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«íjjgS ComíflarioGeraí dos deltaicos |§!
tim HpS. A<roftinho.Confi»flk - ?lfe

Sánelos.
Dedicado á Seniora Dona Izale!
Mcnczes.

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C°m t0d,S dS liCnpS nefarias. mn
Na Oficina de Do mingos Carneyro Imprcf- M
4M Coráis tres Ordens Militares. Sfi
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Yidens Iefüs turbas afeen di t in Mon,
tm. Matth.j.

USPENSOeíloumeuDeoSj &
Senhor. Sufjpenfo eítoujendo. a
cauía de minha fufpen^am o
ver vos jfobre o alto deíTe Mote
Monsfingías, feito huma Arvo-
re tam grande , queíenampd-
dem reduzir a numero os fru¬
tos que ditofa mente pendem deíTes ramos,
merarenémopoterat. Ohventuroíos fru&os , pois
todoshoje fois bemaventurados,fef¿ eftis, ó Ven-
turofas flores, que fendo a gala defla gloria, nada
rendes de flores deNpvembro; porque todas paf,
íáisaferfrudos, deduracam eterna, imper pena(jn
Yivent.
Mas quem ha de fubir hoje a efle Monte aúis
¿feendet in Montem Óomini f Quena ha de írV* a
tanta altura vivendo cá na tetra, ?Ws?íe 0s
yantadosMontes domundo, ficaótocios rállenos,
2 viña dos carmnhos da eternidade,
(olles multé amtinmbus <tternitqtis ejus, quais ham
Ai de
de íer boje, os esforzados q ca do valle dcfte man¬
do dem hum tam grande falco, que ficando logo
transformados cm flores defla Arvore Divina* fi-
quem juntamente atalayando , la de fuá altura a
mefma eternidade clefte Monte? quais ham de fer
hoje os cora^oens tana ligeiros, que rendo fobre fi
o pefo da carne, nam deímayem nefta fubida? fi¬
nalmente quais ham de íer os que nao digam com
eftc pefo* o mefmoquela dice David, com o pe-
fo das armas de Saúl* non pojfum.Jíc in cedere * na ni
yodemos aífi andar* quanto maisfubir.
Ora ninguem defmaye; que fe ha valor tudo
Te vence* Se fe ha amor tud'o fe facilita. Com va¬
lor fe arrojaráPedro da fuá barca ao mar; Seo amor
do feu coracam ihe facilitará logo o fazer das ondas
carroca, pera chegar aos pes de Chrifto; que íe o
«amor te ni brios de valente, neni mar* nem Cco *f~
«amfeguros de leu valor; porque como gcnerakie
jnar, Se Cco; ao mar piza ícm que Ihe vaina a fuít
braveza* Se ao Ceo arrebata, fem que tambe lh&
valha a fuá altura; Yi&lentimpunit illud.
Fiéis: alto he efle Monte da gloria, cmqu¿
todos daqui vemoshojeos Santos todos; mas ai ir,
da affini, a todos vos convido, para dar hoje hum i
aflalco a cfte Monte glorioío. Yeniteafcendamus a¿
'Moñtem Vinde, vinde* fubamos todos a
efle Monte do Senhor; Montem (Domuíh quépc*7
ja fe efcalar pCcoa elle he o melhor día; porque re-
— ' . colhida
colinda toda a guarnicam de filis muralhas; ncm
hum fó Soldado deixa de eíhrna fefia; porn-ac }lo
je lie o dia^ cm que paila moflía géral toda a mi¡¿~
cia celeftc, omnes flabant in circuitu tbrom.
Padre: mediréis vos, aquietamos todos prorn-^
ptos para o aífolto, pois que neta interpreta nos
vay a todos tudo- mas fe ifto fe ha de levar a efea-
la, onde eftam as efeadas? rendes rezam; pergunta^
js bem3- porque quem íobe fem efeada, bem pode
/a de ante mao chorar o precipicio. Sabéis porque
TiO mundo cayem tantos? porque havendode íu-.
bir por cicadas, íobem por cordas. Por cordas > fi
porque cfies nao íobem porque o merecam, Íena5
porque os puxam; & como nam ha coufa no
domáis pezada, que fubir muitoaquem peza pon
co, tanto puxa a corda por cítepezo, ate que que¬
brando a corda da com tudo por térra, cecidit Hfa
*n¿ign<X Sahjkn. Cahio a grande Babilonia cccidit,
& cayem osgrandes do mundo, fem que de fuá
grandeza fiquemmais que ruinas grandes.
Efta deviafer a rezam, porque diz David ,q
j! I deftes depois de cabido fe Ihe nam acha o
leu lugar: quejes loen ejusy <& nonin yenies. Peroné
pois porq íelhenao acha lugar, fabeis por^&n ^ *
como lubioaoWarpuxado pella corda dofavor^
guando cahio do logar nam deltou „em
merco,meto, ir como m hl mcIec™ “ ~J-
ÍW“ aES5Süi» F® »lugar, por mal, qn* Uro!
A; -’ buf.
bufque,naolho achao,quieres loen cjits&no mVemes.
Nam ha de fer aífi, nam, a nofla fubida- porq
para fer feguraha de fer por efcadas; 8c para q nam
percamos o lugar, havetnos de fubir pellos degra-
os do merecimento, de Yirtute in Ytrtutem. Ora
venham eícadas: mas donde? porque para fubir ne
todas as eícadas que fe nosofferecem fervem, por
que nem todas chegam. Ah quantos, quantos fe
perdérao no mundo, porque namajuftáram as eí¬
cadas com que fubiramí Sabéis porque Saúl cabio
da graga de Déos* porque fendo Rey, quiz fubir
pela eícada dos Sacerdotes, offerccendo comofe
foífe Levita, o holocaufto no Altar. Kecejfitate
tmpulfus obtuli holocauHuw;\>o\s por iílo fe perde
Saúl? íi: diz Samuel, porque nam ha eícada , q*uS
chcgue ao Ceo, íe com ella fe pizaó os altares; Ns
dos Airares fobem, fenam os que fam Sancos nos
Altares; Stulte egifli, obrafte como necio, Ihe diz
• Samuel, ftalte; porque cadahum ha de fubir ao
Ceo, pela cicada de íeu citado; 5¿ íe tu eftas na cí'
panha, como Soldado, havias de fubir ao Ceo pe'
la tua lan^a,-porque efta heaefcada do Soldada
íhdte egifH, impía ptam %e<rnum tiutm ultra conjuré'
Deíenganaivos,qtie íe perde milita gente
mundo- porque trocam as cicadas. Haveis de Jfa'

