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O CRAS QUE TEMOS

O CRAS QUE QUEREMOS


Volume 1
Orientações Técnicas | Metas de Desenvolvimento dos CRAS | Período 2010/2011
expedIente
Presidenta da República Federativa do Brasil | Dilma Rousseff
Vice-Presidente da República Federativa do Brasil | michel Temer
ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome | Tereza Campello
Secretário Executivo | Rômulo Paes de Sousa
Secretário Executivo Adjunto | marcelo Cardona
Secretária nacional de Assistência Social | Denise Colin
Secretária nacional de Segurança Alimentar e nutricional | maYa Takagi
Secretário nacional de Renda de Cidadania | Tiago Falcão
Secretário de Avaliação e Gestão da informação | Paulo Jannuzzi
Secretária Extraordinária de Superação da Extrema Pobreza | Ana Fonseca

secretArIA nAcIonAl de AssIstêncIA socIAl


Secretária Adjunta | Valéria Gonelli
Diretora de Proteção Social Básica | Aidê Cançado Almeida
Diretora de Proteção Social Especial | Telma maranho Gomes
Diretora de Gestão do Sistema Único de Assistência Social | Simone Albuquerque
Diretora de Benefícios Assistenciais | maria José de Freitas
Diretora da Rede Socioassistencial Privada do SuAS | Carolina Gabas Stuchi
Diretor Executivo do Fundo nacional de Assistência Social | Antonio José Gonçalves Henriques

orgAnIzAção revIsão
Aide Cançado Almeida Aidê Cançado Almeida
maria do Socorro Fernandes Tabosa mota Denise Colin
Keli Rodrigues de Andrade maria José de Freitas
Priscilla maia de Andrade Simone Albuquerque
Cristiana Gonçalves de Oliveira
Simone Albuquerque colABorAção
JoYce Camargo Rodrigues
elABorAção
Lidia Cristina Silva Barbosa
Bruna DʼAvila de Andrade Luis Otavio Pires Farias
Clara Carolina de Sa monica Aparecida Rodrigues
Cristiana Gonçalves de Oliveira Thaísa Alves Rodrigues
Dulcelena Alves Vaz martins Thiago Silvino Rocha Oliveira
ElYria Bonetti Yoshida Credidio
José Ferreira da Crus
Karoline Aires Ferreira
Keli Rodrigues de Andrade
maria do Socorro Fernandes Tabosa mota
Priscilla maia de Andrade
Rosario de maria Costa Ferreira
Selaide Rowe Camargo

Coordenação Editorial | monica Rodrigues e marcelo Rocha


Bibliotecária | Tatiane de Oliveira Dias
Equipe | Thaise Leandro, Romário Roma Silva e Tomás nascimento
Projeto Gráfico e Diagramação | Kátia Rovana Ozório
Apresentação 6

Introdução 8

Dimensão Atividades Realizadas 13

Dados Gerais da Dimensão Atividades Realizadas 15

1. Realizar acompanhamento de famílias (2008/2009) 17

Acompanhamento familiar em grupo 21

Acompanhamento particularizado 23

2. Realizar oficinas/grupos de convivência com famílias (2009/2010) 29

3. Realizar visitas domiciliares (2008/2009) 35

4. Acompanhamento prioritário das famílias em descumprimento de


condicionalidades do Programa Bolsa Família (PBF) – (2009/2010) 38

5. Acompanhamento prioritário a famílias com beneficiários do BPC e


benefícios eventuais (2010/2011) 44

6. Orientação/acompanhamento para inserção no BPC (2009/2010) 52

7. Encaminhamento para inserção de famílias no Cadastro Único para


Programas Sociais - CadÚnico (2009/2010) 54

8. Realizar busca ativa (2009/2010) 57

9. Realizar atividade de gestão do território, articulando a rede de


Proteção Social Básica (2010/2011) 61

Esclarecimentos finais 65
Dimensão Horário de Funcionamento 66

Dados Gerais 66

Dimensão Recursos Humanos 68

Dimensão ESTRUTURA FÍSICA 72

a) Metas de Desenvolvimento dos CRAS 72

b) Espaços passíveis de compartilhamento 76

c) Aplicação dos recursos do cofinanciamento federal, repassados pelo


Fundo Nacional de Assistência Social – FNAS aos fundos municipais, do
DF e estaduais de assistência social, quanto à Dimensão Estrutura Física 78

Anexo 1 82

Referências Bibliográficas 90
apresentação

O Sistema Único de Assistência So- lidades e riscos, por meio de fenô-


cial (SUAS), amplamente comemo- menos complexos e multifacetados,
rado no dia 8 de junho de 2011, que podem incidir diferentemente
quando da aprovação do PL SUAS no sobre as famílias e, em alguns casos,
Congresso Nacional, foi criado por mais especialmente sobre um de
determinação inicial do governo fe- seus membros.
deral, com o propósito de fazer cum-
prir deliberação da Conferência Na- Ao longo destes anos, a política de
cional de 2003. Foi materializado, assistência social se consolidou, or-
há cerca de 6 anos, na Política Nacio- ganizou, e vem se preparando para
nal (2004) e instituído por meio da uma fase de valorização da quali-
Norma Operacional Básica do SUAS dade dos serviços prestados, o que
(2005). O enorme esforço para sua depende da melhoria da gestão. No
implantação, que contou com ex- caso da proteção básica, algumas
pressivo apoio dos entes federados, conquistas merecem destaque: a
se reflete nos percentuais elevadís- realização da transição dos servi-
simos (99,5%) de adesão ao SUAS, ços de educação infantil para o se-
por parte dos municípios e DF e de tor responsável; a definição de seus
todos os estados. Apenas 151 muni- serviços, por meio da Tipificação Na-
cípios ainda não possuem o Centro cional; a publicação de cadernos de
de Referência de Assistência Social orientação para técnicos e gestores;
(CRAS), unidade pública da proteção a instituição de processos de expan-
social básica no âmbito local. são qualificada das unidades públi-
cas e a responsabilidade de acom-
Essa nova concepção da assistência panhamento e monitoramento dos
social, organizada em Sistema Único, serviços por parte dos Estados.
pretende superar a ação fragmen-
tada e segmentada; direcionar sua A instituição do Censo SUAS foi de-
organização em torno da matriciali- terminante para a existência de uma
dade sociofamiliar, e descentralizar linha de base para identificação da
serviços, ofertando-os em locais instituição e do aprimoramento dos
próximos da moradia das famílias. O CRAS. Em seguida, a definição de
olhar do profissional se volta, assim, um indicador do CRAS, em parceria
para a família e para os seus mem- com o Departamento de Gestão do
bros, em um dado território, espaço SUAS (DGSUAS) e da Secretaria de
onde se manifestam as vulnerabi- Avaliação e Gestão da Informação

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Orientações Técnicas, Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
(SAGI), contribuiu para a avaliação para os próximos quatro anos. Neste
da evolução do indicador, nesta sé- contexto, contar com CRAS de quali-
rie histórica, o que culminou com a dade é condição necessária, embora
definição de metas de desenvolvi- não suficiente, para que a assistên-
mento dos CRAS, escalonadas para cia social protagonize um lugar cen-
os próximos anos, com o objetivo de tral no Plano Brasil sem Miséria. Por
induzir os processos de planejamen- meio da busca ativa, da organização
to por parte dos entes federados, de de sua estrutura de gestão do SUAS
forma a assegurar a oferta do Serviço (na Secretaria, no CRAS e CREAS), da
de Proteção e Atendimento Integral oferta de serviços socioassistenciais
à Família (PAIF) segundo os padrões para as famílias mais vulneráveis e
normativos do SUAS. pobres e do encaminhamento para
outros serviços, trata-se de colocar
Neste sentido, o documento que ora em rota um projeto ambicioso, que
apresentamos é bastante pertinente desafia as políticas setoriais a se
e tem o intuito de colaborar para a articularem nos municípios e nos
qualificação do PAIF, além de reforçar territórios, fazendo chegar serviços
a compreensão de que a oferta de a milhões de brasileiros que deles
serviços depende de planejamento, necessitam. Uma tarefa de tal enver-
organização e gestão. Nesta esteira, gadura apresenta desafios grandes
chama-se atenção para a principal para uma área que se encontra em
ferramenta do SUAS, os recursos hu- processo de constituição.
manos, que precisam ser alocados
nas funções segundo seu perfil, de Aos trabalhadores do SUAS, conse-
forma a assegurar que sejam valo- lheiros e membros das comissões
rizados, capacitados e orientados. de pactuação, dedicamos este docu-
Esta publicação favorece, portanto, mento, que pretende ser o primeiro
uma melhor apreensão das metas de de uma série “O CRAS que temos, o
desenvolvimento dos CRAS que, por CRAS que queremos”, inaugurada
sua vez, contribuem para a evolução com esta temática tão importante e
do Índice de Desenvolvimento dos oportuna, das Metas de Desenvolvi-
CRAS em todo o Brasil. mento dos CRAS.

A organização do SUAS torna-se im-


prescindível para o enfrentamento Denise Ratmann Arruda Colin

dos novos desafios que se colocam Secretária Nacional de Assistência Social

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Orientações Técnicas , Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
introdução

A instituição do processo de avalia- a Secretaria Nacional de Avaliação


ção periódica das unidades CRAS e e Gestão da Informação (SAGI), em
CREAS (Centro de Referência de Assis- apoio à Secretaria Nacional de Assis-
tência Social e Centro de Referência tência Social (SNAS), elaborou o Índi-
Especializado de Assistência Social, ce de Desenvolvimento dos CRAS – ID
respectivamente) - denominada Mo- CRAS, que foi discutido em encontro
nitoramento SUAS1 - constituiu ação nacional de Monitoramento do SUAS,
fundamental para a consolidação do com Estados, Distrito Federal (DF) e
Sistema Único de Assistência Social representantes do Fórum Nacional
(SUAS), o que marca o início de uma de Secretários Estaduais de Assis-
nova fase do Sistema, ao permitir o tência Social (FONSEAS), Colegiado
acompanhamento contínuo da opera- Nacional dos Gestores Municipais de
cionalização de serviços no âmbito da Assistência Social (CONGEMAS) e da
Política Púbica de Assistência Social. direção dos Colegiados Estaduais de
Gestores Municipais de Assistência
No ano de 2007, as informações do Social (Coegemas), no ano de 2008,
Monitoramento SUAS/Censo CRAS aprimorado e, em seguida, adotado.
indicou a Linha de Base dos CRAS,
possibilitando a identificação das si- O referido indicador é o resultado da
tuações consideradas “insatisfatórias combinação de quatro Indicadores
para o desenvolvimento de CRAS” Dimensionais, a saber: Atividades Re-
(Resolução da Comissão Intergesto- alizadas, Horário de Funcionamento,
res Tripartite/CIT nº 1/2007). Neste Recursos Humanos e Estrutura Física.
contexto, com o intuito de apoiar os Para cada dimensão, há quatro graus
Municípios e Distrito Federal (DF) que de desenvolvimento (insuficiente, re-
apresentaram situações insatisfató- gular, suficiente ou superior), cujas
rias, foi estabelecido o “processo de variáveis, verificáveis anualmente no
acompanhamento da implementação Censo SUAS, indicam o grau de cum-
do PAIF nos CRAS, pela União e Esta- primento das normativas do SUAS
dos” (Resolução CIT n° 06/2008). para aquela dimensão. O ID CRAS
constitui-se, portanto, na combina-
Com vistas a possibilitar o monitora- ção dos graus de desenvolvimento
mento da principal unidade pública dimensionais, cujo resultado é ex-
de proteção básica do SUAS, e permi- presso em um Indicador Sintético,
tir conhecer a evolução da situação que por sua vez apresenta10 está-
dos CRAS, por meio de indicadores, gios de desenvolvimento dos CRAS
(varia de 1 a 10, sendo 10 o índice
1 Resoluções nº 1 de 18/04/07; nº05 de
06/12/07; nº 6 de 01/07/08 e nº 07 de 19/08/08, da
de um CRAS cujas 4 dimensões são

8 Comissão Intergestores Tripartite –CIT. superiores).

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Orientações Técnicas, Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
O amadurecimento do processo de principal serviço de proteção básica,
acompanhamento dos CRAS por corroborando para a evolução do Ín-
meio dos dados obtidos no Cen- dice de Desenvolvimento dos CRAS,
so SUAS/CRAS, assim como o bom na medida em que impulsionam o
resultado do processo de acompa- planejamento dos entes federados
nhamento, realizado por Estados e para o desenvolvimento das ações
União, das situações consideradas de acompanhamento e assessoria
insatisfatórias para o desenvolvi- técnica dos estados aos municípios;
mento de CRAS, revelou a importân- do Ministério do Desenvolvimento
cia do estabelecimento de compro- Social e Combate à Fome (MDS) ao
missos pactuados nacionalmente DF e aos Estados; e dos municípios à
para a melhoria contínua dos CRAS, sua rede, culminando com o cumpri-
visando sua adequação gradativa mento das normativas para a oferta
aos padrões normativos do SUAS. do Serviço de Proteção e Atendimen-
to Integral às Famílias (PAIF) e organi-
Desta forma, no ano de 2010, por zação dos outros serviços de prote-
meio de pactuação nacional (Re- ção básica nos territórios dos CRAS.
solução CIT n° 5/2010), instituiu- Portanto, ao instituir as metas de for-
-se as “Metas de Desenvolvimento ma pactuada, todos os entes se com-
dos CRAS por Período Anual”. Para prometem com o seu cumprimento,
o cumprimento das metas, que o que torna seu alcance responsabi-
são cumulativas, progressivas e or- lidade de todos. O SUAS ganha as-
ganizadas por dimensões2, foram sim qualidade e se consolida como
definidos cinco períodos anuais: direito de milhões de brasileiros que
2008/2009, 2009/2010, 2010/ necessitam dos seus serviços.
2011, 2011/2012, e 2012/2013.
Cada período se inicia no primeiro Os fluxos, procedimentos e responsa-
dia após o encerramento do Censo bilidades de cada ente, em decorrên-
SUAS/CRAS de um ano e finaliza no cia dos cenários encontrados após a
último dia de preenchimento do re- verificação do alcance ou não das me-
ferido Censo do ano subsequente. tas anuais, bem como do processo de
acompanhamento e apoio técnico (e
As Metas de Desenvolvimento con- financeiro quando couber), pelos en-
solidam o processo de melhoria do tes federados, para a gestão e oferta
2 As dimensões são as mesmas do ID CRAS:
dos serviços do SUAS nos municípios
Recursos Humanos, Estrutura Física, Atividades brasileiros (também prevista no Pac-
Realizadas e Horário de Funcionamento. No to de Aprimoramento da Gestão dos
caso da dimensão recursos humanos, elas são
ainda instituídas por porte de município, visando
Estados), foram definidos na Resolu-
cumprir o disposto na NOB-RH do SUAS. ção CIT nº 08/2010. O conhecimento,
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Orientações Técnicas , Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
domínio e aplicação da referida Re- tas previstas para um determinado
solução, por parte de todos os atores período pode ter resolução simples,
envolvidos, torna-se imprescindível. como, por exemplo, nos casos em
que é necessário instalar placa de
Tendo como uma de suas premissas identificação do CRAS; ou definir um
a prevenção de situações inadequadas coordenador para o CRAS, ou ainda
que venham a prejudicar e/ou inviabi- nas situações em que a principal ne-
lizar a oferta dos serviços, programas, cessidade é organização da gestão
ações e benefícios de assistência so- e capacitação (para viabilização do
cial, torna-se premente o protago- PAIF, da busca ativa e articulação dos
nismo dos Estados no apoio técnico serviços de proteção básica no terri-
aos municípios, responsáveis pela tório do CRAS).
oferta dos serviços. Entende-se des-
ta forma que, ao preconizar ações de Resumidamente, segundo as orien-
acompanhamento preventivo e pro- tações da Resolução CIT n° 08/2010,
ativo, a Resolução CIT nº 08/2010 caso as metas de desenvolvimento
refere-se ao apoio técnico tanto para do período anual que se encerrou
melhoria da gestão municipal, quan- não sejam alcançadas para um ou
to para capacitação dos profissionais mais CRAS, o município deverá, no
que executam o serviço, o que exi- ano vigente, elaborar um Plano de
ge grandes esforços no sentido de Providências, definindo ações para
analisar dados, organizar e planejar superação das dificuldades encon-
ações, devendo as equipes estaduais tradas, indicando responsáveis e pra-
dispor de tempo para realização de zos para seu cumprimento. Nestes
estudos, e sendo necessário investir casos caberá aos Estados (e ao MDS
na sua formação técnica. no que tange ao Distrito Federal) a
elaboração de Plano de Apoio, que
Uma das formas de viabilizar a orga- consiste em instrumento de plane-
nização do processo de acompanha- jamento do apoio técnico e, quando
mento aos municípios reside na uti- for o caso, de apoio financeiro, para
lização dos dados disponibilizados a superação das dificuldades muni-
em aplicativos do MDS, disponíveis cipais (e do DF) de gestão e execu-
no site, tal como o link: Monitora- ção dos serviços socioassistenciais,
mento SUAS – Censo Suas – ferramen- consideradas as ações previstas (ou
tas – Indicadores do SUAS. Ter um a serem previstas) no(s) Plano(s) de
panorama claro de quais metas esti- Providências. A efetividade do Plano
puladas para um determinado perío- de Apoio, elaborado pelos Estados
do não foram alcançadas é de suma (e MDS), em decorrência da elabo-
importância, pois este “resultado” ração de Plano de Providências por
pode ser determinado por diferentes parte dos municípios (e do DF), ou da
variáveis que compõem as metas. identificação de necessidades dos
10 Em muitos casos o alcance das me- municípios, depende de um bom

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Orientações Técnicas, Metas de Desenvolvimento dos CRAS
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diagnóstico do porque do não cum- os municípios (e DF) na elaboração,
primento das metas de desenvolvi- análise dos planos de providências
mento dos CRAS. e elaboração do(s) plano(s) de apoio.
Nisto reside um dos desafios do
A análise do Censo CRAS 2010 indi- SUAS, prioritário neste momento, de
cou um número significativo de CRAS fortalecer o apoio técnico e financei-
que não atingiram as metas estipu- ro, dos Estados aos municípios (e do
ladas para o período 2009/2010, MDS ao DF e Estados).
que se encerrou em 24 de outubro
de 2010. Nestes casos, cada municí- A tarefa estratégica de acompanhar
pio (ou DF) deverá elaborar Plano de o cumprimento das normativas do
Providências, incluindo nele todos SUAS e das metas nacionalmente
os CRAS cujas metas pactuadas não pactuadas, de forma a assegurar a
tenham sido cumpridas até o mo- qualidade dos serviços prestados é
mento. Contudo, é importante com- atribuída ao controle social, em cada
preender que tão importante quanto nível de governo. Assim, sempre que
elaborar Planos de Providência é de- necessário, a elaboração de Plano
senvolver estratégias para o cumpri- de Providencias (municípios e DF) e
mento, até o último dia do preenchi- Plano de Apoio (Estados e MDS), bem
mento do Censo SUAS/CRAS 2011, como seu desenvolvimento e análise
das metas estipuladas para o perío- para concessão de prazos adicionais
do 2010/2011. Isto implicará na re- e cumprimento configura importan-
dução do quantitativo de Planos de te tarefa dos Conselhos Municipais,
Providências a serem elaborados no Distritais e Estaduais de Assistência
ano de 2012, após a análise do Cen- Social e para as instâncias de pactu-
so CRAS 2011. ação (Comissões Intergestoras Bipar-
tite – CIB; e Tripartite – CIT).
Fica claro desta forma, quão impor-
tante é o desenvolvimento de ações Com o presente documento, o MDS
proativas pelos estados (e MDS), pretende apoiar tecnicamente os
contribuindo para a antecipação de gestores e técnicos dos estados, para
problemas, para a identificação e que possam exercer seu papel no
divulgação de boas experiências e apoio aos municípios, bem como, os
soluções que deram certo, auxilian- gestores e técnicos do DF e municí-
do os municípios a alcançarem as pios para assessorar as equipes dos
metas dentro dos períodos estipula- CRAS, visando o alcance das Metas
dos pela Resolução CIT n°05/2010. de Desenvolvimento dos CRAS pre-
Em resumo, o não cumprimento das vistas até 2011. Destina-se também
metas no período estipulado reper- aos Conselhos de Assistência Social,
cute também em maior volume de que cumprem o importante papel
trabalho para os estados (e MDS), de controle social, contribuindo com
que deverão se organizar para apoiar subsídios técnicos para acompa-
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Volume 1
Orientações Técnicas , Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
nhamento da implantação e conso- apontam para a necessidade de o
lidação dos CRAS, bem como para CRAS funcionar por, no mínimo, 40
aprovação e acompanhamento do horas semanais conforme previsto
desenvolvimento, sempre que cou- em orientações e para a qual tam-
ber, de plano de providências (para bém será observada a influência do
municípios e DF), e plano de apoio quantitativo de profissionais de nível
(no caso dos Estados e MDS). superior no não alcance das metas.

Serão detalhadas cada uma das di- Na sequência, será abordada a di-
mensões para as quais foram defini- mensão Recursos Humanos, central
das Metas de Desenvolvimento do para a oferta do principal serviço
CRAS, esclarecendo sua importância de proteção básica (PAIF) e para a
para a oferta com qualidade do PAIF, gestão do território do CRAS. Trata-
para a gestão articulada entre bene- -se de orientações acerca das nor-
fícios e serviços e para a articulação mativas do SUAS, que pretendem
dos serviços de proteção básica nos contribuir para o planejamento de
territórios dos CRAS. Dadas as par- ações e cumprimento das metas pre-
ticularidades de cada dimensão, a vistas para o período anual em curso
abordagem de cada uma delas será (2010/2011).
diferenciada.
Finalmente, e em consonância com
Entendendo que as atividades de- as atividades a serem realizadas,
senvolvidas constituem a essência apresenta-se a dimensão Estrutura
dos CRAS, optou-se por iniciar este Física, que será composta por três tó-
documento pela análise da dimen- picos: a) metas de desenvolvimento
são Atividades Realizadas. Para tanto, dos CRAS; b) espaços passíveis de
serão apresentadas orientações ge- compartilhamento e c) aplicação dos
rais, tendo por base as normativas do recursos do cofinanciamento federal
SUAS, além de algumas análises com para o PAIF.
base em cruzamento de variáveis
(recursos humanos e espaço físico, Espera-se desta forma contribuir
por exemplo) do Censo SUAS 2010, para a organização do processo de
com o intuito de identificar sua in- gestão da informação sobre alcan-
fluência no não alcance das metas, ce ou não das metas previstas para
e ainda algumas sugestões de ações o período 2009/2010 e desafios
emergenciais, para garantia da oferta identificados para 2010/2011, para
dos serviços durante o período de o acompanhamento dos estados aos
execução do plano de providências. Municípios e do MDS ao DF, bem
como subsidiar os conselhos na tare-
Em seguida, será apresentada a di- fa de assegurar a qualidade dos ser-
mensão Horário de Funcionamento, viços. Tenham todos uma boa leitura

12 que, após apresentação das ativi-


dades que cada CRAS deve realizar,
e um ótimo trabalho!

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Orientações Técnicas, Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
dimensão atividades realizadas
Coordenação-Geral de Serviços Socioassistenciais a Famílias

O cumprimento das metas que com- 20114, organizar os municípios por


põem a dimensão “Atividades Re- desafios, apoiá-los técnica e, ou fi-
alizadas” pode parecer à primeira nanceiramente, realizar visitas in loco,
vista simples, dependente apenas capacitação e orientação e, sempre
de orientações, mas há várias ativi- que necessário, acompanhar a ela-
dades do Serviço de Atendimento e boração dos Planos de Providências,
Proteção Integral às Famílias (PAIF) obedecendo os prazos estipulados
que dependem de fluxos estabeleci- na Resolução CIT 08/2010. O mesmo
dos de referência e contrarreferência deverá ser feito pelo MDS, em relação
do usuário no sistema3, de articula- ao DF.
ção do PAIF com demais serviços de
Com o intuito de contribuir para a
proteção básica; de equipe e espaço
reflexão sobre possíveis motivos de
físico conforme exigências; da exis-
não cumprimento e diferentes es-
tência de um coordenador do CRAS;
tratégias que deverão ser propostas
de equipes capacitadas; de informa-
para superação, será apresentada
ções e dados que sejam disponibili-
aqui uma análise quantitativa dos
zados periodicamente ao CRAS, de
dados relativos às variáveis que com-
gestão articulada entre serviços e
põem a dimensão “atividades reali-
benefícios; de equipamentos (como
zadas”, obtidos no Censo SUAS/CRAS
automóvel, computador).
2010, estabelecendo relação com
O não cumprimento de uma mesma outros dados disponíveis no Censo,
meta pode ter diferentes motivações buscando identificar possíveis mo-
e é especialmente isso que preten- tivos que dificultaram o alcance das
demos mostrar. Sendo assim, o mu- metas previstas para os períodos
nicípio e Distrito Federal (DF) devem anuais 2008/2009 e 2009/2010;
analisar a situação de cada CRAS, ten- bem como dos que possam se cons-
do sempre como horizonte as metas tituir em dificuldades para alcance
a serem cumpridas em cada período das metas no período 2010/2011.
anual, e já iniciar seu processo de
adequação. Os estados, por sua vez, 3 Ver item 2 dos “esclarecimentos finais” da
necessitarão analisar informações dimensão “Atividades Realizadas”.
4 Censo que coleta informações anuais sobre
contidas no gerente http://aplicaco-
o Sistema Único de Assistência Social (SUAS), com
es.mds.gov.br/sagi/patamar_cras, de vistas ao seu monitoramento. Contém questionários
forma a identificar as metas a serem sobre gestão, controle social, CRAS e Centros
de Referência Especializados de Assistência
cumpridas até o último dia do pre- Social (CREAS). As informações prestadas são de
enchimento do Censo SUAS/CRAS responsabilidade dos municípios, DF e estados.

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Volume 1
Orientações Técnicas , Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
Com base nos resultados encontrados, talhamento se encontra, respectiva-
serão acrescidas algumas orientações mente nas metas 8 e 7.
no sentido de auxiliar os municípios
na superação das dificuldades identi- Da mesma forma que para as demais
ficadas e apresentadas sugestões de dimensões, as metas da dimensão
ações de caráter emergencial, durante Atividades Realizadas foram escalo-
a vigência de Planos de Providência nadas ao longo dos anos, de forma
(quando couber), para garantia de re- cumulativa5 e constituem importan-
alização de atividades fundamentais tes desafios, conforme se verá adian-
ao PAIF, evitando assim privar a popu- te. Ao instituir estas metas, busca-se
lação de atendimentos necessários. As dar concretude às atividades essen-
orientações pretendem ainda contri- ciais ao PAIF e à gestão do território.
buir com as equipes estaduais, para o
A ordem de apresentação das me-
cumprimento de sua responsabilidade
tas relativas às atividades obedece
de apoio técnico aos municípios para
a uma lógica mais didática do que
alcance das metas nacionalmente pac-
temporal (data de cumprimento da
tuadas, e que garantem a qualidade
meta). Pretende-se, assim, reafirmar
dos serviços prestados aos usuários
a matricialidade sociofamiliar, pre-
da assistência social.
conizada pela Política Nacional de
As atividades constituem a essên- Assistência Social (PNAS), na prote-
cia do CRAS, pois materializam suas ção básica, evidenciando a centrali-
principais funções, quais sejam: dade do acompanhamento familiar
gestão do território e oferta do PAIF, no PAIF. Em seguida abordamos uma
principal serviço de Proteção Social ação coletiva (oficina com famílias),
Básica, que deve ser ofertado obriga- que pode ser combinada com o
toriamente no CRAS. acompanhamento, mas que se cons-
titui em atendimento do PAIF, que
As atividades devem ser regulares, reforça o caráter de prevenção da
com periodicidade definida de acor- proteção básica e de informação/dis-
do com planejamento prévio das cussão sobre os direitos sociais. Na
ações do PAIF, de modo a responder sequência, apresenta-se a meta de
às especificidades dos territórios, realização de visita domiciliar, o que
com foco no cumprimento da atua- exige uma organização do processo
ção protetiva, proativa e preventiva de trabalho e a busca das famílias em
próprias deste serviço. Para tanto, situação de maior vulnerabilidade,
destaca-se como ações fundamen- incluindo aquelas que necessitam
tais a realização da busca ativa e a ser inseridas no acompanhamento
inserção de famílias e indivíduos no ou em algum atendimento.
Cadastro Único de Programas So-
ciais, que são determinantes para

14 alcance das demais metas e cujo de- 5 Como se pode constatar no Anexo 1.

