1. O propósito dos versos Nesses versos, Pedro nos orienta sobre como enfrentar as provações com confiante alegria. Seu propósito é confortar os crentes, relembrando-os do grande privilégio da salvação eterna que possuem. Pedro está preparando os corações, a fim de que se fortaleçam e passem pelas lutas com os pés no chão e os olhos na eternidade. 2. Argumentos do autor Pedro inicia o verso 3 glorificando o nome de Deus. Sua intenção é nos mostrar que devemos levantar os olhos para o alto, para Aquele que governa a história, antes de focarmos a atenção nas dores, lutas e dificuldades cotidianas. Antes de apresentarmos nossas dores, nossas lutas, nossas lágrimas e nossas perdas neste mundo, devemos levantar os olhos ao céu e exaltar aquele que nos amou, nos escolheu e providenciou todas as coisas para a nossa salvação. Quando exaltamos ao Deus que é soberano e cuida de nós, somos fortalecidos para enfrentar as mais agressivas batalhas. Pedro oferece vários motivos para os crentes enfrentarem as provações com confiante alegria. Em primeiro lugar, enfrentamos as provações com confiante alegria porque fomos regenerados. Regeneração é uma obra soberana do Espírito Santo. A regeneração é uma obra do Espírito Santo em nós. Ele muda nossa disposição íntima, dando-nos um novo coração, uma nova mente, uma nova vida. Nascemos da semente incorruptível. Temos não apenas um novo status (justificação), mas também uma nova vida (regeneração). Tornamo-nos filhos de Deus, membros de sua família. Através da regeneração, Deus retira a venda da cegueira espiritual e implanta em nós um coração que pulsa pelo Reino de Deus. Pedro compreende que a regeneração é obra da misericórdia de Deus. Porque não podemos salvar a nós mesmos, Deus é misericordioso ao nos conceder seu Santo Espírito, que nos faz enxergar seu grande amor e sua obra completa de salvação em Jesus Cristo. Em segundo lugar, enfrentamos as provações com confiante alegria porque possuímos uma viva esperança. Pedro relaciona a expressão viva esperança, que está no verso 3, à ressurreição de Cristo ao terceiro dia. Por Jesus ter vencido a morte, temos garantia de que a morte não tem mais domínio sobre nós. Fomos transformados em cidadãos da eternidade, gente que é herdeira do Reino de Deus para todo o sempre. Em terceiro lugar, enfrentamos as provações com confiante alegria porque nossa viva esperança é excelente. Nos versos 4 e 5, Pedro nos lembra da natureza duradoura e segura da nossa herança nos céus. Nossa fé está fundamentada na virtude de Deus, e essa herança será revelada no tempo determinado por Ele.
É realmente consolador termos a convicção de que a
salvação planejada por Deus e realizada por Jesus Cristo não pode ser desfeita por nós, nem por ninguém. Em primeiro lugar, é uma herança incorruptível. A palavra grega ajiharton, traduzida por “incorruptível”, significa algo que não perece, não apodrece, não se deteriora. Em segundo lugar, é uma herança imaculada. A palavra grega amiantos, traduzida por “sem mácula”, significa algo absolutamente limpo, sem nenhum tipo de sujeira ou de contaminação que possa levar a uma posterior degeneração. Em terceiro lugar, é uma herança imarcescível. A palavra grega amarantos, traduzida por “imarcescível”, significa inalterável. Em quarto lugar, enfrentamos as provações com confiante alegria porque Deus as utiliza para nosso bem. Nos versos 6 a 9, Pedro revela que Deus está nos moldando através da fornalha da provação, tratando- nos a semelhança do ouro, que é purificado pelo fogo. Pedro sabe que as lutas são variadas, muitas vezes intensas, mas sempre passageiras. Por meio delas, Deus está nos aprimorando, transformando-nos à imagem de Seu Filho e nada deve ser motivo de maior alegria que, além de termos garantido o tesouro da eternidade, estarmos sendo moldados à semelhança de Jesus Cristo. Em vez de nos desesperarmos diante das dificuldades, somos chamados a regozijar-nos, pois as provações evidenciam a autenticidade de nossa fé. Em primeiro lugar, as provações são pedagógicas. Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações (1.6). A expressão “se necessário” indica que há ocasiões especiais em que Deus sabe que precisamos passar por provações para nossa disciplina (Salmo 119.67) e nosso crescimento espiritual (2 Coríntios 12.1-9). Em segundo lugar, as provações são variadas. Por várias provações (1.6). A palavra grega poikilos, traduzida por “várias”, significa “de diversas cores” ou “policromáticas”. Em terceiro lugar, as provações são dolorosas. Sejais contristados.(1.6). A ideia é de dor ou tristeza profunda. A mesma palavra é usada para descrever a experiência de Jesus no Getsêmani (Mateus 26.37) e a tristeza dos santos com a morte de um ente querido (l Tessalonicenses 4.13). Em quarto lugar, as provações são passageiras. Por breve tempo.(1.6). Deus não permite que as provações durem para sempre. Warren Wiersbe diz que, quando Deus permite que seus filhos passem pela fornalha, mantém os olhos no relógio e a mão no termostato. Em quinto lugar, as provações são proveitosas. Para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo (1.7). Para saber se o ouro é autêntico, o metal precisa ser derretido no fogo. Isso não é afeta o ouro em nada, mas todas as impurezas são expulsas no processo, e aquilo que é autêntico, que realmente tem valor, se destaca com pureza. Versos 8-9: “A quem, não o havendo visto, amais; no qual, não o vendo agora, mas crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória, alcançando o fim da vossa fé, a salvação das vossas almas.” Aqui, Pedro destaca a alegria profunda e indizível que experimentamos por meio da fé em Cristo, mesmo sem tê-lo visto pessoalmente. Essa alegria culmina na salvação de nossas almas. Versos 10-12: “Da qual salvação inquiriram e trataram diligentemente os profetas que profetizaram da graça que vos foi dada, indagando qual o tempo ou qual a ocasião que o Espírito de Cristo que estava neles indicava, ao predizer os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e a glória que se lhes havia de seguir.” Pedro conecta nossa experiência de salvaçã o com o plano divino revelado através dos profetas. Eles buscaram entender o significado da graça que nos foi destinada, predizendo os sofrimentos e a gló ria que seguiriam a Cristo. Aplicação: Em primeiro lugar, devemos exaltar o nome de Deus e glorificá -lo em todo o tempo. Por sua bondade e misericó rdia fomos salvos para uma vida marcada por dignidade. Deus fez cair as escamas dos nossos olhos, deu-nos vida abundante, garantiu-nos a adoçã o de filhos e nos tornou herdeiros da vida eterna. Em segundo lugar, precisamos viver como separados do pecado, pois pertencemos a um novo céu e a uma nova terra. Somos cidadã os da eternidade. Recebemos a garantia de uma herança que nã o perderá o valor, que nã o se estragará , é eterna e será levada a seu pleno cumprimento através do retorno glorioso de Jesus Cristo, que estabelecerá novos céus e nova terra. Em último lugar, precisamos descansar nos propó sitos de Deus, pois todas as lutas e dificuldades cumprem o projeto de nos moldar à imagem de Jesus e nos ensinam a amar a Deus de todo o coraçã o e com todo entendimento. Além do mais, Deus nã o nos desampara quando passamos pelo vale da dor e da afliçã o. Deus está conosco em toda a jornada, nos sustentando, nos guardando e ministrando graça, misericó rdia e socorro (Hebreus 4:14-16; Salmo 116:1-8). Soli Deo Gloria