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VADE MECUM de JURISPRUDÊNCIA em QUESTÕES COMENTADAS – STF / STJ – 2017 a 2020
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Prof. Douglas Silva

Sumário

PROCESSO PENAL ................................................................................................... 7


1. INQUÉRITO POLICIAL ............................................................................................................................................. 7

DECLÍNIO DE COMPETÊNCIA E NULIDADE DE ATOS DECORRENTES DE INQUÉRITO POLICIAL FEDERAL ...................... 7


SÚMULA VINCULANTE Nº 14 E ACESSO A DADOS DE TERCEIROS JÁ DOCUMENTADOS NO INQUÉRITO POLICIAL ...... 8
DEFLAGRAÇÃO DE INVESTIGAÇÃO CRIMINAL COM BASE EM REPORTAGEM JORNALÍSTICA ....................................... 9
NECESSIDADE OU NÃO DE INTIMAÇÃO PRÉVIA DA DEFESA PARA A TOMADA DE DEPOIMENTOS NO INQUÉRITO
POLICIAL ...................................................................................................................................................................... 10
MOMENTO ADEQUADO PARA O INTERROGATÓRIO DO RÉU NO PROCESSO CRIMINAL ............................................ 11
CONDUÇÃO COERCITIVA DE INVESTIGADO/RÉU PARA SER INTERROGADO EM PROCEDIMENTO CRIMINAL ............ 12
POSSIBILIDADE OU NÃO DE ARQUIVAMENTO DE INQUÉRITO POLICIAL DE OFÍCIO PELO MINISTRO RELATOR DA
CORTE .......................................................................................................................................................................... 13

2. AÇÃO PENAL ........................................................................................................................................................14

PENDÊNCIA DE JULGAMENTO DE AÇÃO PENAL NO EXTERIOR IMPEDE PROCESSAMENTO DE AÇÃO PENAL NO


BRASIL?........................................................................................................................................................................ 14
LEGITIMIDADE PARA AJUIZAR AÇÃO PENAL PRIVADA EM FAVOR DE PESSOA MORTA .............................................. 15
DIVERGÊNCIA ENTRE A SUSTENTAÇÃO ORAL E O PARECER JUNTADO AO PROCESSO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO ... 16
DECISÃO EM AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA RECONHECENDO A ATIPICIDADE DA CONDUTA FAZ COISA JULGADA? ....... 17
O PRINCÍPIO DO IN DUBIO PRO SOCIETATE PREVALECE NO MOMENTO DA DENÚNCIA? .......................................... 18
POSSIBILIDADE OU NÃO DE ADITAMENTO DE DENÚNCIA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO ATÉ A SENTENÇA FINAL ....... 19
FALTA DE INDIVIDUALIZAÇÃO DA CONDUTA DOS AGENTES IMPEDE OU NÃO O PROSSEGUIMENTO DA AÇÃO
PENAL? ........................................................................................................................................................................ 20

3. COMPETÊNCIA .....................................................................................................................................................21

FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO E DECLÍNIO DE COMPETÊNCIA NAS INVESTIGAÇÕES .................................. 21


COMPETÊNCIA PARA JULGAR CRIME PRATICADO POR POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL SEM RELAÇÃO COM O
CARGO ......................................................................................................................................................................... 23
AGENTE COM PRERROGATIVA DE FUNÇÃO QUE COMETE CRIME SEM RELAÇÃO COM O CARGO OCUPADO ........... 24
COMPETÊNCIA PARA JULGAR HOMICÍDIO DE POLICIAL MILITAR DURANTE ROUBO CONTRA OS CORREIOS ............ 25
COMPETÊNCIA PARA JULGAR CRIME PRATICADO POR BRASILEIRO NATO NO EXTERIOR .......................................... 26
COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR O CRIME COMETIDO EM BALÃO DE AR QUENTE TRIPULADO .............. 27
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR HABEAS CORPUS ........................................... 28
CRIMES ELEITORAIS E OS CONEXOS: COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM OU ELEITORAL? ...................................... 29
PRESERVAÇÃO DO FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO DE MEMBRO DO MINISTÉRIO PÚBLICO ........................ 34
DESMEMBRAMENTO DO PROCESSO DE CORRÉUS SEM PRERROGATIVA DE FORO .................................................... 35
COMPETÊNCIA PARA JULGAR CRIME COMETIDO NO ESTRANGEIRO VIA REDE SOCIAL CONTRA VÍTIMA NO BRASIL 36
COMPETÊNCIA PRA JULGAR CRIME DE CONTRABANDO E DESCAMINHO SEM INDÍCIOS DA TRANSNACIONALIDADE
.................................................................................................................................................................................... 37
COMPETÊNCIA PARA JULGAR CRIME AMBIENTAL PRATICADO DURANTE CONSTRUÇÃO FINANCIADA PELA CAIXA
ECONÔMICA ................................................................................................................................................................ 38
COMPETÊNCIA PARA JULGAR DIVULGAÇÃO DE IMAGEM PORNOGRÁFICA DE ADOLESCENTE VIA WHATSAPP ........ 39
COMPETÊNCIA JULGAR ESTELIONATO COMETIDO POR FALSO TRIBUNAL INTERNACIONAL DE CONCILIAÇÃO ......... 40
COMPETÊNCIA PARA JULGAR FRAUDE NA GESTÃO DE OPERADORA DE PLANO DE SAÚDE NÃO SEGURADORA ....... 41
DIPLOMAÇÃO SUPERVENIENTE DE DEPUTADO FEDERAL ATRAI COMPETÊNCIA PARA JULGAR RECURSO? ............... 42
COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR CRIME COMETIDO POR PROCURADOR DA REPÚBLICA......................... 43
COMPETÊNCIA PARA JULGAR CRIMES VIRTUAIS PRATICADOS EM ESTADOS DIFERENTES ......................................... 44

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Edição 2020.1 Atualizada até 04/04/2020


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COMPETÊNCIA PARA JULGAR CRIMES AMBIENTAIS TRANSNACIONAIS ..................................................................... 45

4. SUSPEIÇÃO E IMPEDIMENTO ................................................................................................................................46

POSSIBILIDADE OU NÃO DE ARGUIÇÃO DE SUSPEIÇÃO CONTRA O PGR .................................................................... 46

5. DAS MEDIDAS ASSECURATÓRIAS .........................................................................................................................47

POSSIBILIDADE OU NÃO DE DECRETAÇÃO DE ARRESTO PRÉVIO DE BENS DE ACUSADO ........................................... 47

6. DA PROVA ............................................................................................................................................................48

CRIME DE INCÊNDIO E FONTE DE PROVA ................................................................................................................... 48


POSSIBILIDADE OU NÃO DE COMPARTILHAMENTO DE DADOS OBTIDOS DO UIF PELA RECEITA FEDERAL ................ 50
A RECEITA FEDERAL PODE COMPARTILHAR OS DADOS BANCÁRIOS OBTIDOS SEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL? ......... 51
IMPRESCINDIBILIDADE OU NÃO DA PERÍCIA ANTROPOLÓGICA COM VINCULAÇÃO DO MAGISTRADO ..................... 52
ILICITUDE OU NÃO DA PROVA OBTIDA POR MEIO DE REVISTA ÍNTIMA COM BASE EM DENÚNCIA ANÔNIMA ......... 53
CONFIGURA PROVA ILÍCITA A CONDUTA DO POLICIAL QUE ATENDE O TELEFONE DO ACUSADO SEM AUTORIZAÇÃO?
.................................................................................................................................................................................... 54
NULIDADE OU NÃO DE LAUDO PERICIAL CRIMINAL REALIZADO E ASSINADO POR TÉCNICOS PAPILOSCOPISTAS ..... 55
NULIDADE OU NÃO DA PROVA COLHIDA EM INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA POR FALTA DA TRANSCRIÇÃO DOS
ÁUDIOS ........................................................................................................................................................................ 56
VALIDADE OU NÃO DA PROVA DECORRENTE DE REVISTA PESSOAL FEITA POR AGENTE DE SEGURANÇA PRIVADA . 57
A FALTA DE ACESSO À INTEGRALIDADE DAS CONVERSAS CAPTADAS GERA NULIDADE DA PROVA? ......................... 58
VALIDADE OU NÃO DA PROVA OBTIDA PELO ESPELHAMENTO DO WHATSAPP WEB ................................................ 59
VALIDADE OU NÃO DA QUEBRA DE SIGILO DAS CONVERSAS DE WHATSAPP DA VÍTIMA SEM AUTORIZAÇÃO
JUDICIAL ...................................................................................................................................................................... 60
AUSÊNCIA DE LACRES EM DOCUMENTOS APREENDIDOS E LEGITIMIDADE DA PROVA.............................................. 61
POSSIBILIDADE OU NÃO DE LEI ESTATUAL EXIGIR A REALIZAÇÃO DE PERÍCIA APENAS POR LEGISTA MULHER ......... 62
POLICIAL MILITAR PODE ATUAR COMO AGENTE INFILTRADO SEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL? .................................. 63
BUSCA E APREENSÃO EM IMÓVEL FUNCIONAL AUTORIZADO POR JUIZ INCOMPETENTE.......................................... 64
INDEFERIMENTO DE TODAS AS TESTEMUNHAS DE DEFESA CAUSA CONSTRANGIMENTO ILEGAL?........................... 65
ALTERAÇÃO DA ORDEM DE INQUIRIÇÃO DE TESTEMUNHAS NO PROCESSO PENAL GERA OU NÃO NULIDADE? ...... 66
PROVA OBTIDA DE CONVERSA POR FUNÇÃO VIVA-VOZ DO CELULAR DO SUSPEITO É ILÍCITA OU NÃO? .................. 67
PROVAS OBTIDAS APÓS ENTRADA EM DOMICÍLIO DE FUGITIVO EM RAZÃO DE DENÚNCIA ANÔNIMA .................... 68
POSSIBILIDADE OU NÃO DE PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVA DE TESTEMUNHA POLICIAL ................................. 69

