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Resumo: Educação Escolar - políticas, estruturas e organização

LIBÂNEO, José Carlos, OLIVEIRA, João Ferreira e TOSCHI, Mirza


Seabra. Educação Escolar: políticas, estrutura e organização. 10ª. Ed.,
São Paulo: Cortez, 2012. Introdução.

O sistema educativo e as escolas estabelecem relações entre si e


existem duas importantes razões para conhecer e analisá-las. A primeira
faz referencia às políticas educacionais e as diretrizes organizacionais e
curriculares que são as idéias, valores, atitudes e práticas capazes de
influenciar as escolas e seus profissionais no que diz respeito às
práticas formativas dos alunos. A segunda está pautada aos
profissionais das escolas os quais podem aceitar ou rejeitar essas
políticas e diretrizes educacionais, ou até mesmo, dialogar com elas e
então formular, de modo coletivo, práticas formativas e inovadoras.

Para tanto, é preciso conhecer e analisar como se inter-relacionam as


políticas educacionais, a organização e gestão das escolas e as práticas
pedagógicas na sala de aula. O professor não pode se contentar apenas
em desenvolver saberes e competências para ter uma boa atuação em
sala de aula, é preciso tomar consciência do sistema escolar e enxergar
além.

Outra razão torna esses estudos importantes que é o fato de que as


normas, leis e diretrizes da educação, estão sujeitas a decisões
políticas. Cabe ao sistema de ensino e as escolas contribuírem de
maneira significativa para a construção de um projeto de nação e, para a
formação de sujeitos capazes de participar ativamente desse processo.

As políticas educacionais e organizacionais que vemos hoje estão


diretamente relacionadas às transformações econômicas, políticas,
culturais e geográficas que qualificam o mundo atual. A exemplo disso
nós temos as várias reformas educativas realizadas nos países da
Europa e América durante os últimos 20 anos.

Tais reformas se justapõem com a recomposição do sistema capitalista


mundial que trouxe consigo a doutrina neoliberal, caracterizada por três
traços particulares: mudanças no processo de produção (avanços
científicos e tecnológicos), superioridade do livre funcionamento do
mercado e redução do papel do Estado que por sua vez, afetam
diretamente a educação tendo em vista que para o neoliberalismo, o
desenvolvimento econômico fomentado pelo desenvolvimento técnico-
científico garante, por si só, o desenvolvimento social.

Essa falta de consideração com as implicações sociais e humanas


geram vários problemas sociais como desemprego, fome e
desigualdade entre países, classes e grupos sociais. E também,
problemas globais como a devastação ambiental, o desequilíbrio
ecológico, o esgotamento dos recursos naturais e problemas
atmosféricos.

Progredindo na mesma proporção, mudanças significativas nos


processos de produção e transformações nas condições de vida e de
trabalho devido à associação entre ciência e técnica, proporcionou uma
necessidade de se ter conhecimento e informação a tal ponto que
influenciaram a economia e seu desenvolvimento. Os países
industrializados então viram a necessidade de se rever o lugar das
instituições encarregadas de produzir conhecimento e informação,
tornando-se prioridade, a reforma dos sistemas educacionais os quais
giram em quatro pontos: o currículo nacional, a profissionalização dos
professores, a gestão educacional e a avaliação institucional.

No Brasil, também houve algumas transformações, no que diz respeito


ao sistema educacional. Que ocorreu a partir do ano de 1990, início do
governo Collor, e também ano em que se realizou a Conferencia
Mundial sobre Educação para Todos, ocasião em que se estabeleceram
prioridades para a educação, entre elas, a universalização do ensino
fundamental. Em 1993, no governo de Itamar Franco, cria-se o Plano
Decenal de Educação para Todos e em 1995, no governo de Fernando
Henrique Cardoso, estabeleceram-se metas pontuais, que são:
descentralização da administração das verbas federais, elaboração do
currículo nacional, educação à distância, avaliação nacional das
escolas, incentivo a formação de professores, parâmetros de qualidade
para o livro didático, entre outras. Já essas, acompanham as tendências
internacionais se alinhando à política neoliberal e às orientações dos
organismos financeiros como o Banco Mundial e o FMI.

Nesse mesmo âmbito, se deu a elaboração e promulgação da LDB, do


PNE, das diretrizes curriculares, normas e resoluções do Conselho
Nacional de Educação.

No entanto, essas políticas e diretrizes demonstram ser, salvo raras


exceções, intenções declaradas ao invés de medidas efetivas. Ocorre
então um impasse, de um lado, políticas educativas que expressam
intenções de se aumentar a autonomia e a participação das escolas e
dos professores, do outro, há a questão da crise de legitimidade dos
estados que dificulta a efetivação de investimentos em salários, carreira
e formação do professorado, com o pretexto de que o Estado requer
redução de despesas, transmitindo uma lógica contábil e economista ao
sistema educacional.

