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DIVERTIMENTOS MILITARES.

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IMP. AMERICANA DE J , P . DA COSTA.


Rua do Hospicio n. 118.
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DIVE RTJJHENTOS lVIILIT ARES

DE
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P. P. Leal,
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~·· NATURAL DO filO OE JANElJW,

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Nos<&.nuosde 1815 e 1817,
-~

\j Quando era Sargento '':Mó,~; graduado no Regimentá


de Dragões da Provincia 'do Rio-Grande do Sul.

OFFERECIDOS

Ao Respeitavel Publico para tarn!!ce.m com


eiles se djvertir, se qui<.~:er. • ~

l'OR SEU AUTO H.


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. ·I

RIO DE JANEIRO,
A Disciplina l\tilitar prestante,
Não se ensina, Senhor, na fantasía ,
Sonhando, imaginando ou estudando r
Senão vendo, tratando e pelejando.
CAMÕES.

-·- ---
li ' ' [ ., '
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í-,0 LEITOR.

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.
AmigG '· e benévolo ~Leitor, o pu-
blicar os nossos divertimentos não
tem outro fim mais do qm~ apresen-
o
tar-vos os nossos grandes desejos, em
todos os teJURos, de ser util em algu-
o ma coisa á nossa cara Patria e Na-

çao ; e por isso n03J?arece devem me-
recer-vos alguma contemplação e
piedade,. desculpando os erros que
n'elles encontrardes : se a natureza
nos favorecesse com mais alguns ta- Q

lentos, melhor poderia dizer ; mas,


assim mesmo,serâ para nós 4u.m gran-
de prazer, se vós os qêolherdes bem,
vorque d'esta maneira animareis a
nossa applicaçao.
Sou vosso attento respeitádm·

Jl'. P . LEAL.
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o

o o

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o

INTRODUCÇ.A-0.

Estes divertimentos são divididos em


quatro numeros,<ll saber: no I. apresen-
o . tamos hpma:s instrucções para o serviço
da 4. Companhil! do Regimento de Dra-
Q· gões, no quartel darNilla do Rio-Pardo,
()
quando ·e ramos Comtiiandante d' ella; no 2
tratamos de hum plano para o estabeleci-
mento da boa harmonia entre todos os in-
dividas de hum Regimento qualquér, pois
flUe , dividindo-se n<)turalmente hum
Regimento, que he composto de hum Es-
tado Maior e de hum certo numero de
Companhias, em quatro classesJ gue sao:
1. a classe de Officiaes ; .2. a de Officiaes
inferiores ; 3. a de Sd!.dados ; e a 4. de
.Trombetas ou Tambores, e sub-dividindo
e·stas em Ordens, e as Ordens em gradua-
ções, fazendo-se ver o caracter· de cada
classe em geral,e o seu caracter em parti-
cular, e mostrando-se a cada classe as suas
obrigações, será. certamente, sendo estas
obdga~ões exactamente praticadas, ve·
Vlll lNTRODUCÇÃO.

rificada a sobredita boa hannonia; no 3.


apresentamos hum plano d organi ção de
hum R~gimento de .Dragões, propria-
mente ditos,:apropriado para a Provínci a
do Rio-Grande de S. P edro do Sul ; e fi-
nalmente, no 4 . nu mero, damos as lições
competentes para o ensino do sobredito
Regimento, dividindo estas em tres par-
tes : tratando, na 1. pa'He, da"posir.ão do
. " • ;
so ld ado a pé sem armas e com arm as ,
movimentos a pé fi rm~ e cadencia de
mafchas ; na 2., dé'manejo das armas ,
tanto a pé como a cavallo ; e na 3. tra-
tamos emfim de enunciar algumas evo-
luções, tanto a pé como a cavallo.
N. B. Não tratamos da posição do sol-
dado a cavallo, porque os filhos da P reí·
"' vincia do Rio-Grande de S. Pedro do
Sul, todos são mestres para ensinarem
outro q1aa,lquér a tal respeito, pois que,
montados a cavállo, são só homens da cin-
tura par; cima, "po1·que da cintura para
baixo formão h uma unica peça com o ca-
vallo, sendo este os seus pés.
Estimaremos que tudo isto agrade ;
quando nao, teremos paciencia e nos re-
colheremos ao silencio.
V ALE.

t
DIVERTIMEN~OS 1\!IILITA~ES.

Numero 1.

lNSTRUCÇ·bES PARA O SERVIÇO DA 4.a coniPA·


NHIA DO REGHrEN10 DE DRAGÕES, NO ~UAR·
TEL DA VILLA. DO RitJ · tARDO.

ORDE!\I.

I. Desejando estabelecer a boa ordem


nA serviço da 4. Companhia do meu com-
mando, me parecêo conveniente arranjar
os artigos seguintes, e determinál-os
como instrucções, ligando-me s,.empre,
quanto me fôr possível, .-ás Disposições
Superiores. "

Obrigaçõe:J dos ·Srs. O.fficiaes


subalternos.
Artigo Unico.
2. Sendo os Srs. Tenentes e AHfcres,
para me ajudarem no commando da Com-

10 DIVERT-IMEN'I'OS

panhia, devem portanto observar com-


migo se os seus sl!lbditos cumprem ou
o não cd'm os seus deveres; executando á
risca as minhas (lrdens e as superiores.
3. Deverão os ditos St"s. O.fficiaes
achar-se na Companhià sempre que eu
· me ache.
. 4. Devem achar-se nas Pararlas do
Regimento e praça, <2 a Ordam depois
da Parada da praça e quando e~J mando ;
meia volta á direita aQS Officiaes inferio-
res, depoís da distnibuição das Ordens,
elles ditos St·s. O~ciaes serão firmes, e
destroçarão quando eu destroçar.
5. Deverão dar-me parte quando sahi-
rem para diligencias, destacamentos e
licenças, e apresentarem-se-me. quando
0 se recolherem ; e igualm~nte. devem par-
ticipar-me quando estiver~m doentes,
ou fôreJn0 prêsos, e apresentarem-se-me
quando Se apnomptem : e o mesmo são
obrigados a fazé'r ao Sr. Sargento Mór
do Regimento e ao Illm. Sr. Brigadeiro
Chefe.
6. Finalmente, alternarão eommigo em
semanas no commando da ComjJanhia.
7. Como S . A. R. mandou determinar
os unifonnes no seu Exercito, para- pelas
dragonas se conhecerem as graduações,

"
.MILITARES. 11

parece que na Ordeti! da política devem


as patentes infÇ:Jriores cumprimen tar JHÍ-
meiro ás superiores; e portanto ;'ecom-
mendo aos ditos Sr Officiaes tenhão mui-
to em vista o 'Decreto sobre o pláno de or -
ganisação do Exercito de Portugal.

Obrigações do Fu.r r·i.el .


..
_ Artigo L 0

S. A re~ista da arvorada h e a primeira·


o
abrigação di ar ia do Kurriel ; portanto,
depois de a passar, devê immediatamente
ir revistar o armamento e arre.ios per-
tencentes á Companhia que estão ao meu
cargo ; e depois de examinadas as faltas
que houverem, deverá n'essa occasião
encher o Registo diario de armamentos e
arreios do modelo que apresente (Mo-
delo 3.), e observará se o q ua!: t~leiro
cumpre ou nã@ com as suas -obriga-
ções, tendo tudo em boa o1~dem de ane-
cadação.
Artigo 2. 0
9. Depois de cumprido o L . artigo,
deve o Furriel ir ver se o Quartel da
Comparhia já está varrido, tendo -se feito
levantar as .camas dos soldados, para que
.fique de dia a tarimba limpa e livre de
12 DIVERTIMENTOS

camas; o que estando ao cargo do inferiot·


do dia e do soldado de plantão, deverá
Ver sê'"estes cumprem OUvnão com o seu
dever. ,
Artigo . 0
10. Tendo cump1·ido os dois artigos
antecedentes, deve então ir o Furriel
encher o Mappa diario, e, em attenção
ao seu muito trabalh?, poderá mandar-
m'o pelo inferior do dia, a aasiggar ao me~
quartel, infallivelmente duas horas antes
da Parada da praçA ; e emquanto vai o
Mappa a assignar,' deverá formar o quar-
to da guarda, e tendo examinado se os
inferiores e soldados que montão guarda
estão em bom estado de apparecer, reme-
diando as faltas que tiverem reme~io,
tanto de uniformes como de armami:m-
tos, &c., lhes lerá as 'obrigações das sen-
tinell~s.lazendo-os intelligenciar das suas
obrigaçoes estando de guarda ; e depois
os fará destroÇãr, até que toque á Para-
da: logo que esta toque, os deve formar
e conduzir á Parada do Regimento, onde
tem obrigaçao de comparecer.
11. Quando tenhã0 de sahir inferiores
ou soldados destacados, deverá revistál-
os, remediando-lhes as faltas que tive-
n·e m ; e depois os deve conduzir ao lugar
MILITARES. 13

determinado para a formatura do destaca-


mento, tendo pado antes ao Sr. Ajudante
do Regimento, para entregar ao R-1·. Sar-
gento Mór, hu mappinLa ou relação
em que declare o que os ditos destaca-
dos levão, tanto de armamento e aneios
pertencentes á Companhia, como dos seus
fardamentos, cujo mappinha ou relação
deverá ser assignado por mim, assim como
todos os ,papeis que sahirem da Compa-
nhia para todos os,meus Superiores.
o 12. Quando os in:eriores e soldados
sáião com licença, nâo lhes consentirá ·
levar armamentos ou arreios, sem posi-
tiva ordem superior.
Artigo 4. 0
13. H e obrigado o Furriel a assistir á
Parada da praça ; e logo que esta se con-
clúa e depois de distribuída a ordem, me
dará então as novidades,, tanto âo Regi-
mento como da Compá'llhia, vindo em
fórma com os Srs. Cadetes, o Porta-Es-
tandarte, o Arvorado, os Cabos ou solda-
dos que estiverem fazendo as vezes de
Cabo, e que não estiverem empregados
en:i serviço; e depois de ouvirem as mi-
nha:s finaes ordens, se deverá retirar
com 'todos, por meia volta á direita, espe-
14 DIVERTIMENTOS

rand_o a minha voz, e depois de feita a


meia volta, sahirá. o Ful'!'i~l da fórma e
mandár:á met~er espaclas na baínha, e á
sua voz de marcha de ·oçarão : conclui~
do isto, deverá immediatam·ente passar-se
ao quartel da Companhia, e fazendo-a
chegar á fórma, lhe distribuirá as or-
dens ; e finalmente Íl a fazer os assen-
1

tos das alteraçoes que•1iverem havido, no


livro particular da Camrfanhia, o qual
deverá. ser conferido com o livro mestre
da mesma, em todo:.; os fins de ilHszes, de-
pois da distribuiÇão das or·dens, como
ac;:abo de dizei· : e n'esta conferencia de-
vem apparecer já feitas as relações de mos-
tra, os prets geraes de municias, o rescu-
nho do Mappa mensal, para por elle Re
encher na minha presença o Mappa
d'aquelle mez, todos os mais papeis per-
tencente~ a aquelle mez, a minha escá-
la (Modelo 1.) · e registo diario para o
mez seguinte. •
Artigo 5. 0

14. He o Furriel obrigado, na forma da


ordem estabelecida pelo H.egimetlto,_ a
municiai' a Companhia de carne e fari-
nha; porêm, quan_do o não possa fazer
por causa do serviço, nomeará. hum Cabo
que julgar mais capaz parafazer as suas
MILITARES. 15

vezes, não só n'este serviço, mas tam-


bem em todas as outras suas obrigações,
comtanto que •diariamente se cumpdío,
á risca, as obrigações do ,Furriel que
são indispemaveis.
Artig·o 6. 0

15. Sendo a revista do sol posto tambem


da obrigação do Fm:~·iel,deverá, depois de
a passar, dar-II}e parte das novidades que
tiverem há:vido depois das da Papada da
praça, e ao Sr. CapWío do Estado Maior
dará parte dos in<iliv1du.os que tiverem
• faltado a esta revista ; e logo que se re-
zem as Av e Maria, ·e dal.'ldo-se a voz de
marcha ao Regimento, marchará. com a
Companhia formada para o quartel, e 'a
fat'á rezar o terço com a mais exacta e es-
crupulosa reverencia á Religião; e depÓis
d'este concluído, fará então a 1<10meação
do serviço para o dia s~guinte, tarrto do
Regimento como da Companhia; e irá
finalmente riscar o Mappa diario, &e.
16. Sendo mais da obrigação do Fur-
l'iel passar a revista do recolher ou re-
treta, deverá, depois de a passar, dar par ·
te das novidades ao Sr. Capitão do Esta -
do Maior, e fazer com que os soldados
.se deitem, e q.ue ::;e observe o tuaior si-
16 DIVERTIMENTOS

lencio no quartel da Companhia, deter~


minando ao inferior do dia que execute
á risca·,.as suas obrigações a aquelle res-
peito.
Artigo 7. o
17. Quando houver formatura de Re-
gimento au Companhia, dever~ o Fur-
riel, hora e meia antes da hora determi-
nada para as ditas fo,rmaturas, ordenar
que os Cabos de Esquadra,passem revis-
ta ás suas esquadras, no espaçd de hum
quarto de hora, e (,1Ué lhe dêem parte das
novidades que acl1arem ; e logo que as
tenha recebido, deverá mandar formar a
Companhia e lhe passará a sua revista;
e apenas a concláa, me dará parte das no-
vidades que houverem, para que eu vá
finalmente passar a mh1ha revista, ou de-
termine que a vá. passai• algum dos Srs.
Officiaes subalternos.
1
Artigo S. 0
18. Quando houver de se fazer paga·
rnento á Companhia, deverá o Furriel
praticar o mesmo que se tem dito no ar-
tigo antecedente; e quando tenha con-
cluído a sua revista, marchar á com a
Companhia para a porta do meu quartel,
á hora c1ue se lhe determinar, e no dia
MILITARES. 17

sequinte formará o quarto que sabit· da


,guarda, e ir~ igualmente com elle ao
meu quartel, para que toda a Co111'p anhia
receba o seu pagamento vencido.
19. Todas as revistas que o Funiel
passar á Companhia, deve n'ellas reme-
diar as faltas que fôrem susceptíveis de
prompto remedio, de sorte que na minha
presença já estejão. reparadas.
20. Hy da"'brigação do Furrieller os
artigos de guerra~ Companhia, antes de
se lhe fazer pagamento.
'
Artigo 9. 0

