Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ANTONlO lia\a
cm 1 2 3 4 5 6 7 UneSp"®" 10 11 12 13 14 15 16
Wilma
os lusíadas
/
OBRAS
DE
DE
LUIS DE CAMÕES
COMMENTADOS
POR
TOMO I
PORTO — 1916
\
Á MEMÓRIA
DO
iCi
/
V -4
e ■ ■'. --it^ i
t-ii
cm 12 3 7 unesp 10 11 12 13 14 15 16
A' sombra da reforma da Instrucção secun-
daria, ordenada por decreto dictatorial de 27
de Dezembro de 1894, e do respectivo regu-
lamento geral, deram-se factos estranhos, que
foram assumpto de vários opusculos e de mui-
tos artigos da imprensa periódica Entre estes
artigos avulta um, que, baseado em informações
minhas, publicou o Paiz em 8 de Novembro
de 1896. Em consequencia da queixa apresen-
tada em juizo pelo então Director geral da
Instrucção publica, o conselheiro José de Aze-
vedo Castello Branco, a quem o artigo se refe-
ria, fui chamado a responder em um processo
k:
líi.
;'■/
Vi«'
" V..^-. •, <e
%>
y .
liv;-'?'
h< »
tfr" /
rs
■ f: W IvC '' ;:,'% ',,•.i
>\y. I
INTRODUCÇÃO
* ♦
' Do lugar da ecloga iv, dedicado a uma dama, «Podeis fazer que
creça de hora em hora | O nome Lusitano e faça enveja | A Esmyrna que
de Homero se engrandece», Storck pensa que pode inferir-se «que o grande
trabalho ia crescendo e prosperando» {'Vida e obras de Ltiis de Camdes,
§ 170, trad. de D. Carolina M. de Vasconceilos). Semelhante interpretação é
forçada. A expressão « crescer de hora em hora » é reminiscencia da phrase
vergiliana cuj7ís amor.. tnihi crescit in horas {Bucol. x 73), e Camões quer
dizer, que favorecido pela Dama poderá sahir com a sua obra, que ha-de
propagar cada vez mais, com o dobar dos séculos, a gloria do nome
lusitano.
XVI os lusíadas
* *
escrever «Longe de crer talvez n'um erro ainda hoje corrente entre pessoas
medianamente instruídas, que teem como sciencia de lei que as formigas
levam para as suas habitações os grãos dos cereaes para se alimentarem
com elles durante o inverno, o Poeta parece ter o presentimento de que istO'
nSo é exacto, revelando um facto de presciencia tantas vezes assignalado
em Indivíduos geniaes. Como que fugindo a inexactídao, que só muito tarde
o estudo biologico das formigas desfez, allude ao facto conhecido do trans-
porte dos pesos grandes, e que parecem em desproporção com as forças de
que devem dispôr estes animaes, mas sem que precise qual o fim a que ellas
destinam o que transportam» (Separ. d'o Jorn. de sc. matk., phys. e nai.,
VII n.° 26 pag. 31). O snr. Balthazar Osorio nSo attenta em que o epitheto
tradicional, «providas j (v. Otto, Die Sfrichií'0'rier der Romer), dado pelo
Poeta ás formigas, implica precisamente aquella crença.
2 V. em particular a est. 21 do canto v e o commentario.
INTRODUCÇÃO XXI
II
^ %
III
1 Mablin, na sua Lettre. . sur h iexte des Lusiades, diz a pag. 72,
<iue a lição «Português Scipião» n'a pas hesoiíi dêtrc défeiidiie.
2 A emenda dos erros typographicos mais evidentes da primeira
-edição, fosse ella A ou B, também pode ter proviiido, sem comtudo em
íilguns casos ser verosimil, do revisor typographico, ou ainda do compositor.
INTRODUCÇÃO xxix:
IV
*
* ♦
DESIGNAÇÕES ABREVIADAS
os lusíadas
DR
LUIS DE CAMÕES
1 2 .aya || 4 .aram
peito Lusitano 5 designa Vasco da trea: Cesseni Syri ante Latinos Ro-
Gama). manos (Bceck Corpus inscr. Grae-
7-8 Nesta amplificaçao do pen- carum, no commentario ao n."^
samento contido nos versos i a 6, 4668). a Musa antiga] = a poe.sia
Cam., que tinha na mente o lugar dos Gregos e Romanos. Também
em que Propercio exalta a epopeia cm latim se diz v. g. Musas elegos-
de Vergilio, emprega o verbo « ces- que sonantes.. j mitiere (Marcial
sar» (representante do verbo ces- VII 46, 5-6).
sare, intensivo de cedere) na acce- 8. outro valor mais alto] o dos
pção, de «fazer retirada, deixar o Portugueses,' como navegadores e-
campo». Coincidência notável é guerreiros. O termo «valor» está
estar também cessare por cedere em sentido lato.
em uma inscripçao da Arabia Pe-
4-5. Invocação
mesma que em; Si qua tuís nmquam do Arceb., i i). E" a continuação
pro me pater Ifyrtacus aris \ dona de uma sj-ntaxe que se encontra
culit... I tunc sine me iurbare também em latim (v. Madvig Gr.
gloium et rege tela'pcr auras (Verg. lat. § 395 obs. 7."). Com os ver-
En. IX 406-409). Nos versos 364 bos de «ordenar» é pratica pouco
Cam. allude ás suas eclogas (v. usada. Phebo] é um dos nomes
nomeadamente as tres primeiras), greco-romanos dados a Apollo, deos
«verso humilde» é dicto em res- da inspiração prophetica e poética.
peito do estilo (tenue) proprio das Sobre a forma «enveja» v. R Ph.
composições bucólicas, em contra-
posição ao estilo proprio da epopeia 5 I. fúria] = inspiraçSo poé-
(chum som alto e sublimado»); tica. Applicado ao enthusiasmo
•corresponde ao latim Immilis em pròplietico ou poético, é corrente
neqiie Immilem et abjectam oratio- em latim o termo furor, por exem-
nein nec iiimis altam et exag^era- plo : ea \fraesagitio\ si exarsit
tamprobat (Cie. Orat § 192). Sobre acrius, furor adpellaiur, cwn a
■a fôrma « grandiloco » v R Ph. corpore animus abstracius divitw
7-8. Porque] = para que; v. insiinctH concitatur (Cie. .Diviv.
R Ph. de vossas agoas] Quando I § 66).
um verbo declarativo ou sensitivo 3-4. A conjuncçâo «ou» entro
se liga uma oraçSo substantiva, é « agreste avena » e « frauta ruda »
vulgar nos escriptores antigos pôr apresenta o segundo membro como
na oração subordinante, precedido nova designação do mesmo obje-
<ia preposição «de» (na accepçSo cto; cf. «do rio Chryssus ou Gua-
de «a respeito de») o norne da dalete» (.'\. Herc. Eurico pag. 4).
pessoa ou cousa a que se refere a Em latim avena, «aveia», emprega-
acçSo do verbo da subordinada, se também por «canna de aveia»,
V. g.; De muitos santos lemos que o e d'ahi, na poesia, por « flauta pas-
foram ainda no berço (Sousa, Vida toril» (Verg. Buc. i 2). A «avena»
CANTO PRIMEIRO 7
6-18. Dedicatória
A dedicatória — em forma de 6 1-3. «bem nascido» eqüi-
invocação, como a dos Pastos de vale a « nobre». Sobre a graphiá
Ovidio a Germânico (i 3-26) — é a «nascer», sendo a pronuncia «na-
D. Sebastião. A transição da invo- cer», v. R Ph em «sc». segu-
cação ás Tágides para a invocação rança] eqüivale ao francês garan-
a D. Sebastião é semelhante á que tie. liberdade] = independencia
Vergilio fez, nas Georgicas, da in- (política), em latim libertas. Com
vocação aos deoses á invocação a estes tres versos conf.: Assi vós.
César; Tuque etc. (i" 24). Rei, que fostes segurança | De
nossa liberdade, e que nos dais 1
8 os lusíadas
II 5 Vos Ao BòWyAq
7 I Vos tenrro (tenro: i i6)
d
IO os lusíadas
10 3 nam || 7 A .celen.
11-2 Fan. II 5 sam
\
12 OS lusíadas
/
CANTO PRIMEIRO 13
Principia a narração
19 Na epopeia \'ergiliana, desde a sabida de Lisboa até o
quando abre a narraçüo da viagem rio dos Bons Sinaes, é contado
de Eneas, o heroe troiano apresen- por Vasco da Gama ao rei de Me-
ta-sc-nos já nas alturas da Sicilia linde (v. 1-85). A respeito dos
34-36), e a primeira parte da navios de que se compunha a frota,
viagem é depois referida por alie v. o com. a iv 84.
á rainha Dido; também nos L71- 4. Cf.: Das nãos as velas con-
siadas os nossos navegantes appa- cavas rompendo (Cam,, eleg. «O
recem-nos já no canal de Moçam- poeta Simonides. .»).
bique (i 42), e o que se passou 6 ondej i. c, pela parte onde.
CANTO PRIMEIRO
II 8 sam
20 I Olim. II 2 .tí\ II 5 cristali. (.allino: v 29) Ceo 1|
t
20 5 Pisa el immenso cristalino cielo (Garcilaso,
ecl. I) (FS).
]
vão >i. Nesta ligaçíto de orações, lusitano, como «gente de Romulo
«quando» eqüivale a «entSo». (i 26) = povo romano. Sobre Luso,
8. horrendo] = que iniunde te- V. III 21.
mor respeitoso, sentido em que os 6. grandes] = poderosos; cf.
poetas latinos empregam horreii- «destino tio grande » (vii 30).
dus: horrcwiae. . Sibyllae (Verg. 7. humanos] por: homens, como
I'n. VI 10); tectiim . . \ horrendum humani por homincs na poesia la-
silvis et relligioue parentutn (id. tina.
liii. vn 170-172). S. Sao os quatro grandes im-
périos do sonho de Nabuchodono-
24 r. Eternos] nüo está me- sor no cap. 11 .de Daniel. O pri-
ramente em referencia ao conceito meiro império é o assyrio-babylo-
de «moradores», mas allude á exis- nio; o terceiro é o greco-macedonio
tência eterna dos deoses e corres- de .Alexandre Magno. A quasi iden-
,ponde ao 6:oi aüv iir.i;, de Ho- tidade d'este verso com est'outn>
jnero. de Panfilo Sassi «Assiri, Persi,
2. pólo] = ceo, como pohis. (jreci, o ver Romani» (ap. FS) e
claro assento] Cf. «assento [= se- mera coincidência.
de, mansão] ethereo» (Cam., son.
« Alma minha gentil..»). « claro ■> = 25 [-4. A «poder singelo
■brilhante, como clanis. [nSo bem apercebido do que é ne-
3-4. gente | De Luso] = povo cessário para a guerra] e pequeno »
CANTO PRIMEIRO 21
ll-S pee (pê: vii 77; pCs: iv 70, v 47, etc.) |1 8 A trás
/>' tras />' yr.
37 I Dia. |j 2 muy || 3 pos || 6 .tào {{ 7 .olo
j| S inf. (enfia: vi 98)
38 I -J ò pa. B ò Pa.
41 4 Nect.
42 2 Eter. Olim. j) 3 beli. (v. i 5) H 4 Ia 1| 6 sam
II 7 entam Tifeô J| 8 A pexcs A .erteô
II 6 . tala II 8 Ilh.
55 I tKm II 2 Idas. II 5 sera
\\6 A da
62 I .tà II 2 exar. (enxar.: vi 84; v. J? Ph) || 4 tam
II 5 ^ .tà II 6 cor II 7 dez. (v. i 30)
63 2 ley A fê B fü ll 3 à ji 4 sam crê
teiro» (v. R Ph)', assim que pa- arabica representam uma conce-
rece-me que, pelo menos, deve pção popular que se manifesta cla-
ler-se «todà». ramente na expressão caravia»,
6. Não usado] dos mahometa- que significando propriamente «lin-
noj, a quem a lei religiosa prohibe goa arabica», era empregada fre-
beber vinho. qüentemente no sentido de «lin-
goagem inintelligivel».
62 «Ho çoltão preguntou a
Vasco da gama se vinha de Tur- 63 í e dizia-lhe que lhe mos-
quia, porque ouuira dizer que erSo trasse os arcos de sua terra
brancos assi como os nossos» e os , liuros de sua ley (Cast.
(Cast. I 6). I 6, cont. do texto transcr. ante-
3. modo] como « maneira » em riormente).
I 57. 6. 4. são] SC. elles (os Portugue-
4. Cf.: a lingoa escura (i 64). ses).
Os epithetos dados aqui á lingoa
*
44 os lusíadas
64 <• Ele lhe disse que nSo era de Europa diz-se «o-- correio*da -Eu—
Turquia se niXo dum grande reyno ropa ».
que confinaua coela» (Cast. i 6).
2. Era Fernâo Martins ^no- I 65 todo o Hemispherio] com
meado em V 77); V. o texto de Cast. o sentido de «todos os hemisphe-
no com. a i 54. rios»; refere-se á psphera celeste e
4. trazia] em vez de «trago», á terrestre; o verso todo corres-
por necessidade métrica; cf. i 45, 8. ponde ao factorem caeli et ierrae
6. enojosas] por serem maho- do Symbolo dos Apóstolos, como
metanas. também « o visibil e invisibil» re-
7. Ainda hoje na Grécia, do presenta o visibllium omnium et
correio do centro e occidente da hwlsibilhim do mesmo Symbolo.
CANTO PRIMEIRO 45
(I 7 aa |; 8 B sob.
66 2 Liu. nam || 5 tJs [| 7 .ras
66 <: e que os seus arcos c 59): nec ullum iu terris hodie popu-
armas lhe mostraria, e os liuros de íum (liei posse, quem minus tibi
sua ley nSo os trazia, porque no hosiem tuisque esse velis aui amicttm
mar nío tinhao necessidade deles» malis (FS).
(Cast. I 6, cont. do texto transcr.
anteriormente). 67. c, e mostroulhe algüas bes-
2. trazia] em vez de trago», tas com que mandou tirar. De que
como cm i 64, 4; de igual moda ho çoltao ficou espantado, e assi
adiante « devia » por « deve », e dalgúas couraças que lhe forâo
«seria» por.«será». mostradas» (Cast. i 6, cont. do
. 7-8 « obrigar-se » e « ficar » texto transcr. anteriormente).
X 25), seguidos de oraçüo conjun- 2. ministros] no sentido geral
ctiva de «que» correspondem ao de minister (pessoa que está ás
francês garantir. O pensamento ordens de outra).
contido nestes dois versos lembra 3-4 «arnês» era termo geral
o final da falia de Scipiao ao celti- (dizia-se, por ex.: arnês de pernas);
béro Allucceio em T. Liv. (xxvi mas designa\ti cm particular as
46 os lusíadas
II 6 tam ; 7 .uj-d.
82 2 5 taes II 6 beli. (belli.: iii 50) || 7 .tugues
• 83 I cuy. j| 2 Pil. aa II 3 fí todo d. (sem cos)
.ano ^v. I 93)
I! 7 Ia II 8 Va
84 I ray. .oli. || 2 Mon. acen. (v. i 5, 4) ||
3 Quando Gama (=Quand'o Gama; por falta de espaço;
a ed. de 1663 já tem «Quando o G.») B .minau. |1 7 po.
SOS. (v. I 38)'II 8 .ação
seu irmão. . partiose leuando Ni- feira com N. Coelho e «ho piloto
colao coelho no seu batei, e leuava mouro, que vendo que não podia
também ho outro piloto mouro. E fugir mostrou logo ho lugar onde
indo ássi vio vir controle seys bar- estava a agoa, que era junto da
cos com muytos mouros armados .. praya:> (Cast. ibd.).
que como virio os nossos começa- 1-2. « Mandar a terra por » é
rão de lhes capear que se tornassem a mesma syntaxe que «vir a terra
pera ho porto da vila. E .. [V. dii por » na est. anterior. Sobre o facto
Gama] mandou tirar com as bom- V. o com. a i 94.
bardas que hiâo nos bateis aos dos 3. E] em sentido adversativo.
barcos. E ouuindo Paulo da gama 5-6. Burton compara: JVon cre-
as bombardas na frota.. acodio das inimico tuo in aeiernum {Eccle-
logo no navio berrio.. e vendoo os siastico XII 10}.
mouros vir, como ja dantes fugião
fugirão muyto mais e acolherSose 86 Certamente para lograr
a terra: e nilo os podendo Vasco maior rapidez e viveza, Cam. con-
da gama alcançar tornouse com seu densou a narrativa dos aconteci-
irmío onde as nãos estauâo surtas» mentos, apresentando nas est. 86 a
(Cast. 1 7). Desesperando de haver 93 como tendo-se dado em um
o outro piloto, V. da Gama levan- mesmo dia o que se passou de 23
tou ferro no domingo ii ât Março; a 26 de Março segundo se vê da
mas houve calmaria e na manha de seqüência do texto de Cast. trans-
15 achou-se a ré de Moçambique 4 cripto no com. da est. precedente:
legoas, e de tarde foi novamente «na qual andauSo obra de vinte
surgir junto da ilha onde já esti- mouros escaramuçando a pé com
vera, a uma legoa de Moçambique; azagayas, e fazendo mostra de que-
«esteve .ali esperando por vento rerem defender a agoa: e Vasco da
oyto dias » (Cast. i 7\ Determinou gama lhes mandou tirar tres bom-
entrar no porto de Moçambique bardadas.. E espantados os mou-
para fazer agoada; foi na 5.® feira ros das bombardas se embrenharão
22 á meia noite; mas nao chegou logo no mato, e os nossos fizerSo
a encontrar agoa; voltou na 6." agoada pacificamente, e quasi sol
QS lusíadas
K 7 muy
97 2 Baco .âra |) 3 danos (v. i 93) 1| 4 aa |f
7 auen. (v. i 74) (sem parenth.) r
98 2 Sy. Phri.
