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A INICIAÇÃO CRISTÃ

OBSERVAÇÕES PRELIMINARES GERAIS


1. Os seres humanos, libertos do poder das trevas, graças aos sacramentos da iniciação
cristã, mortos com Cristo, com ele sepultados e ressuscitados, recebem o Espírito de
filhos adotivos, e celebram com todo o povo de Deus o memorial da morte e da
ressurreição do Senhor.
2. O batismo os incorpora a Cristo, tornando-os membros do povo de Deus; perdoa-lhes
todos os pecados e os faz passar, livres do poder das trevas, à condição de filhos
adotivos, transformando-os em nova criatura pela água e pelo Espírito Santo; por isso,
são chamados filhos de Deus e realmente o são. Assinalados na crisma pela doação do
mesmo Espírito, são configurados ao Senhor e cheios do Espírito Santo, a fim de
levarem o Corpo de Cristo quanto antes à plenitude. Finalmente, participando do
sacrifício eucarístico, comem da carne e bebem do sangue do Filho do homem, e assim
recebem a vida eterna e exprimem a unidade do povo de Deus, oferecendo-se com
Cristo, tomam parte no sacrifício universal, no qual toda a cidade redimida é oferecida a
Deus pelo Sumo Sacerdote; e ainda suplicam que, pela abundante efusão do Espírito
Santo, possa todo o gênero humano atingir a unidade da família de Deus. De tal modo
se completam os três sacramentos da iniciação cristã, que proporcionam aos fiéis
atingirem a plenitude de sua estatura no exercício de sua missão de povo cristão no
mundo e na Igreja.
I. A DIGNIDADE DO BATISMO
3. O batismo, porta da vida e do Reino, é o primeiro sacramento da nova Lei, que Cristo
instituiu para que todos possam alcançar a vida eterna, e, em seguida, confiou à sua
Igreja juntamente com o Evangelho, quando ordenou aos apóstolos: "Ide e ensinai a
todos os povos; batizai-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo". Assim, o
batismo é, antes de tudo, o sinal daquela fé com a qual os seres humanos respondem ao
Evangelho de Cristo, iluminados pela graça do Espírito Santo. Por conseguinte, a Igreja
nada tem de mais importante e de mais próprio do que despertar em todos, catecúmenos,
pais, ou padrinhos dos batizandos, aquela fé verdadeira e ativa, pela qual, dando sua
adesão a Cristo, iniciam ou confirmam o pacto da nova aliança.
Para essa finalidade ou meta deve ser orientada a instrução pastoral dos catecúmenos, a
preparação dos pais, a celebração da Palavra de Deus e a profissão de fé batismal.
4. Além disso, o batismo é o sacramento pelo qual as pessoas passam a pertencer ao
corpo da Igreja, "co-edificadas para constituir a habitação de Deus no Espírito", como
"povo santo e sacerdócio régio"; é também o "vínculo sacramental da unidade existente
entre aqueles que com ele são marcados". Por causa desse efeito imutável, declarado na
própria celebração do sacramento na liturgia latina, quando os batizados são ungidos
pelo crisma na presença do povo de Deus, o rito do batismo deve ser tido em alta estima
por todos os cristãos e não pode ser novamente conferido a quem já o tenha recebido
validamente das mãos de irmãos separados.
5. "O banho com água unido à palavra da vida", que é o batismo, lava os seres humanos
de toda culpa, tanto original como pessoal e os torna "participantes da natureza divina"
e "da adoção de filhos". O Batismo é, pois, o "banho da regeneração" e do nascimento
dos filhos de Deus, como é proclamado nas orações para a bênção da água. Invoca-se a
Santíssima Trindade sobre os batizandos, que são marcados em seu nome, para que lhe
sejam consagrados e entrem em comunhão com o Pai, o Filho e o Espírito Santo. A tal
sublimidade deve preparar e conduzir as leituras bíblicas, as preces da comunidade e a
tríplice profissão de fé.
6. Bem mais valioso que as purificações da antiga Lei, o batismo produz todos os
efeitos supramencionados, em virtude do mistério da paixão e da ressurreição do
Senhor. Todos os que são batizados, enxertados nele por morte semelhante à de Cristo,
juntamente com ele sepultados na morte, são convivificados e conressuscitados com ele.
O batismo recorda e realiza o mistério pascal, uma vez que por ele as pessoas passam da
morte do pecado para a vida. Razão pela qual em sua celebração, sobretudo na vigília
pascal e nos domingos, convém que transpareça a alegria da ressurreição.
