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COMPADRE DE LISBOA
EM RESPOSTA A OUTRA
DO C O M P A D R E D E B E L É M ,
OU
J U Í Z O C R I T I C O
S O B R E A O P I N I Ã O PUBLICA,
Reddatur formae. [
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Orisonte Político!
O S o l , Senhor C o m p a d r e , a pezar de ser abaixo
da D i v i n d a d e , o P a i c o m m u m da N a t u r e z a , o que a
i l l u m i n a , e v i v i f i c a ; e a quem os mesmos Incas não
duvidárão de consagrar Templos , erigir A l t a r e s ; nem
por isso deixa de padecer eclipses em alngm dos seus
periódicos m o v i m e n t o s , e o armado olho do Astrôno-
mo muitas vezes descobre no seu núcleo grandes man-
chas , que com o rodar dos séculos talvez cheguem a
e x t i n g u i r de todo a quelle oceano de luz : ora se isto
a contece ao A s t r o do d i a , que m u i t o he que o mes-
mo aconteça a est' o u t r o , que p o r mais pequenino, e i r -
regular nos seus períodos, está, como a L u a , sujeito
ás mesmas phases, e alternativas; a ser hoje crescente,
á manhã mingoante ; agora novo , logo cheio ! A tão
A
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i m p e r i o s a L e i , Senhor C o m p a d r e , sujeitara a M a d r e
N a t u r a os P l a n e t a s , e seus satélites! 4 isto dirá V.m.
que h u m A s t r o não he P l a n e t a , mas s i m h u m c o r p o
que t e m l u z própria , e p o r isso mais de a d m i r a r he
que no c u r t o periodo de 24 horas padeça aquellas pha-
ses, manchas, eEclipses, que mais affectão os corpos opa-
cos, do que os l u m i n o s o s , e i n e x t i n g u i v e i s ; razão t e m ,
Senhor Compadre : o seu telescópio c r i t i c o porém lhe aug-
m e n t a de mais humas , e não lhe descobre outras. Se
V. m. o observasse como eu , desde que elle p r i n c i p i o u
a apparecer no nosso E m i s f e r i o , f o r m a r i a mais se-
g u r o j u i z o , e modelaria pelas minhas as suas obser-
vações , que a q u i exponho á sua luminosa c r i t i c a .
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tos fachos que nos deslumbrão; e a ffogueião !!! V e r d a d e
he , que o A s t r o reconhece o seu n a d a , quando não
a t r i b u e só ás suas forças a operação de tantas m a r a v i -
l h a s ; mas ao Deos de Aftbnso H e n r i q u e s , que elle t a l -
vez v i s s e , como aquelle M o n a r c a v i o , afFugentando para
longe o A n j o e x t c r m i n a d o r , que estava já pousado s o b r e
as muralhas do Castello a decretar m o r t e s ! ! feliz m o r t a l !
a q u e m não só f o i concedido o d o m de tão b e m enca-
minhares a opinião pública; mas até de penetrares os se-
gredos celestes ; Até a q u i , Senhor C o m p a d r e , o m e u
j u i z o c r i t i c o sobre o modo c o m que o A s t r o soube i l -
l u m i n a r , e d i r i g i r a opinião pública da N a ç ã o nos dias
J4 , e 15 de N o v e m b r o . Passo a gora a e x a m i n a r
em breve as suas judiciosas observações sobre o mesmo
objecto ; c procedendo c o m aquella i m p a r c i a l i d a d e c o m
que c o s t u m o ; t e r e i de censurar h u m a s , a p p r o v a r o u -
t r a s , è accrescentar outras. D i z V. m., e com aquella
ênfase, e sal attico c o m q u e t u d o sabe d i z e r , r e f e r i n -
do-se a h u m N. , o u J o r n a l que agora me não l e m -
bra ; q u e não havendo differença a l g u m a e n t r e h u m a
Constituição feita , e o u t r a q u e se ha de f a z e r , t i n h a
sobeja razão o luminoso A s t r o de e x i g i r dos E x c e l -
lentissimos B i s p o s , que p o r m e i o de Pastoraes mode-
ladas pela da sua b i t o l l a , fossem desde já d i s p o n d o os
ânimos dos seus Diocesanos , p a r a abraçarem esse n o v o
Código C o n s t i t u c i o n a l ; e q u e se no t e m p o de N a p o -
leão o G r a n d e , ou do seu T e n e n t e R e i J u n o t as f a -
zião cheias de unção, e graça Apostólica, c o m q u a n t a
mais razão as devião fazer a g o r a que se lhes a n t o l h a -
v a h u m f u t u r o l u m i n o s o , &c. A h ! Senhor Compa-
dre, forte o b r a ! D e taes princípios, taes conseqüên-
cias! N o t e m p o de J u n o t , o u do seu i n t r u z o G o v e r n o ,