(que era a de Quiloa) ficaua a ré lhe dizião que era pouoada de mou-
tres legoas, de que Vasco da gama ros e de christãos em duas pouoa-
ficou muyto agastado.. E eles [pi- ções apartadas, o que dizião por
lotos] se desculpauSo com ho vento enganarem os nossos, e os le-
ser muyto, e as correntes grandes, e uarem a matar, que a ilha era de
que singrarão as nãos mais do que mouros como ho era toda aquella
eles cuidarão. E porem a eles pe- costa» (Cast. i 8, contin. do ante-
sou mais de a não tomarem que a cedente).
ele, porque esperauío de se vingar 4. constante] liga-se a «o mal-
ali dele e dos nossos, com morte de vado Mouro».
todos; de qiie os nosso senhor li- 5-8. Ha aqui brachylogia, e o
urou milagrosamente, .. e com ho seguimento logico das idéias é:
pesar que tinha de a [Quiloa] es- visto que a força das correntes e
correr quis tornar atras pera ver se do vento os tinha levado alêm da
a poderia tomar; no que trabalhou ilha de Quiloa, como estava perto
bem aquele dia [4 de Abril]; mas outra ilha, onde havia christãos,
nunca poderão por lhe ser pera isso podiam vantajosamente aportar a
ho vento contrayro e as correntes est'outra ilha. discorrendo] =
serem grandes» (Cast. 1 8). correndo com força. por diante]
i. c, para lá de Quiloa. Que] é
101 «E então ouue Vasco da repetição da conjuncção do 5."
gama conselho com os outros ca- verso ; v. i 55.
pitães que arribassem á ilha de
JMombaça, que os pilotos mouros 102 <hum sabado sete Dabril
(
tiuntur Troes harena (Verg. En. deyxou de ter algua sospeita que
I 171-172); cf. IX 66 (FS). «Que» aqueles mouros vinhao ver se po-
é partícula causai. deriao tomar algum dos nauios. E
assi era.. E com este fundamento
4 I. vasj como indicativo, [o rei de Mombaça] ao outro dia
está antiquado. qufi foi dia de ramos [8 de Abril]
3. ardente especiaria] (cf. v lhe mandou dizer por dous mouros
28, 7) serve de generalizar o que muyto aluos, que ele folgaua muyto
foi indicado em particular por «ca- com sua vinda, e se quisesse entrar
nella, cravo», assim como «o rubi, pera o seu porto lhe daria tudo
0 diamante » do 6." verso servem de ho de que teuesse necessidade .. E
particularizar «luzente pedraria». disse aos mouros que lhe disses-
4. =ou droga medicinal; «íJJíí sem que erSo Christaos, e que os
salutiferas.. herbas (Estac. Achil. auia na ilha.. E Vasco da gama
1 117); praesians é vulgar, nomea- mandou agradecer a el rey ho offe-
damente em Plínio, fallando-se de recimento, dizendo que ao outro
drogas e remedios. dia entraria para dentro» (Cast.
8. Com que] eqüivale a: que, I 9).
com o que levares—. 3. Cf. I 21, 8.
5. como]==quando; nesta acce-
5 < .. ele [V. da Gama] nao pçSo está antiquado.
CANTO SEGUNDO
8 5 enefanda {{ 7 .oram
9 I .ta. 11 2 .ziao II 3 Cid. corre, .ârâo [j 4 .iSo
11 5 .dà. ||6 .iao||7 .tà
10 2 .oy 11 4 .ydo || 5 Cid.
II 7 A Thioneõ B Thioneíi
13 I denoite 1| 3 nam .anado (a corr. é já antiga)
II 5 ray. || 7 Oriz. || 8 TitSo
16 4 tão II 7 .inhaq
17 2 moni. (muni.; ii 88; a corr. é já antiga) || 3 Rio
II 4 B sob.
vez na ed. de 1663, e acceita por storis examen deducta est lis dea-
G. de Amorim, tem de ser immedia- rum, qualis emejserat ma? i.et
tamente regeitada pela simples ra- consternavit arbitnim et conien-
zSo de nao existir uma «esphera dentium ccrtamen oppressit. (Auso-
fria ». nio, Epist. 7).
5-8. O caçador é Acteon. Tendo
35 I. namorar] como na est. visto casualmente Diana a tomar
precedente. banho, a deosa, de irritada, conver-
2. de quem foi.. amada e cara] teu-o em veado, e assim a sua pró-
por: de quem foi amada e a quem pria matilha o dilacerou (Ov. J/et.
foi cara; cf. i 57, 5-6. III 138-250). «galgo» que repre-
3-4. o Troiano] é Paris, filho senta o latim {canis) GalUcus (Ov.
de Priamò, rei de Tróia, que foi Met. I 533), toma-se na poesia por
criado entre os pastorSs do monte «cao de caça» em geral, «mata-
Ida na Troada. Incumbido de rão » e í acabárão» tem o valor
sentenciar no pleito havido entre de condicionaes. «acabar» por
Venus, Juno e Minerva, sobre « acabar com a existencia a alguém,
qual d'ellas era a mais-formosa, .matar», á semelhança de conftcere,
as tres deosas apresentaram-se-lhe é expressão litteraria.
procurando cada uma da sua
parte com offerecimentos pô-lo do 36 4. No português antigo
seu lado. Estes dois versos que- «quem» applicava-se indifferente-
rem dizer que se lhe apresentou mente a pessoas e cousas. A ora-
como quando brotara da espuma ção ce nao se via» (equivalente a:'
do mar: [Venus] postquam in pa- sem ser visto) está coordenada á
/
CANTO SEGUNDO 8/
11 8 .ra.
41 2 .uy :ell5 Cala. (Calle. i 3) || 6 .dira ^ piad.
11 8 ^ Llhe
42 I com().'(v. A'/% em <;immigo ») II 2 moue. um
Ti. II 3 Ceo B sob. || 5 acen. (v. 1 5) || 6 .çe colo (v.
II 36) II 7 so .àra 1| 8 geràra (v. i 64)
43 4 affa. (afagos: ix 83) || 5 por yr.
II 8 A .t&
45 I ^ .!y. II 2 Ogi.
vâo II 7 .arà
49 I Mar ro. tam || 2 inf. (v. 1-37, 8) [| 7 .ay
50 2 . râ II 3 . rà
II 8 blasfe.
51 2 virá I] 6 Id. 11 7 freo (v. K Ph em «-eia, -cio»)
.orà
52 i B SOS. II 4 tam
U 7 Cita. jamais
53 3 civis II 4 Cap. II 5 de Aur. («da» é corr. já
antiga; cf. i 14, x 44)
II 6 Scitico II 8 Egip.
54 I ace. (v. i 5)
jubei [T. Liv. iii 26]). Entre os dois 6-7. Sobre a forma «longin-
membros coordenados « Até o lon- co» V. R Ph em « grandiloco ».
ginco China» e »E as ilhas mais as ilhas mais remotas do Oriente]
remotas do Oriente» está o termo sao o archipelago do Japío. (B.
regente, commum a ambos, « nave- Feio escreveu indevidamente «Até
gando» (como em: «começo os ao.. I E ás ilhas»; v. R Ph em
olhos bellos | A lhe beijar, as faces « até »).
e os cabellos» (v 55); v. R Ph em
«Interposiçâo ». 55 I. «de modo que'» c lo-
2. os incêndios] i. é, o fogo cução conclusiva (como também
da artilharia; Plinio diz: mons «de maneira que», v. g. em «De
Aeina nocturnis minis incendiis maneira que [em latim er^ó\ vejo
{N. IL iit § 88). dous prelados. . convertidos hoje
3. idololatra] representa o latim em Platíies e Tullios» [Sousa V.
idololatres. (A forma usual «idola- do Are. I 23]); «de geito» c locu-
tra» que é a das outras lingoas ro- ção modal (de uso freqüente no-
manicas—e já em Salviano se en- tempo do Poeta), correspondente ao
contra idolatria por idololaíria — latim sic (cf. 11 71, 6).
é devida a haplologia semelhante 4. Eqüivale a « do Oceano In-
áquella pela qual se diz «semi- dico ao oceano Atlântico». Em Pli-
nima» ao passo que os italianos nio: in Gaditano [de Gades, hoje
dizem « semiminima »). «Cadiz»] oceano {N H. 11 227).
5. Áurea Chersoneso] é a pe- 5-6. o estreito | Que mostrou
nínsula de Malaca; v. x 124. o aggravado Lusitano] é o estreito-
CANTO SEGUNDO 99-
7 A .làs fí .ras
63 2 A . aràs B . aras |{ 3 La
64 r sono (v. 11 60) || 2 -uyljs ve jj 4 .ayo H
7 Mes. II 8 vellas (v. i 19) de.
I! 5 A falan. |] 6 £ .derám
68 2 vi. 11.5 aui. (v. I 74) II 6 vellas (v. i ig) vi.
II S aa
69 I Nao II 2 .ay
II5 • uy • uy
80 3 vâo
81 I geraç. (v. i 64) tam ahi (a corr. é já antiga)
veolhe grande desejo de ver homens corde metum, Teucri, secludite cu-
que auia tanto tempo que andauSo ras (i 562; FS).
no mar, e assi lho mandou dizer, e 5-6. «ser de geito \_= ejus-
que se queria ver coele ao outro modí] para (com infinito)» eqüivale
dia [o Roteiro diz expressamente a: ser tal que uma cousa deva de-
«ha quarta feira»]: e a vista seria acontecer.
no mar.» (Cast. i n). 8. pensamento] (alto, baixo)
2. pratica] = conversação. na accepçao de «sentimentos» &
3. estamago] = ânimo, ousa- corrente nos escriptores antigos.
dia.
7. valor] = poder; cf. viii 46. 87 « [Na entrevista no batei o-
rei disse a V. da Gama] que lhe
86 A primeira parte do dis- pesaria muito de nâo querer [V,
curso do rei de Melinde corres- da G.] ir ver a sua cidade» (Cast.
ponde ao modo como Dido entra a I 12).
responder a Ilionêo na En.: Solvite 1-2. O 2.° verso tem sido in-
CANTO SEGUNDO 115
II 6 .rey A .celen. || 8 So
88 2 ^ .màdias B .màdias |{ 3 irey (v. 1 9) || 7 .ra
89 3 y? embax. ,
90 I Nao A .ayos arte. (deve ser graphia phone-
tica do compositor, como: relegiosa: ix 2; reteniao; iii 113;
adquerir: viu 8; deligencia; ix 15) i] 2 Co. || 3 Bom.
II 7 Ceo .ião [1 8 altisso. (altiso.: v 87)
|j 3 B Mil. II 8 cor
98 I dour. (v. R Ph em «Elisao») |i 8 dicl.
por fim a ter todos a mesma anti- das quaes se chama por excellencia
güidade. «Scandia» (a Suécia e Noruega)
7-8. A noticia de .^dão ter sido (em Plinio [iv § 96], no códice
criado no campo onde posterior- Riocardiano, Scandinauia); v. For-
mente se fundou a cidade de Da- biger, Ilandb. d. alt, Geogr. i pag.
masco («opiniSo comüamente re- 232. Depois o vocábulo «Scandia»
cebida entre Padres e Rabynos» ou « Scandinavia » designou em par-
\_Monaitch. Lus, i i]\ podia Cam. ticular a Suécia meridional, consi-
achá-la no De cl. nmlieribus de derada ilha: Suetia cincta undique
Boccaccio (cap. i.°), na Marg. phl- tnari plurimas insulas habet, in
los. (pag. 608), na Christiada de qxiis Scandinauia est.. (En. Silv.
J. Vida (+ 1566) (348-350), etc. Hist., pag. 425-426), e é neste
informara] por «informasse»; v. sentido que o Poeta falia da <Es-
R Ph em «Tempos», perguntara] candinavia ilha ». Foram os
— perguntasse, é jussivo do .pas- Godos os que repelliram do sul da
sado e corresponde ao imperfeito e Suécia os habitantes primitivos. Os
ra. q. perfeito do conjunctivo latino Godos . orientaes ou Ostrogodos,
(v. Madvig, Gr. lat. § 351, b, debaixo do mando de Theodorico
obs. 4.'^). (■}• 526) fundaram o império ostro-
gotico, império que abrangia a Ita-
10 2. Lappia e Lapponia lia com a Sicilia, a Dalmacia, parte
■sao os nomes dados no latim mo- da Recia, e posteriormente também
derno á Laponia. a Provença. .
3-4. Segundo Ptolemeo (iii) ha 5-8. O «braço do Sarmatico
no Oceano Sarmatico (mar Baltico) Oceano» é evidentemente o mar
<luatro «ilhas Scandias», a maior Baltico (juntamente com o Sunda
CANTO TERCEIRO 135
11 7 A Occeoa. B Occea.
11 I Mar'|| 4 Hirci. sam [| 6 Sam Boe. Pano
II 7 Re. 11 8 Rio
3-8. Cam. não faz menção par- Antenor, v. o com. a 11 45. Ve-
ticular da Thessalia, porque esta neza deveu os seus principies a
região faz parte da Grécia, tomado famílias que se refugiaram nas ilhas
este nome em sentido lato (v. Pomp. das lagunas quando Aquileja foi
Mela, II § 37-39). o ceo penetras] destruída por Attila em 452 p. Chr.
corresponde á expressão vergiliana: O epitheto < soberba» está em
fama super aethera íioius. bom sentido como em «a soberba
Europa» (11 80, iii 6).
14 1-4. A província romana 5. O braço que da terra «vem
da Dalmacia extcndia-se, do lado ao mar » é a península dos Appen-
do mar, das fronteiras da Istria ninos, a Italia.
moderna ás da Albânia. Sobre
I3
138 os lusíadas
15 2. = tendo por outra parte dro, a quem foram dadas «as cha-
(pelo norte) muros naturaes (os ves do reino dos Ceos ».
Alpes); cf.: vicina illa caelo Alpiiim 7. Dir-se-ha «pobre de potes-
juga, quibus Italiam naUira valla- tade»; mas ha-de dizer-se «pobre
oit (Mamertino, Gmethl. 2). da antiga potestade».
3. Diz-se geralmente «os Ap- 8. « contentar-se de » por « gos-
penninos», mas em latim empre- tar de» está antiquado; cf. viii 3.
ga-se o singular Appemtimis.
4. Que] é complemento obje- 16 2. Cos Cesareos triumphos]
ctivo. pátrio] por ser o fun- = com as victorias de Júlio César
dador de Roma, Romulo, filho de (entre 58 e 50 a. Chr.); cf. v 96.
Marte. 3-4. Sequiina é o nome latino
5. o porteiro., divino] o summo do Sena, e Garunna o do Garonna.
Pontifice, como successor de S. Pe- 5-6. Segundo uma fabula que
CANTO TERCEIRO 139
vem em Silio Itálico (iii 420-441), Nep. Att. 4; V. Madvig, Gr. lat.
os Pyreneos devem o nome a Py- § 445)-
rene, filha de Bebryx, que foi alli
sepultada. 17 I. Hespanha] V. i 31.
6-8. A lenda a que o Poeta 2. Cf.; los quales montes [os
allude, acha-se em Diodoro Siculo Pyreneos] son asi como cuello entre
(v 35 § 2), ao qual se refere P. Ma- Ia cabeça que es Espana; y el
rio no commentario ao lugar de cuerpo que son Ias otras partes
Sil. Itálico acima citado. Nic. C. do dtl mundo (Ped. de Medina, Libro
Amaral, na Cronologia (publicada de grandezas.. de Espaiia, de
«m 1554), também diz, com o autor 1548); t seguiremos o costume dos
grego: .. Quum enim pastores forte geographos, que usao da compa-
fortuna ignem in vastam moniis ração de alguns membros do corpo
syhiam inijcerent, ita continuis humano pera se declararem na
diebtis exarsit i7icendium ui ptiri significação de outros do grande
argenti riuuli vi magni caloris corpo da terra » (L. de Sousa, Hist.
xffluxerint (pag. 94). Diodoro nâo de S. Dom. i 2, 4).
falia de rios de ouro; mas, segundo 4. a fatal roda] = a roda do
observa o Dr. José Maria líodrigues, destino: v. o com. a i 6, 6.
já João de Gerona nos seus Para- 6. noda] que representa nota
lipomenon Hispaniae libri x, publi- (como «nodoa» notida) era vocá-
cados em 1545, registando esta bulo corrente no tempo de Cam.;
lenda, falia também de oiro. «que., vem, por ex., em H. Pinto, 11 98,
■quando ardêrao», construcçao já 336 v. da I.' edição.
antiquada, é como a que se vê em; 8. f[Hispa?ii'\ bellum quam
Noli.. adversunt eos me velle du- otium malunt ; si extraneus
cere, cum quibus ne contra te deest, domi hostem qiiaenint (Just.
■arma ferrem, Italiam reliqui (Corn. xnv 2).
I40 os lusíadas
2-4. Estes versos nao tem sido [=nelle] firsi a habit; Macaulay).
bem entendidos do geral dos anno- Na ligação das oraçSes ha a,
tadores e traduetores. (Duff, por mesma particularidade que em iii
ex., traduz o 4.° verso: J/ay I 16, 6-8.
titere dose in peace my dying eyes; 5-8. Plinio {_N. H. m § 8),
Storck traduz os versos 2-4: Dort communicando-nos uma noticia de
— wemt ich fahrlos durch des Varrão, tem um periodo obscuro,
Himmels Alacht \ Heimkomní und em que ha variedade de lições e
darf mein IVerk voUendeí schauen, que é interpretado diversamente.