Volume 1
Orientações Técnicas, Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
Após, portanto, compreendermos a em que deve ser cumprida ou deve-
essência do trabalho social com as ria ter sido cumprida. As metas que
famílias, apresenta-se duas metas re- se referem ao período 2008/2009
lacionadas à prioridade de acesso às coincidem com as situações conside-
famílias em situação de maior vulne- radas insatisfatórias, definidas na Re-
rabilidade social, dentre as quais se in- solução CIT nº 06/2008, que deram
cluem famílias beneficiárias de trans- origem às Metas de Desenvolvimento
ferência de renda em risco de perder dos CRAS. Como a resolução que ins-
o direito à renda (descumprimento de tituiu as metas é de 2010 e elas são
condicionalidades do PBF), as famílias cumulativas, aquelas previstas para
de beneficiários do Benefício de Pres- o período 2008/2009deveriam ter
tação Continuada (BPC) e do benefício sido cumpridas, juntamente com as
eventual. Duas outras metas de de- metas do período 2009/2010, até
senvolvimento dos CRAS só se viabi- 24 de outubro de 2010.
lizam se forem estabelecidos fluxos,
responsabilidades e procedimentos, Os cruzamentos de dados, com vis-
por parte da Secretaria de cada mu- tas a identificar possíveis variáveis
nicípio ou DF, que garantam encami- que possam dificultar cumprimento
nhamento para acesso de indivíduos e de uma meta, sempre que se refere a
famílias dentro dos critérios, aos bene- recursos humanos baseou-se no pa-
fícios e transferência de renda. râmetro estabelecido para o período
anual vigente (2010/2011), que ain-
Em seguida, serão apresentadas duas da não equivale à exigência da Nor-
metas de gestão do CRAS, cujo cum- ma Operacional Básica de Recursos
primento é necessário para que a pro- Humanos do SUAS (NOB RH)6.
teção integral às famílias seja assegu-
rada. Há ainda duas considerações Mais do que constituir única refe-
finais, que buscam abordar elemen- rência, os cruzamentos de dados do
tos essenciais do papel CRAS para o Censo SUAS 2010 aqui propostos
funcionamento do Sistema, não ins- pretendem estimular os municípios,
tituídos por meio de metas. Em resu- DF e, sobretudo os Estados a prati-
mo, a organização dada a esta parte carem metodologias análogas que
do documento pretende evidenciar qualifiquem a leitura das informações
que as metas não poderão ser cum- disponíveis, incluindo outras variá-
pridas isoladamente. À medida que veis relacionadas ao não cumprimen-
são cumpridas, de forma planejada to de uma meta, de forma a dispor de
e regular, dão consistência ao PAIF, à um diagnóstico realista, que possa
matricialidade sociofamiliar e à terri- qualificar o apoio técnico aos muni-
torialização, fundamentos do SUAS.

6 Para informações sobre metas por período


Cabe ainda esclarecer que para cada

15
anual, ver Anexo a este documento: “Metas de
meta será indicado o período anual Desenvolvimento dos CRAS por período anual”.

Volume 1
Orientações Técnicas , Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
cípios e DF para alcance das metas, o cumprimento das metas previstas
qualificação dos serviços e organiza- para o período anual em curso está
ção da proteção básica do SuAS. diretamente relacionado à capacida-
de de gestão, à clareza de objetivos
do PAIF e à inserção da pessoa com
Dados Gerais da Dimensão deficiência nos serviços de proteção
Atividades Realizadas básica do SUAS.

Os dados gerais sobre o alcance ou


no entanto, o cumprimento das
não das metas relativas às atividades
metas estipuladas para o período
realizadas indicam que a incorporação
2009/2010 também apresenta de-
das variáveis “Acompanhamento prio-
safios aos municípios e DF, que me-
ritário a famílias com beneficiários do
recem apoio, respectivamente, dos
BPC e benefícios eventuais” e “Realizar
estados e do mDS.
atividades de gestão do território, arti-
culando a rede de proteção social bá- O texto que segue faz considerações
sica”, no período vigente 2010/2011, sobre cada meta de desenvolvimen-
teve grande impacto em termos de to do CRAS, da dimensão Atividades
desafios. Em 2009/2010, 66,3% dos Realizadas, com comentários gerais
CRAS atingiram as metas previstas nes- acerca do possível apoio técnico para
ta dimensão, porém em 2010/2011 superação dos desafios postos à qua-
este percentual caiu para 17,69%, lificação do principal serviço de pro-
conforme aponta o Gráfico 01. teção básica para as famílias.

De forma geral, podemos afirmar que

Gráfico 01: Resultado Geral da Dimensão Atividades Realizadas base do


Censo SUAS/CRAS 2010

Percentual de CRAS que atingem ou não as metas de


Desenvolvimento dos CRAS nos períodos 2009/2010
e 2010/2011

16
Volume 1
Orientações Técnicas, metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
Atividades (Metas de Destaca-se que o acompanhamento
Desenvolvimento dos familiar é um processo intrinseca-
mente ligado tanto às especificida-
CRAS)
des da família, quanto do território -
1. Realizar acompanhamento de os territórios expressam as formas de
famílias (2008/2009) relacionamento social predominan-
tes, que por sua vez são diretamente
O acompanhamento familiar no influenciados pelos contextos social,
âmbito do SUAS é definido como o cultural e econômico do território. É
“conjunto de intervenções desenvol- no território que se evidenciam as
vidas em serviços continuados, com contradições da realidade: os confli-
objetivos estabelecidos, que possibi- tos e desigualdades que perpassam
litam à família acesso a um espaço e re-significam as relações familiares
onde possa refletir sobre sua realida- e comunitárias. Desse modo, o pro-
de, construir novos projetos de vida fissional responsável pelo acompa-
e transformar suas relações – sejam nhamento familiar deve fazer uma
elas familiares ou comunitárias”7. leitura do território de vivência da
família a ser acompanhada (inclusi-
Trata-se de um processo de caráter
ve a partir dos dados da vigilância
continuado e planejado, por período
social do município), buscando com-
de tempo determinado, no qual há,
preender quais as características, ris-
a partir de vulnerabilidades, deman-
cos, vulnerabilidades e potencialida-
das e potencialidades apresentadas
des presentes no território impactam
pelas famílias, a definição dos obje-
(ou podem impactar) na vida familiar,
tivos a serem alcançados, realizada
e cotejar com a leitura das próprias
de forma conjunta entre os profissio-
famílias, sobre o território.
nais e famílias. Tem como finalidade
enfrentar as situações de vulnerabi- O acompanhamento familiar é um
lidade social, prevenir a ocorrência processo tecnicamente qualificado,
de riscos e, ou violações de direitos, executado por profissionais de nível
identificar e estimular as potencia- superior, com base em pressupostos
lidades das famílias e territórios, éticos, diretrizes teórico-metodoló-
afiançar as seguranças de assistência gicas8, conhecimento do território
social e promover o acesso das famí- e das famílias que ali residem e, no
lias e seus membros a direitos. PAIF, pode ser: a) particularizado, se

7 BRASIL. Comissão Intergestores Tripartite. 8 A equipe de referência do CRAS deverá


Artigo 20 do Protocolo de Gestão Integrada de utilizara o conjunto de conhecimentos
Serviços, Benefícios e Transferências de Renda no específicos de suas respectivas áreas de formação,
âmbito do Sistema Único de Assistência Social - respeitando as atribuições constantes da
SUAS (Resolução Nº 07, de 10 de setembro de 2009). regulamentação e dos princípios éticos de cada
Brasília, MDS: 2009. profissão. Ressalta-se, adicionalmente, que o
SUAS prevê a interdisciplinariedade como modo de
atuação profissional. 17
Volume 1
Orientações Técnicas , Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
destinado a somente uma família ou fício de Prestação Continuada (BPC)
b) em grupo, se dirigido a um grupo de até 18 anos, fora da escola (ver
de famílias que vivenciam situações meta 5);
de vulnerabilidade ou têm necessi- -- Famílias cujo descumprimento de
dades similares. condicionalidades do Programa Bolsa
Família (PBF) decorre de situações de
O acompanhamento no âmbito do
vulnerabilidade social (ver meta 4);
PAIF é destinado às famílias que
apresentam situações de vulnera- -- Famílias do Plano Brasil sem Miséria
bilidades que requerem a proteção (famílias com renda mensal per capita

de assistência social para garantia inferior a R$70,00); e

de seus direitos socioassistenciais, -- Demais famílias que, segundo ava-


acesso aos direitos sociais e amplia- liação dos profissionais, requerem
ção de sua capacidade protetiva, de- processo de acompanhamento familiar
mandando, para isso, uma atenção para desenvolvimento de capacidades,
diferenciada, um olhar mais atento acesso a direitos, proteção de um ou
dos profissionais do CRAS, pois essas mais de seus membros, bem como supe-
situações vivenciadas, caso não so- ração das situações de vulnerabilida-
fram rápida intervenção profissional de vivenciadas.

e acesso a serviços, podem tornar-se Assim, precede o processo de acom-


risco social e, ou violação de direitos. panhamento das famílias: a busca
Uma vez inseridas no acompanha- ativa (ver meta 8), no território de
mento, objetiva-se ainda contribuir abrangência do CRAS, das famílias em
para o alcance de maiores graus de situação de vulnerabilidade social, a
autonomia, para a capacidade de mobilização para seu comparecimen-
vocalização das demandas e neces- to no CRAS ou a visita domiciliar por
sidades, para o apoio profissional às um profissional, acolhida – particu-
famílias que demandam e para o de- larizada e/ou em grupo, de modo a
senho de projetos de vida. identificar quais famílias necessitam,
e desejam participar do processo de
Como regra geral e em decorrência
acompanhamento familiar.
da situação de vulnerabilidade, de-
vem ser priorizadas no acompanha- O acompanhamento familiar se ma-
mento do PAIF: terializa a partir da inserção da(s)
família(s), após análise prévia da situ-
-- Famílias contrarreferenciadas ao
CRAS, pelo Centro de Referência Espe- ação de vulnerabilidade vivenciada,
cializado de Assistência Social (CREAS), em decorrência de um acordo entre
após trabalho realizado pelo PAEFI a(s) família(s) e o(s) profissional(is),
(Serviço de Proteção e Acompanhamen- a partir do interesse demonstrado
to Especializado de Famílias e Indivídu- pela(s) família(s) em fazer um per-
os, da Proteção Social Especial). curso, sob responsabilidade de um
18 -- Famílias com beneficiários do Bene-
profissional que compõe a equipe de

Volume 1
Orientações Técnicas, Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
referência do CRAS, responsável pela interesse de cada família, a periodi-
oferta do PAIF, a fim de ter garanti- cidade das mediações com os pro-
das as seguranças afiançadas pela fissionais que as acompanham e, no
política de assistência social, o aces- decorrer do acompanhamento, o gra-
so a outras ações do PAIF, a serviços dual cumprimento dos objetivos es-
socioassistenciais e, ou a outros ser- tabelecidos, as respostas dadas pelo
viços setoriais. Este profissional tem poder público, as adequações que o
necessariamente, no mínimo nível processo de acompanhamento pode
superior completo. requerer, a efetividade da interven-
ção, as aquisições alcançadas, etc.
O acompanhamento familiar ini-
cia-se após decisão conjunta da(s) As mediações são momentos privile-
família(s) e do(s)profissional(is) so- giados para os profissionais, em con-
bre necessidade, desde que a família junto com a(s) família(s), avaliarem
esteja de acordo e esclarecida sobre se as ofertas de serviços de assistên-
compromissos que ambas as partes cia social têm tido o efeito desejado
assumem. Após esta escolha, é reali- e se atendem às expectativas das
zado um estudo social da família, no famílias, bem como se as respostas
qual esta define (junto com profis- aos encaminhamentos realizados
sional), e a partir de suas demandas, para os serviços setoriais foram efe-
vulnerabilidades e potencialidades, tivas, ou ainda se o acesso à docu-
bem como de sua disponibilidade e mentação civil ou acesso à renda foi
preferência, o modo de acompanha- garantido (para os que apresentam
mento a ser utilizado: se em grupo critérios de acesso ao PBF, BPC, be-
ou particularizado; bem como os nefícios eventuais ou outros progra-
objetivos que se quer atingir com o mas de transferência de renda mu-
acompanhamento. nicipais/estaduais). As informações
sistematizadas após as mediações
O acompanhamento familiar de- devem ser discutidas no CRAS, com o
manda a construção de um Plano de coordenador, e encaminhadas para o
Acompanhamento Familiar, no qual nível central, que coordena e faz ges-
consta um planejamento detalhado tão do acompanhamento do acesso
do processo de acompanhamento a a serviços (e direitos). Sendo assim,
ser realizado, tendo em vista os ob- em última instância, o acesso a ser-
jetivos a serem alcançados. No Plano viços não é de responsabilidade do
são registrados os encontros (quan- CRAS, mas do nível central.
tos, duração, horário); o percurso
proposto; as intervenções a serem O processo de acompanhamento fami-
realizadas com as famílias reunidas liar requer a realização de intervenções
em grupo (para o acompanhamento com as famílias reunidas em grupo (no
familiar em grupo), as ações (coleti- caso de acompanhamento familiar em
vas ou particularizadas do PAIF) de grupo) e, sempre que identificada ne-
19
Volume 1
Orientações Técnicas , Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
cessidade ou interesse, inserção das fa- O acompanhamento familiar exige,
mílias em “combinações” de ações do portanto, um olhar singular para as
PAIF que, por sua vez, podem ser par- composições bastante heterogêneas
ticularizadas ou coletivas, dependendo de famílias, uma abordagem adequada
da disponibilidade dos membros das e não preconceituosa dos novos arran-
famílias e suas demandas. jos, bem como reconhecerem o papel
do Estado no fortalecimento destas fa-
O acompanhamento não é um pro- mílias e na oferta de serviços que am-
cesso que visa avaliar a(s) família(s), pliem sua capacidade protetiva.
sua organização interna, seus modos
de vida, sua dinâmica de funciona- O diagrama que segue detalha as
mento. Ao contrário, é uma atuação duas formas de inserção de famílias
do serviço socioassistencial com no PAIF (atendimento e acompa-
foco na garantia das seguranças nhamento), de maneira a esclarecer
afiançadas pela política de assistên- a diferença entre elas e subsidiar a
cia social e na promoção do acesso identificação das famílias que neces-
das famílias aos seus direitos, com sitam de acompanhamento ou aque-
vistas ao fortalecimento da capaci- las para as quais o atendimento é su-
dade protetiva da família, a partir das ficiente. Considera-se atendimento a
respostas do Estado para sua prote- ação imediata de prestação ou oferta
ção social. de atenção às famílias pelo PAIF, por

Trabalho Social com Famílias no âmbito do PAIF

Atendimento às Famílias Acompanhamento Familiar

Conjunto de intervenções desenvolvidas com


uma ou mais famílias, de forma continuada,
com objetivos estabelecidos, que pressupõe:
Inserção do grupo familiar, um ou mais de seus
-- Plano de Acompanhamento Familiar
membros, em alguma(s) ação(ões) do PAIF
-- Mediações Periódicas
-- Inserção em ações do PAIF
-- Alcance gradativo de aquisições e
superação das vulnerabilidades
vivenciadas

Acompanhamento
Atendimentos Atendimentos Acompanhamento
Familiar
Particularizados Coletivos Familiar em Grupos
Particularizado

Acolhida
Ações Particularizadas
Encaminhamentos: -- Acolhida em Foco em um
-- CadÚnico (atualização, grupo. grupo de famílias
cadastramento no
CadÚnico e acesso
-- Oficinas com Foco em somente uma que vivenciam
Famílias família vulnerabilidades
ao PBF)
-- Serviços da PSB e PAEFI -- Ações ou têm demandas
similares
(CREAS) Comunitárias
-- Serviços de outros
Setores

20
Volume 1
Orientações Técnicas, Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
meio da acolhida, ação particulari- setoriais (ver item 1 do esclarecimen-
zada, ação comunitária, oficina com to final), benefícios assistenciais (en-
famílias e encaminhamento. Sendo caminhamento para BPC, ver meta 6) e
o atendimento necessariamente a in- programas de transferência de renda
(ver meta 7) e para inserção ou atua-
clusão no serviço, é a partir dele que
lização do Cadastro Único. Tem por
há identificação da necessidade de
objetivo a promoção do acesso aos di-
iniciar o processo de acompanhamen-
reitos e a conquista da cidadania.
to familiar. São atendidos todos os
indivíduos ou famílias que participam -- Oficina com famílias: ver meta 2.
de alguma ação do PAIF.
-- Ação Comunitária: consiste no de-
senvolvimento de atividades de cará-
Considera-se que:
ter coletivo, voltado para a dinami-
-- Ação Particularizada: refere-se ao zação das relações no território. Tem
atendimento prestado pela equipe téc- por objetivos promover a comunica-
nica do CRAS às famílias – algum(ns) ção comunitária, a mobilização social
membro(s) ou todo o grupo familiar, e o protagonismo da comunidade; bem
após a acolhida, de modo individuali- como fortalecer os vínculos entre as
zado. Esse tipo de atendimento deve diversas famílias do território, desen-
ser realizado em casos extraordiná- volver a sociabilidade, o sentimento
rios e objetiva conhecer a dinâmica de coletividade e a organização co-
familiar de modo aprofundado e pres- munitária – por meio, principalmente,
tar um atendimento mais específico às do estimulo à participação cidadã. As
famílias, como nos casos de suspeita palestras, campanhas socioeducativas
de situações de violação de direitos, e eventos comunitários são os exem-
conhecimento e enfrentamento das plos mais comuns de ações comunitá-
causas de descumprimentos reitera- rias do PAIF.
dos de condicionalidades do PBF, be-
A seguir detalham-se as situações de
neficiários do BPC de 0 a 18 anos fora
vulnerabilidade e as características
da escola em situação de isolamento e
do acompanhamento familiar em grupo
demais situações que pressupõem sigi-
e do acompanhamento familiar parti-
lo de informações e que podem gerar
cularizado, de forma a subsidiar a re-
encaminhamento para a Proteção So-
flexão das equipes sobre as diferentes
cial Especial ou para o Sistema de Ga-
situações que ensejam a opção por uma
rantia de Direitos. O técnico também
ou outra forma de acompanhamento
pode optar pela ação particularizada,
familiar no âmbito do Sistema Único de
a pedido da família.
Assistência Social (SUAS).
-- Encaminhamento: consiste no pro-
cesso de orientação e direcionamento Acompanhamento familiar em
das famílias ou algum de seus mem- grupo
bros para inserção em serviços socio-
O processo de acompanhamento fa-
assistenciais (ver meta 9 e item 2 do es-
miliar em grupo é indicado para res-
21
clarecimento final), acesso a serviços

Volume 1
Orientações Técnicas , Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
ponder situações de vulnerabilida- Acredita-se que o acompanhamen-
des vivenciadas pelas famílias com to familiar em grupo contribui para
forte incidência no território. Neste resultados mais efetivos, pois, ao
sentido, faz-se necessário realizar mobilizar um grupo de famílias,
um bom diagnóstico socioterritorial propicia-se a troca de vivências que
– conhecer suas vulnerabilidades tornam esse acompanhamento uma
e potencialidades e sua incidência, experiência de empoderamento das
de modo a constituir grupos de fa- famílias e, consequentemente, do
mílias com afinidades, necessidades território, pois promove o aumento
e características similares, de forma da capacidade das famílias de voca-
a efetivar seu acompanhamento, lizar suas demandas, produzir con-
tornando-o um processo de compar- sensos, de aceitar a diferença e de
tilhamento de experiências entre os negociar conflitos de modo não vio-
participantes, de reflexão sobre a re- lento, a identificação e consolidação
alidade, de acesso à informação so- de redes de apoio social, a constru-
bre direitos e construção de projetos ção de projetos comunitários, pro-
de vida que possibilitem ampliação duzindo processos de protagonis-
dos direitos sociais. mo e autonomia da população e de
responsabilização do poder público
Essa forma de acompanhamento fa- por uma rede de proteção social e
miliar prevê: a) o desenvolvimento garantia de direitos.
de encontros com as famílias reuni-
das em grupo, por meio de um ou Para se efetivar o acompanhamento
mais representantes, sob a coorde- em grupo, os profissionais devem
nação de um técnico de nível su- voltar seu olhar para as famílias e
perior da equipe de referência do os indivíduos. Portanto, tanto as
CRAS; b) a elaboração de um Plano dimensões individuais (de cada
de Acompanhamento Familiar, no família) quanto as do grupo (que
qual constarão os objetivos comuns constituem identidades coletivas)
e específicos a serem alcançados devem ser consideradas e trabalha-
pelos participantes, bem como o das. O grupo não deve ter relevância
desenvolvimento do processo de maior ou menor do que as pessoas
acompanhamento; c) a realização de que o compõem. Ou seja, é preci-
mediações periódicas com os téc- so relacionar o objetivo do trabalho
nicos, para monitoramento e ava- em grupo com as necessidades dos
liação do processo de acompanha- seus participantes.
mento, efetividade da intervenção,
ampliação da capacidade protetiva Sugestões de situações de vulnera-
e estabelecimento de novos com- bilidades que requerem a proteção
promissos, quando for o caso; d) in- de assistência social para garantia
serção em ações do PAIF, conforme de seus direitos, nas quais deve ser
22 necessidades. priorizado o acompanhamento fami-

Volume 1
Orientações Técnicas, Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
liar em grupo, conforme decisão do -- criança e/ou adolescente retirado
profissional e famílias9: do trabalho infantil ou com integrante
egresso de situações análogas a traba-
• Dentre as famílias beneficiárias de lho escravo;
programa de transferência de ren-
-- criança/adolescente egresso de abri-
da e dos benefícios assistenciais:
go, casa-lar ou família acolhedora; e

-- Famílias em situação de descumpri- -- integrante retirado de situação


mento de condicionalidades do PBF, de rua.
cujos motivos ensejem acompanha-
mento do PAIF, conforme prioridades • Famílias pertencentes aos povos
pactuadas (ver meta 4);
10
e comunidades tradicionais (in-
dígenas, quilombolas, ciganos e
-- Famílias com membros de 0 a 18 anos
outros);
fora da escola, cujo programa BPC na
Escola identificou barreiras ao acesso
• Famílias vivendo em territórios
à escola, que demandam acompanha-
com conflitos fundiários (indíge-
mento do PAIF (ver meta5)11;
nas, quilombolas, extrativistas,
-- Famílias do Plano Brasil sem Miséria. dentre outros) ou vivendo em
contextos de extrema violência
(áreas com forte presença do cri-
• Famílias contrarreferenciadas ao me organizado, tráfico de drogas,
CRAS, pelo CREAS após desliga- dentre outros);
mento do PAEFI (ou, onde não hou-
• Famílias recém-retiradas de seu
ver, pela Proteção Especial) com:
território de origem, em função
da implementação de empreen-
dimentos com impactos ambien-
9 As situações de vulnerabilidade elencadas
tais e sociais; ou que vivem em
são apenas sugestões para a organização do
acompanhamento familiar. Somente a avaliação áreas com risco de deslizamento
dos profissionais em conjunto com as famílias ou ainda em áreas atingidas por
da incidência e da complexidade de situações de
calamidades públicas;
vulnerabilidade e das condições objetivas de
cada família, deve determinar se o processo de
acompanhamento familiar será realizado de modo • Famílias com vínculos fragilizados
particularizado ou em grupo. entre pais e filhos de 0 a 6 anos;
10 Constantes do parágrafo 1º, do Art. 19 e
do parágrafo único do Artigo 20, do Protocolo
ou famílias monoparentais, com
de Gestão Integrada de Serviços, Benefícios e filhos ou dependentes, com frágil
Transferências de Renda no âmbito do SUAS.
ou nulo acesso a serviços socioas-
11 São barreiras de acesso à escola que
ensejam acompanhamento familiar em grupos, pela sistenciais e setoriais de apoio;
proteção básica: a) ausência de iniciativa da família
para estimular o acesso à escola; b) ausência de • Famílias com criança(s) e ou
iniciativa da família para estimular o convívio
adolescente(s) que fica(m)
sociofamiliar;c) dificuldade do beneficiário em
acessar a rede de serviços; e d) dificuldade da
família em acessar a rede de serviços.
sozinho(s) em casa ou sob o
23
Volume 1
Orientações Técnicas , Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
cuidado de outras crianças/ado- Acompanhamento
lescentes; ou passa(m) muito particularizado
tempo na rua, devido à ausência
O acompanhamento particulariza-
de serviços socioassistenciais,
do deve ser proposto às famílias
de educação, cultura, lazer e de
em situações de vulnerabilidades,
apoio à família;
em condições desfavoráveis para
• Famílias com jovens de 15 a 17 acompanhamento em grupo: seja
anos, com defasagem escolar ou porque a família demanda uma
fora da escola, com frágil ou nulo atenção rápida, por risco de retor-
acesso a serviços socioassisten- nar à situação de extrema pobreza
ciais e setoriais de apoio; ou recair em risco social; nos casos
em que a família tem dificuldades
• Famílias que não conseguem ga- de se deslocar até o CRAS (quando,
rantir a segurança alimentar de por exemplo, há pessoa que neces-
seus membros ou com adoles- sita de cuidados); por necessidade
cente grávida com precárias con- de proteção a algum de seus mem-
dições para prover seu sustento; bros; quando a família não se sente
a vontade para participar do acom-
• Famílias com um ou mais inte- panhamento em grupo (sente-se in-
grante desaparecido(s), fale- timidada e envergonhada); quando
-cido(s), interno(s) ou egresso(s) a situação demanda sigilo; ou quan-
do sistema prisional, com espe- do seus horários são incompatíveis
cial atenção às internas gestan- com o do(s) grupo(s).
tes e nutrizes;
O acompanhamento familiar parti-
• Famílias ou indivíduos com vi- cularizado prevê: a) a elaboração de
vência de discriminação (étnico- um Plano de Acompanhamento Fa-
-raciais e culturais, etárias, de miliar, no qual constarão os objeti-
gênero, por orientação sexual, vos a serem alcançados pela família,
por deficiência e outras); bem como o desenvolvimento do
processo de acompanhamento; b) a
• Famílias que atendem os cri-
realização de mediações periódicas
térios dos programas de trans-
com os técnicos, para monitoramen-
ferência de renda e benefícios
to e avaliação do processo de acom-
assistenciais, mas que ainda não
panhamento, efetividade da inter-
foram contempladas; e famílias
venção, ampliação da capacidade
com integrantes sem a devida
protetiva da família e definição de
documentação civil.
novos compromissos, quando for o
caso; e c) inserção em ações do PAIF,
conforme necessidades.

