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Estevão: Um missionário fora dos padrões

Hellen Santos da Guia – Outubro / 2007

I. Introdução:
O livro de Atos mostra o efeito da radiação do crescimento do Evangelho no mundo antigo. É como se o Evangelho fosse uma
pedra jogada no meio de um lago provocando ondulações de longo alcance. Uma pequena pedrinha lançada na empoeirada
Palestina atingiu o mundo todo.
O livro de Atos narra o crescimento assustador da Igreja pela ação poderosa do Espírito Santo num curto período de tempo e
os desdobramentos desse crescimento indo além das fronteiras de Jerusalém onde inicialmente se estabeleceu. Até que
inauguremos a pessoa de Estevão podemos fazer um resumo da narrativa:
Capt. 1 – Preparação para ser uma igreja efetiva.
Capt. 2 – Capacitação do alto para ser igreja no mundo, o expressivo crescimento.
Capt. 3 – Primeiro milagre num lugar delicado.
Capt. 4 – Primeiro conflito com líderes religiosos.
Capt. 5 – Primeiro pecado público e a 1ª perseguição à liderança.
Capt. 6 – Instituição de líderes de apoio, Estevão homem cheio de fé, de sabedoria e do Espírito era parte do time.
Capt. 7 – Discurso de Estevão e seu martírio (ele foi o primeiro a morrer pelo Evangelho).
 Trata-se do 5º de 30 discursos no livro de Atos.
 Duas dimensões: A morte de Estevão quebrou a comodidade em Jerusalém.
A morte de Estevão atingiu o mundo antigo todo.
Capt. 8 – Primeira perseguição que atingiu a Igreja como um todo.
II. Desenvolvimento:
& A partir do capítulo 6 de Atos temos a história da Igreja lançando luz sobre Estevão. Um homem com características nobres
e que não ficou restrito às paredes da Igreja onde foi instituído diácono. Resumo do cenário em que Estevão aparece na
História nos 15 versículos desse capítulo:
* O crescimento da igreja requer a instituição de homens para servir às demandas da igreja (6:1).
* Tarefas específicas pedem homens específicos para não moverem outros de suas obrigações e deveres (6:2).
* Ter caráter vale mais do que qualificação técnica para as atividades do Reino (6:3).
* Pessoas certas na atividade inadequada pode comprometer a edificação da igreja (6:4).
* Decisões sábias agradam a todos e promove a participação da comunidade (6:5).
* Nossas atividades precisam da confirmação da autoridade da Igreja (6:6).
* Igreja organizada, mas restrita às suas próprias fronteiras, estava arrumado demais (6:7).
Um diferencial na vida de Estevão: Ele estava ENTRE O POVO (6:8):
* Não era ele SER cheio de graça e poder ou FAZER prodígios e grandes sinais, mas ONDE ele era e fazia – no meio do povo.
* Dentro da igreja o poder de Deus é reconhecido e recebido, mas é FORA da igreja que ele precisa ser divulgado.
* É fora dos portões da igreja que mostramos as razões da nossa fé e esperança – 1 Pedro 3:15 (6:9,10).
* Quando nos tornamos excelentes despertamos inveja e a maldade dos inimigos da fé, não existem amigos do Evangelho (6:11-14).
* Por estar no meio do povo testemunhando sua fé, Estevão se tornou vulnerável, esse é o risco do soldado em combate.
* Se a luz resplandece em nós até as autoridades, ainda que religiosas precisam reconhecê-la (6:15).
& O capítulo 7 de Atos narra o mais belo e um dos mais ricos discursos do Novo Testamento. Na verdade Estêvão não está se
defendendo, ele aproveitou a oportunidade para explanar o plano da salvação de forma histórica e completa. Segue a
Estrutura do Discurso:
Patriarca Abraão 7:2 - O chamado do patriarca.
7:2-8 7:2-4 - Trajeto do patriarca: Mesopotâmia – Harã – Canaã.
7:5-8 - Descendência e herança do patriarca – Isaque.
Patriarca José 7:9 - Conflito familiar entre José e os irmãos.
7:9-16 7:10 - Estadia de José no Egito.
7:11-16 - Reconciliação e vinda dos descendentes de Jacó para o Egito.
Período de Angústia 7:17-19 - Período de transição dos patriarcas para o Libertador e Legislador.
7:17-19 Período de alto sofrimento no Egito.
Moisés 7:20-22 - Nascimento e educação de Moisés no Egito, os 1os 40 anos.
7:20-44 7:23-29 - Tentativa pessoal de livrar o povo e fuga para Mídia onde constituiu família, 2os 40 anos.
7:30-38 - Chamado de Deus para libertar Israel e a saga no deserto, últimos 40 anos.
7:39-44 - Decadência do povo no deserto durante os 40 anos, exemplo dos nossos pais.
Josué 7:45,46 - Processo de conquista de Canaã.
7:45,46
Salomão 7:47-50 - Salomão edificou o Templo para Deus ser reconhecido e adorado no meio do povo.
7:47-50
Exortação de Estevão 7:51-53 - Estamos nos comportando como nossos pais no passado em relação ao Justo, ao Senhor.
7:51-53
Trata-se de um discurso rico e de conteúdo pois Estêvão se utilizou de pelo menos 11 livros do Velho Testamento no espaço
de 52 versículos (7:2-53):
Livro do Velho Testamento citado: Número de citações no discurso:
1. Gênesis 26
2. Êxodo 12
3. Números 1
4. Deuteronômio 2
5. Josué 2
6. 2 Samuel 1
7. 1 Crônicas 1
8. 2 Crônicas 1
9. 1 Reis 1
10. Isaías 2
11. Amós 1
Total: 50 citações do AT

