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RECICLAGEM E MALES DO LIXO ELETRÔNICO NA SOCIEDADE

Acadêmicos
Carlos Drey de Sousa Silva
Jean Pires Carvalho
Maurício de Oliveira Castelo Branco

Professor-Tutor Externo: Pedro Zanchett


Prof. Orientador: Guilherme Ribeiro
CentroUniversitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Curso: Gestão de Tecnologia da Informação (GTI0161) – Seminário Interdisciplinar
09/12/2016

RESUMO

O cuidado com o desgaste do meio ambiente é um tema que está em alta nos últimos anos, mas
quando se fala sobre os males da poluição se acaba por dar uma importância maior ao combate do
chamado lixo comum, se deixando de lado o lixo eletrônico que cresce a cada ano com o avanço e
expansão da tecnologia. O descarte correto e a reciclagem são a principal solução para o
tratamento do lixo eletrônico. O objetivo principal desse estudo é mostrar o quão prejudicial pode
ser o descarte incorreto desses resíduos. Para isso foi realizado uma prática simulada e leitura de
bibliografia sobre o tema. O que se verificou é que na cidade de São Luís há uma carência em
reciclagem de todo e qualquer tipo de lixo e, como uma capital, a demanda é demasiada. Para
haver um combate desse problema, é necessário um apoio do governo com a iniciativa privada
para que o processo de recolhimento e armazenamento seja posto em prática.

Palavras-chave: Lixo Eletrônico, Reciclagem, Meio Ambiente.

1 INTRODUÇÃO

Atualmente com a criação e o consumo de novos produtos com tecnologias cada vez mais
avançadas e a introdução acelerada no mercado, dessas novidades que antes, eram consumidas
somente por pessoas de alto poder aquisitivo e atualmente são acessíveis para quase todas as classes
sociais, causam um consumismo excessivo e consequentemente, geram um crescimento volumoso
do lixo eletrônico.

O lixo eletrônico pode se transformar em um grande perigo ambiental e consequentemente à


saúde humana, principalmente, quando ele é depositado em locais que não são preparados para este
tipo de resíduo. O perigo consiste, porque os aparelhos eletroeletrônicos contêm altas concentrações
de metais pesados, que podem levar a contaminação do meio ambiente e trazendo danos à saúde do
homem.
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Contudo, apesar dos problemas, é conhecidaalgumas soluções que já despontam para


amenizar ou solucionar esse problema em nossa cidade. Empresas especializadas em montagem de
computadores estão reaproveitando peças antigas para montar computadores e revender para setores
que não necessitam de grande poder de processamento para atuar. Empresas pequenas ou no início
de suas atividades também podem adquirir computadores reciclados.

Porém, para que se haja um efeito significativo na preservação do meio ambiente e combate
à poluição. É de extrema importância que o Brasil abra as portas para a criação de empresas
especializadas na reciclagem de lixo eletrônico. Pois, a quantidade de material tratado e reciclado
chega a centenas de toneladas. Não só o meio ambiente seria beneficiado, a cidade ganharia com a
geração de empregos e investimento econômico.

2 DESENVOLVIMENTO

O lixo eletrônico hoje em dia se torna cada vez mais comum na vida das pessoas em São
Luís, capital do estado do Maranhão. A curta vida útil dos aparelhos, o surgimento de novas
tecnologias - melhores e menores - a todo o momento, e a falta de reaproveitamento de peças e
coleta de lixo eletrônico cria amontoados de materiais eletrônicos em depósitos de lixo
inapropriados pra tais materiais, agredindo o meio ambiente e consequentemente o bem-estar das
pessoas.
FIGURA 01 – COMPONENTES ENCONTRADOS NO LIXO ELETRÔNICO
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Os habitantes de São Luís geram por ano quase 4kg de lixo eletrônico, segundo o sanitarista
Lúcio Macedo, o descaso dos consumidores afeta o meio ambiente e, como se trata de um ciclo,
também a saúde pública. “De 3,7 kg por cada um os habitantes desta cidade, que é gerado em termo
de lixo eletroeletrônico por ano. Isso fazendo uma conta rápida dá em torno, aproximadamente, 30
mil toneladas”.