I Versinke dieses Licht für mich A edição de Paris de 1532, entre
in Nacht). V. da Gama não quer outras (v. g. a de Basilea de 1545),
dizer, que se tiver a dita de tornar traz: Lusum enim Liberi pairis ac
incólume á patria, dando conta ca- Lysam cum eo bacchantem nonie?t
bal da empresa para que foi esco- dedisse Lusitaniae, e no índice
lhido, desejará acabar os seus dias põe: Lysa [devêra ser Lysas'\ Bac-
na terra que o viu nascer — o que chi comes.. Lusus Bacchi comes.
seria peiisamento, pelo menos, in- Cam. neste lugar, dizendo «filhos-
sulso —; mas sim, que julgará ter ou companheiros», junta a inter-
vivido bastante, do mesmo modo pretação, que mais promptamente
que Epaminondas na batalha de occorre, d'aquelle passo de Plinio,
Mantinea exclamou: Satis vixi: a de «filhos», com a que vem
itmicius enim morior (Corn. Nep. naquelle índice, a de «companhei-
Epam. ix). Conseguintemente o con- ros », mostrando, com «parece»,
junctivo « acabe-se » ha-de enten- reconhecer a obscuridade do texto,
der-se nao como optativo, senSo e diz «Luso ou L}'sa», porque a
em sentido permissivo (eqüivalendo « r..uso» é que propriamente cor-
a «acabe-se embora»), e «ali» ha- responde a fôrma «Lusitania» ao-
de considerar-se advérbio nao de passo que a « Lysa » havia de cor-
lugar, mas temporal (da mesma responder «Lysitania». Em viii 3,
maneira que em latim illico e em fallando novamente de Luso, diz
francês sur-le-champ) eqüivalendo «filho e companheiro». E' que, se-
a «logo», assim como em «Aca- gundo me pareçe, no intervallo da
be-se aqui a vida | Por não ver composição d'estes dois Cantos lêra
prazer maior» (^Cam. Amphitr. act. o Vincentius de A. de Rèsende.
n SC. n) « aqui» eqüivale a « agora Ora este nosso antiquado, trans-
já». esta luz] a luz da vida, a crevendo (na nota 48 de 11) o texto-
vida. comigo] = com respeito a de Plinio exactamente como vem
mim. (Semelhantemente diz-se em nas duas edições acima citadas,
inglês: Cmdty hecame witli. Mm accrescenta: Quorum verborzim hic
CANTO TERCEIRO 143
est sensus. Lusuni Liberi patris que o Poeta suppSe derivar de vir,
Jilmm non autem socium, ut qui- mas que é realmente um derivado
dam contra loquendi usum inter- de viria (bracelete); v. o Archeo-
p7-etantur, una cum Lysa, nimiruni logo Português, II .23. Isto de achar
Liberi socio, nomeu Ltisitaniae relação entre o nome de uma pes-
nostrae dedisse. Conformando-se soa e o caracter e circumstancias
pois com o parecer de Resende, o da sua vida ascende á antigüidade
Poeta chamou entSo a Luso deci- classica, v., por exemplo, Euripides,
didamente filho de Baccho. (Detle- Phenic. 636-637; nas litteraturas
fsen lê, exactamente como a ed. de modernas pode citar-se, entre ou-
Basilea de 1554: Lusiim enim Li- tros, Dante no Canto xii do Par.,
beri fatris atU lyssam cum eo bac- onde, fallando do pae de S. Domin-
chantium nomen dedisse Lusitaniae. gos, diz: O padrí suo veramenie
Detlefsen, com muitos, vê erri Lusiis Felice!
um nome proprio, e põe no índice 3. dome] = vença, ou, com
i: Lusus, Liberi patris filius; ou- outra metaphora, eclipse.
tros, entre elles Littré, consideram 5-8. o velho que os filhos pro-
aquella palavra nome appellativo prios come] é Saturno, identificado
[le assim como o é lyssa, pelos Romanos com o Cronos grego,
transcripçSo de Xuana) (Sobre a de quem um mytho dizia que devo-
etymologia de Lusitani e a varia rava os filhos mal nasciam. Cronos
amplitude geographica do nome veio a ser considerado deos do
« Lusitania» v. Dr. Leite de Vas- tempo (em grego «chronos»), e é
concellos. Religiões da Ltisitania ao Tempo que o Poeta se quer re-
vol. I, pag. xxi-xxni e xxviii-xxx). ferir. (De Saturno falia Fulgencio
em vários lugares). Os epithetos
22 1-2. D'esta.. nasceo] = «ligeiro e leve» pertencem ao ceo
D'esta (Lusitania) foi oriundo. O tomado em sentido cosmographico
pastor é Viriato (v. vm 6), nome (v. X 85); ha, pois, aqui uma fusão
144 os lusíadas
Port. I 202). cidade Hieroso- III 30) Cam. suppõe D. Aff. Henri-
lyma] como iirbs Roma; é syntaxc ques já adolescente no tempo do
usada antigamente na própria prosa. fallecimento do pae; mas o conde
« Hierosolyma » é o nome greco-ro- D. Henrique, que morreu no i.° dc
mano de Jerusalém. Maio de 1114, deixou o filho com 2-
O verso 4.° referc-se ao baptis- ou 3 annos de idade (A. Herc. II.
mo de Christo porS. João (S. Matth. de Port. 1 230, 236).
111 13-16). O antecedente de «Que»
é evidentemente «o Jordío». (G. de 29 «..toda ha terra se alçara
Amorim, nSo entendendo agramma- com sua mSy ha qual cazou com
tica, substituiu «areia» por «agoa». D. Vermuy Paes de Trava, e depois
5-6. Cotfredo] (em allemao: D. Fernando Conde de Trastamara
Gottfried) é Godofredo de Bulhão, o seu irmito delle lha tomou e cazou
principal capitão da primeira Cru- com ella (Du. Galv. 5) . .E hacodio
zada, e que pela victoria de Asca- ha Rainha sua may dizendo: i^Iinha
lona (aos 12 de Agosto de 1099) he ha terra, e serra [leia-se: será]
ficou senhor de toda a Palestina. que meu pay ma deu e ma leixou »
(id. 6).
28 Com GalvSo (v. o com. a 1-4. O casamento da viuva d»
CANTO TERCEIRO 147
«I
CANTO TERCEIRO 153
#
CANTO TERCEIRO 155
/
158 os lusíadas
II 7 yr-i|8 .ay
65 1 B suj. .oy B Polm. |1 2 Ciz. (creio que re-
presenta a pronuncia do compositor, cf. «Sivilha» em iv 46)
II 5 Vil. a serra (em vez de «o senhor» é certamente de-
vido a estar «senhor» escripto em breve «snr»; a corr. é já
antiga) l] 6 socorrella (v. i 80) A deli. H 7 A . cuy. B . cny.
A .dodo
66 3 darm. (v. lí Ph em « Elisão »)
70 « .. pelo qual EI Rey D. Fer- modo que hos seus nom poderão
nando de Liam, veyo contra El Rey mais levantalo .. El Rey.. ouve de
ha Badalhouse.. e El Rey [D. Aff.] ser tomado B prezo com esses que
..abalou rijo a cavallo, correndo hy eram com elle.» (Du. Galv., 40;
por sahir fòra da Villa.. e aconte- cont. do texto do com. a iii 68).
ceo que ho cabo do ferrolho nom I. Que] serve, como em latim
fiquára bem colhido aho abrir das nam, de introduzir, em novo pe-
portas, e ho cavallo, assi como hia riodo, o desenvolvimento do pensa-
correndo topou nelle com huma mento apresentado precedentemente.
ilharga.. e quebrou ha perna es- 7. ferros] i. c, o ferrolho das
querda dei Rey.. e nisto ho ca- portas de Badajoz.
vallo que hia ferido., cahio com
El Rey.. sobre ha mesma perna, e 71 1-4. Gneo Pompeio (106-
acabou-se de quebrar de todo, de 48 a. Chr.) depois de uma brilhante
u
os lusíadas
i| 4 so II 5 .ras
74 2 . yzo II 4 vâo . oy [| 7 sac. ]| 8 Aa
B . lyss. . oy
Caspius, a laeva.. Scythicus appel- 1165 com Fernando 11, rei de LeSo
latiis [N. H. V § 97-99) (Cf. VII iS). (A. Herc. H. de Port. i 428).
Com o pensamento contido nos
tres primeiros versos cf.; is [Pom- 74 «Despois de entregar ha.
peio] ciii se oriens occidensque suvi- terra [que teve de ceder ao rei
miserat.. (Plin. N. H. vii § 112). de Leão]., El Rey D. Fernando
4. A Emathia era um dis- ho soltou, e elle tornou pera seu
tricto da Macedonia, mas os poe- Reyno» (Du. Galv. 40). «Como hos
tas designam com este nome a Ma- Mouros vierão com Albojame Rey
cedonia e até a Thessalia (Verg. de Sevilha cercar El Rei D. Affonso
Georg. I 492), onde fica a cidade Anriques em Santarém, e como El
de Pharsálo. Rey sayo ha pelejar com elles, e
7. o conselho alto celeste] eqüi- hos desbaratou, e venceo » (id., sum-
vale a «o alto conselho celeste»; mario do cap. 42). Os cap. 43 e 44
a pretensa correcçao «alto e ce- tratam de como foi achado e tra-
leste» (da ed. de 1613). não tem zido para Lisboa o corpo de S. Vi-
cabimento. « conselho» = resolu- cente.
ção, vontade derivada de uma re- 5-6. S. Vicente é o padroeiro
solução (deorum consilio inierfe- de Lisboa.
ctus est é a versão latina de CsSiv 7. Sacro promontorio] repre-
ííncT! Sa[iáa6r, na fl. xix 9). senta o nome latino do cabo de
8. A filha de D. Aff. Henri- S. Vicente.
ques, D. Urraca, havia casado em 8.' Ulissea] V. iii 57. '
CANTO TERCEIRO 1/3
O Miralmomini em Portugal;
Treze Reis Mouros leva de valia,
Entre os quaes tem o iceptro imperial;
E alfi fazendo quanto mal podia '
O que em partes podia fazer mal,
Dom Sancho vai cercar em Santarém; ■
Porem não lhe- fuccede muito bem.
l8o os lusíadas
11 8 gui.
88 2 aaq. 1| 4 . ay || 5 . ay . cèra |i 6 B Lixb.
89 2 . ay II 3 . ones || 5 Ate
li 4 quG
92 I tam deso. (honesta: ix 83) || 4 . Sy . ipina
II 5 tam aas II 7 tara . bàlo [| 8 mole (v. 11 77) A .pklo
B . pàlo
93 I tirani.
II 2 . oy •• anos || 8 B tudo »
94 2 . nhes || 4 yrmao |1 5 br. || 7 . alo {| 8 tam
95 I fo.
II 8 .oy .
101 8 B .oy
102 3 fo. II 5 Ang. II 6 B hebur.
II 7 A Pay 3 pay
103 4 Esp. (v. iii 17) II 6 Mar
104 I des. II 4 . tà II 5 cont. (v, i 57) soco. ||
6 .meas (v. i 64)
105 I ô II 2 .gelia
(v. o com. á est. seguinte), repre- Maria sua filha, se passaram loguo
senta D. Aff. IV partindo de Évora a Badajos onde recolhidas suas gen-
com as suas forças. tes .. seguiram também o caminho
3. Lustra] como em n 03. de Sevilha..» (Pina, D. Aff. IV, 56).
6. V. III 96, s-8.
109 «E com esta determina-
108 « .. el rey de Castella .. ção partiram loguo os Reys de Se-
veyo a Xeres de Badajos, e dahi a vilha.. e Domingo vinte, e sete dias
Olivença .. porque el Rei de Portu-- do mes de Outubro chegarão a Pena
gal.. o veyo esperarem Jerumenha». do Servo, donde os espantozos
(Pina, D. Aff. IV, 56). Depois da Arrayais dos Mouros jà pareciam
entrevista D. Aff. de Castella foi sobre Tarifa» (Pina, D. Aff. IV, 57).
para Sevilha e D. Aff. de Portugal «.. os Reys de Portugal, e Cas-
tornou a Elvas « .. e de EIvas el tella.. loguo virSo as muytas, e
rey de Portugal com a Raynha D. grandes hazes dos Reys Mouros,
CANTO TERCEIRO 191
II 2 morre.
117 I so. II 2 . cito
II 8 .oy-
119 I so  Am. (com J, fallando do sentimento,
também em 11 37, iii i) H 3 Des. aa || 4 fo. || 5 sed. |!
7 E por tirano
II 6 tam tam || 7 . ay
126 3 som. II 5 B criau. || 6 tam || 7 . ay A , ârSo
B . àrâo II 8 yr. . ficà.
155 1-4. As filhas do Mon- 124. 3-4; '30, 3-4) —> nao é
dego] = as nymphas do M.; cf. as D. Aff. o que se dirige aos paços
filhas do Tejo (v. 99). Também em de D. Inês para pôr em effeito a
Apollonio de Rhodes {Argon. 11065- cruel resolução; elles silo os que
1069), nao tendo Clite querido so- trazem a infeliz princesa «ante o
breviver ao marido, <A morte sua Rei já movido a piedade », e quando
I Do bosque choram as sensíveis após as supplicas de D. Inês, que
nymphas, | E- as derramadas la- iam dobrando o animo do monar-
grimas tornaram j Em fonte pura cha, se consumma o acto abomi-
que appeilidam Clite, | Do nome nável, ninguém supporá, lendo as
illustre da infeliz esposa ^ (tradu- estâncias, que na realidade D. Aff.
cçâo de Costa e Silva, cit. por Fon- pelo menos deu o seu consenti-
seca Pinto em Ignez de Castro, mento.
Iconogr., Ilist., LUí.). A morte de D. Inês já tinha
5-6. Dos amores de Inês] per- sido assumpto de umas trovas, de
tence para o conjuncto «o nome alto valor poético, de Garcia de
lhe poserSo »; « de » corresponde Resende {Caticion. Ger. iii pag.
ao latim ab em tpuero.. ab inopia 616-622).
Egerio inditum nomen (T. Liv. i, 34).
Neste, por assim dizer, inter- 136 «Como os Reis de Portu-
mezzo (est. 118-1^^), que vem diver- gal e de Castella fezerom amtre si
sificar a prolongada narrativa de aveença que entregassem huum ao
façanhas guerreiras, Cam., com. su- outro alguuns, que andavom segu-
bido sentimento artistico, pOe um ros em seus Reinos» (F. Lopes,
pouco de parte o texto do chronista. D. Pedro i, 30).
Com o fim de concentrar o odioso Dos tres implicados na morte de
do feito nas pessoas dos conse- D. Inês, Álvaro Gonçalves, Pero
lheiros— que ainda assim repre- Coelho e Diogo Lopes Pacheco, os
sentam o sentir popular (v. 122, 7; quaes por conselho de D. Aff. iv
CANTO TERCEIRO 207
II 4 pos
139 I . oy i; 5 . oy sog. (v. ii 54)
]| 8 ace. (v. i 5)
143 2 Ang. . celencia (v. 11 99) || 3 A .iâ. B .\.k
tr3f. (a corr. é já antiga) . mãdo || 5 ^4 tâ || 7 fant. i[
8 A muy.
7 2 4 . tà II 5 li cast. II 6 . ay A suce.
S i B bri. 11 2 . oy dir. (v. iii 21)
\
CANTO QUARTO 223
n 7 CO.
23 6 . uy II 8 B . erces Heles.
24 I yí Alueres
35 I B vè II 2 yr. nSo || 3 ZJ dè || 5 ^ . tà
A . aleiro || 6 . cyo || 7 . güs
. 36 I . ane (. anne: iv 2, 23, 25) || 5 Li. i| 6 A sOs
B SOS 11 8 Massi.
II 6 aas
45 8 A Trís,
46 2 igo. (v. I 5) II 5 Siui. (Seui.: III 75, VIU 24)
II 6 nü II 7 A pês B pès
47 4 . rao y 7 Aas III.
48 I sofr. (v. I 65) aa || 2 imi. (v. Ph) dano
(v, II 69) II 4 . ay Occe. (v. li PU) || 5 . ey || 6 A . inano
II 7 pollas (,polo: I 12, 15, 17, 34, 49, 58, 99, etc.) |] 8 . ey
aa . ey
l
CANTO QUARTO 243
*
CANTO QUARTO 245
II 7 aa . gipto II 8 Ia
63 I . assam Eritr. || 2 Nao 1| 3. . cSo . tras ||
6 . 3iy II 7 . cao
]| 7 nao II 8 . tão
79 2 vos II 3 . clarescido (v. /? Ph cm « -sc-») ||
4 . ey . era || 5 NSo sofri (v. i 65) O . ey || 7 vos
80 I . ay 11 2 . risteo ]| 3 hSo B . onèo Arpias ||
4 . rimanto Ydra
zer vivo o javali que descendo auiem infirma (S. Matth. xxvi
do Erymaptho, monte da Arca- 41; FS}.
dia, assolava as paragens próxi-
mas; matar a hydra da lagoa de 81 «. . lhe faria por isso muy
Lerna situada nas vizinhanças de grandes merces, que lhe logo come-
Argos; baixar ao reino das Som- çou de fazer de hüa comenda e de
bras, ao império de Plutao ou Dite dinheiro para o apercebimcnto de
{Dis), e assenhorear-se do câo Cér- sua viagem » (Cast. i 2).
bero. Vem resenhados'era Hygino, 2. razOesj (em contraposição
Fab. XXX. a « mercês »] = palavras.
5. vans] = sem corpo; d".; va- 8. Paulo era irmão mais velho.
nae redeai sangreis imagini (Hor. Castanheda refere que D. Manoel se
Od. I 24, 15). dirigiu primeiro a Paulo, mas que
8. E' reminiscencia de: Spi- este se escusou cm razão da falta
ritus quidem promptus est, caro de saúde e indicou seu irmão Vasco.
CANTO QUARTO 257
/
2Õ0 OS lusíadas
\
266 os lusíadas
acha naquellas ilhas» (Barros, iii est. mostram que o sentido é, que
5, 5). E' collocaçao antiquada. a ilha da Madeira era sim já conhe-
3-4. ares] = climas. O inf. D. cida de nome em grande parte da
Henrique (-J- 1460) deixou desco- terra («Nome já muy celebrado e
berta a costa africana do cabo Não sabido per toda a Eurôpa, e assi
até a serra Leoa {Esmeralda, Pro- em muitas partes de África e Asia
logo e I 22). generoso] como em [Barros, i i, 3]); porém nâo gozava,
I 74, 6. na litteratura, da celebridade
6. Anteo] V. o com. a iii 77. que tinha, por ex., a ilha de Chy-
7-8. Cam. tinha na mente o pre: nichi hoch beriihmt zwar, aher
descobrimento da America meri- weit-bekannt (Storck). O Dr. J. M.
dional; mas já antes da expediçSo Rodrigues (O Instituto, 1906) ima-
de Vasco da Gama tinha sido des- gina desapropositadamente, que a
coberto o continente da America redacção de Cam. fôra: Tão celebre
septentrional. por nome e pola fama.
5. a derradeira] sc. em cele-
5 1-3. A ilha da Madeira, bridade.
principiou a ser colonizada entre 7. sendo] — se fosse.
1420 e 1425 (G. Barros, Hisi. da 8. Sobre Cypro ou Chypre,
adm. ptihl. n pag. 278). Paphos e Cythera, v. o com. a 1 34.
4. Os dois últimos versos da Gnido (Cnidtis) era cidade da Ca-
CANTO QUINTO
II 7 Ca. II 8 ver.