7. SUJEITOS DO PROCESSO .......................................................................................................................................70

VINCULAÇÃO OU NÃO ÀS TABELAS DE HONORÁRIOS ELABORADAS UNILATERALMENTE PELA OAB ........................ 70


VINCULAÇÃO OU NÃO ÀS TABELAS DE HONORÁRIOS ELABORADAS PELA OAB E O PODER PÚBLICO ........................ 71
VINCULAÇÃO OU NÃO ÀS TABELAS DE HONORÁRIOS ELABORADAS PELA JUSTIÇA FEDERAL .................................... 72
NECESSIDADE OU NÃO DE JUNTADA DE PROCURAÇÃO PELO NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA .................................. 73
NECESSIDADE OU NÃO DE REMESSA DE CÓPIA DOS AUTOS AO MP QUE JÁ TENHA ACESSO AOS AUTOS ................. 74

8. PRISÃO, LIBERDADE PROVISÓRIA E MEDIDAS CAUTELARES .................................................................................75

FATOS CONTEMPORÂNEOS E REVISÃO PERIÓDICA DOS FUNDAMENTOS DO DECRETO PRISIONAL .......................... 75


PRISÃO DOMICILIAR E DECISÃO TRANSITADA EM JULGADO ...................................................................................... 77
POSSIBILIDADE OU NÃO DE AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA POR VIDEOCONFERÊNCIA ..................................................... 78
PRESO PROVISÓRIO PODE FICAR EM REGIME PRISIONAL MAIS GRAVOSO? .............................................................. 79
PRISÃO PREVENTIVA DO AUTOR DE CONTRAVENÇÃO PENAL NO ÂMBITO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. ................... 80
DUPLA CIDADANIA JUSTIFICA A PRISÃO PREVENTIVA? .............................................................................................. 82
MULHER COM FILHO MENOR DE 12 ANOS SEMPRE TEM OU NÃO DIREITO À PRISÃO DOMICILIAR? ........................ 83
POSSIBILIDADE OU NÃO DE SUBSTITUIÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA POR DOMICILIAR DE MÃE DE MENOR DE 12
ANOS ........................................................................................................................................................................... 84
CONCESSÃO DE PRISÃO DOMICILIAR A MÃE DE MENOR DE 12 ANOS EM EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA .......... 85

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NECESSIDADE OU NÃO DE REAVALIAÇÃO PERIÓDICA DA SAÚDE DO RÉU EM PRISÃO DOMICILIAR HUMANITÁRIA . 87


MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO E LAVAGEM DE DINHEIRO .................................................................. 88
LIBERDADE PROVISÓRIA E PORTE DE PEQUENA QUANTIDADE DE MACONHA .......................................................... 89
LEGALIDADE OU NÃO DE DECISÃO GENÉRICA E IMPRECISA AO DECRETAR A PRISÃO PREVENTIVA .......................... 90
PODE OU NÃO SER REVOGADA A PREVENTIVA POR NÃO TER SIDO O PRESO INTERROGADO HÁ MAIS DE 04 ANOS?
.................................................................................................................................................................................... 91
PRESO QUE AGUARDA JÚRI HÁ 07 ANOS CARACTERIZA EXCESSO DE PRAZO? ........................................................... 92
SALA DE ESTADO-MAIOR OU NÃO PARA ADVOGADO EM EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA ................................... 93
POSSIBILIDADE OU NÃO DE FIXAÇÃO DE MEDIDA CAUTELAR PARA AGENTE DIPLOMÁTICO QUE COMETEU CRIME 94
MEDIDA CAUTELAR DE AFASTAMENTO DA FUNÇÃO DE VEREADOR SEM DELIBERAÇÃO DA CASA RESPECTIVA ....... 95
PRISÃO DOMICILIAR E MEDIDA CAUTELAR DE INCOMUNICABILIDADE ENTRE PAI E FILHA ACUSADOS NA MESMA
AÇÃO ........................................................................................................................................................................... 97

9. COMUNICAÇÕES DOS ATOS PROCESSUAIS ...........................................................................................................98

INÍCIO DA CONTAGEM DO PRAZO RECURSAL PARA O MINISTÉRIO PÚBLICO E DEFENSORIA .................................... 98

10. SENTENÇA ............................................................................................................................................................99

JULGAMENTO DUPLICADO PELO MESMO FATO, QUAL SENTENÇA DEVE PREVALECER? ........................................... 99
NULIDADE OU NÃO DE SENTENÇA PENAL ORAL TRANSCRITA PARCIALMENTE........................................................ 100
PRESUME-SE OU NÃO A PUBLICAÇÃO DA SENTENÇA PELA MOVIMENTAÇÃO DOS AUTOS NA INTERNET? ............ 102

11. PROCESSO COMUM: TRIBUNAL DO JÚRI ............................................................................................................103

ABSOLVIÇÃO DO RÉU APÓS RESPOSTAS AFIRMATIVAS DOS JURADOS QUANTO À MATERIALIDADE E AUTORIA .... 103
ABANDONAR O PLENÁRIO DO JÚRI CONFIGURA OU NÃO ABANDONO DA CAUSA PELO DEFENSOR? ..................... 104
LEGITIMIDADE OU NÃO DE FILHO DA VÍTIMA QUE NÃO INTEGROU O PROCESSO PARA AJUIZAR RECLAMAÇÃO ... 105
CABIMENTO OU NÃO DE PRONÚNCIA FUNDADA APENAS EM INQUÉRITO POLICIAL .............................................. 106
PRONÚNCIA FUNDAMENTADA APENAS EM ELEMENTO INFORMATIVO COLHIDO NO INQUÉRITO POLICIAL. ........ 107
SUSTENTAÇÃO ORAL EM MENOS TEMPO NO JÚRI GERA OU NÃO DEFICIÊNCIA DE DEFESA TÉCNICA? ................... 109
PRAZO PARA JUNTADA DE LAUDO E CIÊNCIA À DEFESA ANTES DA REALIZAÇÃO DO JÚRI. ...................................... 110
PRONÚNCIA COM FUNDAMENTO NO PRINCÍPIO DO IN DUBIO PRO SOCIETATE CABE OU NÃO?............................ 111
APLICA-SE OU NÃO O PRINCÍPIO DA NE REFORMATIO IN PEJUS NO RECURSO EXCLUSIVO DA DEFESA? ................ 112
POSSIBILIDADE OU NÃO DA EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA CONDENAÇÃO DO TRIBUNAL DO JÚRI ............................ 113
AUSÊNCIA DE ALEGAÇÕES FINAIS ESCRITAS E ALTERAÇÃO DA TESE DE ACUSAÇÃO EM PLENÁRIO GERA OU NÃO
NULIDADE? ................................................................................................................................................................ 115

12. PROCEDIMENTOS ESPECIAIS ..............................................................................................................................116

SUBSTITUIÇÃO DO RELATOR VENCIDO NA FASE DE ADMISSIBILIDADE DA DENÚNCIA NO RITO DA LEI 8.038/90 ... 116
APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DO PROCEDIMENTO ORDINÁRIO AO PROCEDIMENTO ESPECIAL DA LEI 8.038/90 .......... 117

13. DAS NULIDADES .................................................................................................................................................118

