#v=onepage&q=bingen%20%22caus
AE5Nia0C&pg=PA174&dq=%22hildegard+o ae%20et%20curae%22&f=false)
f+bingen%22&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_i
19. Largier, Niklaus. Acknowledging the Divine
s=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_max
(http://books.google.com/books?id=kRWthlO
y_is=&as_brr=3&hl=pt-BR#v=onepage&q=%
I_34C&pg=PA39&dq=%22hildegard+von+bi
22hildegard%20of%20bingen%22&f=false).
Routledge, 2002. p. 174 ngen%22&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0
&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is
12. Flanagan, Sabina. Hildegard of Bingen, =&as_brr=3&hl=pt-BR#v=onepage&q=%22h
1098-1179: a visionary life (http://books.goog ildegard%20von%20bingen%22&f=false). IN
le.com/books?id=wyIFO15BkgMC&pg=PA2 Wellbery, David E. et alii. A new history of
23&dq=%22hildegard+von+bingen%22&lr= German literature. Harvard University Press
&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is reference library. Harvard University Press,
=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3& 2004. p. 1147
hl=pt-BR#v=onepage&q=%22hildegard%20
von%20bingen%22&f=false). Routledge, 20. Schipperges, pp. 23-28 (http://books.google.
com/books?id=Q6zr8cmisKYC&printsec=fro
1998. pp. 35-42]
ntcover&dq=%22hildegard+von+bingen%22
13. Flanagan, pp. 1-4 (http://books.google.com/b &lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_min
ooks?id=wyIFO15BkgMC&pg=PA223&dq y_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr
=%22hildegard+von+bingen%22&lr=&as_drr =3&hl=pt-BR#v=onepage&q=&f=false)
b_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_m
21. Flanagan, pp. 10-11 (http://books.google.co
axm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-B
m/books?id=wyIFO15BkgMC&pg=PA223&d
R#v=onepage&q=%22hildegard%20von%2
0bingen%22&f=false) q=%22hildegard+von+bingen%22&lr=&as_d
rrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_
14. Schipperges, pp. 10-12 (http://books.google. maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-
com/books?id=Q6zr8cmisKYC&printsec=fro BR#v=onepage&q=%22hildegard%20von%
ntcover&dq=%22hildegard+von+bingen%22 20bingen%22&f=false)
&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_min
y_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr 22. Newman, Barbara (1998a). Sybil of the
=3&hl=pt-BR#v=onepage&q=&f=false) Rhine: Hildegard's life and times (http://book
s.google.com.br/books?id=SccNOfpx_PkC&
15. Flanagan, pp. 43-44 (http://books.google.co pg=PP10&dq=%22liber+divinorum+operu
m/books?id=wyIFO15BkgMC&pg=PA223&d m%22&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&a
q=%22hildegard+von+bingen%22&lr=&as_d s_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&
rrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_ as_brr=3#v=onepage&q=%22liber%20divin
maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt- orum%20operum%22&f=false). IN Newman,
Barbara. Voice of the living light: Hildegard
of Bingen and her world. University of in Western esoteric traditions. State
California Press, 1998. pp. 3-4] University of New York Press, 1993. pp. 39-
23. Kerby-Fulton, Kathryn. Hildegard and the 44
Male Reader (http://books.google.com/book 29. Newman (1998a), p. 10 (http://books.google.
