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Estado da Arte

Escadório do Mosteiro de Tibães - Braga

Lara , Marco, Mariana, Neves, Nuno


1. Cronologia123

Ao observar todo o terreno do Interior e arredores do Mosteiro determina mos que a sequência de
construção foi:

o Sec 6 – primeiras referências da existência de um mosteiro na zona, Fundado por São


Martinho de Dume, denominado de Palatini
o 1060 – o mosteiro é reconstruído por D. Velasquides
o 1071 – é doado á Sé de Tui
o 1077 – é doado á Sé de Braga
o 1110 – Concessão da carta do Couto por D. Henrique e D. Teresa
o 1135 – Doação do couto de Donim por D. Afonso Henriques
o 1140 – Doação de Santa Maria de Estela por D. Afonso Henriques
o 1554 – Construção da Capela de S. Bento
o 1567 – torna-se casa mãe dos Beneditinos, por Bula de Pio V
o 1570 – primeiro Capítulo Geral em Tibães
o 1614 – Sistema de captação de águas a partir da fonte dos Anjos
o 1626/29 - decoração do Claustro do Refeitório
o 1626 - 1638 - construção do Claustro do Cemitério
o 1628 - 1661 - a Igreja sofreu grande remodelação
o 1632- A capelinha de S. Bento é dirigida desde as hortas por um caminho de terra batida
o 1650 - 1653 - construção do hospício
o 1652 - execução de uma hospedaria, com retábulo e reformulação do caminho do escadório
o 1686 - construção do Dormitório da Galeria
o 1700 - construção da Casa do Capítulo, salão anexo, biblioteca, dormitório
o 1701/04 - construção da livraria, cozinha e respetivos forno e chaminés
o 1716 – feito o pátio do galo
o 1725/34 - construção da cerca, escadório e reconstrução da Capela de São Bento
o 1725-1727- é feito o jardim da Capelinha de S.Bento e o tanque dos viveiros
o 1728 - construção da Fonte de São Bento, em substituição da Fonte dos Tornos
o 1731 - 1734 – fizeram se 5 fontes na Rua do passadiço e do Terreiro de São João e acaba-se a
re
o 1732 - são pintadas de dourado estas fontes; Cada fonte remete a uma virtude ( 7 virtudes):
Prudência- Justiça- Fortaleza- Temperança- Fé- Esperança e Caridade, conferindo
alegoricamente sentido à subida até à Capelinha de S.Bento;
o 1735/ 1834 – Realizam se várias pinturas e obras de renovação
o 1746-1749 – Reformou-se a capela de S. Bento e pintaram-se todas as fontes

1
https://www.mosteirodetibaes.gov.pt/historia/
2
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=11787
3
http://www.monumentos.gov.pt/site/app_pagesuser/sipa.aspx?id=1151

2
o 1750 - A água que vem ao jardim ( S. Bento) e mais fontes tem o seu nascimento entre o norte
e o poente chamada a da Cabrita , a qual vem em aquedutos pela parte setentrional do Monte
de S. Gens e perto da Cerca se junta outra chamada da Preguiça, e na estrada que atravessa
(junto à Cerca) tem sua fonte de pedra lavrada com seu registo de água com dístico.
o 1795 – Construção do Lago
o 1864, Abril - venda do Mosteiro em hasta pública, exceto a igreja, sacristia e Claustro do
Cemitério.
o 1894 - um incêndio destruiu parte do Claustro do Refeitório e do Claustro do Cemitério
o 1910 - Classificação do cruzeiro como Monumento Nacional;
o 1944 - A igreja, o mosteiro e demais construções arquitetónicas da cerca foram classificados
como Imóveis de Interesse Público;
o 1949 - Criação da Área Especial de Proteção;
o 1965 - Fonte de São Beda vendida a Afonso Correia Leite, atualmente nos Jardins da Casa
Nogueira da Silva
o 1986 - O Estado Português adquire a privados o mosteiro e a cerca pelo valor de 110 000
contos;
o 1990 - Criação do Museu do Mosteiro de São Martinho de Tibães, serviço dependente do
Instituto Português do Património Cultural;
o 1994 - Alargamento da Zona Especial de Proteção e restauro da capelinha de S. Bento;
o 1995 - Construção da nova Residência Paroquial;
o 1998 – 2002 - Restauro, recuperação e reabilitação da ala norte, igreja, sacristia, claustro do
cemitério e coristado; IPPAR recebe em Treviso, Itália, prémio internacional Carlo Scarpa, pela
recuperação da cerca do mosteiro
o 2006/2009 - Obras de reabilitação do antigo coristado, noviciado, ala sul, claustro do refeitório e
casa do volfrâmio, para a criação de estruturas de apoio e serviços, ampliação do percurso
museológico e instalação de uma comunidade religiosa, um restaurante e uma hospedaria;
o 2011 - Obras de recuperação do terreiro em frente ao mosteiro.
o 2020 – Inicio do plano de requalificação do Escadório do mosteiro de Tibães