SUSTENTAÇÃO ORAL SUCINTA DA DEFESA É OU NÃO PASSÍVEL DE CONFIGURAR AUSÊNCIA DE DEFESA? ............. 118
NECESSIDADE OU NÃO DA PRESENÇA DO ADVOGADO DO RÉU DELATADO EM INTERROGATÓRIO DO RÉU QUE O
DELATOU ................................................................................................................................................................... 119
NULIDADE OU NÃO DA SESSÃO DE JULGAMENTO POR NÃO COMPARECIMENTO DO DEFENSOR PÚBLICO INTIMADO
.................................................................................................................................................................................. 120
ORDEM DE APRESENTAÇÃO DAS ALEGAÇÕES FINAIS ENTRE CORRÉUS COLABORADORES ...................................... 121
ATUAÇÃO FIRME DE JUIZ DURANTE INTERROGATÓRIO DO RÉU QUEBRA A IMPARCIALIDADE? ............................. 122
POSSIBILIDADE OU NÃO DE ALEGAR NULIDADE DEPOIS DA SENTENÇA CONDENATÓRIA ....................................... 123
NULIDADE OU NÃO DE INTERROGATÓRIO COM O ACUSADO DURANTE BUSCA E APREENSÃO EM SUA RESIDÊNCIA
.................................................................................................................................................................................. 124
NULIDADE OU NÃO DA INTIMAÇÃO EM NOME DE ADVOGADO FALECIDO QUANDO MAIS DE UM FOI CONSTITUÍDO
.................................................................................................................................................................................. 125

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VIOLA OU NÃO O PRINCÍPIO DO PROMOTOR NATURAL A SUBSTITUIÇÃO DO ÓRGÃO ACUSADOR DURANTE O


PROCESSO?................................................................................................................................................................ 126
NULIDADE OU NÃO DO FEITO POR ATUAÇÃO DE MAGISTRADOS QUE SÃO PAI E FILHO ......................................... 127
DENÚNCIA COM BASE EXCLUSIVA EM DELAÇÃO PREMIADA OU SEM DESCRIÇÃO MINUCIOSA DOS FATOS ........... 128
INSTAURAÇÃO DE INVESTIGAÇÃO CRIMINAL E INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA COM BASE EM DENÚNCIA ANÔNIMA
.................................................................................................................................................................................. 129

14. DOS RECURSOS ..................................................................................................................................................131

RECURSO EXCLUSIVO DA DEFESA E O PRINCÍPIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS .................................................. 131


O RECURSO DO ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO OBSTA A FORMAÇÃO DA COISA JULGADA PARA A ACUSAÇÃO? ......... 132
PRAZO PARA INTERPOR AGRAVO REGIMENTAL EM MATÉRIA CRIMINAL E SUA FORMA DE CONTAGEM ............... 133
CABIMENTO OU NÃO DE RESE QUANDO INDEFERIDO O PEDIDO DE PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVA ............ 134
MANDADO DE SEGURANÇA SERVE OU NÃO PARA ATRIBUIR EFEITO SUSPENSIVO A RECURSO CRIMINAL? ........... 135
CABIMENTO OU NÃO DE RESE CONTRA DECISÃO QUE REVOGA MEDIDA CAUTELAR DIVERSA DA PRISÃO ............ 136
INCIDÊNCIA OU NÃO DE REFORMATIO IN PEJUS NA REAVALIAÇÃO DAS CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS EM RECURSO
.................................................................................................................................................................................. 137
PRAZO PARA O MP INTERPOR AGRAVO EM PROCESSO CRIMINAL CONTRA DECISÃO DE RELATOR ........................ 138
TEMPESTIVIDADE OU NÃO DE RECURSO INTERPOSTO ANTES DA PUBLICAÇÃO DO ACÓRDÃO ............................... 139
POSSIBILIDADE OU NÃO DE EXTENSÃO DOS EFEITOS DO RECURSO AO CORRÉU ..................................................... 140
POSSIBILIDADE OU NÃO DE INTERPOSIÇÃO DE RECURSO VIA E-MAIL (EQUIPARADO OU NÃO A “FAC-SÍMILE”) .... 141
CABIMENTO OU NÃO DE SUSTENTAÇÃO ORAL EM AGRAVO REGIMENTAL EM FACE DE DECISÃO DE RELATOR ..... 142
POSSIBILIDADE OU NÃO DE RECURSO ESPECIAL ADESIVO INTERPOSTO PELO MP EM PROCESSO PENAL ............... 143
QUANTIDADE DE VOTOS DIVERGENTES MÍNIMO PARA OS EMBARGOS INFRINGENTES SEREM CONHECIDOS ....... 144

15. HABEAS CORPUS ................................................................................................................................................145

CABE OU NÃO HABEAS CORPUS CONTRA DECISÃO DE MINISTRO RELATOR? .......................................................... 145
TRANSAÇÃO PENAL E PERDA OU NÃO DE OBJETO DO HABEAS CORPUS IMPETRADO ANTERIORMENTE ............... 146
SUPERVENIÊNCIA DE TRANSAÇÃO PENAL IMPEDE OU NÃO IMPETRAÇÃO DE HABEAS CORPUS? ........................... 148
CABIMENTO OU NÃO DE HABEAS CORPUS CONTRA DECISÃO MONOCRÁTICA DE MINISTRO DO STJ ..................... 149
CABIMENTO OU NÃO DE HABEAS CORPUS ORIGINÁRIO CONTRA DECISÃO MONOCRÁTICA DE MINISTRO DO STF 150
CABIMENTO OU NÃO DE AGRAVO REGIMENTAL EM FACE DE DECISÃO DE RELATOR EM HABEAS CORPUS ........... 150
CABIMENTO OU NÃO DE HABEAS CORPUS CONTRA INDEFERIMENTO MONOCRÁTICO DE PEDIDO LIMINAR ........ 151
CABIMENTO OU NÃO DE HABEAS CORPUS EM FACE DE SENTENÇA PENAL TRANSITADA EM JULGADO ................. 152
POSSIBILIDADE OU NÃO DE REMESSA DE HABEAS CORPUS AO PLENÁRIO DO STF PELO RELATOR ......................... 153
POSSIBILIDADE OU NÃO DE CONHECIMENTO DO HC APÓS SUPERVENIÊNCIA DE SENTENÇA CONDENATÓRIA ...... 154
POSSIBILIDADE OU NÃO DE HABEAS CORPUS COLETIVO .......................................................................................... 154
CABIMENTO OU NÃO DE HABEAS CORPUS CONTRA FIXAÇÃO DE MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO ... 155
CABIMENTO OU NÃO DE HABEAS CORPUS PARA DISCUTIR CRIME QUE NÃO COMINA PENA PRIVATIVA DE
LIBERDADE ................................................................................................................................................................ 156
CABIMENTO OU NÃO DE HABEAS CORPUS PARA TUTELAR DIREITO A VISITA ÍNTIMA ............................................ 157
CABE HABEAS CORPUS PARA REANÁLISE DE PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE DE RECURSO ESPECIAL? ......... 158
POSSIBILIDADE OU NÃO MINISTRO RELATOR DO STJ JULGAR O MÉRITO DE HABEAS CORPUS ............................... 159
POSSIBILIDADE OU NÃO DE RECEBIMENTO DE RECLAMAÇÃO COMO HABEAS CORPUS ......................................... 160

16. REVISÃO CRIMINAL ............................................................................................................................................161

POSSIBILIDADE OU NÃO DE REVISÃO CRIMINAL PARA REDISCUTIR A DOSIMETRIA DA PENA ................................. 161
CABE OU NÃO REVISÃO CRIMINAL EM FACE DA SUPRESSÃO E AUSÊNCIA DE ESGOTAMENTO DE INSTÂNCIA? ..... 162
CABIMENTO OU NÃO DE REVISÃO CRIMINAL CONTRA INADMISSÃO DE RECURSO ................................................. 163

17. RECLAMAÇÃO ....................................................................................................................................................164

CABIMENTO OU NÃO DE RECLAMAÇÃO EM FACE DE ATO ANTERIOR À DECISÃO PARADIGMA .............................. 164

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL ........................................................................................ 165


18. COLABORAÇÃO PREMIADA ................................................................................................................................165

ACESSO DO DELATADO ÀS DECLARAÇÕES PRESTADAS E JÁ DOCUMENTADAS ........................................................ 165


DIREITO LIQUIDO E CERTO OU NÃO À CELEBRAÇÃO DE ACORDO DE COLABORAÇÃO PREMIADA ........................... 166
COMPETÊNCIA: COLABORAÇÃO PREMIADA QUE MENCIONA AUTORIDADE COM PRERROGATIVA DE FORO ......... 168
LEGITIMIDADE DO DELEGADO PARA CONDUZIR E FIRMAR ACORDOS DE COLABORAÇÃO PREMIADA .................... 169
TERMO FINAL PARA SE MANTER O SIGILO DO CONTEÚDO DA COLABORAÇÃO PREMIADA .................................... 171
HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO DE COLABORAÇÃO PREMIADA E LIMITES DE ATUAÇÃO DO RELATOR ..................... 172
MÁXIMA EFETIVIDADE OU NÃO DA COLABORAÇÃO PREMIADA PARA SE OBTER O PERDÃO JUDICIAL ................... 174
POSSIBILIDADE OU NÃO DE PRISÃO PREVENTIVA POR DESCUMPRIMENTO DE ACORDO DE COLABORAÇÃO
PREMIADA ................................................................................................................................................................. 175