s?id=_XuhL2SK4rsC&pg=PA1&dq=%22hild com.br/books?id=SccNOfpx_PkC&pg=PP10
egard+von+bingen%22&lr=&as_drrb_is=q& &dq=%22liber+divinorum+operum%22&lr=&
as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is= as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=
0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR#v=one &as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3#v
page&q=%22hildegard%20von%20bingen% =onepage&q=%22liber%20divinorum%20op
22&f=false). IN Voaden, Rosalynn. Prophets erum%22&f=false)
abroad: the reception of Continental holy 30. Sudbrack, Josef. Experiência religiosa e
women in late-medieval England. Boydell & psique humana: onde a religião e a
Brewer, 1996. p. 2 psicologia se encontram (http://books.googl
24. Silva, Andréia Cristina L. F. da. Hildegarda e.com/books?id=tTDXjjwXyh4C&pg=PA17&
de Bingen e as sutilezas da natureza de dq=%22hildegard+von+bingen%22&lr=&as_
diversas criaturas (http://www.ifcs.ufrj.br/~fraz drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as
ao/Bingen.htm) Arquivado em (https://web.ar _maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt
chive.org/web/20120521013111/http://www.if -BR#v=onepage&q=%22hildegard%20von%
cs.ufrj.br/~frazao/Bingen.htm) 21 de maio de 20bingen%22&f=false). Edicoes Loyola,
2012, no Wayback Machine.. Instituto de 2001. pp.15-16
Filosofia e Ciências Sociais, UFRJ, 2002. 31. Bingen; Bishop & Hart, pp. 11-12 (http://book
25. The Wiesbaden ("Giant") Codex (Hildegard s.google.com/books?id=7SVDoDhCV3oC&
of Bingen) (http://www.hlb-wiesbaden.de/ind pg=PA51&dq=%22hildegard+von+bingen%
ex.php?dom=1&lang=22&p=265) Arquivado 22&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_m
em (https://web.archive.org/web/2009082713 iny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_
5225/http://www.hlb-wiesbaden.de/index.ph brr=3&hl=pt-BR#v=onepage&q=%22hildega
p?dom=1&lang=22&p=265) 27 de agosto de rd%20von%20bingen%22&f=false)
2009, no Wayback Machine.. Hessische 32. Bingen; Bishop & Hart, pp. 17-19 (http://book
Landesbibliothek Wiesbaden s.google.com/books?id=7SVDoDhCV3oC&
26. Flanagan, pp. 17-22 (http://books.google.co pg=PA51&dq=%22hildegard+von+bingen%
m/books?id=wyIFO15BkgMC&pg=PA223&d 22&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_m
q=%22hildegard+von+bingen%22&lr=&as_d iny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_
rrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_ brr=3&hl=pt-BR#v=onepage&q=%22hildega
maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt- rd%20von%20bingen%22&f=false)
BR#v=onepage&q=%22hildegard%20von% 33. Harmless, William. Mystics (http://books.goo
20bingen%22&f=false) gle.com/books?id=6sNIbuUqD7kC&pg=PT3
27. Baird, Joseph L. & Ehrman, Radd K. The 01&dq=%22hildegard+of+bingen%22&lr=&a
letters of Hildegard of Bingen (http://books.go s_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&
ogle.com/books?id=PSgus_U8gGoC&pg=P as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl
A25&dq=%22hildegard+von+bingen%22&lr =pt-BR#v=onepage&q=hildegard&f=false).
=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_i Oxford University Press US, 2008. pp. 77-78
s=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3 34. Stoudt, Debra L. Medieval German Women
&hl=pt-BR#v=onepage&q=%22hildegard%2 (http://books.google.com/books?id=2_mtzwR
0von%20bingen%22&f=false). Oxford 7ho0C&pg=PA20&dq=%22hildegard+von+b
University Press US, 1998. pp. 11-14 ingen%22&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=
28. Weeks, Andrew. German mysticism from 0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_i
Hildegard of Bingen to Ludwig Wittgenstein: s=&as_brr=3&hl=pt-BR#v=onepage&q=%22
a literary and intellectual history (http://books. hildegard%20von%20bingen%22&f=false).
google.com/books?id=YtM16IJxv2IC&pg=P IN Furst, Lilian R. Women Healers and
A246&dq=%22hildegard+von+bingen%22&l Physicians: Climbing a Long Hill. University
r=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_i of Kentucky Press. pp. 20-25
s=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3 35. Newman, Barbara (1999). Hildegard and her
&hl=pt-BR#v=onepage&q=%22hildegard%2 Biographers: the remaking of female
0von%20bingen%22&f=false). SUNY series sainthood (http://books.google.com/books?id
=jUQDpWzvRWEC&pg=PA16&dq=hildegar as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=
d+bingen+canonization&lr=&as_drrb_is=q& &as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&h
as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is= l=pt-BR#v=onepage&q=&f=false)
0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR#v=one 42. Schipperges, pp. 38-47 (http://books.google.