8 I .4 . areas || 2 . erao || 3 pollas (v. i 12) |J
6 Anda. jaa
9 I Aaq.
tende porém assim Burton, que lae) tiravam o nome das Hesperi-
diz: tBlackwaier» is a common das ou filhas de Héspero {exustis
river-name in ali languages. insulae adpositae sunt qtias Hespe-
7-8. Entendia-se, geralmente ridas tenuisse memaratur, Pomp.
que o Promutituriuni Arsinarium Mela m § 100). Cam. identifica-as
era o cabo Verde («hum notauel com as ilhas de Cabo Verde se-
cabo a que os nossos charnSo gundo a opinião mais seguida no
Verde, e Ptholomeu Arsinario pro- seu tempo (v. Esmeralda i 28);
montorio » [Barres, i 3, 8J); mas os Barros também faz o mesmo em i
geographos mais modernos identi- 3, 8; mas em i 2, i tinha dicto que
ficam-no com o cabo Branco. Sobre as ilhas de Cabo Verde eram as,
a construcçao ♦ Chamando-se dos Fortunadas dos antigos geogra-
nossos» V. o com. a i 52. phos. Sobre a sua situação os geo-
graphos antigos nao tinham idéias
8 «E seguindo sua viagem precisas. « Hesperio » ou está por
dali a oito dias [i. é, aos 15 de «Hespero», como c Memnonio » por
Julho, como vem expressamente no «Memnon» (v. o com. a n 113), ou
Roteiro] ouue vista das Canarias» é adjectivo, e cvelho» substantivo,
(Cãst. I 2). eqüivalendo «o velho Hesperio» a
2. Fortunadas] Foriunatae.. tHespero», como também Ovidio
insulae.. quae ab Hispanis Cana- disse Hesperius rex fallando de
riae nuncupaniur (Pedro Martyr Hespero ou de Atlas.
De orbe novo decades, i i).
3-4. As ilhas Hesperidas (em 9 « .. E ao outro dia que foram
Plinio VI § 201: Hesperidum insu- xxvni de Julho chegarSo todos á
CANTO QUINTO 273
»
CANTO QUINTO 277
t'
os. lusíadas
A
CANTO QUINTO 279
II 8 Oriz.
25 I . es II 4 vellas (v. 1 ig) || 7 Pello (v. iv
49) As.
26 6 . aya ]| 7 sol
lho que vinha da terra, que tor- da Gamma chegou polos apaziguar,
nassem a elle ao recolher.» (Barres, foi frechado per hüa perna.. à espe-
1 4. 3)- dida alguns bêsteiros dos nossos
1-2. V. o texto de Barros no empregarão nelles seu almazem por
com. á est. seguinte. nSo ficarem sem castigo» (Barros, i
5. a vista alçada] é construcçSo 4, 3; contin. do texto do com. á est.
como: os olhos postos (ni 131). anterior). «.. e ouuindoho Vasco
7. segundo] V. o. coro. a i da Gama bradar, e vendo a gente
105, 4. da terra que ho seguia. . com os
de . sua náo se meteo logo no batei
32 «Os marinheiros do batei e foyse a terra, e ho mesmo fizerSo
por que FernSo, Veloso nunca lei- os outros capitães,..: e eles em
xaua de falar em valentias.. â aparecendo os nos.sos bateis deita-
cinte deteueranse em o recolher.. rão a correr com grande grita, e
E em querendo entrar ao, batei, assi sayrão outros que estauão es-
remeterão dous negros a ele polo condidos no mato » (Cast. i 2).
entreter, da qual ousadia sairão 3. Hum Ethiope] =um negro
com os focinhos lauados em san- {Aethiops).
gue a que acudirSo os outros: e 6. Em «o remo» ha metony-
foi tanta a pedrada e frechada mia do nome do instrumento pelo
sobre o batei, que quando Vasco nome da acção.
CANTO QUINTO 285
II 8 môr
39 I Não II 6 maa (má: iv 49, 8 B) cor pali. ||
7 cheos (v. R Ph em «-eia»)
40 I Tao II 3 Fo. II 4 . oy II 5 B tS || 7 . pião ||
8 soo . illo (v. I 80) . ello
41 I O
levando por capitão mór P. Alv. pique, mal tiveram tempo de sentir
Cabral, largou de Lisboa com des- que iam morrer; setisum moriis
tino á índia em 1500. Em seguida celeritas praevenit, para me ser-
a uma calmaria, que pela pouca vir da expressão de Sèneca {Nat.
pratica d'aquelles mares se jul- guaest. 11 59). Sobre a corr. de G.
gou erradamente que duraria algum de Amorim, cf. iv 95, 5-6.
tempo, de repente sobreveiu « hum
peganho de vento tao furioso, que 44 3-8. A este respeito sâo
nao deu tempo pera amainarem, e muito de ler as relações de naufra-
çoçobrou quatro nãos sem escapar gios contidas na Hist. iragico-
delas pessoa algüa, de que erao maritima. Que] é cohjuncçSo
capitães Bertolameu diaz [o que consecutiva.
descobriu o cabo de Boa Espe-
rança]..» (Cast. I 31). Cam. diz 45 A est. refere-se ao primeiro
que o damno foi maior que o pe- vice-rei da índia, D. Francisco de
rigo, por isso que as pessoas em- Almeida, de quem o Poeta falia com
barcadas nas nãos que foram a mais pormenores em x 26-38.
290 os lusíadas
m'as nam dardes dobradas {Cajtc. Sam Bras que he sessenta legoas
Ger. I pag. 24); duplicatur mihi auante do cabo» (Cast. i 3),
maestitia, quod. . (Apul. Met. 1-2. Os outros dois cavallos
I" 49)- que tiravam o carro do Sol, eram
Eoo {Eous) e Ethon {Aeíhon) (Ov.
60 8. futuros] está transposto Met. II 153-154). Sobre a ellipse
da oração demonstrativa para a re- de «cavallos», ef. iii 57, i-2.
lativa; cf. I 26, 7-8. 8. onde] = e alli (naquella
costa, na angra de S. Brás, a
61 « .. a quarta feyra seguinte Mossel Bay dos mappas ingleses).
[22 de Novembro] dobrou este
cabo [de Boa Esperança], indo ao 62 t E em tres [leia-se «treze»]
longo da costa.. Dobrado ho cabo dias que Vasco da Gamma se deteue
de boa Esperança,.. dia de Santa aqui teuerão os nossos muito prazer
Catherina [25 de Novembro] che- com elles por ser gente prazcnteira
gou Vasco da gama a agoada de dada a tanger e bailar: entre os
CANTO QUINTO 297
73 5 Na
74 2 Encomen. (v. R Pk em «iminigo») || 4 dhüa
v. R Ph em «Elisao») dout. |j 5 in. (v. i 9) .açao"||
6 dhum II 8 .oy dhúa
75 I .oy II 2 .ayas .iao
II s nao rezSo (raz.: i 23, 38, 39, 44, 52, 68; iv 11, 81;
VI 28, 33, 94) II 6 Dalg. (v. lí Ph em «Elisão») .elente
(v. n 99) II 7 nao || 8 nSo arte (sem artigo; a corr."é
já antiga) nao
98 I nao ií nat. || 2 Nao || 3 A auerâ B auerâ
(v. I 74) i! 4 .iles II 6 Aust. |] 7 Tâo ing. (engenho: i 2;
III 14) II 8 A dà B dà.
99 I Aas agard. (v. iv 81) [[ 3 li. || 6 Cali.
cm 1 2 3 4 5 6 7 UneSp"®" 10 11 12 13 14 15 16
Composto e impresso na TTP< PROGRESSO
ds Domiogos Augusto di Silvi
Rua Or. Souza Vitarbo, 91 — PORTO
os lusíadas
DE
LUIS DE CAMÕES
COMMENTADOS
POR
TOMO il
PORTO— 1918
CANTO SEXTO
, Seisto
1 I Nain||2 .ey Pagao|!4 .ey Chnst3o||7 nam
II 7 Pagao
4 2 Fr. II 3 may. || 4 B sen || 6 -4 .arâ B .arà
II 8 tâo .ey
5 2 .itao .ellas (v. I 19)114 .aylls Pil. auia
(v. I 74) |] 6- .ay II 8 dant. (v. R PIi em «Elisao »)
*
13 1-2. V. II 112. 5-S. V. o com. a iii 51. pa-
3-4. Typheo] {TypIioSus) um cifica] na qualidade de symbolo da
dos Gigantes, foi, depois de ven- paz: paciferaeque manu ramum
cido, sepultado debaixo do Etna; praelendit olwae (Verg. En. viii
Alta jacet vasti supe.r ora Ty- 116) Sobre «ouliveira3 v. R Pk
phoêos Aetne, \ cujus anhelatis igni- em « oucioso 5.
bus ardet hunuis (Ov. Fast. iv
491-492). 14 I. Lyeo] V. o com. a i 49^
12 OS lusíadas
cst.-!: . .de socijs Vlyssis quos Cir- 7. a rica massa] o ambar cin-
ces maga famosissima in bestias zento.
muiassc Varro commemorat). 8. Arabia] está por: o incenso
da Arabia. passa] = excede (em
25 6. Também na Iliada, francês: siirpasser).
quando Thetis vem ao Olympo, onde
estavam congregados os deoses ce- 26 8. Co ferro alheio] = por
lestes, Minerva cedeu-lhe o seu lu- meio de outrem; «alheio» como
gar que ora ao lado de Júpiter (xxiv aliemís em alienus terror^^alio-
100). Thebano] v. i 73. rum terror em Q. Curcio vii 2, 4,
i8 os lusíadas
\
CANTO SEXTO 21
{| 7 Thetis
37 I Ia Hypo. II 4 varões (v. R Ph em « barito »)
II 7' .eçao yr (v. I 9)
38 2 Fro. II 4 Pello (v. iv 49) A .quilo
5. Bactro] .(pron, « Batro :>, por maneira de dizer «Do Tejo ao-
causa díi rima; cf. cBactras cm Batro» cf.: Omnibtis in icrris quae
u 53) é o nome do afflucntc do sunt a Gadibus usquc j Anroram
Omts (o Amu-Daria), que passa ci, Gauge/t (Juv. x 1-2).
por Bactra (hoje Bálk), a antiga 8. no campo] liga-se á «sairj.
capital da Bactriana. Quanto á
os lusíadas
II 7 _B qual |1 8 B qual
65 I .ono (v. 11 6o) II 2 .alo |[ 3 .ay |''4. .alo ■
II 5 B Ingre. tro. || 6 fo. vío . alo || 8 . chão . ties
66 6 affa. (v. i 2Ó)
\
36 os lusíadas
II 7 Nim. II 8 por
87 I ^ por i> pôr cor. I! 3 A . irâ [ 4 am. iafía
(v. I 37) II 7 Nim.
88 I .0}^ chega. 1} 2 A (a cor. é jil antiga) 4 fale.
(v. VI 17) II 3 dan. (v. A' /% em cElisao») pelleja. (v. iv
100) II 5 A pês B pès ata. || 6 ray.
II S Oriti.
89 I Xiío creas (v. lí Ph cm «-eia») .eyo '|
3 .eyojls /I poés .cyo|!6 Nao JS my ^\S cont. (v. i 57)
90 3 vella (v. I 80) II 4 II cri; II 5 NüO |! 6 nilo
91 3 aa II 7 omen.
92 I A monham Ji manham (manhãa: iv i) ||
4 Enxergarão pella (v. iv 49) || 5 fo. || 6 váo || 7 Pil. ||
8 nSo
219 V.); <-IfÍHC Anglis Uicroso- segundo o que vae dicto na est.
lymonim regni tituhis citra pos- precedente. « Hierosolyma (ou
sessionem accessit .■> (Catai. ann. «Jerusalem» v. iii 27) celeste» si
foi. 50). designação mystica do Reino dos
3. o torpe IsmacHta] cm sentido Ceos. Note-se o trocadilho de
lato, por «Muçulmano». Quanto ao « guardar» empregado em dois
cpitheto V. o com. a i 8, 6. Jeru- sentidos differentes.
salém pcrtcnce ao império turco 5-8. Gallo indigno] é l-Van-
desde 1517. cisco I de França (1515-1547)1
5. Cf. VI 43, 5-6. que andando em guerra com Car-
6. Refere-sc á fundação da los V, se alliou com Solimão 11
Igreja anglicana, de que Henri- (1520-1566); cf.: Vodiaix spcctaclc
que VIII foi proclamado chcfe. /iu croissant wti aux Jlcurs-de-Us
8. por] — para. mdisposa toute Ia chréiicnté contrc
A construcçao do periodo «Vc- Ic roí de Fratice (Michelet, P/écis
de'lo duro Inglês .. Entre as .. ne- de Vhist. de I''ra7tcc 11 17).
ves se recreia» 6 analoga á do «Gallo» por-« Francês», como in-
periodo da est. precedente «Vede' versamente, em V 96, c França»
los AlemSes, soberbo gado., nova por «Gallia». o nome « Christia-
seita inventa». nissimo »] V. o com. a i 7, 4. Barros
exclama: Como assi se ganha na
6 1-4. Cam. chama ao impe- terra o nome de defensor da fé,
rador da Turquia «falso rei de nome de Christianissimos, Catho-
Jerusalém», porque o verdadeiro licos, e doutros títulos de gloria
havia de ser o rei de Inglaterra, nesta vida e na outra? (i 9, 2).
os lusíadas
II 8 nSo cas.
12 4 Biz. II 5 Ia aas || 6 Citia || 7 ger. (v. i 64)
13 1 Tra. II 2 .tiIo||3 chaios (v. IV 67) II 4 alco-
riti) il 6 . ay II 7 nSo || 8 . uy
ceitos :> (como está em vn 40) é 7!orum escreve: Soli vero Chri-
graphia que nSo corresponde *á stianorum Natiarchae Lusitani, in-
pronuncia viva. ierea dum picini parietes ardent,
remotos ad Indiae fines de cognitis
14 1-4. sedentos I. .de vosso incognitisque populis Christo et
sangue] «vosso», por serem as guer- Emanueli Regi suo tropaea figmit
ras entre povos irmSos na crença. (foi. 60).
O verbo do 3.° verso deve con- 7. Na quarta parte nova] na
siderar-se nato no futuro ( = pre- America, no Brasil.
sente dubitativo ou potencial), mas 8. «..hüa nação a que Deos
sim no preterito; e os presentes dey tanto animo que se teuera
dos versos seguintes—«tem», «He», criado outros mundos ja li teuera
cara» — representam a conseqüên- metido outros padrões de victorias »
cia actual dos actos passados. (E' (Barros 14, n, cil. por FS).
observação que me fez particular-
mente o professor do lyceo de Beja, 15 3-4. V. vt 88. dos ven-
José Joaquim Nunes). tos repugnantes] é também a se-
Até o autor do Caiai, an- gunda parte de vi 35, 7.
CANTO SEPTIMO 6l
22 I . amâo || 2 ^ pô |] 3 B So
23 2 . gues II 4 tam || 5 Rio 1| 6 nao || 7 cor
11 8 vello (v. I 80)
24 I vello (v. I 80)
II 6 Camori (cm todos os mais lugares [vii 22, 59; viii 81;
IX II; X II, 14, 17, 28, 65] está «Samorims; é todavia no-
tável que em Barros, i 4, 9, está, creio que por erro typo-
graphico, -j Camorij ^ pelo menos nove vezes)
57 1 . cy II 3 . dâo B nús so. ;| 4 nat. J ins. ü
6 sam digna (v. j*?/%)!; 7 '-^.leâsljS .ey nSo mest.
(V. IV 64)
II 7 . auüo II 8 . auao
47 1 ■ tam II 5 .culturas (escuiptura: vi lo) !| 6 A
. mêra || S . tam
48 2 Amon Lybi.
II 4 nao II 5 . icío
51 2 .uttade (a corr. é já antiga) || 5 Affi. (v. 11 ii) ■
vao II 8 . eçe
ros I 4, 8). « E depois que per hum Nas est. 60-63, Cam. diz o sub-
espaço grande esteue notando as stancial do que se lô em Casta-
pessoas, trajos « actos delles..» nheda, i 17. (Segundo Barros [i 4,
(id. ibd.). i], nesta audiência o Samorim só
2-3. prompto em vista. . no íailou «em palauras geraes com
trajo e geito] = olhando attenta- Vasco da Gamma», e disse-lhe
mente para o trajo e geito; cf.: que depois o ouviria com mais
< todolos que estauam promptos na vagar, o que fez em segunda aur
vista delles» (Barros i 4, 2). diencia.
geito] corresponde aos « actos» do
texto de Barros. 60 1-4. Quer dizer; um
7. G. de Amorim, com outros, grande rei do occidente; mas a
supprime indevidamente a conjun- expressão ha-de confessar-se que
cção «e»; com ella o verso nao está assaz torcida. «esconde da
fica mais duro que est'outros: Da terra a luz solar» eqüivale a:
Juliana md e desleal manha (iv «occulta ao hemispherio oriental a
49, 8); Governarrf e ía.rd o ditoso luz do sol; «co a terra», i. é, por
Henrique (x 54, 7); Xssi o quis o meio do hemispherio occidental, que
conselho alto celeste (iii 73, 7); ficando interposto entre o sol e o
kqui a fera batalha se encruece hemispherio oriental, recebe entSo
■^iv 42, i); Aqui a fugace lebre se a luz do sol; «a [terra] que dei-
levanta (ix 63, 5); Será ah arre- xou», i. é, o hemispherio oriental.
batado e ao ceo subido (x 70, 4); 5-6. rumor] por; fama (como
Qaeimou o sagrado templo de Diana também ás vezes rumor). «ouvir
;ii 113, i); Nao Taaiiou a quarta de», como audire ex aliquo.
parte o forte Mario (iii 116, i). responde] Também respmdere se
*
S4 os lusíadas
II 7 • era
63 I nô II 2 vos II 3 . ara |j 6 yrmao || 7 sobris.
(sobre isto; viii 6o) || 8 des my
i A embax. 1| 3 A embax. (embaix.: vi 49) ||
4 tam gram || 5 . çam
65 I B (sem »E», por lhe nao ter chegado a tinta)
V
86 os lusíadas
II 7 . eçc II 8 . eçe
70 2 deita. II 3 Z? rio fresca (o Goadiana: viii 29;
Guadiana.. medroso: iv 28; a corr., nem por todos acceita,
é já antiga) 1| 5 e na (a corr. é já antiga) Affr. (v. R Pk)
6 . çelosos (procella: vi 71)
71 I Nam II 2 . cOteçao || 3 beli. (v. i 82) Esp,
(v. lu 17) II4 Ia dalgCís (v. A' P/í em «ElisSo ») Pir. . eção
II 6 . eçSo II 7 nito (sem parenth.) afir. || 8 Ani.