24
Volume 1
Orientações Técnicas, Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
Sugestões de situações de vulnera- de medidas aplicadas em decorrência
bilidades que requerem a proteção destes episódios (violência doméstica;
de assistência social para garantia abuso e exploração sexual, violência
de seus direitos nas quais deve ser física ou psicológica contra criança/
adolescente; violência contra a mu-
priorizado o acompanhamento parti-
lher; tráfico de seres humanos; etc.);
cularizado, conforme decisão do pro-
fissional e famílias12: -- Integrante com história de uso abu-
sivo de álcool e outras drogas.
• Dentre as famílias beneficiá-
• Famílias com algum membro que
rias de programa de transfe-
vive em isolamento;
rência de renda e dos benefí-
cios assistenciais: • Família com denúncia de negli-
-- Famílias em situação de descumpri- gência a algum de seus membros.
mento de condicionalidades do PBF,
em “suspensão do benefício por dois Ressalta-se que o acompanhamen-
meses” 13, cujos motivos ensejem acom- to familiar realiza uma intervenção
panhamento do PAIF (ver meta 4); técnica qualificada com objetivos
determinados, cuja efetividade de-
-- Famílias com membros de 0 a 18 anos
pende diretamente do compromis-
fora da escola, cujo programa BPC na
so do profissional responsável pelo
Escola identificou barreiras ao acesso
acompanhamento familiar, do coor-
a escola que demandam acompanha-
denador do CRAS, do gestor munici-
mento do PAIF (ver meta 5)14.
pal de assistência e do prefeito, na
• Famílias contrarreferenciadas ao garantia dos direitos das famílias.
CRAS, pelo CREAS após desliga- Isto é, é preciso que o prefeito defina,
mento do PAEFI (ou, onde não hou- junto com as secretarias setoriais dos
ver, pela Proteção Especial) com: municípios, as articulações capazes
de assegurar o acesso das famílias a
-- Adolescente egresso de medida de
serviços setoriais; que o gestor mu-
internação ou de medida socioeduca-
nicipal de assistência social reforce o
tiva em meio aberto;
serviço de vigilância social; assegure
-- Episódio pregresso de uma ou múl- que as informações disponíveis sobre
tiplas formas de violência ou egresso as famílias cheguem com regulari-
dade e de forma territorializada aos
12 Idem nota 4.
CRAS (assegurando a integração en-
13 Conforme parágrafo 1º do Art. 19 e parágrafo
único do Artigo 20, do Protocolo de Gestão tre benefícios, transferências de ren-
Integrada de Serviços, Benefícios e Transferências da e serviços) e comprometa-se em
de Renda no âmbito do SUAS.
qualificar continuamente a oferta dos
14 São barreiras de acesso à escola
que ensejam acompanhamento familiar serviços socioassistencias; o coorde-
particularizado da Proteção Básica: a) ausência de nador realize a gestão territorial da
acompanhamento para levar o beneficiário até a

25
escola, e b) ausência de cuidadores familiares.
rede socioassistencial e assegure que

Volume 1
Orientações Técnicas , Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
a equipe de referência do CRAS tenha nos uma com capacidade superior a
uma atitude proativa na identificação 15 pessoas), entendendo que tanto
das famílias que serão inseridas no no acompanhamento particularizado
acompanhamento das famílias; e que quanto no acompanhamento em gru-
o profissional de nível superior do po, há que se contar com estes espa-
CRAS utilize seu arcabouço teórico- ços, embora a existência de pelo me-
-metodológico e técnico-político de nos uma destas salas permita que a
modo a propiciar às famílias um aten- atividade seja exercida, mesmo que
dimento efetivo e de qualidade15. parcialmente, até que a solução de-
finitiva seja alcançada. A existência
Nessa direção, pode-se afirmar que da sala menor é importante porque
somente se realiza o acompanha- garante a realização do acompanha-
mento familiar quando as famílias e mento particularizado, do estudo
os profissionais definem conjunta- social e entrevistas individuais, sem-
mente os objetivos a serem atingidos, pre que necessário, ou mesmo dos
as aquisições a serem alcançadas e o atendimentos particularizados (que
percurso a ser trilhado para acesso a venham a ser necessários ao longo
direitos e superação de situações de
do processo de acompanhamento).
vulnerabilidade vivenciadas, cons-
Já as salas coletivas são fundamen-
truindo um Plano de Acompanha-
tais para que o acompanhamento em
mento Familiar, realizando media-
grupo ganhe centralidade no CRAS.
ções periódicas com profissionais e
com inserção planejada em ações do Fica claro, assim, que para o exercí-
PAIF, se verificada a necessidade. cio pleno desta atividade são neces-
sários profissionais de nível superior
bem preparados, capacitados e em
Buscou-se, no caso do não cumpri-
quantitativo suficiente, e que o CRAS
mento da variável “acompanhamen-
disponha de espaços apropriados.
to de famílias”, identificar possíveis
interferências do número de profis-
Observa-se, conforme tabela 01, a
sionais de nível superior; a existência
seguir, que 116 CRAS não realizam o
de coordenador e também da estru-
acompanhamento de famílias, ativi-
tura física (duas salas, sendo pelo me-
dade fundamental e central do PAIF.

15 Destaca-se que o Incentivo de Gestão Dentre os 116 CRAS que não reali-
Descentralizada Municipal (IGDM) será destinado
ao aprimoramento da gestão do SUAS, bem
zam acompanhamento de famílias,
como ao aprimoramento da gestão dos serviços um quantitativo elevado (71,6%)
socioassistenciais. Para o cálculo do IGDM
não possui coordenador, profissio-
será considerado a evolução do o IDCRAS,
além de outros indicadores. Quanto melhor os nal com funções de organização da
resultados dos indicadores analisados, maior o gestão do serviço como, por exem-
percentual de IGD será repassado ao município.
plo, análise de dados e informações
Assim, quanto mais o município alcançar as metas
de desenvolvimento do CRAS, melhor será seu ID sobre as famílias residentes no terri-

26 CRAS, e consequentemente, seu IGD. tório; definição de critérios de prio-

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Orientações Técnicas, Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
Tabela 01 – CRAS que não realizam acompanhamento de famílias
Situação Número de CRAS Percentual

Não realiza acompanhamento de famílias e 116 100%

Possui coordenador 33 28,4

Não possui coordenador 83 71,6

Possui quantitativo de técnicos de nível superior exigido 81 69,8

Não possui quantitativo de técnicos de nível superior exigido 35 30,2

Possui 2 salas, sendo pelo menos 1 com capacidade superior a 15 pessoas 90 77,6

Não alcança a meta: possuir 2 salas, sendo pelo menos 1 com

capacidade superior a 15 pessoas 26 22,4


Fonte: Censo SUAS/CRAS 2010

rização de usuários no atendimento; Observa-se que a maioria dos CRAS


planejamento, junto com técnicos do que não realizam o acompanhamen-
PAIF, do atendimento e acompanha- to familiar, 77,6% possui no mínimo
mento às famílias; discussão regular duas salas, sendo pelo menos uma
dos acompanhamentos e resultados delas com capacidade superior a 15
obtidos; distribuição de tarefas e atri- pessoas17. Conforme vimos, quando
buições entre os técnicos; organiza- os CRAS não dispuserem de espaço fí-
ção do processo de trabalho e enca- sico para realizar o acompanhamento
minhamento regular de informações das famílias em grupos (22,4%), uma
e dados para o nível central, participa- solução emergencial é iniciar esta ati-
ção de reuniões regulares com equi- vidade por meio do acompanhamen-
pe da Secretaria, para garantir que as to particularizado, até que o espaço
atividades essenciais do CRAS sejam físico seja adequado. Nestes casos,
realizadas e que seja assegurada ca- deve-se priorizar as famílias para as
pacitação para a equipe do CRAS. É quais é adequado o acompanhamento
fundamental, portanto, que a equi- particularizado, elaborando o Plano de
pe do Estado aborde esta questão Acompanhamento em comum acordo
com o gestor municipal, orientando- com a família, prevendo responsabili-
-o sobre a necessidade de indicação dades das duas partes. Pode-se, adi-
de um técnico de nível superior, com cionalmente e como alternativa tem-
vínculo estatutário ou comissionado, porária, articular um cronograma de
com perfil descrito nas Orientações ações com outro equipamento público
Técnicas para o CRAS16, para exercer do território, que disponha de espaço
a função de coordenador. para atividades em grupo, até que o
espaço físico seja adequado.
16 BRASIL. Ministério do Desenvolvimento
Social e Combate à Fome. Orientações Técnicas:
17 Mais especificamente, 95,7% dos CRAS
Centro de Referência de Assistência Social – CRAS.
1 ed. Brasília: MDS, 2009.
possuem salas para até 15 pessoas e 80,2% possuem
salas para mais de 15 pessoas.
27
Volume 1
Orientações Técnicas , Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
Para todos os CRAS que não dispo- acumulado funções, em detrimento
nham do espaço físico necessário, da sua principal atribuição, que deve
há que se reforçar junto ao gestor ser assegurada desde já. O coordena-
municipal a necessidade de ade- dor do CRAS, por sua vez, deverá zelar
quação da estrutura física e de ela- para que a equipe técnica de referên-
boração de Plano de Providências, cia do CRAS assuma suas funções.
que deverá prever tanto a solução
definitiva quanto a(s) solução(ões) A adequação do quantitativo de pro-
temporária(s) para o cumprimento fissionais também deve ser abordada
desta meta. Da mesma forma, cabe com o gestor municipal, atentando
ao Estado elaborar Plano de Apoio, para o prazo estipulado na Resolução
para o que poderá desenvolver linhas CIT 05/2010 (Anexo 1).
de apoio financeiro para reforma e
No caso dos CRAS que apresentam
construção de CRAS, especialmente
problemas relativos a Recursos Hu-
para aqueles que funcionam em es-
manos e Estrutura Física, sugere-se
paços alugados e,ou com piores indi-
ainda a leitura das demais Orienta-
cadores na dimensão estrutura física.
ções que compõem este documento.
A maioria dos CRAS que não alcançam
Como o cumprimento desta meta
esta meta (69,8%) também possui o
constitui a centralidade do PAIF, su-
quantitativo necessário de profissio-
gere-se que os estados organizem
nais de nível superior. Neste caso, é
processos de capacitação e formação
importante problematizar, que, em-
continuada da equipe de referência
bora os CRAS possuam o quantitativo
dos CRAS sobre trabalho social com
de profissionais, estes podem estar
famílias, para o que se torna central
exercendo outras funções que não
abordar uma reflexão sobre o concei-
aquelas próprias do PAIF (como por
to de família: seus deveres e direitos;
exemplo: cadastramento ou atuali-
a família no contexto da política de
zação cadastral de beneficiários do
assistência social; o significado de
Programa Bolsa Família; oficinas de
território para a proteção social do
inclusão produtiva; desenvolvimento
SUAS, dentre outros, preparando os
dos serviços de convivência e forta-
profissionais para que exerçam de
lecimento de vínculos, dente outros),
forma adequada sua função.
o que acaba prejudicando a oferta do
serviço. O estado deve estar atento A meta que será apresentada a se-
a esta questão, e orientar tecnica- guir, “realizar oficinas/grupos de
mente os profissionais e gestores convivência com famílias”, deveria
sobre o papel da equipe técnica dos ter sido cumprida no período anual
CRAS, em especial a dos técnicos de que se encerrou em 2010 e é uma
nível superior, cuja função primordial ação coletiva do PAIF fundamental
é ofertar o PAIF, e que muitas vezes para o cumprimento de seus objeti-
28 têm assumido outras atividades, ou vos, em especial fortalecimento dos

Volume 1
Orientações Técnicas, Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
laços comunitários, o acesso a direi- individualizadas, possibilita o enten-
tos, o protagonismo e a participação dimento de que os problemas viven-
social. Também constitui importante ciados particularmente ou por uma
atividade complementar ao acompa- família são problemas que atingem
nhamento familiar. outros indivíduos e outras famílias;
contextualiza situações de vulnera-
2. Realizar oficinas/grupos bilidade e risco; e assegura a reflexão
de convivência com famílias sobre direitos sociais, possibilitando
uma nova compreensão e interação
(2009/2010)
com a realidade vivida, negando-se
A presente meta faz referência à re- a condição de passividade, favore-
alização de oficinas/grupos de convi- cendo processos de mudança e de
vência com famílias. De modo a auxi- desenvolvimento do protagonismo e
liar na compreensão dessa ação, será da autonomia e prevenindo a ocor-
utilizada somente a denominação rência de situações de risco social.
“oficina”, evitando assim causar en-
tendimento equivocado dessa ação, As oficinas constituem, assim, uma
evitando confundi-la com o acompa- ação socioeducativa, na medida em
nhamento familiar em grupo (meta 1). que contribuem para a construção de
novos conhecimentos; favorecem o
Oficinas com famílias são compreen- diálogo e o convívio com as diferen-
didas como encontros previamente ças; problematizam as incidências de
organizados, com objetivos de curto risco e vulnerabilidade no território,
prazo a serem atingidos, com um con- estimulam a capacidade de parti-
junto de famílias, por meio de seus cipação, comunicação, negociação,
responsáveis ou outros representan- tomada de decisões, estabelecem
tes, sob a condução de técnicos de espaços de difusão de informação e
nível superior do CRAS, com o intui- reconhecem o papel de transforma-
to de suscitar uma reflexão sobre um ção social dos sujeitos.
tema de interesse das famílias, sobre
vulnerabilidades e riscos ou poten- Destaca-se também que a realização
cialidades identificados no território, de oficinas constitui importante instru-
contribuindo para o alcance de aqui- mento de conhecimento das vulnerabi-
sições, em especial o fortalecimento lidades e potencialidades do território,
dos laços comunitários, o acesso a di- pois incentiva a expressão de saberes e
reitos, o protagonismo, a participação percepções da população sobre seu lo-
social e para a prevenção a riscos. cal de vivência, subsidiando o processo
de vigilância social do território. Assim,
As oficinas com famílias favorecem ao mesmo passo que possibilita ao
o processo de problematização e Serviço aprofundar seu conhecimento
reflexão crítica de questões muitas sobre o território, também propicia às
vezes cristalizadas, naturalizadas e famílias a reflexão sobre o mesmo.
29
Volume 1
Orientações Técnicas , Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
São sugestões de temas a serem desenvolvidos em oficinas com famílias:

O que são e como acessar nossos direitos (civis, políticos, sociais,


culturais, econômicos, ambientais):
1) Direito à transferência de renda (programa Bolsa Família e outros programas
de transferência de renda) e benefícios assistenciais (BPC e Benefícios Eventuais):
promoção de discussões e reflexões sobre os direitos e deveres de quem recebe
tais benefícios, critérios de acesso, onde acessá-los, importância e dificuldades
para o cumprimento das condicionalidades, serviços disponibilizados no terri-
tório, encaminhamentos necessários, importância da atualização cadastral, que
unidade procurar para esta finalidade, dentre outros.
2) Direito a Documentação Civil Básica (certidão de nascimento, CPF, RG, títu-
lo eleitoral): importância da documentação para o acesso a outros direitos,
dificuldades enfrentadas para ter acesso à documentação, encaminhamento
ao CRAS de pessoas sem documentação que venham a ser identificadas no ter-
ritório, etc.
3) Direito a cultura e lazer: discussão e reflexão sobre a importância do aces-
so a serviços de cultura e lazer para o bem estar da população e prevenção
de violência no território; realização de atividades culturais e de promoção e
valorização da cultura local; resgate dos valores culturais do território, etc.
4) Direitos das crianças e adolescentes: discutir as legislações de proteção
a esse público e riscos mais recorrentes no território, tais como trabalho
infantil, violência doméstica, atos infracionais cometidos por adolescentes,
uso de drogas, exploração e abuso sexual. Promover a reflexão sobre como
garantir esses direitos – as responsabilidades da família, da comunidade e do
Estado. Identificação das características do território na oferta de serviços
para crianças e adolescentes, onde acessar serviços de proteção relacio-
nados às situações de risco. Como identificar situações de risco e prevenir,
ações que podem ser desenvolvidas no território de forma a prevenir, etc.
5) Direito das Mulheres: promover a reflexão sobre o isolamento social das
mulheres, a feminização da pobreza, violência contra mulheres, a sobrecarga
das mulheres na divisão das responsabilidades familiares, etc. Identificar ca-
racterísticas do território e do município que geram estratégias de superação
do isolamento, conhecer histórias de mulheres que influenciam a vida das fa-
mílias, ou que tenham sido importantes para o município.
6) Direitos das pessoas idosas: discutir o estatuto do idoso e promover a
reflexão sobre os direitos e os cuidados necessários à pessoa idosa, a aces-
sibilidade aos serviços, direito ao Benefício de Prestação Continuada (BPC).
7) Direitos das pessoas com deficiência: promover a reflexão sobre os direi-
tos e os cuidados necessários com a pessoa com deficiência, acessibilidade e
inclusão nos serviços disponíveis no território, identificação de necessida-
des e de situações que impeçam seu isolamento social.
8) Direito a alimentação e nutrição adequada: promover a reflexão sobre as di-
ficuldades enfrentadas para o usufruto do direito constitucional à alimenta-
ção em qualidade e quantidade adequada às necessidades nutricionais, bem como
traçar estratégias para a superação destas dificuldades. O direito do acesso aos
30 programas de transferência de renda para os que estão nos critérios.

Volume 1
Orientações Técnicas, Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
Os desafios da vida em família
1) Os direitos das famílias, sua função protetiva e deveres do estado e das
famílias, as formas de comunicação, as formas de resolução de conflitos, os
papéis desempenhados pelos membros e a democratização do ambiente familiar
(divisão de tarefas, responsabilidades, etc).
2) As especificidades do ciclo vital dos membros das famílias, as formas de
convívio intergeracional – construção dos vínculos protetivos e resolução
de conflitos intergeracionais, as ofertas existentes no território que garan-
tem a proteção dos membros mais vulneráveis das famílias.
3) Cuidar de quem cuida: proporcionar a troca de experiências, expectativas
e receios vivenciados pelos familiares cuidadores de pessoas com deficiência,
pessoas idosas ou pessoas com doenças crônicas dependentes, a importância
da inclusão social dessas pessoas, as redes sociais existentes e avaliação da
necessidade de serviços no domicílio, planejamento de ações no território
que promovam inclusão social.
4) O uso de álcool e, ou outras drogas na família: como prevenir, estratégias
de enfrentamento do vício, serviços disponíveis no território e no município,
alternativas de convívio no território para a juventude, crianças e adoles-
centes, a importância da ampliação dos espaços de circulação dos jovens, etc.

A vida no território: superando vulnerabilidades e identificando


potencialidades
1) Território – construção humana: Discutir o conceito de território, provo-
car o conhecimento do território de vivência das famílias, sua história, ca-
racterísticas, e como o território impacta na condição de vida das famílias;
necessidades de serviços, etc.
2) Território – problemas e soluções: elaboração de estratégias para identifi-
car e fortalecer suas potencialidades, bem como para mobilizar as famílias na
superação das vulnerabilidades enfrentadas.

As oficinas devem compor o quadro Somente é possível afirmar que se


de ações do PAIF de forma regular, realiza oficinas/grupos de convivên-
assumindo cada semana, quinzena cia com famílias se essa ação com-
ou mês um tema comum ou diferente puser de modo regular e planejado
a ser trabalhado, conforme demanda o rol de ações do PAIF, com a finali-
do território e planejamento do Ser- dade de fortalecer os laços familiares
viço. Uma oficina pode dar origem a e comunitários, promover o acesso a
direitos, o protagonismo e a partici-
uma ação coletiva, como campanha,
pação social e prevenir a ocorrência
palestra, assim como pode contri-
de situações de risco. Se as ofici-
buir para identificar uma família que
nas realizada(s) não tiver(em) sido
deve ser acompanhada ou uma famí-
planejada(s) ou não tiver(em) objeti-
lia que necessita de um atendimento vos a serem alcançados, não se pode
particularizado. afirmar que essa ação foi realizada. 31
Volume 1
Orientações Técnicas , Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
Investiga-se a possível relação do comunitários, o acesso a direitos, o
não alcance desta meta com as se- protagonismo, a participação social
guintes variáveis do Censo SUAS/ e para a prevenção a riscos.
CRAS 2010: quantitativo de Recur-
sos Humanos (número de profissio- Dentre os CRAS que não realizam ofi-
nais de nível superior), existência de cinas observa-se que mais da meta-
coordenador no CRAS; existência de de (63,1%) não possui coordenador,
materiais pedagógicos, esportivos e profissional responsável pela gestão
culturais; espaços físicos disponíveis do PAIF. Para o atendimento de famí-
(possuir 2 Salas, sendo pelo menos lias no CRAS, faz-se necessário orga-
uma com capacidade superior a 15 nizar a oferta de ações coletivas e
pessoas), e oferta de serviços de con- particularizadas, o que depende do
vivência e fortalecimento de vínculos conhecimento do território, das in-
no CRAS. cidências de vulnerabilidades e ris-
cos e do desenho das estratégias de
Identificou-se, conforme tabela 02, prevenção que serão desenvolvidas
que 653 CRAS não realizam oficinas com as famílias, dentre elas as ofici-
com famílias, embora seja esta uma nas. Esta organização depende de
das ações centrais do PAIF, visto que planejamento, monitoramento e ava-
possibilita o desenvolvimento da liação, sendo, portanto, imprescindí-
sociabilidade e pertença, contribuin- vel a presença de um coordenador.
do para o fortalecimento dos laços É importante, para o cumprimento da

Tabela 02 – CRAS que não realizam oficinas/grupos de convivência com


famílias

Situação Quantidade de CRAS Percentual


Não realiza oficinas/grupos de convivência com famílias e 653 100%
Possui coordenador 241 36,9
Não possui coordenador 412 63,1
Possui quantitativo de técnicos de nível superior exigido 501 76,7
Não possui quantitativo de técnicos de nível superior exigido 152 23,3
Possui materiais pedagógicos, culturais e esportivos disponíveis 331 50,7
Não possui materiais pedagógicos, culturais e esportivos disponíveis 322 49,3
Possui 2 salas, sendo pelo menos 1 com capacidade superior a 15 pessoas 488 74,7
Não alcançou a meta: possuir 2 salas, sendo pelo menos 1 com
capacidade superior a 15 pessoas 165 25,3

OBS.: Dentre os 488 CRAS que não realizam oficinas e atingem uma das metas da dimensão
estrutura física (possuir 2 salas, sendo pelo menos 1 com capacidade superior a 15 pessoas),
58,2% (284) realizam outro(s) Serviços de Convivência e Fortalecimento de Vínculos.

32 Fonte: Censo SUAS/CRAS 2010

Volume 1
Orientações Técnicas, Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
meta, que o estado esclareça o ges- Fica ainda evidenciado que o não al-
tor municipal sobre a necessidade da cance dessa meta não está fortemente
indicação imediata de um dos técni- relacionado à ausência de espaço físi-
cos de nível superior, que atenda aos co, já que 74,7% dos CRAS possuem no
critérios de vínculos estabelecidos mínimo duas salas, sendo pelo menos
para este período anual e com perfil uma delas com capacidade superior a
compatível, para a função de coor- 15 pessoas. No entanto, para aqueles
denador desta unidade pública. Do CRAS em que a atividade não é reali-
contrário, cabe a elaboração de Pla- zada por falta de sala para mais de 15
no de Providências. pessoas, há que se prever solução para
que a meta seja cumprida.
Por outro lado, conforme observação
constante da tabela 02, 58,2% dos O local para o desenvolvimento das
CRAS também ofertam, em suas de- oficinas é de grande relevância, visto
pendências, serviço(s) de convivên- que ele passa a ser referência para
cia e fortalecimento de vínculos, dos as famílias, o “ponto de encontro”. O
quais266 (54,5%) possuem apenas espaço físico precisa ser adequado,
uma sala com capacidade superior a refletindo um ambiente acolhedor e
15 pessoas, o que pode estar criando favorável às trocas, interação e con-
demanda concorrente pelo espaço fí- vivência de seus participantes. Suge-
sico. É importante que o estado esteja re-se, entretanto que, caso o motivo
atento ao fato de que os CRAS podem do não cumprimento desta meta seja
ofertar outros serviços de proteção a não existência de sala com capa-
básica, mas apenas quando esteja ga- cidade para 15 ou mais pessoas no
rantida a oferta com qualidade do PAIF, CRAS, seja temporariamente identifi-
conforme estabelecido nas normativas cado espaço próximo, em outra uni-
do SUAS. Nos casos em que houver dade pública do território, ou encon-
compartilhamento de salas entre PAIF tradas alternativas mais adequadas
e outros serviços de proteção básica, o a cada realidade, de forma que esta
estado deverá orientar o gestor e o co- ação seja garantida aos usuários do
ordenador do CRAS para organizar cro- SUAS.
nogramas de atividades, garantindo es-
paço para oferta dos serviços sem que Ressalta-se, porém, que a utilização
haja qualquer tipo de prejuízo ao PAIF. de espaços fora do CRAS devem ser
Dependendo das variáveis envolvidas uma alternativa emergencial, pois a
no cumprimento desta meta, será ne- utilização prolongada abre margem
cessário elaborar Plano de Providências para descontinuidade das ativida-
que garanta o ajuste da oferta do PAIF des. Portanto, essa utilização deverá
e dos serviços de convivência, mesmo ser prevista como emergencial no
Plano de Providências, sendo obri-
que estes últimos tenham de ser deslo-
gatório também prever prazos para
cados para outro espaço físico, no terri-
tório do CRAS.
a solução definitiva.
33
Volume 1
Orientações Técnicas , Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
Verifica-se que 76,7% dos CRAS que cias, sempre que não for possível
não realizam oficinas têm o quan- cumprir imediatamente a meta.
titativo de técnicos de nível supe-
rior conforme estabelecido para o Finalmente, constata-se que 49,3%
período vigente. Porém, o estado dos CRAS que não realizam esta ação
deve alertar os gestores municipais não possuem materiais pedagógicos,
para o fato de que os CRAS têm de culturais e esportivos. Este pode ser
funcionar com as equipes técnicas um dos fatores que também limitam
completas, por 40 horas semanais. o desenvolvimento desta ação cole-
Além disso, as equipes podem estar tiva de atendimento às famílias. Vale
sobrecarregadas, executando outras ressaltar a necessidade de o estado
atividades que não estejam direta- orientar o gestor municipal e o coor-
mente relacionadas às suas funções. denador do CRAS, sobre que mate-
Se isto estiver ocorrendo, certamen- riais são adequados a esta atividade
te haverá prejuízo para a realização e informar quais recursos podem
das atividades do PAIF, o que pode ser utilizados para essa finalidade,
estar impactando na não realização consideradas as fontes de finan-
das oficinas. Neste caso, faz-se ne- ciamento de cada CRAS. Os saldos
cessário orientar o gestor municipal em conta de recursos destinados
(e do DF) sobre a garantia imediata aos serviços de proteção básica, na
da oferta do atendimento às famí- forma dos pisos de proteção básica
lias pelo PAIF; bem como avaliação (cofinanciamento do MDS), também
da necessidade de um quantitativo poderão ser utilizados para esse fim,
maior de técnicos de forma a garantir excetuando-se os saldos do Projo-
a oferta dos serviços de convivência vem Adolescente, que só podem ser
(sempre que os técnicos de nível su- aplicados no próprio serviço. Infor-
perior estiverem sendo desviados de mações referentes à utilização de
sua função para ofertar serviços de recursos do cofinanciamento federal
convivência no CRAS ou fora dele) e/ poderão ser obtidas na Nota Técnica
ou de outras atividades que os técni- “Orientações referentes à aplicação
cos estejam assumindo (atualização e reprogramação dos recursos finan-
cadastral, por exemplo). ceiros repassados pelo Fundo Nacio-
nal de Assistência Social”, disponível
Nos CRAS nos quais esta meta não no site do MDS: http://www.mds.gov.
vem sendo cumprida por falta de re- br/assistenciasocial.
cursos humanos, é necessário que o
estado discuta essa prioridade com Sugere-se ainda que o estado orien-
o gestor municipal, esclarecendo te as equipes dos CRAS quanto à im-
sobre a importância do cumprimen- portância e complexidade do desen-
to desta meta de desenvolvimento volvimento de oficinas com famílias.
dos CRAS, bem como necessidade Como a preparação das oficinas de-

34 de elaboração de Plano de Providên- manda planejamento, estudo de te-

Volume 1
Orientações Técnicas, Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
mas, pesquisa das técnicas a serem os profissionais e a família e o agen-
utilizadas, articulação com outros damento da visita domiciliar.
profissionais que possam contribuir
para qualificar os conteúdos a serem É utilizada para o atendimento às
desenvolvidos, a capacitação e for- famílias em sua unidade domiciliar,
mação continuada dos técnicos de em situações específicas, nas quais
nível superior e coordenadores do a família, em especial o responsável
CRAS devem ser asseguradas, com familiar, apresente dificuldades em
todo o suporte técnico necessário comparecer ao CRAS, por vulnerabi-
para que esta seja uma construção lidades diversas. Tem, portanto, im-
coletiva. portância grande, na medida em que
a equipe de referência do CRAS des-
A meta seguinte, que se refere à re- loca-se para chegar até um possível
alização de visitas domiciliares, é es- usuário, identificado pela equipe por
tratégica para localização de famílias algum motivo, significando, em vá-
em situação de maior vulnerabilida- rios casos, a possibilidade de a famí-
de social, ou que tenham dificulda- lia acessar os serviços do SUAS e ter
des de acessar o CRAS. É elemento seus direitos garantidos. As visitas
importante para o trabalho social domiciliares podem ainda ser utiliza-
com famílias referenciadas ao CRAS, das como estratégia de aprofunda-
para o acesso a serviços e benefícios, mento de intervenções que não são
e conaduna-se com a concepção de possíveis em grupo, de vinculação
que a equipe do CRAS deve se deslo- da família ao PAIF e para mobilizar
car até os usuários mais vulneráveis. redes sociais de apoio à família.

Ao se locomoverem até o domicí-


3. Realizar visitas
lio das famílias, é possibilitado aos
domiciliares (2008/2009)
técnicos conhecer a realidade dos
A visita domiciliar constitui pro- territórios, as formas de convivência
cedimento que compõe algumas comunitária, arranjos familiares - rol
ações do PAIF, com destaque para de informações muito importantes
a acolhida e para a ação particu- para adequar as ações do PAIF para
larizada (com uma família ou com o alcance do seu caráter preventivo,
alguns membros de uma mesma proativo, protetivo e garantidor de
família). direitos.