São Luís não possui uma política municipal de coleta e descarte de lixo eletrônico, e por
consequência, a cidade não tem locais públicos de coleta e processamento de tais resíduos, isso faz
com que o risco de ter chumbo, cromo, zinco, que são metais pesados, inclusive o mercúrio,
proceda um problema de contaminação nos nossos rios e principalmente, das pessoas que vivem da
catação, os chamados “catadores”, gerando uma problemática sanitária ambiental extremamente
preocupante. A contaminação pode ser profissional no manuseio frequente dos equipamentos e
também ambiental, quando o contato acontece de maneira esporádica, e de acordo com a frequência
os danos podem variar desde uma dermatite até um câncer. “O efeito dos metais pesados no
organismo humano, ele é cumulativo. Então, as pessoas que têm um único contato elas tendem a ter
manifestações mais leves, mas isto não quer dizer que aconteça. As manifestações variam desde
uma dermatite, uma alergia, e até a um câncer”. Sobre a situação do lixo eletrônico que é despejado
de forma irregular, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de São Luís informou que está em
processo de revisão do plano municipal de resíduos sólidos, que contempla o descarte do lixo
eletrônico.
Com base nesses fatos, algumas entidades da sociedade organizada de São Luís, criaram
projetos para transformar lixo em arte como é o caso do projeto Fabrica de Desmontação, do Centro
de Promoção da Vida de Crianças e Adolescentes (CEPROVI), uma entidade da Pastoral do Menor,
do bairro Vila Embratel. São jovens, na faixa etária entre 14 e 24 anos, que aprendem a reutilizar o
lixo eletrônico fazendo artesanato, revitalizando alguns equipamentos. Nesses cursos as peças que
ainda funcionam são utilizadas para ensinar como se conserta as maquinas e o restante recebe mão
de tinta e a criatividade dos educandos.

RECICLAGEM DE RESIDUOS SÓLIDOS

Com o crescimento do uso de eletroeletrônicos e avanço da tecnologia, os resíduos sólidos


de aparelhos celulares, peças de computadores, aparelhos de televisão e outros, crescem de forma
exponencial. Reciclar o lixo eletrônico com artesanato não supre a demanda de lixo que uma capital
como São Luís gera. Dessa maneira, uma reciclagem feita de modo industrial se torna a única forma
de combater os males trazidos por todo esse detrito.
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Para iniciar esse processo de reciclagem, primeiramente é feito uma triagem que separa o
lixo por sua origem, como eletrodomésticos, informática, telefonia. Dessa forma se pode separar o
que pode ser doado e o que não deve mais ser reutilizado. Caso haja algum aparelho que ainda
esteja ativo, ele é descaracterizado, garantindo a segurança e destruição de todo os dados.

Em seguida os aparelhos são desmontados, separando os diferentes componentes que os


compõe, como vidros, plásticos, metais, placas e baterias. Cada um desses tem um processo
específico de reciclagem que é realizado por empresas distintas com finalidades diversas. Alguns
são enviados para empresas no exterior e outros são comprados por empresas nacionais.
FIGURA 02 – PLÁSTICOS DE MONITORES

O plástico que foi triado é mais uma vez separado por material e em seguida triturado.
Depois os resíduos são vendidos para empresas que utilizam os polímeros presentes nesses
materiais ou são incinerados para gerar energia. Ou ele é deformado por uma máquina que processa
a extrusão, derretido e transformado em outro produto, como haste de bandeiras e placas de preço.

FIGURA 03 – VIDROS DE MONITORES


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No caso dos vidros de aparelhos celulares e monitores, há uma separação dos diferentes
tipos devido possuírem diferentes componentes em sua composição, como chumbo e arsênio. Em
seguida o vidro é moído e esquentado a uma temperatura em torno de 1000 ºC onde é refundido.
Essa temperatura ainda é consideravelmente menor que a utilizada na fabricação de um vidro novo.
Assim, se obtendo um ganho energético e diminuindo a emissão de CO² na atmosfera,
economizando cerca de 1,2 toneladas de matéria-prima nova.

FIGURA 04 – BATERIAS DE APARELHOS CELULARES

No caso das baterias, as de íon-lítio são as mais utilizadas em aparelhos eletrônicos, como
câmeras, aparelhos celulares, GPS, notebooks, filmadoras e outros. Esse tipo de bateria apresenta
vantagens significativas comparadas a outros tipos, pois armazena uma quantidade maior de
energia, é mais leve e não apresenta risco de contrair um efeito de memória, mais conhecido como
vício de bateria, que é bastante como em baterias de níquel cádmio (NiCd).