por, que as efcadas do Ceo nam fe medem pela di'


ftancia,- porque cita he a mefina pera todos,* fab^5
por onde fe iti^dem? pelas obriga^oens: 8c cofl^i
sne a ellas, ha de fer mayor, ou menor a efcac¡ * j
Cadahum. Oraonvi. Nam lie póffivel, qUe ^
todo o Iírael nam ou vedé outro peccado femeSf"
te ao de David, & com tudo iilo, n'am íábenáos '
Déos publicamente cáftigaffe outro peccad.o nic>
is que o fe 11, mandado pera eflecffcito hum Pro.
pheta Mifit (Dominus Nathanúd Ú)*ñ>id, Pois fó £)a
Vid fe caftiga?fi: diz Gregorio Magno.porave 9re&¿
J>tinccpe David, 6= nelie h.^ *¡g*
ga^anijíie tambem mayor a fuá culpa, porque
quem Déos fez Princeps diz o San£o Tantle déh'et
¿ffe perfeüioim, m quid.quid >populas de bono opere Rbi
Vuhpr¿poneré, infuacmerfáthne Ueat mJnftrare
Tanta devia fera pcrfeicam de hum Princepe(dk
o Doutor) que a iua vida ha de fer 0 mJ¿ ¿
fea Povo, porque com ella obrigacatn o fez Deo!
o primeiro entre os mais; nam ib para que foflé 0
primeiro no lugar; íenamtambem oprimeiro no
templo, porque fe nelle falta, fendo o primeiro,
v,c.m aJer 0 ^cu peccado, como peccado de AdaS*
caZnJy & todos o pagaran Omnes in Adm ¡,e¿

habéis a que íam- os Reynos ícmelham-*


Relogios, fabeis qUeni Ihcferve deJ , aos

apontandocomodedo i-, J r ‘ °rcl tem ellos


flUVtodosdi^S^^opvo*

A4 todos
todos os mais movimentos. Efe ella chegou 2
apontar ahora forade tempo,ninguem Ihepuxa
pela corda; mas antes logo as rodas todas apreíTam
o curio pera dar aquella hora, aínda que fe/a fora
de horas, quorum y elle ? quonmquz nollc, diz S. TaG
chafio> omnes confederan t ac fccuntur.
Vafch. fib: Se a vontade do Princepc aponta bem, bem
ls.in Mit. vay o governo, porque todos va ni por qnde elle
vay, omnes confederant. Se íe apontar mal? nam po¬
de ir bem; porque para diículpa do mal, que fazc,
todos dizem que ícguem o mal que vcni, omnes
jequimtur. Se a maó do Relógio apontar ao cerco,
bem vay o Relógio; mas fe apontar errado; vay
o tempo perdido, 6c ha muitos tempos, que to¬
dos fe acomodara com o cetnp^, por ififo quando
Déos quer concertar o Relogio de hura Rcyno,
naofiz mais,que o que la fez a David,conccrcalhc.
a mam, tenuifee m.inum dixieram mwn- £ Para cllle
de Pincepe peccador paíTaífc a Princeps perneen;
te, tambem nam fez mais, diz o rnefmo David, q
Icvantandolhc ao alto os pefos darazam, dehtf
cahir fobre elle la do alto, os pefos da fiifti$a. Cafe
tigeins caTHgaVit me ominas.
Tanto como ifto pode o exemplo de huí11
Princcpe, & afilo confirma hoye Chriftocom^
cxcmplo, porque para que as turbas íubiílem aC|
Monte, ellefoy oprimeiroqueíubioaíua vfib*
Yidens Jefas turbas afeenditin Montem, yulgando
atod^
5 todos ficaria fácil a fubida,huma vez, que 0 V¡(1 D
Geni ¿ra elle, na dianteirá. ¿[ceniainMontem.
Tendcs vifto que pera dar o aílalto, he nece£
Gario que as efcadas fejam proporcionadas as obn,
gaqoens de cada hum. Agora cada hum canil Je¬
teas fuas obriga^oensj que cu ja toco arma aefea-
larao Ceo,com tres e(cadas. afcendawus ad
MonUm (Domini. Vinde, fubamos todos a efTc nio^
te do Senhor: ad mentem (Domini: Sí fe ja a prinvei-
ra eícada, que Ge arrime, a ¿feada de Fe,, que he a
primeita por onde os Santos fubiram a eíl'a pra^a
da gloria, W 7nontem Domini.
^Arrimada temos a cicada, Agrande he a muí
tidao que vejo ao pe della- mas o que mais mead*
mira,he, 8c a grande variedade que vejo nefta mi¬
licia. Sabéis o que vejo/ vejo huns quefobem,&:
che^am. Outros que arremetem, Sí voltam • &
finalmente vejo outros que olham, &ficam. per-
guiñareis, Padre, pois de.que nafee efta diteren^n
Eu o direy,.0ávi: Gibéis quaes fam os que fobem,
6 chegam? aquelles que vivendo cá no mundo,
corno peregrinos na térra, nunca o íeu amor Dari
no mu„do; &porcuc nuaca pira o fea atnor,Lí
pre la chcga.a fua fé; Sccílcs como perlino,..?
doccrgodc Iacob, jae fibdodacL fe
mm parou,fenam i vifh dos olhos dr R, u Y’
mo figura dcffa gloria Tvtudi. , „ chel£°'

