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Projeto de Iluminação Industrial com LED através

de Contrato de Desempenho: Fitesa II


– Seminário de Eficiência Energética no Setor
Elétrico (SEENEL)
Odair Deters1; Cristian Sippel2;

Resumo
Iniciativas que resultam em maior eficiência energética são economicamente viáveis. Ações proativas no sentido de
eficiência e capacitação de projetos para aumentar a competitividade dos produtos do setor industrial contribuem para
o desenvolvimento da empresa e do país. Portanto o projeto Fitesa II executado através do Programa de Eficiência
Energética da RGE no setor industrial, através de contrato de desempenho, beneficiando a empresa Fitesa Nãotecidos
SA., localizada em Gravataí/RS. O projeto aplicou a substituição de lâmpadas menos eficientes por tecnologia LED e
automação dos sistemas de iluminação, tendo um investimento total de R$ 852.374,24, apresentando como resultados
uma economia de energia para a indústria de 773,29 MWh/ano e uma redução de demanda na ponta de 93,67 kW,
gerando um Retorno Custo Benefício (RCB) de 0,57.

1. Introdução
No decorrer das décadas pode-se perceber que o uso da energia elétrica foi primordial para o crescimento de
diversos setores. Esse período foi marcado por uma grande demanda energética provocada pelo surto de
desenvolvimento que se deu juntamente com uma falta de recursos para investimentos estruturais que colaborou
para inúmeras consequências ambientais. A questão é que o modelo tradicional de desenvolvimento focava no
aumento de oferta de energia para sustentar o crescimento da economia, fator que elevava os custos de produção
e provocava um aproveitamento inadequado dos equipamentos, bem como, uma diminuição da vida útil dos
mesmos.
Equipamentos e hábitos de consumo passaram a ser analisados em termos da conservação da energia tendo sido
demonstrado que muitas iniciativas que resultam em maior eficiência energética são economicamente viáveis, ou
seja, o custo de sua implantação é menor do que o custo de produzir ou adquirir a energia cujo consumo é evitado.
Mais recentemente, a busca pela eficiência energética ganhou nova motivação. Em adição à perspectiva de custos
mais elevados da energia de origem fóssil, a preocupação com a teoria das mudanças climáticas decorrentes do
aquecimento global do planeta, atribuído, em grande medida, à produção e ao consumo de energia, trouxe
argumentos novos e definitivos que justificam destacar a eficiência energética quando se analisa em perspectiva a
oferta e o consumo de energia.
Este trabalho tem por objetivo apresentar o projeto de eficientização realizado pela Rio Grande Energia (RGE)
dentro do seu Programa de Eficiência Energética (PEE) no setor industrial, especificamente na empresa Fitesa
Nãotecidos SA., em 2016, denominado de “Fitesa II” por ser continuidade de outro projeto realizado em 2015 na
mesma planta industrial, localizada no município de Gravataí/RS.

2. Motivação
A conscientização de economia de energia pode ser analisada e implementada, visando ganhos e à transformação
da energia em riqueza, através de aperfeiçoamento de equipamentos e processos. Utilizar racionalmente a energia
pode se tornar um diferencial competitivo, onde as empresas estarão aplicando novas formas de economizar
energia e assim aplicar em novos produtos e processos, ou seja, ações proativas no sentido de eficiência e
capacitação de projetos para aumentar a competitividade dos produtos da empresa e assim contribuir para o
desenvolvimento sustentável do país, permitindo um futuro melhor para todos. Esta consciência pela eficiência

1
Este trabalho foi desenvolvido no âmbito do Programa de Eficiência Energética regulado pela ANEEL (PEE) e consta dos Anais do V
Seminário de Eficiência Energética no Setor Elétrico (V SEENEL).
1
Odair Deters, Rio Grande Energia SA (odeters@rge-rs.com.br)
2
Cristian Sippel. Rio Grande Energia SA (csippel@rge-rs.com.br)
energética interessa também as concessionárias fornecedoras, pois a eficiência aumenta a competitividade e a
permanência no mercado, garantindo recursos para melhorar seus serviços e atender toda a população, além de
evitar em comprometer o meio ambiente reduzindo impactos decorrentes da implementação de projetos de novas
usinas geradoras.
Sendo assim, a RGE desenvolve anualmente projetos em parceria com industrias de sua área de concessão, sendo
que em 2015 realizou um projeto na Fitesa Nãotecidos SA., cujo resultados obtidos de 839,52 MWh/ano de energia
economizada e 100,80 kW de redução de demanda na ponta, incentivaram uma continuidade do projeto.
Ainda, observa-se que o desenvolvimento econômico tem grande influência sobre o aumento de consumo de
energia na atual conjuntura, visto que, o mesmo é resultado de setores em ascendência, que buscam maximizar
lucros, tais como o industrial, o comercial, entre ouross. Dentre esses, vale destacar que o industrial é o maior
consumidor de energia, sendo o que mais usou a eletricidade como fonte energética, é o que mostra a Figura 1.