Entretanto ela possui alguns elementos que podem causar males ao meio ambiente, como
cobre, alumínio, cobalto, ferro e manganês. Mas, em contrapartida, o lítio presente nesse tipo de
bateria tem um valor econômico elevado, pois é usado na indústria farmacêutica na fabricação de
remédios antidepressivos e no combate à bipolaridade. Contudo, esse tipo de tratamento só é
encontrado em empresas no exterior.
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FIGURA 05 – PLACAS DE CIRCUITO INTERNO (PCI)

Para as placas de circuito impresso (PCI) é realizado um processo mais complexo para a
reciclagem por conter vários componentes distintos. Para extrair os metais em diferentes estados de
pureza, se mantem o lixo em reservatórios de grande porte onde se eleva a temperatura em torno de
500 ºC por mais de 12 horas, obtendo um material que após passar por um processo de separação e
extração é retirado metais como ouro, prata, cobre e paládio.
Como visto, é bastante complexo o tratamento adequado dos componentes eletrônicos. São
inúmeros componentes que se variam dos mais diferentes materiais, entretanto, o resultado que se
pode obter na extração e transformação desses materiais é de enorme valor econômico. O mercado
ainda é tímido e as empresas escassas, mas com o incentivo do governo há uma oportunidade de
crescimento. Beneficiando a preservação ambiental.

AVALIAÇÃO DO SOBRE A CONSCIENTIZAÇÃO DO LIXO ELETRÔNICO NO


MUNICÍPIO DE SÃO LUÍS NO MARANHÃO.

É importante ressaltar que todos esses equipamentos eletrônicos podem virar umlixo
eletrônico e, caso o proprietário não compreenda os seus riscos, ele pode acabardescartando tal lixo
de maneira inadequada.O estudo de caso detalhado nesta seção explicita como foi feita a pesquisa e
os resultados obtidos.

Foram realizadas entrevistas com 100 cidadãos de diferentes faixas etárias, em diferentes
pontos da cidade. Foi abordado no questionário oconhecimento sobre o uso e descarte do lixo
eletrônico, Figurao que são lixos eletrônicos e sea pessoa sabia como descartar esse tipo de lixo.
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FIGURA 06 – FOLHA 1 DO QUASTIONÁRIO DA ENTREVISTA


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FIGURA 07 – FOLHA 2 DO QUASTIONÁRIO DA ENTREVISTA


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Resultados Obtidos

Por meio das entrevistas realizadas, foi possível conhecer a realidade de São Luís no que
diz respeito ao lixo eletrônico. Conforme a Figura 8 apresenta,dividimos a pesquisa em três
medias etárias: de até 20 anos, de 20 a 40 anos e mais de 40 anos.
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FIGURA 08 – QUAL SUA FAIXA ETÁRIA

FIGURA 09 – VOCÊ SABE


O QUE É LIXO ELETRONICO

Cerca de 90% dos entrevistados sabe ou ouviu falar sobre lixo eletrônico.Apenas 10%
desconhecem o assunto. Conforme figura 09,mas, não basta saber o que é lixo eletrônico, épreciso
que cada pessoa saiba da importância de sua reciclagem.

Ao perguntar aos entrevistados, em média quantos eletrodomésticos e eletroeletrônicos eles


possuíam em casa, 70% possuem de 0 a 10 aparelhos, 28% possuem 11 a 20 aparelhos e 2%
possuem mais de 20 aparelhos. Também foi perguntado se já tinham descartados alguns desses
utensílios, constatou-se que, 82% deles disseram que “SIM” e só 18% disseram que “NÃO”. Com
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base nas respostas afirmativas, perguntamos qual teria sido o destino do descarte dos aparelhos
“Lixo”. O resultado obtido foi o seguinte: Figura 10.

FIGURA 10 – SE SIM, QUAL FOI O DESTINO DADO AOS MESMOS

Mesmo sendo colocados separados na lixeira, ao ser feita a coleta, os lixos sãoencaminhados
ao aterro sanitário e misturados novamente. Este procedimento causadanos irreparáveis ao meio
ambiente. Além disso, é colocada em risco a saúde dosprofissionais que recolhem este lixo.Sem
falar que a chuva depois espalhaesse lixo e o problema já não fica só na sujeira e contaminação do
solo, mas, tambémentope bueiros. Isto mostra que muitos não pararam para pensar como estão
descartandoo lixo eletrônico de suas casas e tampouco nas consequências dessas ações.