B ' Os que
Os que qúcrem levar o Ce o de arreme$0;&: por*
que nam períeveram, voltam. Súbito defecernnt;te
cíles como fracos íam do ter^o de ludas, que arre
merendó a fer Apoflolo, voltou depois emtray-
dor. 0feulaftlimn hominis tradis'i Sabéis quaes fao
últimamente os que olham, te ficam.* Sam todos
aquelles que eftam ouvindo hum (Fregador, te
íem fazer mudanza do que íam., ficam no mefn)o
lugar em que fe acham, auditores tantum. E eftes
como pertinazes, fao doter^o de Pharao, porque
ouvem calados* te ficam duros, induratum e/l cor
Tharaohi*.
Oü grande deígra^a/ o laíiima grande! que
áte tres tercos, que chegam a cftaefcada fó hum
íobe, te fb'hum chega, Veriite afeendamus Vinde
ftibamos todos* nam haja quem fraquee, que o
dia he de Vitoria, porque todos fe aefiam com
mas neftc día; & palmainmznibmcortan. Vinde íu*
tamos, Veniteafcendajnus. Natn definayeys, te ad¬
vertí, que todos quantos ao íubir fezem alto, fe
perdem embaxo, porque todo» o perigo eftí eitt
ficarao pe da efeada, ttfcerMmus>futamos; porqué
todo oque íobe fefalva,& fo fe perdón os quera*?
•fobem. La no alto do monte sica Jacob tám vafe1
te,que faz partidos ao mefmo Déos, non demittfr5
nfi henedixeris,mihi. Ao pe da efeada eílá ccm tan
to medo, que lhe parece cerrivel o lugar,- territif
eUlocusf^ Pois aqnitancermedo, te alcm c^ncat
- * valen-j
valentía? ü: porque toaos os que cftam ao
efcada, 5: nam fobem, perdemfe. Sobi, porque a
todos os que nam fobircm para a Arca, ha de cu¬
brir o deluvio, «Sc dcpois que fe ella fechar, o Ceo
haíe de abrir; mas nao para o remedio, ícnao pa¬
ca o caífigo. JperU junt catáraB*. Ce//.
A vifta pois deíla verdade, íera poíTivel,quc
aínda baja quem defmaye/ que aínda baja quena
nam fuba* íi ferá. Aínda mabporq affim he, perq
aínda que todos fe quercm falvar, todos fe éneo-
lbem ao íubir: &íabeisem que fe üao? Eu o direy
Quereisfaber oque ha no mundo? Ora Ottvi ha
huns, que fe quercm falvar por térra, outros, qUC
fe querem falvar por mar, & finalmente outros q
tambem fe quercm falvar por letra. Pareccrvosba
coufa nova ¡ mas nifto nam lia duvida. ¿enana
atentay.
Os que fe querem falvar por térra, (abéis qua-
es íám? Huns que queré íubir ao Ceo como Elias
cmcarroca, porque em ordem a íubir, nim fazé
rnais que rodar; mas enffanaóíé, porq té «jora nam
ftbemos quc íubifle cuera carro/a do mundo paS
o Ceo. & >(S> pa„ qoe Jc Elias
íubirao alto, carrosa, &cavallos tudo era i ? t
Curras ígneas, & equi ignei. e toS°*
Os que fe querem falvar por n ■ i
csíamf'Huns que querem ir Ir Gbeisclu4'
Pan Thiríis- L nuctcmu aO Ceocomo lonas
paraTharhs. os outros naufragando,& elle dor-
2^ mindo
miado: DormiefatfopofegraYu Ellcs querem ir atf
Ceo, mas femqlhe cuíte o quebrar áfono:Dor* j
mieb.it JoporegrnVt. Mas tambera fe enganao, poi¬
que lonas fenatn acordar, hafe de perder, 6c para-
chegar ao porto vivo, ha de ir no venere de huma
Balea, como morto: (BrafiaraVit (Bomitfús- pifcent
granckm3 ut deglutiret lonam-
Os que fe querem filvar por Tetra,, fabeis
quaes .fam? Huns. que eftam metidos no mundo j
de pés,. 6c de cabera,- 6c a penitencia, que devi-
amfazer porfeus peccados caneílavida, padao-
ua por Tetra,para o outro mundo,ifto Juperfluinins
tBabylonis. PaíTam eítas letras fobreas rneimas cul¬
pas r mas tambem cites, fe ham de achar engana-<
dos, como os outros,porque eftas letras fam coma
as de. Vrias, matam a quem as lev3 - porque quern>
nao faz cá a penitéciade arrepedido, la te penite-s
cia^masdefefperado: ^nitenmmagamsinfubita-
úominfpwatafalutü- Qjoe fe quizer faLvár, trate
defiibir^ 6c. fe quizer íaber o como¿veja o quarteb
q fita no pc: da efeada* fabeis oq diz}fides fine, oper r
hts merina eft. Qlie a Fé fem1 obras he o meímo q
fe namfora: porq íendo- motta, nam lie, fe de cica¬
da, he f¿ de efquife, porque nam lerve mais qt*e
deíevár hum homo morto-a fepultar na cova do
inferno, inprofundnm inferni.
Arrimemos fegunda eícaday que he
sfperan$a;K^iteajcendamns> vinde ¿íbamos t°
«fcendamus. Innümeravcl he a gente, q fe :cjle •
a efta cicada- mas fendo tanta a que chega?«he n ^
f ouca a que folie, porque havendo de íubir cfoj.