page&q=&f=false). IN Mooney, Catherine M. com/books?id=Q6zr8cmisKYC&printsec=fro
Gendered voices: medieval saints and their ntcover&dq=%22hildegard+von+bingen%22
interpreters. The Middle Ages series. &lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_min
University of Pennsylvania Press, 1999. pp. y_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr
30-32 =3&hl=pt-BR#v=onepage&q=&f=false)
36. Schroedel, Jenny. The Everything Saints 43. Schipperges, pp. 56-57 (http://books.google.
Book: The Inspiring Lives of Martyrs and com/books?id=Q6zr8cmisKYC&printsec=fro
Miracle Workers Throughout History (http://b ntcover&dq=%22hildegard+von+bingen%22
ooks.google.com/books?id=Fl9hSRD40NQ &lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_min
C&pg=PA105&dq=hildegard+bingen+canoni y_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr
zation&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&a =3&hl=pt-BR#v=onepage&q=&f=false)
s_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=& 44. Strehlow, Wighard. Hildegard of Bingen's
as_brr=3&hl=pt-BR#v=onepage&q=hildegar Spiritual Remedies (http://books.google.com/
d%20bingen%20canonization&f=false).
books?id=E0HgxK4N41MC&printsec=frontc
Everything Books, 2007. p. 107
over&dq=Solutions+hildegard&lr=&as_drrb_
37. "Benedict XVI officially declares Hildegard of is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_max
Bingen a Saint" (http://www.romereports.co m_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR#
m/palio/benedict-xvi-officially-declares-hilde v=onepage&q=Solutions%20hildegard&f=fal
gard-of-bingen-a-saint-english-6759.html) se). Inner Traditions / Bear & Company,
Arquivado em (https://web.archive.org/web/2 2002. pp. xi-xiii
0120512215802/http://www.romereports.co 45. Harrison, Peter. The Bible, Protestantism,
m/palio/benedict-xvi-officially-declares-hilde and the rise of natural science (http://books.g
gard-of-bingen-a-saint-english-6759.html) 12 oogle.com/books?id=eBLst8a8uYYC&pg=P
de maio de 2012, no Wayback Machine.. A35&dq=%22hildegard+of+bingen%22&lr=&
Rome Reports, May 10, 2012 as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=
38. Wooden, Cindy. "Benedict XVI formally &as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&h
recognises Hildegard of Bingen as a saint" l=pt-BR#v=onepage&q=%22hildegard%20o
(http://www.catholicherald.co.uk/news/2012/ f%20bingen%22&f=false). Cambridge
05/11/benedict-xvi-formally-recognises-hilde University Press, 2001. p. 37]
gard-of-bingen-as-a-saint/). Catholic Herald,
46. Duran, pp. 31-36 (http://books.google.com/bo
11 May 2012
oks?id=aIzVEF6J6SYC&pg=PA22&dq=bing
39. Bento XVI. Santa Hildegarda de Bingen, en+%22causae+et+curae%22&lr=&as_drrb_
Monja Professa da Ordem de São Bento, é is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_max
proclamada Doutora da Igreja universal (htt m_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR#
p://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/ v=onepage&q=bingen%20%22causae%20e
apost_letters/documents/hf_ben-xvi_apl_201 t%20curae%22&f=false)
21007_ildegarda-bingen_po.html). Carta 47. Bingen; Bishop & Hart, pp. 44-45 (http://book
Apostólica, 07/10/2012 s.google.com/books?id=7SVDoDhCV3oC&
40. Duran, Jane. Eight women philosophers: pg=PA51&dq=%22hildegard+von+bingen%
theory, politics, and feminism (http://books.go 22&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_m
ogle.com/books?id=aIzVEF6J6SYC&pg=PA iny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_
22&dq=bingen+%22causae+et+curae%22&l brr=3&hl=pt-BR#v=onepage&q=%22hildega
r=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_i rd%20von%20bingen%22&f=false)
s=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3 48. Jasper, Alison E. The shining garment of the
&hl=pt-BR#v=onepage&q=bingen%20%22c
text: gendered readings of John's prologue
ausae%20et%20curae%22&f=false).