21. Deverá o Furriel ter copiado do Re-


gulamento de cavallaria as obrigações das
·sentinellas, e ter sempre em vista o Ca-
pitulo do serviÇo nas guarnições e qnar-
teis, e obrigará a q uP- cada hum dos Ca-
bos de Esquadra e Arvoratlos tenhão o
mesmo ; assim como terap, hmto"o Fur-
l'iel como todos os inferiores que lhe fô.
rem subordinados, hum cademo em que
assentem todas as minhas ordens diarias;
e quando houver qualqnér ordem repelJ-
tina do Regimento, a levará o mesmo
Funiel ao meu quartel, e só quando es.
teja empregaào em serviçQ a mandará
por hum inferior ou soldado da Oompa-
2
18 DI"'VERTIMENTOS

nhia, que mais prompte achar ; porêm a


dita ordem me deverá apparecer escrita
por eli'e Furriel, e em carta fechada.
Artigo 10.
22. Mandará o Furriel qu·e os Cabos
tenhão cada hum huma escala da sua es-
quadra, do mesmo Modelo da sua (Mo-
delo 2.) e em que lancem ou carre-
guem O Serviço e alteraçÕee das SUaS ES-
quadras.
23. Detalhará bnmás vezes por esqua ·
dras, e outras pela Companhia toda. Man·
dará igualmente que os Cabos, humas
vezes por outras, na sua presença, deta-
lhem na Companhia, para que se vão des-
embaraçando n'este serviço do Funiel :
tambem mandará que os Cabos risquem
Mappas diarios, mensaes, escalas, rela-
ções de mostra, prets e mais papeis per-
tencentes á Companhia, para o mesmo
fim já. dito.
Artigo ll.
24. Nomeará, para o serviço diario da
Companhia, hum Cabo para fazer dia e
hum soldado para plantã0; e quando nãa
hajão Cabos, arvorará hum, dois ou tres
soldados parafazerem dia,os quaes não de-
., verão fazer outro algum serviço na Com-
MILiTARES. 19

panhia , emquanto estiverem arvora-


.dos. _
:.!5. NonHutrá dois soldados p:rra con-
duzir a 1a para a Companhia ; e quando
hajão soldados retidos á minha ordem na
Companhia, estes deverão S6lr nomeados
para aq uelle serviço.
26. Nomeará, quando houver rancho,
hum soldado para"rancheíro, e lhe toma-
rá conta .as cfespêsas. O quarteleiro será
nomeado effectivo ,para aquelle serviço,
e vigiará se todos estc:ls nomeados cum-
~
prem com as suas ob nga~oes.-
27. Poderá reclusar na Companhia, á
minha ordem, os Cabos e soldados que
não cumprirem com os seus deveres pela
primeira e segunda vez que d-elinqui-
rem, dando-me parte dos seus delictos,
para eu os castigar na fórma da lei, ou,
não a havendo, arbitrar-lhes castipjos pro-
prios; porêm, pela terceira vez, devêl-os-
ha prender no calabouço" do Regimento
á ordem do Illm. Sr. Brigadeiro Chefe,
para .q1:1e este lhes determine o castigo
que bem lhe parecer, visto serem incor-
rigíveis na Companhia : poderá prender
os Srs. Cadetes em flagrante delicto, FJO·
rêm no corpo da guarda do Regimento e
á ordem do Illm. Sr. Brigadeiro Chefe.
i"
20 DIVERTIMENTOS

28. Nao deverão ser prêsos individuo&


alguns do Regimento ou CCJmpanhia, es-
tando de obriga~ão, porêm siw depois
de a concluirt~m, salvo ein caso~e gran-
des censequencias e em que se precise
segurança do prêso; mas assim mesmo
serão primeiro mandados render do ser-
vi~o, para então serem prêsos (sendo O'
senri~o da Companhia).
29. A hora de se rendet:em 0s indivi-
duas empregados no s"!rviço da Compa-
nhià, será depois da Parada da praça e
depeis de distribúida a ordem na Com-
panhia.
Artigo 12.
30. Deverá o Furriel, em todos os pri-
meiros dos mezes, entregar ao inferior
do dia huma escála do Modelo da minha,.
(Modelo I.), mas somente com(,) tambor ·
e soldados, para que elle carregue n 'e l-
la o serviço do Regimento e Companhia,
e para que este inferior do dia possa en-
tão na sua ausencia responder pela Com-
panhia,e esta escála deverá. passar de h uns
para outms inferiores do dia, até 3 do mez
seguinte que o Furriel à.evêl-a-ha rece-
ber para m'a entrpgar depois cla revista:
do sol posto, e vigiará que os ditos infe-
riores do dia a conservem no maior asseior
MILITARES. 21

'31. Deverá igualmente ter no quarte-


llinho das armas hum registo diario do
armamento e átreies pertencentes ,h Com-
}1anhia, o. dito Modelo que já referi
(Modelo 3. ), para n'elle assentar diaria-
mente as alte1·ações que houverem, cujo
,., registo se .me entregará em todos os fins
de mezes, quando eu passar a revista do
costume no armamento e aneios, &c.,
para por elle examinar se combinao os
aasentos feitos com legalidade e saber
em qualquér temp(lT ~sponder pelo rece-
bid o e m 18 14.
. I 32. Não COr.JSentirá que saia do dito
quartelinho gener0 de qualidade alguma,
sem hum bilhete assignado p(i)r eHe Fur-
riel e rubricado por mim, em que decla-
re o genero que sáe, para que fim c
. quem o recebe, cujos bi]fletes servir ão
de carga ou descarga, tanto do quarteleiro
para elle F urriel corno dp, Furrie1· para
mim ; e quando entrão GS d,i1os generos
que sahirão, deverá 0 Furri~ notar no
verso clo dito bilhete o dia, mez e anmo
da entradí\, e porque modo entrou, e
entregar-m'o com as novidades diarias na
Parada . (são exceptuados d'esta. regra
os generos, que tiver'em de sahir par a
serví 9o diario ). Por isto se vê q uc abso -
22 DIVERTIMENTOS

lutamente prohido se mova qualquér


individuo ou genero perte~1cente á Com-
panhia;csem positiva ordem mi ha.
Artigo 13.
33. Quando o Furriel sahir em dili-
gencias ou para destacamentos sem a
Companhia, o que deve raras vezes acon-
tecer, ou sahir com lic. ~nça, ou cler parte
de doente (não sendo mol:!stia grave),
elltregará por hum inventl,lrio a"Compa-
nhia a hum Cabo d~ Esquadra por mim
nomeado, e na mi·nha presença ou de
hum Sr. Offi.cial subalterno que eu de-
teFminar, cobrando do dito Cabo recibo
para sua descarga ; e he o Furriel obri-
gado a participar-me quando sahir, não
só em diligencias, destacamentos ou com
licença, mas até quanao estiver doente
ou fôr prêso; e deverá. apresentar-se-me
logo que volte dos ditos destinos ao ser-
viço da Covanhia, ·recebendo-a da mes-
ma maneirO}ue a entregou : . as mesmas
partes e apresentações·deve fazer ao Sr.
Ajudante do Regimento .
.A,rtigo 14.
34. Deverá o Furriel, logo que avis-
tar qualquér Sr. Official, fazer · alto em
MILITARES. 23

distancia de quatro passos e levar a mão


direita á banEjtina ou chapéo, dando-lhe
sempre o flanco direito ; e quande'o dito
seu Superier tiver passado por elle e es-
tando em distancia de dois passos, deve-
rá então retirar-se por hum á direita, á
esquerda ou em frente, conforme fôr o
seu caminho, e deixando cahir a mão que
tem na barretina ou chapéo ; e no caso
do clito S ·. Oficial o mandar caminhar,
antes de passar por. elle, deverá praticar
o mesmo que pratica!'ia depois d'elle ter
passado. .,
35. Deve-se reciprocamente cumpri-
mentar com os Srs. Cadetes e Cabos, sen-
do estes os que devem primeiramente
cumprimentál-o.
Artigo 15.
36. Pelo que se tem dito nos artigos
antecedentes sobre as obrigações do Fur-
riel, se póde colligir a responsabilidade
d'elle, e portanto o contemplo meu Fiel
e o constitúo meu Fiscal, sendo-me res-
ponsavel em todo o tempo, não só da boa
disciplina da Companhia, mas até da boa
arrecadação dos armamentos e arreios
pertencentes ã mesma.
2·i DIVERTIMENTOS

ObrigaÇões do Porta-Estandarte.
Artigo Unico.
37. Como () Sr. Cadete Porta-Estan-
darte he propriamente hum Official de
bandeiras e aão tem outro serviço mais
do que fazer guardas, algumas diligen-
cias ou destacamentos, e pegar no Estan-
darte quando ha formatura de Regimen-
to ou esquadrão ; com tudo,, como he pra-
ça que entra no Estado effectivd da Com-
panhia, deve estar sujeito á disciplina
d'ella, e portanto he obrigado a com-
parecer nas Paradas do Regimento e pra-
ça, na revista do sol posto e na Com-
panhia, logo que ella se fórme, ou para
exercícios, pagamento e Missa, ou para
qualquér revista extraordinaria que eu
determinar ; e quando tenha algum im-
pedimenlto de molestia, me deverá. p~:e­
venir, mandando a tempo participar á.
Companhia.
38. Deve-se-me apresentar, tanto de
doente, de licenças e de prisões, como de
diligencias e destacamentos, dando-me
parte quando sahir para qualquér d'es-
tes destinos ditos ; e o mesmo he obriga-
do a fazer ao Sr. Ajudante do Regi-
mento.
:MILITARES. 25

39. He obrigado a cumprimentar pri-


meiro aos Srs. Officiaes, logo que os avis-
te, e QOJU o Fiuniel deve-se trattu· r e-
ciprocamente.

Obrigações elos Cabos ele Esquadra.


Artigo 1. 0
· 40. Logo que tocar a Arvorada, deve-
rão os Ca,bos, cada hum á :.ua esquadra,
fazer levantar os soldados, e que dobrem
,')
e levantem as suas camas, e que se vistão
e preparem para poder'em apparecer ; e
depois d.e lhes passarem a revista, reme-
diando as faltas rem~diaveis, darão parte
ao Furriel, e se achárão ou não alguma
nol·idade, especificando a novidade que
houver ; e as mesmas revistas passarão
quando houver formatura de Re~imento
ou Companhia, examinando exactamente
o armamento e arreios, &c; . '
· A rUgo 2. 0
41. Devem os Cabos ou Cabo, a cuja
esquadra pertencerem os soldados que
entrão de guarda e . serviço da Compa-
nhia, emquanto o Furriel vai encher o
Mappa diario, passar-lhes revista se es-
tão ou não capazes de se apresentar com
26 DIVERTIMENTOS

decencia no serviQo para q u c ~sti verem


destinados, e das novidades darão parte
ao Fur~·iel, lo.go que este mande formar
o quarto da guarda; e depois que o Fur-
riel o mandar destroçar, deverão entao
os Cabos carregar nas escálas das suas
esquadras, que serão do mesmo Modelo
dadoFurriel (lVIodelo2.),oserviçoque ·
n'ellas se houver de- lançar ; represen-
tando ao Furriel, porêm co'n todo ores-
peito, tudo quanto fôr a bem de seus
soldados.
Ar\igo 3. 0
42. FarÃo os Cabos dia no quartel e
tudo quanto o Furriel lhes determinar a
bem do real serviço, como riscar Mappas
diarios, r_elações de mostra, &c.
43. Cuidarão ·muito no arranjo das
esquadras, pois são responsaveis na pre-
sença do seu Furriel pela boa ordem e
disciplina d'ellas.
Artigo 4. :='
44. Terao os Cabos, alêm da escála
do detalhe já dita, hum caderno em que
assentem as minhas ordens diarias, e
outro em que-te-~ão copiadas as obri-
gações· das sentine~la:s) e tenhão sempre
em vista o capituJ,ó do serviço nas guar-
!IIILITARES. 27

nic;;ões e q uarteis, para que, todas as ve-


zes que possãq, instrúão os soldados das
suas esquadras.
Artigos ó. 0

45. São os Cabos obrigados a compa-


recer nas revistas da Arvorada, sol pos-
to e recolher ou retreta, com as suas
esquadras formadas, tendo-lhes passado
revista e rew..ediado as faltas remedia-
veis, dando d'isto parte ao Furriel, para
que este en tao passe , sua revista.
46. Devem, quando 0 sahirem em dili-
gencias ou destacamentos, com licenças,
ou quando estiverem doentes au fôrem
prêsos, dar parte d'isto ao Funiel, e
. apresentarem-se-lhe quando se recolhe-
rem de taes destinos á Companhia : e as
mesmas partes e apresentações são obri-
gados a fazer ao Sr. Ajudante do · Regi-
mento.
Artigo 6. o . •
47. Quando os Cabos sahirem para
diligencias, de~tacamentos, licenças, e
quando derem parte de doentes, entre··
garão as suas esquadras e obrigações a
hum soldado da mesma, nomeado ,p elo
Furriel e na sua presença ; e d'isto se
fará hum termo assignado pelo Furr~el,
28 DIVERTIMENTOS

cujo termo ficará em meu pod('r; e quan-


do se apresentem, deverão receber as
d'itas S1\as esquadras da mesma maneird.
· Artigo 7. 0

48. Devem os Cabos, logo que avista-


rem qualquér Sr. Official, fazer alto em
distancia <I e oito passos, oando-lhe sem-
pre o flanco direito, e levar a mão direi·
ta á barretina ou chapéo ; Q logo que o
dito seu superior paSS.f! por elles e em dis-
tancia de quatro passos, se deverão retirar
por hum á direita,·:á. esquerda ou em fren-
te, conforme fôr o seu caminho, deixan-
do cahir a dita mão da banetina ou cha-
])éo, com huma pancada fórte na coxa
direita ; e se o dito Sr. Official lhes de-
terminar que caminhem, an.tes de pas-
sar por elle praticarão ·o mesmo que
praticai"Íão na dita distancia de quatro
passos. •
49. Silo obrigados a cumprimentarem
primeiro ao Furriel e aos Srs. Cadetes,
lop.o que os avistem, fazendo a acção de
querer fazer alto e levando a miio direi-
ta á banetina ou chapéo.
MILITARES. 29

Obrigações do Injerim· do rUa.