rado>efperam para fubir. Eu me declaro: haveis de


faber que ha multa gente no mundo do ter^o de
cfperaem Déos, Se eftes nuncafobem mas fern,
preefperamdeíobir;. porque no mefmo tempo
em queeftao fervindo ao Demonio, eílam cfpcra-
do em Déos ¿ querella ver com evidencia51 Ora
ouvL
Chegais a hum peccador, que anda todo def-
cuidado docaminho do Ceo, Se dizeiflhe: home
porque te nana emendas > porque nam melho-
ras de vida? Nam ves que te pode eolher a mor-
te nefte eftado? & queferádeti, feadifor? Sabéis
o que refpondef Se tal vez rindofej? Padre efpero
em Déos, que ufe eomigo de fuá mifericordia3- &
que me nam mate tam depreda. Vedes o que reE
ponde? pois credemeqnam pus a repoda de mi*:
nha cafa : porque fe me tem dado algumas vezes*
Diz q he do ter^o de eípera em Deosj Se no mef-
mo tempo, queeílá em bracos coni o Denion in
eña cfperaiulo em Déos. Elle efpera, mas nam E
emenda- mas antes por ido fe fflmiebenífcr °
que eípera r Efte homem he femelhanm d ’ Pm'
nho, que falta para o ár, mas loen i ^
afua cíperanqa falta Iápara o Ceo^ ma‘S fi
paraíe mergulhar.com mais confianca.no mar cío.
Bj fuá
12
íua culpa, itdeFmquat ¡n fe me tipjo'.
Queréis tomar hum coníelho feguro ? pois
nam efpereis em Déos. Iflo (me diréis vos] ido P.
hehumaheiefíamanifeíta, porque nam ha texto
na Eforitura, que nos nam diga o contrario; 6c Ca»
im ío porque nam eíperou 1c perdeo. Eem efta;
Ora ouvi, ja que vos parece herefia o que eu digo.
Dizeime, aquellas cinco Virgens doEvangelho, I
quandoforambater aporta, nam efperavam que
Déoslhe abriífe? Nao ha duvida: porque fenam cC*
peráram, nao batéram. Pois íebeis porque lhe na5
abríram? Pelo muito que cfpcraram. Ellas Virgés
gpift.no. (diz o grande Agoílinho)fao figuras das almas dif-
lolutas: funt ctnim¿ dijfulut¿i Afli? diz Déos, 6c vos
no meírao tempo, em que ibis disolutas na vida,
vindes bater á porta, 8c tendes efperanqas de fal-
va<¿am? Pois efperay, 6c ja que tanto cfpcraftes; fb .
cay defefpcradas: nefeio Vos.
Fiéis por nenhutn modo aflenteis praqa no
terqo de efperacm Deos,porq o cabo deíie terqo,
he traidor ate o cabo, porque ordinariamente vos
faz efperar em Déos até depois de acabar o íino^
&: huma vez que la acaba o fino da juíliqa, logo,
logo fe tomao por perdidas quantas almas fe achao
no bairro da eíperan^a: 6c íc neíte cafo fe ouve a
cápainha da miíericordia, nam he ja para vos dar
a vida, ícnam para vos acopanhar até a forca: porq
até a. nisfma Jidfcricordia íe poem da parte da ju^
r r
cuando ve, que os percadores piracoJ* <
arna íua ma vida fe valem da fuá capa f«„
fueris mfericordu recordaberis Lcmbrafe DeóTT
fuá milericordia, no ponto de fuá ira Efabeis ^
que? Porque nada ihe irrita mais a fuá ira, 0^°""
confianzas de fuá mifericordia, vendo que os hov
mens o offendem fem reparo; porque ¿e de fuá
esperanza, o feu eícudo. Cmn iranísfueris mifiric§r
du recordaberis.
Sabéis como haveis de efperar em Deos> nao
como vos cuidáis, feria m como elle en fin a, & eo_
nio os Satos todos o fizérao. Haveis de efperar em
Déos, tendo ñas voífts máos as luzes dzs boas o-
bras: lucernaardentes m nimihui yrfh fs¡ porque ef
perar em Deos,&cftar com elle de ondeas ás ave¿
ías peía culpa: he efperar em Déos, mas ás avcíTas'
& efperar ás avtífiscm Dcos fabeisno qne vem a
dar? No melmo em q déraó as efperáqas de Aman
«o y alimento de Affuero, que pela efeada de fuá
RHiita confianza íubio dkeitinho para aforca.Si/f
penfusejlit.ig Aman.