(http://books.google.com.br/books?id=0cSw4
University of Illinois Press, 2006. pp. 25-28
KzUatgC&pg=PA58&dq=%22Liber+divinoru
41. Schipperges, p. 35 (http://books.google.com/ m+operum+%22&lr=&as_drrb_is=q&as_min
books?id=Q6zr8cmisKYC&printsec=frontcov m_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_
er&dq=%22hildegard+von+bingen%22&lr=& maxy_is=&as_brr=3#v=onepage&q=%22Lib
er%20divinorum%20operum%20%22&f=fals brr=3&hl=pt-BR#v=onepage&q=%22hildega
e). Volume 165 de Journal for the study of rd%20von%20bingen%22&f=false)
the New Testament. Volume 6 de Gender, 55. Kerby-Fulton, pp. 3-12 (http://books.google.c
culture, theory. Continuum International om/books?id=_XuhL2SK4rsC&pg=PA1&dq
Publishing Group, 1998. pp. 70-84 =%22hildegard+von+bingen%22&lr=&as_drr
49. Fierro, Nancy. Hildegard of Bingen and her b_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_m
vision of the feminine (http://books.google.co axm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-B
m/books?id=u9XiZ_d1l5QC&pg=PA47&dq= R#v=onepage&q=%22hildegard%20von%2
music+%22hildegard+von+bingen%22&lr=& 0bingen%22&f=false)
as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is= 56. Wilson, Katharina M. Medieval women
&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&h writers (http://books.google.com.br/books?id
l=pt-BR#v=onepage&q=music%20%22hilde =Qx0NAQAAIAAJ&pg=PA115&dq=%22Libe
gard%20von%20bingen%22&f=false). r+divinorum+operum+%22&lr=&as_drrb_is=
Rowman & Littlefield, 1994. pp. 25-29 q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_i
50. Newman (1998a), pp. 1-3 (http://books.googl s=0&as_maxy_is=&as_brr=3#v=onepage&q
e.com.br/books?id=SccNOfpx_PkC&pg=PP =%22Liber%20divinorum%20operum%20%
10&dq=%22liber+divinorum+operum%22&lr 22&f=false). Manchester University Press
=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_i ND, 1984. pp. 116-118
s=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3 57. Bingen; Bishop & Hart, p. 22 (http://books.go
#v=onepage&q=%22liber%20divinorum%20 ogle.com/books?id=7SVDoDhCV3oC&pg=P
operum%22&f=false) A51&dq=%22hildegard+von+bingen%22&lr
51. Tsakiropoulos-Summers, Tatiana. Hildegard =&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_i
of Bingen: the teutonic prophetess (http://boo s=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3
ks.google.com/books?id=oKYw8Kfq8cgC&p &hl=pt-BR#v=onepage&q=%22hildegard%2
rintsec=frontcover&hl=pt-BR#v=onepage&q= 0von%20bingen%22&f=false)
hildegard&f=false). IN Churchill, Laurie J.; 58. Flanagan, pp. 56-58 (http://books.google.co
Brown, Phyllis Rugg & Jeffrey, Jane E. m/books?id=wyIFO15BkgMC&pg=PA223&d
Women Writing Latin: Medieval women q=%22hildegard+von+bingen%22&lr=&as_d
writing Latin. Taylor & Francis, 2002. pp. rrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_
133-140 maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-
52. Bingen; Bishop & Hart, pp. 19-20 (http://book BR#v=onepage&q=%22hildegard%20von%
s.google.com/books?id=7SVDoDhCV3oC& 20bingen%22&f=false)
pg=PA51&dq=%22hildegard+von+bingen% 59. Flanagan, pp. 58-59 (http://books.google.co
22&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_m m/books?id=wyIFO15BkgMC&pg=PA223&d
iny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_ q=%22hildegard+von+bingen%22&lr=&as_d
brr=3&hl=pt-BR#v=onepage&q=%22hildega rrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_
rd%20von%20bingen%22&f=false) maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-
53. Robinson, Joanne Maguire. Nobility and BR#v=onepage&q=%22hildegard%20von%
annihilation in Marguerite Porete's Mirror of 20bingen%22&f=false)
simple souls (http://books.google.com/book 60. Bingen; Bishop & Hart, pp. 23-26 (http://book
s?id=bT0yQ47BF4EC&pg=PA10&dq=%22hi s.google.com/books?id=7SVDoDhCV3oC&
ldegard+of+bingen%22&lr=&as_drrb_is=q& pg=PA51&dq=%22hildegard+von+bingen%
as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is= 22&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_m
0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR#v=one iny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_
page&q=%22hildegard%20of%20bingen%2 brr=3&hl=pt-BR#v=onepage&q=%22hildega
2&f=false). SUNY series in Western esoteric rd%20von%20bingen%22&f=false)