II. OFÍCIOS E FUNÇÕES NA CELEBRAÇÃO DO BATISMO
7. Compete principalmente ao povo de Deus, isto é, à Igreja, que transmite e alimenta a
fé recebida dos apóstolos, preparar com o maior cuidado o batismo e a formação cristã.
Mediante o ministério da Igreja, os adultos são chamados pelo Espírito Santo ao
Evangelho, ao passo que as crianças são batizadas e educadas na fé da mesma Igreja. É
importante que, desde a preparação do batismo, os catequistas e outros leigos cooperem
com os sacerdotes e diáconos. Por isso, é de toda conveniência que na celebração do
batismo, o povo de Deus seja representado não somente pelos pais, padrinhos e
parentes, mas também, enquanto possível, pelos amigos, familiares, vizinhos e outros
membros da Igreja local. Assim o povo de Deus, tomando parte ativa, manifestará a sua
fé, exprimirá a alegria com que a Igreja recebe os neobatizados.
8. Conforme uso muito antigo na Igreja, o adulto não é admitido ao batismo sem um
padrinho, escolhido dentre os membros da comunidade cristã, para que o ajude ao
menos na última preparação ao sacramento e, após o batismo, zele por sua perseverança
na fé e na vida cristã. Também no batismo de crianças haja um padrinho que represente,
seja a própria família dos batizandos espiritualmente ampliada, seja a santa Mãe Igreja,
e, quando necessário, ajude os pais, para que a criança venha a professar a fé,
manifestando-a em sua vida.
9. Ao menos nos ritos finais do catecumenato e na própria celebração do batismo, o
padrinho intervenha, seja para dar testemunho de fé como adulto, seja para professar
juntamente com os pais a fé da Igreja, na qual é batizada a criança.
10. Por isso, os pastores de almas exijam que o padrinho, escolhido pelo catecúmeno, ou
pela família, preencha os requisitos seguintes para poder realizar os atos litúrgicos que
lhe são próprios, conforme se lê no n. 9:
1) que tenha maturidade para desempenhar esse ofício;
2) que esteja iniciado nos três sacramentos, do batismo, da crisma e da eucaristia;
3) que pertença à Igreja Católica e pelo Direito não esteja impedido de exercer tal
ofício. Todavia um cristão batizado pertencente a outra Igreja ou comunidade separada,
portador da fé de Cristo, pode ser admitido ao lado do padrinho católico (ou madrinha
católica), como testemunha cristã do batismo, se os pais desejarem, consoante as
normas ecumênicas estabelecidas para os vários casos.
13. Compete ao pároco auxiliar o bispo na instrução e no batizado adultos de sua
paróquia, a menos que haja outra determinação. O mesmo pároco, auxiliado por
catequistas e outros leigos idôneos, deve preparar e ajudar pastoralmente os pais e os
padrinhos das crianças serem batizadas, e finalmente administrar o sacramento às
crianças.
14. Os outros presbíteros, e os diáconos, uma vez que cooperadores do bispo e dos
párocos, em seu ministério, façam a preparação para o batismo e o administrem, quando
convidados ou aprovados pelo bispo ou pelo pároco.
15. O celebrante, conforme está previsto nas respectivas partes do rito, pode ser
auxiliado por outros presbíteros ou diáconos, e igualmente por leigos, nas partes que
lhes cabem, sobretudo se forem numerosos os batizandos.
16. Faltando o sacerdote ou diácono," em caso de perigo e sobretudo de morte, qualquer
fiel, e mesmo qualquer pessoa movida de reta intenção, pode, por vezes, e até deve,
administrar o batismo. Se, porém, se tratar apenas de perigo de morte, o sacramento seja
administrado enquanto possível, por alguém que tenha fé, e segundo o rito mais breve,
que se encontra mais adiante (n. 288-295). Convém, todavia, também nesse caso, que se
reúna uma pequena comunidade, e haja, s possível, ao menos uma ou duas testemunhas.
17. Todos os leigos, uma vez que são considerados membros de um povo sacerdotal, em
primeiro lugar os pais, e em razão de ofício, os catequistas, as parteiras, as senhoras que
se ocupam de obra assistenciais, sociais e familiares, e de enfermos, como também
médicos e cirurgiões, procurem aprender, conforme sua possibilidade, a maneira correta
de batizar em caso de necessidade. Os párocos, os diáconos e os catequistas procurem
informá-los, e que os bispos en suas dioceses providenciem meios adequados para sua
instrução.

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