Aman^S¿“pOText°* 'a**U cnfor«clo


fora degoladopelorcfpcko, deve Tu
lido? Naó: Eilc Revídizl irVi r C 3 111111 va_
q he Rey dos Reys: per Seetm ;f/^r<^-fntava a Déos Lira c.q.irt
quieñ 'tyxregum. Afl¡! & ASutrTf1’Hafe,ifkf*r
»dc Peos? Pois lo aqtiellc C¿ T °°U como £s“'
) era, o q Dcos
fiayia
havia de dar aquella culpa. Fundaílesvós as voíí
ías e/peran^as no zx¡ (diz Deos)Pois no ár avcisde
ficar com as voílas efperan<£as. E para que vejáis
bem o como ficam no ár; ficay a hi dependurado
lia forca fufpenfus efl itag Aman.
Vedes aquí sonde nos levam as eíperagas mal
fundadas. Olhay: aefpcranqa ha de íercomo o
íal, que te.m íeu ponto de tempero. Se o fal fe lan-
^aejen ponto,fica a iguaria laboróla* mas fe paíü
do ponto la vay a iguaria; & fe a coméis, bebeis
muita agua. Fiéis: multa efperan^a falgada cá no
mar defta vida, faz beber muita agua la no eílreito
da morte; &c que bebe muita agua, ou morre afo-
gado, ou acaba idropico: intraVenmt aqu¿ yfy ad
driimam meam.
habéis como ha de de fer a efperan^a em nos?
Como o fiel da balanza,que pera citar no íeu pon
to, ha de citar direito. Se a voílá efperan^a for pe¬
la rúa direitada penitencia, eu vos prometo q vos
daréis de rollo com Déos lá em S. Roque; mas h
ella tomar aqui pella Rúa dos Cavaüeiros da vida
ayrada; entam tende por certo, que antes de che'
gar á gra^a, haveis de ficarna calcada de S. Andre/
porque ella efperanca ha de ficar afpada. Sufpen~
fus eH
Vlrimámente arrimemos a terceira eícacta, ^
he a da charidade. Vemte afccndamtiSy vinde íuba' ,
mos Codos, afeendamus. Ella he a efeada do ana**? 1
^aqui
& aquí tambcm vejo, que fe nos enea*
. * w •*■ ■g*
t? muirán
A**uiuacrc*
te, turbam mugnant; nías nem por íffo íobe mnf,
porqfendofó hum amor, o que fobe, faó muiros
os que nos precipitara. Haveis de Caber, q ha naui-
to amor no mundo; Se que muiros fe perdem pe¬
lo muíto que amáo? Ha huns que amaó muito a
belleza: grande cegeira/ pois perdem a fuá alnu
por hum íeíto de térra, que nifTo ha de vir a dar a
quella belleza. Haoutros,queamao muitoas hon
ras: grande locura/ Cancar tato pello q dura ta¿
pouco; porque nenhuma honra do mundo, pon
grande que Teja paíTaalem da fepultura, poro era
cahindo na térra, todos os oíTos fam huns. Ha ou
tros que amaó milito as riquezas: grande ignoran-
cia! Fazer matelotagem, que ha deíicar cm térra-
porque na nao da outra vida, ninguem leva mais
que a (ua mortalha,- porque nem a Elias fe Ihe c5-
íencioopaílarlácoma íuacapa. Ha outros final-
niente, que amaó muito os regalos da vida: pt.Í-
co; nam tem pés" porque o a mor do mundo namí
anda. Nada. Nada? íi. -Senam atentay,5c veloheys
ñeñe cafo.
Poemfeaospés dehum ConfeíTor hum peni¬
tente deftes que íe confeílam huma vez no anno,
por íatisfazer ao preceito da Igre/a. Comefla a fuá
rcla^am, diz o milito que tem para dizer,- 5c tudo
eom muño pouca dor de fuas culpas,5c menos pro
poíito de emmendaríe dellas. Conhcce o tal Co-
felíor a falta de difpoficam no penitente ; 5c para
comprircoma obrigacam defeuoflicio, todo íe
emprega em Ihepreíuadir a que tenha grande dor
de íiias culpas, 5c que proponha firmemente ocm-
mendarfe dellas. Tudo elle ouve, 5c tal vez com
pouca paciencia,- 5c vltimamente conclue, dizen-
do ao ConfeíTor, que o abfolva, que elle promete
Se que elle fará. Abfolvco oConfeíTor,porque He
©brigado a crer ao penitente, 5c vayíe embora.
Ora ponde os olhos ñeñe pecador, Se vercis
como vay nadando. Vaiíe o íobredito da Igtcj^
para cafa; 5c logo no primeiro dia de tudo, quan'
toprometco, fabeis o que faz? Nada. Vedes ja n?
da. E que faz no fegfulo,Que?Tambe o mefir^
^nadatambem. E no terceico* Ainda nada, 5¿ j*
mímente para que nos nam cantemos, nada to¿° l
aquelle mes, nada todo aquelle anno, 5c ¡
vez es nada toda a vida, porque cm toda a íua vi
paraaíuafalya^am, tudo nada.
:, Vedes aclm c0™° 0 amor do mundo nam té
pcs, porque hauendo efte peccador de andar non
tual era cumpriro que prometeos Déos, corno
hornera, nada como pexe; porque nadando feir
pre engolfado no mar de fu a culpa, nunca toma
pe no porto de penitencia; & nam toma pe porq
nam tem pcs. Mas advertí; que fe elle nadací; td-
bem ha de nadar la. Vade elle embora nadando ao
largo; q fe elle deyxa os veftidos cá na praya, qua-
do vier3 nam ha deachar veflidos,Saaeftecazoha
de nadar por for^a, porque ha de pagar nadando
o que fez por nadar.
| Fluyiusignciisrapidufá egrtdiakttur afmenas'
Vio Daniels Déos neíl'c Ceo íentadocmhú ma-
geftofo Throno, adorado, & férvido de müharesj
Milita mtÜiü mimflrskntei. F. juncamentediz logo;
que da mefma face de Déos fahia hum rio arreba¬
tado de fogo. FltiYius igneusrapidufá egrediabatar
a[meejas. Nota ve! viíam: He pofílvelq da mef-
nia fice de Déos, cm q con íi fie a gloria toda, fof
ye hum rio de fogo nam menos abrafádor , que
¿ÍIC^ado/D Ftoius Igneas rápida{£ ? E para quc
• y fte rio. Para que? Ouvi a interlineal, Pt tíren
mes (rabera mgehenam. Sabéis para q„e A' Y
levar os pecadores ao inferno ingeh^m. BCm