de q u e m t u d o h a v i a a r e c e a r , fazião os V e n e r a n d o s B i s -
pos Pastoraes aos seus Diocesanos ; agora q u e he l e g i -
t i m o , e de q u e m nada ha a t e m e r , mas a e s p e r a r s
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i n f r u c t i f e r o o t e n t a d o , e f e i t o na I l h a de w a l c h r e n , pa-
ra d i v e r t i r as forças da F r a n ç a , que então c a b i a sobre
a Áustria, por não t e r e m e m seu apoio os H o l l a n d e ^
zes: assim t a f n b e m o ha de ser q u a l q u e r o u t r o que
t e n t e m s o b r e as Costas de P o r t u g a l ; h u m a vez que
não sejão apoiados p o r nos outros os P o r t u g u e z e s ! M a s
e s p e r e , Senhor C o m p a d r e , que o A s t r o ainda.senão con-
t e n t a c o m i s t o ; q u e r mais a l g u m a cousa! e se não v e j a :
q u e r que assim c o m o o E x e r c i t o I n g l e z , c o m m a n d a d o pelo*
b r a v o M o o r , d e p o i s da desgraçada expidição f e i t a nav
Península , p i c a d o , e c o l h i d o na sua r e c t a - g u a r d a p e l o
E x e r c i t o F r a n c e z de S o u l t , se v i o o b r i g a d o a p r e c i -
p i t a d a m e n t e se r e e m b a r c a r úú C o r u n h a , p e r d e n d o a h i
bag\j;*eiis , A r t i l h e rias e até as pernas os cavallos ; t i - -
cand ) o mesmo G s n e r a l , q u a l outro Epaminondas , es-
tendido no C a m p o da b a t a l h a ; e isto porque lhe f a l -
tou o a p o i o dos l i e ^ K i n h o M ; o atesmo ha de acontecer
a q u a l q u e r o u t r o , se ca v i e r , huma vez que lhe falte tf
auxilio dos Portuguezes. E senão, diga-me, Senhor,
C o m p a d r e , se esta conclusão he bem deduzida das suas
p r e m i s s a s , que a q u i lhe a p r e s e n t o em f o r m a = M a i o r =
P a r a que os ínglezes p o d e s s e m com p r o v e i t o fazer h u m
d e s e m b a r q u e nas C o s t a s de P o r t u g a l , era necessário o
a p o i o dos P o r t u g u e z e s tíi M e n o r fcs Mas os ínglezes
não o p o d e m fazer sem o apoio dos P o r t u g u e z e s , e p r o -
va-se; p o r q u e o f e i t o . n o tempo da R a i n h a Isabel fi-
cou malogrado por f a l t a desse a p o i o ; e o e x e c u t a d o p o r
M o o r no t e m p o cia g u e r r a P e m n s u l a r , não só f o i ma-
l o g r a d o , p o r q u e l h e f a l t o u o apoio dos Hespanhoes ,
más ahi perdeo este General parte do seu E x e r c i t o ,
bagagens, e A r t i i h e r i a s & Conclusão s£h L o g o não só
não p o d e m os Ínglezes fazer h u m desembarque em
P o r t u g a l sem o apoio dos P o r t u g u e z e s ; mas se o
t e n t a r e m f a z e r , a h i perderão E x e r c i t o , , bagagens.,
e A r t i i h e r i a s : B r a v o , Senhor A s t r o ! isto he que
he Lógica! agora he que V. m. b r i l h o u mais que n u n -
•ca , a pezar der estar s u b m e r s o e m mais de m e i a d e de
seu E c l i p s e ! Está d e c i d i d o , não p e d e m os fugle/es t e n -
t a r h u m desembarque em P o r t u g a l sem nos p e d i r e m
licença, e ao A s t r o ; p o d e m o s estar descalçados, es-
c u s a m o s de f o r t i f i c a r os nossos Portos ; pôr em esta-
d o de defeza as nossas f r o n t e i r a s 'marítimas ; porque
elles não v e m cá sem nós os h i r m o s a j u d a r ( esperem
lá por isso) a s s i m o d i z o A s t r o , assim o entende. O r a
m e u Senhor , eu p a r a l h e responder , pedia a compe-
tente v e n i a , começarei p o r negar a M a i o r , a M e n o r ,
e depois a Conclusão*
V. m. s a b e , j u l g o e u , que a força armada de
h u m a N a ç ã o , he q u e m sustenta a s u a l i b e r d a d e , e i n -
dependência, e no estado açtu I da E u r o p a , a I n g l a t e r -
r a não só pelas suas forças de t e n a , mas p r i n c i p a l m e n -
te pelas de m a r , oecupa o p r i m e i r o , e mais d i s t i n e t o
l u g a r ; se a experiência ainda o não desenganou, lêa a
H i s t o r i a N a v a l d a quella grande Nação , e ficará d<s-
enganado , supposto este p r i n c i p i o innegavel , que par-
t i d o , Senhor A s t r o , poderá t i r a r P o r t u g a l se elle ten-
tar deveras f a z e r nas suas costas h u m desembarque ?