Ij 7 B gent.
75 I ve II 4 ceita (seita: 157;© erro typ. talvez seja
devido a confusão com « Ceita » = Ceuta) B . uria esp,
(v. IV 95) II 6 Noe A . âra Ti . àra aa {| 7 nam || 8 ceita
76 4 Ia
II 6 ternos [] 7 . mis
77 1 pê os Gamas (v. o com.) [] 3 poem (v. i 86)
114 asp. venerando (v. o com.) jl 5 nam l| 6 ouuer (v. i 74)
11 7 .4 . tâ . tâ II 8 _ der. (v. 1 76)
li 7 So
86 I der. (v. I 76) ij 2 Guardase (a corr. í já da ed.
de 1584) ley
II 7 ves [| 8 A . tana
3 I . oy II 2 tam II 5 Dou. Guad. (sem «e»; a
corr. é já antiga) || 6 Elis.
4 I ves 11 2 Tyr. B . oy Baco || 3 aa
por pateris aureis (v. Madvig Gr. com a maior brevidade a Luceria,
lat. § 481); Egas Moniz ia só com que pelos dictos de numerosos pri-
«os panos menores»; v. os textos sioneiros julgava estar apertada-
transcriptos no com. a iii 38. mente bloqueada, foi colhido neste
3-4. ao Castelhano] gramma- desfiladeiro pelos Samnitas e teve
íicalmente pertence para «sujei- de annuir ás condições propostas
tar-se ». pelo general inimigo, Gavio Poncio,
6. soberano] = no maior aper- sendo obrigado a passar com o seu
to ; « soberano» corresponde a sum- exercito por debaixo do jugo (v.
mus, que serve de superlativo a Rich, Dict. des antiq. em jnguni).
supenis; cf. x 71. O senado porém nío ratificou a
convenção e mandou entregar aos
15 1-4. As «Forcas Caudi- Samnitas os que a tinham acoeitado
nas » {Furculae Catidinae) eram (T. Liv. IX 1-12; Mommsen /físt.
um desfiladeiro apertado e profundo Rom. II cap. 6). de ignorante]
nas vizinhanças de Caudium, ci- por se ter deixado illudir por um
dade que ficava no caminho de ardil dos inimigos.
Capua para Benevento. Em 321 7. naturais] contrapõe-se a:
a. Chr., durante a guerra entre os adoptivos.
Romanos e os Samnitas, o cônsul 8. que] = o que, i. é, o entre-
Spurio Postumio, querendo acudir gar os filhos e a consorte.
os lusíadas
16 1-4. «.. hum Rey daquella hir soccorrer ahos seus.. E.. de-
terra onde ora hee Caceres, e \'a- madrugada deram nos Mouros en-
lença, que chamavam Guami, e tregues aho sono e non menos em
hum seu irmío com soma de gente descuydo de lhes tal acontecer..
.. passou ho Tejo, e correo toda ha Foy ahy prezo El Rey Guami e
terra de Christaos, atée cheguar ha sou irmão com clle» (GalvSo, 50).
Porto de Móos. Em aquelle tempoj 5-8. «..e loguo á pressa se
tinha ho Luguar.. D. Fuás Rou- deu ordem para se armar ha frota,
pinho, ho qual quando soube, que e como foy prestes, D. Fuas entrou
vinha aquelle Mouro sobre clle. cm ella e partio [de Lisboa] volta
sayose do Castello, leyxando em do cabo de Espichei, por aver no-
elle gente que ho podesse defender.. vas que na paragem do rio de
Saydo elle meteo-se em cima da Setúbal., has Gualés dos Mou-
Serra que chamío Amendigua.. ros. . faziam sua guerra, has quais
fazendo esconder hos seus, man- avendo láa nova da Armada que
dou logo ha gram pressa ha Alca- se fazia, vinhao também contra
neyde e Santarém., que lhe en- Lisboa.. e em dobrando ho Cabo-
viassem gente.. Acodio-lhe loguo ouveram vista da frota dos Chris-
bom quinham de gente, e no dia tSos, e sem mais detença se foram
que elles cheguaram.., chegou ho aferrar huns com outros, peleyjando
mesmo Rey Guami com todas suas mujr fortemente, e quiz N. Senhor
gentes sobre Porto de Móos, e vendo que hos Mouros foram desbarata-
ho Castello tam pequeno, fazendo dos e todas suas Gualés tomadas »
conta que ligeyramente ho tomaria, (Galvao, 51). (Os feitos de Rou-
foram loguo todos em cheguando ha pinho nao tem authenticidade his-
combatello.. Foi ho combate tam tórica).
profiado, que durou atee noyte.., 7. levando] como em ni 24, S.
e durando ho combate hos que
estavam na Serra com D. Fuás 17 «. . [os de Lisboa] arma-
Roupinho, debatião-se todos por ram loguo huma-.soma dc Gualés,
CANTO OITAVO 107
II 5 Ves II 8 B e o G.
30 i ves I! 4 suma-V. R Ph em «immigo». Talvez
Cam. tivesse escripto «;huna> — termo, entío, exclusiva-
mente theologico—que era fácil de confundir com «fuma»)
ess. II 5 Vello (v. viii i6, 5) B que lhe falta || 8 cons. (v.
I 73) des.
gostos vaidosos, gostos váos; cf.: iion se luxui iicqjte inciiae cor-
gostosa vaidade (iv gg), «vai- nimpendum dcdii (Sall. 39).
dades» em tres syilabas, como em
IV 95- 41 3. privados] como cm 111
91, 6.
40 I. já] como em vii 5. os seus] SC. ascendentes.
74. 4- 6. vas]=falsas. lhe] repre-
4. descende] d"ellcs. senta « os seus ».
5-6. dos trabalhos que tive- 7-S. Os que não têm ascen-
rào] pertence propriamente para dentes illustres, querem mal á «pin-
a oraçío < Se . . se estende >, tura que falia», i. ó, ú poesia, tanto-
na qual <:d'elles» repete anaco- como á «poesia muda» (vn 7^), i.
luthicamente a idéia dc «os tra- c, á pintura, por isso que, embora
balli(i>3 ». haja contraste entre as duas artes
7. menores] por «descenden- (das quaes uma falia, a outra é
tes» é latinismo: iiostrosqiie hiijus muda) ambas cooperam para o
mcminisse mhwres (Verg. En. i mesmo fim, a glorilicaçao do mé-
733'- rito. O dizer conciso do Poeta s6
8. descansos corruptores] Cf.: apparentemente e illogico.
CANTO OITAVO 123
ambiçSo. « ter conta cora » eqüi- pelas duas est. precedentes; cf. iv
vale a: olhar por, attender a; v. o 54, I-
Dicc. de Moraes em «conta», Sobre os «Catuais», v. o com.
em Deos prompta] Cf. viu 43. a VIU 52.
Nesta est; a allusSo aos jesuí- 3. gentes infernais] os mouros.
tas, que senhorearam inteiramente 6. ordenavão] como em viii
o animo do rei de Portugal, c 50, 2.
transparente.
57 I. Nisto] i. 6, no que vae
56 I. Mas] serve de rea- dicto nos dois últimos versos da
tar o fio da narração cortado est. precedente.
CANTO OITAVO 131
11 8 . ai-as
61 I embax. (embaixadores: vi 49) [j 2 deste ;j
3 tcs II 5 Hisp. (Hesp.: iv 54) || 8 Tam .ages
62 2 majes. (mages.: i g, vii 60)
6 rcspcy. || 8 Senão
67 I so II 2 B . errada || 3 crcs |] 5 (Em '<• Porque ■»
e « porque » o « que » está chegado de mais ao monosylabo
antecedente por falta de espaço). i| 6 csp. (v. iv 95) yr.
II 7 .árticos II 8 sofr. (v. i 65) . eyro
68 I dal. (v. A' l'/t em «?'Iisao») || 3 nSo q Cl.
[I 4 nat. pos Rey. || 5 Fort. i| 6 b. B rei.
ii 5 ^ la Ia II 8 . ta
79 I . ação aas |! 6 . der || 8 ins. (v. ii 70)
80 I La II 2 . açam 4 difn. (v. i 30)
j] 8 N'am
85 I . uto (v. VIII 40) II 3 fant. || S aa
84 I aa so || 3 nam ]| 5 Nilo |! 7 yr (v. i 9) ||
S A alm;t. li almá.
85 3 aa II 6 Ia tam || 8 nain
• 86 3 . ama (v. ii 36) || 6 Fant. ^4 . tâ || 7 dcs.
I
CANTO OITAVO 147
. 92 2 A pera a t.
11 4 nam comer. (v. lí Ph em « imtnigo») H 5 prep.
(prop : i 27, loi; iv 42; ix i etc.).
93 I .certa II4 imi. (v. ^ PÃ) II 5 almà. ||7 yrmSo
94 3 . cam
95 5 nam |! 6 nam || 7 aas
rara. Também nos Lusíadas (em chises), recorre a Cupido, para que
X 14) foi omittida a preposiçSo elle tomando a figura do filho de
«de», e (em vii 50) tcom>. Exem- Eneas, faça que a rainha de Car-
plo notável do esquecimento do thago se apaixone por Eneas.
advérbio < nSo » vem na carta auto- 3-4. Consoante uma lenda que ■
grapha de Du. Pacheco a D. Ma- o Poeta podia ver exposta desen-
noel, publicada em fac-simile na volvidamente em Justino (xvin 4-5),
I.® ed. do Esmeralda, e òm trans- Dido, quando emigrando na Phe-
cripçSo na minha ed. critica da nicia veiu assentar residencia na
mesma obra. África, ajustou comprar uma por-
As «portas Herculanas» sSo o ção de terreno tanta quanta pu-
estreito de Gibraltar; cf. iii 23, 6; desse abranger com uma pelle de
V. o com. a iii 18, 3-4. boi (na Eneida 1 367-368; merca-
tique solum .. | taurino qiianium
22 4. gloria] = gozo, prazer. possent circumdare tergo); mas
5. Com danças e choreas] depois cortando a pelle em tiras
também na ode «A quem da- deigadissimas pôde conseguir que
rão..» (FS). fosse muitas vezes maior o perí-
metro do terreno que pretendia,
23 A estancia allude ao passo de espaço] = em longa extensão.
da Eneida (i 657-688), onde Venus, sutil partido ] = proposta de con-
a fim de segurar as disposições be- vênio que dá lugar a interpretação
nevolas de Dido para com Eneas subtil.
(que Venus houve do troiano An- 5-6. Cf. adiante a est. 37.
104 os lusíadas
24 2 Vão II 6 vSo
II 3 Hus
31 6 sam || 7 . ama (v. vi 13) || 8 so nao
32 I . güs mao II 3 sosp. (v. iv 38) I| 4 vao ||
5 Nim. sam || 7 so. .íÍ dü i? dà || 8 poem (v. i 86)
nao podia servir ao Poeta para candaloso de sua esposa (v. o com.
exemplo de amores peccaminosos a I 36, 3). A isto allude «Também
da parte de mancebos. O mancebo vos tomao nas Vulcanias redes».
de Judea é Amnon, filho de David, « por baixos e rudos » corresponde
que se enamorou de Thamar, igual- ao «por pastoras» do i." verso, e
mente filha de David 11 13). eqüivale neste caso a « enamoradas-
Também d'estes dois casos falia de baixos e rudos».
Petrarca no Tri. d'Aniore 11 e iii.
36 3-4. Cf.: as rosas entre a
35 3-4. Vulcano tendo sur- neve semeadas (Cam., canç. «Man-
prehendido Venus com Marte, en- da-me Amor . . » ; FS).
volveu-os em uma rede finíssima o 5. Cf. o verso 6.° da est. se-
convidou os deoses a virem ser guinte.
testemunhas do procedimento es-
CANTO NONO 171
II 7 • Çe
40 3 Dam. (v. R Ph em « Elisão ») H 5 (sem parenth.)
II 8 Zefi.
41 3 cristali. |{ 4 (sem parenth.)
l80 os LUSÍADAS'
nas Leis, falia da. formosura do 7-8. Foi por intermedio da Pér-
cipreste. o ethereo paraíso] =0. sia, que o pessego nos veiu do
Ceo, em contraposição ao « paraiso Oriente. Os latinos chamavam-lhe
terrestre» de Adão e Eva. malum Peraicum ou simplesmente
Persicum, que é o etymo de «pes-
58 1. Pomona] a nympha dos sego». Platina no De honesta vo-
jardins e das arvores fructiferas hiplate (foi. 16 V. da ed. de 1530)
(Ov. Afet. XIV 623-626). transcreve os versos do livro x de
5. pintura] = côr. Columella em que vem a fabula de
6. «amora», que se prende que na Pérsia o pessego era vene-
etymologicamente ao latim monim, noso. O commentario do n.° 143
nada tem com a palavra «amor»; dos Embltmaici de Alciati (^ 1550)
mas esta ídeia foi suggerida ao também os transcreve.
Poeta pela historia de Pyramp e
Thisbe contada por Ovidio (Meí.. 59 3-4. Cf.: amictae vUibus
IV 55-166); cf. Cam., ecl. «As do- tilmi (Ov. Met. x 100), uímisque
ces cantilenas..»). ' adjungere viics (Verg. Georg.. i 2),
i82 os lusíadas
II 7 A . eçe Cynir.
61 I difi. (diffi.; X 76) fo. II 2 çeo cor. |1 3 aas
cor II 4 dam || 5 Zefir. !| 6 cor
7-8. Cf.: Deixa pois tu, for- anemona tcultis nascenst, que c
mosa Cytherea, j Do gentil filho e a Ajiemoíie horíensis L. — conforme
neto de Cinyras j O pranto por a diz Littré na sua traducçâo da
morte horrida e fea (Cam., eleg. Nat. Hist.—-, escreve: fios 7ium-
«Que tristes novas..»). Quando quavi se íiperit ?iisi vento spirante,
.Adonis, filho de Cinyras (v. iv 63) unde ' et iiomen . accepcre (xxi §
e de Myrrha (filha também de Ci- 165). O Conde de Ficalho senten-
nyras ; ille sorore | natus avoque ■ ceia erradamente que o Poeta falia
suo, Ov. Met. X 520-521), foi morto da Adonis auiumnalis L., a flor
na caça por um javali, Venus (a que, segundo o mesmo botânico, se
« deosa Paphia >, v. o com. a 1 34), chama em português «beijinhos».
que o amava em extremo, fez bro- Sobre, a accentuaçSo de « Ciny-
tar do sangue d'elle flores: segundo ras» V. Jí Ph em «Taprobana».
uns, anemonas, segundo outros, ro-
sas (v. Preller, Gr. Myíh. n Abschn. 61- I. Pera julgar difficil
§ 8). Ovidio, que nas Aletamorpho- cousa] como em iatim ? ebus..
ses traz a lenda de Adonis (x 503- difficilibus ad eloqiundum (Cie.;
739), e de quem a Poeta se es- v. Madvig, Gr. lat. § 412 obs.3.'^).
tava agora lembrando, nSo nomeia, 5. Pintando] [Zephyro] dulci
mas designa expressamente a ane- violas ferrugine pingit (Claud..,
mona: maU íuiereniem et nimia De raptu Pr os. 11 93).
leviiaie caducum j excutiimt idem, 6. Cf.: a flor que dos aman-
qui praestant nomina, venti tes I A côr tem magoada e sau-
(anetnone, de vento). Se- dosa (Cam., ecl. «As doces canti-
melhantemente Plinio, fallando da lenas.. » ; FS).
I
I84 os lusíadas
Cam., que descreve a ilha ima- lai de \'ergi!io nas Buc. 11 47. O
ginaria com a mente cheia de re- Conde de Ficalho pensou errada-
miniscencias classicas, menciona mente que devem ser as violae
«as violas da c6r dos amadores» albae de Plinio.
lembrando-se do iincius viola pal-
iar amantium do Venusino, segu- 62 I. cecêm]=açucena (bran-
ramente sem cuidar em que flor o ca), o Lilium candidum L.
poeta latino teria no pensamento, 3-4] Cf.: E tu, dourado Apollo,
e até emprega um termo que per- que suspiras | Por o crespo Jacln-
tence exclusivamente á lingoa lit- tho, moço caro, | Por quem a clara
teraria. Entretanto não é fóra de luz ao mundo tiras (Cam., eleg.
proposito inquirir qual seja a signi- «Que tristes novas. .>). Apollo, es-
ficação de viola no lugar de Hora- tando a jogar o disco — a barra dos
cio. Entre os Romanos o/f/a de- antigos — com o espartano Hyacin-
signa já a violeta, a Viola odorala tho, a quem muito queria, matou-o
L. (em Vlmio viola purpurea), ]éí o involuntariamente. Do sangue do
goivo branco, a Maithiola incana mancebo fez Apollo brotar uma
L. (em Plinio viola alba), já o goivo flor em cujos veios os antigos ima-
amarello, o Cheiranthus cheiri L. ginavam ver a letra Y, inicial do
(em Plinio viola lutea; v. PI. N. nome i Hyacintho» em grego, ou
H. XXI § 27 e a traducção de Lit- as letras ai interpretadas já como
tré). Referindo-se portanto Horacio, interjeição quando referidas a Hya-
não á violeta, senão ao goivo, resta cintho, já como iniciaes do nome
averiguar, se falia do goivo branco «Aiax, de cujo sangue também
ou do amarello. Nos poetas lati- brotou a mesma flor (,v. Ov. Mel.
nos pallere diz-se freqüentemente X 162-219 e XIII 394-398; em Pli-
do que tem côr amarellada (em nio: Hyacinthum comilaturfábula
allemão gelblich ou gelbgrün, v. duplex luctum prae/erem, ejus
Heinichen, Lat.-deui. Worterb, em quem Apollo dilexerat aut ex Aia-
palkns e pallere); assim Ovidio cis cruore ediii, ita discurrenlibus
fallando do tremoço diz pallentes venis ut Graecarum litterarum fi-
lupinos (De med. fac. 6g). Há-de gura AI legaiur inscriptum; xxi
pois entender-se que o poeta romano § 66). Mas a flor a que os antigos
se refere ás violae luteae de Plínio, se referem, não é a que entre nós
que são também as palleiites vio- é conhecida com o nome de «jacin-
CANTO NONO 185
\
CANTO NONO 187
, :ir- ■
Ti 1 B tão (em vez de <c50 5)|l3 Vendo rosto
(sem « rio 5; v. o com.) || 4 Gar. Pat. || 5 sofr. (v. i 65)
i| 6 nag. (v. Ph em «Crase») nam A .Ida || 7 . ay
ii S ha (a óorr. é já antiga) nam yrmSa (v. iv 95)
75 3 amor so || 4 fo.