(áy^hum rio^uc ncóeflario,4


pWÉk.D«w,c1iiig01?"^;i;:;
Ca ~ porfaó
por^ao as noflas culpas. Apartaftefvos de mimídiz
Déos) apartaftefvos de mim nadando pello mar
de vofla culpa? Pois agora aparrayvos tambcm de
nieu roftro, nadando por cíle rio de minha indi¬
gnaban!; Se pera que nadéis com a meíma prefla
para a pena, com que nadaftes para a culpa, haveis
de ir agora nadando para o inferno por cite rio de
fogo arrebatado; & ja que nadaftes la, naday cá;
fluYius igrnus rapiditfgegrediabatur afacie ejus
Fiéis: nam nademos como pexes , andemos
como homens; q os pexes fe fobem por correntes*
nam fobem poreícadas. E defenganaivos, q nam
ha ir no Ceo,fenao pella efeada da caricia de: Que¬
réis íobir? Tende pés? Queréis nao cair?Tendevos
em pe: Se fe queréis faber hum grande íegredo do
amor de Dcos,ouvh
Todos cuidareis q os que amao a Déos tem a
juizana cabera: Pois enganaifvos. Nam o tem fe-
nam nos pcs. E porque a novidade vos ha de pa¬
recer eftranha,vos hey de dar huma prova muito
Aug.i7; real Chegáram os Reís do Oriente a adorar *
CivitDei- Déos nacido: & diz meu P.S. Agoftinhoj que n&s
" aP*^" thefourosqueoffereceram deixáram juntamente
a fuá íabedoria, fipknti¿c, ¿r eloqumi¿e. Perguntff
agorar Eftes Re¡s yoltando para as fuas térras na<7
foram la prégadoresdo Evangelho:&: nam
por elle a fua vida? Nam ha duvida. Pois KM®? I
deixaram a fuá íabedoria em Betlem, com qnc
bedoria
feeáoriaprégaram na fuá térra? En reípondo a du-
vida, habéis c|ual foy a fabedoría,que deixáraoaos
pésdeChiitlo? A que como Gentíos, & Aílroloo0s
traziam na cabera. Vi dimus fídlm ejus. Sabéis t.]ual
foy afabcdoriajcom cjue prégaram na íua térra? a
que fe lhe infundio nos pes ao fair de Betlem,- por¬
que viudo pelo camínho do mundo, fouberao lo¬
go volcar pello canrJhho de Déos: fer aliatn Yum
reVerfifunt in regwnemfuam.
Fiéis: habéis quem he entendido? Quem tro¬
ca os palios. E íabeis qaem fabe trocar os paíTos?
Quem te os pes entendidos. EíTa devia fer a rczao
porque David fó aplicava a luz de Déos aos pés7
& nam ao juizo: Lucernapedibus meis Yrbum tuum.
Porque no mudar dos palios > eftá toda a ciencia
do amor; & por iíTo os Magos vokáram Pregado-
res tam entendidos; porque logo fouberam mudar
de palios: fer aliam Ywn reVer (iJunt m regionemfuá
ficando nefta mudanza os feus pés com tanto jui¬
zo, que logo fouberam fubir pellas tres efeadasdo
Cco. Terfidem, fpem, & caritatey diz a interlineal-,
Tenho acabado as tresefcadas, com queho-
jc vos íncitcy acicalar ao Ceo,qucrendovos levar
deíte monte cm que hoje Chriílo no Evan?cIho
eílá pregado ás torbas¿ aquclle.em q como arvorc
de infinita grandeza, tem pendentesde feus dilata-
tados ramos, ella gloriofa turba de Cortcfoens Ce
leftcs, aquai nao podereduzú a numero nenfium
Cj 77^. dos
dos contadores mais deítros deíTe Ceo.Vidi lurbam
magnrn, qudm ¿enumerare nemopoterat.
Agora para que todos últimamente vades con-
folados para cafa, vos quero aínda apontar huma
cicada, que por muito larga, podéis todos fobir
por ella. Sabéis quai he? A efeada do Hofpital, 6c
bem vedes, que ncm pode fer mais larga, nena mi
is figura; porque he toda de pedra, 6c cal. Dirmc-
heis, Padre, pois cfta efeada vay para o Ceo? Si : Se
com efta diferencia, q pellas mais efeadas iréis vos
pello vofTo pe-, 6c por efta puxarvosham pella mao
que eftehe o interefte, que tena os queíobem ao
Ceo pela efeada da cfmola.
Mdnum fuam aperuit mopi, & palmas fuas ex-
tenditadpauperem: Da molher forte (diz o Spirita
Sanfto) que abrió a mam para a dar ao pobre , 6c
que ao mefmo pobre eftédeo logo ambas as mao?,
pcllmas fuá* extendit adpauperem. Pergunto, pois^
da com huma 6c eftende ambas? Si: «Sccftendcas co
razam; porque efte mefmo pobre a que vos daes a
efmola^ por huma mao vos puxa para o Ceo,6cn*
outramao vosdeixa logoapaga.PorifTo a molher
forjze como entendida, affi. como deu a cftnola *0
pobre, eftendeo logo ambas as míos, ¿r palm&fi1
as extendit ad pauperem• porque he tam poderofi 5
ciñióla na mam de hum pobre (dizNiffeno) q v0S
de leva ao Ceo pdla mam, in C<tltim ducit eos, qlíl con"
Bcat.Orat. erga próximos pr^Jliterint. ^
21
Queréis íbbir ao Ceda poico cuito? (di2 fjy';
lario)Pois ccmpray o Cco na mam des pobres
porque ñas fuas maos depofitou o Cco as íuas ri¬
quezas; hÜurajubí\dnti<z tcrmix (diz o Sato) C¿d0J.
rum opes emimtttr. Mas advertiré a efmola nam
fe ha de dar com contrapefo, porque ha hunsq
de tal forte dam, que melhor fora darlha, que pc-
dirlha. S. Bafilio diz, que aquelle pexe de cuja bo¬
ca tirou S. Pedro a moeda para pagar o tributo, q
he figura do avarento, difígnataVcirum, & cnacho
ao Santo muirá galantina no que diz. Senara ve-
de. Chegais a pedir huma eímola a hum avaren- ’7i
to. Eis cometa a íairlhe a boa da efmola la cías cn-
tranhas. Efpcrais-que tome folego- finalmente,che
ga a eímolla aíinia ja canfada, & quando ides a ti-
rarlha da bcca,mordcvos na mam. Elle da, mas
morde; & mordevos na mam, porque lhc tiráis a
efmola por entre os dcntcs.
Narn, nam ha de ler allí,- olhay,a cfmolla
para fer grata , nam ha de fer mordida, ha de ícr
dada á imitaqam da molher fortc;que via o pobre
& a^ria a m3m: Mamim\fuam aperuit inopi. Etende
por cerco, que a niam fc(abe abriraos pobres
V11™* °temP°; porque cita mam ainda alem
da morte le tcm mam.
De Víualdo Rey <JC Inglaterra contam os Ce
us AnaesjCjue era tan» amigo dos pobres,queh»™
día por nam ter outra coufa á mam lhe m^doa
c4 --J— dar
dar o mcfmo jentar, que tinlia na mefa para íí; o
que fendo viíío pello íanto Bifpo Aidano;Ihe pro
Bcd.ltfe.3- fetizou, que hum braqo que fazia raes qbrns, nun-
Hift-AngL ca 0 tcmP° 0 coníümir*, & aíTi foy ( diz
Beda) porque perfevera eñe braqo tam inteiro,co
mo íe fofíe vivoj querendo Déos moítrarcom ef-
te milagre, q eftima tato o bracos,q foraó inítru*
memos da cfmolaj que elle mcfmo os confcrva
da fna mam. E fiqucmfe aqui nefta mam as ñoñas
cicadas, q ja pareceram compridas ao Auditorio.
Meu Senhor, ja tenho corrido as efeadas to¬
das; reña agora que eu com voíco acabe oSermao
pois o comeccy con vefeo, &: para iflo vos hey
defurtar os premios da mam, &as palavrasda bo¬
ca. NeíTe Monte cftais pregando as turbas, aífi co-
mo eu aquí o tenho feito a eíleAuditorio;mas co>
mo a obriga^am defte dia, he fatisfazer aos de Id,
& aos de ca, daime liccn^a, para que paíTandome
agora deíTc monte em que pregaes, a eñe cm que
eternamente vivéis, comcce formar aqui á voíft