P o r t u g a l cujas forças estão em proporção para aquel-
l a s , como as de h u m P i g u i e o , para as de h u m G i -
g a n t e , ou c o m o os raios de h u m pequenino astro da V i a
Láctea p a r a os do A s t r o do dia? Dir-me-ha que P o r t u -
gal t e m h u m E x e r c i t o b r a v o , a g u e r r i d o , 'cliberto de g l o r i a ;
( d o q u a l oitenta reclutas sempre valerão mais alguma c o u - *
sa , do que os cinco c h e l i n s , de que falia o seu a m i g o J o r -
nalista l u g l e z ) ; que P o r t u g a l he hoje h u m a N a ç ã o , anima-
da de hupi. espirito m a r c i a l , e de independência, que consen-
tirá vêr antes talados os sens campos, r e d u z i d a s a pavorosa
solidão as suas habitações, do que c o n s e n t i r , que h\uA
E x e r c i t o de Iiheos lhes venha dar a M , e b i a r sektâ
bens , suas mulheres , seu vinho , e sua liberdade ; e
que finalmente h u m a Nação , q u a n d o quer ser l i v r e
ke*-o; t u d o i s t o concedo aba! prazer; mas tudo kt*
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he p o u c o se corri p a r a r m o s os r e c u r s o s , e passibilida*«
de desta c o m os grandes r e c u r s o s , e possibilidades d a
q u e l l a ; V. m. não s a b e , que 40 o u 5 0 m i l h o m e n s
são capazes de d a r a l e i a 4 o u 5 millioes de h a b i ^
t a n t e s ? S ó se V. m, h< d a q u e l l c s , q u e a i n d a crêem ejst
massas populares , i r r e g u l a r e s , e iiíormes; lêa a H i s -
t o r i a m o d e r n a , senão q u e r ler a antiga-, e suinuirâ a es»
tá Verdade. E u sei que h u m a N -ação , q u a n d o - q u e r ser
l i v r e he-o; m i s t a m b é m s e i , q u e este- p r i c i p i o o l h a d o
hoje c o m o a x i o m a Político, he mais c e r t o em t h e o r i a ,
do q u e em prátici; ninguém o p r o c l a m a v a m a i s , q u e
o C o n q u i s t a d o r m Sr da E u r o p a , ninguém o p r o c l a m o u
t a n t o depois delle , c o m o os Austríacos, P r u s s i a n a s ,
e Iíespanhoes ; mas a q u e l l e , sem r e s p e i t o pelo ídolo ,
q u e fingia a d o r a r , hia ps c o a ^ u b t a u c f e a t o d o s , e este»
vendo-se c o n q u i s t a d a hiarlues imitando t a m b é m a fé p a r a
a c r e d i t a r e m h u m a b r i l h a n t e q u i m e r i a , q u e os d e s l u m -
b r a v a , sem os s a l v a r , e g a r a n t i r ; e fique c e r t o , q u e
senão fosse a geral-coalisão, que d e i t o u p o r t e r r a a q u e l l e
p r o c l a m a d o r d \ independência das N a ç õ e s , e a p r e s e n t o u
e o m elle a c u l t i v a r b a t a t a s n o J a r d i m Botânico dos r o -
chedos de S a n t a H e l e n a ; a i n d a h o j e V. m.», e eu c o m
todòs elles estaríamos m a i s e s c r a v o s i n h o s , do q u e a q u e l ^
letk de Alcobaça, de q i e m h a p o u c o f a l t e i ; e a r a -
zão he c l a r a ; p o r q u e a força m a i o r q u e f a z s e m p r e
sucumbir a menor. Os e x e m p l o s a d u z i d o s p a r a p r o -
v a r a i m p r o b a l i d a d e dc h u m d e s e m b a r q u e , não q u e r e -
n d o , ou não c o n s e n t i n d o os P o r t u g u e z e s , provão na--b
d a ; V. mu i g n o r a i n d a , que de premissas p a r t i c u l a r e s
se não pode d e d u z i r h u m a conclusão g e r a l ? isto até-
os ra-paz s da r u a o sabem ; p o r q u e o d e s e m b a r q u e