traditions. State University of New York
61. Gössmann, Elisabeth. Hildegard of Bingen
Press, 2001. p. 13
(http://books.google.com/books?id=6RCp5o
54. Bingen; Bishop & Hart, pp. 45-48 (http://book aQHekC&pg=PA40&dq=%22Liber+vitae+m
s.google.com/books?id=7SVDoDhCV3oC& eritorum%22&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_i
pg=PA51&dq=%22hildegard+von+bingen% s=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_max
22&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_m y_is=&as_brr=3&hl=pt-BR#v=onepage&q=%
iny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_ 22Liber%20vitae%20meritorum%22&f=false)
IN Waithe, Mary Ellen. Medieval,
Renaissance, and Enlightenment women 69. Blumenfeld-Kosinski, Renate. Poets, saints,
philosophers, A.D. 500-1600. Springer, and visionaries of the Great Schism, 1378-
1989, Volume 2. pp. 40-43 1417 (http://books.google.com.br/books?id=
62. Newman (1998a), pp. 17-19 (http://books.go E1TndPXo3pcC&pg=PA25&dq=%22Liber+d
ogle.com.br/books?id=SccNOfpx_PkC&pg= ivinorum+operum+%22&lr=&as_drrb_is=q&a
PP10&dq=%22liber+divinorum+operum%22 s_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0
&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_min &as_maxy_is=&as_brr=3#v=onepage&q=%
y_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr 22Liber%20divinorum%20operum%20%22&
=3#v=onepage&q=%22liber%20divinorum% f=false). Penn State Press, 2006. pp. 26-27
20operum%22&f=false) 70. Sweet, Victoria. Hildegard of Bingen (http://b
63. Jasper, pp. 60-67 (http://books.google.com.b ooks.google.com/books?id=SaJlbWK_-FcC
r/books?id=0cSw4KzUatgC&pg=PA58&dq &pg=PA222&dq=bingen+%22causae+et+cu
=%22Liber+divinorum+operum+%22&lr=&as rae%22&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&
_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&a as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=
s_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3#v=o &as_brr=3&hl=pt-BR#v=onepage&q=binge
nepage&q=%22Liber%20divinorum%20oper n%20%22causae%20et%20curae%22&f=fal
um%20%22&f=false) se). IN Glick, Thomas F.; Livesey, Steven
64. Newman (1998a), pp. 24-25 (http://books.go John & Wallis, Faith (eds). Medieval science,
ogle.com.br/books?id=SccNOfpx_PkC&pg= technology, and medicine: an encyclopedia.
PP10&dq=%22liber+divinorum+operum%22 Volume 11 de Routledge encyclopedias of
&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_min the Middle Ages. Routledge, 2005. pp. 222-
y_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr 223
=3#v=onepage&q=%22liber%20divinorum% 71. Gössmann, pp. 46-50 (http://books.google.co
20operum%22&f=false) m/books?id=6RCp5oaQHekC&pg=PA40&d
65. Newman (1998a), p. 24 (http://books.google. q=%22Liber+vitae+meritorum%22&lr=&as_d
com.br/books?id=SccNOfpx_PkC&pg=PP10 rrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_
&dq=%22liber+divinorum+operum%22&lr=& maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-
as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is= BR#v=onepage&q=%22Liber%20vitae%20
&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3#v meritorum%22&f=false)
=onepage&q=%22liber%20divinorum%20op 72. Bingen; Bishop & Hart, p. 14 (http://books.go
erum%22&f=false) ogle.com/books?id=7SVDoDhCV3oC&pg=P
66. Jasper, p. 69 (http://books.google.com.br/boo A51&dq=%22hildegard+von+bingen%22&lr
ks?id=0cSw4KzUatgC&pg=PA58&dq=%22L =&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_i
iber+divinorum+operum+%22&lr=&as_drrb_i s=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3
s=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_max &hl=pt-BR#v=onepage&q=%22hildegard%2
m_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3#v=onepag 0von%20bingen%22&f=false)
e&q=%22Liber%20divinorum%20operum%2 73. Duran, pp. 29-30 (http://books.google.com/bo
0%22&f=false) oks?id=aIzVEF6J6SYC&pg=PA22&dq=bing
67. Jasper, pp. 68-77 (http://books.google.com.b en+%22causae+et+curae%22&lr=&as_drrb_
r/books?id=0cSw4KzUatgC&pg=PA58&dq is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_max
=%22Liber+divinorum+operum+%22&lr=&as m_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR#
_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&a v=onepage&q=bingen%20%22causae%20e