76 2 Apos Efi. |[ 6 O
77 I . sam Nim. || 2 aa
192 os lusíadas
Tu fó de mi fó foges na efpeffura!
Quem te diffe que eu era o que te figo?
Se t'o tem dito já aquella ventura
Que em toda a parte fempre anda comigo,
O' não na creias, porque eu quando a cria,
Mil vezes cada hora me mentia.
84 2 Nim.
85 2 choro Nim. 1| 6 . itío . eçe
li 7 A rêg. B règ.
86 4 . içam imo. (v. R Ph em «immigoí 1| 5 B
vinda II 8 .çam so
87 I mao a le. (a corr. é já antiga) || 2 dum {y^R
Ph em « Elisao») || 4 cris. || 5 , assam || 6 . çes
eram generos de calçado usados par- de Alcinoo, rei dos Pheaces {Odyss.
ticularmente em scena, o primeiro viii 71-92; 266-366; 499-520; XIII
pelos actores trágicos, o segundo 27-28). Sobre a accentuaç^o de
pelos comicos. Estes dous termos «Demodoco» v. R Ph em «Tapro-
empregavam-se para significar res- bana ».
pectivamente o estilo sublime e o
estilo simples; cf.: an juvat ad 9 3. A fortuna] = a má ven-
trágicos soccum transferre cothur- tura (também forUma está ás vezes
nos? (Mart. viii 3, 13) e Hor. Epist. por fortuna adversa). faz.. frio]
ad Pisones 80 (cit. por FS). V. o com, a i 13.
2. no immenso lago] diz o 5-6. ao rio I Do negro esqueci-
mesmo que «no reino fundo» na mento] V. o com. a viii 27, 8; cor-
est. precedente; cf.: nos tanques responde a ingratae jlumina Le-
naturaes (x i, 6). thes (Mart. x 2). eterno somno]
3-4. lopas é o cantor no ban- i. é, ao eterno somno (a morte); é
•quete dado a Eneas por Dido, rai- 0 perpetuus sopor de Horacio (Od.
nha de CarthagO (Verg. En. \ 740- 1 24, 5; FS), aeternum.. soporem de
746); Demódoco é o èantor da côrte Lucrecio (iii 466).
CANTO DÉCIMO E ULTIMO 207
N.
CANTO DECíMO E ULTIMO 211
I
CANTO DÉCIMO E ULTIMO 2IS
I! 4 A agard. || 5 O || 6 . eras
23 4. B stado II 6 Rey aa ley
l
CANTO DÉCIMO E ULTIMO 223
1[ 6 A . duuino B .douino 11 7 . ay
50 I Nim. II 3 por H 4 Pellas (v. iv 49)
com uma frota de 24 velas em di- ros iit 4, 2). Candace é a rainha da
recçao a Judá, mas sobrevindo-lhe Ethiopia, que invadiu o Egypto,
vento contrario, depois de já ter mas foi vencida por Petronio, go-
passado o Estreito, «desesperado vernador d'esta provincia romana
de poder ir auante chamou a con- (Estrabío, C 820-821).
selho todos os capitães da frota», 5-6. Sequeira «foy ver a ilha
os quaes « acordarão que deixassem de Maçua pera repartir polas nãos-
a viagem de ludá.. e fossem á costa muytas cisternas dagoa doce que
da Abexia ao porto da ilha de Ma- lhe diziao que auia nela: e assi
çua que lhe Mateus dizia, donde se achou que erSo xlix e todas cheas
podia ir á corte do Preste» (Cast. v e fechadas com chave pera ho tempo
23). (Mattheus era o embaixador da necessidade» (Cast. v 24); tam-
do imperador da Abessinia, que bém visitou o capitão de .Arquico
viera a Portugal e agora voltava (id. V 25) «lugar da costa., que
na frota de Diogo L. de Sequeira). estaua duas legoas da ilha [de
O governador seguiu o parecer do Maçuá]» (id. V 23). .
conselho, e a 10 de Abril chegou 7. O contexto parece indicar
ao porto da' ilha de Maçuá, «que que se falia de ilhas do mar Ver-
estará dous tiros de besta da terra melho; mas estas foram exploradas-
firme em quinze grãos da banda por occasiilo da viagem de 1541;
do norte» (id. ibd.). talvez, porám, Cam. se refira ao
I. as ondas Erythreas] é tam- descobrimento de Borneo.
bém o final de iv 63, i.
3-4. ♦ Como a Rainha Sabá se 53 Em Abril de 1521 partiu
foi ver a lerusalem com SalamSo do Lisboa para o governo da ín-
[do que falia a Biblia nos /^íis lu dia o filho do conde de Tarouca,
IO, 1-13, etc.] ..de que ouue hum «dom Duarte de meneses capitão
filho chamado Dauid; do qual se- da cidade de Tangere em África,
gundo dizem os pouos Abassijs, onde em muytos annos tinha dado
procedem os seus Reys, e o mais assaz de testemunho de seu esforço
que elles dizem desta Rainha Sabá, e valentia contra os mouros em
e assi da chamada Candace» (Bar- muytas batalhas que vencera; e em
CANTO DÉCIMO E ULTIMO 235
lhe entrar tanto pola terra den- Ormuz era obrigado a pagar (Bar-
tro que chegou aos Montes cla- ros III 7, 9; a integra do contracto,
ros (cousa que os mouros nunca datado de 15 de Julho de 1523,
cuidarão, e os muyto mais espan- vem em Alguns documentos, pag.
tou que todo ho passado)» (Cast. 476 e seguintes).
V 69). 5-8. Como successor de Du.
3-4. Ainda no tempo do go- de Meneses, veiu «dom Vasco da
verno de Du. de Sequeira, o rei gama, conde da \'idigueira e almi-
de Ormuz levantou-se «contra os rante do mar indico.', com titulo
nossos que estauao na cidade e na de viso rey» (Cast. vi 71). «des-
fortaleza [de Ormuz]» (Cast. v 82}. terro » é o estar V. da Gama em
Depois de vários successos, quando regiões t3o distantes da patria (cf.
Du. de Meneses foi pessoalmente a VI 24), já na primeira viagem do-
Ormuz, Raix Xarafo, o promotor descobrimento, já quando voltou á
do levantamento, e que, sendo o índia em 1502 (Cast. i 44). des-
actual rei ainda menor, era quem cobres] é presente historico em ora-
na realidade <gouernaua o Reyno» çío relativa, da mesma maneira
(id. VI 40), obrigou-se a pagar que em: cratera aiitiquum, quem
annualmente de parcas á coroa dat íiidonia Dido (Verg. Eu. ix
portuguesa mais 35 mil xerafins 260).
alêm dos 25 mil que desde o tempo
de Aff. de Albuquerque o rei de 54 1-4. V. da Gama largando
236 os lusíadas
238. os lusíadas
0
CANTO DÉCIMO E ULTIMO 243
4
4. Que] é partícula causai. V 95, 5. libertador] V. adiante
5. = Queixar-se-háo em vJo a est. 71. offertas] é termo da
[dos decretos] dos Ceos [que lhes lingoagem religiosa. e a Deos
parecem injustos,] ao mundo. G. se sacrifiquem] eqüivale a; sacrifi-
de Amorim mudou arbitrariamente cando-se a Deos. Os filhos de
para «aos ceos do mundo», o que, D. JoSo de Castro sacrificam-se a
diz elle, já lembrara a Freire de Deos, porque dáo a vida bata-
Carvalho. lhando contra os inimigos da re-
ligião cbrista. Nas duas ultimas
69 1-2. « basiliscos» e «líões» orações ha a figura que em rhe-
eram peças de artilharia antigas. torica se chama «hysteron-prote-
3. D. João Masearenhas era ron»; cf. moriamiir et in media
naquelle tempo capitao-mór de arma ruamus (Verg. En. 11 353).
Diu.
5-8. maiores oppressíles] é 70 1-4. Os cercadores mina-
também o segundo hemistichio de ram um dos baluartes; quando a
248 os lusíadas
mina rebentou, aos lo de Agosto, doze galeões grossos alêm dos na-
um dos que então foram pelos vios de remo, aos 17 de Outubro
ares, foi D. Fernando de Castro, do mesmo anno de 1546 (J. Freire,
que apenas contava 19 annos de III 1-2; Couto VI 3, 9, nSo assignala
idade (Couto vi 2, 9). ao Ceo] o dia). Chegado ao termo da via-
= á mansão dos bem-aventurados. gem « em tres noites passou a gente
Ceo subido] é também o final à fortaleza por escadas de corda >
de II 42, 3. (J. Freire, iii loV Ordenadas as
5-8. D. Joíto de C. enviou cm cousas para ir acommetter o exer-
soccorro de Diu «seu filho Dom cito sitiador, sahiu da fortaleza
j^uaro de Castro com hum troço aos II de Novembro e deu aos ini-
da armada, contra o parecer dos migos uma dupla batalha, desba-
marcantes, que hauiao por temerá- ratando-os- completamente, com o
rio este acometimento no principio que teve fim o cerco (Couto vi 3,
do inuerno» (J. P>eire, 11 87). E de 10; 4, 1-2; J. Freire iii 12-25).
feito a viagem foi mui tormentosa 3. Acerca da superioridade do
e cheia de perigos (v. Couto vi 3, saber {consiliutti) sobre a força {pi-
i). o caminho humido] Cf.: as res') cf.: non viribiis ant velocitati-
vias humidas (11 67, i"). vence.. bus aiU celeritate corponim res
os inimigos] Cam. refere-se cm par- magnae gertmtiir, sed consilio, au-
ticular ao que D. Álvaro praticou Ctoritate, senteniia (Cie. Cat. m. 6).
em uma sortida que os cercados 4. soberana] = decisiva.
fizeram; (v. J. Freire 11 161-169). 5-8. paredes] sío o muro das
«estancias» — como diz Couto em
71 D. JoSo de C. determinado VI 4, I — do inimigo. Depois de os
a ir elle proprio descercar Diu, par- Portugueses se assenhorearem das
tiu com uma armada, composta de estancias do inimigo, foi que «no
CANTO DÉCIMO E ULTIMO 249
\
CANTO DÉCIMO F. ULTIMO 251
{{ 7 esta II 8 . ficia
78 2 .gasse (v. R Ph em «s») A .tâ |] 4 .pos so
real (cf.: Mundiis, 7it ad Scythiani olhos: «hum mesmo rosto j Por
Rhipaeasque ardtms arces | cott- toda a parte tem ».
surgit, premi íur Libyae de- 7-8. em toda a parte | Começa
vexus in ausíros; Verg. Georg. e acaba] « fíujtts [sphae?-aé] autem
I 240-241), i. é, tanto em um como iieque exitus negue initiicm potes,
em outro hemispherio, em parto definiri (Hyg. Astr. i).
nenhuma apresenta elevação ou
depressão alguma [nihil enüiieiis, 79 1-2. Uniforme] <i. .omnes-
nihil lacunosnm, diz Cicero na que partes simillimas otnnium \Jia-
traducçâo do Timeo, 6, — palavras bet]t (Cie. Tim. 6). em si sos-
que um critico moderno julga se- tido] corresponde ao ponderibus li-
rem interpelação, tomada da obrado hrata suis- de Ovidio, fallando da
mesmo Cicero De liat. deoriim, 11, Terra {Alei. 1 13; FS). o arche-
18, o que, para este caso é de todo t3'po que o criou] = o archétypo
indifferente —), em ponto nenhum pelo qual (= segundo o qual) foi
a peripheria está a maior ou menor criado: Factus cst euim mundus
distancia do centro {cujus omnis sensibilis ad similitjidinem et exem-
extremitas paribus a médio radiis plar mundi intellectualis arche-
atiingitur, Cie. no lugar cit.), em lypl et ideae mentis divinae {Alarg.
summa, o globo é perfeitamente, ri- phil, pag. 518); Sensibilis mindus
gorosamente espherico.— Cam. faz mindo dejluxit ab illo \ mental!
trocadilho empregando os verbos archétypo et qtiaedam est illius
«abaixar-se» e «erguer-se» em um iniago (Palingenio, Zodiactis vitae
sentido no primeiro d'estes versos, VII 483-484); ex qiio effícitiir, ut
e em outro no segundo.— «Vol- sit necesse hutic, quem cer?nmus,
vendo» (intransiti vãmente, como munditm simulacrnm aeter^mm esse
«revolvendo» em 11 92) não se alicujus aeterni (Cie. Tim. 2). Cf.
refere a movimento (v. adiante o com. a X 7. O geral dos commen-
a est. 85, 5-6), como tem pensado tadores entende, por «archétypo»
traductores e commentadores, que nao o modelo existente na mente
nSo tem entendido bem estes dois divina, mas sim o Criador, Deos (o
versos, mas sim á fôrma de abo- «Demiurgo» de PlatSo; v. Weber,
bada (em italiano < volta-») que por obr. cit. § 16); mas a semelhante
toda a parte o globo apresenta aos conceito nSo quadram os attributos
254 os lusíadas
Empyreo
II 7 bSs II 8 A ompecem
84 I A As. B .ia'||2 insin. (v. 11 7o)||5 de (a^corr.
é já antiga) || 6 . tâ fi .tà |1 8 ^ dà
Primeiro Móvel
Crystallino
Firmamento
Vê de Cafliopea a fermofura,
E do Orionte o gefto turbulento;
Qlha o Cifne morrendo que fufpira,
A'Lebre e os Cães, a Nao e a doce Lyra.
Região elemental
5-6. A oração «Que o fogo—» o que vae di-cto antes, servindo
nao tem, em rigor, connexão com o pronome relativo unicamente de
CANTO DÉCIMO F. ULTIMO 2Õ3
Terra
91 2. nao sõmente.. se con- 8. leis] como em i 64, 4; cf.
tentão] por: não se contentão sò- na est. seguinte: Europa Christil.
mente.
5-6. os insanos mares] Em Se- 92 2. as outras] sc. partes
neca; insanum mare (Agam. 538); do mundo; v. na est. anterior o 5.°
em Garcilaso: Ia mar hisana (ecl. verso.
III, pag. 473 da ed. de 1580). 5-6. o cabo—] de Boa Espe-
204 os lusíadas
II 8 .ey
95 I A Vé B Vè II 4 A .erâ B .erà polia (v. iv
48) II 5 aste II 6 A metâl |1 7 Ve || 8 A está
11 7 Ve .oy !| 8 A .bà
96 2 A coutra A .râ ^ .ra || 3 dom || 5 Ve ca
Cos. jj 8 .bi B .manee
4
272 os lusíadas
na ilha Gerú, que he a que hoje de 1552 (vi 10, 6); embarcou para
chamamos Ormuz» (id 111 6, 4'!. o norte na armada do governador
Que] é partícula causai. ali] Francisco Barreto (vii 3, 8); foi
quer dizer «naquellas paragens», ferido em Parnel — a duas legoas
isto é, na beiramar da Carmania, de Damao — durante o governo de
onde ficava Harmozia (que é a D. Constantino de Bragança (vu
fôrma correcta do nome grego). 6, 6); falleceu na entrada de 1566.
De haver destruido Ampaza não.
104 1-4. D. Filippe de Mene- vem noticia em Couto. Man. Cor-
ses, filho de D. Henrique de Mene- rêa diz que a Ampaza a que o
ses, recebeu carta de capitão de Poeta se refere, é na Pérsia; Storck,
Ormuz datada de 18 de Fevereiro com FS, que é a da costa oriental
de 1566, segundo me informa o de África, ao norte de Melinde.
Conservador da Torre do Tombo, Couto (X 9, i) falia de ter a Ampaza
já nomeado no com. a x loi. NSCo africana sido destruída, mas por
pude achar mais noticias do que as Martim Affonso de Mello, que o-
dadas pelo Poeta, àcerca da victoria vice-rei D. Duarte de Meneses man-
d'este capitão sobre os Persas de dara em 1587 por capitão de uma
Lara ou Lar (capital do Laristío). armada a Melinde. os golpes e
5-8. D. Pedro de Sousa, filho reveses] Cf.: Que lançadas, que
de D. Manoel de Tavora e Sousa, golpes, que reveses (Cam. eleg.
e aparentado com Camões, foi no- « Que tristes novas..>).
meado capitão de Ormuz por carta
de 26 de Fevereiro de 1563 (Chan- 105 1-2. «Atravessando deste
cellaria de D. JoSo jii, livro 11, cabo Mocandan ao de cima a elle
fl. 115 — noticia que devo também opposto [ria costa meridional da
ao Conservador Pedro de Aze- Pérsia] chamado lasque com que a
vedo—). Segundo Couto, partiu boca do estreito [de Ormuz] fica
para Ormuz com o vice-rei D. Aff. feita..» (Barros i 9, i); «o cab»
de Noronha nos fins de Outubro lásque. .0 qual nós situamos ein.,
CANTO DÉCIMO E ULTIMO 273
II 5 -dao
112 I fe U formoda 1| 3 .cerà aa || 4 ins. (v. 11
70) II 5 A ficon II 8 Hao
113 I Sam II 3 Busoao || 4 Thome
I! 7 nSo
114 I B mata, logo (sem «e») acus. \\ 2 A homec;
Thome||3 A Dâ ^ Dà||4 .nara (Curãono: IX 33; a corr.
é já antiga) || 5 Santo (v. x 83) vè || 6 ape. || 7 .ey
II 8 may.
115 3 foz A . erâ B . era ]| 4 apr. || 5 Viram
116 «A qual cousa fez tao que perdiâo em seus etrores: que
grande admiração, que el Rey se ordenarão hum arroido per alguns
conuerteo, e com elle se bautizou de sua opinião, na revolta do qual
muita gente» (Barros iii 7, 11). o Santo foi apedrejado. E jazendo
2. na agoa sancta] do ba- no chão quasi morto de pedradas,
ptismo. per derradeiro veyo hum daquelles
Brammanes, e com hüa lança o
117 «Estando hum dia prè- atravessou..». (Barros iii 7, 11;
gando ao pouo junto dum tan- passo transcripto por FS).
que..» «era tão auorrecido dos 4. ao Ceo subido] é também o
Brammanes da terra, pelo credito final de x 70, 4.