Estêvão tem um claro objetivo, e não é defender sua reputação diante dos jagunços do Sinédrio. Seu objetivo era alertar aos
ouvintes de que estavam construindo o mesmo caminho de erro do passado. Esse é nosso papel como Igreja, alertar o
caminho da salvação para que as gerações não se desviem do seu destino, viver para amar e servir a Deus. Por conta desse
objetivo, Estêvão repetiu alguns termos chaves durante o discurso:
Pais 7:2; 7:11; 7:12; 7:15; 7:19; 7:32; 7:38; 7:39; 7:44; 7:45; 7:51; 7:52 12
Pai 7:2; 7:4; 7:14; 7:20 4
Patriarcas 7:9 1
Irmãos 7:2; 7:13; 7:23; 7:25; 7:26; 7:37 6

A reação do público com a pregação da Verdade foi péssima, Estêvão tocou no tendão inflamado de Aquiles daqueles
religiosos. Quando a Verdade é pregada o pior de alguns vem para fora (7:54).
Estêvão em compensação depois de cumprir sua missão olhou para os céus aliviado e viu a glória de Deus. Quando a
Verdade é pregada oportuniza a visão da glória de Deus para alguns (7:55, 56).
Qual é a sua reação diante da pregação da Verdade?
A medida extrema daqueles homens revelou o quanto eles eram parecidos com seus pais do passado, os filhos de Israel, que
mataram inúmeros profetas enviados da parte de Deus para lhes chamar à prática da Verdade (7:57).
Um diferencial na morte de Estêvão: Suas vestes foram deixadas aos pés de um jovem chamado Saulo que consentia na sua
morte (7:58 e 8:1a).
* As vestes de Estêvão era sua herança. Estêvão diante da morte providencia um legado para deixar para a jovem geração
que se levantava.
* Quem era o jovem Saulo? O que ele iria se tornar futuramente?
Certa vez perguntaram a Jesus quem era o nosso próximo, lembra do episódio do Bom Samaritano (Lucas 10:25-37)? Quando
o intérprete da Lei fez essa pergunta (Lucas 10:29), Jesus devolveu outra pergunta como resposta após contar a estória do
Bom Samaritano (Lucas 10:36). O líder religioso foi excelente na resposta, mas Jesus o encoraja a ir além de uma excelente
resposta teórica (Lucas 10:37). Literalmente nosso PRÓXIMO é aquele para quem fica minha última imagem, minhas últimas
palavras e minhas últimas ações.
As últimas palavras de Estêvão para seus próximos mais próximos naquele momento: Senhor Jesus, recebe o meu espírito! (7:59).
A última imagem de Estêvão: Um homem ajoelhado diante de Deus e de seus torturadores, sem reações (7:60a).
A última ação de Estêvão: Perdão aos seus assassinos (7:60b).
O que a vida de Estêvão tem a ver com Missões? TUDO.
Como ele pôde ter alcançado todo o mundo antigo se ele nunca saiu dos portões de Jerusalém?
Quem recebeu a herança de Estêvão: Homem cheio do Espírito Santo, sabedoria, graça e poder, que fazia prodígios e
grandes sinais entre o povo?
Dentre uma multidão enfurecida quem teve depositado aos seus pés a herança de um homem como Estêvão?
O jovem Saulo, em poucos anos se tornaria o Paulo, o conhecido Apóstolos dos Gentios, que alcançou todo o mundo de sua
época com o Evangelho da graça pregando o Cristo Ressurreto. O jovem Saulo se tornou o maior e primeiro missionário
reconhecido da igreja cristã, e por conta dele, Estêvão tocou todo o mundo antigo de sua época.
& A partir do capítulo 8 vemos os desdobramentos da morte de Estêvão na História da igreja cristã:
A morte de Estêvão não preparou apenas terreno para o futuro grande missionário, mas provocou o primeiro avivamento
missionário na igreja cristã. Com sua morte uma grande perseguição se suscitou contra a igreja. E diferente da primeira onde
só os apóstolos foram perseguidos, dessa vez eles foram preservados e todos os crentes saíram da primeira dimensão de
alcance do Evangelho e foram para a segunda recomendada por Jesus onde eles deveriam ser testemunhas – Judéia e
Samaria (8:1b).
Enquanto a igreja avançava na pregação do Evangelho mesmo baixo a pressão da perseguição (8:4), Saulo tinha suas últimas
oportunidades de perseguir a igreja, antes de se tornar parte dos perseguidos no capítulo 9 (8:3). Ele levaria a igreja à terceira
dimensão de alcance do Evangelho – os confins da terra (Atos 1:8).
III. Conclusão:
Perguntas Reflexivas
1.Então, qual o seu papel em Missões?
2.O que pretende fazer com seu Cristianismo?
3.Prende-lo em diaconia dentro das 4 paredes da igreja ou estar no meio do povo como Estêvão colocando em risco a sua própria vida?
4.Que herança você está preparando para as próximas gerações ainda que elas ainda não tenham assumido seu lugar na História?
5.O quanto você tem morrido para você mesmo a fim de cultivar herança para as próximas gerações?
6.Quão longe você tem ido por estar envolvido em Missões mesmo sem sair da sua cidade – seja através da intercessão ou da
contribuição?
7.Quão longe você está disposto a ir como Paulo foi no mundo de sua época?
8.Que resposta prática vc tem para dar ao Senhor diante do clamor do mundo?

Atravesse a sua rua e fale do amor que te alcançou, se isso é o máximo de distância que você consegue atingir, mas por favor
não banalize o IDE de Cristo, ele é legítimo, é uma ordem.

Não transforme o IDE em nada, não dilua as ordens que nos foram deixadas por Jesus.

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