A visita domiciliar deve ser realiza-


A visita domiciliar deve compor o
da com o consentimento da família.
quadro de atividades regulares do
Sugere-se, para facilitar o desenvol- PAIF, fazer sentido no conjunto das
vimento do processo de comunica- ofertas e ser sistematicamente pla-
ção, o estabelecimento, sempre que nejada.
possível, de um contato prévio entre
35
Volume 1
Orientações Técnicas , Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
No caso da variável “realização de o veículo está disponível para uso
visitas domiciliares”, buscou-se da equipe técnica do CRAS. Para
identificar possíveis interferências os 23,1% de CRAS que não reali-
do quantitativo de Recursos Huma- zam visita domiciliar e não possuem
nos (número de profissionais de nível veículo, há que se verificar se a
superior), a existência de transporte não existência do veículo tem sido
(existência de veículo no CRAS - ex- o principal motivo do não cumpri-
clusivo ou não), e a existência de co- mento desta meta. Caso sim, cabe
ordenador, elementos fundamentais orientação ao gestor municipal, e
desta atividade. definição, em Plano de Providên-
cias, de estratégias que assegurem
Conforme dados da tabela 352 CRAS que de imediato esta atividade seja
não cumprem a meta de realizar vi- iniciada (por exemplo, por utilização
sitas domiciliares, atividade funda- de veículo(s)disponível(is) na secre-
mental para acompanhamento de taria municipal de assistência social,
casos nos quais há impossibilidade com previsão de escala(s) para o(s)
de locomoção de algum membro da CRAS), mas também que uma solu-
família. ção definitiva seja prevista. Nas lo-
calidades onde não for necessário
A inexistência de veículo não se
uso de veículo, outras alternativas
mostrou uma variável recorrente a
de deslocamento das equipes po-
ponto de indicar uma possível cor-
derão ser encontradas, de forma a
relação com a não realização de
se garantir o acesso das equipes, às
visitas domiciliares (nem mesmo
famílias que necessitam da prote-
nos municípios de médio e grande
ção do Estado.
porte), visto que 76,9% dos CRAS
que não realizam visitas domicilia- Dentre os CRAS que não realizam vi-
res possuem veículo. Há, no entan- sitas domiciliares, cerca de 40% não
to, que se verificar, nestes casos, se possuem o quantitativo, exigido para

Tabela 03 – CRAS que não realizam visitas domiciliares

Situação Número de CRAS Percentual


Não realiza visitas domiciliares e 52 100%
Possui veículo 40 76,9
Não possui veículo 12 23,1
Possui coordenador 19 36,5
Não possui coordenador 33 63,5
Possui quantitativo de técnicos de
nível superior exigido 31 59,6
Não possui quantitativo de técnicos de

36 nível superior exigido


Fonte: Censo SUAS/CRAS 2010
21 40,4

Volume 1
Orientações Técnicas, Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
o período 2010/2011, de técnicos miciliares, seja nas ações de acompa-
de nível superior. Esta é uma situa- nhamento familiar, de atendimento
ção que exige que o estado oriente das famílias, ou de busca ativa. Dos
o gestor para a alcance das metas CRAS que informaram não realizar
de recursos humanos, ou para a ela- essa meta, 63,5% não possuem co-
boração de Plano de Providências, ordenador. Portanto, para seu cum-
onde o município deverá prever um primento, é necessário que o estado
prazo para compor a equipe técnica, oriente o gestor, para que designe e
de acordo com as metas previstas na capacite, o mais rápido possível, um
Resolução CIT nº 05/10. dos técnicos de nível superior para
exercer a função de coordenador.
Cerca de 60% de CRAS que não re-
alizam visita domiciliar atendem o Qualquer que seja o motivo do não
quantitativo exigido de RH. Nestes cumprimento desta meta de desen-
casos, há que se verificar se o CRAS volvimento do CRAS parece perti-
tem coordenador. Caso sim, cabe nente que o estado invista em ca-
questionar se a equipe está ocupa- pacitação, formação continuada e
da com outras funções que a des- orientação técnica para superação
viam desta tarefa; se não dispõe de do descumprimento de normativa.
informações (e dados) estratégicos No caso dos CRAS que não recebem
para realizar as visitas; ou não com- regularmente informações que auxi-
preende a necessidade de realização liem nas decisões relativas à realiza-
destas visitas. Muitos CRAS ainda ção das visitas domiciliares, é impor-
trabalham de modo reativo, ou seja, tante capacitar os gestores, diretores
em reação à busca das famílias pelo e equipes das Secretarias Municipais
serviço. Um dos desafios da prote- para que organizem a disponibiliza-
ção básica é fazer compreender aos ção de informações estratégicas para
coordenadores e equipes de CRAS, que as equipes dos CRAS possam
bem como gestores municipais, so- planejar esta atividade, sempre que
bre a importância das visitas domici- necessário.
liares como instrumento de inclusão
da população vulnerável potencial- As duas próximas metas (números 4
mente usuária da Assistência Social. e 5) referem-se a públicos que de-
vem ser prioritariamente inseridos
Uma variável relevante, que parece no acompanhamento de famílias,
impactar muito na não realização de sempre que identificada necessida-
visitas domiciliares, é a inexistência de ou interesse. Como são públicos
do coordenador. Afinal, dentre suas prioritários, é importante que se dis-
funções está a de gerir as informa- ponha de informações sistemáticas
ções do território, definindo e pro- no CRAS, sobre estas famílias, que
gramando, junto com a equipe, quais deverão ser contatadas pela equipe
famílias deverão receber visitas do- técnica de nível superior do CRAS,
37
Volume 1
Orientações Técnicas , Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
sempre que necessário, por meio da sem Miséria,) necessárias para pla-
busca ativa (ver meta 8), que pode se nejar a priorização de atendimento,
materializar inclusive por meio de vi- acompanhamento e de busca ativa.
sita domiciliar. Para tanto, será neces- Deve, ainda, orientar acerca da ne-
sário que as Secretarias Municipais (e cessidade de ações de busca ativa e
do DF) garantam, sob sua coordena- coletar informações junto aos CRAS
ção, a gestão articulada de serviços, e, quando for o caso, inseri-las nos
benefícios e transferência de renda, sistemas de informação necessários
de forma a viabilizar a localização da- (por exemplo, o Sistema de Condi-
quelas famílias que se encontram em cionalidades - SICON), de forma a
situação de vulnerabilidade ou risco observar e analisar as ofertas e ações
social, para que lhes sejam garantidos das unidades, vis-a-vis as necessida-
os direitos sociais e de forma a con- des do território.
tribuir para organizar o trabalho das
equipes dos CRAS.

Os municípios e DF devem se atentar 4. Acompanhamento


para as diferenças na regularidade de prioritário das famílias
envio de informações para os CRAS,
em descumprimento de
em se tratando de famílias benefici-
condicionalidades do
árias de transferência de renda ou de
Programa Bolsa Família (PBF)
beneficiários do BPC, bem como para
– (2009/2010)
os procedimentos a serem adotados,
em cada caso, conforme previsto no O acompanhamento prioritário das
Protocolo de Gestão Integrada, refle- famílias em descumprimento de con-
tindo, portanto, diferentes estraté- dicionalidades do PBF é uma impor-
gias a serem adotadas pelas equipes tante ação do PAIF, na medida em que
de referência do CRAS. a identificação dos motivos de des-
cumprimento pode desvelar situações
Para auxiliar o cumprimento destas reveladoras do alto grau de vulnera-
metas, sugere-se que o município bilidade das famílias. As condiciona-
organize, na gestão da Secretaria, a lidades visam o reforço do direito de
área de Vigilância Social, designando acesso às políticas de saúde, educação
a esta a responsabilidade de gerir o e assistência social, possibilitam pro-
fluxo de informações entre o órgão mover a melhoria das condições de
gestor e os CRAS. A área de Vigilân- vida da família beneficiária e reforçam
cia Social deve assegurar aos CRAS o a responsabilização do poder público
acesso às listagens territorializadas na garantia de oferta desses serviços.
(nomes e endereços de beneficiá- O adequado monitoramento do des-
rios BPC, do Bolsa Família, inclusive cumprimento de condicionalidades
das famílias em descumprimento de torna-se fundamental para a localiza-
38 condicionalidades, e do Plano Brasil ção das famílias, bem como para iden-

Volume 1
Orientações Técnicas, Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
tificação de riscos e vulnerabilidades Programa de Erradicação do Trabalho
que dificultam o seu acesso aos servi- Infantil/PETI), o que foi cumprido por
ços sociais a que têm direito. meio do SICON e outros sistemas da
RedeSUAS.
A atividade de acompanhar as famí-
lias em descumprimento de condicio- De acordo com o protocolo, cabe ao
nalidades, por meio do PAIF, não deve Estado analisar e sistematizar infor-
ser imposta, mas sim construída em mações recebidas e outros dados dis-
conjunto com a família, com vistas à poníveis, e apoiar os municípios no
superação dos fatores que geraram desenvolvimento de estratégias para
o descumprimento de condicionali- prevenção e enfrentamento de situa-
dades. Algumas famílias requererão ções de vulnerabilidade e risco social.
acompanhamento particularizado,
outras acompanhamento em grupo, Os municípios e DF devem, por sua
já outras demandarão atendimento vez, garantir que as informações ter-
(ver meta 1). ritorializadas cheguem aos CRAS (ou
CREAS), com a regularidade necessá-
O acompanhamento familiar vol- ria, de forma a enriquecer o conhe-
tado a esse público deve seguir as cimento do território de abrangência
orientações gerais que tratam do do CRAS e possibilitar a localização
acompanhamento familiar no âmbi- destas famílias (por busca ativa ou
to do SUAS. O Protocolo de Gestão visita domiciliar).
Integrada (Art 20, § único) afirma que
o acompanhamento “às famílias do Todo processo de acompanhamento
PBF e PETI que estão em “suspensão familiar deverá ser registrado, pelo
do benefício por dois meses” deverão técnico, no Prontuário da Família.
ter caráter mais particularizado, ten- Sempre que se tratar de famílias em
do seu acesso garantido por meio de descumprimento de condicionali-
busca ativa, de modo a assegurar o dades em “suspensão do benefício
direito das crianças, adolescentes e jo- por dois meses”, cujos motivos en-
vens, bem como a segurança de renda sejem acompanhamento pelo PAIF,
da família. As demais famílias deverão e o técnico responsável pelo acom-
ser acompanhadas por meio de ativi- panhamento considerar pertinente
dades de caráter mais coletivo.” a interrupção temporária dos efeitos
do descumprimento de condicionali-
Com o intuito de apoiar os municí- dades do PBF, deve-se assegurar que
pios, DF e estados nesse processo, o este registro (posicionamento favo-
Protocolo de Gestão Integrada pre- rável do técnico à interrupção) seja
vê que o MDS deverá disponibilizar inserido no Módulo de Acompanha-
informações sobre as famílias em mento Familiar do SICON. A inserção
descumprimento de condicionalida- da informação no sistema pode ser
des (do Programa Bolsa Família e do realizada pelo gestor do PBF, (que se-
39
Volume 1
Orientações Técnicas , Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
rão registradas em formulário, a mão referência do CRAS, após receber as
e depois registradas no Sistema); ou informações territorializadas, deve
diretamente pelo profissional que fazer um estudo social e verificar
realiza o acompanhamento familiar, se o descumprimento de condicio-
desde que tenha acesso ao sistema nalidades materializa a ocorrência
para inserção de dados18. No caso de situações de vulnerabilidade e
dos CRAS que não acessam o SICON risco social, traçando estratégias de
e que a inserção da informação será atendimento condizentes com as se-
feita por outro profissional que não guranças afiançadas pela política de
o técnico responsável pelo acompa- assistência social (Protocolo de Ges-
nhamento da família, é muito impor- tão Integrada Art 21, §1°), bem como
tante que seja garantido o sigilo das de encaminhamento para outros
informações prestadas pela família setores, ou para Proteção Especial,
ao profissional do PAIF. Estas infor- sempre que necessário. Devem ser
mações estarão registradas, a mão, atendidas ou acompanhadas pela
em formulário e deverão chegar, de Proteção Social Básica as famílias
forma sigilosa, até o profissional que cujo motivo de descumprimento de
as lançará no Sistema. condicionalidades, de pelo menos
um de seus membros, seja “gravidez
O SICON permite que o município na adolescência” e, “negligência dos
ou DF, no nível central, visualize to- pais ou responsáveis em relação à
das as famílias em descumprimen- criança ou ao adolescente”.
to, para as quais houve interrupção
temporária dos efeitos do descum- O Protocolo ainda enfatiza que nos
primento, que estão em acompa- casos de descumprimento de condi-
nhamento. Desde que atendida ou cionalidades sem motivo informado
acompanhada pelo PAIF ou PAEFI, pela educação, tão logo as causas do
essa ferramenta permite ainda que a descumprimento sejam identifica-
família tenha sua segurança de ren- das, a equipe do CRAS deve informar
da afiançada, mesmo que esteja em ao órgão gestor da Assistência Social,
descumprimento de condicionalida- para registro no SICON19, para que
des, contribuindo para a superação tome as providências cabíveis, por
das dificuldades que a impedem de nível de proteção social adequado
cumprir as condicionalidades. (Protocolo de Gestão Integrada Art.
21, § 2°). Se o motivo do descumpri-
Explicando melhor, nos casos atinen-
tes à Proteção Básica, a equipe de 19 Na maior parte dos municípios, em que o
Cadastro Único e a gestão do Bolsa Família estão

18 A decisão sobre quem deve inserir sob responsabilidade da Secretaria de Assistência

informação no SICON deverá ser tomada pelo Social, o Secretário Municipal ou do DF (ou quem

gestor municipal, que deverá garantir a estrutura ele designar) definirá o responsável por fazer o

necessária (equipamentos, recursos humanos) e a registro no SICON, podendo ser o profissional


responsável pelo PBF no município ou os próprios

40
definição de fluxos e procedimentos.
técnicos (ou outro profissional) do CRAS.

Volume 1
Orientações Técnicas, Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
mento se referir a outras políticas se- ser mantido no CRAS, para todas as
toriais, a equipe do CRAS, na pessoa famílias acompanhadas; nem a cons-
do coordenador, deverá comunicar o trução do Plano de Acompanhamen-
órgão gestor da área específica (Art. to Familiar (ver meta 1). A Interrupção
24, § único). Temporária dos Efeitos do Descum-
primento de Condicionalidades, que
Concluindo, o(s) profissional(is) res- motiva o preenchimento do SICON,
ponsá-vel(is) pelo acompanhamento constitui-se numa medida que os
das famílias em descumprimento de técnicos devem lançar mão sempre
condicionalidades, deverão registrar que a considerarem importante, no
no SICON (ou encaminhar informa- processo de acompanhamento, para
ção para registro) todas as famílias a garantia dos direitos das famílias.
para as quais se fez opção pela in-
terrupção temporária dos efeitos do Caso os técnicos do CRAS não aces-
descumprimento de condicionalida- sem o SICON, será necessário que
des sobre o benefício (Art. 11, IX). A encaminhem com regularidade a
interrupção visa conceder o tempo ser definida pela Secretaria Muni-
necessário para que as situações de cipal ou do DF, informações que,
vulnerabilidade e risco sociais, que após encaminhadas ao órgão cen-
impedem ou dificultam o acesso das tral, deverão ser registradas no SI-
CON, por profissional designado
famílias aos direitos de educação,
para esta função, com cuidado para
saúde e assistência social, previstos
não perder prazos importantes,
pela Constituição Federal, sejam su-
que possam representar prejuí-
peradas, num esforço conjunto entre
zos para as famílias beneficiárias
poder público e família. de transferência de renda do PBF.

Este esforço, no campo da assis- O acompanhamento prioritário das


tência social, se traduz na inserção famílias em descumprimento de
dessa família em processo de acom- condicionalidades do PBF somente
panhamento e ou atendimento e re- compõe o rol de atividades do PAIF
gistro no SICON, pelo menos a cada se há uma intencionalidade por par-
seis meses, até que a família volte a te da equipe de referência do CRAS
cumprir as condicionalidades, quan- em atender tal público com prece-
do deverá ser analisada a pertinên- dência – por meio de busca ativa e
cia do seu desligamento do acompa- planejamento das ações a serem
empregadas no acompanhamento,
nhamento do PAIF.
de acordo com a situação vivenciada
pela família, bem como pelo tipo de
Ressalta-se mais uma vez que o re-
efeito já aplicado, conforme previs-
gistro do acompanhamento familiar
to no Protocolo de Gestão Integrada.
no SICON não substitui o registro do
Para tanto, os CRAS (e CREAS) de-
acompanhamento familiar, de forma
41
pendem da disponibilização siste-
detalhada, em prontuário, que deve mática de informações, por parte do

Volume 1
Orientações Técnicas , Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
município ou DF, territorializadas, possível interferência do “uso de lis-
sobre as famílias em descumpri- tagens de beneficiários do Programa
mento de condicionalidades, moti- Bolsa Família”; “acesso ao SICON”;
vos, e se em advertência, bloqueio, “acesso a computador com internet
1ª suspensão ou 2ª suspensão. no CRAS”; “existência de coordena-
dor”; e quantitativo de Recursos Hu-
A senha de acesso ao SICON deve
manos, por meio da variável “número
ser fornecida pelo gestor municipal
de profissionais de nível superior”.
do PBF, tanto para técnicos da Secre-
taria de Assistência Social, quanto
Conforme se observa na Tabela 04 a
para o coordenador e técnicos do
CRAS, se for o caso. A definição de seguir, dos 1.541 CRAS que não rea-
quem deve ter acesso é do Secretá- lizam o acompanhamento prioritário
rio Municipal de Assistência Social, das famílias em descumprimento de
ou quem ele designar. condicionalidades do PBF, 1.167 (cerca
de 76%) possuem o quantitativo de
A disponibilização de informações aos técnicos de nível superior previsto para
CRAS (e CREAS), pela Secretaria, bem o período anual 2010/2011. No caso
como análise do retorno de informa- dos 374 CRAS que não dispõem do
ções das unidades de proteção básica quantitativo de técnicos exigido, faz-se
(e especial), coloca o desafio, para os necessário adequar o quanto antes, de
gestores, de incrementar a vigilância forma a garantir condições básicas para
social do município ou DF, de forma o cumprimento dessa meta.
a possibilitar a identificação das famí-
lias que deverão ser acompanhadas Por outro lado, constata-se que
(ou atendidas) pela proteção básica; 65,8% dos CRAS que não cumprem
o conhecimento das necessidades esta meta não possuem coordenador.
de serviços nos territórios dos CRAS Essa situação é preocupante, haja
e da ocorrência de vulnerabilidades vista a relevância do coordenador do
e riscos em âmbito municipal ou Dis- CRAS no processo de gestão articu-
trital. Faz-se ainda necessário esta- lada entre transferência de renda e
belecer diretrizes que fortaleçam a serviços. Na orientação inicial sobre
articulação em rede no(s) território(s) esta meta fica clara a importância
e garantir a capacitação das equipes do papel de gestão, tanto das Se-
para que incluam as famílias que ne- cretarias quanto dos CRAS, para seu
cessitam, nos serviços do SUAS, con- cumprimento. Neste sentido, nos ca-
tribuindo para a consolidação de uma sos em que não há coordenador de-
rede de proteção social. signado, é importante que o gestor
municipal (ou do DF) seja orientado
No caso da variável relativa ao acom- a designar um coordenador; definir
panhamento prioritário das famílias fluxos para que a gestão articulada
em descumprimento de condicio- entre serviços e transferência de
42 nalidades do PBF foi investigada a renda funcione; e que o coordenador

Volume 1
Orientações Técnicas, Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
Tabela 04 – CRAS que não realizam acompanhamento prioritário das
famílias em descumprimento de condicionalidades do PBF

Número de
Situação Percentual
CRAS

Não realiza acompanhamento prioritário das famílias em


1.541 100%
descumprimento de condicionalidade do PBF e

Realiza acompanhamento de famílias em descumprimento de


830 53,9
condicionalidades

Não realiza acompanhamento de famílias em descumprimento de


711 46,1
condicionalidades

Utiliza listagens 282 18,3

Não possui ou não utiliza listagens 1.259 81,7

Tem acesso ao SICON para consulta/pesquisa 343 22,3

Não tem acesso ao SICON 1.198 77,7

Possui computador com acesso à internet 1.110 72,0

Não possui computador com acesso à internet 431 28,0

Possui coordenador 527 34,2

Não possui coordenador 1.014 65,8

Possui quantitativo de técnicos de nível superior exigido 1.167 75,7

Não possui quantitativo de técnicos de nível superior exigido 374 24,3

Fonte: Censo SUAS/CRAS 2010

seja capacitado, o que pode (e deve) ção do Protocolo de Gestão. Neste


ser feito com apoio técnico da equi- sentido, é interessante constatar que,
pe do estado. embora 72% dos CRAS que não cum-
prem essa meta possuam computa-
Nos dois casos aqui analisados (CRAS dor com acesso a internet no CRAS,
sem quantitativo de técnicos de ní- 81,7% não possuem ou não utilizam
vel superior exigido e sem coorde- as listagens das famílias em descum-
nador designado), faz-se necessário primento e 77,7% não possuem aces-
elaborar Plano de Providências para so ao SICON. Primeiramente, há que
que medidas mais definitivas sejam se chamar atenção para a qualidade
adotadas, de constituição da equipe da rede que dá acesso à internet que,
de referência do CRAS, inclusive com em muitos casos, é precária. Além dis-
designação de coordenador, caso a so, os dados evidenciam que o fato
meta ainda não tenha sido cumprida. de um CRAS ter computador e acesso
a internet não significa que ele tenha
No entanto, o cumprimento desta
acesso online aos aplicativos, visto
meta depende de outras variáveis,
que cerca de 78% dos CRAS não têm
além da equipe técnica e de sua ca-
pacitação, relacionadas à implanta-
acesso ao SICON.
43
Volume 1
Orientações Técnicas , Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
Outro dado que chama atenção é ra e planejamento de ações do PAIF,
que cerca de 82% dos CRAS não re- a partir das informações recebidas,
cebem, ou não utilizam as listagens pelo coordenador do CRAS. Uma vez
das famílias em descumprimento. mais, cabe destacar a importância
Nos casos em que as condições para de estruturação de uma área de Vi-
a implantação do Protocolo não es- gilância Social no âmbito da gestão
tejam dadas, será necessário orientar municipal e do DF, de forma a criar
o gestor municipal (ou do DF) para competências para organizar os
que institua procedimentos que ga- processos de produção e gestão da
rantam que a informação territoriali- informação, com vistas ao planeja-
zada (no caso de municípios que têm mento das ações junto às famílias do
mais de um CRAS), sobre famílias em território.
descumprimento, cheguem às mãos
do coordenador do CRAS, com regu- Para que o Estado possa contribuir
laridade; e que este seja orientado a efetivamente neste processo, é fun-
coordenar o processo de busca ativa damental que conheça e domine o
das famílias mais vulneráveis; fazen- Protocolo de Gestão Integrada; se
do com que a equipe técnica dê os coloque ao lado do município para
retornos necessários sobre famílias superação das dificuldades, assu-
em acompanhamento para a equipe mindo as tarefas de apoio técnico e
responsável pelo preenchimento do financeiro, quando couber.
SICON. Esse processo terá de ser or-
ganizado para que a gestão articula-
da entre serviços e transferência de
renda se efetive em todos os muni- 5. Acompanhamento
cípios brasileiros. Trata-se, portanto, prioritário a famílias
de instituir os elementos fundamen- com beneficiários do BPC
tais para que o Protocolo de Gestão e benefícios eventuais
Integrada20 seja implantado. (2010/2011)
O acompanhamento prioritário das
O estado precisa orientar o gestor
famílias com beneficiários do BPC e
sobre necessidade de organizar a
de benefícios eventuais é uma im-
gestão de serviços e transferência de
portante ação do PAIF, pois amplia as
renda e deve assessorar o município,
formas de proteção social do SUAS a
caso seja do seu interesse, a organi-
estas famílias, a partir do pressuposto
zar os processos, com instituição de
de que o acesso a benefícios contribui
fluxos de informação e procedimen-
para a superação de situações de vul-
tos entre a Secretaria de Assistência
nerabilidade, mas a efetiva superação
Social e os CRAS; bem como de leitu-
destas requer também a inserção dos
beneficiários nos serviços socioas-
20 Conforme previsto nos artigos 7º e 21 do

44 referido Protocolo. sistenciais e, ou em outras políticas

Volume 1
Orientações Técnicas, Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
setoriais, de modo a proporcionar o constantes do Protocolo de Gestão
fortalecimento dos laços familiares e Integrada e da Meta 1.
comunitários, bem como o acesso das
famílias a outros direitos. Particular atenção deve ser dada às
famílias das crianças e adolescen-
O acompanhamento das famílias com tes beneficiários do BPC que estão
beneficiários do BPC pressupõe reco- fora da escola. A fim de promover o
nhecê-los como segmentos popula- acesso à escola, ao convívio familiar
cionais com graus de risco e vulnera- e comunitário e aos demais direitos
bilidade social variados, considerando desse segmento populacional, foi
as características do ciclo de vida do criado o Programa BPC na Escola21
idoso, da deficiência e do grau de in- com o objetivo de promover a eleva-
capacidade da pessoa com deficiên- ção da qualidade de vida e dignida-
cia, bem como as características das de de crianças e adolescentes com
famílias e da região onde vivem. deficiência e beneficiários do BPC. O
programa é voltado prioritariamente
No caso das famílias com pessoas para os beneficiários de 0 a 18 anos,
com deficiência beneficiárias do BPC, garantindo-lhes o acesso e a perma-
o acompanhamento familiar do PAIF nência na escola, bem como acesso a
constitui, em muitos casos, a possibi- outros direitos, o que, em muitos ca-
lidade de se trabalhar e superar bar- sos, depende do trabalho inicial do
reiras e preconceitos (com a família e PAIF com as famílias ou da ação do
comunidades); e de assegurar a inclu- coordenador do CRAS, na integração
são social e inserção das pessoas em com serviços de outros setores.
situação de isolamento nos serviços
do SUAS e de outras políticas públi- O Programa BPC na Escola, envol-
cas. Nestes casos, a busca ativa (ver ve as políticas de assistência social,
meta 8) e a visita domiciliar (ver meta educação, saúde e direitos huma-
3) constituem o primeiro contato nos, de modo a criar condições para
qualificado com essas famílias, o que, o desenvolvimento da autonomia,
após elaboração do estudo social, participação social e emancipação
decorre uma avaliação, junto com a da pessoa com deficiência. Uma de
família, sobre sua inserção em acom- suas principais ações é a identifica-
panhamento (coletivo ou particulari- ção de barreiras que impedem ou di-
zado) ou nos atendimentos do PAIF. ficultam o acesso à educação regular

O PAIF se apresenta, assim, inicial-


21 O Programa, criado pela Portaria
mente, como o principal serviço a ser
Interministerial nº18, de 24 de abril de 2007,é
ofertado a essas famílias, em muitos uma ação intersetorial envolvendo as áreas de
casos por meio do acompanhamen- assistência social, educação, saúde e direitos
humanos, com gestão compartilhada entre a união,
to familiar no âmbito do SUAS, que
e os municípios, estados e Distrito Federal que
deve seguir as orientações gerais, fizeram adesão.
45
Volume 1
Orientações Técnicas , Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
e que impactam no acesso a outros -- Ausência de acompanhante para le-
serviços. O questionário de identifica- var o beneficiário até a escola
ção de barreiras para o acesso e per-
-- Ausência de cuidadores familiares
manência na escola é um instrumento
de gestão importante, que deve ser
disponibilizado às equipes dos CRAS O acompanhamento (ou atendimen-
(ou CREAS) de municípios e DF que fi- to) a essas famílias depende de uma
zeram adesão ao Programa22. acolhida adequada, do desenho de
um Plano de Acompanhamento da
Nem toda família com criança e ado- Família; mas também de uma atitude
lescente beneficiário do BPC será determinada da Secretaria Municipal
acompanhada pelo PAIF, visto que ou do DF, visto que a acessibilidade
algumas poderão ser atendidas. Ou- é garantida por meio de capacitação
tras serão acompanhadas ou atendi- dos técnicos e coordenadores; ade-
das pelo PAEFI. A definição de quais quação das estruturas físicas; dispo-
serão encaminhadas para a proteção nibilização de materiais e criação de
básica ou especial se dá com base
condições objetivas para desloca-
na identificação das barreiras, que
mento dos beneficiários, bem como
constam do Questionário BPC na Es-
da acessibilidade aos serviços dos
cola, e depende da estruturação da
demais setores.
Vigilância Social, nas Secretarias dos
municípios, DF e Estados.
Também é preciso adotar estratégias
com vistas ao acompanhamento de
Dentre as barreiras identificadas, de- famílias com idosos beneficiários
vem ser foco de ação de acompanha- do BPC, em especial as que se en-
mento ou atendimento pelo PAIF: contram em situação de maior vul-
nerabilidade social, e prever apoio à
-- Ausência de iniciativa da família para
estimular o convívio sociofamiliar
família no acesso aos direitos desses
membros (serviços socioassisten-
-- Ausência de iniciativa da família para ciais e de saúde, cultura e lazer e
estimular o acesso à escola educação), de forma a garantir seus
-- Ausência de iniciativa da família para direitos, promover o desenvolvimen-
estimular a permanência na escola to de suas capacidades e contribuir
para a prevenção de violências e ou-
-- Dificuldade dos beneficiários em tras formas de violação de direitos.
acessar a rede de serviços

-- Dificuldade da família em acessar a Nos casos em que houver isolamen-


rede de serviços to social do beneficiário, o CRAS
deve encaminhar a família para o
22 Os municípios que não realizaram a referida
Serviço de Proteção Básica no Domi-
adesão, poderão fazê-lo a partir da disponibilização cílio, previsto na Tipificação Nacio-

46 do Sistema BPC na Escola, pelo MDS. nal de Serviços Socioassistenciais.