"Artigo Uuico.
50. O inferior do dia he obrigado a
não se apartar do quartel por pretexto
algum, excepto para qualquér serviço
ou necessidade, e deve estar armado
com a sua espada e talabarte na cintura,
e com huma vara grossa na mão.
51. D ve · ·igiar não se commettão
desordens nem ro.u bos na Companhia,
evitar os jogos, man dar pelo soldado de
plantá? varre1: 0 quart'(l l, tendo -o sempre
no ma10r asse10.
52. Deve mandar, logo depois da
Arvorada, pelos dois soldados nomea-
dos para carregar agua, encher o bar-
ril da 0ompanbia de agua de beber ~
e deve conservál-o sempre com agua,
nao eonsentindo beber d'ella senão os
individuas da Companhia; e se não
fôr bastante hum só bauil de ag ua,
mandará, depois da revista do sol posto,
pelos mesmos dois. soldados nomeados-
para este serviço, encher outro ; e se
houver, algum dia, rancho na Compa-
nhia, deve vigiar se o rancheiro o faz
eom asseio, e fará a distribuição da co.
mida ; e quando hajão prêsos na Compa-
30 DTVERTii'riENTOS

nhia, he elle responsavel por elles, assim


como he de tudo quanto e'!{iste no quar-
tel; e·.,mandará que o plantão acompanhe
os prêsos para q ualcq Hér serviço da Com-
panhia ou necessidades.
53. Passa a ser da obrigação do infe-
rior do dia o levar ao. meu quartel o
Mappa cliario a assignar.
54. Deve finalmente fazer as vezes Jo
Furriel, na sua ausencia,' ree-pondendo
immediatamente pela Companhia e po-
dendo reclusar na-mesma, á minha or-
dem, qualquér· Oabo ou soldado que de-
linquir, dando logo parte d'isto ao Fur-
riel para que este m'o communique.
55. Quando os inferiores do dia fôrem
rendidos, deverão entregar o quartel da
Companhia com todo o existente n'elle,as-
sim como devem entregar a escála do ser-
viço do RegimentQ e Companhia, recom-
mendando sempre o maior asseio n'ella;
e igualmente devem communicat· todas
as ordens que tiverem1 havido minhas
n'aquelle d-i a.
Obrigações dos Soldados .
Artigo 1. 0

56. Logo que tocar Arvorada, deve o


soldado levantar-se, dobrar e levantar a
· MILITARES. 81

·s1:1a cama, lavar a cara e as mãos, pôr a


sua gr~vata no pescoço, vestir -se e esco-
var-se, &c., para comparecer anfi njado
nas revistas, tanto do Cabo da sua esqua -
dra eomo do seu Furriel.
57. Depois da revista do seu Ftnriel,
deve, se não teve tempo de fazer a bar-
ba antes de se vestir, ir fazêl-a; e se
tem de entrar de obrigação n'aquelle dia,
deve cuidar ~m ir arranjar o seu arma-
mento, &c., de sorte que os seus Supe-
riores não tenhão ne essidade de o avi-
sar das suas faltas ; e q ando se formar
o quarto da guarda, deverá estar com
muita attenção e respeito, ouvindo lêr
as obrigações das sentinellas e do sol-
dado quando está de guarda.
58. Poderá perguntar ao Cabo e ao
Furriel, para se instruir, alguns artigos
que não perceba, para que estes lhe ex-
pliquem até perceber ; p~rêm isto só o
poderá fazer quando estiver fóra da
fórma.
, Artigo 2. o
59. Tem o soldado obrigação de esta r
no quartel da Companhia ás horas da
Parada, para receber as ordens que hou-
verem ; e quando o Furriel' mandar des-
troçar a Companhia, então se poderá re-
32 DIVERTIMENTOS

tirar, se não fôr nomeado ,p ara algum


serviço. .
60 . ..Deve o soldado ter muito cuida-
do ern conservar o seu armamento e ar-
reios bem limpos e asseados, e fazer o
serviço com as suas proprias armas.
Artigo :l . 0
61. Tem o soldado obrigação de estar
no quartel da Companhia' antes das re-
vistas do sol posto e de recolher ou re-
treta, para não fal~ar a ellas.
62. Tem obri5açao de rezar o terço
todos os dias e com toJa a devoçao, como
bom cathelico, e executar todas as func-
ções da Religião á que está. ligado .
.1\rtigo 4. 0
63. Deve o soldado, em todas as fot·-
maturas da Companhia, comparecer exac-
tamerite ás h9ras que se lhe determi-
nar, trazendo sempre a sua gravata no
pescoço, barba feita e com o uniforme
que tiver, pois tem obrigação de appare-
cer com decencia na presença dos seus
Superiores. .
64 .. Deve guardar o maior silencio na
occasiao de· estar em fórma, e estando
fóra d'clla, poderá então fallar ; mas ,
MILITARES. <lll

quando succeder fallar com qualquér dos


seus SuperÍOJ(es, sempre lhe fallará com
toda a subordinação e respeito.
Al'tigo 6. 0

65. Tem o soldado obrigaç:'lo de fazer


plantão, ser rancheiro, q uarteleiro e car-
regar a~ua e lenha para a Companhia.
66 Tem obrigação de montar guar-
das, faze · ili~encias, destacamentos, &c.
Deve dar parte e <)presentar-se, não só
ao Cabo da sua escr,uadra, más até ao
mesmo Furriel, quan o sahir ou reco-
lher-se de dili~encias, destacamentos, li-
cenças, ou de doentt>, ou de prisões.
Artigo 6. o
67. Quando o soldado julgar que lhe
fazem alguma injustiça no serviço, fará
a sua,representação, pelo Cabo da sua
esquadra ao F'urriel, para.,flue es e m'a
apresente e eu decida ; e no caso de a
dita representação precisar de decisão
superior á minha, então de mim deverá
passar para adiante.
Artigo 7. o
68. Logo que o soldado avistar qual-
quér Sr. Offl.cial, deverá fazer alto em
3
3'i DIVERTIMENTOS

distancia de dez passos, dando lhe sem-


pre o flanco direito e leva-'ldó a mão di-
reita á:' barre tina ou cha peo, porêm com
ga'lhardia e elegancia; e logo que o dito
seu Superior passar por elle, e estando
em distancia cle quatro passos, se poderá.
então retirar por hum á direita, á esquer~
da ou em frente, conforme fôr o seu ca~
JniRho, deixando cahir rivamente a dita
mão da barretina ou cbapeo ~;·nm huma
pancada fórte na coxa ; e se o dito seu
Superior o mand~'i· caminhar antes que
passe por elle, então praticará o mesmo
que devia praticar na dita distancia de
quatro passos : o mesmo deve fazer ao
seu Furriel e Srs. Cadetes, porêm farfl.
alto em distancia de s~is passos, e se re-
tirará quando es ditos tiverem passado
por elle e em distancia de dois passos :
deve .•cumprimentar primeiro aos seus
Cabos de E1:quadra, le\•ando a mão di-
reita á banetina ou chapéo e fazendo a
acção ele querer fa2 e r alto.
Artigo S. 0 ·
69. Os Srs. Cadetes são dispensados de
todo o serviço da Corr.Jpanhia, porêm têm
obrigação de comparecer n'ella em todas
as sua13 formaturas e ~·evistas, menos a dtl
IviiLIT ARES. 35

arvorada ou a da retreta, salvo se eu as


fôr passar ou se estiver em Camp:mha.
70. Devem ter sempre os seus unifo r-
mes, armamentos e arr eios np mai or as-
seio ; pois , como são Sl•ldados nobr es , de-
vem serv1r de modelo aos mais sul-
dados.
71. Estão sajeitos a toda a disciplina
ela ÜOf11panhia, devendo ter o maior res-
peito e ..subvrd in ação, d esde o Cabo,
quando o fô r pôr de sentine lla, até o Sr.
Officia l de mais alta graduação ; em geral
tratanrlo -os sempre coln toda a civilida-
de como devem, sendo os Srs. Cade tes os
primeiros que os cumprimentem, pois a
boa educação assim o d etermin a.

Obrigações do Soldado de Plantão.


1\ rligo Unico.
72. Deve o plantão set:,inseparàvel do
quartel, varrêl-o logo que tocar a arvo-
rada, não consentir camas de dia na ta-
Í' imba, tendo-a no maior asseio; avisan-
do ao inferior do dia de qualquér desol'·
deru, roubos ou jogos que se commettão
na Companhia.
73. Deve acompanhar os :pt·êsos da
Companhia a qualquer :;erv1ço QU neces·
t
86 DIVERTIMENTOS

sidade, e fazer as vezes do inferior do


dia, quando este vá a algu rya precisão.
• 74. "Deve estar o plantão com a s ua es-
pada fóra da bainha: deve á nuite fechar
a pllrta tla Companhia e entref\ar a chave
ao inferiur do dia ou ao Furrid , se dor-
mir dentro do quartel; e deve recebêl-a •
d'elles, para a abrir ao toque da arvora-
da ou de noite, para alguma necessidade
ou revistas incertas : e q uã'ndo" fôr ren-
dido, entrega rá o q ua~tel, explicando as
suas obrigações a q.uem o fôr render .

Obriga~:ões do SeJldado Ranche·iro.
Artigo Unico.
75. Deve o rancheiro receber todos os
dias do Funiel, depois da ravista da ar-
vorada, o dinheir0 para as despêsas
d'aqueJle dia, e dar-lhe contas em que o
gastou. •
76. Deve o rancheiro fazer a comida
para a companhia com o maior asseio pos-
sível; e estando prompta, deve dar parte
ao inferior do dia, para que este a vá dis-
tribuir pelos soldados arranchados: o jan-
tar deve estar feito ás onze horas e meia
da manhã, e a ceia· antes da revista do
sol posto .


MILITARES. 37

Obrigações do Soldado Quartelei1·o. '


' Artigo UniGo.
77. Deve o quartcleiru, l.ogo que toque
a arvorada, vaner todo o quartelinho do
armamento e arreios e sacodir lhe toda
a poeira, de sorte que, quando o Furriel
fôr passar a sua reYista, o ache no maior
asseio e arranjo. ·
78. Quanro o Furriel fô r encher ore-
gisto diaho, o avisará então de qualquér
·pequena falta que ''ti\~~r achado nos ditos
armamentos, &c.
79. Como não deve sahir do quarteli~
nbo l!:enero algum, excepto para o servi-
ço diario, sem hum bilhete assignado
pelo Furriel e rubricado por mim; deve
portanto o q uarteleiro, quando entregar
o dito genero que tiver de sahir, rece-
ber o dito bilhet~ e guardál-o muito bem,
pois lhe ha-de servir de descarga quando
se lhe pessão contas: porê'm, logo que en-
tre no quartelinho o dito genero que sa-
hio, entregará então o bilhete ao Fur -
riel.
i'J S DiVERTIMENTOS

Obrigações dos Soldados nomeados para


conduzir agua e l~nha.
Artigo Un ico.
80. Os soldados nomeados para condu -
zir agua e lenha, não carrega r:'i o estes
generos as costas ; pt.r êniJ sim , para c ar.
regarem a agua, enfiarão nas azas do bar-
ril hum pá.o e o carre,gadío nas mãos, e
assim tambem carregarãCJ a ~ e n h a : só de-
verão ir para os ditos se rviços á hora que
o inferior do dia lhes detemlinar.

Obrigações do Tambm·.
Artigo U nico.
81. O tambor tem as mesmas obriga-
ções do soldado, menos o fazer sentinel-
las quando entrar de guarda ; fazP.r plan-
tão no quartel, ser rancheiro ou quarte-
leiro, e de mais que o soldado deve fa-
zet· todos os toques da ordem, nos luga-
t·es e a hora que se lhe determinar: e
quando tenha de sabir ou se recolha de
qualquér serviço, de licença, de prisão
ou de doente, deve dar parte e apresen-
tai··se ao Cabo da sua esquadra e ao tam-
bor Mór do Regimento.
MILITARES. 38

Ob1·igações Gemes.

82. Alêm do que fica referido em to-


dos os artigos antecedentes, são todos .os
individues q\le estilo debaixo do meu
Commando, obrigados a conservar toda
n devída obediencia e respeito aos seus
Su pel'iores, d.o primeiro até o ultimo em
geral, e fazer tudo quant0 lhes fôr por
elles determinado, concernentes ao Real
Serviço, e vi. ~do sempre tudo determina-
do pela repartição 1!ompetente.
83. Deverão os Srs . Officiaes Subalter-
nos conservar por copia estas Instruc-
ções, para assim melhor observarem se os
seus Subditos as cumprem exactamente.
84. Deve o Funiel copiar estas Ins-
trucções, da parte que lhe pertence, até
o fim.
85. Deve o Sr. Cadete Porta-Estan-
darte copiar a parte que lhe pertence
n'estas Instrucções.
85 . .De,·em os Cahos de Esquadra co-
piat· d 'estas lnstrucc,;oes, todas as suas
obrigações e a dos soldados para os ins-
truird'ellas, e se instruirem das que lhes
dizem respeito.
86. Finalmente, como estou certo na
probidade e honra de todos os individuo:;
4~ :L>IVERTIMENTOS MILITARES.

que compõem esta 4. Companhia do meu


Cornmando, espero se executem á risca
estas l11strucçoes do 1. de Setembro pro-
ximo futuro em diante, cujas lnstrucções
j.ulgo deverão suavisar mais geralmente
os tr-abalhos da Companhia, pois que n'el-
las os reparto com a igualdade e justiça
possíveis, fazendo por este modo que to·
dos sejão sabedores do meu procedimento
a seu respeito.
Quartel na Villa do Rio-Pardo em 29
de Agosto de 1815.
I

FRANCISCO DE PAULA LEAL,

Sargento Mór Graduado .