viña hum excercito defla luftrofa Soldadefca; cm


tremetendo tambem entre cíTes Soldados, que I*
cflam ja pagos neíle Ceo,efla ordenanza que hojc
fobccomigo cádo mundo,
Fiéis; no Ccoefhmos, trate agora cada hutn
¿C acudir ao feu podo, como Soldado do Ceo j &
eftcjam todos proríiptos para acudirem a incorp0
xarfe no eíquadram que lhe toca. Em primeif° ^
o j
gar tomemos fitio. Mas «jue melhorfitio qj 0
lioíTo? Pois rendo a Dcos da noíTa parcelemos ca¬
lillado o Sol ao enemigo. Puxemos agora ndla
lilla, & formcfc os tercos, conforme a ordo, que
hoje lhe da o Euangelho defte dia.
O primeiro a quem toca a vanguarda do ex-
Cercito, he o ter^o dos pobres. Beati panperes. o
vos que fois pobres no mundo, alegraivos, que ta¬
bella'vos avia de chegar o voíTo dia; repartivcs era
mangas, Scagregaivos aovoíTo terco, q boje aínda
que o ter$o he de pobres,tena mangas largas,* porq
lan^adolhe o General a fuá benqam, a todos paga
dandolhe o Reyho dos Ceos: Ipforumefl enim re-
gnum Cádorum. Fórmele em íegundo lugar o tercio
dos brandos de condi$am, Suti mites. E nelle íe
incorpore todos aquclles, q por brandos de cora*
^am imitam a Challo no íofrimento: porque eni
paga do quefofrem ca no mundo, lhe da o Gene*
ralembsn^am o ferem fenhores la naquelia térra,
onde ninguena os pode privar de fuá poüc: Ipfipoj:
fUtbunt terram. Fórmele cm tcrceiro lugar, o ter-
dos que no mundo viverao chorando fuas cul^
pas. íBeatiqUilugtnt. Enclle fe incorporem todos
os penitentes: porq fe agora andana cá trilles, acmi
fe lhe da cm bcn?am o ferem la confolados • M
confolaiumur. Formefc cm quarto lugar o'terco
dos que por multo calidos nó amor, civéram fea*
prc grande tome de yer a Déos. qui efMwnt*
D '*■ E nelle
*4
E nellefe incorporan todos aquelles aquemfóra.
de Déos tudo lhe enfaftia; porque a quí fe lhe da
em benqam huma iguaria para o íeu gofio de toda
a fatisfaqam, Ipftfaturabuntun
Fórmele cm quinto lugar o terco dos cornpaf-
fivos, ®'hiti miferieordís. Enellcs em copanhia dos
InnáosdaMiíericordiafe incorpore todos aquellas
que labem víala com os pobres,- que por ni u i tos q
íejam, os leus pecados no Tribunal da jufti^aquí
fe lhe da em bcnqatn oalcancar de todos miferi>
cordia, Ipjt mije mor diam confe quentur..
Formefe em Texto lugar o tergo clos limpos;
de coragmu Bíati mimdn cor de. É nellefe in¬
corporen! todos aqueliesque íam- vigilantes na pu¬
reza; de fuá. vida ^porque- aqui fe lhe da era b en cao-
©' íer ameünoDéos la no- Cepi, o efpelho- de fuas
almas., lpfe (Dewn Yibebunt, Formefe em fetinVo»
lugar o ter^o; dos pacificos, Seati pitcifici. E nelle
fe incorpóreme todos aquelles que procuram ter
paz- com Dcos>& com o próximo, porque aquife
llie da em bencam, por eíta paz, o ferem aínda cá
no mudo filíaos de Déos, filij q%\y0cabuntur: Fót'
^eíe últimamente na retaguarda, o terqo dos pá'
cguidos pella virtude;!Beátvqtív perfecntionemp^'
witmpr.opter juñitiam> & nellefe incorporan todos
aque es, a quem o mundo perfegue, pornam fe-
guirem a u*Corte;p0rqUe aquí íellie da em bert'
^mipdlqdeí£r^0,doj mund‘ principado- d*
—-K_ ^
gloria.. Jpforumefl enim %egtium Calerum.
Temos o nodo exercito formado : agora de-
Bios hum refrefco ao exercito,- Separa iíTo chemie-
monos á fombra daquella Arvore, onde tudc> íam
íruitosdavida. O Arvore immenfa nos ramos/
O Arvore infinita nos fmitosi E quanto melhor
fora a Adam nam íaír nunca da sobra de tal Arvo¬
re/ O filhos de Adam, nam paresis hoje, nam,
nam pareqais feus filhos. Veniu ¿ijcendamus, vinde
fubamos todos a eíla Arvore, afeendamm, E íenao
fuereis fobir, cfperay que aínda que ella he amais
altana grandeza, he tam flexivel nos ramos , que
para que nos lhe podamos colher os fruitos, elles
mefmos íe inclinan! as nodfas máos. lnclinaYit Ca¬
los, & defeendit.
Abrípabrí as máos, colhey os fruitos, q a mer¬
ma Arvore, he tam humilde, que com todos os
feus fruitos, íe mete allí na nodá maó. Ecce ego i>o
lifcumfum. Colhey do ramo dos Patriarchas a íua
fé, do ramo dos Prophetas o íeu eípiritodo ra¬
mo dos Apoílolos o íeu amor, do ramo dos Mar-
tyres a íua fortaleza, do ramo dos (Pontífices a fuá
vigilancia, do ramo dos Confedfores a íua p
’nite-
cía, do ramo das Virgens a fuá pureza, &do
ramo
das Viuvasafua fidelidade.
Queréis mais pam por Déos? Fois eíper^q
neíh Arvore, leachamfruitosde que rodero got¬
ear os íeiiudos todos. Alerta fentidosl que todos
D 2. hoje
r¿
hoje diréis co Agoílinho. Sero te ñoVi7fero te dilexil
Tarde vos amey* 6¿ tarde vos conhecí: pois a vida
de tanta gloria , fopode fentiríe o chegar tarde.
MeuSenhor (dirá o fentido do ver) tarde vos
cocheéis tarde vos amey^ pois íoistam fermofo
tjue fó em vos fe ve huma fermofura fempre nova
com qualidades de antiga. Jntiqua, & nefra. Mcu
Senhor (dirá.ofentido do ouvir) tarde vos conhe-
ci, & tarde vos amey, pois he tam íuave a muíica
deífes Anjos, que perpetuamente vos iouvam , que
nunca ninguem ouvio taes confonancias: Nec ¿in¬
ris audlVu: Meu Senhor (dirá o fentido do olfato)
tarde vos conheci, & tarde vos amey, pois he tal
a fragancia que de íi cxala toda efla coi te ceieftc,q
agora vejo a muita razam, com que la dizia a Ef-
pofa, que íó pelo cheiro dos voífos ungüentos, fe
podía correr atras de vos: Tost re ittrrimus me dore
mmientomn tuovnm. Meu fenhor(dira o fencA o l o
«rodo) tarde vos conhecí, 6c .tarde vosamey, pois
he tal a do^ura defteManá, que em vos fe gofta; q
por iífo he manacícondido a teda a explicaban!.
Vinccnü dalo Mana abfeonditum. Mcu Senhor (di¬
rá vltiinameute o fentido dotadlo) tarde vos co-
pheci, tarde vos amey, pois tam brando fois para
quem vos toca- que com razao dizia iá. Paulo, que
nam pode haver quem de vos fe aparte: Qnjs nos
Jipara fot*
Fiéis; queréis n\ais pam por Déos: Pois sg°rA
----narp
í?m refta tnais, q nam querer maísl & q abraca^
donos afc¿tuofarncte com efta Arvorc da vida,lhe
diga cada hu, o q la dice Iacob. Non dimittam te. O
vida eterna/ O verdadeira vida. Jaqeumeche-
guei a abracar co vofeo, nao me quero apartar de
vos: Non dimittam. Ele por vetura a priíam da car¬
ne me nao confente o ficar neíla amorofa priíam,
ao menos permiti , q mais vcnturofamente,q Ab-
falam la da fuá Arvore, fique eu prefo cm vos pel¬
los cabellos, porq quero q ib vos fejais a prifao de
íneus cuidados.
O cuidados venturofosí Ficay, ficay embora, <5 a boa
fombra ficais, & íc vósordinariaméte foisascadeas por
onde as almas fe arraítram; nao vos cfque^ais de ouxar
por nos como cadeas, porq he tal a fraqueza dos q vi-
vemos cá no mundo, q necefíitamos de cadeas que nos
puxem lá para o Ceo: puxainos pellos fentidos, para q
larguem do mundo os fentimentos; puxainos pellas po
tencias, para que largue do mundo asvaydadcs: puxai-
nos pellos corajes, para q larguem do mundo os amo-
jesj puxainos finalmente pellas almas, para q lembran-
comr5 Pcrcgrinas cana térra, caminhem íemprc
noscftic^nJídando? fatria da glcrij > dl 9’»!
lho como no fío Irmió°Jn c* — C°m° no^° ^ay> °
amigo, María como n'oír°avoffád° Sin?° como noíI°
foscompanheiros, os Sanflfs"J3’ °S Anj°scon30 nof"
librándonos,ó fótífcyiw ftu?™0 nol,°*
tulorum. Aml ' f°U fe r£>’nj> bfecukfc
WV'chmr, (¡•¿Itria, Santi^ ^
DEDICATORIA1