19. EXECUÇÃO PENAL ..............................................................................................................................................176

EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA E SOLTURA IMEDIATA DO RÉU ........................................................................... 176


EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA E DIREITO OU NÃO DE RECORRER EM LIBERDADE ............................................. 178
RECONHECIMENTO DA REINCIDÊNCIA NO JUÍZO DA EXECUÇÃO PENAL .................................................................. 179
POSSIBILIDADE OU NÃO DE PROIBIR DEFINITIVAMENTE O PRESO DE RECEBER VISITAS ......................................... 180
POSSIBILIDADE OU NÃO DA TRANSFERÊNCIA DO CUSTODIADO PARA PRESÍDIO FEDERAL SEM OUVIDA PRÉVIA DA
DEFESA ...................................................................................................................................................................... 181
POSSIBILIDADE OU NÃO DE REEDUCANDO EM PRISÃO DOMICILIAR FREQUENTAR CULTO RELIGIOSO .................. 182
COMPATIBILIDADE OU NÃO ENTRE SAÍDA TEMPORÁRIA E PRISÃO DOMICILIAR ..................................................... 183
POSSIBILIDADE OU NÃO DE FIXAÇÃO DO REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA MAIS GRAVOSO .............. 184
POSSIBILIDADE OU NÃO DE REVOGAÇÃO OU SUSPENSÃO DO LIVRAMENTO CONDICIONAL APÓS O PERÍODO DE
PROVA ....................................................................................................................................................................... 186
POSSIBILIDADE OU NÃO DE REMIÇÃO PELO TRABALHO REALIZADO ANTES DA PRÁTICA DO CRIME ...................... 187
POSSIBILIDADE OU NÃO DE REMIÇÃO PELA PARTICIPAÇÃO EM CORAL ................................................................... 188
POSSIBILIDADE OU NÃO DE REMIÇÃO FICTA DA PENA POR OMISSÃO ESTATAL ...................................................... 189
REMIÇÃO OU NÃO DA PENA POR TRABALHO REALIZADO EM JORNADA INFERIOR AO MÍNIMO LEGAL ................. 190
UNIFICAÇÃO DAS PENAS E ALTERAÇÃO OU NÃO DA DATA-BASE PARA CONCESSÃO DE NOVOS BENEFÍCIOS
EXECUTÓRIOS ............................................................................................................................................................ 191
É POSSÍVEL A EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE?........................................................... 192
COMPETÊNCIA PARA EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA ORIUNDA DE JULGAMENTO DE JÚRI DESAFORADO......... 193
É POSSÍVEL A EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE AINDA SUJEITA A EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO? ........................................................................................................................................................... 195
NECESSIDADE OU NÃO DE FUNDAMENTAÇÃO PARA MANUTENÇÃO DE TORNOZELEIRA ELETRÔNICA .................. 196
INOBSERVÂNCIA DO PERÍMETRO DO MONITORAMENTO ELETRÔNICO É OU NÃO FALTA GRAVE? ......................... 197
A DATA DA PRISÃO CAUTELAR É OU NÃO O MARCO INICIAL PARA CONCESSÃO DA PROGRESSÃO DE REGIME? .... 198
QUAL É MARCO INICIAL PARA CONCESSÃO DE NOVA PROGRESSÃO DE REGIME? ................................................... 199
POSSIBILIDADE OU NÃO DE TRANSFERÊNCIA DE PRESO PARA OUTRO ESTADO POR TRATAMENTO PRIVILEGIADO
.................................................................................................................................................................................. 201
UTILIZAÇÃO DE FUNDAMENTAÇÃO PADRONIZADA PARA REQUISIÇÃO DE EXAME CRIMINOLÓGICO ..................... 202
O CÁLCULO PARA A PROGRESSÃO DE REGIME DEVE CONSIDERAR O TOTAL DA PENA UNIFICADA? ....................... 203
CONSTITUCIONALIDADE DO DECRETO 9.246/17 QUE CONCEDEU INDULTO NATALINO E COMUTAÇÃO DAS PENAS
.................................................................................................................................................................................. 204
RESTRIÇÃO OU NÃO DE INDULTO QUANTO AO REGIME DE CUMPRIMENTO DA PENA DO CONDENADO ............... 205
POSSIBILIDADE OU NÃO DE CONCESSÃO DE INDULTO À PENA DE MULTA DEPOIS DE PARCELAMENTO ESPONTÂNEO
.................................................................................................................................................................................. 206
POSSIBILIDADE OU NÃO DE MANUTENÇÃO DA MEDIDA DE INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA APÓS EXTINÇÃO DA
PUNIBILIDADE ........................................................................................................................................................... 207

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20. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA ............................................................................................................................208

ADMITE-SE OU NÃO PEDIDO DE PRORROGAÇÃO DE INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA EM PLANTÃO JUDICIÁRIO? .... 208
POSSIBILIDADE OU NÃO DE INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA COM BASE EM DENÚNCIA ANÔNIMA .......................... 210
PROVA OBTIDA MEDIANTE INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA REFERENTE A CRIMES DIVERSOS DO INVESTIGADO ..... 211

RESUMO ............................................................................................................ 212


INQUÉRITO POLICIAL ................................................................................................................................................. 212
AÇÃO PENAL .............................................................................................................................................................. 213
COMPETÊNCIA........................................................................................................................................................... 213
SUSPEIÇÃO E IMPEDIMENTO .................................................................................................................................... 217
DAS MEDIDAS ASSECURATÓRIAS .............................................................................................................................. 217
DA PROVA ................................................................................................................................................................. 217
SUJEITOS DO PROCESSO ............................................................................................................................................ 220
PRISÕES, LIBERDADE PROVISÓRIA E MEDIDAS CAUTELARES .................................................................................... 220
COMUNICAÇÕES DOS ATOS PROCESSUAIS ............................................................................................................... 225
SENTENÇA ................................................................................................................................................................. 225
PROCESSO COMUM: TRIBUNAL DO JÚRI .................................................................................................................. 225
PROCEDIMENTOS ESPECIAIS ..................................................................................................................................... 227
NULIDADES ................................................................................................................................................................ 227
RECURSOS ................................................................................................................................................................. 230
HABEAS CORPUS ....................................................................................................................................................... 232
REVISÃO CRIMINAL ................................................................................................................................................... 234
RECLAMAÇÃO ............................................................................................................................................................ 234
COLABORAÇÃO PREMIADA ....................................................................................................................................... 234
EXECUÇÃO PENAL ..................................................................................................................................................... 236
INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA ................................................................................................................................... 242

SOBRE O AUTOR ......................................................................................................................................................243

PARA APRENDER MAIS RECOMENDO: .....................................................................................................................243

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VADE MECUM de JURISPRUDÊNCIA em QUESTÕES COMENTADAS – STF / STJ – 2017 a 2020
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Prof. Douglas Silva

VADE MECUM DE JURISPRUDÊNCIA em QUESTÕES COMENTADAS


POR ASSUNTO - STF / STJ – 2017 a 2020

PROCESSO PENAL
1. INQUÉRITO POLICIAL
DECLÍNIO DE COMPETÊNCIA

DECLÍNIO DE COMPETÊNCIA E NULIDADE DE ATOS DECORRENTES DE INQUÉRITO


POLICIAL FEDERAL

1. (DJUS) Para o STF, o declínio de competência para Justiça estadual gera a nulidade
dos atos judiciais decorrentes de investigação conduzida por delegado da Polícia
Federal. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Diante da requisição do MPF, a Polícia Federal instaurou inquérito para investigar


crimes de competência da justiça federal. Ao final das investigações contatou-se
também a prática de crimes de competência da justiça estatual, para onde se declinou a
competência. Na Justiça estadual, o procedimento investigatório tramitou sob a
supervisão do Juízo da Terceira Vara Criminal de Passo Fundo e do Ministério Público do
Estado, mas continuou a ser presidido por delegado da Polícia Federal. Nessa situação,
para o STF, o declínio de competência gera a nulidade dos atos judiciais decorrentes da
investigação presidida por delegado da PF, de forma que não devem ser válidos. C/E?
INFO
964/STF COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STF, o declínio de competência para a Justiça estadual NÃO
GERA nulidade dos atos judiciais decorrentes de investigação conduzida por delegado da
Polícia Federal. Isso porque, uma vez supervisionados pelo juízo competente e por
membro do Ministério Público revestido de atribuição, pouco importa que os
procedimentos investigatórios atinentes à operação desencadeada tenham sido
presididos por autoridade de Polícia Federal em outro momento. Em outras palavras,
ainda que haja posterior declínio de competência para Justiça estadual, os atos judiciais
que decorreram de diligências presididas por autoridade da Polícia Federal permanecem
válidos, ante a supervisão do juízo competente e membro do MP. O art. 5º, inciso LIII, da
CF1, ao dispor que ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade
competente, contempla o princípio do juiz natural, que não se estende às autoridades
policiais, pois não são investidas de competência para julgar. Assim, inadequado
pretender-se a anulação de provas ou de processos em tramitação com base na ausência
de atribuição da Polícia Federal para conduzir os inquéritos, inclusive na hipótese de
declínio de competência para Justiça estadual. Por fim, cumpre destacar que o inquérito
policial constitui procedimento administrativo, de caráter meramente informativo e não
obrigatório à instauração do processo criminal. Visa subsidiar eventual denúncia a ser
1
CF, art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...) LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente; (...).