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2. Contexto Histórico de Criação

Existe uma primeira referência ao mosteiro de Tibães no séc. VI por fundado por São Martinho
de Dume, denominado Palatini, e com provável origem numa vila romana4. Posteriormente no ano de
1060 há uma reconstrução por parte D. Velasquides e doado á Sé de Tui, admite‐se que uma nova
fundação do mosteiro terá ocorrido pouco antes de 1071 por iniciativa de D. Paio Guterres da Silva,
maiorino do Rei Afonso VI de Leão e Castela. Provavelmente sucedeu ao de Padim (lugar junto a
Tibães), fundado em meados do século XI por alguém de uma família condal. A primeira menção
documentada data de 1071. É doado á sé de Braga. Em 1110 D. Henrique e D. Teresa escrevem a
Carta do Couto que concebia uma serie de privilégios e direitos á comunidade. O Mosteiro de São
Martinho de Tibães era masculino e pertencia à Ordem e à Congregação de São Bento.

Relatório “A Cerca do Mosteiro de S. Martinho de Tibães” por Aida Maria Reis da Mata e Maria João Dias Costa

“Antigamente nas zonas de sobrado e mire (vizinhos ao rio Cávado) encontravam-se paços e
casas de “prazer d`el-rei Theodomiro”- perto destes paços existia um lugar mais alto, “eminente a vista
do mesmo rio”, num sitio retirado e solitário onde, a mando de S.Martinho Dumiense (Capelao Mor do
Rei) se instalou um mosteiro de monges- atual Mosteiro de Tibães, e uma casa de deus para
“recreação da alma” e “ dos sentidos”-dedicado a S.Martinho Turunense (ao qual o rei era
devoto ¿ } ^ {2

3. Localização do Mosteiro

4
http://www.monumentos.gov.pt/site/app_pagesuser/sipa.aspx?id=1151

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Situado a 6km do centro da cidade de Braga, o
Mosteiro de Tibães aparece no Vale do Monte de Gens a
110m de altitude, “o desenvolvimento da cerca faz-se em
sentido nascente-poente ( desde a cidade de braga até ao
mar), de norte – sul (entre as encostas dos vales do
Cávado e do Ave), passando pelos cabeços que chegam
a ultrapassar os 200-300m de altitude e vales bem
definidos;”.

“Outrora proprietário de um vasto conjunto de terras, que se alongavam desde o seu terreiro
até às margens do rio Cávado, hoje o Mosteiro mantém ainda a sua posição sobranceira e de destaque
na paisagem da região, vendo progressivamente desaparecer o verde dos campos e montes para dar
lugar ao colorido desregrado de um grande conjunto de construções destinadas à habitação, à
indústria, ao comércio e aos serviços.”6

4. Construção da Capela de S.
Bento

A 1553/54, numa era de estabilidade religiosa com a Ordem beneditina desempenhar um papel
importante. Foram construídas duas capelas na encosta do monte de S Gens, a capela de S Gens (S.
Filipe) foram da cerca no topo da encosta e a Capela de S Bento a meio do monte e dentro da Cerca
do Mosteiro de Tibães.
5
2020, Arquivo do MSMT©, fotografia de Carlos Sousa Pereira
6
https://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/18307.pdf

5
Figura 2 - Capela de S. Gens
Figura 1 - Capela de S. Bento

A composição das capelas é idêntica já que seguem as duas a forma única retangular

A capela de S. Bento tem planta centralizada é possível observar um espaço de acolhimento


na entrada, elevado em relação ao adro com lances de escadas de três direções a partir do jardim com
a presença de duas colunas toscanas que sustentam o alpendre, com uma porta ao centro, no seu
interior é possível observar uma “cobertura em falsa Abóbada de Berço em estuque”7.