·'
) I I :
.,
DIVERTIME;NTOS MILITARES.
l '

__
Nvtmero 2.
,
PLANO PARA o E~ TABELECIMENTO ll A
BOA HARMONIA •I'JNJ R E TODOS OS I N·
DIVIDUOS DE HU ~ itEGl l\lENTO QUA L·
QUER. \
(

Primeim ,Classe.
87. A primeira clas~e de l1Um Regi-
mento he, como disse 11\a introducção, a
classe de Officiaes, a qu1al se divide em
tres ordens, que são : 011ficiaes Superio-
res, Capitães e Subaltemos.
88. Na ordem dos Su p:ri ores ha tres
Gradua ções, que são: o Cc·run el, que he
o Chefe de todo o Regimentn, o Tenente
Coronel, qu e he para ser Chefe quando
faltar o Coronel: e o Sargento Mór, que
he o Official do detalhe e o can al por onde
devem ser destribuida~ ao Regimento to·
42 DIVERTIMENTj::JS

das as d.eterminações do (~)hefc; sendo ao


mesmo tempe o inst ruc'eLOr do Regimen -
to FbC'al, não só da extjerHção das ntes-
mas determinações, ma.s aiuda das que
pertencerem ao zelo ti a l<'azenda Rea l,
(hoj e Fazenda Nacional!) d1stribuida pe -
las Vom pa nh ias.
89. Na 2.a orde1n, q~ue he a de Capi-
tães, nao ha sub -divi s~w alguma de gra-
dual5Ões; e portanto, ·só m~ resta dizer,
por óru, que o Capitãü he hum•úhefe da
sua Companhia . "
90. Na 3. a orde•n,, que he a de sub-
altemos, ha duas grpduações, que são : o
Tenente, que he pr.~ ra se r Chefe da Com-
panhia quanrio falt<tr o Capitão, e o Al-
feres, que serve pnra o mesmo fim na fal-
ta do Tenente e do Capitão.
91. Alêm elos Tenentes das Compa-
nhias, ha no Regimento mais outros que
pertenc-em ao E'!itado maior, e são: o Aju-
dante do Major~ qt1e serve para o ajudar
e m todo o SflU ,;erviço, sendo o orgão por
onde vão tei' ás Companhias todas as
determinaçõ<',S do Chefe do Regimento,
que por cond·ucto do Major lhes devem
~er communicadas.
92. O Quartel Mestre, que serve pal'a
recebet· e distt•ibuir pelo Regin~ento 0s
MILITARES. 43

generos que da Fazenda Real perten·


cerern ao mesmo.
93. Ha hum Cirurgião Mór que, ten-
do a gradua\ão de Tenente e vencimento
de Alferes, serve para curar os doentes
do Regimento, ::;endo possi vel.
94. Ha hum Secretario que tem a gra·
duaçao e soldo de Tenente, o qual ser-
ve para escrever no livro de Registo de
todas as. Pra<%as do Regimento, e fazer
tudo quanto perte~cer ao serviço d'ellc,
determinado pelo Coronel.
95- Ha hum Picadwr nos RegiFnentos
de Cavalleria, que tem a graduação de
Tenente e soldo de Alfe.res, o qual s<?r-
Ye para disciplinar os Cavalleiros e Oa-
vallos. (Na Provincia do Ri0-Grande de
S. Pedro do Sul he o picarlor huma pra-
ça bem escusada.)
96 . Ha finalmente hum Reverendo Pa-
dre Capellão que tem o soldo de Alfe·
res, e he propriamente o Parocho de
todo o Regimeflto.

Segtmda Classe.

97. A segunda Classe de hum Regi·


menta he a classe de Officiaes inferiores,
a qual se divide em duas ordens, que
44 DIVERTIMENT(:)i!l

são: a de inferiores graduados e a de in·


fel'iores S'rnplesmente.
~8 . ._Na La ordem ha duas graduações,
que são: o Sargento, que he o Ollicial do
cle~alhe de huma Companhia e o canal
por onde de\'etn ser dis tribuídas tod as as
deterrnina~ões do Capitão ou Chefe d'el-
le, sendo ao mesmo tempo Fisral das di-
tas determinar;ões, e zelando ·todos os ge-
neros que estiverem a l'eSÇJOilSabilidade
elo Oapitao; e o FurriPl, que serve para
receber e distribu,i1· o pão e a paga a
toda a Companhia;,dando conta do rece-
bimento c distribuição dos ditos generos
ao Capitão.
99. Na 2.a ordem ha duas gl'aduações,
que são: o Cabo de Esrkuadra que serve
para reger huma Esquadra, que he com-
posta de huma parte dos soldados da sua
companhia, e responder por ella, como
mais velho que elles, e o A.nspe~ada que
serve para ajudar ao Cabo, n'este e em
outros serviços que lhe pertencer.
100. Alêm dos inferiores ácirna referi-
dos, entrão no Estado maior do Regimen-
to hum Sargento de Brigadas, que ser·
ve pat·a ajudar ao Aj udante, hum Sar-
gento quartel mestre, que serve para aju-
dar ao Quartel Mestre, Porta-Bandeiras
.!IIILITARES. 45

ou Estandartes, que servem para condu·


zir as Bandei ·as ou Estandartes do Re-
gimento, (os Porta Ba-ndeiras, ou•"Estan·
dartes, me parece deverem ser tratados
na classe de Ufriciaes, como Alferes ou
• O.ffi.ciaesde Bandeiras): haAjudantes de
Cirurgia, que tem a graduaçi1o de Sar-
gentos e servem para ajudar ao Cirurgiao
Mor: ha nos Regimentos de Cavallaria
hum Tr04nbeta Múr, com graduação de
Sargento, que ser v§! para ensinar os trom-
betas do Regimento; e nos Reg imentos
de Infantaria e Artilhe~·ia ha hum 'l'am-
bor mor com graduação de Sargento e
hum Cabo de Tambores, que servem para
e!'lsinar os Tambores do RP.gimento: ha
hurn CoronheirQ., hum Espingardeiro e
hum Selleir0 ou Corrieiro, com gradua-
cão de Sargento, os quaes servem para
trabalhat no Regimento pelos officjos res-
pectivos : alêm de todos 111es tes referidos
ácima, tem mais os Regimentos de Ar ti-
lheria, Sargentos e Cabos, artífices de
fogo.
Terceira Classe.
101. A terceira Classe de hum Regi-
mento h e a Classe de soldados, a qual
tem tres ordens, gue~ão: soldados nobres


46 DIVERTIMENTOS

ou Cadetes, soldados voluntarios e sol-


ó.tdos de- leva ou for çados .
102?, Na I.a ordem ha quatro distinc-
çoes, que são: Cacletes Fidalgos, Cadetf!S
por nobreza, Cadetes por privilegio e
Cadetes por Aviso.
103. Na 2.a e 3.a ordens ha tres dis-
tincções, que são: soldados de vergonha
ou distinctos, soldados de prisão e sol-
dados de páo . ..
N. B. Esta ultima ,distincção de sol-
dados devem forcejar todas as Classes au-
tecedentf's par·a que seja aboliria em to-
dos os Regimentos, e póde-se conseguir
com facilidade.

Q~ta?'ta Clpsse.

104. A quarta Classe de hum Regi-


mento he a classe de Trombetas e tam-
bores, a qual nfi.o tem sub-divisão alguma
e só serve para fazer os signaes por tó-
q ues ao Regimento.
Caracter da primeira Classe.

105. O car~cter da primeira Classe,,


que he a de O.fficiaes, deve sP.r serio,
respeitoso e affavel judiciosamente.
MILITARES .

N. B. N'esta Classe geralinente, deve


ser o seu car;w-ter exemplar, porque d'el~
le de!Jende a boa disciplina do" Regi-
nwnto, muito principalmente na J . a
graduaçao da l,a Or<lem que hfl o Co.
tonel.
106. O Coronel deve SPI' sério, para
que os seus subditos hajão de ter huma
confiança cer~a da .recta distribuic,;ao da
justiça. .. ··
Deve ser respeit-oso, não só para fazer
obi"i:H qualquér atrevimento que os seus
subditos discreta ou indiscretamente in-
tentarem praticar con-tra a sua gradua~ão
e pessoa, mas tambem para f:1zc->r susten.
tara.; auctoridades dos seus subditos, que
h e como melhor ·póde sustenta r a sua.
Deve ser aff'!veljudiciosatnente, por-
que, IJOl' meio da affabj!idade, mais facil-
mente púde ronhccer a indole de cada
iH1m dos seus subditos, pat•a assim melhor
lhes distribuir a justiça.
Ult mente, deve ser o Coronel justi-
ceiro, sem cundescendencia alguma abso-
lutamente.
107 O Tenente Coronel deve ser hum
imita·dol' do Col'onel, fazendo ver a todo
o Regimento, sempre que possa, o respei-
to e amizat.le que deyem ter ao seu Col'o·
48 VIVERTIMENTO~

nel, e lembrando a este, porêm com toda


a muder·ação, algum~s coisas que facil-
mente ão lhe possão occorrer ao bem da
boa disciplina do Regimento; deYendo em
tudo dar-se as ma*"" com o Coronel para
o bem do real serviço. ·
108. O Sar~ento Mór, que he o Offi-
cial do detalhe e Fiscal do Regimento,
deve ser sério, não só para que o Coro-
nel não deixe de impreten <:Ir ente de-
terminar tudo ao Regj"mento sómente por
seu conducto, mas até para que os seus
sub(·r·dinados fiquem certos de que elle
detalha e fiscaiisa as Companhias com im-
parcialidade.
Deve ser respeitoso, e ainda com aus-
teridade, para q11e tod,as as ordens que
elle distribuir sejão immediata e exactis-
simamente cumpridas, sem interpretação
al11:uma.
Deve ser affnxel judiciosamente, f6ra
do 11erviço, para não se fazer tão pesada
aos seus subordinados, a sua au ridade
que dt>ve ser grande, e assim elhor po-
der informar se para informar o Coronel
do caracter de cada hum d'elles em par~
ti cu Iar.
Ultimamente, deve ser o Sargento ,M.ór
acti VÍ$Simo no serví~o.
MILITARES. 49

109. O Capitão deve ser serio, para


que os seus snbditos tenhão lu~ma con-
fiança cérta da distribuição da ju:;tiça, na
sua Companhia.
Deve ser respeitoso, para que os seus
subditos se não atreváo a dizer-lhe coisa
alguma com menos respeito, e fazer con-
servar-lhes as suas auctoridades, respei-
tando exemplarmente todas as determi-
nações supeábres.
Deve ser affavel: judiciosamente, para
que possa melhor conhecer o interior e
caracter dos seus subditos e distribuir-
lhes então justiça certa, implorando ao
Coronel graças e mercês para os benemé-
ritos, e só em ultimo extremo, pedindo-
lhe auxilio para castigaí· os delinquentes.
Ultimamente ,d eve ser o Capitão o ar-
l'Ímo do soldado.
• a
110. O Tenente e .o Alferes devem ser
imitadores do seu Capitã,», obedecendo
restrictamente as suas ordens, e til o prom·
ptament~ .como ás do Chefe do Re·gimen-
to, para a·ssim darem o exem.pl(') aos [n-
feriores e solc.lados, e insia uarem -lhes
o respeito e amizade que dev.em ter ao
seu Capitão; informando -o, ao mesmo
tempo, dos procedimentos particulares
dos indivíduos da sua Companhia, peis
4
50 DIVERTIMENTOS .

que n'isto ajudãg muito ao seu CapitaO'·


no commando d1ella. · .
.· Ultitnamente, devem o Tenente e o
Alferes dar .se as mãos com o Capitão
para o bem do serviço de S. M , boa or~
de'm e disciplina no interno da Com-
panhia. ·.
111. O Ajudante deve ser seno, para
que os seus subordinados fiquem cet·tos
de que elle detalha com irf1 pa,®ialida Je,
e · o Sargento :Mór fi.que descançado na
sua seriedade.
Deve ser respei\oso, e ainda com auste-
ridade, vara q ne todas as ordens que elle
distrib"lit· sejão immediatalnente . trans-
mittidas a quem as deve fazer cumprir.
Dev.e se.r affavel, juàiciosamente, fóra
do ~erviço p:~.ra não se fazer tão pesada
-aos seus subordinados ·a sua austeridade,
que deve ser grande, e assim melhor po~
de.r informar-!le, para informar o Sargen~
to Mór, do caracter de cada um d'eHes em
particular. . .
· Ultimamente, deve ser o Ajudante acti-
yissimo no serviço. · ·
U2. O Quartel-Mestre deve ser sét:io 1
· para que o Coronel e mais seus superio-
res o conceituem e descancem na sua se--
Jiedade ~
MILITARES. 61

Deve ser· respeitoso, para que os seus


subur di nados Jlão 11-ie faltem ao respeito.
lJeve ser atf,ael, judiciosamen~e, pua
grangear o respeito e amizade dos seus
Superiol'es e ip;ualmente o mesmo dos
seus ~uhordinados.
113. O Cirurgião l\'l6r, o Secre.tario, o
Pieador e o Capellão, devem ser sérios,
I'e:-peitosos e affaveis, .judiciosamente,
porq !1(, s@ . astim podem exercer bem as
funcçõe.s dos seus ministerios.

Obrigações das Gra~duações da pri-


meira Classe.
114. Como n'esta classe já estão de-
terminadas as SU<l:!l obrigações pelos Re -
gulamentos de Infantaria e Oavallal'ia,
quér em tempo de Paz, quér em tempo
• o de Guen·a, a e\ las me refiro; e nada mais
tenho a dizer senão qoe so exP.cutem es.-
tas á risca, e todas aquellas que, não só
já estiverem determinadas por lei, mas
ainda as que fôrem parecendo determi-
nar ao bem do Real Serviço.

t
5"2 DIVERTIMENT'OS

Ca1'acter àa Segunda Classtr.

115. 'O Caracter da Segunda classe·,


que he a classe de Officiaes Inferiores 1
deve ser submisso, diligente e austero.
116. O Sargento deve ser submisso,
não só pela obrigação que tem de ser
muito subordinado a todas os seus Supe-
rim·es, mas até para fazer, com o seu ex-
emplo, com que todos os seus sõ!lbordina-
dos o respeitem; poim que uão se deve
exigir do subdito aquillo de que não se
he capaz de fazer ao Superior, e até por-
que, sendo o Sar-gento muito obediente
aos sens superiores, grangêa-lhes d'esta
maneira o seu respeito e estimação; e os
seus subditos vendo que aquelles Supe -
riores respeitáo e estimão a aquelle Sar-
gento, tambem o hão-de naturalmente res-
peitar escrupulosamente.
Deve ser diYigente na execução das or-
dens dos seus Superieres, porque n'esta
segunda classe he a actividade hum ca-
racter singular, muito principalmente na
I. a graduação. d'ella; e até porque só com
diligencia e :1ctividade he que póde cum-
prir exactamente com as funcções do seu
emprêgo.
Deve se~· austero, porque tem obriga-
1\IILITARES. 53

çao a·t é de se fazer temer dos soldados,


visto yiver 1,11ais perto d'elles, onde a
confiança e liberdade se tomão cdln mais
facilidade.
Ultimamente deve ser o Sargento o ver-
dugo do soldado.
Íl7. O Furriel deve ser submisso, di·
li gente e austero, pelas mesmas l'azõe~ já
ditas a respeito do Sargento.
q
118. Cabo de esquadra e o Anspe~a­
da devem sêr subn:tisso5, diligentes e aus-
teros, pelas mesmas razões já ditas ares-
peito do Sargento. '
119. Os Sargentos de Brigada e o Aju·
dante do Quartel-Mestre, os Porta-Ban-
deiras ou Estandartes, o Trombeta Mór,
o Tambor Mór eqo Cabo de tambores de-
vem ser subrnissos, diligentes e austeros,
pelas mesmas razões já ditas á respeito do
o '
Sargento. (Parece que os Porta-Bandei-
ras e Estandartes devem tl;lr o mesmo ca-
racter da primeira classe, pois que os su-
ponho officiaes de bandeiras, ou Alferes.)
1~0. O coronheiro, espingardeiro, se-
leiro ou corrieiro e os Ajudantes de Ci-
rurgia, devem ser sómente submissos e
diligentes, pelas mesmas razões já ditas a
1·espeito do Sargento.
121. Os Porta-Bandeiras ou Estandar-
54 . DIVERTIMENTOS

tes sao tirados da ordem <los Cadetes, e


$Ó nos ,Regim entos de ArtiLheiÍa não têm
vencimento como l11fe1 iores .