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apresentada, razão pela qual irregularidades ocorridas não implicam, de regra, nulidade
de processo-crime.

STF. 1ª Turma. HC 169348/RS, rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 17/12/2019 (INFO/STF 964).

ACESSO A DADOS DE TERCEIROS

SÚMULA VINCULANTE Nº 14 E ACESSO A DADOS DE TERCEIROS JÁ DOCUMENTADOS NO


INQUÉRITO POLICIAL

2. (DJUS) Para o STF, de acordo com a Súmula Vinculante nº 14, é direito do


defensor ter acesso integral, amplo e irrestrito ao Relatório do COAF (atualmente
Unidade de Inteligência Financeira - UIF), já documentado nos autos do IP, que
menciona dados do investigado e de terceiros. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Joaquim está sendo investigado pela prática do crime de lavagem de dinheiro por
diversos agentes. Diante disso, foi juntado aos autos do inquérito policial um relatório
emitido pelo COAF, mencionando dados e informações de Joaquim e outros
investigados. A defesa de Joaquim requereu acesso integral, amplo e irrestrito, ao
referido relatório. Nessa situação, para o STF, o pedido da defesa deve ser deferido, em
respeito à Súmula Vinculante nº 14. C/E?

COMENTÁRIO
INFO
964/STF Gabarito: ERRADO. Para o STF, AFRONTA a Súmula Vinculante nº 142 o acesso integral,
amplo e irrestrito, pelo defensor, ao Relatório do COAF (atualmente Unidade de
Inteligência Financeira - UIF), já documentado nos autos do IP, QUANDO também se
menciona dados de terceiros. Isso porque, é excessivo o acesso de um dos investigados a
informações, de caráter privado de diversas pessoas, de forma ampla e irrestrita, que não
dizem respeito ao direito de defesa dele, em respeito aos direitos à privacidade e à
intimidade, assegurados constitucionalmente. Em outras palavras, o investigado não pode
ter acesso ao Relatório do COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) –
atualmente Unidade de Inteligência Financeira (UIF) - que menciona dados de outros
investigados, que são protegidos pelo segredo de justiça, mas tão somente aos dados e
peças que dizem respeito ao seu interesse de defesa. A Suprema Corte entendeu que a
Súmula Vinculante nº 14/STF não exige apenas que os documentos estejam encartados
nos autos, devendo haver a distinção quanto às peças passíveis de acesso pela parte
interessada, se sigilosas ou não. A existência de dados sigilosos de terceiros, ainda que já
documentados, configura justificativa idônea para fundamentar a restrição de acesso
integral dos autos pelo investigado. Por fim, cumpre destacar que é inviável o acesso ao
conteúdo de diligências em andamento, ou seja, elementos de prova que ainda não foram
documentados nos autos do procedimento investigatório. O objetivo é resguardar o sigilo
de investigações em curso, preservando a eficácia das medidas pendentes de
concretização e evitando que se esvaziem em seus propósitos.

2
Súmula Vinculante nº 14/STF - É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que,
já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao
exercício do direito de defesa.

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STF. 1ª Turma. Rcl 25872 AgR-AgR/SP, rel. Min. Rosa Weber, julgado em 17/12/2019 (INFO/STF 964).

REPORTAGEM JORNALÍSTICA

DEFLAGRAÇÃO DE INVESTIGAÇÃO CRIMINAL COM BASE EM REPORTAGEM


JORNALÍSTICA

3. (DJUS) Para o STJ, é impossível a deflagração de investigação criminal de ofício


pela autoridade policial com base em reportagem jornalística que narrou
ocorrência de um possível crime de ação penal pública incondicionada. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Tingulinho teve os seus dados bancários vazados clandestinamente pela imprensa, que
divulgou uma possível conduta criminosa. O delegado ao tomar conhecimento da
matéria jornalística que narrou um crime de ação penal pública incondicionada (gestão
fraudulenta de instituição financeira) deflagrou de oficio uma investigação criminal para
apurar os fatos. Para o STJ, nessa hipótese, agiu incorretamente a autoridade policial,
pois não é possível iniciar de ofício investigação criminal com base apenas em matéria
jornalística. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STJ, É POSSÍVEL a deflagração de investigação criminal de


INFO
ofício pela autoridade policial com base apenas em reportagem jornalística que narrou
652/STJ
ocorrência de um possível crime de ação penal pública incondicionada. Em outras
palavras, a investigação criminal pode se iniciar de ofício pelo delegado quanto tiver
conhecimento de uma possível prática de crime, ainda que por meio de matéria noticiada
pela imprensa. Nesse caso, trata-se de NOTITIA CRIMINIS DE COGNIÇÃO IMEDIATA,
também conhecida por ESPONTÂNEA, pois o conhecimento do crime de ação penal
pública incondicionada ocorreu durante o exercício das atividades funcionais da
autoridade policial, nos termos do art. 5º, I, do CPP3 que autoriza o início do Inquérito
Policial de ofício quando se tratar de crimes de ação pública. Não há o que se falar
inicialmente em ilicitude das provas apresentadas na matéria jornalística, como
fundamento para impossibilitar a instauração da investigação que tem como uma das suas
funções verificar a veracidade dos fatos narrados pela reportagem, bem como das provas
clandestinas divulgadas. Noutro passo, vale lembrar que também pode ocorrer a NOTITIA
CRIMINIS DE COGNIÇÃO MEDIATA também conhecida como PROVOCADA, que é quando
a notícia da ocorrência de um crime é levada ao conhecimento da autoridade policial por
qualquer pessoa, pela vítima, pelo Ministério Público ou até mesmo pelo juiz. Há também
a NOTITIA CRIMINIS DE COGNIÇÃO COERCITIVA, quando a noticia do crime é decorrente
da prisão em flagrante do agente. Forçoso lembrar-se da imprescindibilidade de se
configurar a justa causa, como condição para ação penal, evitando-se uma acusação
temerária, sendo necessária a existência de indícios mínimos de autoria e da
materialidade do crime. Por fim, para ampliar o conhecimento, importante se fazer outra
indagação: O Ministério Público também poderia iniciar de ofício a investigação criminal

3
CPP, art. 5º. Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: I - de ofício; II - mediante requisição da autoridade
judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.

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com base nessa reportagem jornalística? SIM. Conforme dispõe o art. 3º, da Resolução
181/17 do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) o procedimento investigatório
criminal poderá ser instaurado de ofício, por membro do Ministério Público, no âmbito
de suas atribuições criminais, ao tomar conhecimento de infração penal de iniciativa
pública, por qualquer meio, ainda que informal, ou mediante provocação. Dessa forma, é
possível dar inicio a uma investigação criminal com base em matéria jornalística, que se
considera uma notitia criminis espontânea.

STJ. 6ª Turma. RHC 98.056-CE, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 04/06/2019 (INFO/STJ 652).

INTIMAÇÃO DA DEFESA

NECESSIDADE OU NÃO DE INTIMAÇÃO PRÉVIA DA DEFESA PARA A TOMADA DE


DEPOIMENTOS NO INQUÉRITO POLICIAL

4. (DJUS) Para o STF, é indispensável a intimação prévia da defesa técnica do


investigado para a tomada de depoimentos na fase inquisitorial. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

A defesa de Luiz, deputado federal, investigado em Inquérito Policial, requereu ao juízo


competente que determinasse ao delegado de polícia que fizesse a intimação prévia da
defesa do acusado para participar das oitivas das testemunhas no procedimento
inquisitorial, inclusive apresentar razões e quesitos, sob pena de nulidade do ato, nos
termos do art. 7º, XXI, da Lei 8.906/94 (Estatuto da OAB). Para o STF, nessa situação, o
pedido deve ser deferido, pois é necessária a intimação prévia da defesa técnica do
acusado para a participação dos atos do inquérito policial. C/E?