s_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3#v=o t%20curae%22&f=false)
nepage&q=%22Liber%20divinorum%20oper 74. Holsinger, Bruce W. Music, body, and desire
um%20%22&f=false) in medieval culture: Hildegard of Bingen to
68. Jasper, p. 77 (http://books.google.com.br/boo Chaucer (http://books.google.com/books?id=
ks?id=0cSw4KzUatgC&pg=PA58&dq=%22L G-41n_wuTj0C&pg=PA114&dq=bingen+%2
iber+divinorum+operum+%22&lr=&as_drrb_i 2causae+et+curae%22&lr=&as_drrb_is=q&a
s=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_max s_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0
m_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3#v=onepag &as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR#v=onep
e&q=%22Liber%20divinorum%20operum%2 age&q=bingen%20%22causae%20et%20cu
0%22&f=false) rae%22&f=false). Figurae: Reading
Medieval Culture. Stanford University Press,
2001. pp. 114-116
75. Apud Duran, p. 30 (http://books.google.com/ ingen%22&f=false). Jessica Kingsley
books?id=aIzVEF6J6SYC&pg=PA22&dq=bi Publishers, 2000. pp. 75-76
ngen+%22causae+et+curae%22&lr=&as_drr 83. Holsinger, pp. 114-129 (http://books.google.c
b_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_m om/books?id=G-41n_wuTj0C&pg=PA114&d
axm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-B q=bingen+%22causae+et+curae%22&lr=&a
R#v=onepage&q=bingen%20%22causae%2 s_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&
0et%20curae%22&f=false) as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl
76. Newman (1998b), pp. 32-33 (http://books.go =pt-BR#v=onepage&q=bingen%20%22caus
ogle.com/books?id=hveMDSLm5G4C&print ae%20et%20curae%22&f=false)
sec=frontcover&hl=pt-BR#v=onepage&q=&f 84. Yardley, Anne Bagnall. "Ful wel she soong
=false) the service dyvyne": the cloistered musician
77. Holsinger, p. 88 (http://books.google.com/bo in the Middle Ages (http://books.google.com/
oks?id=G-41n_wuTj0C&pg=PA114&dq=bin books?id=tDchGAO78D8C&pg=PA36&dq=
gen+%22causae+et+curae%22&lr=&as_drrb music+%22hildegard+von+bingen%22&lr=&
_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_ma as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=
xm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR &as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&h
#v=onepage&q=bingen%20%22causae%20 l=pt-BR#v=snippet&q=hildegard%20bingen
et%20curae%22&f=false) &f=false). IN Bowers, Jane & Tick, Judith.
78. Edwards, J.Michele. Women in Music to ca. Women making music: the Western art
1450 (http://books.google.com/books?id=J1_ tradition, 1150-1950. University of Illinois
CQ8MkYP0C&pg=PA45&dq=music+%22hil Press, 1987. pp. 28-30
degard+von+bingen%22&lr=&as_drrb_is=q 85. Cott, Jonathan. Back to a shadow in the
&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is night: music writings and interviews, 1968-
=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR#v=on 2001 (http://books.google.com/books?id=EQ
epage&q=music%20%22hildegard%20vo R3U2pjwrQC&pg=PA381&dq=music+%22hi
n%20bingen%22&f=false). IN Pendle, Karin. ldegard+von+bingen%22&lr=&as_drrb_is=q
Women & Music: a history. Indiana &as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is
University Press, 2001. pp. 47-49 =0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR#v=on
79. Newman, Barbara (1998b). Symphonia: a epage&q=music%20%22hildegard%20vo
critical edition of the Symphonia armonie n%20bingen%22&f=false). Hal Leonard
celestium revelationum (Symphony of the Corporation, 2002. p. 381
harmony of celestial revelations) (http://book 86. Kienzle, Beverly Mayne. Hildegard of
s.google.com/books?id=hveMDSLm5G4C& Bingen's teaching in her Expositiones
printsec=frontcover&hl=pt-BR#v=onepage&q evangeliorum and Ordo virtutum (http://book
=&f=false). Cornell University Press, 1998. s.google.com/books?id=vPK8_mkzqgAC&p
pp. 20-23 g=PA76&dq=%22liber+divinorum+operum%
80. Newman (1998b), pp. 25-27 (http://books.go 22&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_m
ogle.com/books?id=hveMDSLm5G4C&print iny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_
sec=frontcover&hl=pt-BR#v=onepage&q=&f brr=3&hl=pt-BR#v=onepage&q=%22liber%2
=false) 0divinorum%20operum%22&f=false). IN
Ferzoco, George & Muessig, Carolyn.
