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Claustro de D.

Dinis (1308-1311) (Domingo Domingues e mestre Diogo)

O Claustro de D. Dinis ou do Silêncio (uma vez que os monges tinham que permanecer em
silêncio neste espaço) é o centro do mosteiro medieval à volta do qual foram dispostas as suas
principais dependências (a sala do capítulo, o refeitório, a sala dos monges, o dormitório no
piso superior, o parlatório e a cozinha). Foi o primeiro claustro do mosteiro a ser construído e
o único medieval, é também o maior do gótico português.

O Claustro D. Dinis é constituído por quatro galerias, as quais os cistercienses davam uma
designação própria a cada uma: galeria da Leitura, do Capítulo, do Refeitório e dos Conversos

A irregularidade da construção é evidente pelo número desigual de tramos, oito na ala norte,
dez na ala sul, tendo-se construído na primeira o lavabo, onde os monges lavavam as mãos
antes das refeições (já não o original), com oito faces amparadas por contrafortes e divididas
em dois andares.

Todo o Claustro é abobadado, com arcos torais de volta perfeita e abóbadas em cruzaria,
formadas por arcos ogivais, com nervuras boleadas e raros fechos, com as armas reais.

A construção do claustro é também irregular nas aberturas para a quadra central, com arcos
assentes em duplos colunelos com capitéis vegetalistas e zoomórficos, mas que tanto são de
duplo vão, como conjugam o duplo e o triplo vão com o mesmo tipo de arcos ou apresentam
arcos de perfil trilobado, caracteristicamente trecentista.

Posteriormente, no reinado de D. Manuel I, foi-lhe acrescentado um piso superior


(sobreclaustro) através do qual era possível aceder ao terraço do lavabo.

Dormitório:

Com três longas naves (á volta de 67 metros) e colunas robustas que seguram as abóbodas em
cruzaria, o dormitório decapita de forma fiel o caráter dos ideiais cisternos.

O Dormitório dá acesso ao transepto norte da igreja através de uma porta ogival, cumprindo-
se assim uma lei cisterciense que obrigava a que o dormitório possuísse duas entradas de
acesso. Na parte superior do lado norte do Dormitório encontravam-se as latrinas, que se
encontravam obrigatoriamente separadas por uma sala à parte – lei estipulada de igual modo
pelos usos cistercienses.

Com a construção dos novos dormitórios, durante o séc. XVI-VXII, este espaço foi totalmente
modificado, nele ficando instalados os aposentos do abade geral, o Arquivo Real, o Cartório, a
Livraria Antiga Manuscrita e a Livraria Comum.

Cozinha:

A cozinha construída no século XVIII ocupa, para além do espaço pelo Calafetório (lugar onde
acendiam o lume para aquecimento e fabrico de tintas), o de um pátio exterior para onde
davam as janelas da Sala dos Monges e do Refeitório.

A ela se acede pela porta medieval do Calefatório, com duas arquivoltas de pleno centro,
apoiando-se a exterior num par de colunelos com capitéis vegetalistas.

É um espaço de acentuada verticalidade, marcado pela grande chaminé barroca revestida de


azulejos. Os pilares que sustentam a chaminé são a primeira utilização do ferro fundido, uma
inovação construtiva para a época. A existência de um tanque de água corrente que recebe
água da Levadinha, um braço do rio Alcoa artificialmente construído para servir o rio,
demostra a complexidade do sistema hidráulico do mosteiro.

Refeitório:

O interior apresenta três naves de largura idêntica e arcos com a mesma altura,
proporcionando ao espaço uma sensação de harmonia. Destaca-se a galeria de arcos de volta
perfeita com uma escada para o Púlpito onde, durante as refeições, eram lidas passagens da
Bíblia.

Sala dos reis:

Antiga capela-salão construída no séc. XVIII, a Sala dos Reis é assim denominada por nela se
exporem esculturas representando os reis de Portugal de D. Afonso Henriques a D. José.