COMENTÁRIO

INFO Gabarito: ERRADO. Para o STF, NÃO é necessária a intimação prévia da defesa técnica
933/STF do investigado para a tomada de depoimentos na fase do inquérito policial. O Inquérito
Policial é um procedimento informativo de natureza inquisitorial que se destina
especialmente à formação do opinio delicti. De fato, ocorre a mitigação das garantias do
acusatório e da ampla defesa. Dispõe o artigo 7º, XXI, da Lei 8.906/94: “são direitos do
advogado: (…) XXI – assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações,
sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e,
subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes
ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva
apuração”. Ou seja, o direito refere-se à assistência ao cliente INVESTIGADO, não se
estendendo a prerrogativa do advogado de dar assistência aos demais investigados e
testemunhas que não sejam seus clientes. Observa-se que entre as prerrogativas dos
advogados não consta o direito subjetivo de sua intimação prévia do calendário das
inquirições. Embora possua o direito de apresentar razões e quesitos, esse não se
confunde com o direito subjetivo de intimação prévia acerca das inquirições (art.7º, XXI,
“a”, da Lei 8.906/94). Cabe ao advogado, interessado, manter diligências nesse sentido.
Frise-se que os elementos colhidos durante a fase inquisitorial são apenas indiciários, não
servindo, por si sós, ao juízo penal condenatório. Dessa forma, não é necessária a
intimação prévia da defesa técnica do calendário de inquirições, não havendo o que se
falar em nulidade ante a ausência de intimação.

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STF. 2ª Turma. Pet 7612/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 12/03/2019 (INFO/STF 933).

INTERROGATÓRIO DO RÉU

MOMENTO ADEQUADO PARA O INTERROGATÓRIO DO RÉU NO PROCESSO CRIMINAL

5. (DJUS) Para o STF, o interrogatório do réu deve ser realizado ao final da instrução
processual, independentemente de previsão contrária em lei especial. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Jucá, senador federal, foi denunciado por, em tese, ter praticado o crime de corrupção
passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia foi recebida e o ministro relator determinou
a realização de interrogatório, nos termos do art. 7º da Lei 8.038/90 (Lei que regula as
normas procedimentais dos processos no STF). A Procuradoria Geral da República
agravou da decisão monocrática, requerendo que o interrogatório fosse realizado ao
final, para garantir melhores condições de defesa ao réu. Para o STF, nessa situação, o
pedido do MP deve ser deferido, pois o interrogatório do réu deve ser realizado ao final
da instrução processual, ainda que exista previsão diversa em lei especial. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, o interrogatório do réu deve ser realizado ao final da
instrução processual, independentemente de previsão contrária em lei especial. Ou seja,
a instrução processual penal deve se iniciar com a oitiva das testemunhas e encerrada
com o interrogatório do réu. Dispõe o art. 7º, da Lei 8.038/90: “Recebida a denúncia ou a
INFO
queixa, o relator designará dia e hora para o interrogatório, mandando citar o acusado
918/STF
ou querelado e intimar o órgão do Ministério Público, bem como o querelante ou o
assistente, se for o caso”. Contudo, esse dispositivo não está em consonância com os
princípios do contraditório e da ampla defesa. A realização do interrogatório do réu ao
final lhe proporciona melhores condições de elaborar sua autodefesa, pois terá
acompanhado a produção de todo conjunto fático e probatório antes de se pronunciar,
haja vista que o interrogatório do réu é um ato de defesa. Dessa forma, deve ser o
interrogatório do réu realizado apenas ao término da instrução criminal.

STF. 1ª Turma. AP 1027/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Luís Roberto Barroso, julgado em 2/10/2018
(INFO/STF 918).

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CONDUÇÃO COERCITIVA

CONDUÇÃO COERCITIVA DE INVESTIGADO/RÉU PARA SER INTERROGADO EM


PROCEDIMENTO CRIMINAL

6. (DJUS) Para o STF, não há ilegalidade na condução coercitiva de investigado ou


réu para que seja interrogado em procedimento criminal. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

O Partido dos Trabalhadores propôs arguição de descumprimento de preceito


fundamental (ADPF), com o objetivo de evitar lesão ao direito de não se autoincriminar,
em decorrência de determinação judicial de condução coercitiva de investigado ou réu
para serem interrogados em procedimentos criminais. Para o STF, nessa situação, o
pedido deve ser julgado procedente, pois o investigado ou réu não pode ser conduzido
coercitivamente à presença de autoridade policial ou judicial para ser interrogado. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STF, é ilegal a condução coercitiva de investigado ou réu para
ser interrogado em procedimento criminal. A condução coercitiva é o ato de captura do
investigado ou réu para levá-lo, sob custódia policial, à presença da autoridade para que
INFO seja interrogado. A prática desse ato foi superada. Dispõe o artigo 260, do CPP: “Se o
906/STF acusado não atender à intimação para o interrogatório, reconhecimento ou qualquer
outro ato que, sem ele, não possa ser realizado, a autoridade poderá mandar conduzi-lo à
sua presença”. O termo “PARA O INTERROGATÓRIO” foi considerado
INCONSTITUCIONAL, não recepcionado pela Constituição. Isso porque, com a Constituição
de 1988, restou-se consagrado o direito do réu ao silêncio, ou seja, direito de não
responder perguntas no seu interrogatório, sem que seja prejudicado. A condução
coercitiva foi substituída pelo andamento processual à revelia do réu (art. 367, do CPP 4).
Conduzir coercitivamente o investigado/réu para ser interrogado configura
responsabilidade disciplinar, civil e penal do condutor ou de quem determinou a
condução. Ainda, gerará a ilicitude das provas que forem, por ventura, colhidas. Contudo,
essa vedação não alcança a condução coercitiva de outras testemunhas, ou mesmo do
investigado ou réu para atos diversos do seu interrogatório. A condução coercitiva viola o
princípio da não culpabilidade, a dignidade da pessoa humana, bem como o direito à
liberdade de locomoção, pois enquanto não for julgado e condenado, o réu ou investigado
não pode ser tratado como culpado, uma vez que vigora no Brasil o direito a não se
autoincriminar. Dessa forma, não pode ser o investigado ou réu conduzido
coercitivamente para que seja interrogado em procedimento criminal. Por fim,
corroborando com esse entendimento, a Lei 13.869/19 (Lei de Abuso de Autoridade)
transformou em crime a determinação de condução de testemunha ou investigado,
manifestamente descabida ou sem que tenha havido prévia intimação5.
STF. Plenário. ADPF 395/DF e ADPF 444/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgados em 13 e 14/6/2018 (INFO/STF 906).

4
CPP, art. 367. O processo seguirá sem a presença do acusado que, citado ou intimado pessoalmente para qualquer ato, deixar de
comparecer sem motivo justificado, ou, no caso de mudança de residência, não comunicar o novo endereço ao juízo.
5
Lei 13.869/19 (Lei de Abuso de Autoridade), art. 10. Decretar a condução coercitiva de testemunha ou investigado
manifestamente descabida ou sem prévia intimação de comparecimento ao juízo: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.

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ARQUIVAMENTO

POSSIBILIDADE OU NÃO DE ARQUIVAMENTO DE INQUÉRITO POLICIAL DE OFÍCIO PELO


MINISTRO RELATOR DA CORTE

7. (DJUS) Para o STF, cabe o arquivamento do Inquérito Policial pelo Relator da


Corte, quando verificar a ausência de indícios mínimos de autoria ou
materialidade, principalmente nos casos em que forem descumpridos os prazos
para a instrução do Inquérito policial. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

O Ministro do STF determinou a instauração de Inquérito Policial contra Rodrigo,


deputado federal, para investigar a suposta prática de crime eleitoral por omissão de
doações na prestação de contas de campanha. O Inquérito perdurou por mais de 01
ano, sem obtenção de prova suficiente da existência do fato criminoso. Nesse interim,
em razão do novo entendimento do STF, quanto à prerrogativa de foro dos
parlamentares federais ser limitada aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e
relacionados às funções desempenhadas, a Procuradoria (PGR) pugnou pela declinação
da competência à Justiça Eleitoral. O Relator rejeitou o pedido de declinação da
competência da PGR e determinou o arquivamento do Inquérito diante da ausência de
indícios mínimos de autoria ou materialidade e pela pendência da investigação por
prazo não razoável. Para o STF, nessa situação, agiu corretamente o Relator, pois não há
INFO
justa causa para continuidade das investigações, podendo o ministro
912/STF
monocraticamente, de ofício, determinar o arquivamento do procedimento policial.
C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, CABE o arquivamento do Inquérito Policial de ofício pelo
Relator da Corte, quando verificada a ausência de indícios mínimos de autoria ou
materialidade, principalmente nos casos em que forem descumpridos os prazos para a
instrução do inquérito policial. Dispõe a alínea “e”, §4º, do artigo 231, do Regimento
Interno do STF (RISTF): “O Relator tem competência para determinar o arquivamento,
quando o requerer o Procurador-Geral da República ou quando verificar: (...); e) ausência
de indícios mínimos de autoria ou materialidade, nos casos em que forem descumpridos
os prazos para a instrução do inquérito ou para oferecimento de denúncia”. No caso em
concreto, o descumprimento do prazo para conclusão da instrução do inquérito, sem que
tenha as investigações, apontado indícios mínimos de autoria e materialidade, ofenderia à
razoável duração do processo e a dignidade da pessoa humana, não sendo admissível a
declinação de competência nessa situação. Frise-se que nada obsta que a autoridade
policial proceda a novas pesquisas se de outras provas tiver notícia, nos termos do art. 18,
do CPP6. Dessa forma, o Relator poderá determinar o arquivamento de ofício se a
investigação perdura por prazo não razoável, em que haja indícios contundentes de
autoria e materialidade da conduta do investigado.