Volume 1
Orientações Técnicas, Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
Nos casos em que houver violação se público, de modo a conhecer suas
de direitos, as famílias devem ser vulnerabilidades e planejar ações
referenciadas, pelo CRAS, ao CREAS, para seu atendimento/acompanha-
e serem acompanhadas pelo PAEFI. mento. A busca ativa nem sempre se
traduz em visita domiciliar23. Diver-
A relação de beneficiários do BPC, sas estratégias devem ser utilizadas
disponibilizada pela Secretaria Na- para se atingir o objetivo de alcançar
cional de Assistência Social – SNAS, estas famílias, como por exemplo, di-
no sítio do MDS, constitui um instru- vulgação dos serviços ofertados nos
mento de planejamento estratégico CRAS utilizando variadas mídias; en-
do Distrito Federal e dos Municípios vio de correspondências às famílias,
para a oferta de serviços socioas- convidando-as para uma primeira
sistenciais, visando o acompanha- acolhida no CRAS; divulgação de lis-
mento dos beneficiários do BPC e tas em locais estratégicos, ou ainda
de suas famílias. Para auxiliar nesse contando com apoio de outras uni-
processo, o SUASWEB disponibiliza dades e políticas públicas.
o acesso, por parte dos gestores, ao
cadastro dos beneficiários do BPC Ressalta-se que para muitos pro-
por município/DF de três formas: fissionais dos CRAS o atendimento/
por espécie (pessoa com deficiência acompanhamento dos beneficiários
ou idoso), por concessão e por faixa com deficiência do BPC é novo e de-
etária. (link:http://aplicacoes.mds. safiador. Portanto antes do início da
gov.br/suasnob/pesquisarBpcFaixa. busca ativa será necessário que a
action). equipe seja organizada e preparada
para desenvolver este trabalho, rea-
A Secretaria de Assistência Social (ou lizando estudos, leituras, discussões,
congênere), por meio de sua equipe oficinas sobre o tema da deficiência,
de Vigilância Social ou de gestão do considerando sua transversalidade
SUAS, deverá acessar e organizar es- em todas as ações e serviços no âm-
sas informações de forma territoria- bito do CRAS. Há necessidade de se
lizada e enviar para cada CRAS (ou conhecer e avaliar a especificidade
CREAS) a listagem dos beneficiários de questões que envolvem o aten-
do BPC de sua área de abrangência dimento à diversidade de demandas
(a partir do CEP dos bairros que com- das pessoas com deficiência, desta-
põem os territórios), conforme artigo cando o trabalho em rede e articula-
26 do Protocolo de Gestão Integrada ção com as demais políticas setoriais
e, sempre que possível, por barreira para garantir a segurança de renda,
identificada. o convívio familiar e comunitário, e
com vistas a agregar condições e va-
Com esses dados em mãos, a equipe
de referência do CRAS deve organi- 23 Para mais informações sobre busca ativa, ver
zar um processo de busca ativa des- Meta 8.
47
Volume 1
Orientações Técnicas , Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
lores necessários à autonomia des- tante por parte da Secretaria de As-
ses indivíduos, conforme preconiza a sistência, de verificar quais benefi-
PNAS e a NOB/SUAS. ciários já estão ou não inseridos no
CadÚnico. Sempre que listagens de
O gestor municipal ou do DF deve- beneficiários do BPC (por barreiras
rá ainda envidar esforços para in- identificadas) forem encaminhadas
serir todos os beneficiários do BPC para CRAS ou CREAS, a informação
no Cadastro Único (CadÚnico), con- sobre inserção no CadÚnico deve
forme previsto na Portaria MDS nº ser fornecida. Desta forma, as
706/2010. Estratégias mais amplas equipes responsáveis pelo acom-
que garantam o cadastramento po- panhamento familiar podem reali-
dem ser organizadas, pelas Secreta- zar o encaminhamento, a partir do
rias Municipais e do DF, por meio do primeiro contato estabelecido com
cruzamento de informações (o que a família. A Secretaria, por meio do
pode contar com apoio do Estado), serviço de Vigilância Social poderá
que devem chegar ao CRAS, de for- definir um cronograma para garan-
ma a assegurar que sempre que a tir que todos os beneficiários do
equipe do PAIF atender ou acompa- BPC sejam inseridos no CadÚnico,
nhar uma família com beneficiário do e devem monitorar e avaliar o pro-
BPC que não esteja no Cadastro, seja cesso. A própria Secretaria pode es-
com ela marcada agenda para cadas- tabelecer processos de busca ativa
tramento. Este registro possibilitará desses beneficiários, de forma a as-
um conhecimento mais aprofundado segurar o cumprimento da referida
do beneficiário e de seus familiares; Portaria. Os CRAS e CREAS deverão
a realização de diagnóstico das si- ser envolvidos no processo, por
tuações de risco e vulnerabilidade meio de seus coordenadores.
social; a inclusão na rede de serviços
socioassistenciais e de outras políti- No que se refere aos benefícios
cas sociais; além de servir como base eventuais24, salienta-se que inte-
de dados para o processo de revisão
bienal do benefício. Assim, o CRAS, 24 Conforme Decreto nº 6307de 14 de dezembro
sempre que fizer acolhimento de de /2007, cabe aos municípios e DF, segundo

um beneficiário do BPC, encaminhar estabelecido na Lei Orgânica da Assistência Social


(LOAS), em seus art. 14 e 15, destinar recursos
uma pessoa com perfil de acesso ao financeiros para o custeio do pagamento dos
BPC (ver meta 6), inserir uma famí- auxílios natalidade e funeral, mediante critérios
estabelecidos pelos Conselhos de Assistência
lia com beneficiário no acompanha-
Social, do DF e dos Municípios. Os estados também
mento do PAIF ou fizer atendimento têm a responsabilidade na efetivação desse direito
desta família, deve verificar a neces- ao destinar recursos financeiros aos municípios,
a título de participação no custeio do pagamento
sidade de encaminhá-la para inclu-
dos auxílios natalidade e funeral, mediante
são no CadÚnico. critérios estabelecidos pelos Conselhos Estaduais
de Assistência Social, de acordo com o disposto no

48 Há, portanto, um trabalho impor- art. 13.

Volume 1
Orientações Técnicas, Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
gram organicamente as garantias buindo, desta forma, com o forta-
do SUAS, com fundamentação nos lecimento das potencialidades de
princípios de cidadania e dos di- indivíduos e familiares, dos vínculos
reitos sociais e humanos. Para que familiares e da convivência e partici-
os benefícios eventuais sejam efe- pação comunitária.
tivados como direito social devem
ser prestados e integrados à rede Operacionalizar, no âmbito da Prote-
de serviços socioassistenciais com ção Básica, o acompanhamento prio-
agilidade e presteza, primando-se ritário às famílias com beneficiários
pela qualidade independentemente do BPC (conforme barreiras identifi-
da situação financeira do usuário. cadas) e as que recebem benefícios
Nessa direção a Secretaria de As- eventuais pressupõe a gestão arti-
sistência Social do município ou DF culada entre serviços e benefícios,
deverá encaminhar, periodicamente o que é uma atribuição da Secretaria
aos CRAS, listagens de beneficiários Municipal (ou do DF) de Assistência
dos benefícios eventuais, de modo Social, conforme normatizado no
que as equipes dos CRAS possam Protocolo de Gestão Integrada – que
desenvolver ações que possibilitem estabelece responsabilidades e pro-
a essas famílias acesso à rede de cedimentos, padrão de organização
proteção social do território, sem- e repasse de informação sobre as fa-
pre que couber. mílias referenciadas aos CRAS e CRE-
AS (art. 14) e já descrito na Meta 4.
No caso de municípios e DF que fize-
ram opção pela oferta de benefícios O acompanhamento prioritário das
eventuais no CRAS, a concessão de- famílias com beneficiários do BPC e
verá se orientar pelas diretrizes ema- que recebem (ou receberam) bene-
nadas da Secretaria Municipal (ou do fícios eventuais somente compõe o
DF), que deve ter critérios de acesso rol de atividades do PAIF se há uma
transparentes e que possam ser ex- intencionalidade por parte da equipe
plicitados para qualquer usuário do de referência do CRAS em atender tal
CRAS. Neste caso, há que se prever, público com precedência – por meio
para essa finalidade, profissional(ais) de busca ativa e planejamento das
para além da equipe técnica de re- ações de acompanhamento, de acor-
ferência do CRAS e espaço físico es- do com a situação vivenciada pela fa-
pecífico, de forma a não prejudicar a mília. Também é condição para esta
oferta do PAIF no CRAS. ação, que a Secretaria Municipal (ou
do DF) tenha organizado os fluxos,
procedimentos e definido responsa-
Neste sentido, os benefícios even-
bilidades sobre a disponibilização de
tuais podem configurar-se como
informações para os CRAS e recep-
elementos potencializadores da
ção de informações sobre acompa-
proteção ofertada pelos serviços de nhamento e encaminhamentos rea-
natureza básica ou especial, contri- lizados, de forma regular; bem como 49
Volume 1
Orientações Técnicas , Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
definido as ofertas acessíveis, espe- maior vulnerabilidade, em serviços
cialmente às pessoas com deficiência do SUAS, prevenindo seu isolamento
e idosas. Sem isso, a equipe do CRAS e encaminhando para outros setores,
não tem como fazer os encaminha- sempre que necessário. Do total de
mentos para a rede socioassistencial CRAS que não cumprem esta meta,
ou de outros setores. 43,6% informaram não possuir a lis-
ta dos beneficiários do BPC de seu
Com relação ao não alcance desta território e 61,2% informaram não
variável investigou-se a possível in- possuir coordenador, duas variáveis
terferência do número de profissio- fundamentais para seu cumprimento.
nais de nível superior; a existência de
coordenador; e o uso de listagens de No caso dos CRAS que não cumprem
beneficiários. Os dados são apresen- a meta por não disporem da lista ter-
tados na Tabela 05. ritorializada, com informações sobre
os beneficiários do BPC e de benefí-
Observa-se que 3.772 CRAS não re- cios eventuais, cabe uma orientação
alizam acompanhamento prioritário ao gestor municipal ou do DF, por par-
a famílias com beneficiários BPC e te da equipe do Estado, e apoio técni-
de benefícios eventuais. Como esta co para que a Secretaria organize as
meta deverá ser cumprida até o últi- informações disponíveis e defina flu-
mo dia do preenchimento do Censo xos, responsabilidades e procedimen-
SUAS/CRAS 2011, os municípios e tos que garantam seu cumprimento;
DF que ainda não cumprem deverão bem como definição de como será a
se organizar para garantir o acompa- ação de acompanhamento deste pú-
nhamento dessas famílias no âmbito blico (desde a acolhida até inserção
da proteção básica, promovendo a no acompanhamento); a coordenação
inclusão de membros em situação de deste processo no CRAS e na Secreta-

Tabela 05 – CRAS que não realizam acompanhamento prioritário a


famílias com beneficiários BPC e benefícios eventuais

Situação Número de CRAS Percentual

Não realiza acompanhamento prioritário a famílias com


3.772 100%
beneficiários BPC e benefícios eventuais e

Não possui ou não utiliza listagens 1.645 43,6%

Possui coordenador 1.465 38,8%

Não possui coordenador 2.307 61,2%

Possui quantitativo de técnicos de nível superior exigido 3.004 79,6%

Não possui quantitativo de técnicos de nível superior


768 20,4%
exigido

50 Fonte: Censo SUAS/CRAS 2010

Volume 1
Orientações Técnicas, Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
ria; a elaboração do Plano de Acom- com perfil e qualificado para essa
panhamento das Famílias; registro no ação, dificilmente se garante seu
Prontuário da Família; definição dos cumprimento.
serviços que complementam o traba-
lho com famílias e inserem membros Finalmente, ressaltamos que 20,4%
mais vulneráveis; definição de fluxos dos CRAS que não cumprem esta meta
de encaminhamento; capacitação dos não dispõem do quantitativo exigido
profissionais para garantir a acessibi- de técnicos de nível superior. Os mu-
lidade; aquisição de materiais e de nicípios e DF que se encontram nesta
equipamentos; e adequações de es- situação, precisam fazer adequação o
paço físico, necessários para a inclu- quanto antes (e prever em Plano de
são destes usuários. Em última ins- Providências, caso não tenham ainda
tância, trata-se de criar as condições solucionado a questão do RH exigido
para a efetiva implantação do Proto- para o período 2009/2010), de forma
colo de Gestão Integrada entre servi- a garantir que o acompanhamento a
ços e benefícios, no âmbito do SUAS. essas famílias se efetive. Os municí-
pios e DF deverão se organizar para
Neste sentido, o estado deve orien- garantir, no caso destes últimos CRAS,
tar o gestor quanto ao papel primor- que a equipe seja composta, de for-
dial da gestão municipal (e do DF) na ma a garantir que esta atividade seja
garantia do acesso dos beneficiários realizada até o último dia do preen-
do BPC e suas famílias ao PAIF, con- chimento do Censo SUAS/CRAS 2011.
siderando seus perfis e a situação de Os Estados e MDS deverão dar o apoio
vulnerabilidade e risco social em que necessário para que seja cumprido no
se encontram. Deve ainda ser ressal- prazo pactuado nacionalmente.
tada a importância do planejamento
das medidas necessárias para garan- Sugere-se ainda que o gestor pro-
tir o acesso, estabelecendo fluxos, mova articulação com os conselhos
procedimentos e responsabilidades de políticas, conselhos de direitos e
entre a Secretaria de Assistência So- Ministério Público para que o contro-
cial e os CRAS, como forma de garan- le e a defesa dos direitos dos bene-
tir que cheguem, às unidades, infor- ficiários do BPC e de seus familiares
mações territorializadas, permitindo sejam assegurados.
o planejamento de ações do PAIF.
As duas metas (números 6 e 7),
No caso dos CRAS que não cumprem apresentadas a seguir, referem-se à
esta meta e para os quais ainda não atribuição da equipe de referência
foi designado um coordenador, será dos CRAS de realizar encaminha-
necessário orientar os gestores mu- mento ou orientação das famílias
nicipais (e do DF), para a necessida- para acesso a benefícios e trans-
de de se cumprir, o mais rápido pos- ferência de renda, sempre que es-
sível, esta meta. Sem coordenador tiverem nos critérios. A gestão ar-
51
Volume 1
Orientações Técnicas , Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
ticulada entre serviços, benefícios e a conquista da cidadania destes
e transferência de renda compre- membros e suas famílias.
ende, conforme normatiza o Proto-
colo de Gestão Integrada, além do A participação do Distrito Federal e
acompanhamento prioritário das dos Municípios no processo de habi-
famílias beneficiárias (e dos bene- litação ao BPC consiste na oferta de
ficiários, no caso dos benefícios e informações e orientações quanto
BPC), a identificação e encaminha- aos seus critérios, objetivos e dinâ-
mento para acesso à renda, daque- mica, na disposição de serviços que
les que têm direito. Essa é uma facilitem o acesso a documentos e
atribuição dos técnicos do PAIF, no formulários necessários ao seu re-
desenvolvimento do trabalho so- querimento e na garantia do acesso
cial com as famílias referenciadas aos trâmites institucionais do seu
ao CRAS, mas também do coorde- requerimento junto ao Instituto Na-
nador, que é responsável por asse- cional do Seguro Social (INSS). Para
gurar a implantação do Protocolo tal, faz-se necessária uma boa articu-
de Gestão Integrada, no território lação com o INSS, para obtenção de
de abrangência do CRAS. Como se maior qualidade na operacionaliza-
poderá observar, o cumprimento ção do BPC, oferecendo segurança e
destas duas metas depende, so- conforto para os requerentes.
bretudo, da organização e coorde-
A efetividade desse processo depen-
nação da gestão articulada, o que
de de um investimento do gestor de
é de responsabilidade do gestor
assistência social (ou congênere) no
municipal ou do DF.
estabelecimento de fluxos de en-
caminhamentos e informações no
âmbito do SUAS com as agências do
Instituto Nacional do Seguro Social
6. Orientação/
(INSS), o que deve ser assegurado
acompanhamento para
no nível central, com participação da
inserção no BPC (2009/2010)
Vigilância Social. Faz-se necessário
Consiste no processo de orientação definir o fluxo de encaminhamento
ao usuário (e sua família), visando para INSS, bem como de retorno da
o direcionamento para as agências informação do INSS para Secretaria;
do Instituto Nacional do Seguro So- e da freqüência com que a Secretaria
cial (INSS) e acompanhamento das irá informar o CRAS sobre acesso do
famílias que possuem algum de referido usuário ao benefício. O co-
seus membros que atendem o per- ordenador do CRAS será responsável
fil de inserção no BPC, com priori- por fazer cumprir o fluxo, no âmbito
dade para as famílias do Plano do território, assegurando que os
Brasil sem Miséria, com o objetivo técnicos estejam bem informados e

52 de promover o acesso aos direitos que contribuam para o seu aprimo-

Volume 1
Orientações Técnicas, Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
ramento. O retorno da informação cumprimento desta meta, buscou-se
sobre inserção no benefício, para a averiguar a possível interferência do
equipe do CRAS, responsável pelo número de profissionais de nível su-
acompanhamento (ou atendimento) perior e existência de coordenador no
da família, é de fundamental impor- CRAS, sobre o não cumprimento. Um
tância. total de 338 CRAS não cumpre esta
meta, como se observa na Tabela 06.
Nem toda família encaminha- Com relação aos CRAS que não rea-
da para acesso ao benefício será
lizam orientação/acompanhamento
acompanhada. Deverão ser acom-
para inserção de famílias no BPC,
panhadas, com prioridade, as que
mais uma vez é possível observar a
apresentem situações indicadas na
relação entre a inexistência de co-
Meta 5. Para mais informações so-
bre acompanhamento, ver Meta 1. ordenador e o não cumprimento da
meta, afinal, dos 338 CRAS nesta si-
Somente é possível afirmar que há tuação 67,2% não possuem coorde-
um processo de orientação/acompa- nador, ator estratégico para a gestão
nhamento para inserção de famílias do território, articulação e coordena-
no BPC, se já houve o estabeleci- ção de processos para acesso a di-
mento de fluxos entre a Secretaria reitos, e interlocutor privilegiado do
de Assistência Social (ou congênere) CRAS com a Secretaria Municipal (ou
e as agências do INSS; se o coorde- do DF). Neste sentido, os municípios
nador do CRAS conhece e alimenta ou DF que ainda não designaram co-
esse fluxo; e, ainda, se o serviço de
ordenador de CRAS deverão fazê-lo
Vigilância Social garante que essa
o quanto antes, ou prever esta desig-
meta seja cumprida, avaliando a re-
nação em Plano de Providências.
lação entre encaminhamentos feitos
ao INSS e benefícios gerados, repas- O quantitativo de técnicos parece
sando tal informação ao CRAS. não ter influência na realização da
atividade uma vez que a maioria dos
Dada a centralidade da gestão arti- CRAS (74,6%) cumpre a exigência
culada benefícios e serviços, para do período anual vigente. No entan-

Tabela 06 – CRAS que não realizam orientação/companhamento para


inserção de famílias no BPC

Situação Número de CRAS Percentual


Não realiza orientação/ acompanhamento para inserção
de famílias no BPC e 338 100%
Possui coordenador 111 32,8%
Não possui coordenador 227 67,2%
Possui quantitativo exigido de técnicos de nível superior 252 74,6%
Não possui quantitativo exigido de técnicos de nível superior 86 25,4%

Fonte: Censo SUAS/CRAS 2010 53


Volume 1
Orientações Técnicas , Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
to, para os municípios cujos CRAS se xima meta, juntamente com as me-
encontrem entre os 25,4% que não tas 4 e 5, as Secretarias Municipais
cumprem esta meta e não dispõem e do DF criam condições para a im-
do quantitativo de técnicos de ní- plantação do Protocolo de Gestão
vel superior exigido, será necessário Integrada, articulando serviços de
ajustar a dimensão recursos huma- proteção básica, benefícios e trans-
nos, ou prever adequação em Plano ferência de renda.
de Providências, visto que o acúmulo
de funções e, ou a não observância
da carga horária exigida, de fun-
7. Encaminhamento para
cionamento dos CRAS, com equipe
completa, pode ter impacto direto
inserção de famílias
no não cumprimento desta meta. no Cadastro Único de
Programas Sociais -
Nessa meta, o envolvimento da ges- CadÚnico (2009/2010)
tão local na organização do proces-
Consiste no encaminhamento das
so de trabalho é fundamental para
famílias para inserção no CadÚnico,
o seu cumprimento, conforme se
seja porque todas as famílias refe-
viu. O estado deve orientar o ges-
renciadas ao CRAS devem ser cadas-
tor quanto à necessidade de articu-
tradas; porque houve identificação
lação com o Instituto Nacional do
de famílias que não estão no Cadas-
Seguro Social (INSS), visando o esta-
tro e que fazem jus à transferência
belecimento de fluxos de informa-
de renda assegurada pelo Programa
ções e de encaminhamentos entre a
Bolsa Família (PBF); ou por outros
Secretaria de Assistência Social e o
programas (estaduais, do DF e,ou
INSS, para obter maior qualidade na
municipais); ou ainda porque são be-
operacionalização do BPC.
neficiárias do BPC e ainda não cons-
Portanto é necessário que o estado tam do CadÚnico (ver meta 5).
oriente o gestor sobre a importância
da capacitação dos profissionais dos Com vistas a contribuir para o regis-
CRAS quanto aos critérios para habi- tro do número de famílias atendi-
litação do BPC; local de acesso a do- das e organização das informações
cumentos e formulários necessários registradas, bem como para a arti-
ao requerimento e seus trâmites jun- culação/integração entre serviços,
benefícios e transferência de renda,
to ao INSS, tornando-os aptos a pres-
de forma territorializada, recomen-
tar informações e orientações ade-
da-se a inserção, no CadÚnico, de
quadas para inserção de famílias no
todas as famílias atendidas no PAIF,
benefício. Esse atendimento do PAIF
de forma a registrar o NIS (Número
constitui um importante processo na de Identificação Social) no prontu-
promoção do acesso aos direitos. ário da família, bem como facilitaro

54 Com o cumprimento desta e da pró-


acesso a outras políticas sociais.

Volume 1
Orientações Técnicas, Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
Como em 97% dos municípios bra- Nos casos em que o Cadastro Único é
sileiros o Cadastro Único é operado operado no CRAS, ou mesmo quando
pela Secretaria de Assistência Social, as atualizações cadastrais são feitas
o cumprimento desta meta depende no CRAS, torna-se necessário dispor
de um investimento do gestor muni- de espaço físico e de recursos hu-
cipal de assistência social (ou congê- manos suficientes, específicos para
nere) no estabelecimento de fluxos essa finalidade. Os técnicos de nível
de encaminhamentos entre o CRAS e superior da equipe de referência do
as unidades (ou locais) responsáveis CRAS não podem assumir essa atri-
pelo cadastramento, no município buição, sob pena de deixarem de re-
(ou DF). Também é preciso que se- alizar as atividades fundamentais do
jam previstos retorno das informa- PAIF, conforme já explicitado.
ções ao CRAS, de forma organizada,
No entanto, é bastante interessante
sobre o acesso das famílias à renda,
que os técnicos tenham acesso às
ou inclusão no CadÚnico (neste caso
informações do CadÚnico. Desta for-
com indicação do NIS, para que seja
ma, eles, que são responsáveis pelo
registrado no prontuário da família),
acompanhamento e atendimento do
o que pode ser feito definindo-se
PAIF, podem sempre se certificar das
quais informações devem retornar
famílias que precisam fazer atualiza-
ao CRAS, com que periodicidade e
ção cadastral, devem ser cadastradas
quem será responsável por encami-
(quando ainda não o foram), ou enca-
nhar a informação, o que pode variar
minhadas para acesso à renda. Além
em cada município (ou DF), a depen-
disso, várias informações disponíveis
der de sua estrutura administrativa.
no cadastro servem como elemen-
tos importantes para conhecimento
Somente é possível afirmar que há da família por parte do técnico. Se
um processo de encaminhamen-
o técnico não acessa informações do
to para inserção no CadÚnico, se já
CadÚnico, há que se verificar a pos-
houve o estabelecimento de fluxos
sibilidade destas informações serem
entre o CRAS e instâncias responsá-
encaminhadas ao CRAS e anexadas
veis pelo cadastramento e pela or-
ganização estratégica de dados (que aos prontuários, de forma a evitar
devem chegar aos CRAS e retornar duplicidade de informações a serem
ao nível central), sob coordenação prestadas pelas famílias e racionalizar
da Secretaria Municipal ou do DF, e o tempo dedicado ao atendimento.
se o coordenador do CRAS avalia,
No caso dos CRAS que não reali-
com regularidade, esse processo,
zam encaminhamento para inserção
contribuindo para seu aprimora-
de famílias no CadÚnico, propõe-
mento, junto ao órgão central. Trata-
-se analisar, com base nos dados
se, portanto, da implantação, na sua
totalidade, do Protocolo de Gestão da Tabela 07, a possível interfe-
Integrada entre serviços e transfe- rência do quantitativo de Recursos
rência de renda. Humanos(número de profissionais de 55
Volume 1
Orientações Técnicas , Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
Tabela 07 – CRAS que não realizam encaminhamento para inserção de
Famílias no CadÚnico

Número de
Situação Percentual
CRAS

Não realiza encaminhamento para inserção de famílias no CadÚnico e 295 100%

Possui coordenador 96 32,5

Não possui coordenador 199 67,5

Possui quantitativo de técnicos de nível superior exigido 236 80,0

Não possui quantitativo de técnicos de nível superior exigido 59 20,0

Possui acesso ao sistema (CadÚnico) para inserção de dados ou para


*178 60,3
consulta/pesquisa

Não possui acesso ao sistema (CadÚnico) 117 39,7

Fonte: Censo SUAS/CRAS 2010

*Observação: Dentre os 178 CRAS que não realizam encaminhamento para inserção de famílias no
CadÚnico e possuem acesso ao sistema para inserção de dados ou para consulta/pesquisa, 70,2% (125) CRAS
realizam cadastramento ou atualização cadastral do CadÚnico.

nível superior); da existência de coor- sulta ou pesquisa não garante, por


denador; do acesso ao sistema CadÚ- si, o encaminhamento para inserção
nico; e se o cadastramento dos bene- no CadÚnico. Ou seja, além de con-
ficiários é realizado no próprio CRAS. sultar e pesquisar, é necessário que
a articulação entre serviços e trans-
Dentre os 295 CRAS que não reali-
ferência de renda seja assegurada,
zam encaminhamento para inserção
por meio de definição de fluxos e
no CadÚnico, observa-se que mais
responsabilidades, conforme se viu.
da metade (60,3%) possui acesso
ao sistema para inserção de dados Nos casos em que os CRAS não fa-
ou consulta/pesquisa. Já dentre os zem encaminhamentos e não fazem
178 CRAS que não cumprem esta o cadastramento das famílias no re-
meta, mas acessam o CadÚnico, 125 ferido sistema, cabe ao estado pro-
(70,2%) procedem ao cadastramen- ceder à orientação técnica e apoiar
to das famílias na própria Unidade. o município na organização dos flu-
Nestes casos, o não encaminhamen- xos, responsabilidades e procedi-
to para inserção no CadÚnico não mentos, para o que torna-se impres-
configura pendência, podendo o cindível a presença do coordenador
estado considerar esta meta como do CRAS. Neste sentido, observa-se
cumprida, desde que o(s) técnico(s) que 67,5% das unidades que não
responsável(eis) pelo cadastramento atingiram a meta não possuem um
não seja(m) integrante(s) da equipe profissional designado para a fun-
responsável pelo desenvolvimento ção de coordenador. Providências
do PAIF.O acesso ao sistema, pelas deverão ser tomadas, de forma a ga-
56 equipes do CRAS, apenas para con- rantir que essa condição, essencial

Volume 1
Orientações Técnicas, Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
ao cumprimento desta meta, seja no CadÚnico, racionalizar as ofertas
assegurada. e traduzir o referenciamento dos
serviços ao CRAS em ação concreta,
Embora apenas 20% dos CRAS que
tornando a principal unidade pública
não cumprem esta meta não tenham
de proteção básica, uma referência
o número exigido de profissionais de
para a população local.
nível superior, nestes casos há que
se orientar o gestor para a necessi- A busca ativa é uma atividade estra-
dade de compor a equipe, de forma tégica do SUAS. Deve, portanto, ser
a garantir que esta atividade seja in- coordenada pela Secretaria Munici-
corporada como rotina, nos CRAS, o pal (ou do DF) e ser tratada em reu-
que deve ser objeto de orientação niões regulares com participação dos
por parte do estado e de busca de coordenadores de CRAS, conforme se
soluções urgentes, por parte destes verá adiante. No âmbito do Plano Bra-
municípios (ou DF), cabendo elabo- sil sem Miséria, a atividade de busca
ração de Plano de Providências e de ativa será potencializada por meio de
Plano de Apoio, para cumprimento parcerias com outras políticas seto-
da meta. riais e apoio da sociedade civil. Para
tal, a Prefeitura Municipal ou Gover-
As duas próximas metas (números
no do DF deverá conferir ao gestor
8 e 9) referem-se a atividades de
da política de assistência social a
gestão do CRAS e, portanto, são
coordenação da busca ativa, definir
altamente dependentes da exis-
fluxos intersetoriais e procedimentos
tência do coordenador do CRAS, e
de tratamento das informações, com-
também da definição clara de dire-
petências e responsabilidades dos
trizes, responsabilidades, fluxos e
atores envolvidos, bem como equipar
procedimentos por parte da Secre-
o órgão gestor de Assistência Social
taria Municipal ou do DF, o que tem
(responsável pela coordenação) com
incidência direta sobre a gestão da
recursos humanos e materiais para
proteção básica do SUAS.
execução exitosa de tal tarefa.