. Obrigações das G1·ar!.uações da Segunda


Classe.

122. b Sargento, como he o Official do


detalhe ele huma companhia e fi ~ cal (l'elta
a bem do Capitão, tem de óbrigr'l ~ão:
l. Detalhar os inff.riores e .soldados
para o serviço ÜüN·no ·.da companhia, e
para o servi~So do Regimento, df'ta lhar só-
mente os soldados e nomear os inferio-
res que lhe fôrem peoidos pelo Ajudante
do Regimentv.
2, Deve distribuir a toda a companhia
todas as ordens que pelo Capitão ou Com-
mandante d'ell a Iôt·em dE'te•·minadas, fa -
ZPndo-a.s obser-var á risca .e sem a mini ma
1·elaxação.
3. Deve ter o roaiot· cuidado e zelo em
todo o armamento e arreios pertencentes
á c0mpanhia, e que estão ao cargo do
Capitão. ·
. 4. Deve ter todo o cuidado·, nao só no
asseio dos sGldados da sua companhia,
como tambem no quartel da mesma. .
· 5. Deve passar as ·r evistas da arvo~ada,
MILITARES.

sol posto e retreta ou recolher ; e daúdo


primeirp parte das novidades ao seu Ca-
pitão ou Comma.adante, deve.as 'tlar .ao
Official de Estado Maior no Rr>.gimento.
6. Deve faze!' com que os inferiores e
soldados exe'cutem todas as funeções da
·nossa Reli;?;iâo 1 e depois da revista do·sol
posto, de.ve rezar com elles o· Terço no
quartel da companhia.
7. Dey-e fatzer os rriappas diarios, sema-
naes, mensaes, e as listas de mostra, e to-
dos aquelles papei~ que,· pertencendo ao
numero e qualidades dos indi\'Íduos, ar-
mamentos, arreios, &c., da companhia e
suas alterações, fôrem ped'idos pt;llo Aju-
. dante do Regimento de ordem do Sár-
gento Mór do IDf.smo, e levál-os a assig-
nar ao seu·Capitão ou Commandante, para,
depois de assigoados, ·os en !regar então
ao Ajudante do. Regimentq de quem deve
", re<:eber todas as ordens que, do Coronel
pelo conducto do Sargento Mót·, devem
ser communicadas ao seu Capiüio ou
Üo!Jlmandante, de quem ultimamente deve
receber ordem para as distribuir na Com-
panhia; e deve ser o Secretario do Ca-
pitão. .
8. De.ve fazer guardas· no Regimento,
Destacamentos, Diligencias; &c., e todos
56 DIVERTIMENTOS

aquelles serviços que pelo Regimento


ou Companhia lhe fôrem (letenninados;
e de tÓdos elles tem obrigação de se apre-
sentar, não só ao seu CapWio ou Com man-
dante, mas até ao Ajudante do Regimen-
to, e assim tambem o deve fazer, quando
sahir ou recolher-se de licenças, prisões,
ou de doente.
9. Tem de obrigação lêr á Companhia
os artigos de guerra do Regulamento,
1.1uando o seu Capitão ou Commandante
lhe determinar; e :finalmente, tem de
obrigação instrui!· os inferiores e solda-
dos em todas as suas obrigações, sendo
responsavel ao Capitão pela disciplina da
Companhia, pois he o seu Fiscal.
123. O Furriel tem i!e obrigação :
1. Receber do Quartel-Mestre do Re-
gimento -o soldo, municio, fardamento a
munições pertencentes aos indivíduos da
tma Companhi·.J, e distribu1l-os, quando
o seu Capitão ou Commandante deter-
minar.
2. Deve ter t<Jdo ·o cuidado e zelo na
ferramenta, abarracamento, &c., perten-
tes á Companhia qué estiverem ao cargo
do seu Capitão, pois que o Furriel he o
Quartel ·Mestre da Companhia.
3. Deve fazev os Prets e relações de
MILITARES. 57

alterações de soldo, municio, fardamento


e munições de toda a Companhia, ele-
vando-os a assignar ao seu Capitão ou
Commandante, deve-os depois entregar
110 Ajudante do Regimento, q';lando o seu
Capitão ou Oonimandante lhe determinar.
4 . Deve dar parte e apresentar-se ao
seu Capitão ou Commandante, e ao Sar-
gento da Companhia, quando sahir ou re-
colher-s.;: de <Vestacamentos, Diligencias,
(se para estes seryiços for nomeado) de
licenças, pt isões, ou de doente; e o mes-
mo deve fazer ao A jud ànte do Regimento.
124. O Cabo de Esquadra deve prati-
car na sua esquadra :
1. O mesmo que o Sargento em toda a
Companhia, ens~.pando aos soldados todas
as suas obrigações, e não consentindo a
mínima relaxação.
2. Deve dar todas as participações das
novidades da sua Esquaçlra ao Sargento
da Companhia, pois que,i'quando o Sar-
gento fôr passar as revistas á Companhia,
o Cabo já as deve ter passado á sua Es-
quadra, hum quarto de hora antes.
3. Deve fazer guardas, patrulhas, des-
tacamentos, ordens ao Coronel e diligen-
cias, e deve fazer Dia na Companhia; e
.(le todos estes serviços deve apre::;eotnr-
iSS DIVERTIMENTOS

se ao Sargento da Companhia e ao Aju- ·


dan te do Regimento ( exce_pto do sen'i-
ço de faze r Di.a 1 do qual s6 se deve apre-
sentar ao Sargent'l) : deve dar parte e
aprese ntar-se quando sahir ou r e colher- ~ c
de licen<;as, destacameot0s, prisões, ou
de doente,. ao seu Sargento e ~o Ajudante
do Regimento.
125. O ~uspeçada ·c:leve ajudar ao Cabo
da sua Esquadra em todas ·•as s.uas obri-
gações, e . tem os mesn:;os serviços e. obri-
gaçoes que o Cabo. ,
126 .. O Sargento de Brigadas dev(;) aju- ·
dar ao Ajudante em todas as suas obriga-
çoes : deve fazer os Mappas uiarÍQS, se-
manaes e mensaes do Regimento : deve
fazer as escálas para o ,,,detalhe, e toda
acluella escripturação que o AjudantP. lhe
determinar: deve igualar as filas pela re-
tagual'da, quando o Ajudante dividir o
Bata! hão ou ES>,q uadrão; &c. : deve dar
parte e apresentar-se, quando sahir úU re-
colher-se de lice·nças, de prisões ou de
doente, . &c., ao Ajudante do Regimento.
127. O Sargento Quartel-Mestre, deve
ajudar ao Quartel-Mestre em todo o seu ·
serviço, fazendo-ihe toda a sua esc ri ptu ·
r ação: deve dar parte e apresentar-se,
quando sahir ou recolher-se de licenqas,
MILITARES. 5!J

de prisoes, ou cle doente, &c ., ao Ajudan-


te P ao Quartel-Mestre do Regm1ento.
1;28. O Porta- Bandeira 'ou Estàndarte
deve ir receber a Bandeii·a o.u Estandar-
te no lu~ar onde estiver recolhido, e con-
. duzir ao Regimento com a ~uarda com-
petcute e 11ii frente do 1. 0 pelotão, e de-
pois com a mesma guarda, levá.l-o ao lu-
gar de onde sahio : tem ele obrigação, mais
qne outr,p qu~alquér individuo do Regi-
mento, defender ~ BandPira o.u Estan-
darte, ·em acçãv de combate, arriscando a
sua pro'pria vida: deve, ·em tempo de
}Jaz, fazer gt:ardas no Regimento, &c.,
e, em tempo de guerra, só. se houveren1
guardas ou dest,lCamentos com Bandeiras
ou Estandartes ir. dl"ve dar parte e .apre-
sentar ·se, quando sahir ou recolher-se de
licenças, de prisões, ou de doente, &c.,
" . ao Ajudante e ao Sargento Mór do Re-
gimento. · o
129. O Trombeta Mór e o Tambor
Mór têm de obrigaÇão ensinar as trombe-
tas e tambores a todos os toques da orde·
nança, e devem dar as suas participações
ao Ajudante do Regimento.
130. O Cabo de tambores deve ajudar
ao Támbor Mór no ensino dos tam'bores,
e deve dar todas as suas J.!larticipações e

o
60 DIVERTIMENTOS

fazer as suas apresentações ao Tambot-


Mór, e ao Ajudante do Regimento.
131. O Ajudante de Cirurgia deve sa-
ber sangrar bem, e ter muito cuidado nos
soldados doentes, dando-lhes aquelles t·e-
medios e diétas que fôrem determinados
pelo Cir·ut•gião Mór, e filando-lhe parte
de todas as novidades que houverem nos
doentes: quando succeder sahir ou reco-
lher-se de licenças, de prisves, ou doen-
te, &c., d0ve dar parte e apresentar-se
ao Ajudante e ao Cirurgião .M:ór do Re.
gimento .
132. O Coronheiro, Espingardeiro, Se-
leiro ou Corrieiro, tem de obrigação
com pôr tudo quanto fôr ne~essario peloe
seus officios no Regimento, devem fazer
peças novas, &c. ; e quando sahirem ou
recolherem -se de licenças, de prisões, ou
de doente, &c ., devem dar parte e apre-
sentar-se ao Ajudante do Regimento.

Ca1·acter da Tet·ceira Classe.

131. O caracter da terceira classe, que


be a de soldados, deve ser submisso, ac-
t.ivo, vigilante, intrépido e C('>nstante nos
trabalhos.
134. O soldado deve ser submisso, por-
.:VllL1TARES. 61

que, não só com a obediencia céga aos


seus superiores cumpre com o dever de
bom e fiel subdito do Soberano e 'de ver-
dadeiro christão, fazendo-se d'esta ma-
neira respeitar de todo o restante do Povo
e cada vez mais forte para, nos combates,
atacar o inimigo; mas até porque, sendo
obediente, a sua vida, nos ditos combates,
anda menos exposta, e destróe o mais pos·
sivel o inimi'go, fazendo.se temer d'elle,
pela ordem forte elJl que sempre o tem de
atacar.
Deve ser activo eni' cumprir com dili-
gencia tudo quanto, pelos seus superio-
res lhe fôr determinado; porque, d'esta
maneira, se faz amar d'elles, e nos com-
bates faz de:cidirb a víctoria mais breve-
mente.
Deve ser vigilante, para não ser illudi -
•, do pelo inimigo; pois que, não só da vi-
gilancia do soldado depesde a sua segu -
rança pessoal, mas até a segurança de hum
Exercito.
neve ser intrépülo, porque, como o sol-
dado he quem destróP. sempre o inimigo,
in'tirnidando -o com o seu atrevimento, o
póde surprender muitas vezes e ainda
derrotál-o completamente.
Deve ser constante nos trabalhos, nao
62 DIVERTINrENTOS

só pQrq ue este h e o verdadeiro caracter


do homem valente e forte, mas até porque
assim póde grangear a sua felicidade !Jre-
~ente e a futura.

Obrigações da Te·rceira Classe.

135: A 1. obrigaqão do soldado he ter


sempre em bom estado o seu armamr·nto,
fardamento, arreios, e tudu• quanto lhe
pertence, conservando -ossempre no mai or
aceio, pois que a limpeza he sempre ne-
cessaria; e ainda n.esmo no corpo do ho-
mem he precisa, para fazer gozar da boa
saúde.
A !. Deve fazer guardas, destacamen -
tos e diligencias; e fol'e$tes serviços deve
fazer sentinellas, vedetas e patrulhas;
deve fazer ordens ao Uoronel, ao Sargento
Mór do Regimento, e deve fazer plan-
toes na Companhia.
A 3 Deve faz"r toda a limpez:-~ do
quartel, abrir fór.os, faur tri!H:heiras,
abril· e fechar letrinas, levantar as sual)
barracas e dos seus Officiaes, a cnjos ser-
viços todos se dá o nome de faehina; e de
t11dos estes servi9os se deve aprese ntar ao
Cabo da sua Esquadra e ao Sargento da
Compauhia, assim eo1uo deve fazer quan-
MILITARES.

do sahir ou recolher ·se de guardas, desta-


camentos, diligencias, licenças, prisões,
ou de doente.
A 4. Deve conhecer bem todos os tó·
q ues ou signaes do seu Regimento e acu-
dir promptamente a elles.
A 5. Deve destruir o inimigo, quanto
podér, sempre debaixo de ordem, isto he,
estando sempre atten·to ás .vozes ou sig·
naes dos seu&lSuperiores: deve mostrar,
tanto no publico como no particular, a
s~a grande subordinação aos seus Supe-
nores.
A 6. Deve fazer a sua comida e a .dos
seus camaradas, carregar agua e Je-
. nha, &c., para o .seu quartel, (comtanto
porêm que não ~rreguem pêsos ás cos-
tas) e deve sêr o mais economico possí-
vel.
oo
A 7. Deve finalmente o soldado mose
trai' sempre que he humofi e l observador
da sua Religião, cumprindo exactamente
com todos os preceitos, tanto divinos como
}J.umanos.
136. O Cadete que he o m0dêlo dos
soldados, por isso mesmo que h e soldado
de reconhecida nobreza, de.ve-lhes dar o
exemplo, cumprindo com todas as obri-
ga~ões que lhe fôrem licitamente dete.r -
64 DIVERTIMENTOS

minadas, com a maior exactidão e acti~


vidade.

Camctm· da Quarta Classe.

137. O caracter da quarta classe, que


he a dos Trombeta~ e Tam~ores, deve
ser o mesmo q 1:1e o da terceira classe,
comtanto porêm que a sua intrepidez
sirva tarobem para fazer .:>s tóq ues ou
signaes com toda a exactidão, e destruin-
do o inimigo só em sua défésa.

Obrigações da Quarta Classe . .