Figura 1: Consumo de Energia Elétrica por setor [1]

Portanto, no setor industrial, parte do consumo final de eletricidade é para o sistema de iluminação, pois, os postos
de trabalho devem ser iluminados o suficiente para garantir que se tenha o melhor rendimento possível na atividade
executada, uma vez que o processo produtivo exige um iluminamento adequado para se obter uma percepção
visual mais apurada. Assim sendo, é interessante o investimento em ações de eficiência energética nesse campo,
no intuito de se reduzir a capacidade instalada de sistemas de iluminação utilizando-se outras tecnologias, tais
como luminárias e lâmpada eficientes.

3. Destaques
O projeto de eficiência energética desenvolvido na Fitesa baseou-se nas ações de retrofit em 341 pontos do sistema
de iluminação e a automação de 210 pontos de iluminação.
As ações tem os seguintes objetivos:
• Automação: o objetivo desta etapa foi realizar a automação (on-off) ou por dimerização de 210 pontos de
iluminação existentes em diferentes ambientes da Fitesa Gravataí.
• Substituição de luminárias e lâmpadas: o objetivo desta etapa foi realizar a eficientização de 341 pontos
de iluminação existentes, em diferentes ambientes da Fitesa Gravataí, por modelos mais eficientes,
utilizando tecnologia LED.
O sistema de iluminação antigo era composto por luminárias de sobrepor, estilo “Highbay” com lâmpadas de
Vapor Metálico de 400W, ovoides, E40 e luminárias para duas lâmpadas tubulares HO de 110W. As luminárias
“Highbay” foram substituídas por luminárias de sobrepor, estilo “Highbay”, com tecnologia LED de 134W e as
lâmpadas fluorescentes foram substituídas por lâmpadas LED Tube de 36W. O processo teve rigorosos
investimento em segurança, como o caso de alpinistas profissionais para os trabalhos de substituição das
luminárias, conforme observado na Figura 2 e na Figura 3, onde também registra-se o comparativo entre o antes e
o depois.

Figura 2: Lâmpadas trocadas na RS1 Produção

Figura 3: Comparativo antes e depois no RS4

4. Resultados
A eficientização da iluminação se deu através da substituição das luminárias de Vapor Metálico 400W de baixa
eficiência energética, por luminárias High Bay de LED de 134W e de lâmpadas fluorescentes de 110W para
lâmpadas LED Tube de 36W.
Os ambientes de produção e manufatura da Fitesa que possuem incidência de iluminação natural através de telhas
translucidas ou domus prismáticos receberam um sistema de automação por dimerização onde sensores de
luminosidade foram instalados em posições adequadas para variar a luminosidade artificial de acordo com
intensidade luz solar, dessa forma mantendo o nível de iluminamento exigidos pelas normas técnicas vigentes.
O projeto teve um investimento total de R$ 852.374,24, sendo idealizado através da modalidade de Contrato de
Desempenho, e apresentou como resultados uma economia de energia para a indústria de 773,29 MWh/ano e uma
redução de demanda na ponta de 93,67 kW, gerando um Retorno Custo Benefício (RCB) de 0,57.
O projeto ainda serve de exemplo a indústrias que desejam ingressar via Chamada Pública de Projetos.

5. Conclusões
O projeto demonstra que a tecnologia LED mostra-se promissora para o setor industrial, visto que as lâmpadas
LED estão em uma fase ascendente de crescimento, pois atualmente são poucas as tecnologias que são capazes de
proporcionar uma economia com retorno do investimento em menos de cinco anos. Pode-se considerar que em
matéria de retorno do investimento, essa tecnologia tem retorno em curto prazo. E os projetos desenvolvidos em
parceria entre distribuidoras e industrias através do PEE, permite a modalidade de contrato por desempenho.
Atualmente o desperdício de energia devido à iluminação ineficiente é muito grande. Uma boa iluminação ainda
é fator primordial para o bem estar do homem, podendo esta ser proporcionada com a conscientização de todos
sobre o custo de energia, além disso, entende-se que com o uso da tecnologia LED contribui-se diretamente para
a preservação do meio ambiente.
A adoção de lâmpadas LED na iluminação estabelece um novo patamar no que se refere à qualidade e eficiência
energética nesse setor, pois uma lâmpada LED possui uma maior eficiência energética se comparadas às
tecnologias atuais, como comprovado em neste estudo.
Os resultados obtidos demonstram que a substituição de lâmpadas de vapor de sódio por lâmpadas de LED no
sistema de iluminação, para as indústrias gera uma redução do desperdício e consequentemente, uma diminuição
com gastos devido a um custo benefício promissor. Além disso, pode-se verificar que o PEE, gera um aumento da
demanda de tal tecnologia, o que colabora para tornar o mercado mais competitivo no campo da iluminação,
contribuindo para o aperfeiçoamento da tecnologia LED e reduzindo custos com a produção dos mesmos, tornado
assim as lâmpadas LED cada vez mais acessíveis aos consumidores de modo geral.

6. Referências Bibliográficas (opcional)


Relatórios Técnicos:
[1] EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA – EPE – Balanço Energético Nacional 2012 – Eficiência Energética. Disponível em:
<https://ben.epe.gov.br/downloads/Relatorio_Final_BEN_2012.pdf > 2012. Acesso em: 28 de dezembro de 2016.

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