CANTO DÉCIMO E ULTIMO 279
28o os lusíadas
120 2 aa II 6 .xa
121 4 . da
i| 5 Vs . B Cathigao I! 7 A está
122 I rey. .acSo || 2 m3s. pouoa. || 3 Mõs. feo
(v. R Ph em í-eia»)||4 DhOa (v. R Ph em «ElisSo»)
/? hü câo SOS acha. II5 Ara. instro. (v. x 6)||6 geraç.
(V. I 64) custumao (V. V i) vsa. || 7 Ray. || 8 fo.
5. -«A primeira boca [do Gan- vizinha com o de Bengalla que lhe
ges] que he Occidental se chama fica ao Norte, e o de Pégu que jaz
de Satigam por causa de hüa ci- ao Sul» (Barros iii 2, 5). «Porém
dade deste nome situada "na cor- quanto á maneira de sua religião
rente delle. . e a outra Oriental, [dos do Pegú].. e torpeza de tra-
sae mui vizinha a outro [accres- zer cascaueis soldados no instru-
cente-se «porto»] mais celebre mento da geraçSo: convém muito
chamado Chatigam., por que a elle com os Siames». . «Donde se pode
geralmente concorrem todalas mer- crer ser verdade o que elles con-
cadorias que vem e saem deste tSo, que aquella terra se pouoou
Reyno» (id. ibd.). (Cast., em iv 38, do ajuntamento de hum cSo e hüa
diz « Chetigío »). cidade das me- molher:» (id. iii 3, 4).
lhores] é também o segundo hemis- I. assento] corresponde ao
tichio de VII 16, 6. substantivo sUus.
6-7. Cf. vil 20, 7-8. 3, feio ] = hediondo: foedus.
7-8. A ordem é: a costa virada 5. soante arame] = cascavel.
(= mudando de direcçâo, formando 6. «costumar» como verbo
angulo) d'aqui (de Chatigío, da foz transitivo, por «usar», está anti-
oriental do Ganges) está posta pera quado.
o Austro (corre para o sul). S. o error nefando] é o «feio
ajuntamento» do 3.° verso.
122 «. .do Reyno Arraca, que
282 OS lusíadas
II 6 A crè
128 I A .berâ||2 os Cantos que molhados (a corr.,
aqui e no 4.° verso, é já antiga)
II 6 .gues II 8 so
133 I Ilh. II 2 cor II 3 sal. || 4 Noz || 5 .nèo
II6 qualh. (v. iii 8i)||7 B qne A Cânf. B Cánf. || 8 ' llh.
134 2 Sànd. || 5 SertSCo || 7 so
135 I Ve Ilh. II 2 B Que .amas (v. 11 36) A
.pôra B .pòra
blicada na índia em 1563 com uma «Esta laoa assi como vai em com-
ode de Camões). A arvore de que primento, leua pelo meio hüa corda
provêm a camphora de Borneo, é a de serranias mui altas.. e dellas
Dryobalanops camphora. para o Sul os mesmos naturaes da
terra nSo sabem o que vai..» (id.
134 1-2. «sandalos.. de Ti- ibd.). difficultoso] sc. de ser ex-
mor» (Cast. II 112), « na parte onde plorado.
ho sandalo he milhor (que he em 5-8. Cam, falia d'este rio tam-
timor..) . .» (Orta, Col. 185); «He bém na «Carta a hüa dama».
o sandallo muyto neseçario por ser
muyto cordial» (id. ibd.). 135 I. Refere-se a Sumatra;
3-4. a Sunda] Este nome desi- V. X 124, 1-4.
gnava primitivamente a parte Occi- 2. =que tem volcSes em acti-
dental da ilha de Java, parte que vidade.
se cria formar uma ilha sobre si; 3-8. «Alem da muita quanti-
«..e passada çiãda está pera leste dade de ouro que nella [Sumatra]
a ilha da jaoa, q jaz leste oeste., ha, também se acha.. hüa fonte de
e a [costa] do sul nSo he aí da que mana oleo, a que chamSío
descuberta» (Cast. in 62); «Da napta em o Reyno de Pacem..»
terra da laoa fazemos duas Ilhas, «..tem as [arvores] do sandalo
hOa ante outra» (Barros iv i, 12); branco, aguila, beijoim, e as que
r
CANTO DKCIMO E ULTIMO 291
dao a canfora, como a da ilha nosso padre Adão.. e crem que dali
Burneo.. e cria seda em tanta subio aos ceos» (Cast. 11 22). O
quantidade, que ha hi grande car- «Pico de Adio» tem 2262 metros
regação pera muitas partes da de altura (Meyer, fíattd-Lexik.).
índia > (Barros m 5, i). o chei- 5-8. «as quaes [palmeiras que
roso licor] o beijoim. o tronco] nascem «debaixo da aguoa sal-
do Styrax Bettjoin Dryand. gada»] dâo hum pomo mayor, que
chora] «chorar» no sentido de o coco, e tem experiencia que a
« estillar », mas como verbo intran- segunda casca delle he muito maes
sitivo, corresponde a Jlere em Jlevit efficaz contra a peçonha, que a
in templis ebur (Sen. Thyesies 701). pedra Bezoar» (Barros m 3, 7). Os
a filha de Cinyras] Myrrha; v. habitantes das Maldivas, a cujas
o com. a IV 63 e a IX 60. A myrrha praias o mar arrojava os fructos
é da Arabia e da costa dos So- da Lodoicea SecheUa?tím Labill.,
malis. as outras] ilhas, que se suppunham que eram produzidos
subentende do i.° verso. branda] por plantas submarinas, e esta
= macia. crença reinou por muito tempo
ainda entre os homens de sciencia.
136 1-4. « No meo desta ilha A palmeira que dá os chamados
[de Céilío] se leuanta hüa serra cocos das Maldivas só foi descu-
muy alta, e sobrela hum altíssimo berta no sec. xvin (C. de Ficalho,
pico cm que está um tanque dagoa Flora dos Lus. pag. 87 e seguin-
nadiuel. E em hüa lagia que está tes). urgente] é latinismo: mala
junto dele está hüa pegada dhomem, quem scabies aut morbus regitís
que dizem os mouros que he de urgct (Hor. Epist. 11 3, 453).
2Ç2 OS lusíadas
quot horas. lia] como lente, como 5. Nem] = e nío, como neqjie.
doutor; «tratava c Iiaí=disser- honesto estudo] refere-se aos co-
tava doutoralmente. nhecimentos theoricos. «honesto»
5-S. Lembra: Qztae illi aiidire no sentido de «que traz comsigo
et legere solent, eorum partem vidi, estima ou a merece» O dar a
alia cgomet gessi; qtiae illt litteris, «estudos» o epitheto de «hones-
ea ego militando didici. Nuiic vos tos» foi provavelmente suggerido
existumate, facta an dieta pluris a Cam. pelo lugar de Horacio: si
si7it (Sall. Jug, 85). liou I Í7itt7ides animum studiis et
rebus ho7iestis {Epist. i 2, 35-36).
154 3-4. E' o que diz o
Psalmo VIII; Tu fizeste sahir da 155 I. feito] = afeito, acos-
boca dos infantes e dos que mam- tumado; V. mais exemplos no ZÍ/íTí".
milo, hurti louvor perfeüo (cit. por de Moraes.
FS\ «com tudo» exprime que se 2. dada] = dedicada.
apresenta,uma rectificação ao con- 4. virtude]=merecimento: vir-
teúdo dos dois versos precedentes. tiis.
302 os lusíadas
Eu el Rey faço faber aos que efte Aluara virem que eu ey por
t)em & me praz dar licença a Luis de Camões pera que poffa íazer
imprimir neíla cidade de Lisboa, hüa obra em Octaua rima chamada
Os Luíiadas, que contem dez cantos perfeitos, na qual por ordem poética
em verfos fe decIarSo os principaes feitos dos Portuguefes nas partes da
índia depois que fe defcobrio a nauegaçSo pera ellas por mudado dei
Rey dom Manoel meu vifauo que fancta gloria aja, & ilto com priuileoio
pera que em tempo de dez anos [«annos» em B] que fe começarão do dia
que fe a dita obra acabar de emprimir [«imprimir» em B\ em diate, fe
nao poffa imprimir ne vender em meus reinos & fenhorios nem trazer a
•elles de fora, nem leuar aas ditas partes da índia pera fe vender (em
liceça do.dito Luis de Camões ou da peíiba que pera iffo feu poder tiuer
fob pena de que o contrario fizer pagar cinquoenta cruzados & perder
os volumes [« volmes » em A] que imprimir, ou vender, a mqtade pera o
dito Luis de Camões, & a outra metade pera quem os acufar. E antes de
fe a dita obra vender lhe fera poílo o preço na mefa do defpacho dos
meus Defembargadores do paço, o qual fe declarará & porá impreflb na
primeira folha da dita obra pera fer a todos notorio, e antes de fe impri-
mir fera vifta e examinada na mefa do confelho geral [«geeral» em E]
do fanto officio da Inquifiçao pera cõ fua licença fe auer de imprimir,
& fe o dito Luis de CamSes tiuer acrecentados mais algijs Cantos,
também fe imprimirão auendo pera iffo licença do fanto officio, como
acima he dito. E efte meu Aluara fe imprimirá outrofi no principio da
dita obra, o qual ey por bem que valha & tenha força & vigor, como fe
foffe carta feita em meu nome por [«per> em 5] mim afsinada & paffada
por minha Chancellaria fem embargo da Ordenação do fegundo liuro,
tit. XX. que diz que as coufas cujo effeito ouuer de durar mais que hum
ano paflem per cartas, & paflando por [« per > em iJ] aluaras nSo valhâo.
Gafpar de Seixas o fiz em Lisboa, a. xxiiii: de Setembro [«a vinte
& quatro dias do mes de Setembro» em E\, de mdlxxi. lorge da Cofta
o fiz eícreuer. (*)
(♦) A orthographia é a de A.
304 os lusíadas
Vi por mandado da fanta & geral inquiíiçao eftes dez Cantos dos
Lufiadas de Luis de Camões, dos valerofos feitos em armas que os Portu-
guefes fizerSo em Afia & Europa, e nilo achey nelles coufa aigüa efcan-
dalofa, nem contraria â fe & bõs cuflumes, fomente me pareceo que era
neceíTario aduertir os Lectores que o Autor pera encarecer a difficuldade
da nauegaçíío & entrada dos Portuguefes na índia, via de hüa fiçao dos
Deofes dos Gentios. E ainda que fancto Auguflinho nas fuás RetractaçSes
fe retracte de ter ciiamado nos liuros que compos de Ordine, aas Mufas
Deofas. Toda via como ifto he Poefia & fingimento, & o Autor como
poeta, não pretenda mais que ornar o eftilo Poético nSo tiuemos por
inconueniente yr ella fábula dos Deofes na obra, conhecendo a por tal,.
& ficando fempre salua a verdade de noüa fancta fe [«fee > em B'\, que
todos os Deofes dos Getios fam Demonios, E por ifTo me pareceo o liuro
digno de fe imprimir, & o Autor moílra neile muito engenho & muita
erudição nas fciencias humanas. Em fe do qual aíiiney aqui.
Frey Bertkolameií
Ferreira.
Argumentos dos Cantos dos LUSÍADAS
Attribuidos a João Franco Barreto
Publicados pela primeira vez na edição dos LUSÍADAS de 1644
II
III
IV
VI
VII
Dà fundo a frota a Calecut chegada,
Mandafe menfageiro ao Rey potente:
Chega Monçaide a uer a Lufa armada,
E da prouincia informa largamente:
Faz Gama ao Samori fua Embaixada,
E recebido bem da Indica gente,
Co Regedor da terra ao mar fe torna,
Que de toldos & flamulas le adorna.
ARGUMENTOS DOS CANTOS 307
VIU
IX
Abãssla (em Castanheda [v 23] I 13; 111 98, 99, 108, 109, 118;
Abexia, a que corresponde o S) A. V (f 1481): I 13; IV 54,
nome ethnico Abexins)'. x 50. 60; b) i) A. VI (de Leão e Cas-
Abassís: x 68, 95. tella) (f 1109): in 23, 24; 2)
Abrahão; i 53. IX (de Castella) (alias viii, v. o
Abranches = Avranches, cid. do Dicc. encicl. hispano-americano
occidente da Normandia: iv 25. em «Alfonso ix») (-J- 1214):
Abrantes: iv 23 (2-3); vni 22. vm 22; 3) A. XI (de Castella)
A'byla: in 77, iv 49; vni 17, 71. (t 1350): I" 109.
Achemenia: ix 60. África: i 2, 15; 11 103, no; iii
Acheronte: i 51. 20, 103; IV 54; V 10, 65; VIII,
Achllles: iii 131; v 93, 98; x 12, 14; VIU 72; X 53, 92, 97, 137.
156. Africano: i 29, 51, 77; iv 20,
Acldalla: vni 64, ix 52. 48; V 50; VI 83; vn 70; IX 15.
Acroceraunlos: vi 82. Africo d) (substantivo): i 27; b)
Acriso (Acrisio): vn 97. (adjectivo): x 97.
Acteon: ix 26, 63. Aganippe: iii 2.
Actio: 11 53. Agar: iii 26, iio; viii 47.
Adamastor; v 51, 60. Agareno: m 110; viii 51.
Adão: IV 70, vin 65. Agrippina (•{• 59 p. Chr.); iii 92.
Adeni (Aden) cid. da costa merid. Aiace: x 24.
da Arabia: x 99. AinâLo, ilha ao sul da China: x
Adonls: iv 63. 129.
Adriático: 11 97. Alanquer (Alenqucr): in 61.
Affonso a) de Port.: i) A. i Albis: iii II, 58.
(f 1185): I 13; lii 30, 42, 45' Albuquerque, Affonso de —: i
46, 58, 64, 67, 73, 79, 83, 84; 14; X 40, 15.
VIII II; 2) A. II (t 1223): III Alcacer [Ceguer], em Marrocos,
90, 91; 3) A. III (t 1279): I 13; na parte septentrional: iv 55:
III 94, 96; 4) A. IV (l 1357): VIII 38.
índice dos nomes proprios 309
/
312 os lusíadas
Hercules: vi i. Hlppocrene: 1 4.
Hercyiia, montanha — : iii ii. Hippótades: vi 37.
Hermo: vii ii. Hlspalico: viu 20.
Héroas, cidade dos—: x 98. Hispano: n 97; iii 53, loi; iv
Heróstrato: 11 113. 61; VII 25; vni 3, 93.
Hespanha: i 31; m 17; 19, 23, Homero: v 96, 98.
103; IV 49, 53, 61; VI 56; VII (Hungria) v. «Ungria».
68, 71; vm 26, 45. (Húngaro) v. «Ungaro».
Hespanhol: V 9. Hunno: iv 24.
Hesperia: (ultima) iv 54; H. Hyaclnthlno: ix 62.'
ultima: 11 108; viii 61, 69. Hydaspe: i 55; vii 52;
Hesperlco: ni 99. Hydaspico: iii 100.
Hesperldas: 11 103; v 8. Hydra: vjii 71.
Hesperio: v 8. Hyperboreo: iii 8.
Hidalcham: x 72. Hyperionio: i 59.
Hierosólyma: in 27; vii6(2-4).
IV 2, 12, 23, 25, 36, 37, 45; h) Judea: iii 27, 72, 86; ix 34.
= 1). João II (-j- i495\ ' '3i Judita: x 49.
IV 58, õo, 66. Juliano (adjcct.): iv 49.
João, IO." rei de Portugal: iv 3; Júlio (César) (-J- 44 a. Chr.): iv
VI 43; (v. também «Joanne»). 32-
Jordão: m 27. Juno: V 15; IX 91; x 82.
Jove: X 4. Júpiter: i 23, 30, (1-6), 37, m 106;
Juba: III 77 VII 48 (J. Ammon), 54; viii 8;
Judaico: vii 39, 80. IX 91; X 7, 82, 83, 89.
VII 14, 24, 25, 26, 79; vm tano: 11 48; iii 114; vil 45;
30, 35> 59. 69, 77, 84; IX 12, x 18, 27, 44.
18, 40; X 12, 51, 71, 107, Lycio: 11 27.
118, 138. Lydla: vii 11.
Luso a) person. mythol.; i 24. 39, Lyeo: i 49; vi 14, 20.
62; II T7, 103; 111 21, 5r, 95; Lyra: x 88.
VI 26; VII 2; VIII 2; í) = Lusi- Lysa: m 21.
Nabateo (Nabalhco): i 84.; iv 63. Nilo: n 53; vii 7, 41, 61; X 33,
Naiades: m 56. 93. 95. 127. ^
Não: X 88. Nilotico: IV 62.
Nápoles: iv 61. Nino: III 126.
Narsinga: vn 21; x 14, 108, 120. Nisa: 131; VII 52.
Navarra: vi 56. Nise: n 20.
Navarro: m 19. Nobá: X 95.
Nemeo: v 2. Nocturno: 11 i.
Némesis: m 71. Noé: VIU 75.
Neptunino: i 58, m 15; 1x42, Noronha (Garcia de —): x 62
49- (1-5)-
Neptuno: i 3, 72; 11 2, 47 ; in 51; Norte, mar do—: vi 57.
IV 21, 84; V II, 15, 51; VI 8, Noruega; iti 10.
13. i4i 15. 16, 21, 35, 36, 76; Noto: I 27; V 67, 73; VI 76, 90.
VIU 32. Nuno (Alvarez Pereira): i 12; iv
Nereldas: n 20; vi 8; ix 50. 21, 31, 34, 36, 45; Nuno Alva-
Nereo: i 96; u 19, 112; v 52; rez (Pereira): vi 14, 24;viii32.
VI 20; IX 40. Nympha: n 13, 33, 63, 99; m 2,
Nerine: n 20. 16 ; V 53, 57; VI 14, 20, 86, 87 ;
Nero (•]- 68 p. Chr.): m 92. vii 78, 81, 82, 84: viti 50, 51;
Nhaia (Pero da —): x 94. IX 32, 41, 47, 48, 70, 77, 82,
Nlcoláo <z)=S. Nicoláo: v 74; i) 84, 85, 89; X 2, 7, 8, 22, 39,
Nicoláo Coelho: iv 82. 50. 73. 74, 143-
Polyphemo: v 28, 88. 25. 32, 56; X 60, 67, 68, 104,
Pomona; ix 58, 62. 132, 140, 142, 152.