FIGURA 11 – VOCÊ TEM CONHECIMENTO DOS DANOS CAUSADOS PELO DESCARTE INADEQUADO QUE O LIXO PODE
ACARRETAR?

Ao perguntar se os entrevistados tinham conhecimento sobre os danos causados pelo


descarte do lixo eletrônico em localadequado, houve um bom resultado. A Figura 11 mostra que
mais de 80% das pessoas, sesoubessem onde, elas levariam seu lixo para o destino adequado.
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Outro ponto interessante dessa pesquisa, foi quando os entrevistados foram questionados
sobre qual seria o melhor destino para o lixo eletrônico. 72% dos entrevistados disseram que as
empreses que fabricam ou vendem, deveriam recolhe-los, 6% disseram que as prefeituras seriam
responsáveis pelo recolhimento, 14% referiram-se a outros tipos de destinos para os resíduos e 8%
não souberam opinar. Outra pergunta feita, foi a seguinte: em sua opinião é necessário fazer um
trabalho de conscientização sobre o descarte do lixo eletrônico? A resposta foi unanime, 100% dos
entrevistados disseram “SIM”, então mediante a firmação sugerimos outra pergunta e o resultado
foi o seguinte: Conforme figura 12.

FIGURA 12 – DE QUE FORMA DEVERIA SER FEITO ESSE TRABALHO DE CONSCIENTIZAÇÃO EM SUA OPINIÃO?

Além dessa busca de conscientização,os resultados mostraram que os cidadãos se interessam


em levar o lixoeletrônico para algum lugar mais adequado. Porém, estão perdidos em relação a
esseassunto. As pessoas não sabem de locais que tenham essa iniciativa na cidade.É preciso de
investimento público em conscientização da população.O que falta realmente seriam decisões
políticas paraincentivar a implantação de centros de recebimento e coleta na cidade. Políticas
ativasna esfera municipal, principalmente, que façam com que se cumpram os decretos decoleta
seletiva implantados pelo governo Federal.

Conclusão
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Todos os entrevistados reconhecem o risco que o lixo eletrônico traz para omeio-ambiente e
que estes prejuízos ambientais são imensuráveis ao nosso planetadevido à grande quantidade de
substâncias tóxicas e ao fato de muitos recursos nãoserem renováveis.

É importante ressaltar que, pelos resultados encontrados, o problema envolvequestões


culturais, sociais e educacionais.Não é hábito de muitos ludovicence separar olixo.Para mudar essa
cultura, é preciso educação emais foco ainda na educação ambiental. É preciso mostrar que hábitos
saudáveis com omeio ambiente não são moda, são realmente necessários.Ou seja, conclui-seque é
preciso fazer uma grande mobilização de investimentos em campanhas de cunhoeducacional que
reflitam no quesito socioambiental.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar do descaso, o lixo eletrônico não é menos nocivo do que o lixo dito convencional,
pelo contrário, ele é ainda mais poluente devido a inúmera quantidade de elementos altamente
nocivos quando lançados indiscriminadamente na natureza. Estes poluentes estão presentes
especialmente nas baterias e capacitores, dispositivos que armazenam energia.

O primeiro passo para a melhora do atual quadro é se conscientizar sobre o problema.Depois


desta fase inicial deve-se procurar meios de amenizar o problema, seja pelo controle no consumo
destes equipamentos, seja pelo correto encaminhamento destes quando não se os quer mais.A
atitude final a ser adotada seria incentivar as empresas que fabricam ou revendem produtos com
menor impacto serem contempladas na hora da compra, ou aquelas que se comprometem em
recolher o equipamento antigo.

Assim se tem caminhado para uma civilização realmente avançada, que trata seu lixo e o
reaproveita, e não simplesmente despeja o que não serve mais em qualquer lugar.
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REFERÊNCIAS

TAFNER, Elisabeth Penzlien; SILVA, Everaldo da.Metodologia do Trabalho Acadêmico.


Indaial: Ed. Grupo UNIASSELVI, 2008.

MIGUEZ, Eduardo Correia. Logística Reversa Como Solução Para o Problema do Lixo
Eletrônico Benefícios Ambientais e Financeiro. Qualitymark, 2005.

CARVALHO, Tereza Cristina Melo de Brito; Xavier, Helena Lúcia. Gestão de Resíduos
Eletroeletrônicos: Uma Abordagem Prática para Sustentabilidade. Campus, 2008.

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