8. Realizar busca ativa No nível local, refere-se à procura in-


(2009/2010) tencional, realizada pela equipe de
referência do CRAS, das ocorrências
A busca ativa constitui uma das
que influenciam o modo de vida da
ações de gestão territorial da prote-
população em determinado territó-
ção básica do CRAS. Tem por objeti-
rio. Tem como objetivo identificar as
vo promover a atuação preventiva,
situações de vulnerabilidade e risco
disponibilizar serviços próximos do
social, ampliar o conhecimento e a
local de moradia das famílias, iden-
compreensão da realidade social,
tificar famílias no perfil e sem acesso
para além dos estudos e estatísticas.
a benefícios ou transferência de ren-
da, identificar famílias não inseridas
Contribui para o conhecimento da
dinâmica do cotidiano das popula-
57
Volume 1
Orientações Técnicas , Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
ções (a realidade vivida pela família, Onde não está estruturada, reco-
sua cultura e valores, as relações que menda-se que seja criada nas áreas
estabelece no território e fora dele); de planejamento ou gestão do SUAS.
os apoios e recursos existentes, seus
vínculos sociais. Portanto, a ação de busca ativa rea-
lizada pela equipe de referência do
No CRAS, tal atividade pode ser efe- CRAS, contribui, na sua esfera de atu-
tuada por meio do deslocamento da ação, para a Vigilância Social do mu-
equipe no território; troca de infor- nicípio (ou DF). O gestor é responsá-
mações com os atores sociais locais; vel por garantir que sejam definidos
articulação com a rede socioassisten- procedimentos e fluxos regulares de
cial (meta 9) e de outros setores; ou informações que serão encaminha-
mesmo por meio de consulta às listas dos para a Secretaria e vice-versa.
dos beneficiários de renda (famílias e Reuniões regulares da equipe central
indivíduos) ou de benefício eventual, com coordenadores dos CRAS visam
bem como de programas sociais, den- organizar e aprimorar processos que
tre eles famílias de crianças, adoles- devem ser implantados em todos
centes, jovens e idosos atendidos nos os CRAS de um mesmo município.
serviços de proteção básica, sempre Por sua vez, o coordenador de cada
que identificada necessidade. CRAS tem responsabilidade, junto à
sua equipe de técnicos, de garantir
O planejamento e organização das que a busca ativa seja uma atividade
informações territorializadas, oriun- planejada e estratégica, avaliar sua
das da busca ativa, são de respon- execução e contribuir, junto ao nível
sabilidade do coordenador do CRAS, central, para seu aprimoramento.
bem como seu uso para definir ações
estratégicas, urgentes, preventivas e A busca ativa, cuja responsabilida-
de rotina da Unidade. Se por um lado de de coordenação no território de
o coordenador do CRAS é essencial abrangência do CRAS, é do coorde-
à realização da busca ativa no terri- nador, é materializada pela ação dos
tório de abrangência, por outro ele é técnicos de referência do CRAS, mais
apenas parte do processo, cuja res- especificamente pelos técnicos de
ponsabilidade maior é da Secretaria nível superior, responsáveis pelo PAIF.
Municipal ou do DF, de Assistência Identificadas as situações de vulnera-
Social (ou congênere). Nos municí- bilidade, risco e potencialidade social
pios onde a Vigilância Social esteja do território, são gerados registros de
estruturada, será a responsável pela informação e dados que possibilitam
análise das informações estratégicas a ação preventiva e a priorização do
e encaminhamento das mesmas para acesso dos mais vulneráveis aos ser-
CRAS e CREAS, bem como para re- viços e benefícios de assistência so-
cepção dos retornos de informações cial, e que subsidiam a vigilância so-

58 essenciais à atividade da vigilância. cial do município. Da mesma forma,

Volume 1
Orientações Técnicas, Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
a Vigilância alimenta as equipes dos dor; do uso de listagens de famílias
CRAS, estabelecendo relação com o inscritas no Cadastro Único de seu
departamento (setor ou coordena- território de atuação; e da existência
ção) de proteção básica que, por sua de veículo para locomoção da equipe,
vez, é responsável pela coordenação conforme dados da Tabela 08.
dos CRAS. A busca ativa é, portanto,
componente fundamental ao desen- Dentre as prováveis variáveis que
volvimento do PAIF. contribuem para prejudicar a reali-
zação de busca ativa, mais uma vez
A realização de busca ativa somen- chama atenção a inexistência de
te é efetiva se ocorre de modo pla- coordenador responsável pela ges-
nejado e regular, sob a responsabi- tão do território, visto que 62,4%
lidade do coordenador do CRAS. É dos CRAS que não cumprem essa
ainda uma atividade importante da meta não designaram coordenador
Vigilância Social do município, DF e e 20,4% dos CRAS não possuem o
Estados. Não deve ser considerada quantitativo exigido de técnicos de
uma atividade se ocorre esporadi- nível superior.
camente ou como resposta a uma
demanda pontual da Secretaria Adicionalmente, 40% dos CRAS que
Municipal de Assistência Social ou não cumprem esta meta não possuem
congênere. a listagem de famílias cadastradas no
CadÚnico, o que prejudica a realiza-
Com relação ao não alcance da meta ção da busca ativa como atividade es-
“realizar busca ativa”, o que foi identi- tratégica nos territórios. Assim como
ficado em apenas 157 CRAS, buscou- para outras metas já apresentadas,
se averiguar a possível interferência o cumprimento desta depende de
do quantitativo de Recursos Huma- informações que sejam encaminha-
nos, (número de profissionais de nível das com regularidade para os CRAS,
superior); da existência de coordena- deve ser coordenada pela Secretaria

Tabela 08 – CRAS que não realizam busca ativa


Situação Número de CRAS Percentual
Não realiza busca ativa e 157 100%
Possui coordenador 59 37,6
Não possui coordenador 98 62,4
Possui quantitativo de técnicos de nível superior exigido 125 79,6
Não possui quantitativo de técnicos de nível superior exigido 32 20,4
Possui listagem de famílias inscritas no Cadastro Único de
Programas Sociais do seu território de atuação 94 59,9
Não possui listagem de famílias inscritas no Cadastro Único de
Programas Sociais do seu território de atuação 63 40,1
Possui veículo 129 82,2
Não possui veículo
Fonte: Censo SUAS/CRAS 2010
28 17,8
59
Volume 1
Orientações Técnicas , Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
Municipal (ou do DF) e depende da fundamental esclarecer que exis-
organização de gestão, que envolva tem diversas formas de realizar esta
os coordenadores dos CRAS. Estes atividade, inclusive por meio de di-
últimos, por sua vez, deverão analisar vulgação dos serviços ofertados nos
as informações recebidas e planejar, CRAS,devendo-se estimular a utiliza-
junto com a equipe técnica, as ações ção de variadas mídias; envio de cor-
de busca ativa, bem como encami- respondências; divulgação de listas
nhar, para a Secretaria, aquelas que em locais estratégicos, cartazes, fol-
forem julgadas estratégicas. ders, etc, ou ainda por meio do apoio
de outras unidades, equipes e políti-
Para alcance desta meta é fundamen- cas públicas.
tal que os estados orientem o gestor
a indicar um técnico de nível supe- Resta destacar que a grande maio-
rior para exercer a função de coorde- ria dos CRAS que não alcançam a
nador do CRAS, a compor a equipe meta de busca ativa possui veículo
de técnicos de nível superior confor- (82,2%), o que corresponde a 129
me exigências e sobre a importância de um total de 157 CRAS, conforme
de implantar a Vigilância Social, que se pode constatar pela tabela 09,
deve coordenar a busca ativa em não indicando ser este um problema
todo o município (ou em suas regio- para o cumprimento dessa meta. No
nais, no caso de metrópoles ou gran- entanto, é importante que o estado
des cidades). Nos casos em que não observe se o veículo é exclusivo ou
for possível, no curto prazo, cumprir compartilhado com a Secretaria ou
esta meta, deve-se orientar o gestor outro equipamento público, e como
e o Conselho de Assistência Social ele está sendo utilizado. Dentre os 28
para a necessidade de elaboração de CRAS que não cumprem esta meta e
Plano de Providências. não possuem veículo (17,8%), a maior
parte (89,3%) está localizada em mu-
Outro ponto relevante no processo nicípios de pequeno porte I, o que pa-
de orientação aos municípios, e que rece ser mais uma questão relaciona-
pode ter um impacto imediato para da à falta de compreensão do papel
o alcance desta meta, diz respeito da busca ativa no SUAS. Amenos que
à concepção da atividade de bus- o município seja essencialmente rural
ca ativa. Embora não seja possível ou com grande espalhamento territo-
mensurar a interferência do grau de rial, o cumprimento desta meta não
entendimento dos técnicos por meio depende de veículo, sendo possível o
dos dados do Censo CRAS, pode-se deslocamento da equipe a pé, ou por
pressupor que alguns profissionais outros meios, mais adequados.
estejam compreendendo a busca ati-
va de forma restrita, relacionando-a Nessa direção, quando o território dos
apenas a atividades externas,como CRAS de municípios de pequeno por-

60 visitas domiciliares, por exemplo. É te abranger comunidades rurais ou

Volume 1
Orientações Técnicas, Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
Tabela 09 - CRAS que não realiza busca ativa, segundo existência ou não de
veículo, por porte de município

Possui veículo Não possui veículo TOTAL


(Porte 2007)
N % N %

Pequeno I 52 40,3 25 89,3 77

Pequeno II 34 26,4 2 7,1 36

Médio 9 7,0 ---- ---- 9

Grande 28 21,7 ---- ---- 28

Metrópole 6 4,6 1 3,6 7

TOTAL 129 100,0 28 100,0 157


Fonte: Censo SUAS/CRAS 2010

comunidades de difícil acesso, e que lização do SUAS e tem por objetivo


a estratégia de busca ativa mais indi- promover a atuação preventiva, dis-
cada seja a realização de visitas do- ponibilizar serviços próximo do local
miciliares, é importante que o estado de moradia das famílias, racionalizar
oriente os gestores municipais para as ofertas e traduzir o referencia-
a importância de organizar um cro- mento dos serviços ao CRAS em ação
nograma de utilização de veículo(s) concreta, tornando a principal unida-
da Secretaria Municipal, adequado de pública de proteção básica uma
às demandas do território do CRAS referência para a população local.
e, nos casos em que for necessário, Essa atividade é fundamental para a
providenciar aquisição de veículo(s). constituição de uma rede de proteção
É interessante também que o estado básica do SUAS no território.
desenvolva linhas de financiamento
para aquisição de veículo, nos casos A responsabilidade pela gestão da
em que este seja o maior empecilho. proteção social básica é da Secre-
No caso dos municípios de maior por- taria Municipal (ou do DF) de Assis-
te, o veículo parece essencial ao cum- tência Social, ou congênere. Porém,
primento desta meta. conforme explicitado anteriormente,
a gestão territorial, que deve estar
em consonância com as diretrizes
9. Realizar atividade de estabelecidas pelo órgão gestor, é
gestão do território, responsabilidade do coordenador do
articulando a rede de CRAS, que deve contar com o auxílio
Proteção Social Básica dos demais componentes da equipe
de referência.
(2010/2011)

A gestão territorial da proteção básica Dentre as ações de gestão territorial da


responde ao princípio de descentra- proteção social básica, destacam-se:
61
Volume 1
Orientações Técnicas , Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
1. Articulação da rede socioassisten- A articulação da rede de proteção bá-
cial de proteção social básica referen- sica é ainda condição para que todos
ciada ao CRAS (caso haja rede) e dos
os serviços de convivência ofertados
serviços nele ofertados (caso haja);
pela proteção básica, no território de
2. Promoção da articulação interse- abrangência dos CRAS, sejam a ele
torial (ver comentários finais), e
referenciados. Estar referenciado
3. Busca ativa (já descrita no item 8). significa, de acordo com o Caderno
A articulação da rede de proteção CRAS25, que os serviços “devem re-
social básica referenciada ao CRAS, ceber orientações emanadas do po-
prevista nesta meta, é uma atividade der público, alinhadas às normativas
eminentemente de gestão e consis- do SUAS e estabelecer compromissos
te no estabelecimento de contatos, e relações, participar da definição de
alianças, fluxos de informações e fluxos e procedimentos que reconhe-
encaminhamentos entre o CRAS e as çam a centralidade do trabalho com
demais unidades de proteção social famílias no território e contribuir para
básica do território. Visa promover a alimentação dos sistemas da Rede-
o acesso dos usuários do PAIF aos SUAS (e outros)”.
demais serviços socioassistenciais O referenciamento dos serviços de
de proteção básica e ainda possi- proteção básica ao CRAS visa, so-
bilita que a família de usuário(s) de bretudo, tornar factível a articulação
serviço(s) da rede local tenha asse- do PAIF com os demais serviços. Por
gurado seu acompanhamento, pelo esse motivo, as orientações técnicas
PAIF, caso se encontre em situação da proteção básica sobre serviços
de maior vulnerabilidade ou risco afirmam que um técnico do CRAS deve
social. Neste sentido, o papel do co- ser referência para serviços prestados
ordenador do CRAS é fundamental, no território ou no próprio CRAS. Não
como articulador da rede, para pro- se quer com isso dizer que o técnico
vocar a compreensão de que as va- deve se deslocar para prestar serviços
gas são públicas e destinam-se às fa- de convivência, ou que deva ser res-
mílias que necessitam; mas também ponsável pelo planejamento das ativi-
pelo seu importante papel de orga- dades do serviço, ou pela capacitação
nizar os fluxos, responsabilidades e dos orientadores sociais26, mas que
procedimentos entre CRAS e outras ele deve manter reuniões regulares
unidades (públicas e privadas) de com os responsáveis pelos serviços
proteção básica do território, de for- ofertados no território, receber men-
ma a garantir que as famílias encami- salmente a lista de frequência aos
nhadas sejam inseridas nos serviços.
Para tanto, é importante que o CRAS
disponha de informações sobre a ca- 25 Orientações Técnicas Centro de Referência
de Assistência Social – CRAS, p 22. 2009
pacidade de atendimento de cada
26 O planejamento de atividades dos serviços e

62 unidade do território, das vagas ocu-


padas e ainda não ocupadas.
capacitação dos orientadores sociais é atribuição
dos Estados, municípios e DF.

Volume 1
Orientações Técnicas, Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
serviços e discutir as ausências mais tencial do território, pela Secretaria
frequentes, com o orientador social Municipal ou do DF; se há reuniões
(responsável pelos diversos serviços periódicas do coordenador do CRAS
de convivência e fortalecimento de com coordenadores das demais uni-
vínculos), de forma a identificar fa- dades de proteção básica; inserção
de pessoas que mais necessitam nos
mílias que necessitem do apoio do
serviços de proteção básica, a par-
estado e do acompanhamento pelo
tir do trabalho social com famílias;
PAIF. Ou seja, visa-se assegurar o
acompanhamento, pelos técnicos de
compartilhamento entre os técnicos
nível superior, por meio de contatos
(do PAIF e dos serviços), de informa- com os orientadores sociais, da fre-
ções estratégicas para a proteção à qüência aos serviços, com identifi-
família e garantia dos direitos dos cação de vulnerabilidades e riscos;
seus membros. Amplia-se, assim, a bem como realização regular e pla-
capacidade protetiva das famílias, nejada de busca ativa.
por meio da responsabilização do
estado e do trabalho articulado entre No caso dos 4.138 CRAS que afirma-
instituições responsáveis pela oferta ram ter serviços de proteção básica,
dos serviços de proteção básica. mas não realizar atividades de gestão
do território, articulando a rede de
Trata-se, portanto, de atividade es-
proteção social básica, investiga-se a
sencial à gestão do território, que dá
possível a interferência da existência
sustentabilidade à premissa de que
ou não de um técnico de nível supe-
os serviços de proteção básica são
rior ocupando função de coordenador
complementares ao trabalho social
do CRAS, o quantitativo de recursos
com famílias, visto que a inserção
humanos de nível superior; e alguma
de membros mais vulneráveis nos
articulação com unidades públicas e
mesmos é garantida a todos que
conveniadas de proteção social bási-
deles necessitam. Expressa ainda
ca, a partir dos dados apresentados
a centralidade do CRAS, e uma das
na Tabela 10, a seguir.
funções primordiais, de gestão da
principal unidade pública da prote- Primeiramente, cabe mostrar o tama-
ção social básica, para a efetivação nho do desafio relacionado à gestão
da proteção às famílias, prevista articulada dos serviços de proteção
pelo PAIF, e para a organização do básica, nos território dos CRAS, vis-
SUAS como Sistema. to que municípios (e DF), com apoio
dos Estados e do MDS, têm até o úl-
Somente é possível afirmar que se timo dia do preenchimento do Cen-
realiza atividades de gestão do ter- so SUAS/CRAS 2011, para fazer com
ritório, articulando a rede de PSB, se que 4.138 CRAS cumpram esta meta.
já houve a institucionalização dos
fluxos de usuários e de informações Com relação ao total de CRAS que
entre o CRAS e a rede socioassis- não realiza a articulação de servi- 63
Volume 1
Orientações Técnicas , Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
Tabela 10 – CRAS que não executam atividades de gestão do território

Situação Número de CRAS Percentual

Não executa Atividades de gestão do território e 4.138 100%


Possui Coordenador 1.536 37,1
Não possui Coordenador 2.602 62,9
Possui alguma articulação com unidades públicas da rede
de Proteção Social Básica 4.042 97,7
Não possui nenhuma articulação com unidades públicas da
rede de Proteção Social Básica 96 2,3
Possui alguma articulação com unidades conveniadas da
Rede de Proteção Social Básica 3.640 88,0
Não possui nenhuma articulação com unidades conveniadas
da Rede de Proteção Social Básica 498 12,0

Fonte: Censo SUAS/CRAS 2010

ços de proteção básica no territó- cussão cabe aos Estados a orientação


rio, destaca-se que em 62,9% há quanto à necessidade de organização
ausência do coordenador. Como da rede socioassistencial e o apoio
esta é uma atividade de gestão do para a capacitação dos profissionais,
CRAS, a existência do coordenador entre outros. Já as Secretarias Muni-
é condição para seu cumprimento. cipais (e do DF) devem estabelecer
fluxos institucionalizados, garantir em
É importante ainda problematizar termo de convênio, quando se tratar
uma possível falta de entendimen- de unidades conveniadas , definir di-
to conceitual sobre o que constitui retrizes para as reuniões periódicas do
esta atividade, uma vez que 97,7% CRAS e da rede, e capacitar coordena-
dos CRAS que não a realizam afir- dor e técnicos. No âmbito dos CRAS,
mam possuir alguma articulação é preciso que o coordenador assuma
com unidades públicas da rede essa responsabilidade como uma de
de proteção social básica e outros suas atividades cotidianas, buscando
88% informaram ter alguma articu- estratégias que viabilizem a articula-
lação com unidades conveniadas da ção da rede de proteção social básica
rede de proteção social básica. No no território de abrangência do CRAS,
entanto, nestes territórios, pode ser tais como realização de oficinas e reu-
que a articulação seja mais informal niões, de modo a operacionalizar os
do que institucional. fluxos, aprimorar os processos e apro-
fundar a compreensão da matricialida-
Com o intuito de aprofundar essa dis-
de sociofamiliar do SUAS.

64
Volume 1
Orientações Técnicas, Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
10. Esclarecimentos finais a integralidade do atendimento aos seg-
mentos sociais em situação de vulnera-
1) Embora a articulação intersetorial
bilidade e risco social.
componha as ações de gestão do territó-
rio, no processo de pactuação nacional 2) A referência e contrarreferência
não foi prevista como meta de desen- dos usuários no SUAS também não
volvimento dos CRAS, por não estar sob está prevista em metas. É, no entan-
a governabilidade exclusiva da política to, condição para a garantia do direito
de Assistência Social. Para que seja ga- de acesso e permanência dos usuários
rantida, é necessário um papel ativo do nos serviços e benefícios de assistên-
poder executivo municipal ou do DF, cia social. Efetiva-se por meio da defi-
como articulador político entre as diver- nição de fluxos e procedimentos entre
sas secretarias que atuam nos territórios CRAS e CREAS e, portanto, é altamente
dos CRAS, de forma a priorizar, estimular dependente da existência de coorde-
e criar condições para a articulação in- nador nestas unidades. No entanto,
tersetorial local (no território). O gestor depende também da articulação entre
de assistência social pode, no entanto, proteção básica e especial, nas secre-
influir para que seja definida a priorida- tarias municipais e do DF que dispo-
de de articulação das ações no território nham de CRAS e CREAS; e entre muni-
de abrangência do CRAS. A articulação cípios, ou destes com estados, sempre
intersetorial deve envolver escolas, pos- que o CREAS for regional. Para que o
tos de saúde, unidades de formação referenciamento dos usuários ao SUAS
profissional, representantes da área de seja efetivo, será necessário garantir,
infra-estrutura, habitação, esporte, lazer no processo de consolidação do SUAS,
e cultura, dentre outros e é essencial à que todo CRAS possa se reportar a um
garantia da proteção integral às famílias. CREAS e um CREAS possa se reportar a
A intersetorialidade se materializa por um ou mais CRAS, de forma a garantir
meio da criação de espaços de comu- que cada usuário (família) esteja refe-
nicação, do aumento da capacidade de renciado a um CRAS ou a um CREAS
negociação e da disponibilidade em se (no caso de violação de direitos ou si-
trabalhar com conflitos. Sua efetividade tuação de risco social). Neste segundo
depende de um investimento dos muni- caso, transitoriamente a responsabili-
cípios e DF, na promoção da intersetoria- dade pela proteção a essa família (ou
lidade local, bem como da capacidade indivíduo, enquanto não se identifica
em estabelecer e coordenar fluxos de a família) é do CREAS, até que a família
demandas e informações entre as orga- seja contrarreferenciada ao CRAS.
nizações e atores sociais envolvidos. A
promoção da articulação intersetorial, A seguir serão apresentadas as metas
no território de abrangência do CRAS, é de desenvolvimento dos CRAS da di-
uma ação coletiva, compartilhada e in- mensão “horário de funcionamento”, e
tegrada a objetivos e possibilidades de que são fundamentais para a garantia

65
outras áreas, tendo por escopo garantir da oferta do PAIF para a população re-
ferenciada ao CRAS.