Pompelo (■{• 48 a. Chr.): m Praso (Prasso), promontorio: 143,
71- 77.
Pomplllo (Numa P.); vm 31. Progne: iii 32.
Pomponlo (Mela): v 50. Prometheo: iv 103; vi n.
Pondá: x 72. Proteo: i 19: vi 20, 36; (Proteio)
Ponente: x 138. VII 85; X 7.
Poro: vn 21. Ptolomeo a) Cláudio P. (2.® sec.
Portugal: ni 25, 46, 78; iv p. Chr.): V 50; í) Pt. Philadel-
3' 5°; VI 51, 52; vni II, 22, pho (•{• 247 a. Chr.): ix 2. .
82. Pyrene a) person. mythol.: m 16;
Português: i 32, 50, 74, 82, 87, í) = Pyreneos: vn 71.
90, 92; n 14, 23, 66, 75, 85, [Pyreneos] v. «Perineo».
iii; iii 46, 50, 57, 7o> 81, 112; Pyrols; v 61.
IV 15 (i-7). 33. 38. 46, 56(3-8); Pyrrho a) filho de Achilles: iii
V 72, 97; VI 47, 58, 60; vn 3, 131; 6) rei do Epiro (•{• 272 a.
23, 28, 43, 45, 55, 66; vm 22, Chr.): vin 6.
/
Índice . dos nomes proprios
REGISTO PHILOLOGICO
terra: 12; Rneas: 12; outra: 22; estrellas: 22; ouro: 23; Assyrios: 24;
Africo: 27; Hespanha: 31; antre: 36; estamago: 39; Ethiopia: 43;
altivo; 44; alegria: 43; ousado; 46; algodão: 47; Acheronte; 51;
Abrahíío; 53; habitá-la: 54; admirada: 62; aço: 67; escudo: 86; azagaia:
86; arco: 86, apressado; gi ; Amphitrite: 96; antiga: 103; no 11, antes
de: alguns: 7; hum: 21, 26, 42, 80; altos: 47; armas: 50; amizade: 63;
híãa; 64, 65; outra: 65; argento: 67; Europa; 72; Amalthea: 72; arte;
73; artificio; 90; ouro; 94; áspero: 96; espanto: loi ; Eolo: 105; no ni,
antes de: Apollo: 8; Alemanha: 11; humildade: 15; ouro: 16, 66, 97,
(igualmente em: vi 58; vii ii, 21, 29, 31, 57; viii 23; ix 43, 64, 71, 80,
84, 87); Europa: 17, 20: Hespanha: 19; homem: 22; Ungria ; 25; ira:
33; infinito; 35; outra: 35, 106, 122; Egas:36; Ourique : 42 ; argento:
63; Atlante: 73; Ampelusa; 77; Anteo; 77; Abyla: 77; AfTonso: 79;
Andaluzia: 85; armas; 86; outrem: 91; altivo: 93; Athenas: 97; África;
103; Agar: iio; aço; 114, 130; alcançar: 114; anéis; 116; alegria: 121;
humano: 127; amor: 132, 143; Atreu; 133; Inês: 135 ; enlevado: 139;
Alcmena: 141; hüq: 142; hum; 142. Outrosim não costuma elidir o « e »
final de «que» nem dos pronomes procliticos «me, te, lhe, se» (excepto,
é bem de ver, em « m'o, t'o, lh'o) nem da particula «se». Bastará regis-
tar, e só com respeito ao pronome «se», os lugares do Canto iv, em que
nao ha esta elisSo. O pronome «se» fica intacto antes de: aproveitar:
2; ajuntavao: 9; apercebia: 9; ennobrece; ii; aparelha; 12; aconselha:
12; esconde; 25; encerra: 30; assinala: 30; espanta; 32; alevanta: 32:
arremessa; 35; iguala; 37; embarcárío: 61; atreveo: 64; adormece; 68;
alcançao: 78; estende; 78; offerece: 81, 82; apercebessem; 83;,aparta:
93; atiça: 95; enfraqueça: loi; acabe:-io2.
Quando ha elisão, nos mais dos casos, vÊ-se claramente que é por
falta de espaço.
encenço: x loi; também no Trat. das enfermidades àe
Giraldo, e no Livro d'ahciíaria, do mesmo autor, publicado por Gabriel
Pereira na J^ev. Liisitafia, xii, pag. 43.
eiiveja. Em palavras de origem popular o in- (ou im-) inicial
latino tornou-se «e». Quando se entrou a reformar a pronuncia segundo
0 typo latino, a regressão do « u » inicial atond a «in» (ou «im») deu-se
avulsamente, resultando d'ahi as incoherencias que neste ponto, como em
outros, apresenta o nosso léxico. Nos Lusiadas encontram-se as fôrmas,
que actualmente só se ouvem na pronuncia popular: emperador: vii 57,
IX 79; encenço; x loi; enveja: i 4, 39; x 156; envejoso: n 50. Ao lado
de «ensinar», occorre «insinar» (que também se lê, por ex., em Castanh.,
1 14, duas vezes). A fôrma «enteiro» estava cahindo em desuso no
tempo de Camffes, que diz sempre «inteiro»: i 9, vi 98, viii 23, x 45.
esforço: i 75, m 79, iv 13, vn 71, etc. E' o termo empregado, por
via de regra, no português antigo para significar a idéia que passou
334 os lusíadas
I.* ed.]: III 35; IV 29, 31; viii 12 cm A; x 14, 28, 38, 55, 66. Nos luga-
res onde vem «imigo», deve suppor-se que ou CamOes se esqueceu de
p(5r sobre o < m > o traço indicativo de consoante dobrada ou o compo-
sitor nao reparou nelle. E' também o que sem duvida aconteceu com: i)
flama; vi 13, ix 31, 49; inflamar: iii 45, 46; vi 63; ix 83 (flamma: viii
72); 2) imortal: viii 12, ix 42 (immortal: iii i; v 42 vi 95; viu 59; ix
31, 92, 95; immortalidade: ix 90); 3) imenso: iv 59 (immenso: v 9, 80;
IX 86, ■50; x 13); 4) imobil: ix 53, 86; 5) inocência: in 128, viii 55
(innocencia: iv 98); inocente: m 39; 6) sumo: 11 20; v ig, 44 (summo:
iii 43; IV 51; viu 57 (também: immoto: 11 28; x 15: immundo: v 79;
innumero: ni 66). Segundo me parece, deu-se o mesmo com: acomodado:
II 23; comendadores: viu 33; comercio: vii 62; viii 92; ix 4, 13; como-
ver: II 33, 42; X 79; comum: vii 84; comunicar: v 76; encomendar:
II 2; V 74; VI 42; gemas: vii 57; sumerso: vii 8.
Interposiçâo a) entre dois (ou mais) membros coordenados do
discurso, de um elemento que pertence em commum a ambos os mem-
bros: i 7, 57, 90; II 54, 56, 61, 67, 88; III 7, 16, 55, 60, 125, 132; IV 72,
89, 103; V 4, 30, 38, 55, 62, 99; VI 18, 32, 67, Si, 84; vii 29, 60, 79;
VIII 10, 34, 45, 98, 99; IX 10, 26, 43, 49, 53, 61, 63, 69, 73, 74, 85;
X 14, 23, 27, 60, 75, 87, 94, 127, 128, 130, etc.; 6) de palavras accentua-
das entre as fôrmas atonas dos pronomes e o verbo para que estas per-
tencem; II 14; IV 96; v 32; IX 6, 49; era prática também da prosa,
v. por ex., o texto de .Castanheda transcripto no com. a 11 14.
ir; < vas » (indicativo): n 4; iv 90; viii 61; x 79; é fôrma litteraria
no sec. XVI, v., por ex., Ant. de Sousa, Manual de Epicteio, cap. 39; o
ainda é fôrma popular em alguns pontos do país (v. Rev. Lusitana^ xi,
pag. 285).
Jcsu: III 117; X 108, 115; ó fôrma corrente nos escriptores anti-
gos, V., por ex.. Dam. de Goes, D. Man. i 79, 102; F. M. Pinto, cap. x.
longô = longinquo: v 41; vii 24; é significado que falta no Dicc.
de Moraes. Em iii 63 as ed. de 1572 trazem «de longos; nSo é impossí-
vel que o Poeta assim dissesse, pois que « Passar bem de longuo d'ella »
vem no Canc. de Ròsende, 11 335, 22.
martyre : m 74; também, por ex., em H. Pinto, 11 255 da i.® ed.;
Di. Affonso, IHst. de .S'. Thomds, pag. 76.
melo; < meios mortos»: iii 50, 113; «meia escondida»: x 131.
menos; fazer menos: x 17 (locução que Moraes nío regista),
milhor: i 77; 11 46; IX 83, etc.; e fôrma devida a influencia da .
palatal «Ih», e corrente na litteratura antiga.
mim resulta de < mi > por influencia do « m » inicial (como em
« mâe » ao lado de « pae »); nos Lusíadas é a fôrma predominante.
minlna, mlnlno; é a fôrma que vem nos Lusíadas: ii 36; iii
125; IV 3, 92; IX 30, 35, etc.
33Õ os LUSÍADAS
parece ter começado nos casos em que o < z » era seguido de outra con-
soante no interior de dicções, v. g. cm « alinizquerc » (Castanh., i 13),
« bazcolejar »' (H. Pinto, i pag. 93, 245, 355 da i." ed.), « ezcarlata » (Cas-
tanh., I 6; mas já « escarlata » nos Ltesiarias, 11 77, se niSo ha erro typo-
graphico), « ezquerdo » {Lus., v 4, vii 39), «jazmim» (Vasconc., Memor.
das proe., i 17; Orta, Col. xxv; Lits., x i), « Mazcarenhas » (Castanh.,
VI 71; Lus., X 56, 69), « Mazcate » (Castanh., n 56; Orta, Col. xxiv, mu-
dado para «Mascate» na ed. do Conde de Ficalho; Lus., x 41), maz-
morra {Canc. de líès., ni 122), mezquinho {Canc. de Rès., 11 17, iii 477;
Lus., III 118, IV 90, IX 80), mezquita (Castanh,, 11 55, iii 56, viii 96),
(noz) nozcada (carta de D. Manoel, de 1499, Alguns documetitos..,
pag. 96; carta de Aff. de Alb. de 1512, ibd. 261). D'entre as palavras
graves que terminavam em « z » v. g. « alférez » {Lus., iv 27), vem « sim-
prez» com * s » final nos Lusíadas em iv 98, certamente por erro
typographico. b) A graphia antiga — do tempo em que nSo estava
em uso o hyphen — do « s » dobrado na enclitica « se » occorre nòs
Lusíadas em: chegasse: vi 58 em A, enxergasse: x 78, vesse: v 32,
asse:'( —ha-se): i 75. Depois de proclitica terminada em vogai, o som
surdo do « s>» indicado pela duplicaçSo do «s» vem em: assi ( — a si):
viii 15 (duas vezes), Desse (=5De se): ix 73. O «s» dobrado,'para o
mesmo fim, no interior de palavras compostas, está em: altissono: 11 90;
horrisono: 11 100.
salnço: 11 43; cf, « saluçar » em II. Pinto i 441 v da i." èd.,'« sa-
luço » no Dicc. de Cardoso. >
-SC- Nos verbos portugueses representantes de verbos latinos em
-scere (ou que passaram popularmente a seguir o typo dos verbos em
■scere), o nas mais partes da oraçSo que a elles se prendem etymologi--
camente, a graphia -sc- (v. g. «cresce ») nüo representa no tempo de
Camões a pronuncia real (v. na minha edição das Obras de Chrisiovão
Falcão, o numero vi do « Excurso segundo »), — e ainda no nósso tempo
Simões Dias rimou «nasce» com «face» no Mundo interior, pag. 79
da ed. de 1896—. Quando ha rima, Camõos escreve: crece: n 77;
IV 81; VI 70; viii 23; dece: vi 64, viii 47; decem: vi 17, x 132; nace:
VI 10; pace: vi 10. Em dicções em que ainda hoje se conserva a pronun-
cia antiga, occorrem as graphias inexactas: esclarescido: iv 79; Paresce:
IV 66 em A.
seguir; « sigue » (x 76) é imperativo antiquado.
Slntra é a graphia do tempo em que o som do « s» era differente
do do «ç» em todo o pais. Segundo o Dr. Leite de Vasconcellos, a mu-
dança do «S» para «Ç» foi talvez devida a suppor-se connexâo etymolo-
gica entre o nome d'aquella serra e « Cynthia », epitheto greco-romano da
deosa da Lua. Effectivamente «a Lisboa edíficada (v 91) vem « De Cyn-
thia tomou Cintra celebrada | O nome », e Garcez Ferreira, na nota 56 do
340 os LÜSIAttAS
Commentario ao iii Canto dos Lusíadas, chega a dizer que, por ser o
nome derivado de «Cintia», errílo os que escrevem Si7itra%.
Taprobana, em latim e TaprobUna. Os poetas latinos, para satis-
fazerem a necessidade métrica, tomavam a liberdade de èmpregar, em
palavras peregrinas, as vogaes breves como longas, e vice-versa. Por ex.,
Ovidio nas Metamorphoses diz Sidoítiae comitês (iv 543) e Sidõtiius
hospes (iii 129). Semelhantemente Camões, em nomes proprios (nao vul-
gares) greco-latinos, e ainda em alguns propriamente latinos, que em
latim sao accentuados na ante-penultima, accentua ás vezes a penúltima.
Na maioria porím d'cstes casos segue a analogia de palavras já correntes
no vocabulario nacional, assim diz «Centimâno» como «Oceano» (em
latim OceUnus), «Policêna» como «Helena» {Heí<(na). Demais, applicou á
lingoa nacional a liberdade que tem a poesia latina de empregar como
longa a penúltima breve, quando seguida de muda e liquida, e accentuoii
«Cleopátra», em lugar de «Cleópatra». O mesmo tinham feito os nossos
poetas do Renascimento — para n3.o fallar dos poetas do Cancioneiro de
Ròsende —, e os poetas castelhanos e italianos: Sá de Miranda rima
«Anibal» com «fatal» {Carta a J. R. de Sá), JoSio de Mena Hyferboreos
com Hebreos (copia 40 da ed. de 1552), Eolo com solo (ç. 64), Canace
com nace (c. 102), Cerbero com marinero (c. 248), Da?iao com Amphia-
rao, {La coronacion, c. 8), Cicladas com dese?ifrenaílas (ibd. c. 21),
lioreas com seas (ibd. c. 49); Garcilaso Climenc com tient (ecl. 3.^);
r'etrarca Antioco com loco {Tr. d'Amore, 11); L. Tansillo Leucopetra com
cetra {Stanze a B. Martirano, iii); Pompeo Pace Hasdruballe com SpalJe
{Stanze colligidas por Lud. Dolce, pag. 481); Ariosto diz: Dal biatico
Seita alV Etiope adusto {Orl. Fur. xxxviii 12). Ainda modernamente
o traductor italiano de Theocrito, Pagnini, accentuou Ecüba no idyllio
15, e A. J. Viale no Bosquejo métrico (n 9) disse «Peripáto».
Nos Lusíadas Camões pronuncia com accento na penúltima: arche-
typo (x 79), Cappadoces, Centimano, Cinyras, Cleopatra, Clymene, Demo-
doco, Eolo, epitheto (x 124), Ethiopes (v 62), Gedrosia (também no Oil.
fur., I 45, vem, na rima, Circassia), Glaphyra, Heliogabalo, Idolatra
(vii 73, vni 85, X 147), Leucothoe, Naiades, Polycena, Semeie, Semiramis,
Taprobana, Zopyro; e com o accento na ultima: Annibal. Também disse
«Próteo» (i 19) e «Proteo» (vi 20, 36; x 7), e «Proteio» (vii 85); e
«Théseo» (11 112) e « Theseu » (iii 137). Em x 8, «lopas» deve consi-
derar-se accentuado normalmente: «lópas», constituindo «lo-> duas
syllabas métricas, exactamente como em «Ethiopes» em v 62).
Tempos (e modos). No emprego dos tempos (e modos) dos
verbos os Lusíadas apresentam incongruências que não se estranhavam
entilo, mas que hoje em dia nSo se permittem; assim, por necessidade da
metrificaçao, Camões d) coordena o presente histórico com tempos preté-
ritos, v. g. em t 90, 7; II 12, 4-8; b) põe o presente historico em orações
REGISTO PHILOLOGICO 341
IX 8i, 8; X 71, 5-6; 78, 5-6; e i i, 5-6; iv 12, 5-6; pertcncem á segunda
os de: ii 14, 9, 1-2; vi 34; S; ix 14, 6-7; x 13, 6-7 ; 62, 8.
Tutuão; IV 34; é füi-ma que se vS também na Chrcn. de D. Joào
de Mtneses cap. 22 e 154, em Fi anc. de Andrade, Chron. de D. João in,
cap. 41. (Também na carta, em castelhano, de 1510, de D. Fernando de
Castella a D. Manoel de Portugal, vem Tutiian mais de dez vezes; v.
Aignns documentos.., pag. 227).
vei". A pronuncia antiga da 3.* pessoa do plural do presente indi-
cativo é «vem » (em Rodr. Lobo, Primavera, Mor, 4.'^, rima com «nin-
guém»); assim como « crem » de «crer» e «lem > de der». Nos Lusía-
das: vem (i 17; m 51 ; v 17; vi 9, 10; vn 47; vni 45 [antevÊm] ix 34);
crem (n 16; viii 9).
veo = vello: III 72, IV 83 : é vocábulo que Moraes nSo regista.
Z, no interior das palavras, seguido de consoante, v. «S'»: final de
patronymicos, v. « Patronymlcos».
COMPANHIA PORTUGUEZA EDITORA
FOK-TO
Edições no prélo:
Sonetos de Camões
Revistos pela
Adagíos Populares
Edição luxuosa.
'
Trovas d'Amor
Colígídas por
João do Minho.
ftsjus!iTao'i
■ .;■<
I
'-i
4
ft
■4
^{,7 !'0lShf3)í
.RfiilcnO' '..ü
zoíg^-hk'
■ /; ' -iO ,D