135. O Trombeta e o Tambor tem as


mesmas obrit?;ações do 'loldado, menos o
fazer sentinellas, vedetas e p.1trulhas, ou
fazer plantões na Companhia; e, demais
que e soldado, deve fazer todos os tó-
ques da ordem1 nos lugares e á hora que
se lhe Ueterminar: e quando sahir ou re-
colher-se de qualquét· serviço, de licen-
ças, prisões, ou de doente, &c., deve da.r
parte e apresentar-se ao Cabo da sua es-
quadra e ao Trombeta Nlór ou Tambor
Mór do Regimento.
139. Todas estas obrigações que aci-
ma temos referido, se devem prati-
MILITARES . 65

c ar, tanto no tempo de Paz como no de


Guerra.
140. FinalmentE:, conclúo esta minha
tar·efa, dizendo geralmente que para hum
Regimento ser bem disciplinado, e con-
servarem ·se sempre em boa harmonia os
individuas que o compõem, hc necessa-
rio que o Coronel seja o distribuidor da
justiça, o Capitão an•imo do soldado e
o Sargento o .!leu verdugo; e todas as de
mais graduações subalternas a estas, se-
jão auxiliador e neis executoras de to-
das as suas ordens e determinações.
Acampame nto na Costa do Q ua rahy em
5 de Março de 1817.

Oo

5


DIVERTIMENTOS .MILITARES.
.

Numero 3.

P LANO DE ORGfQNISAyAO DE HU.l\[ REGliiiENTo·


DE D RA GÕES, PROPRIAMENTE DITOS, COM·

POS'fO DE HUnr ESTADO MaiOR EDE OITO COM·
PA NHIAS , PARA FORMAREM QUATRO E SQUA·
DRÕES DE DU AS CO:UPAJIHUAS CADA HUMA ,
APROl'RIADAS PARA O SiiRVIÇO DA PROVIN-
GIA DO RIO GRANDE DE SAÔ PEDRO DO SUL.

Esta® IJ.Iaior.
CorQhel ..•....... , ...••. .-.. . • . . . 1
, Tenente Coro!!el.... . . . . . . . . . . . . . • I
Sargento Mót· ••.•..••••• ~ . ·, . • . . • • 1
Ajudante-Tenente.. . • • • • • • • • • • • . • 1
Thesoureiro ou Pagador Capitão, , , • 1
Quartel-Mestre Tenente.. • • • • . . . . • 1'
Sargento de Brigadas., ..••••... , . • 1
Sargento Quartel-Mestre .••.•. ,... 1
Porta-Estandarte Alferes,, •• , , •• , •. 4
Capellão............. . ............. 1
Cirurgião 1\iór ••••• ••• ~ •• , . • •. • • • • ;t
t
68 DIVERTIMENTOS

Ajudantes do dito................ 2
Secretario Tenente.. • • . . . . . . . . . . . • 1
Picador.............. •. . . . . . . . • . . . 1
Ajudantes do dito.... . . • • . . . • • • . . . 2
Trombeta Mór.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 ·
Cabo de Tambores. . . • • • • • • . • • . . . • 1
Pifanos.................. .. . . . . . . . . . 2
Musicos....... . . . . . . . . . . . .. . . . . 8
Sell~iro ••.•• ·. ..•. . . . . . . . •• • • . . .•• 1
Coronheiro .•....•.•.... ·~ ...••.•• 1
Es pingardeiro. . . . . . . . . • . . • . . .. . • • . . 'I
Som ma do Estado Maior...... . . 35

Composição da 1., 2., 3. e 4.


Companhias.

Capitão .•••••.•••.•.•••••..••• . .• 1
Tenente ...•.••.•.•............••. 1
Alferes ••••..••.•••••••..•.• . .••• 1
Sar~entos .••. , •.••..•.•..•.•. · • • · 2
Furriel .... ....................•. 1
Oabos de Esquadra. • • • . • • . • • • . • . • • 4
Anspeçadas............ .. . . . • . . . . • . 4
Trombeta. • • • • . • . • • . • • . . . • • • • . • . • • 1
Soldados ....................... . 56
Somma de h uma Companhia.... 71
MILITARES. 69

Composição da5 ., 6., 7. e8. Companhias.


Capit . . •• •••. . . . • . . •• . ••. . . ••. . I
Tenente ............. . .......... · 1
Alferes..... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
Sargentos..... . . . . . . • • . . . . . • . • . . . 2
Furriel.... . . . . . . . . . . • • . . • . . . • • • . 1
Cabos de Esquadra.... .. ... . .. .. . .. 4
Anspeçadas . .; •....••. ; • . . . . • . . . . • 4
Tambor......................... 1
Soldados. • . • . . • • ... • . . • • • . • • . . . • • 56

Som ma de uma Companhia...... 71

Recapitulação.
Estado Maior ... ~ . . . . . . . . . . . . . . . 35
Oito Companhias ................ 568

~o Somma de hum Rep;imento..... 603

.Armamento.
141. Deve ser o soldado armado com
huma clavina, com.o as actuaes da caval.
laria de Portugal, p01lêm. com bandoleira
e baioneta comprida, para quando puzer
pé a terra; com h uma pistola na cintura
e com huma espada c.urva . enfiada em
70 DIVERTIMENTOS

huín talabarte de bom ganoteado, o qual,


sendo capertado com huma pequena fivela
na frente, por baixo da farda, dei cahir
a espada perfilada pela perna esquerda ;
existindo n'este talabarte a bainha da baio-
neta, que sobre a bainha da espada, fique
prêsa pela ponteira. . , •
Com huma cartuxeira de cintura que
cQstuma-se chamar. canana,cq ue transpor-
te vinte e quatro cartuxos emb alados ;
sendo prêsa a esta hu~- .corTeão 't in gido
de amarello, que leve huma mola de fer-
ro para se p ender a clavina, quando o
soldado tiver de trabalhar co a pistola
ou espada; e tendo, pela parte da canana,

.. ~
hum lugar onde se possa encaixar com
segurança a pistola qüe deve asser.Jtar
sobre o lado esquerdo do vazio do sol-.
dado.
142. O Anspeçada e o Cabo de esqua-
d!·a devem sei· armados como o soldado.
143. O TrombetaMór., o Cabo de Tam-
bores, os Tambores, os Pifanos e os M u-
sicos devem .ser armados com huma es-
pada e talabarte, do mesmo modelo do
soldado; tendo ,h.ijflla pistola prêsa no ta-
labarte e do lado direito.
144. Os Officiaes àevem ser armauos
COID huma espada CllfV!l, em hum ta(a.
MILITARES. 71
barte com chapa c fivélas do mesmo mo-
delo de que actualmente usão qs Offi-
ciaes- de cavallaria, com hum par de pis-
tolas mettidas em dois coldres,e com h uma
pequena cartuxeira envernisada e que
tl'ansporte só seis cartuxos embala-
dos.
i45. Os Sat·gentos e Furrieis podem
ser armados como os Offi<:iaes.
146. Os .t(judantes de Cirurgia, os do
Picador, o Selleirél, o Coronheiro e Es-
pingardeiro de"·em ser armados como o
Trombeta Mór.

"':Arreios de montada.
147. Deve tet"' o soldado para sua mon- ~Kr...-~a
taria os arreio , a saber : ,. ~
Hum freio campeiro com cabeçada de
11 " sola, sendo as faceiras da cabeça aperta-
das por huma só fivéla que fique entre
as orelh;-~s do cavallo, e tendo sua testei-
ra, escusando-se a foainheira e subjugá-
la ; tendo huma corrente de ferro delga-
da, que fique prêsa de huma á outra ex-
tremidade da testeira.R.>r cima da fivéla.
q':le aperta a cabeç~uja con;ente deve
servir para defender o talho da cabeça do
c'avallo~ e cotn·redeas, fiadoi·, maneador e

o
72 DIVERTIMENTOS

maneia, tudo de couro crú, trançado ao


modo do Paiz.
· Huni lombilho de sola, peitoral e rabi-
xo, e com duas garupas de Cl!da cabeça
do lombilho, que sirvao para atar a ma-
leta na garupa, e o capote ou ponxo, so-
bre as cruzes do cavallo; h uma carona de
sola : huma sinxa com travessão, barri-
gueira e latego, tudo de couro crú, e com
quatéo argolas de ferro; hufn par de es-
tribos de ferro de meia picaria, com loras
de sola; hum ligar de couro crú bem so -
vado e hum xergão de lã, coberto tudo
isto com hum pelego e manta. de panno
a~ul ferrete, avh·ada do panno ·d e côr da
gola, e com assento de couro de veado,
e com sua sobre sinxa de sola estreita,
com ·duas pequenas ar~las de metal
amarello.
N. B. Alêm de tudo isto, deve-se per-
mittir ao soldadg trazer a sua faca na bo-
ta e o seu laço e bolas, ao modo do Paiz,
(porêm só no campo), pois que, não só
são armas offensivas, mas tambem servem
para o soldado adquirir o seu sustento.
148. A mo1úarja do Cabo e Anspeçada
deve ser a mesm~ soldado.
149. A montaria do Trombeta Mór,
Cabo de Tambores, Trombetas, Ta1nbo-
MIUTARES. 73

res, Pifanos e Musicas, dQve ser a


mesma do soldade exeepto o laço e
bolas. '
150. A montaria dos Officiaes deve
ser differente da do soldado, tendo na tes-
teira e faceiras da cabeçada humas cha-
pas lizas de metal amarellas, que ador-
nào a cabeçada, e, em lugar de lombilho,
podem ter hum serigote com dois col-
dres, e senôo a manta agaloada com o
galão das suas gr;,tduações e com o as-
sento da manta de anta, escusando-se
laço e bolas.
151. A montaria dos Sargeutos e Fur-
ries, e mesmo a dos Cadetes fóra da fôr-
ma, póde ser a mesma dos Officiaes, ten-
do de differença .r;órnente em não trazet·
coldres e não terem as mantas agaloadas,
porêm só avivadas com hum tl'ancelim
,, amarello, escusa~do-se laço e bolas.
152. Os Ajudantes de Cirurgia, os do
Picador, o Selleiro, o. Coronheiro e Es-
pingardeiro devem ter a mesma montaria
do soldado, escusando-se laço e bolas.

Fm·damento .
..
153. Deve o soldado s€r fardado tl~
neira seguinte :
74 DIVERTIMENTOS

Deve ter hum chapéQ cle sola enve-mi-


sado, com o circulo .superior da copa, de
maior diametro que o inferior., sendo
guarnecido pela parte interior, o dito eir-
culo superior da copa, com h uma chapa
de feno delgada, e pela exterior com
h uma chapa de· metal amarello; tendo no
circulq inferior da chapa huma fita do
mesmo metal amarello e debruada a aba
do mesmo metal; tendo o penacho e tope
da Nação, ao lado esqnerdo, com huma
prezilha de escamas do mesmo metal ama-
rello, prêsa na copa por dois colxetes, e
na aba por hum botão; tendo as Armas
Nacionaes, em huma chapa liza na fren-
te, e por baixo d'estes o numero do Re-
gimento e Companhia 9 e tendo ultima-
mente apertado este chapéo, 'assim ador-
nado, por baixo da barba com duas pre-
zilhas de escamas de metal amarello, e
de largura de h'es..à.edos, cujas p~:.ezilhas
se passao voltar e atar sobre a copa do
chapéo, quando o soldado and'ar a pé, e
sendo coberto este chapéo com hum olea-
do que só se deva tirar em dias de Gran-
de Gala.
Deve ter h uma farda de pano azul fer-
reto, do modelo das actuaes da cavallaria
$le Pprtugal, para unüorme grande, c<ftl
.MILITARES.

gola e canhão amarello, branco ou en·


carnado.
Deve ter dragonas de chapas aroa~·el­
0

las, como as actuaes da cavallaria de Por -


tugal.
Deve ter huma gravata de sola enver-
nisada, posta no pescoço, tendo por bflixo
o colarinho da camisa, que deve ser de
linho.
9
Deve ter, para montilr a· cavallo, h umas
pantalonas do meo;roo pano da far da, po -
rêm hum pouco ju stas ao corpo, tendo
por baixo hum par de ce roulas de li nho
ou }\lgodã:o ~rosso, do mesmo comprimen -
to das pantalonas : e p<}-ra and ar a pé,
hurnas pantalonas azues, largas e aviva-
das pelas c ostur~s do mesmo pano da gola
da farda, e outras de brim branco tam-
b em largas e lizas.
<1 o Deve ter, par a montar a cavallo, humas
botas · de couro de veado; justas á. perna 7
com cai)l'lões pretos; os quaes sendo aper -
tados q uazi na curva da perna p.or h uma
correia com fivéla, se voLtem os ditos
canhões para cima e venhão cobrir o
joelho, e hum par de esporas de metal
amarello lizas, ao modo Portuguez, e que
saião para diante do salto da bota, só quan-
leve a largura da correia que a deve
76 DIVERTIMENTOS

segurar ao lado do peito do pé, com hum a


fivéla de metal tambem ; e para andar a
pé, deve ter huns sapatos altos, como
huma especie de botins. Alêm de todo
este fardamento, deverá ter para serviço
diario, tanto na praça como no quartel e
campo, huma pequena farda ou jaqueta
da policia e hum boné.
Terá ainda mais o soldado, para se co-
brir, hum capote dos do moc:fel!) do Paiz
denominado ponxo, e ~erá huma maleta
de pelle de cabra ao modo do Paiz.
154. Pelo fardamento do soldado se po-
dem regular os fardamentos dos Officiaes,
Officiaes inferiores, Trombetas, Tambores,.
Pifanos e Musicas; devendo sómente ser
o pano da farda dos Offie<iae~, Cadetes e
Officiaes inferiores graduados, mais fino
do que o do soldado, e tendo nas drago-
nas a dislincção das suas graduações, co-
rno já está determinado por Lei: e os
Trombetas, Tambores e Pifanos, dev~m
ter a farda avivada por todas as costuras,
com o pano da côr da gola ; e o mesmo
devem ter o Trombeta Mór, Cabo de Tam-
bores e M usicos, porêm os vivos podem
ser de trancelim de ouro.
N. B. Os Cabos e Anspeçadas devem
ter as s.uas divisas no canhão da fardà.
MILITARES. 77

Abatracamento.
155. A banaca para o soldaQo deve
ser do mesmo modelo das qu~ se tem até
a'l ui usado, com a ditferença só mente de
terem de. altura os páos da barraca nove
pes; e para melhor transporte, sendo ca-
da bal'l'aca dividida em quatr·o panos,
para que cacla hum d'estes possa o sol-
dado condu.?Jr dobrado, e posto entre a
carona e o ligar, devendo os páos e es•
tacas ser conduzidos nos carros de trans-
porte de que adiante fallarei. (Já se vê
que huma barraca serve para quatro sol-
dados.)
As barracas dos Inferiores devem ser
do mesmo modelo das do soldado.
As barracas d'os Officiaes devem ser do
mesmo modelo que sempre se tem usado,
confor•me as suas graduações.
Oo Alêrn de todo este abarracamento, de-
vem haver mais oito barracas, duas ·de
sub.a lterno e seis de soldado, que sao para
os corpos de guardas ; e tamoem podem
haver, se se qqizer, barracões para ca-
vallos.
DIVER.TIME.NTOS

Transporte de Munições e Bagagens.