6
CPP, art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a
autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.

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STF. 2ª Turma. Inq 4420/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/8/2018 (INFO/STF 912).

2. AÇÃO PENAL
PENDÊNCIA DE JULGAMENTO NO EXTERIOR

PENDÊNCIA DE JULGAMENTO DE AÇÃO PENAL NO EXTERIOR IMPEDE PROCESSAMENTO


DE AÇÃO PENAL NO BRASIL?

8. (DJUS) Para o STJ, a existência de ação penal pendente de julgamento no exterior,


impede o processamento da ação penal no Brasil pelo mesmo delito,
configurando bis in idem processual. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Angel foi condenado no Brasil a 07 anos de reclusão no regime fechado pela pratica do
crime de associação para o tráfico transnacional (art. 357, caput, c/c o art. 40, I da Lei
11.343/06). Ocorre que a defesa de Angel impetrou Habeas Corpus, alegando a
ocorrência de litispendência em razão de existir no Uruguai uma ação penal pendente
de julgamento sobre o mesmo fato, o que acarretaria em bis in idem processual. Para o
STJ, nessa situação, assiste razão à defesa, pois a pendência de litigio no exterior impede
o processamento da ação penal no Brasil. C/E?

INFO COMENTÁRIO
656/STJ
Gabarito: ERRADO. Para o STJ, a existência de ação penal pendente de julgamento no
exterior, NÃO impede o processamento da ação penal no Brasil pelo mesmo delito, NÃO
configurando bis in idem processual. Em outras palavras, o fato de existir uma ação penal
tramitando no exterior, ainda sem sentença definitiva, não impede a tramitação de uma
ação penal no Brasil pelo mesmo fato. Ou seja, nessa hipótese, não há ocorrência de
litispendência nem de bis in idem. Isso porque, na atual conjuntura das normas
internacionais vigentes no ordenamento jurídico brasileiro, a regra é de que para obstar a
formação, a continuação ou a permanência da relação jurídica processual no Brasil é
necessária a existência de SENTENÇA DEFINITIVA estrangeira. Estando a ação penal
pendente de julgamento no exterior, não haverá óbice ao processamento e julgamento da
demanda no Brasil. Isso, para evitar que se valham das fronteiras que servem como
barreiras à efetivação da justiça e que garante a impunidade. Dessa forma, o instituto da
litispendência possui enfoques diferentes: quando diz respeito à ocorrência de crimes
transnacionais e quando ocorridos dentro de cada ordenamento jurídico (apenas no
próprio país). Quando se tratar de crimes transnacionais, consideram-se as normas
internacionais incorporadas e vigentes no ordenamento jurídico brasileiro, decorrente da
universalização dos direitos humanos e das instâncias supranacionais, criadas para
proteger e punir os responsáveis pela prática dos delitos. Nesse passo, não há

7
Lei 11.343/06, art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes
previstos nos arts. 33, caput e § 1º , e 34 desta Lei: Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a
1.200 (mil e duzentos) dias-multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa para a prática
reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei.

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impedimento para o processamento de ação penal no Brasil quando houver pendência de


demanda penal no exterior, ainda que seja pelo mesmo fato, pois como não há sentença
definitiva, ainda poderá ocorrer a emendatio libeli (alteração da capitulação) ou a mutatio
libeli (alteração da imputação penal), além da incidência do art. 8º8 do Código Penal que
trata sobre a solução no caso de ser o agente punido pelo mesmo fato por países
distintos, prevendo a atenuação da pena imposta no Brasil quando a pena já tiver sido
cumprida no estrangeiro, ou computada na pena imposta no Brasil quando as penas
forem idênticas.

STJ. 6ª Turma. RHC 104.123-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 17/09/2019 (INFO/STJ 656).

LEGITIMIDADE

LEGITIMIDADE PARA AJUIZAR AÇÃO PENAL PRIVADA EM FAVOR DE PESSOA MORTA

9. (DJUS) Para o STJ, a companheira em união estável homoafetiva reconhecida, não


possui legitimidade para ajuizar ação penal privada, representando a
companheira falecida. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Marinete, companheira de Marielle já falecida, entrou com uma ação penal privada
contra Marília que teria cometido o crime de calúnia contra Marielle após sua morte.
Para o STJ, nessa situação Marinete não possui legitimidade para ajuizar a ação penal
privada, pois não goza do mesmo status de cônjuge para o processo penal. C/E?

COMENTÁRIO
INFO
Gabarito: ERRADO. Para o STJ, a companheira em união estável homoafetiva
654/STJ
reconhecida, POSSUI legitimidade para ajuizar ação penal privada, representando a
companheira falecida. Em outras palavras, a companheira que tenha a união estável do
mesmo sexo reconhecida POSSUI o mesmo STTATUS DE CONJUGE, ou seja, é PARTE
LEGÍTIMA para ajuizar ação penal privada. Isso porque, embora o Código de Processo
Penal (CPP) preveja no artigo 24, § 1º que “no caso de morte do ofendido ou quando
declarado ausente por decisão judicial, o direito de representação passe para o cônjuge,
ascendente, descendente ou irmão”, o STF (RE 646.721) em tema de repercussão geral
(Tema 498) reconheceu a “inexistência de hierarquia ou diferença de qualidade jurídica
entre as duas formas de constituição de um novo e autonomizado núcleo doméstico,
aplicando-se à união estável entre pessoas do mesmo sexo as mesmas regras e mesmas
consequências da união estável heteroafetiva.” Ademais, o art. 3º do CPP ADMITE A
INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA, o que permite que a presente norma se amolde à
Constituição Federal, eliminando qualquer hierarquização entre as diferentes formas de
instituições familiares, assegurando o direito à igualdade e a dignidade humana, vedando-
se o retrocesso social e jurídico. Geralmente o estudante costuma memorizar no caso do
art. 24, §1º do CPP9 a sigla CADI (cônjuge, ascendente, descendente e irmão), que pode

8
CP, art. 8º. A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é
computada, quando idênticas.
9
CPP, art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o
exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. § 1º
No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge,

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ser reescrita e memorizada como CCADI (cônjuge, COMPANHEIRO, ascendente,


descendente e irmão).

STJ. Corte Especial. APn 912-RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 07/08/2019 (INFO/STJ 654).

SUSTENTAÇÃO ORAL

DIVERGÊNCIA ENTRE A SUSTENTAÇÃO ORAL E O PARECER JUNTADO AO PROCESSO PELO


MINISTÉRIO PÚBLICO

10. (DJUS) Para o STF, a sustentação oral da acusação divergente do parecer escrito
que já havia sido juntado aos autos por outro membro do Ministério Público
Militar (MPM), não gera nulidade por violação da ampla defesa se houver
posterior ratificação do parecer divergente. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Ruan, militar, foi condenado pela prática do crime de furto qualificado (art. 240, §6º, do
CPM). Em resposta à apelação o parquet opinou pela absolvição em seu parecer escrito,
em razão da insignificância da conduta. Porém, em sessão de julgamento outro membro
do Ministério Público Militar (MPM) que atua no Tribunal, pugnou inicialmente em sua
sustentação oral pela condenação do réu. Contudo, ao final da sustentação, ratificou o
parecer escrito que opinou pela absolvição do réu. Para o STF, nesse caso, embora haja
inicialmente divergência entre o parecer escrito e o apresentado em sustentação oral,
se o ministério público ratificar o parecer inicial ao final da sustentação não haverá
INFO nulidade a ser arguida. C/E?
922/STF
COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, a sustentação oral da acusação divergente do parecer


escrito que já havia sido juntado aos autos por outro membro do Ministério Público
Militar (MPM), não gera nulidade por violação da ampla defesa se houver posterior
ratificação do parecer divergente pelo órgão. Dito de outra maneira, não há nulidade
processual em razão de o representante do MPM que atua no Tribunal, em Plenário,
divergir em sua sustentação oral do parecer juntado ao processo por outro membro do
mesmo órgão que opinou pela absolvição do acusado, desde que ratifique ao final da
sustentação o parecer escrito. Isso porque, o artigo 75, §2º do CP Militar, dispõe: “Se na
sua sustentação oral, o representante do Ministério Público Militar emitir
pronunciamento divergente do escrito, o Relator, após consultada a Defesa, poderá
propor ao Plenário o sobrestamento do julgamento, para que esse novo parecer seja
formalizado nos autos”. Ou seja, o sobrestamento não é automático, ficará a critério do
Relator, após ouvir a defesa. Ainda que haja divergência entre o parecer escrito e a
sustentação oral, se for o parecer escrito ratificado não haverá nulidade, tampouco
violação da ampla defesa.