O conjunto é completado com uma alegoria à coroação de D. Afonso Henriques pelo Papa
Alexandre III e por São Bernardo.

Tem no fecho da abóbada central as Armas Reai e, nas paredes, painéis setecentistas de
azulejo narram a lenda da fundação monástica.

Sala do capítulo:

A Sala do Capítulo servia às assembleias dos monges e era, depois da igreja, a sala mais
importante do Mosteiro. O acesso à Sala do Capítulo revela uma fachada especialmente
vistosa devido aos seus pilares escalonados uns atrás dos outros. A entrada apresenta um tripo
arco de volta perfeita e o interior apresenta três naves e três janelas para o exterior. As
colunas apresentam capitéis vegetalistas. Antigamente, o chão desta sala estava todo ele
coberto por estas placas funerárias durante os trabalhos de renovação da abadia de Alcobaça,
foram encontrados debaixo do chão ossadas de pessoas aí enterradas.

Sala dos monges:

Esta sala, comum em muitos mosteiros da Ordem, não tem uma função totalmente
esclarecida, mas acredita-se que era destinada ao alojamento dos noviços em finais de séc. XV
até à sua transferência para o Claustro dos Noviços, no final do séc. XVI.

O chão encontra-se desnivelado devido à crescente proximidade do rio Alcoa. Tem dois
grandes janelões e frestas, abertas na parede que dava para o Calefatório, atual cozinha. Os
elementos ornamentais assemelham-se aos do dormitório com exceção da altura das colunas
que era mais elevada na Sala dos Monges.

Parlatório:

O Parlatório, com 5 metros de largura, é um dos compartimentos fundamentais da Regra da


Ordem de Cister, sendo um dos raros lugares onde os monges podiam falar (a regra era a
observância do silêncio) e onde se fazia a distribuição das tarefas

Sala das Conclusões

Claustro da Prisão

Átrio de entrada

Claustro do Rei Afonso VI


Ala Sul:

Construída depois do terramoto de 1755 estavam os aposentos dos xx trienais e o colégio da


nossa senhora da conceição.

Claustro dos Noviços/ Claustro do Cardeal (séc. XVI): (acolher o noviciado) No Claustro do
Cardeal, o piso inferior tem arcadas com arcos levemente abatidos em pedra, descarregando
em pilares de secção quadrada. Tem abóbadas também em pedra que cobrem os diversos
tramos, de aresta, mas com nervuras. No piso superior, destacam-se as paredes resistentes
exteriores em pedra, rebocadas e caiadas, com janelas retangulares.

Claustro do Rachadoiro (séc. XVII): No Claustro do Rachadouro, no piso inferior, há arcos em


pedra, com abóbadas também em pedra, com uma galeria pórtica, com arcos, mísulas e
pilastras, com abóbadas que cobrem dos diversos tramos, de aresta, mas sem nervuras.

Notas:

No século XVI, o cardeal D. Afonso e depois o cardeal D. Henrique, enquanto abades


comendatários, aumentaram a abadia com um claustro, o claustro do cardeal, e um palácio
abacial mais tarde transformado em hospedaria. O palácio abacial foi construído sobre as
ruínas da cozinha medieval, ocupando a comumente chamada ‘Ala dos Conversos’.

A partir dos finais do século XVI, os monges dedicaram-se ao cultivo das artes e das letras. É a
época dos monges barristas, com uma obra escultória notável em pedra, madeira e barro
policromado, destacando-se a Morte de São Bernardo, dos finais do século XVII.

Concluindo, o Mosteiro de Alcobaça, constitui um monumento de extrema importância na


história da arquitetura portuguesa, não só por ser uma das primeiras fundações monásticas
cisterciense no nosso país, como por ser a primeira obra plenamente gótica em Portugal, um
primeiro passo fundamental na integração do estilo no país.

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