Volume 1
Orientações Técnicas , Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
Dimensão Horário de Funcionamento
Coordenação-Geral de Serviços Socioassistenciais a Famílias

Conforme previsto nas “Orientações mensão “horário de funcionamento”,


Técnicas Centro de Referência da As- que deveriam ter sido cumpridas até
sistência Social- CRAS”, página 59, outubro de 2010 e que, na lógica das
assim como o espaço físico, o horário metas cumulativas a cada período
de funcionamento dos CRAS deve anual, se mantêm para os períodos
ser compatível com os serviços ofer- seguintes (no entanto, como cumpri-
tados e adequado ao atendimento das). São elas:
de todos aqueles que o demanda-
(A) Funcionamento (do CRAS) igual
rem, maximizando a possibilidade
ou superior a 5 dias por semana.
de acesso dos usuários aos seus di-
reitos socioassistenciais. (B) Funcionamento (do CRAS) igual
ou superior a 8 horas por dia.
Sendo assim, para refletir tais carac-
terísticas, o CRAS deve funcionar, no Para facilitar o acesso e participação
mínimo, cinco dias por semana e oito dos usuários, os horários de atendi-
horas por dia, totalizando 40 horas mento nos CRAS são flexíveis, ou seja,
semanais. Deve ainda contar com a as unidades podem funcionar em pe-
equipe de referência completa, rea- ríodo noturno e/ou finais de semana.
lizando atividades próprias do PAIF,
durante todo o período funciona- Dados Gerais
mento. Isto quer dizer, por exemplo,
De uma maneira geral, conforme ex-
que se em 2010/2011, para municí-
presso no Gráfico 01 a seguir, os resul-
pios de Pequeno Porte I e II são exi-
tados relativos à Dimensão Horário de
gidos 02 técnicos de nível superior,
Funcionamento são bastante positivos,
ambos devem estar disponíveis para
visto que 97% dos CRAS registrados
atendimento (interno ou externo ao
no Censo SUAS/CRAS 2010 cumprem
CRAS) 05 dias por semana durante as
as duas metas estipuladas.
08 horas diárias. Caso a carga horária
de trabalho de um profissional seja
Como forma de identificar se existe
inferior a 40 horas, outro profissional
influência de déficit de recursos hu-
deverá ser integrado à equipe de re-
manos nos 3% das unidades (231
ferência, de forma que durante todo
CRAS) que não atingiram a meta
o período de funcionamento, o CRAS
prevista, realizou-se um cruzamento
possua equipe conforme exigência.
com o quantitativo de técnicos de
nível superior. Identificou-se desta
Para o período anual 2009/2010,
forma que 19% (45 CRAS) têm déficit
a Comissão Intergestores Tripartite

66
de profissionais de nível superior, em
(CIT) pactuou duas metas para a di-

Volume 1
Orientações Técnicas, Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
Gráfico 01- Resultado Geral da Dimensão Horário de funcionamento

Percentual de CRAS que atingem ou não as metas de Desenvolvimento


dos CRAS nos períodos 2009/2010 e 2010/2011

Fonte: Censo SuAS/CRAS 2010

relação às exigências para o período quantitativo superior de técnicos


anual 2010/2011. para equipe de referência, quando
a carga horária dos trabalhadores
uma solução para o quantitativo de for inferior a 40 horas. Para tanto,
profissionais deve ser dada o quanto é necessário que os gestores esta-
antes, sendo a realização de concursos duais orientem os gestores munici-
públicos a orientação ideal para regu- pais, e que estes últimos tomem as
larização da situação. Caso não seja providências cabíveis para que se
possível, de forma emergencial, o es- faça cumprir a meta nacionalmente
tado pode orientar o gestor para que pactuada. Outra prática que tem sido
realize contratação temporária me- observada é que um mesmo técnico
diante seleção pública27. Além disso, é funcionário de mais de um CRAS,
os técnicos estaduais devem orientar ou de CRAS de mais de um municí-
o gestor para que as equipes dos CRAS pio, situação que exige rápida solu-
estejam completas durante todo o pe- ção e adequação.
ríodo de funcionamento da unidade.
Outras orientações relacionadas à
Dado que mais da metade dos CRAS dimensão Recursos Humanos po-
que não atendem às metas previstas dem ser encontradas no próximo
para Horário de Funcionamento pos- item deste documento, cujo foco é
suem recursos humanos exigidos, o cumprimento do disposto na nor-
a solução para cumprimento desta ma Operacional Básica de Recursos
meta pode depender, sobretudo, da Humanos do SuAS (nOB-RH/SuAS).
organização de carga horária dos As metas de desenvolvimento do
funcionários e, eventualmente, da CRAS, relacionadas a esta dimensão,
necessidade de disponibilização de estão previstas na Resolução CiT
nº05/2010, e podem ser identifica-
27 Para mais informações, ver Dimensão
Recursos Humanos, neste documento.
das no Anexo 1 deste documento. 67
Volume 1
Orientações Técnicas , metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
Dimensão Recursos Humanos
Coordenação-Geral de Implementação e Acompanhamento da Política de RH do SUAS

O que orienta a dimensão de Recur- tão do trabalho como uma questão


sos Humanos no âmbito do SUAS é a estratégica. A qualidade dos serviços
concepção da Política de Assistência socioassistenciais disponibilizados à
Social, contida na Constituição Fede- sociedade depende da estruturação
ral (CF/1988), na Lei Orgânica de As- do trabalho, da qualificação e valori-
sistência Social (LOAS/1993), na Po- zação dos trabalhadores atuantes no
lítica Nacional de Assistência Social SUAS28.”
(PNAS/2004), na Norma Operacional
Básica do Suas (NOB SUAS/2005) e Os serviços socioassistenciais são
na Norma Operacional Básica de Re- previstos no artigo 23 da Lei Orgâni-
cursos Humanos do SUAS (NOB-RH/ ca da Assistência Social (LOAS) como
SUAS/2006). atividades continuadas que visam
a melhoria de vida da população e
Em relação aos Centros de Referên- cujas ações, voltadas para as neces-
cia da Assistência Social (CRAS) é sidades básicas, observem os obje-
importante, também, a publicação tivos e diretrizes previstos nessa lei.
Orientações Técnicas: Centro de Re-
ferência de Assistência Social – CRAS A NOB-RH/SUAS ao instituir as equi-
(Ministério do Desenvolvimento So- pes de referência reafirma a con-
cial e Combate à Fome. – 1. ed. – Bra- cepção que a proteção social se
sília: Ministério do Desenvolvimento materializa com a oferta de serviços
Social e Combate à Fome, 2009), es- socioassistenciais de caráter plane-
pecialmente o capítulo que apresen- jado e continuado visando efetivar
ta a composição, perfil e atribuição direitos sociais.
da equipe de referência no CRAS.
As Equipes de Referência “são aque-
Conforme expresso na Políti- las constituídas por servidores efeti-
ca Nacional de Assistência Social vos, responsáveis pela organização
(PNAS/2004) e referendado pela e oferta de serviços, programas, pro-
Norma Operacional Básica de Re- jetos e benefícios de proteção social
cursos Humanos do SUAS (NOB-RH/ básica e especial, levando-se em con-
SUAS/2006), a Política de Recursos sideração o número de famílias e indi-
Humanos é um dos eixos fundamen- víduos referenciados, o tipo de atendi-
tais do Sistema Único de Assistência mento e as aquisições que devem ser
Social (SUAS). Neste sentido, “(...) garantidas aos usuários”. No que se
Para a implementação do SUAS, e para refere aos Centros de Referência da
se alcançar os objetivos previstos na

68 PNAS/2004, é necessário tratar a ges- 28 NOB-RH/SUAS, 2006. p. 15.

Volume 1
Orientações Técnicas, Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
Assistência Social (CRAS), a NOB-RH prevê, para todos os portes de muni-
cípios, um coordenador com nível superior, concursado ou comissionado.
Além deste, a equipe de referência deve dispor de servidores efetivos
conforme quadro a seguir:

Famílias Capacidade de
Municípios Equipe de Referência Coordenador
referenciadas atendimento anual

02 técnicos com nível


Até 2.500 superior, sendo um
famílias assistente social e outro
Pequeno preferencialmente
500 famílias
Porte I psicólogo.
02 técnicos com nível
médio.
As equipes de
referência
do CRAS
devem contar
03 técnicos com nível sempre com um
superior, sendo dois coordenador com
Até 3.500 assistentes sociais e nível superior,
Pequeno famílias preferencialmente um
750 famílias concursado,
Porte II psicólogo. com experiência
03 técnicos com nível em trabalhos
médio. comunitários
e gestão de
programas,
projetos, serviços
e/ou benefícios
04 técnicos com nível
socioassistenciais
superior, sendo dois
Médio, assistentes sociais,
Grande, A cada 5.000 um psicólogo e um
1.000 famílias profissional que compõe
Metrópole famílias
e DF o SUAS.
04 técnicos com nível
médio.

O caderno Orientações Técnicas do Reafirma também o entendimen-


CRAS define que famílias referen- to que a equipe de referência nor-
ciadas são aquelas que vivem no matizada pela NOB-RH/SUAS trata
território de abrangência do CRAS do padrão estabelecido para cada
e que a capacidade de atendimen- CRAS levando-se em consideração
to anual é estimada com base na o número de famílias e indivíduos
proporção do número de famílias referenciados. Sendo o PAIF o princi-
referenciadas. Portanto, o número pal serviço da proteção social básica,
de famílias que vivem no território de oferta exclusiva e obrigatória nos
constitui parâmetro para a capaci- CRAS, e tendo em vista a possibilida-
dade de atendimento do CRAS. de de oferta de outros serviços neste
69
Volume 1
Orientações Técnicas , Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
equipamento estatal, sem que haja sos para a realização de concurso
prejuízo às atividades do PAIF, é ne- público, com o objetivo de contratar
cessária inclusão de novos profissio- e manter o quadro de pessoal ne-
nais à equipe de referência. cessário para a gestão e execução
dos serviços socioassistenciais.
A NOB-RH/SUAS determina que
toda a equipe de referência do É no Plano de Assistência Social que
CRAS seja composta por servidores os gestores devem incluir as ações
efetivos, ou seja, aqueles servido- da área da gestão do trabalho e de-
res que ingressaram nos cargos me- finir, no orçamento, os recursos e as
diante concurso público de provas ações orçamentárias para essa área,
ou de provas e títulos, conforme mantendo vinculação com os ins-
previsão constitucional, em virtude trumentos de planejamento público
da função pública que exercem nos (Plano Plurianual - PPA, Lei de Dire-
territórios. trizes Orçamentárias – LDO e Lei or-
çamentária Anual – LOA).
A equipe de referência e o coorde-
nador compõem, portanto o con- As normativas no âmbito do SUAS,
junto de agentes públicos do Esta- acima mencionadas, reafirmam que
do que materializam a política de a contratação de recursos huma-
assistência social por meio da ação nos deve se orientar pelas normas
planejada, qualificada e continuada. da Administração Pública, previstas
na Constituição Federal de 1988
O coordenador do CRAS é a referên- (CF/88), em seu art. 37, incisos de
cia estatal no território, com atribui- I à IX. O inciso II prevê a realização
ções e responsabilidades tais como de concurso público e o inciso IX, a
assinar documentos públicos; fazer contratação por determinado perí-
a gestão do equipamento; acom- odo, para cobrir necessidades tem-
panhar e avaliar as atividades nele porárias de excepcional interesse
planejadas e desenvolvidas pela público. No § 2º indica que “a não
equipe de referência; coordenar e observância do disposto nos incisos
articular a rede socioassistencial do II e III implicará a nulidade do ato e a
seu território; visando consolidar e punição da autoridade responsável,
subsidiar com informações preci- nos termos da lei”:
sas o gestor municipal; além de ser
uma referência para a comunidade e Art. 37. A administração pública
direta e indireta de qualquer dos
usuários dos serviços.
Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios
A NOB-RH/SUAS prevê, ainda, em obedecerá aos princípios de lega-
relação à Gestão do Trabalho, a res- lidade, impessoalidade, moralidade,
ponsabilidade do órgão gestor des- publicidade e eficiência e, também,
ao seguinte: (Redação dada pela
tinar recursos financeiros para essa
70 área, incluindo a previsão de recur-
Emenda Constitucional nº 19, de
1998).

Volume 1
Orientações Técnicas, Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
II - a investidura em cargo ou em- -- Art. 36. Os recursos repassados para o
prego público depende de aprova- custeio do Projovem Adolescente - Ser-
ção prévia em concurso público de viço Socioeducativo, por meio do Piso
provas ou de provas e títulos, de
Básico Variável, poderão ser destinados
acordo com a natureza e a complexi-
dade do cargo ou emprego, na forma à remuneração dos servidores públicos
prevista em lei, ressalvadas as nome- de nível médio ou superior que consti-
ações para cargo em comissão decla- tuem a equipe de referência necessária
rado em lei de livre nomeação e exo- à execução do serviço socioeducativo.
neração; (Redação dada pela Emenda Parágrafo único. Para os fins do dispos-
Constitucional nº 19, de 1998).
to no caput, considera- se:
IX - a lei estabelecerá os casos
de contratação por tempo de- -- I - remuneração: o total de paga-
terminado para atender a ne- mentos devidos ao servidor público,
cessidade temporária de ex- em decorrência do efetivo exercício
cepcional interesse público. em cargo, emprego ou função, in-
tegrantes da estrutura, quadro ou
tabela de servidores do Distrito Fe-
O mencionado inciso IX do art. 37 da deral ou município, conforme o caso,
Constituição Federal estabelece a ex- inclusive os encargos sociais;
ceção pela qual pode haver contrata-
ção por prazo determinado, mas, para -- II - efetivo exercício: atuação efe-
tiva no desempenho das atividades
tanto, exige que se encontrem pre-
relacionadas à execução do serviço
sentes dois requisitos: a) a previsão
socioeducativo, associada à sua re-
expressa em lei; e, b) a real existência
gular vinculação contratual, tem-
de “necessidade temporária de ex-
porária ou estatutária, com o ente
cepcional interesse público”. Obser-
governamental que o remunera, não
vado esses requisitos, o município sendo descaracterizado por even-
deve tomar todas as medidas legais tuais afastamentos temporários
cabíveis para a publicação de edital previstos em lei, com ônus para o
de seleção pública simplificada para empregador, que não impliquem rom-
contratação por tempo determinado. pimento da relação jurídica existente.

Além da possibilidade de aplicar o As orientações relacionadas à di-


que está previsto constitucionalmen- mensão estrutura física serão apre-
te, os gestores dos municípios, que sentadas a seguir e constituem con-
executam o Projovem Adolescente, dição fundamental para a garantia
devem adotar o que prevê a Portaria da oferta do PAIF, um serviço pú-
nº 171, de 26 de maio de 2009, no blico de proteção básica tipificado
artigo 36, que autoriza a utilização por meio da Resolução CIT nº109,
dos recursos repassados, por meio do de 11 de novembro de 2009. A es-
Piso Básico Variável, para remunera- trutura física é reflexo da concep-
ção dos servidores públicos efetivos, ção de trabalho social com famílias
de nível médio ou superior, para com- e deve ser expressão do direito das
por a equipe de referência do serviço famílias ao acesso a serviços de 71
da proteção social básica do SUAS: qualidade.
Volume 1
Orientações Técnicas , Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
dimensão estrutura física

A dimensão estrutura física será Em outras palavras:


apresentada em três itens. O primei-
“O CRAS não deve ser compreendido
ro explicita as metas de desenvolvi-
simplesmente como uma edificação.
mento dos CRAS, relacionando-as às
A disposição dos espaços e sua
orientações técnicas da proteção bá-
organização refletem a concepção
sica, expressas em duas publicações,
sobre trabalho social com famílias
cuja leitura é fundamental, visto
adotada pelos municípios.Assim, são
que complementam e aprofundam
fatores que influenciam a estrutura
as informações aqui sintetizadas.
e o funcionamento do CRAS: as
O segundo item disponibiliza infor-
rotinas e metodologias adotadas;
mações sobre compartilhamento de
as características do território e
espaço físico. O terceiro é uma nota
da população a ser atendida; a
do Fundo Nacional de Assistência
importância dada à participação
Social, sobre utilização dos recursos
das famílias no planejamento e
transferidos pela SNAS, aos fundos
avaliação dos serviços prestados e
municipais e do DF, para oferta de
ações desenvolvidas; a incidência
serviços, no que tange a dimensão
de determinadas vulnerabilidades
estrutura física.
no território; os recursos materiais e
equipamentos disponíveis; o papel
a) Metas de Desenvolvimento
desempenhado pela equipe de
dos CRAS
referência e sua concepção sobre
Coordenação-Geral de Serviços Socioassisten- famílias etc29.”
ciais a Famílias

Conforme vimos, a unidade pública


estatal, descentralizada da política de
assistência social, CRAS, é responsá-
vel por organizar a oferta dos serviços
de proteção social básica do Sistema
Único de Assistência Social (SUAS),
nas áreas de vulnerabilidade e risco
social dos municípios. Sua capilarida-
de nos territórios faz desta unidade a
principal porta de entrada do SUAS. É
importante, portanto que seu espa-
29 Orientações Técnicas Centro de Referencia
ço físico expresse tanto a concepção de Assistência Social – CRAS, p.47. Este material
da Política Nacional de Assistência encontra-se disponível em: http://mds.gov.

Social (PNAS/2004) como também a br/assistenciasocial/protecaobasica/cras/

72 cultura e padrões identitários locais.


documentos/orientacoes-tecnicas-centro-de-
referencias-de-assistencia-social-cras-1-1.pdf .

Volume 1
Orientações Técnicas, Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
Esta visão atende à premissa de paços ficam condicionadas à rela-
que o CRAS é o locus no qual os ção entre famílias referenciadas ao
direitos socioassistenciais são CRAS e a sua capacidade de aten-
assegurados, ou seja, deve ser dimento anual31.
passível de fácil identificação e
reconhecimento, pela popula- A seguir apresentamos os espaços
ção, enquanto unidade pública que todo CRAS deve dispor, confor-
que possibilita acesso a direi- me definido nas publicações citadas
tos. Por este motivo salienta-se, no parágrafo anterior, associando-os
como uma das metas de desen- às metas de desenvolvimento dos
volvimento do CRAS, do período CRAS, contidas na Resolução CIT
2008/2009, a instalação de placa nº05/2010 (Anexo 1):
de identificação, em modelo pa-
-- Recepção: é o local destinado ao
drão, que pode ser acessada no
acolhimento e informação das fa-
site do MDS30. mílias que chegam ao CRAS, ou seja,
não é apenas o local destinado à es-
Além das atividades de gestão
pera. Esta é uma meta de desenvolvi-
territorial, todo gestor deverá mento do CRAS, relativa ao período
zelar para garantir um ambiente 2009/2010.
agradável e adequado para re-
alização das atividades do PAIF -- Sala de atendimento: espaço desti-
e outros serviços ofertados no nado ao acompanhamento ou atendi-
mento particularizado de famílias (e
CRAS. Ou seja, todos os ambien-
indivíduos). Esta sala, independente-
tes devem ser limpos, iluminados,
mente do tamanho, deve assegurar o
ventilados, conservados e devem
sigilo das informações trocadas, en-
garantir privacidade a profissio-
tre técnicos e usuários.
nais e usuários.
-- Sala de uso coletivo: destinada
Os documentos “Orientações Téc-
nicas para o Centro de Referência 31 “A Melhoria da Estrutura Física para o

da Assistência Social – CRAS” e “A Aprimoramento dos Serviços. Orientações para


gestores e projetistas municipais”; página 29.
Melhoria da Estrutura Física para o Neste documento são apresentados modelos de
Aprimoramento dos Serviços. Orien- plantas e sugestões de soluções e adaptações
para o gestor municipal, e deve ser fonte
tações para gestores e projetistas
de estudo e consulta periódica. Encontra-
municipais” estabelecem parâme- se disponível em: http://www.mds.gov.br/
tros fundamentais no que tange gestaodainformacao/biblioteca/secretaria-
nacional-de-assistencia-social-snas/cadernos/
aos espaços físicos dessa unidade.
cras-a-melhoria-da-estrutura-fisica-para-o-
A quantidade e a metragem dos es- aprimoramento-dos-servicos-2013-orientacoes-
para-gestores-e-projetistas-municipais/
cras-a-melhoria-da-estrutura-fisica-para-o-
30 Link: http://www.mds.gov.br/saladeimprensa/ aprimoramento-dos-servicos-o-orientacoes-para-
marcas. gestores-e-projetistas-municipais.

73
Volume 1
Orientações Técnicas , Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
à realização de atividades coleti- ceito contemporâneo de ‘acessibilida-
vas, que permite uso múltiplo e oti- de’ (que) transcende o favorecimento
mizado, para atividades em grupo à autonomia de acesso a pessoas
do PAIF (acompanhamento), ofici- com deficiência, abrangendo, mais
nas com famílias, palestras, reuni-
amplamente, todas as pessoas que fo-
ões, exposições, apresentações, etc.
gem ao arquétipo de homem/mulher
Estas duas salas constituem uma meta
adulto(a). Isto significa, por exemplo,
de desenvolvimento dos CRAS, do pe- que as “criança” ou “idosos”, públicos
ríodo 2008/2009, traduzida como “pos- freqüentes nos CRAS, também de-
suir duas salas, sendo pelo menos uma mandam condições de acessibilidade
com capacidade superior a 15 pessoas”. próprias”, o que implica na garantia
Juntas, são essenciais para garantir o de um espaço de uso “equitativo,
acompanhamento e atendimento pró- versátil, natural, intuitivo e seguro,
prios do PAIF. (propiciando a) redução do esforço fí-
sico e da informação perceptível para
-- Banheiros: a meta de “ter banheiro” todos”32.
no CRAS foi estipulada para o período
2008/2009. Segundo as orientações Não obstante a adoção deste ‘dese-
técnicas, é recomendável a existência
nho universal’, os CRAS devem estar
de dois banheiros (feminino e mascu-
adequados às normativas relacio-
lino), garantindo a acessibilidade para
nadas à garantia de acessibilidade.
pessoas com deficiência.
Dentre os principais instrumentos
-- Sala administrativa (meta 2011/2012, reguladores destacam-se: Decreto
portanto, do próximo período): desti- nº 5.296/04, que regulamenta as leis
nada ao coordenador e profissionais nº 10.048/200 e nº10.098/2000 e a
do CRAS, para atividades de registro norma técnica ABNT NBR 9050: 2004.
de informações, produção de dados,
arquivo de documentos, alimentação Visando criar condições para que os
de sistemas de informação, reuniões municípios e DF adequem gradativa-
de equipe, etc. mente os espaços físicos dos CRAS,
-- Copa (não incluída nas metas, mas para garantir acessibilidade, no perí-
constante das orientações): destinada odo anual vigente (2010/2011), to-
ao preparo de lanches oferecidos aos dos deverão “possuir rota acessível
usuários, bem como para o uso da equi- para pessoas idosas e com deficiên-
pe de referência do CRAS. cia, aos principais acessos do CRAS:
recepção, sala de atendimento e sala
É imprescindível que os espaços
de uso coletivo”, no ano de 2011.
que compõem os CRAS garantam
acessibilidade aos seus usuários. O
documento “A Melhoria da Estrutu- 32 BRASIL. Ministério do Desenvolvimento
Social e Combate à Fome. A Melhoria da Estrutura
ra Física para o Aprimoramento dos
Física para o Aprimoramento dos Serviços”. 1 ed.
Serviços”, propõe a adoção do “con-
74 Brasília: MDS, 2009; Página 40.

Volume 1
Orientações Técnicas, Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
O não cumprimento dos requisi- tanto, deve-se observar o disposto
tos estabelecidos para os períodos na Tipificação Nacional dos Serviços
anuais anteriores, relativamente à Socioassistenciais e normativa(s)
dimensão estrutura física implica na específica(s) de cada serviço, sobre
necessidade de elaboração de Plano espaços necessários.
de Providências por municípios e DF
e de Plano de Apoio por estados (ou Há que se chamar atenção também
MDS). Os prazos para tal, são defini- para a meta 2010/2011, de que to-
dos no artigo 10 da Resolução CIT dos os CRAS “possuam computador”.
nº08/2010, exceto nos casos em Para compreensão da importância
que o município tenha superado, o dos computadores nos CRAS, reco-
que deverá ser informado ao Estado, menda-se leitura da dimensão “ativi-
acompanhado de comprovação. Vá- dades realizadas”.
rios estados têm apoiado municípios,
por meio do financiamento de cons- Conforme disposto na resolução CIT
trução e reforma. Sugere-se que as nº 06, de 01 de julho de 2008,e nas
“Orientações Técnicas - Centro de Re-
metas de desenvolvimento dos CRAS,
ferência da Assistencia Social” não é
na dimensão estrutura física, sejam
permitido que os CRAS compartilhem
traduzidas em critérios a serem ado-
seu espaço físico com ONGs/Entidade,
tados para financiamento de constru-
Associação Comunitária e ainda com
ção e reformas, por parte dos Estados outras estruturas administrativas, tais
(e MDS), visto que seu cumprimento como secretarias municipais, esta-
é responsabilidade de todos os entes. duais, prefeituras, entre outras. Isso
quer dizer que os CRAS não podem
Os CRAS que ainda não possuem rota funcionar nestes espaços e, quando
acessível aos principais espaços exi- funcionam, não podem ser conside-
gidos nos períodos anuais anteriores, rados CRAS. Duas metas (em desta-
devem ser objeto de todo esforço por que) foram estipuladas para o período
parte dos gestores municipais, do DF 2008/2009 e desde 2010 o MDS não
e estaduais, no sentido do alcance cofinancia CRAS que compartilhem
das metas previstas até o último dia espaços em prédios que o descaracte-
de preenchimento do Censo CRAS rizem como unidade pública.
2011, não sendo necessária a elabo-
ração de Plano de Providências. Su- Conforme disposto na Tipificação
gere-se, ainda, leitura do último item Nacional dos Serviços Socioassisten-
desta dimensão, sobre utilização de ciais, a oferta do PAIF cabe ao CRAS e,
recursos de pisos, para reformas. exclusivamente à esfera estatal. Nes-
te sentido, é vetado que o CRAS fun-
cione em imóvel compartilhado com
Garantidos os recursos humanos e os
espaços exigidos para oferta do PAIF, associações comunitárias ou ONG’s,
os CRAS podem ofertar outros servi- sob pena do não cumprimento da
ços de Proteção Social Básica. Para premissa de oferta estatal do PAIF.
75
Volume 1
Orientações Técnicas , Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
Além disso, em consonância com o ra – Plano de Aceleração do Cresci-
previsto nas Orientações Técnicas mento II - PAC II). Embora não sejam
do Centro de Referência de Assistên- contempladas nas metas de desen-
cia Social – CRAS, as funções desta volvimento do CRAS, considerou-se
unidade pública local não devem ser oportuno abordá-las neste docu-
confundidas com as do órgão ges- mento, por seu caráter complemen-
tor da política de assistência social tar às orientações relativas a esta
(ou outro qualquer). Ao CRAS cabe dimensão.
a oferta do PAIF e a organização,
articulação e coordenação da rede B) Espaços passíveis de
socioassistencial de seu território. compartilhamento
Ou seja, o CRAS materializa a des-
Coordenação-Geral de Serviços Socioassisten-
centralização dos serviços, prevista
ciaisa Famílias
em Lei (LOAS) e na PNAS. Por sua
vez, ao órgão gestor cabe a organi- Embora o CRAS seja um equipamen-
zação e gestão do SUAS no âmbito to estatal, os espaços físicos nem
do município. O funcionamento do sempre são de propriedade das pre-
CRAS em estruturas administrativas, feituras municipais. Muito embora a
ainda que relativas à assistência so- propriedade seja um elemento im-
cial, induz a equívocos quanto às portante para a execução dos servi-
responsabilidades específicas das ços, é possível que a implantação de
equipes de referência, ao possibili- CRAS se dê em imóveis cedidos ou
tar que essas assumam tarefas que alugados.
não lhe são próprias, prejudicando
a garantia da oferta dos serviços e Diante das dificuldades, dos muni-
o referenciamento dos usuários, cípios e DF, de disponibilidade ou
descumprindo o princípio da des- aquisição de imóveis para implan-
centralização e territorialização dos tação do CRAS, muitos gestores op-
serviços. tam por implantar CRAS em imóvel
compartilhado. Considerando tal
Excetuado o funcionamento de realidade, e garantidas as restrições
CRAS em prédios que o descarac- previstas em Resolução da CIT, des-
terizam como unidade pública, ou o tacadas no item anterior, considera-
confundem com unidades adminis- -se que determinados espaços nas
trativas da(s) Secretaria(s), o tópico edificações onde funcionam os
seguinte apresenta esclarecimentos CRAS sejam passíveis de comparti-
adicionais sobre as condições em lhamento, desde que resguardadas
que se admite compartilhamento as seguintes premissas:
de espaços, quando o CRAS funcio-
na no mesmo prédio, junto com um
-- primazia da oferta do PAIF. Ou seja,
a identidade do equipamento enquan-
ou mais serviços públicos (a exem-
76 plo da Praça dos Esportes e Cultu-
to lócus da execução do principal

Volume 1
Orientações Técnicas, Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
serviço da proteção básica deve ser refere ao CRAS, preferencialmente
preservada, observando a exclusivi- em armários com chave33.
dade de uso dos seguintes espaços: D) Copa, desde que haja capacidade
recepção, sala de atendimento indi- de suporte às atividades realizadas
vidual (garantindo sigilo no atendi- no CRAS. Segundo o documento já
mento), sala da coordenação e sala citado, uma copa de 5m² destina-se
multiuso (ou sala para atendimento exclusivamente às atividades do
PAIF. Se o CRAS compartilha edifi-
das famílias em grupo e para reali-
cação com serviços de outras polí-
zação de oficinas, palestras, dentre ticas públicas, poderá compartilhar
outros); a copa, desde que seu espaço físico
seja proporcional ao quantitativo
-- garantia de identificação do equi- de pessoas atendidas em todos os
pamento, ou seja, a identidade do serviços.
CRAS deve ser garantida por meio
E) Salas de multiuso e auditórios,
de placa padrão e sinalização estra-
desde que seja estabelecida agenda
tegicamente posicionadas nas áreas compartilhada para a utilização do
externas do imóvel, nos locais de espaço, ou seja, resguardando-se a
fácil visualização para a população primazia da oferta do PAIF.
usuária.
F) Áreas externas, desde que o trân-
sito de públicos distintos não preju-
São passíveis de compartilhamento
dique o desenvolvimento das ações
os seguintes espaços, sempre que do PAIF e de gestão do CRAS.
o CRAS funcionar junto com outros
equipamentos (ou serviços) públi- A seguir e como último item desta
cos, em uma mesma edificação: dimensão, apresenta-se orientações
técnicas sobre utilização de recursos
A) Entrada, desde que resguardada
transferidos pelo Fundo Nacional de
a existência de recepção exclusiva
para o CRAS (adequado, sobretudo Assistência Social, aos fundos muni-
para edifícios com diferentes servi- cipais e do DF, para oferta de servi-
ços em diferentes andares ou para ços, no que tange a dimensão estru-
CRAS instalados em construções de
tura física.
grandes dimensões).

B) Banheiros, desde que respeita-


dos os cálculos de capacidade, bem
como as especificidades relativas à 33 Conforme disposto no documento “A
Melhoria da Estrutura Física para o Aprimoramento
acessibilidade, previstos no docu-
dos Serviços. Orientações para gestores e
mento “A Melhoria da Estrutura Fí-
projetistas municipais” (páginas: 35-36) -2009, em
sica para o Aprimoramento dos Ser-
geral encontra-se nos CRAS dois tipos principais
viços: Orientações para gestores e de almoxarifado: voltado para alocar produtos
projetistas municipais”. alimentícios (quando as unidades oferecem
alimentação a públicos determinados), ou voltado
D) Almoxarifado, desde que este para alocar materiais pedagógicos e de suporte para
possua condições para acondicio- as atividades coletivas. O documento apresenta a
namento em separado dos itens sugestão de que a organização destes espaços leve
pertencentes a cada serviço, com em consideração demandas locais, podendo ser
clara identificação daquilo que se planejado em consórcio com a sala multiuso.