Desde a estruturação do curso de Pedagogia, em 1939, sempre houve a


preocupação com os aspectos legais e administrativos da escola,
geralmente vistos na disciplina Administração Escolar.

Está mencionado, no Parecer 292/62 – do Conselho Federal de


Educação – a disciplina Elementos de Administração Escolar a qual
tinha como finalidade proporcionar o conhecimento, por parte do
licenciado, da escola em que iria atuar (seus objetivos, estrutura e seus
aspectos de seu funcionamento), além de proporcionar uma visão única
do aspecto escola-sociedade.

Em 1968, houve a homologação dos Pareceres 252/69 e 672/69 como


forma de se adequar os currículos de Pedagogia e das licenciaturas à
Lei 5.540/68. Esses pareceres incluíram a disciplina Estrutura e
Funcionamento do Ensino de 2º Grau, substituindo a disciplina
Administração Escolar. O motivo pelo qual se deu essa substituição foi o
fato de que com a denominação Administração Escolar, se fazia
ressaltar o aspecto administrativo, não levando em conta aspectos
referente à estrutura e ao funcionamento do ensino.

Já nos anos 80, propostas curriculares alternativas surgiram com


conteúdos semelhantes à Administração Escolar e à Estrutura e
Funcionamento do Ensino do 2º Grau, mas como denominações
diferentes: Educação Brasileira, Políticas Educacionais, Organização do
Trabalho Pedagógico (ou Escolar).

As Resoluções 2/69 e 9/69 foram as primeiras a apresentarem a


denominação Estrutura e Funcionamento do Ensino. Está fixava os
mínimos de conteúdos das disciplinas e a duração do curso de
Pedagogia, aquela, estabelecia os mínimos de conteúdos e a duração
dos cursos para a formação pedagógica em nível de licenciatura.

Segundo a Resolução 9/69, os currículos de licenciatura deveriam


abranger as seguintes matérias: Psicologia da Educação, Didática,
Estrutura e Funcionamento do Ensino de 2º Grau e Prática de Ensino,
sob forma de estágio supervisionado, mas em conformidade com a Lei
5.692/71, na qual instituiu o ensino de primeiro e segundo graus, a
denominação alterou-se para Estrutura e Funcionamento do Ensino de
1º e 2º graus.

De acordo com a legislação, há dois elementos básicos na disciplina: a


escola e o ensino, onde, primeiramente, apresenta-se a organização e o
funcionamento da escola e em seguida, o ensino.

Contudo, essas abordagens mostram a escola e o ensino como


elementos prontos e acabados no interior de um sistema educacional
racionalmente organizado e de uma sociedade organicamente
constituída e funcional fazendo com que se torne evidente a importância
da legislação como eixo básico da disciplina. Obrigatória em algumas
habilitações do curso de Pedagogia, a disciplina Legislação do Ensino
de 1º e 2º Graus tornou-se base da Estrutura e Funcionamento do
Ensino. Já na organização do ensino escolar, se tem a descrição dos
órgãos e seu funcionamento e, a análise de seus componentes
administrativos e curriculares, através de textos legais.

Os currículos de Pedagogia e das Licenciaturas, atualmente,


apresentam várias denominações, entre elas, as mais corriqueiras são:
Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio – oferecida
no segundo ou no terceiro ano do curso de Pedagogia, com carga anual
que varia entre 60 128 horas e ministrada em um ano ou seis meses –
e, Didática e Prática de Ensino de Estrutura e Funcionamento do Ensino
Fundamental e Médio – disciplina em forma de estágio supervisionado,
geralmente com carga anual de 128 horas, no último ano do curso de
Pedagogia e das Licenciaturas. Em geral, os conteúdos e objetivos
dessa disciplina, assumem três abordagens distintas:

Abordagem legalista e formal: Os textos legais e os documentos são


apresentados e analisados sistêmica e funcionalmente. Essa
abordagem acosta-se à letra, linhas e ao texto legal. O estudo aí acaba
por se tornar árido, insípido e aversivo.

Abordagem político-ideológica: Dá ênfase aos textos críticos, procura-


se mostrar o real com base em uma postura e visão político-ideológica.
Essa abordagem aproxima-se mais ao contexto, ao espírito e às
entrelinhas dos textos legais. O estudo aí acaba por se tornar parcial e
partidário.

Abordagem histórico-crítica: Os textos legais são usados como


referencial para a análise crítica da organização escolar e como forma
de confrontar a situação proclamada (ideal) com a situação real. O
estudo aí acaba por se tornar mais fértil, dinâmico, investigativo e
crítitco-reflexivo.