8
A capela tem uma cobertura de duas águas e o alpendre de três.

7
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=11787
8a
Imagem da capela de S. Bento antes da renovação no sec XVII
b
Imagem do jardim em frente da capela

6
Após a reconstrução em 1725 a capela teve mudanças significativas no alpendre, que passa de
branco a uma parede decorada de azulejos provenientes das capelas da igreja, quando se deu a
renovação da mesma. A cobertura de madeira “pintada com acantos e cartela data do sec. XVII”.
Mantem a porta ao meio de madeira almofadada. “O interior foi completamente modificado, e retirado o
altar (por roubo), apenas mantendo a decoração nas paredes em azulejo joanino da vida de S. Bento.

Na reconstrução de 1725 foi também, foi


retirado o altar da Sala do Capítulo e colocado
na capela de S. Bento para substituir o que foi
roubado.

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Com a Reconstrução mais recente voltou a colocar-se este Altar na sala do Capitulo deixando
a Capela de S. Bento com um vazio no interior. Marcanda por a falta de retábulo não so no interior
como no exterior.

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https://arquiva.culturanorte.gov.pt/index.php/fotografia-006-313

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5. Construção do Escadório

A construção do escadório deu se entre 1731-34, mas já antes existem referencias á existência
de um caminho do Mosteiro até à capela de S.Bento. Um caminho direcionado para a fachada das
mentiras. - “A Capelinha de S.Bento servida, já em 1632, por um caminho que para aí se dirigia desde as hortas
do mosteiro, é reformulada em 1652.”11

Inicialmente foi construído o Jardim em frente à capela e o Tanque que aparece num patamar
logo a Baixo. São também marcados os primeiros dois socalcos para as duas primeiras fontes. - “Nesta
altura é feito o jardim da capelinha e o tanque dos viveiros do qual "há-de sair água para sete fontes que hão-de vir
pelo caminho abaixo e já ficam principiados os lugares para duas fontes"

Nos anos seguintes foram construídas as restantes fontes (cinco). – “Com Frei Manuel dos
Serafins (1731 -34) fizeram-se as outras cinco fontes, e um chafariz de chuveiros. ” Cada uma das 7
fontes tinha uma virtude associada e todas eram separadas por patamares. As virtudes que estavam
representas no escadório dividiam se em dois grupos, as virtudes Cardeais, Prudência, Justiça,
Fortaleza e Temperança e a Virtudes Teologais, Fé, Esperança e Caridade. Com uma estatua em
terracota em cima de cada uma a representar a virtude. – “A um barrista de Braga são encomendadas
as figuras das virtudes - Prudência - Justiça – Fortaleza -Temperança - Fé - Esperança e Caridade que,
encimando cada fonte, conferem alegoricamente sentido à subida até à capelinha de S.Bento.”

A construção é feita de forma descendente, iniciou-se junto ao largo do Jardim da Capelinha de


S.Bento com as duas primeiras fontes é também possível observar que nestas fontes existe mais
simplicidade na esculturas que o que se pode observar nas cotas inferiores. Nota-se a diferença do
estilo barroco, onde os feitios e decorações são cada vez mais pormenorizados à medida que se vai
descendo o escadório.

As Fontes são pintadas em 1731. – “No ano de 1731, no livro das obras, há referência ao
pagamento das "Plantas das Fontes" e em 1732 regista-se a compra de "dois litros de ouro para dourar
os remates dos chafarizes" ”

As pinturas das fontes e as estátuas de terracota foram perdidas ao longo do tempo.

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Foto do Altar que saiu da capela de S. Bento - https://ovilaverdense.pt/mosteiro-de-tibaes-acolhe-primeiro-encontro-de-contadores-de-historias-de-braga/
11
https://revistas.uminho.pt/index.php/forum/article/download/3274/3279

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8. Descrição do Escadório

Ao caminhar pelos jardins (“um lugar de beleza e meditação”)


em direção á capela, e após o primeiro lance de escadas, somos
recebidos por um patamar com assentos de pedra a todo redor
“convidam os visitantes a sentar e desfrutar da serenidade do ambiente,
ouvindo o som da água e dos pássaros.”, com um chafariz no centro
onde se pode contemplar todo o escadório até ao topo.

Ao longo do escadório é possível observar nos muros diferentes


alturas adaptadas á inclinação do patamar, a altura dos muros varia entre
75cm e 150cm. Nota se que em outros tempos eram completamente
rebocados a cimento com uma pintura branca e azul. É também possível
observar que foram colocados azulejos seiscentistas ao longo do
escadório, hipoteticamente foram colocados numa das renovações.
Todas as fontes ao longo de escadório são de granito trabalhado.