81. Holsinger, pp. 93-96 (http://books.google.co
Medieval monastic education. Continuum
m/books?id=G-41n_wuTj0C&pg=PA114&dq
International Publishing Group, 2000. pp. 72-
=bingen+%22causae+et+curae%22&lr=&as
73
_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&a
s_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl= 87. Klaper, Michael. Hildegard von Bingen (htt
pt-BR#v=onepage&q=bingen%20%22causa p://books.google.com/books?id=8vJu8gykY
e%20et%20curae%22&f=false) UEC&pg=PA14&dq=music+%22hildegard+v
on+bingen%22&lr=&as_drrb_is=q&as_minm
82. Tillman, June. Constructing musical healing: _is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_ma
the wounds that heal (http://books.google.co xy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR#v=onepage&q=
m/books?id=zL7WUeneFAMC&pg=PA74&d music%20%22hildegard%20von%20binge
q=%22hildegard+of+bingen%22&lr=&as_drr n%22&f=false). IN Briscoe, James R. New
b_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_m historical anthology of music by women.
axm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-B Indiana University Press, 2004. pp. 14-17
R#v=onepage&q=%22hildegard%20of%20b
88. Newman (1998b), pp. 36-45 (http://books.go 95. Dronke, Peter (1992).Platonic-Christian
ogle.com/books?id=hveMDSLm5G4C&print allegories in the Homilies of Hildegard of
sec=frontcover&hl=pt-BR#v=onepage&q=&f Bingen (http://books.google.com/books?id=tj
=false) xAMYawu7IC&pg=PA381&dq=%22hildegar
89. Harmless, pp. 73-74 (http://books.google.co d+of+bingen%22&lr=&as_drrb_is=q&as_min
m/books?id=6sNIbuUqD7kC&pg=PT301&d m_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_
q=%22hildegard+of+bingen%22&lr=&as_drr maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR#v=onepage&
b_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_m q=%22hildegard%20of%20bingen%22&f=fal
axm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-B se). IN Westra, Haijo Jan. From Athens to
R#v=onepage&q=hildegard&f=false) Chartres: neoplatonism and medieval
90. Newman (1998b), p. 18 (http://books.google. thought: studies in honour of Edouard
com/books?id=hveMDSLm5G4C&pg=PA32 Jeauneau. Volume 35 de Studien und Texte
zur Geistesgeschichte des Mittelalters. Brill,
8&dq=music+%22hildegard+von+bingen%2
1992. pp. 381-396
2&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_mi
ny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_b 96. Die Pfarrkirche St. Hildegard (http://www.eibi
rr=3&hl=pt-BR#v=onepage&q=music%20%2 ngen.de/pfarrei/kirche.html) Arquivado em (ht
2hildegard%20von%20bingen%22&f=false) tps://web.archive.org/web/20180228192751/
http://www.eibingen.de/pfarrei/kirche.html) 28
91. Baird & Ehrman, pp. 3-10 (http://books.googl
de fevereiro de 2018, no Wayback Machine.
e.com/books?id=PSgus_U8gGoC&pg=PA25
&dq=%22hildegard+von+bingen%22&lr=&a - Pfarrei St. Hildegard Eibingen
s_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=& 97. Pfarrgemeinde St. Rupertus und Sankt
as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl Hildegard Bingerbrück (http://www.pfarreien.
=pt-BR#v=onepage&q=%22hildegard%20vo com/Bingerbrueck/bingerbrueckeinstieg1.ht
n%20bingen%22&f=false) m) Arquivado em (https://web.archive.org/we
92. King-Lenzmeier, Anne H. Hildegard of b/20070804013946/http://www.pfarreien.co
Bingen: an integrated vision (http://books.go m/Bingerbrueck/bingerbrueckeinstieg1.htm)
ogle.com/books?id=cQoSn3LPgUkC&pg=P 4 de agosto de 2007, no Wayback Machine..