77
Volume 1
Orientações Técnicas , Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
C) Aplicação dos recursos obedecidas as prioridades estabele-
cidas no parágrafo único do art. 23
do cofinanciamento federal,
da Lei nº 8.742, de 1993;
repassados pelo Fundo
Nacional de Assistência Social III - para atender, em conjunto com
os Estados, o Distrito Federal e os
– FNAS aos fundos municipais, Municípios as ações assistenciais de
do DF e estaduais de assistência caráter de emergência;
social, quanto à Dimensão IV - na capacitação de recursos
Estrutura Física humanos e no desenvolvimento de
estudos e pesquisas relativos à área
Fundo Nacional de Assistência Social
de assistência social.

Trata-se de orientação técnica acerca Parágrafo único. Excepcionalmente,


da aplicação dos recursos repassados o Presidente da República poderá
autorizar a aplicação de recursos
do Fundo Nacional de Assistência do Fundo Nacional de Assistência
Social – FNAS aos fundos estaduais Social na realização direta, por par-
e municipais de assistência social no te da União, de serviços e programas
que tange a dimensão estrutura física. de assistência social aprovados pelo
Conselho Nacional de Assistência
Social - CNAS. (grifo nosso)
A Lei nº 8.742, de 7 de Dezembro de
1993 – Lei Orgânica da Assistência Aduz-se da leitura do colacionado
Social - LOAS, instituiu o FNAS com art. 5º que os recursos repassados
o intuito de proporcionar recursos e do FNAS aos fundos estaduais e
meios de financiar as ações da Polí- municipais destinam-se a financiar
tica de Assistência Social, elencadas as ações de assistência social e, es-
na referida Lei como benefícios, ser- pecificamente proporcionar o apoio
viços, programas e projetos. técnico e financeiro aos serviços
e programas de assistência social
Observa-se que o Decreto nº 1.605,
aprovado pelo Conselho Nacional de
de 25 de agosto de 1995, que regu-
Assistência Social – CNAS.
lamenta o FNAS, em seu art. 5º enu-
mera as hipóteses de aplicação dos O conjunto de ações, atenções, be-
recursos, conforme transcrito abaixo: nefícios e auxílios socioassistenciais
realizam-se a partir dos parâmetros
Art. 5º Os recursos do Fundo Nacio-
nal de Assistência Social - FNAS se- definidos pela Política Nacional de
rão aplicados: Assistência Social – PNAS, aprova-
da pela Resolução nº 145, de 15
I - no pagamento do benefício de pres-
tação continuada, previsto nos arts. de outubro de 2004, do CNAS, que
20; 38 e 39 da Lei nº 8.742, de 1993; hierarquizou a proteção social a ser
afiançada aos cidadãos brasileiros
II - no apoio técnico e financeiro aos
serviços e programas de assistência em proteção social básica e prote-
social aprovados pelo Conselho Na- ção social especial de média e alta
cional de Assistência Social - CNAS,
78
complexidade.

Volume 1
Orientações Técnicas, Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
A Norma Operacional Básica do Siste- a) Serviço de Proteção e Atendimen-
ma Único de Assistência Social – NO- to Integral à Família – PAIF;

BSUAS, aprovada pela Resolução nº B) Serviço de Convivência e Fortale-


130, de 15 de julho de 2005, do CNAS, cimento de Vínculos;
no item destinado a proteção social, C) Serviço de Proteção Social Bá-
conceitua as proteções básica e espe- sica no domicilio para pessoas com
deficiência e idosas.
cial, conforme colacionado abaixo:
II – Serviços de Proteção Social Es-
(...) A proteção social básica tem
como objetivos prevenir situações
pecial de Média Complexidade:
de riscos, por meio do desenvolvi- A) Serviços de Proteção e Atendi-
mento de potencialidades, aquisi- mento Especializado a Famílias e In-
ções e o fortalecimento de vínculos divíduos – PAEFI;
familiares e comunitários. Destina-
se à população que vive em situação B) Serviço Especializado de Aborda-
de vulnerabilidade social, decor- gem Social;
rente da pobreza, privação (ausência C) Serviço de Proteção Social a
de renda, precário ou nulo acesso Adolescentes em cumprimento de
aos serviços públicos, dentre ou- Medida Socioeducativa de Liberdade
tros) e/ou fragilização de vínculos Assistida – LA, e de Prestação de Ser-
afetivos – relacionais e de pertenci- viços à Comunidade – PSC;
mento social.
D) Serviço de Proteção Social Es-
A proteção social especial tem por pecial para Pessoas com Deficiência,
objetivo prover atenções socioas- Idosas e suas Famílias;
sistenciais a famílias e indivíduos
que se encontram em situação de E) Serviço Especializado para Pesso-
risco pessoal e social, por decor- as em Situação de Rua;
rência de abandono, maus tratos e/
ou psíquicos, abuso sexual, uso de III – Serviços de Proteção Social Es-
substâncias psicoativas, cumprimen- pecial de Alta Complexidade:
to de medidas socioeducativas, situ-
A) Serviço de Acolhimento Institu-
ação de rua, situação de trabalho
cional, nas seguintes modalidades:
infantil, entre outras. (...)
- abrigo institucional;
Na sequência, observa-se que o CNAS
- casa-lar;
aprovou a Tipificação Nacional dos
Serviços Socioassistenciais por meio - casa de passagem;
da Resolução nº 109, de 11 de no- - residência inclusiva.
vembro de 2009, que relacionou e ti-
b) Serviço de Acolhimento em Re-
pificou por nível de complexidade os pública;
serviços socioassistenciais ofertados
c) Serviço de Acolhimento em Famí-
no âmbito do SUAS, conforme transcri- lia Acolhedora:
to abaixo:
d) Serviço de Proteção em Situa-
(...) ções de Calamidades Públicas e de
Emergências.
I – Serviços de Proteção Social Bá-
sica: 79
Volume 1
Orientações Técnicas , Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
Assim, observa-se que a Resolução de imóvel de propriedade do muni-
em comento concretizou a previsão cípio, escassa oferta de imóveis ou
do art. 5º, II, do Decreto nº 1.605, terrenos que possam ser adquiridos
de 1995, no sentido de estabelecer pela gestão municipal para esta fina-
os serviços nos quais os recursos do lidade. Restando, assim, como única
cofinanciamento federal deverão ser alternativa para promover a implan-
aplicados e, ainda, traz em seu texto tação dos equipamentos públicos
o detalhamento das provisões ne- recorrer ao aluguel de imóveis.
cessárias à execução de cada serviço
socioassistencial, tais como o recur- Diante do acima exposto e observan-
so material necessário e o ambiente do que as ações socioassistenciais são
físico apropriado. definidas como continuadas, na forma
do Decreto nº 5.085, de 19 de maio
Isto posto, cumpre esclarecer que o de 2004, e, portanto não são passí-
ambiente físico é o locus no qual os veis de sofrer qualquer interrupção ou
direitos socioassistenciais são as- descontinuidade vislumbra-se a pos-
segurados, assim é imprescindível sibilidade de utilização dos recursos
observar que a infra-estrutura e o do cofinanciamento federal das ações
ambiente físico correspondam aos socioassistenciais no pagamento do
requisitos mínimos para a adequada aluguel do imóvel destinado exclusi-
oferta dos serviços socioassistenciais. vamente a instalar o CRAS ou CREAS
para que atendam a finalidade e im-
Os equipamentos responsáveis por portância a que se destinam.
garantir e organizar a oferta dos ser-
viços socioassistencias nas áreas de A respeito da adequada infra-es-
vulnerabilidade e risco social dos trutura dos equipamentos públicos
Municípios e Distrito Federal são o responsáveis pela oferta dos servi-
Centro de Referência da Assistência ços socioassistenciais, o Tribunal de
Social – CRAS e o Centro de Refe- Contas da União – TCU recomendou
rência Especializado da Assistência a inúmeras Prefeituras que as ins-
Social – CREAS, sendo a localização talações do CRAS disponham de
destes equipamentos fator determi- meios de acessibilidade para pesso-
nante para que viabilize, de forma as idosas e com deficiência (Acórdão
descentralizada, o acesso aos direi- n.º176/2010-Plenário).
tos socioassistenciais.
Tratando-se da questão suscitada
Ocorre que parte dos Municípios e observa-se que a Constituição Fe-
Distrito Federal ao desenvolverem o deral estabelece, em seu artigo 1.º,
planejamento da oferta dos CRAS e inciso III, que a República Federati-
CREAS esbarram na realidade exis- va do Brasil tem como fundamento
tente nas áreas de maior incidência básico a “dignidade da pessoa hu-

80 de situações de vulnerabilidade e
risco social, qual seja: a inexistência
mana”. Da mesma forma, em seu art.
244, dispõe que:

Volume 1
Orientações Técnicas, Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
Art. 244. A lei disporá sobre a adap- restrição a todos que necessitam se
tação dos logradouros, dos edifí- faz necessário.
cios de uso público e dos veículos
de transporte coletivo atualmente
Assim, não se tem dúvidas, que a aces-
existentes a fim de garantir acesso
adequado às pessoas portadoras de sibilidade é indispensável nos equipa-
deficiência, conforme o disposto no mentos públicos da assistência social,
artigo 227, § 2º”. contudo a utilização dos recursos do
cofinanciamento federal na adapta-
A Lei nº 10.098, de 19 de Dezembro de
ção destes imóveis às normas técnicas
2000, estabelece normas gerais e crité-
da ABNT limita-se ao enquadramento
rios básicos para a promoção da acessi-
como despesa de custeio classificada
bilidade das pessoas portadoras de de-
pela Lei nº 4.320, de 17 de março de
ficiência ou com mobilidade reduzida,
1964, em seu art. 12, §1º, como ”as
mediante a supressão de barreiras e de
dotações para manutenção de serviços
obstáculos nas vias e espaços públicos,
anteriormente criados, inclusive as des-
no mobiliário urbano, na construção
tinadas a atender a obras de conserva-
e reforma de edifícios, nos meios de
ção e adaptação de bens imóveis”.
transporte e de comunicação.

Portanto, desde que não haja amplia-


Essa Lei, cujas normas gerais se apli-
ção da obra, a adaptação de bens imó-
cam a todos os entes da Federação, foi
veis às normas de acessibilidade, que
regulamentada pelo Decreto nº 5.296,
é obrigação da União, Estados, Distrito
de 2 de dezembro de 2004, que, por
Federal e Municípios, nos termos da
sua vez, se reporta a Normas Técnicas
Constituição Federal, enquadra-se
da Associação Brasileira de Normas
como despesa de custeio, sendo pos-
Técnicas – ABNT.
sível a utilização dos recursos recebi-
Observa-se também a preocupação dos do FNAS, desde que aplicados em
com a acessibilidade na Lei n.º 10.741, imóveis próprios.
de 1 de outubro de 2003, Estatuto do
Por fim, pelas razões acima expostas,
Idoso, que em seu art. 10, §1.º, I, estabe-
conclui-se que os recursos repassados
lece ser direito fundamental do idoso o
do FNAS aos fundos municipais, do DF
direito de ir, vir e estar nos logradouros
e estaduais de assistência social, es-
públicos e espaços comunitários.
pecificamente no que tange a dimen-
Isto posto, aduz-se que a Administra- são espaço físico, poderão ser utili-
ção deve proceder no sentido de ga- zados nas reformas para adaptação
rantir a acessibilidade à pessoa com dos equipamentos públicos da as-
deficiência e ao idoso nos equipa- sistência social às normas técnicas
mentos públicos da assistência social de acessibilidade da ABNT e, tam-
observando as normas da ABNT, tendo bém no pagamento do aluguel do
em vista importância das atividades imóvel destinado exclusivamente
desempenhadas nesses equipamen-
tos e a necessidade de acesso sem
a instalar ou manter em funciona-
mento os CRAS e CREAS.
81
Volume 1
Orientações Técnicas , Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
Anexo 1
SECRETARIA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
COMISSÃO INTERGESTORES TRIPARTITE
RESOLUÇÃO nº 5, DE 3 DE MAIO DE 2010

A Comissão Intergestores Tripartite - CIT, de acordo com as competências esta-


belecidas em seu Regimento Interno e na Norma Operacional Básica do Siste-
ma Único da Assistência Social - NOB/SUAS (2005), aprovada pela Resolução
n° 130, de 15 de julho de 2005, do Conselho Nacional de Assistência Social
- CNAS, e:

Considerando que a NOB SUAS/2005 define a responsabilidade dos três entes


federados na gestão compartilhada dos serviços socioassistenciais de prote-
ção social básica, e;

Considerando que o atual Monitoramento SUAS - Censo CRAS, a partir da ver-


são disponibilizada no ano de 2009, passa a ser denominado “Monitoramen-
to SUAS - Censo SUAS/CRAS”, por englobar tanto o Censo CRAS - Centro de
Referência de Assistência Social como o Censo CREAS - Centro de Referência
Especializado de Assistência Social, e;

Considerando a criação do Índice de Desenvolvimento dos CRAS/IDCRAS, um


indicador sintético, gerado a partir da avaliação do grau de desenvolvimento
de cada CRAS (pode ser: insuficiente, regular, suficiente ou superior) em cada
uma das quatro dimensões (atividades realizadas, funcionamento, recursos hu-
manos e estrutura física), que adota como referência normativas da Proteção
Básica do SUAS, e;

Considerando os resultados do Censo CRAS 2008, apresentados no Encontro


Nacional de Monitoramento do SUAS - Sistema Único de Assistência Social, no
ano de 2009, ocorrido nos dias 3 a 5 de junho de 2009, em Brasília, que indi-
cou a existência de unidades de CRAS cadastradas no Censo CRAS 2008, com
grau insuficiente em pelo menos uma dimensão que compõe o indicador sin-
tético do IDCRAS, e;

Considerando a Resolução CIT nº6, de 1º de julho de 2008, que aprovou o pro-


cesso de acompanhamento das situações identificadas como insatisfatórias na
implementação do Programa de Atenção Integral a Família (PAIF) nos Centros
de Referência de Assistência Social (CRAS), e;

Considerando a necessidade de que todas as unidades de CRAS atinjam grada-


tivamente o grau suficiente em todas as dimensões que compõem o Indicador
Sintético CRAS (o IDCRAS) para garantia de um atendimento satisfatório aos
82 usuários do SUAS, e;

Volume 1
Orientações Técnicas, Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
Considerando a necessidade de contribuir para o planejamento, por parte de
todos os entes federados, de ações para enfrentamento das dificuldades de-
tectadas pelos municípios e DF, na implantação dos CRAS,

resolve:

Art.1º Instituir, de forma pactuada, as metas de desenvolvimento dos CRAS por


períodos anuais, visando sua gradativa adaptação aos padrões normativos es-
tabelecidos pelo SUAS, com início em 2008 e término em 2013.

Parágrafo 1º As metas de desenvolvimento dos CRAS, por período anual, de


que trata o caput deste artigo, se encontram descritas no Anexo.

Parágrafo 2º Cada período anual se inicia no primeiro dia após o encerramento


do Censo SUAS/CRAS de um ano e se encerra no último dia do preenchimento
do Censo do ano subsequente.

Parágrafo 3º São cinco os períodos anuais a que se refere o caput deste artigo:
2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013.

Parágrafo 4º As metas instituídas para o período anual 2008/2009 consistem


nas situações identificadas como insatisfatórias conforme Resolução CIT nº 6,
de 2008.

Art.2º Encerrado o período de preenchimento do Censo SUAS/CRAS, quando


finaliza um período anual, o MDS se responsabilizará por gerar, no mínimo, as
seguintes informações:

I - Relação dos CRAS, por município, que tem desafios para atingir as metas
estipuladas para o período anual que se inicia;

II - Relação dos CRAS, por município, que alcançaram as metas previstas para o
período anual que se encerrou;

III - Relação dos CRAS, por município, que não alcançaram as metas previstas
para o período anual que se encerrou.

Art. 3º As informações de que trata o Art. 2º e os incisos deverão ser divulgadas


para todos os entes federados conforme responsabilidades de cada ente.

Art.4º Os procedimentos e responsabilidades relativas aos casos de não alcan-


ce das metas anuais para o desenvolvimento dos CRAS serão estabelecidos por
pactuação nacional e publicados em resolução da CIT.
83
Volume 1
Orientações Técnicas , Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
Art. 5º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

VALERIA MARIA DE MASSARANI GONELLI


P/Secretaria Nacional de Assistência Social
Substituta

EUTALIA BARBOSA RODRIGUES


P/Fórum Nacional de Secretários Estaduais de Assistência Social

IEDA MARIA NOBRE DE CASTRO


P/Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social

84
Volume 1
Orientações Técnicas, Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
ANEXO (da Resolução nº 5/2010)
Metas de desenvolvimento para os CRAS, por período anual

Período Anual 2008/2009

Pequeno Porte I:
a) possuir, no mínimo, 1 técnico de nível superior compondo a equipe de referência
RECURSOS HUMANOS

Pequeno Porte II:


a) possuir, no mínimo, 1 técnico de nível superior compondo a equipe de referência

Portes Médios, Grande, Metrópole:


a) Possuir, no mínimo, 2 técnicos de nível superior compondo a equipe de referência

a) Possuir no mínimo 2 Salas (salas de atendimento ou administrativa)

b) Possuir banheiro
ESTRUTURA
FISICA

c) Espaço Físico não Compartilhado com ONGs/Entidade

d) Espaço Físico não Compartilhado com Associação Comunitária

e) Possuir Placa de identificação em modelo padrão

a) Funcionamento igual ou superior a 5 dias por semana


ATIVIDSADES REALIZADAS
FUNCIONAMENTO

b) Funcionamento igual ou superior a 6 horas por dia;


HORÁRIO DE

c) Realizar acompanhamento de famílias;

d) Realizar visitas domiciliares

85
Volume 1
Orientações Técnicas , Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
Período Anual 2009/2010

Pequeno Porte I:
a) Possuir 2 técnicos de nível superior, sendo 1 assistente social. E possuir 1
técnico com, no mínimo, nível médio;
b) Dentre os 2 técnicos de nível superior designar 1 (um) para função de
coordenador (estatutário, comissionado, CLT ou contrato temporário). Ou possuir
um terceiro técnico de nível superior com função exclusiva de coordenador
(estatutário, comissionado, CLT ou contrato temporário).
RECURSOS HUMANOS

Pequeno Porte II:


a) Possuir 2 técnicos de nível superior, sendo 1 assistente social. E possuir 1
técnico com, no mínimo, nível médio;
b) Dentre os 2 técnicos de nível superior designar 1 (um) para função de
coordenador (estatutário, comissionado, CLT ou contrato temporário). Ou possuir
um terceiro técnico de nível superior com função exclusiva de coordenador
(estatutário, comissionado, CLT ou contrato temporário).
Portes Médios, Grande, Metrópole:a
a) Possuir 3 técnicos de nível superior, sendo 1 assistente social. E possuir 1
técnico com, no mínimo, nível médio;
b) Dentre os 3 técnicos de nível superior designar 1 (um) para função de
coordenador (estatutário, comissionado, CLT ou contrato temporário). Ou possuir
um quarto técnico de nível superior com função exclusiva de coordenador
(estatutário, comissionado, CLT ou contrato temporário).

a) Possuir 2 Salas, sendo pelo menos uma com capacidade superior a 15 pessoas
ESTRUTURA FISICA

b) Possuir banheiro
c) Possuir recepção
d) Espaço Físico não Compartilhado com ONGs/Entidade
e) Espaço Físico não Compartilhado com Associação Comunitária
f) Possuir Placa de identificação em modelo padrão

a) Funcionamento igual ou superior a 5 dias por semana


b) Funcionamento igual ou superior a 8 horas por dia;
HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO
E ATIVIDSADES REALIZADAS

c) Realizar acompanhamento de famílias;


d) Realizar visitas domiciliares
e) Acompanhamento prioritário das famílias em descumprimento de
condicionalidades do PBF
f) Realizar oficinas/grupos de convivência com famílias
g) Realizar busca ativa
h) Orientação/acompanhamento para inserção de famílias no BPC
i)Encaminhamento para inserção de famílias no CadÚnico

86
Volume 1
Orientações Técnicas, Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
Período Anual 2010/2011

Pequeno Porte I:
a) Possuir 2 técnicos de nível superior, sendo 1 assistente social e,
preferencialmente, 1 psicólogo. E possuir 2 técnicos com, no mínimo, nível médio;
(Quantidade e Perfil NOB-RH)
b) Dentre os 2 técnicos de nível superior, designar 1 (um) para a função de
coordenador (estatutário ou comissionado). Ou possuir um terceiro técnico
de nível superior com função exclusiva de coordenador (estatutário ou
comissionado)
RECURSOS HUMANOS

Pequeno Porte II:


a) Possuir 2 técnicos de nível superior, sendo 1 assistente social e,
preferencialmente, 1 psicólogo. E possuir 2 técnicos com, no mínimo, nível
médio. Dentre os 2 técnicos de nível superior, designar 1 (um) para a função de
coordenador (estatutário ou comissionado). Ou possuir um terceiro técnico
de nível superior com função exclusiva de coordenador (estatutário ou
comissionado).
Portes Médios, Grande, Metrópole:
a) Possuir, 4 técnicos de nível superior, sendo 2 assistentes sociais, 1 psicólogo
e um profissional que compõe o SUAS. E possuir 2 técnicos com, no mínimo, nível
médio;
b) Dentre os 4 técnicos de nível superior, designar 1 (um) para a função de
coordenador(estatutário ou comissionado). Ou possuir um quinto técnico
de nível superior com função exclusiva de coordenador (estatutário ou
comissionado).

a) Possuir 2 Salas, sendo pelo menos uma com capacidade superior a 15 pessoas
b) Possuir banheiro
ESTRUTURA FISICA

c) Possuir recepção
d)Possuir rota acessível para pessoas idosas e com deficiência aos principais
acessos do CRAS: recepção, sala de atendimento e sala de uso coletivo
e) Espaço Físico não Compartilhado com ONGs/Entidade
f) Espaço Físico não Compartilhado com Associação Comunitária
g) Possuir Placa de identificação em modelo padrão
h) Possuir computador

a) Funcionamento igual ou superior a 5 dias por semana


b) Funcionamento igual ou superior a 8 horas por dia;
c) Realizar acompanhamento de famílias;
HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO
E ATIVIDSADES REALIZADAS

d) Realizar visitas domiciliares


e) Acompanhamento prioritário das famílias em descumprimento de
condicionalidades do PBF
f) Realizar oficinas/grupos de convivência com famílias
g) Acompanhamento prioritário a famílias com beneficiários do BPC e benefícios
eventuais
h) Realizar Atividades de gestão do Território, articulando a rede de proteção
social básica
i) Realizar busca ativa
j) Orientação/acompanhamento para inserção de famílias no BPC
k)Encaminhamento para inserção de famílias no CadÚnico

OBS: Os tópicos que aparecem em destaque neste período são metas agregadas, em 2010/2011, às demais
metas já estipuladas para os períodos anteriores. Visam tornar mais fácil para o município, DF e Esta-
dos, identificar quais se agregam neste período anual vigente.

87
Volume 1
Orientações Técnicas , Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
Período Anual 2011/2012

Pequeno Porte I:
a) Possuir 2 técnicos de nível superior, sendo 1 assistente social e outro
preferencialmente psicólogo. E possuir 2 técnicos com, no mínimo, nível médio
(Quantidade e Perfil NOB-RH);
b) Dentre os 2 técnicos de nível superior, designar 1 (um) para a função de
coordenador (estatutário ou comissionado). Ou possuir um terceiro técnico
de nível superior com função exclusiva de coordenador (estatutário ou
comissionado).
RECURSOS HUMANOS

Pequeno Porte II:


a) Possuir 3 técnicos de nível superior, sendo 2 assistentes sociais e outro
preferencialmente psicólogo. E possuir 3 técnicos com, no mínimo, nível médio.
(Quantidade e Perfil NOB-RH);
b) Dentre os 3 técnicos de nível superior, designar 1 (um) para a função de
coordenador (estatutário ou comissionado). Ou possuir um quarto técnico de nível
superior com função exclusiva de coordenador (estatutário ou comissionado).
Portes Médios, Grande, Metrópole:
a) Possuir 4 técnicos de nível superior, sendo 2 assistentes sociais, 1 psicólogo e 1
profissional que compõe o SUAS. E possuir 4 técnicos com, no mínimo, nível médio.
(Quantidade e Perfil NOB-RH);
b) Dentre os 4 técnicos de nível superior, designar 1 (um) para a função de
coordenador (estatutário ou comissionado). Ou possuir um quinto técnico de nível
superior com função exclusiva de coordenador (estatutário ou comissionado).

a) Possuir 2 Salas, pelo menos 1 com capacidade superior a 15 pessoas


b) Possuir banheiro
c) Possuir recepção
ESTRUTURA FISICA

d) Possuir rota acessível para pessoas idosas e com deficiência aos principais
acessos do CRAS: recepção, sala de atendimento, sala de uso coletivo e banheiros
e) Possuir sala administrativa
f) Espaço Físico não Compartilhado com ONGs/Entidade
g) Espaço Físico não Compartilhado com Associação Comunitária
h) Possuir Placa de identificação em modelo padrão
i) Possuir computador

a) Funcionamento igual ou superior a 5 dias por semana


b) Funcionamento igual ou superior a 8 horas por dia;
c) Realizar acompanhamento de famílias;
d) Realizar visitas domiciliares
HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO

e) Acompanhamento prioritário das famílias em descumprimento de


E ATIVIDSADES REALIZADAS

condicionalidades do PBF
f) Realizar oficinas/grupos de convivência com famílias
g) Acompanhamento prioritário a famílias com beneficiários do BPC e benefícios
eventuais
h) Realizar Atividades de gestão do Território, articulando a rede de proteção
social básica
i) Orientação/acompanhamento para inserção no BPC
j) Encaminhamento para inserção de famílias no CadÚnico
g) Realizar busca ativa
h) Orientação/acompanhamento para inserção de famílias no BPC
i) Encaminhamento para inserção de famílias no CadÚnico

88
Volume 1
Orientações Técnicas, Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
Período Anual 2012/2013

Pequeno Porte I:
a) Possuir 2 técnicos de nível superior, sendo 1 assistente social e outro
preferencialmente psicólogo; E possuir 2 técnicos com, no mínimo, nível médio
(Quantidade e Perfil NOB-RH + 01 profissional);
b) Possuir 01 (um) coordenador de nível superior em função exclusiva, (estatutário
RECURSOS HUMANOS

ou comissionado).
Pequeno Porte II:
a) Possuir 3 técnicos de nível superior, sendo 2 assistentes sociais e outro
preferencialmente psicólogo; E possuir 3 técnicos com, no mínimo, nível médio.
(Quantidade e Perfil NOB-RH + 01 profissional);
b) Possuir 01 (um) coordenador em função exclusiva, (estatutário ou comissionado).
Portes Médios, Grande, Metrópole:
a) Possuir 4 técnicos de nível superior, sendo 2 assistentes sociais, 1 psicólogo
e 1 profissional que compõe o SUAS; e 4 técnicos com, no mínimo, nível médio.
(Quantidade e Perfil NOB-RH+ 01 profissional);
b) Possuir 01 (um) coordenador em função exclusiva, (estatutário ou comissionado).

a) Possuir 2 Salas, pelo menos 1 com capacidade superior a 15 pessoas


b) Possuir banheiro com condições de acessibilidade para pessoas idosas e com
deficiência, em conformidade com as normas da ABNT
c) Possuir recepção
ESTRUTURA FÍSICA

d) Possuir rota acessível para pessoas idosas e com deficiência aos principais acessos
do CRAS: recepção, sala de atendimento, sala de uso coletivo e banheiros
e) Possuir sala administrativa
f) Espaço Físico não Compartilhado com ONGs/Entidade
g) Espaço Físico não Compartilhado com Associação Comunitária
i) Possuir Placa de identificação em modelo padrão
j) Estar informatizado com computadores e acesso a internet

a) Funcionamento igual ou superior a 5 dias por semana

b) Funcionamento igual ou superior a 8 horas por dia;


c) Realizar acompanhamento de famílias;
HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO

d) Realizar visitas domiciliares


E ATIVIDSADES REALIZADAS

e) Acompanhamento prioritário das famílias em descumprimento de


condicionalidades do PBF

f) Realizar oficinas/grupos de convivência com famílias


g) Acompanhamento prioritário a famílias com beneficiários do BPC e benefícios
eventuais
h) Realizar Atividades de gestão do Território, articulando a rede de proteção social
básica
i)Realizar busca ativa

j) Orientação/acompanhamento para inserção no BPC


k) Encaminhamento para inserção de famílias no CadÚnico

89
Volume 1
Orientações Técnicas , Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
Referências Bibliográficas

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Orientações Técnicas, Metas de Desenvolvimento dos CRAS
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Volume 1
Orientações Técnicas , Metas de Desenvolvimento dos CRAS
Período 2010/2011
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