A SEN HORA D lSABFT


DE MENESES/

Sermao dos San&'osrfue perfér tan florido peí


£ M ¡ciencia deJeu Autor, & tamfrutifer» por
§i 'Y*
feu efpirmi,Jc pode """niar
intitular éntreos-
éntreos Sermoen*
Ser Jen*
■ des
/Jar A/imrtnc fiar h t-> n
danfíospor FlosSanéTortim. Effepoistam
' fl.orjdebtrmaSnampóMu(carpatrocinioma~
£ "flejes °de % ¿ par a. andar ñas mao*
| Je todos, corno ramalhetefcientifico por Per V
a a n , * f fr* nohreZadefic Rey„0, aflJr davirtú-
de neft«Corte,*flor da dflcrjam >m todaaparte.Ramalhete emfim

ca daspar a o Ce o ,¿r aode naterrafebav.iam de arrimaíefaíefcí


das parao Ceo, ftnam ñas [olidas virtudes de V.S> O intUJd»
Sermaohe levar o Ceo defe al a viJF^merodeifikitTJHft
r*'. d'graos de virtudes. Tara efta conquifta nquerefe valor dr

tada fanfiidade ente f T V t' aWella™tudt anmofa, & alen¬


tó. da Rey no dio Ceo. a7v- con,flce,ni & veneram para a conquif-
ciñió por Flos Sancionan ** °&°. e^e ^€rmao bufear outro patro
forece na virtude, & a ’ c°nqjt*/tado Ceojcnam a quem tanto
% S. por dilatados annls codo'íheftt"'1 PrUo Ceo. Elle guarde a
de..R- Seh»°r*da Conceyra!l %ed,fflos- R>efie Real Convento'
flgojlmbo de Lisboa o i. 2 os de N- V- S«>£Í*

?apea6,& Orador* V.S.


Mano el da R^fftrreyftf^

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