A215&dq=%22hildegard+von+bingen%22&l Pfarreiengemeinschaft der katholischen
Pfarrgemeinden
r=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_i
s=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3 98. Abtei St. Hildegard (http://www.abtei-st-hilde
&hl=pt-BR#v=onepage&q=%22hildegard%2 gard.de/) - Página oficial
0von%20bingen%22&f=false). Hildegard of 99. Hildegard-von-Bingen Preis (http://www.hild
Bingen Series. Liturgical Press, 2201. pp. egard-von-bingen-preis.de/preis.htm)
121-127 Arquivado em (https://web.archive.org/web/2
93. Kienzle, pp. 76-81 (http://books.google.com/ 0080918075113/http://www.hildegard-von-bi
books?id=vPK8_mkzqgAC&pg=PA76&dq ngen-preis.de/preis.htm) 18 de setembro de
=%22solutiones+triginta%22&lr=&as_drrb_is 2008, no Wayback Machine.. Página oficial
=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm 100. Hildegardisschule Rüdesheim (http://www.hil
_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR#v= degardisschule-ruedesheim.de//30.0.html)
onepage&q=%22solutiones%20triginta%22 Arquivado em (https://web.archive.org/web/2
&f=false) 0080614095540/http://www.hildegardisschul
94. Embach, Michael. Die Schriften Hildegards e-ruedesheim.de//30.0.html) 14 de junho de
von Bingen: Studien zu ihrer Überlieferung 2008, no Wayback Machine. - Página oficial
und Rezeption im Mittelalter und in der 101. Walhalla (http://www.stmwfk.bayern.de/Kuns
Frühen Neuzeit (http://books.google.com/boo t/walhalla.aspx) - Bayerisches
ks?id=B0BcQoeU6ZsC&pg=PA244&dq=%2 Staatsministerium für Wissenschaft,
2solutiones+triginta%22&lr=&as_drrb_is=q& Forschung und Kunst
as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is= 102. Berg, Bettina. Von der gesundheitlichen
0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR#v=one Volksbelehrung zur Gesundheitsförderung (h
page&q=%22solutiones%20triginta%22&f=f ttp://www.bvpraevention.de/cms/index.asp?i
alse) Volume 4 de Erudiri sapientia: Studien nst=bvpg&snr=6665&t=80er).
zum Mittelalter und seiner Bundesvereinigung Prävention un
Rezeptionsgeschichte; Bd. 4. Akademie Gesundheitförderung e.V., 23.01.2008
Verlag, 2003. pp. 245-246
03. Vision - Aus dem Leben der Hildegard von 105. International Society of Hildegard von
Bingen (http://www.imdb.com/title/tt099585 Bingen Studies (http://www.hildegard-societ
0/) - Internet Movie Database y.org/index.html) - Página oficial
04. Internationale Gesellschaft Hildegard von
Bingen (http://www.hildegard-gesellschaft.or
g/neu/ueber_uns/index.html) - Página oficial

Ligações externas
Internationale Gesellschaft Hildegard von Bingen - Página oficial, com vários links (http://www.
hildegard-gesellschaft.org/neu/)
International Society of Hildegard von Bingen Studies - Página oficial, com vários links (http://w
ww.hildegard-society.org/index.html)
Riesencodex - Reprodução fotográfica completa (http://dfg-viewer.de/show/?set%5Bimage%5
D=1&set%5Bzoom%5D=min&set%5Bdebug%5D=0&set%5Bdouble%5D=0&set%5Bmets%5
D=http%3A%2F%2Fdokumentserver.hlb-wiesbaden.de%2FHS_2%2Fmets17.xml)
Carta Apostólica que proclama Santa Hildegarda de Bingen como Doutora da Igreja Universal
(http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/apost_letters/documents/hf_ben-xvi_apl_20121
007_ildegarda-bingen_po.html)
Santa Hildegarda profetisa da Revolução e da Contra-Revolução. por Luis Dufaur, Luzes de
Esperança (https://aparicaodelasalette.blogspot.com/p/santa-hildegarda-de-bingen.html#1709
2801)

Obtida de "https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Hildegarda_de_Bingen&oldid=58096042"

Esta página foi editada pela última vez às 08h52min de 22 de abril de 2020.

Este texto é disponibilizado nos termos da licença Atribuição-CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada (CC BY-SA 3.0) da
Creative Commons; pode estar sujeito a condições adicionais. Para mais detalhes, consulte as condições de utilização.

Você também pode gostar