156. Deve ter o Regimento, para trans-
porte das munições, dois carros manche·
gos, cuja caixa tenha a figura de hum· ba-
telão, o qual seja construido de madeira
muito leve, como cortiça, &c., e puxados
por duas parelhas cada carro.
E para transporte das bagagens, dezoi-
to carros tle matto da mesma. figura dos
manchegos, ou coustruidos da mesma ma~
neira, só com a differen'ça de terem, em
lugar de tampa, huma tolda de enceradQ,
e devendo ser auxados por huma só pa-
relha cada carro ; e estes carros devem
ser distribuídos pelo Regimento da ma-
neira seguinte :
P.ara as bagagens do Estado Maior seis
carros e para as das Companhias doze
carros, a saber: hum para cada Compa·
nhia e hum para cada esquadrão ; nos
carros de esquadrão se podem transpor-
tar os "páos e estacas das barracas dos sol-
dados, a·s barracas dos Officiaes e dos
Officiaes Inferiores, barracões para ca-
vallos, &c., e tudo quanto pertencer em
geral ao Esquadrão; e nos carros de C.om-
panhia devem transportar-se as bagagen,l!
dos Ofticiaes, O.fficiaes Inferiores, Cad~
MILITARES. '79

tes e soldados da Companhia, ns quaes


devem ser o mais resumidas possível,
transportando só o mais necessario para
fazer a comida em hum mez e para ves-
tir militarmente.

Fen·amenta.
157. A Ferramenta necessaria para o
serviço do Regimento deve ser, para
cada carro, duas enxadas, dois machados,
duas picaretas, duas pás de ferro, duas .
cavadeiras oo ferro, huma alavanca, dois
alviões, huma enxó, dois facões, duas
foices, &c. · '

Numm·o e T~(lto dos Cavallos.


158. O numero da cavalhada que de-
ve ter o Regimento he 2:700 cavallos, a
J ~ iaber : 647 disciplinados, sendo 603 nu-
merados com o numero de• cada praça, e
que sirvão sômente para o exercici<?s em
tempo de paz, e para os dias de combate
em tempo de Guerra : e os 44 cavallos
restantes dos disciplinados, que sirvão
sómente para transportar os carros de
munições e bagagens nos dias de ex er-
eicio e dias de combate i e 1:9-11 caval-
80

los, que sit·vão pat·a to,das as marchas e


diligencias de todos os in di vid uos que
compoem o Regimento, e para lransporte
das munições e bagagens nas marchas,
e mm}taria de capatazes e piôes, &c.
O trato dos cavallos di sei plinados de,
ve ser da maneira seguintll :
Devem de dia pastar soltos, debaixo da
inspecçiio de hum bom Official Iníerior
e quatro soldados do R!-!gimento, os
quaes cuidem tiào só do bom pasto que
devem ter 'no campo, mas até que n~o
dei:Jem extraviar ai{:!;Uffi i devendo este
Inferior e so dados, huma hora antes de
entrar o sol, conduzir esta cavalhada ao
Regimento, para que cada hum dos in-
dividues d'elle pegue ou mande pegar o
cavallo da sua praça, para tratar d'elle
em toda a noite, devendo-lhe ter ·apanha-
do ou marulado apanhar o pasto compe-
te'nte ; e isto se deve praticar tanto na
Paz como na Guena: os- ca:vallos disci-
pli1lados, que servem para conduzir as
bagagens e muniç-ões em dias de exerci-
cios e dias de combates, devem ser en-
carregados a 22 piões, ~ue, tendo venci-
mento pelo Regimento, sirvão de boleei·
1·os dos ditos can·os : os demais cavallos,
que devem s'er raboes, devem ser entre-
1\ULITARES.

gues em 3 tro. a 3 capatazes com os


seus piões competentes, para serem tra-
tados ao modo do Paiz; e estes capa·
tazes e piões devem ser pagos pelo Re-
gimento, devendo ser o seu serviço ju~·
gado bom ou máo, conforme o bom o•u
máo trato da cavalhada.
N. B. Nos cavallos disciplinados deve
haver todo o cuidadoyara que não sejão
apanhados a laço, e .sun pegados á mão,
ainda mesmo no mew do campo, visto
o não se poderem por óra tratar os cavai-
los n'este Paiz como se tratão os das
cavallarias na Europa, tendo cada pz·aça
só o seu cavallo bem tratado e pençado
na cayalherice.

Vencimentos do Regimento.

159. O Yencimento do so o e mu -
nicies dos Officiaes, Officiaes Inferiores,
Soldados e Tanibores, deve ser o mesmo
até aqui praticado, accrescendo só as pra-
ças novamente criadas, cujos venci men-
tos podem ser os seguintes, por mez.

O Thesoureiro ........••.. Rs. 3:2$000


O Sargento de Brigadas ... , 10$000
O .Sargento (~uartel-lVIestre. , 10$0UQ
6
S2 'DIVERTIMENTOS

O Trombeta Mór...... • • Rs. 10$00(:)


Os Primeit·os Sargentos de
Companhia, cada hum..... , 9$000
Os Segundos ditos, Idem.. • . , 6$000'
Os Furrieis, Idem. . . . . • . . . , 5$000
O Cabo de Tambores e Pifa-
. nos, Idem. .. . .. .. . .. . .. , 5$000
Os Trombetas e Musicas, Id. , 8$000
O Selleiro, Coronheiro e Es-
pinga~deiro, Idem. . . . . . .... , 12$000

160. Os municias de carne e farinha,


os mesmos qúe se costumão dar.
161. O vencimento do fardamento de-·
ve ser nos tempos em que já. estão deter-
minados por Leí, ,p orêm estes vencimen-
tos serão exactamente, verificados nos
seus tempos competentes .
Acampamento na Costa do Qnarahy CJH
~4 de Ab e 1817.
DIVERTIMENTOS MILITARES.

Numero 4.

UCÔES PARA d' REGUIENTO DE DRAGÕEs, CON·


;,OR~IE O MEU PLANO DE
0
~4 DE ABRIL DO
CORI!ENTE ANNO DE 1817, ACUIA DITO,
1
TA N TO A PE eoMO A CAYALLO.

PRIMEIRA PARTE.

Posição do Soldado a pé e sern annas.


o .
Lição 1.

Oo
162. Deve o soldado ter os tmlcanhares
na mesma linha, unidos q.uanto seja o in-
t.ervallo das puas das esporas, para se nao
embaraçarem as rosêtas; os joêlhos têsos ;
as coxas e pés para fóra, de t:nodo que os
pés formem hurn angulo de (iO gráos pelo
mais; os hombros e rins devem pôr-se a
prumo sobre os quadris, de maneira que
a linha dos hombros, se fôss~ possivel as-
sentar-~e no terreno junto á linha dos cal-
t
St DIVERTIMENTOS

canhares, ficasse perfeitamente parallela a


esta, que he o unieo meio de ficar o sol-
dado bem quadrado sobre a sua frente;
posição esta muito essencial no soldado:
os braços devem cahi r sem força nat\Hal-
mente na posição que lhes dér o seu pro-
prio ·pêso; a cabeça direita, alta e sem
inclinar para nenhum dos hombros; o
pescoço sem estar têso, ficando ultima-
mente os hombros chatos po.- detJ az, sem
comtudo avançar o peito nem recolhet o
ventre .
163. Depois de estar o soldado bem fir-
me n'esta posição, deverá. saber :
1. Que a sua linha de frente, ou a sua
frente, he aquella linha que se póde sup-
pôr tirada .entre os pontos exter iores e
mais distantes do seu hombro para diante.
2. Que flanco he hUJna linha supposta
á sua mão direita ou esquerda, sobr·e a
qual a sua linha da frente deve cahir
perpendicularmente.
3. Que fileira são huns soldados pos-
tos ao lado huns dos outros, e que fila são
·huns soldados postos detraz buris dos ou-
tros; de maneira que, se estão tressolda-
dos, hum ao lado do outro e o terceiro ao
laqo d'estes, poderá dizer·se que estes
soldados estão em h uma mesma filei·r a; e
MILITiRES.

se estiverem h uns detraz dos outros, dire-


mos que os tres soldados formão huma
.fila de tres de fundo.
164. Ultimamente deve -se concluir es·
-ta priíneira lição sabendo o soldado que
estar firme ou olhar em fl'ente he .ter a
cabeça na pl'imeira posição que se l!Je
dêo, e já está dita; e que olha1' á direita
l1e voltar a cara para o flanco direito, de
sorte que 0°olho esquerdo fique em'hu-
ma mesma linha cem os botões .da farda, e
a a vista se est.endc a ver ou descobrir o
olho esquerdo do seu camarada que lhe
ficar á direita, pois he o módo de ficar
em humJ mesma fileira, o que se chama
estar per filado; e qu~;J olhar á esquerda'
he o mesmo mo\'1meato para o flanco es-
querdo, devendo perfilar-se CO!l.l os bo-·
tões da farda o olho düeito, e descobrin-
o0 do-se o olho direito·do camarada que lhe
ficar á. esquerrla, devend'O ser estes ·mo-
virnent0s de cabeça feitos, ficando todo o
resto do corpo firme e bem quadrado na·
sua frente.
N.' .B. N'esta l.a Lição df')ve haver
muita imper'tinenaia, para que o soldarlo
se acostume á. firmeza, e depois possa fa-
zer todos os mais movimentos com ga·
lhardia.
SG DIVERTIMENTOS

Lição 2 .

.Mov·imentos elo Soldado a pé no mesmo


tan·eno ejóra cl'elle em ma1·chas, aincla
sem cwmas.

165. Depois que o soldado tiver bw1.


comprehendido a I.a Lição, e sabendo-a
executar com firmeza (o que se conse-
gue em oito dias bem á vontade) , deverá
então começar n'esta 2.a Lição a apren-
der a andar á direita e á esquerda, por
filas e por tropa; fazer meia volta a di-
reita por ,filas, e meia volta á di1•eita e es-
querda por tropa, que he o que se cha-
mão meias conversões ; fazer oitavos á
direita e esquerda, por' filas e por tt:opa,
como se disse, tanto no mesmo terreno
como em marcha; o que poderá conse-
guir facilmente, sabendo que fazer á di-
reita por filas rHío he mais do que voltar
o soldado sobre o calcanhar direito que
vem a servir de eixo do quarto de circu-
lo que o seu lado esquerdo d.eve d.e scre-
ver, fazendo cahir todu o pêso do corpo
sobre o dito calcanhar direito e suspen-
dendo 0 pé esquerdo; e fazer á esquerda:
por filas he o mesmo para o lado esquer-
do, mas inversamente.
MILITARES. 87

166. Fazer á direita por tropa, deve o


soldado do lado direito da fileira servir
de eixo ou centro do quarto de circulo
que o soldado da esquerda deve descre-
ver, conservando todos os soldados que
se acharem entre estes dois pontos o seu
perfil ou alinhamento, o ,que se consegu~
olhando todos ao lado movente; e o mes-
mo se deve praticar inversamente para
fazer á esqtl'erda por tropa.
167. Meia volt51 á direita por filas faz-
" se facilmente puxando o pé direito para
detraz do escl uerdo, de maneira que o
calcanhar d'este fique defronte do tor-
nozêlo d'aquelle, e voltando sobre os dois
calcanhares e unindo immediatamente o
pé esquerdo ao 6lireito na mesma rosição
em que o tinha antes, tendo n'este movi-
mento conservado a mao esquerda sob·re
o0 este quatldl, a qual serve para segurar a
espada quando estive_r oarmado, que lhe
nao embarace o mover-ile, pedltando-se
logo que acabar o ~novimento pela direi-
ta, e ficando depois firme que he o mes-
mo que lançar a vista sobre a nova frente.
168. Meia volta á direita por tropa,
que he o mesmo que meia conversão á
direita, não he mais do ql.\e o soldado do
lado direito da íi.leira servir de eixo ou
88 DIVERTIMENTOS

centro dos dois quartos de circulo que 0


soldado da esquerda tem de descrever,
conservando todos os soldados que se
acharem entre estes dois pontos o seu
alinhamento, como já. se disse para o quar-
to de conversão : o mesmo se deve pra-
ticar para o lado esquerdo, porêm em
sentido inverso, quando tiver de fazer
meia convfilrsão á esquer·da.
169. Fazer oitavo & dirt:ita por filas
não h e mais do que o., soldad0 mover-se
sobre o calcanhar direito como já se disse
lJara fazer ~-direita por fi_las, porêm des-
crevendo só a p-1etade de hum quarto de
circulo; e oitavos a esquerda por filas
he o mesmo em sentido im~:erso. ·
170. Fazer oitavo á direita por tropa,
que he o mesmo que oitavo de conver-
são á direita, não he mais do que servir
o soldado da direita de eixo ou centro do
oítavo de circvlo q"ue o soldado da es-
querda deve descrever, conservando os
solmados que se achare111 entre estes dois
pontos o seu alinhamento, c 0 mo já se
disse ; e inversamente se pratíca p,ara o
lado esquerdo, quando o oitavo he manda-
do fazer para este lado.·
171. Executando o soldado com firme·
zil e rapidez todos estes movimentos ra-
l\IILITARES . 39

feridos, deverá mover-se sobre a vanguar•


da, retaguarda e flancos por marchas com.-
passadas pelo toque de caixas de guerra,
advertindo que o pé esquerdo he sempre
o que rompe qualquér marcha, e sa-
bendo:
1. Que a sua vanguarda he o espaço
comprehemlido entre a linha da frente e
aonde alcançar a sua vista.
2. Que ré'taguarda he o espaço com-
ª
prehendido entre mesma linha da fren·
te e aonde alcançar a sua ~' Ísta, logo que
fizer ft·.ente po~· meia· volta .por filas ou
por tropa. • ·
Marchas.