feito em Portugal no tempo da R a i n h a . Isabel ,
f o i m a l o g r a d o p o r l h e f a l t a r o a p o i o dos Portugue-
zes ; p o r q u e o de W a l c h r e n , e d a C o r u n h a o forão*
i g u a l m e n t e , pelas mesmas r a z S e s , se g u e se que t o d o s
* sejão ? P o r q u e R j m x r e p e t i d a s vezes venceo Carta-
•
m
,go ( e mais erao Potências quasi iguiaes em forças)
.segue-se, que esta não poderá ao menos vencer h u m a
v e z aquella ? p o r q u e V. m. huns dias apparece em quar-
t o crescente , o u t r o s em m i n g u a n t e , segue-se que nun-
ca poderá apparecer c o m o L u a cheia ? Q u a n t o m a i s ,
que V. m. erradamente a t r i b u e á f a l t a de a p o i o , e
coadjuvação da<|uellas Nações , o m á o suecesso daquel-
les desembarques; não f o i a f a l t a de apoio , f o i pelo
c o n t r a r i o o a p o i o , e reunião de maiores forças, que os
fez m a l o g r a r , e a t i r o u c o m os ínglezes ao mar. Q u e
as>im mesmo desses desembarques que V. n x dá o nome
de m a l o g r a d o s , o u i n f r u c t o o s o * ; colherão elles, que são
meninos, ímtnensas vantagens-; olhe forão a Copenhaoue,
passórão o Sunda p o r b a i x o de F o r t i n s eriçados de basl
ta a r t i l h e r i a , abra/.árão p a r t e daquella C a p i t a l , e t r o u -
xerão de \h h u m a uumerosa E s q u a d r a , forão a W a l -
ehren incendiarão Flessinga, e combiárão de là o u t r a ;
forão ao N i lio fizerão saltar pelos ares a m a i e r p a r t e
da A r m a d a Francezà, e fizerão a b o r t a r a expedição de
B u o n a p a r t e , e do seu M a m e l i i e o ; forão a M o n t e V i -
t e m p. > que quizerão; e a final pou-
co lhes faltou p a r a t r a z e r e m a reboque aquella Praça,
e convertidos em patacoes os seus N a v i o s ; se lhes não
f o i t a m b é m na expidição da C o r u n h a , he porque n e m
sempre se assão quantas se espeta ò; isto , meu A s t r o ,
não he D i r e i t o F e u l a l , p r o v a d o pelas Cartas R e g i a s
d a Abbadeca de A r o u e a ; he D i r e i t o de razão p r o v a -
do pela experiência , e pelos factos. P o r t a n t o á vista
disto .,, e mais dos A u t o * , temos d e c r e t a d o , decreta-
mos», q u e não só são falsas- c o m o J u d a s a premissas
alegadas , e p o r consegusnte falsa em toda a extencão do
t e r m o a sua conclusão; mas q u e V. m. em vez de d i -
r i g i r c o m o A s t r o , cujos a t r i b u t o s ,í."p e m b l e m a a si a r -
r o g o u , a opinão pública, e chama-la a h u m mesmo
c e n t r o ; h e v e r d a d e i r a m e n t e h u m C o m e t a desastroso ,
c s e m p r e excêntrico, fique n a sua m a i o r p r o x i m i d a d e
t i s n a , a b r a z a , calcina a j u s t a opinião, e pensar d e h u n s ,
e na sua maior d i s t a n c i a , o u aphelio obscurece , e s f r i a ,
e gella a de o u t r o s ; v i n d o a ser todos os seus J o r n a e s ,
q u e formão já h u m não p e q u e n o calhamaço, e m t u d o
semelhantes aquelle q u a d r o , de que falia H o r a c i o , onde
só. idéas ocas se reprezentão, quaes os sonhos d o d e l i -
r a n t e e n f e r m o ; de maneira que nem pés, nem cabe-
ça , a h u m a só f o r m a quadrão : ut nec pes, nec caput
uni rcddatur forma. E disse p o r esta vez. O r a adeos f
F I M.
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