O desenvolvimento dos conteúdos, por uma ótica metodológica, deve


estar alinhado à articulação de três elementos, segundo Monteiro
(1995): visão oficial (conhecimento da legislação educacional,
programas e planos de governo); visão da realidade (comparação da
visão oficial com o que realmente acontece no funcionamento do ensino)
e visão crítica (após o conhecimento das anteriores, pratica-se a leitura
fundamentada, para geração de novos conhecimentos.

Para Saviani (1987), há três etapas no exame crítico da legislação de


ensinos: contato com a lei (análise textual, para captar a estrutura do
texto); exame das razões manifestas (leitura da exposição de motivos,
dos pareceres, dos relatórios, etc.) e busca das razões reais (exame do
contexto – processo histórico socioeconômico e político – exame da
gênese da lei – processo de elaboração da lei, os autores e seus
papéis).

Textos legais, documentos e textos críticos, também podem ser usados


como auxilio ao estudo de alguns temas da disciplina (municipalização
do ensino, organização formal e informal da escola, financiamento do
ensino, etc.), servindo de fundamento para elucidar uma
situação/questão norteadora de investigação, aliando assim, ensino e
pesquisa, tornando o método de ensino e aprendizagem mais dinâmico
e reflexivo, desenvolvendo também, a habilidade de investigação,
proporcionando, assim, que o trabalho acadêmico seja um momento em
que o aluno possa procurar, investigar e produzir conhecimento,
orientado pelo professor.

As abordagens identificadas e os aspectos metodológicos de tratamento


dos conteúdos se relacionam ao conhecimento do objeto de estudo,
tendo em vista que refletem a trajetória da disciplina. Contudo, percebe-
se que houve uma significativa evolução na abordagem da disciplina,
em sua ampliação e diversificação, o mesmo não ocorreu com objeto de
estudo, não com clareza. Qual é e qual era ele?

Vemos que houve uma mudança na ênfase da disciplina, de aspectos


estruturais e formais do ensino para as questões de funcionamento onde
o foco saiu do ensino de primeiro e segundo graus para a concreta
escola de primeiro e segundo graus. Proporcionando assim que a
perspectiva legalista, descontextualizada e limitada fosse modificada
com a finalidade de se privilegiar a discussão de alternativas para a
reconstrução da escola e do sistema educacional brasileiro.

Houve assim uma transformação democrática de um ensino genérico


para uma abordagem de uma escola e ensino concretos, todavia, cabe-
se questionar se a mudança ocorreu somente na
abordagem/compreensão do objeto; se o objeto de estudo da disciplina
continuou a ser a escola e a organização do ensino e até mesmo se a
legislação e os documentos constituem o eixo básico da apreensão da
escola e do ensino.
A escola e o ensino ainda continuam como foco da disciplina, mas agora
contextualizados de maneira concreta, crítica e histórica. Dá ótica
sistêmica/tecnicista para a ótica histórico-crítica, onde as políticas de
educação são tratadas com maior intensidade, uma vez em que são
elas as responsáveis por definirem, em grande parte, a legislação
educacional, a escola e o ensino.

É apropriado adotar então a denominação Estrutura e Organização da


Educação Escolar – Políticas Educacionais e Funcionamento da Escola,
tendo como ideia principal a possibilidade em aprender as imbricações
entre decisões centrais e decisões locais, a fim de articular, em torno da
escola, as abordagens mais gerais de cunho sociológico, político e
econômico e os processos escolares internos de cunho pedagógico,
curricular, psicológico e didático.

A partir da leitura da obra, é possível fazer uma reflexão a respeito da


educação escolar como um todo, bem como as suas políticas
educacionais e educativas. No decorrer da leitura do livro os autores
trazem informações importantes relacionadas à história das políticas
educacionais, como surgiram, porque surgiram e como foram
transformadas para atenderem as necessidades que se apresentaram.

Percebe-se a dedicação dos autores em levar ao conhecimento do leitor


os processos pelos quais ocorre a formação de professores, as
disciplinas que são oferecidas, as leis que regulam essa formação e
também as mudanças que essas leis trouxeram ao longo do tempo.

Recomenda-se a leitura e a apreciação dessa obra a estudantes de


pedagogia e das licenciaturas, para que possam entender melhor o seu
futuro ambiente de trabalho, a escola – seus objetivos e estruturas e a
professores, para que possam conhecer ainda mais o seu local de
trabalho e assim, se tornar um agente ativo no processo de construção
da educação e das políticas educacionais
Marcadores: concurso, Educação escolar: políticas, estrutura e organização,
João Ferreira Oliveira, José Carlos Libâneo, Mirza Seabra Toschi, professor,
resumo

http://simboraestudar.blogspot.com.br/2015/05/resumo‐educacao‐escolar‐politicas.html

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