172. Para mat~har, não tem mais que


o soldado suspender o pé esquerdo, dei-
xando cahir todo o pê~o do corp,o sobre o
') ~ pé direito e levando o pé,esquerdo para
· a frente, com a ponta mais baixa do que
o calcanhar, e no mesmo tempo passando
o pêso do corpo para este pé,
o qual em
assentando sobre o terreno deve ficar com
todo elle da mesma maneira que ficou o
direito, para então suspender este e o le-
var para diante do mesmo moclo que le-
vou e esquerda, e continuando estes mo-
Yimentoiil sem interpolação; 'advertindo
91l DIVERTIMENTOS

sempre que, ao ?'étL da caixa deve mover


o pé esquerdo.
173. Sabendo pois o soldado marchar
bem quadrado e perfilado sobr:e a van-
guarda, deverá então marchar sobre os
sens flancos por filas o que se chama
marchar de costado, fazendo-o comprc-
hender como se faz á direita ou esq ner-
por filas na mesma cadencia da marcha;
o que se consegue ensimmdo-lhe que,
quando na marcha se mandar pelo flanco
direito á direita, levando o pé esquerdo
no ar, deve este assentar no terreno já.
com hum oitavo a d'ireita, e levantando o
direito depois cleve-o unir a este, de ma-
neira I]Ue fique bem quadrado na sua
nova frente; c leva11do ontão o pé esquer-
da do para a frente, continuará a marcha
como se tem dito; e o mesmo se pratíca
para o flanco esquerdo, porêm inversa-
mente, devendo ser o oitavo do pé es-
querdo a esquerda, e o tnais como já es-
tá dito.
174. Depois de o soldado saber todos
estes movimentos sobre a frente e sobre
os flancos por .filas, deverá entao fazêl-os
por tropa sobre os flancos e sobre a ret&.-
gua·r da, ensinando-lhe os passos que de-
ve dar para estes movimentos; advertith
l\llLlT ARES. 91

do·lhe que, para o quarto de eonversão


deve o soldado do lado que faz peão dar
trcs passos no mesmo t~rreno, e logo gue
os demais que á proporção, com passos
mais largos, devem ir fazendo oitavos
sobre aquelle lado até fic·arem perfilados
com elle, seguir com o pé esquerdo a
marcha sobre a nova frente,como já. se dis-
se; e que, para fazer a meia conversão,
deve o peaô dar seis passos no mesmo
terreno, voltando-Jle paTa o lado deter-
minado até que complete os dois quartos
de circulo; o que faz ficar voltado sobre
a sua retaguarda, f10 qual est;mdo bem
quadrado, e logo que os demais estive-
rem por elle perfilados, poderá então se-
guiL· a marcha cemo já está dito.
175. O mesmo deve o soldado saber,
quando tiver de fazer oitavos J30l' tropa
no · á. direita ou esquerda; advertindo-Lhe
sómente que deve fazer a metade do mo-
vimento que já. sabe fazer para o quarto
da c,onversao.
Lição 3.

Posição do Soldado a pé com armas.

176. Depois de o soldadp sab~r exeau.


tar toda a 2. Liçao c0m firiUeza e rapidez
9.2 DIVERTIMENTOS

(o que se póde conseg11ir bem em quinze


dias), . deverá então aeostumar-se ás suas
armas, pondo-lhe primeiramente- a es-
pada na cintura, apertando o talabartGt
por debaixo da farda, e seguindo-se logo
pôr o cotTeão e a cartuxeira e metteudo
dPpois a pistola no ganxo ; e finalmente
pcgande> na clavina, que deverá já esta1·
com baioneta, com a mao direita ' fican-
do alta no braço dit·eito, de •maneira que
fique o primeiro dedo por baixo do guar-
da matto e o polegar por cima d'elle , e
os outros tres dedos perto do delgado da
davina, fazendo apuio no cão , tomando
a clavina huma direcção quasi perpendi-
cular ao terreno, com a boca encostada
fiO bom bro. · "
177. Estando pois o soldado assim ar-
mado, e deprris de saber todos os nomes
particulares dasvartes do seu annarnen-
to, <deverá. exf}rcitar-se assim armado,
pela espaço de oito dinE 1 em todos os mo -
vimentos já referidos na I. e 2. Lições,
tanto a pé fil'me como em marcha, para
acostumar· -se ao pêso das suas armás, e
a.~sim fi·car mais apto para po4êr entrar
no manejo d'cUas, que he o que se vai
a tratar na seguinle segunda parte d'este
tratado, tanto a pé ce>mo a cavallo.
.,
1\IILITARE-8. 9•J

SEGUNDA PARTE.

:Nlariêjo das m·mas a pé.


Liçãa 1.

178. Posto o soldado a ·pé e armado,


como já. se disse, deverá n'esla Liçao fi-
car sabendo:
Apresentar armas; pôr ao hombro ar-
mas (que nt~ cavallaria h e a arma alta
no braço direito) ; , descançar sobre ar-
mas ; apresentar a baioneta ; cobrir, de-
baixo do braço esquerdo, armas ; carre-
gar, em doze tempos,oarmas; e finalmen-
te andar ít direita, pnssando a ar·nHt ao la-
do esquerdo, para tirar a baioneta e met-
têl-a na bainha, ,,.,e depois pôr a clavina
em bandoleira; tudo comforme o rnanêjo
presentemente usado na cavallaria, EÚ
com o augmento do que pertence ao uso
da baioneta, e pÇr a clavina Gn1 bando-
leira, e apresentar ou calar a baioneta.
179. Deve ultimamente, n'esta Li~ão,
ficar o soldad0 bem destro no manêjo da
clavina, como se tem dito, c saber ]JÔr.
armas em funeral e crri adoração, com a
barretina na mão esquerda e o joelho di -
reito ei;:t terra, levantar os corpos e .put'
;a baJ'l'etlna n:;~ eabeça, &e.
9-1 DIVERTIMENTOS

Lição 2.

180. ·Depois de o soldado ·executar


todo o manêjo da clavina com firmeza e
rapidez (o que poderá conseguir-se em
vinte dias), deverá então, n'esta 2. Lição,
começar a aprender o manêjo da espada
e da pistola, e para isto deverá. o solda-
do apresentar-se armado e com a clavina
em bandoleira: e·estando o sold ado assim
firme, mandar-se-ha empunhar a espada,
mettendo a mão no fiel ; tirar a espada,
·lavando-a á frente dos olhus, e depois per-
filando-a no hombrG, com a mão encosta-
da á coxa, perto do q1.!1adril ; e ultima-
mente, tornanuo-a a levar á frente e dei·
xando·a cahir pend urad(l no pulso pelo fiel
se mandará. apresentar a pistola : o que
se fará, tirardo-a do ganxo com a mao di-
reita e levando-a á frente dos olhos com
os feixos para (óra ; carregar, preparar,
apontar e dar fogo, e tornando a carregar ;
e depois apresentar outra vez a pistola
e mettêl-a no ganxo, empunhando logo
a espada ; e logó á. voz, apresentando-a e
mettendo-a na bainha.
181. Sabendo o soldado executar com
destreza os movimentos de espada e pis·
tola, deverá e'ntão apt·ender o jogo do ei•
!lllLITARES.

pad'áo, para ultimar esta Lh;ao que se


póde concluir em qu.inze dias.

Liçã() 3.

111anêjo das ctnnas a cavallo . .


182. Como o soldado, estando a cavallo,
deve ter a clavina em bandoleira para
marchar, póde principiar o seu manêjo
por tiràl-a da band<!leira, carregar, pre-
parar, apontar e dar fogo ; e depois tor-
nar a carregar, ' pondo-a ou na móla ou
debaixo da cox a esquerda, para entao
tirar a espada, como já se disse na antece-
dente Lição, apresentál-a, pedilál-a ao
lJombrol tornar a,,.apre5entál-a e deixai -a
cahir depois, pendurada pelo fiel; tirar
ultimamente a pistola e apresenLál-a,
!)')
carregar, preparar, apontar e dar fogo ;
•J

e depois tornar a carregar,-mettendo-a no


seu lugar, empunhando logo a espada e
perfilando-a, como já está dito; e final-
mente tàzendo oom a espada todo o jogo,
que aprendêo a pé: e eis-aqrii pGdendo-
se concluir esta Liçao em cinco dias.
183. N. B. No fim de cada h uma d'es-
tas Lições se devem repetir sempre as
Lições da primeira parte.
5!6 DrVERTD1 ENTOS

TERCEIRA PARTE.
Evoluções a pé.
Li~.ão 1.

184. Deve ·o soldado saber, depois de


já destro no manêjo das armas e movi-
mentos por filas e por tropa, conhecer
o seu l1l gar na Companhia, no Batalhão
e no esquadrão; e por isso;· logo que o
soldado he alistado e :iuramentado, deve
o :>eu Capitão determinar-lhe a esquadra
á que fica pertencendo, c·o seu lugar na
formatura da Compdnhia, tanto a pé como
a cavallo, fazendo -lhe conhecet· o Cabo
da sua esquadra, os seus Sargentos, o seu
Fui'fiel e mais Inferior'1 S da Companhia,
o igualmente os Officiaes subalternos; o
que sabido devem vir as Companhias for-
madas a d0is de fundo e a pé, para o lu-
gar ondtl se deve formar o Regimento
em Batalhões ; e dividindo-se este em 16
meios pelotões, 8 pelotões e 4 divizões ;,
fazer conhecer ao soldado o seu lugar em
qualquér d ' estas partes: o que concluído
e sabendo o soldado formar-se por altu-
ras e entrar nos seus respectivps luga-
res, devem tormar-se columnas ~ vazias,
q,uér dírectas, quér inversas, por meíós
MILITARES. 97

pelotões, por pelotões e por divisões pela


direita, esquerda e centro, sobre a van-
guarda, retaguarda e flancos , e desdo"
brar l0go em Batalha ou cenar colutn-
nas, formando macia., e fazer fogo por
filas á vontade, tanto avançandG como em
retirada; ultimando-se qualquér das evo-
luções por metter clavinas em bandoleit•a
e montar a cavaUo, tomando o soldado o
seu lugar no;esquádrão que se formará
na seguinte Lição ..

"' Li<;ão 2.

Evoluções a ca1-•allo.
185. Sabendo soldado entrar com fa•
cilidade na formatura de Companhia a
cavallo, não lhe fica sendo difiicultoso o
entrar na formatura de ·esquadrão, por-
que, como cada Compan~ia se denomina
e he meio esquadrão, unindo-se duas
Companhias para formar hum esquadr.ão,
cada soldado fica no seu mesmo lugar oa
Companhia, com pouca differença de filas,
se tiver havido alguma alteração; e assim,
depois de estar o Regimento formado pot·
esquad , se devem ent~ exel'citar em
formar columnas por qudtra 1eios esqua·
7
~ Dl VERTniENTOS

drões e por esquadrões inteiros, pelà


direita, esquerda e centro, sob1 e es flan-
cos, vanguarda. e retaguarda e desdo-
brar logo · em batal'ha por q ualq ué r das
partes que se supjVnha apresentar-se o
inimigo, avan9ando a trote, a galope e a
toda a brida, e debandando se o inimigo
assim o fizer 1 porêm por filas ou po.r
quartos, ate meios- esq uadrees ; de sorte
que sempre qualquér esquadrão que ata-
car conserve a metade em reserva, para
defender o seu estan'darte e aos camara-
das debandados, fa.zéndo•fogo de clavina
por fileiras ; e depois de se debandarem
as filas, fazendo fogo de pistOia ou ser·-
vindo-se da espada á. sua vontade : he
muito preciso acostuml'f o soldado a re-
conhecer e a obedecer promptamente aos-
toques e signaes de debandar c reunir ~
os demais mandamentos devem roer feitos
por vozes dos ~eus respectivos Comman.
dantes, porque itso faz aNimar muito os
soldados, principalmente na frente do
inimigo.
186. Será. tammem nec·essaúo ensinar ·
os esquadrões a passar hum desfiladeiro
em retirada, fazendo por v ar· s vezes-
frente á retai_uarda , atacélr retirat·
s.elilpre em Imnn:~ .-
MILITARES.

187. A Guerra J'l'este Paiz varía mui-


to, e he por isso <.f ue com a expel'iencia
oe oito anno p1•opuz sólnente as evoluções
ácima referidas, como as mais utéis e pre-
cisas no Paiz para disciplinar o solda-
do; pois que as grandes ma•1obras de\'em
fazer-se conforme as circunstancias, ain-
dd que coro os inimigos actuaes nenhu·
mas são precisas, e basta só ter constan-
cia para lhf! resisti,t· ao seu primeiro im-
pulso que h e forte (pois tem algumas
vezes che{o!:ado a numa be:Ja hora, como
succt:!dêo em atalam, 11a acção á que as-
sistio, o Exm. Marqu z de Alegrete; em
Carumbé, na ac~ão commanr!ada pelo Bri-
gadeiro Joaquim de Ofiv€ira Alvares; nos
Potreiros de Ari.IQehy,acção commandada
pelo r.élebre Tenente Coronel José de
Abr ê·,•, &c.), e resolução para cahir so·
bre elles, quasi desordenadamente, de-
bandando muitas vezes, porêm sempre
com alguma porção de gente reunida,
para não acontecer morrerem tantos sol-
dados, como até aqui tem succedido.
188. Quasi em toda a Europa, tenho
ouvido dizer e tenho lido que a ponta da
baioneta .. he quem costuma decidir as
acr,;ões, rou quem faz apparecer a :vic-
toria, começando as cavallarias as suas
"t
IUO DIV.ERTJMENTOS ·

Gscaramuças, ganhando posições vanta-


josas, &c.
189. N'este Paiz succede ao contrario
(conforme tenho obse rvado nas acções da
presente campanl:Ia, á que tenl10 assisti-
do) ; não se trata de ganhar posições, e
só sim se trata de decidir a acção, á es-
pada e t iros ele pistola, pelas cavallarias
que he a fot'ça maior do Paiz ; fazem-se
enganos á vista do inünigo '(ou como se
costmna aqui dizer, negar.êa·se o inimi-
go) ; fazem-se-lhe emboscadas para ou
apanhar de surpreza o inimigo, ou para
surprender-lhe as ê'avalhadas e gados de
municio, roubando-lhas, afim de os en-
fraquecer, deixando-os a pé, se for possi-
vel, para então cahir <'Jobre elles com
áfoiteza, que se entregão logo todos pri-
sioneiros sem resistencia; pois que, se
se avistão no campo duas linhas, o que se
trata he chegarem-se huma a outra (ao
que os Hespanhoes chamao entreverár),
e ou vencerem ou morrerem: a q,ue fôt·
mais forte vence de certo a outra. Fi-
nalmente, ·na Guerra da Europa mata:.se
e morre-se com ordem ; aqui, ao contra-
rio, quasi que se p6de dizer, mata-se e
roone-se em .desordem. ·
190. Conto toda esta historia para que
MILITARES. lQl

me desculpem as poucas evoluções que


J'eferi.
191 Depois de bem exercitados os sol-
dados n 'estas poucas evoluções ácin1a re-
fe ridas, devem instruir-se então nos ser-
vic;os da Campanha, como são .formar
Acampamentos, &c.
192. Nos quarteis devem saber fazer
o serviço de g uartel ; e finalmente deve
o soldado aprender a entrar em fórma de
revistas de Mostr~, revistas de Inspec-
ção, passar em Continencia e entrar em
grandes Paradas, &c ..
Acampamento para o Deposito Geral,
no Passo do Rosario do Rio de Sta. Maria
16 de Setembro de 1817.

FIM.

Imtn·ens" .R.mcricána.
·,· .....

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