No cimo do escadório é possível observar dois patamares, um


deles com um tanque flanqueado por dois lanços de escadas e no centro
deste tanque é visível o brasão da congregação dos beneditinos e no terraço que sucede a este último
é possível ver um jardim com caminhos marcados com um chafariz barroco no centro, decorado por
volutas. Este pátio é muralhado com uma cerca ondulada decorada com vestígios de azulejos
provenientes do interior da igreja do Mosteiro. “Entre cada meio círculo é possível observar uma
reentrância que poderia ter sido usada como vaso.” Todos estes elementos remetem-nos para a arte
barroca.

Descrição do jardim e escadório de S. Bento presente no “ Livro das Alfayas de todas as


oficinas e quintas deste mosteiro de S. Martinho de Tibaens feito no anno de 1750”- “Este sitio não so
he agradável pello deleciozo das flores fontes e pumares mas também pella dilatada vista das Ribeyras
q fertelizão o Homem, e o Cadavo”

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6. Simbologia do Escadório

O escadório recria a simbologia de Sacromonte mas invés de capelas ao longo do escadório


aparecem as fontes em todos os patamares. O percurso que nos aparece desde o primeiro ao último
patamar, é para reinventar «A Caminho do Céu, ao Encontro de São Bento». “ A progressão pelas
fontes simboliza a busca e a evolução espiritual, culminando na ascensão espiritual ao atingir o topo do
escadório.”12

A água é o elemento fundamental do escadório, provém da mina da Cabrita, destacando a


importância da água como elemento vital e purificador e a associação que tem com a vida e a música.
O som das árvores que ladeiam combinado com o som da água a passar por todas as fontes cria um
ambiente mágico que torna a peregrinação ao “céu” um retiro ideal com S. Bento.

“É a alegoria barroca: a exaltação dos sentidos, a música da água das fontes, o cheiro que vinha dos
pomares, a visão do vale do Cávado”13

12
http://www.gecorpa.pt/Upload/Revistas/Rev34_Artigo%2005.pdf

13
https://visao.pt/visaose7e/sair/2021-05-06-7-jardins-que-contam-historias-para-ir-passear/

11
“Por natureza e por vocação, o jardim histórico é um lugar tranquilo, que favorece o contacto, o silêncio
e a escuta da natureza. Essa aproximação quotidiana deve contrastar com o uso excecional de um
jardim histórico como local de acontecimentos festivos. Convém definir, então, as condições de visita
aos jardins históricos, de tal sorte que tais acontecimentos acolhidos, excecionalmente, possam por si
mesmo exaltar o espetáculo do jardim e não desnaturá-lo ou degradá-lo.” (Carta de Florença, 1981)

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7. Bibliografia

o Mosteiro de São Martinho de Tibães por Ainda Maria Reis da Mata, Paulo João da Cunha
Oliveira, Maria João dias Costa, Anabela Ramos;
o Conhecer o Mosteiro de Tibães autor desconhecido;
o O estado dos mosteiros beneditinos da arquidiocese de braga, no século XV por José
Marques;
o Tibães por Geraldo José Amadeu Coelho Dias, OSB;
o São Martinho de Tibães por Luís Fontes;
o Artigo: Os Beneditinos, Tibães e o Barroco. Entre o esplendor da arte e a emoção
religiosa – por Geraldo José Amadeu Dias;
o Artigo: A Cerca do Mosteiro de S. Martinho de Tibães, por Aida Maria Reis da Mata e Maria
João Dias Costa

o Dissertação: Inventário das minas de água da área do Mosteiro de Tibães: proposta


preliminar de hidrogeo‐ itinerários por Sara Flor Arteiro de Castro Pereira

o Dissertação: Tibães e os caminhos do barroco por Aurélio de Oliveira fotografias de Miguel


Louro
o Artigo : Mosteiro de São Martinho de Tibães: o contributo da Arqueologia por Luís
Fernando de Oliveira Fontes
o Patrimonio estudos: Fragmentos do Mosteiro de São Martinho de Tibães por Ainda Reis
da Mata, Diretora do Mosteiro de São Martinho de Tibães
o WebGrafia: https://mosteirosmtibaes.blogspot.com/2015/01/escadorio-e-capelinha-de-sao-
bento.html - Intervenção

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