STF. 1ª Turma. HC 140780/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 30/10/2018 (INFO/STF 922).

ascendente, descendente ou irmão. § 2º Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio ou interesse da
União, Estado e Município, a ação penal será pública.

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AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA

DECISÃO EM AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA RECONHECENDO A ATIPICIDADE DA CONDUTA


FAZ COISA JULGADA?

11. (DJUS) Para o STF, a decisão proferida pelo juiz em audiência de custódia
relaxando a prisão por considerar a atipicidade da conduta forma coisa julgada,
impossibilitando o Ministério Público de promover denúncia. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Viviane, presa em flagrante acusada de cometer o crime de associação criminosa e


corrupção de menores, foi submetida à audiência de custódia, tendo o juiz relaxado a
sua prisão, fundamentando na atipicidade da conduta da agente. Posteriormente, o
Ministério Público promoveu a denúncia sob imputação dos mesmos crimes, a qual foi
recebida. A defesa impetrou habeas corpus com o fim de trancar a ação penal, tanto no
TJ quanto no STJ, alegando constrangimento ilegal, uma vez que houve o
reconhecimento da atipicidade de sua conduta pelo juiz da audiência de custódia,
entretanto dos Tribunais concedeu a ordem. Para o STF, nessa situação, a ondem no HC
deveria ter sido concedida, pois a decisão do juiz da audiência de custódia
reconhecendo a atipicidade da conduta faz coisa julgada, impedindo o processamento
da ação penal. C/E?

COMENTÁRIO
INFO
917/STF
Gabarito: ERRADO. Para o STF, a decisão proferida pelo juiz em audiência de custódia
relaxando a prisão por considerar a atipicidade da conduta NÃO faz coisa julgada, NÃO
impossibilitando o Ministério Público de promover a respectiva denúncia. O artigo 7.5
da Convenção Americana de Direitos Humanos (CADH), dispõe que: “Toda pessoa presa
detida ou retida deve ser conduzida, sem demora à presença de um juiz ou outra
autoridade autorizada por lei a exercer funções judiciais e tem o direito de ser julgada em
um prazo razoável ou de ser posta em liberdade, sem prejuízo de que prossiga o
processo. Sua liberdade pode ser condicionada a garantias que assegurem o seu
comparecimento em juízo”. O Brasil é signatário desse Tratado, porém esse procedimento
só foi implantado em 2015. Assim, determinou o CNJ que o preso deverá ser conduzido à
presença do juiz que analisará a prisão em flagrante e verificará a legalidade do ato, em
até 24h. Ocorre que, o papel do juiz nessa audiência é de, preliminarmente, verificar a
legitimidade da prisão e a necessidade de sua manutenção, podendo relaxar ou substituir
por medidas alternativas. Essa decisão preliminar não se equipara à decisão de mérito
para efeito de coisa julgada. Ou seja, essa fase pré-processual serve apenas como
garantia dos direitos fundamentais do investigado, não podendo o juiz da custódia
adentrar no mérito que ensejou a constrição da liberdade do custodiado. No caso em
concreto, o juiz da audiência de custódia utilizou como fundamento para relaxar a prisão a
atipicidade da conduta da custodiada. Porém, como já assentado, o juiz plantonista da
custódia não pode emitir juízo de valor, contudo, ainda que entre no mérito, sua decisão
não vincula o titular da ação penal e, portanto, não obsta o posterior oferecimento da
denúncia. Dessa forma, independentemente dos motivos utilizados para conceder a
liberdade ao preso, a decisão do juiz da audiência de custódia não constituirá coisa

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julgada e poderá o MP oferecer a respectiva denúncia. Por fim, importante destacar que
a Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime), modificou o art. 310 do CPP10, passando a
prever expressamente a audiência de custódia que antes existia apenas por força da
Resolução nº 213/2015 do CNJ.

STF. 1ª Turma. HC 157.306/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25/9/2018 (INFO/STF 917).

IN DUBIO PRO SOCIETATE

O PRINCÍPIO DO IN DUBIO PRO SOCIETATE PREVALECE NO MOMENTO DA DENÚNCIA?

12. (DJUS) Para o STF, no momento da denúncia, o princípio que prevalece é o in


dubio pro societate. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Aécio foi denunciado pela suposta prática do crime de corrupção passiva. A denúncia foi
oferecida com base em depoimentos prestados no âmbito de acordo de delação
premiada, bem como em gravações telefônicas e ambientais, que apontam indícios da
prática de corrupção passiva. A Procuradoria expôs o fato criminoso, com todas as suas
circunstâncias, a qualificação do acusado, classificação do crime e o rol de testemunhas
na peça acusatória. A defesa alegou a inépcia e atipicidade do fato narrado. Para o STF,
nessa situação, se atendidos os requisitos do art. 41 do CPP, a denúncia deverá ser
recebida em prol da sociedade, ou seja, nessa fase prevalece o in dubio pro societate.
C/E?
INFO
898/STF
COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, presentes os requisitos do art. 41, do CPP11, no momento
da denúncia prevalece o princípio do in dubio pro societate. Ou seja, prevalece o direito
de a sociedade ver, sob o manto do contraditório e da ampla defesa, produzidas as provas
efetivas do alegado em face do denunciado. Dispõe o art. 41 do CPP: “A denúncia ou
queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a
qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a
classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas”. Presentes esses
requisitos na peça acusatória o Ministério Público deverá ter o direito de, em prol da
sociedade, e para afastar qualquer dúvida razoável sobre a culpabilidade do réu,
promover através do contraditório e da ampla defesa provas efetivas do alegado.
Saliente-se que a análise do recebimento da denúncia está limitada à aferição da
viabilidade formal da peça acusatória, possibilitando a compreensão da narrativa pelo
denunciado e da plausibilidade da acusação diante do material contido nos autos. A
denúncia somente será rejeitada se desde logo, sem necessidade de se produzir provas,
comprove-se que o fato narrado, por exemplo, for é atípico ou ocorrer uma das situações
10
CPP, Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da
prisão, o juiz deverá promover audiência de custódia com a presença do acusado, seu advogado constituído ou membro da
Defensoria Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz deverá, fundamentadamente: (Redação dada
pela Lei nº 13.964, de 2019) I - relaxar a prisão ilegal; ou II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os
requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da
prisão; ou III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.
11
CPP, art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do
acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.

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do art. 395, do CPP que assim dispõe: “A denúncia ou queixa será rejeitada quando: I- for
manifestamente inepta; II- faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da
ação penal; ou III - faltar justa causa para o exercício da ação penal”. Dessa forma, na fase
de recebimento da denúncia, o julgador deve se pautar no princípio do in dubio pro
societate. Frise-se que no momento da sentença final o princípio que vige é o do in dubio
pro reo.

STF. 1ª Turma. Inq 4506/DF, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 17/04/2018
(INFO/STF 898).

ADITAMENTO DA DENÚNCIA

POSSIBILIDADE OU NÃO DE ADITAMENTO DE DENÚNCIA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO ATÉ


A SENTENÇA FINAL

13. (DJUS) Para o STF, a denúncia poderá ser aditada a qualquer tempo até a sentença
final, observado o contraditório e a ampla defesa. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Foram denunciados 37 acusados perante o STJ, a partir de investigações deflagradas na


operação Caixa de Pandora, que investiga supostos crimes de corrupção passiva e de
organização criminosa. A corte recebeu a denúncia apenas em relação a 01 dos acusados
que possuía prerrogativa de foro e remeteu os demais para o Tribunal competente. Os
autos foram recebidos e o Procurador Geral de Justiça (PGJ) ratificou a denúncia, porém
o Tribunal recebeu apenas em face de 03 acusados com foro por prerrogativa e remeteu
os demais para o juízo de 1º instância. No primeiro grau, o MP ao invés de ratificar a
denúncia, alterou parcialmente o teor das imputações iniciais, aditando a peça
acusatória. A denúncia foi recebida em seus novos termos. A defesa apresentou habeas
corpus alegando nulidade por violação aos princípios do devido processo legal e da
INFO ampla defesa. Para o STF, nessa situação, não há nulidade a ser declarada, pois a
893/STF denúncia pode ser aditada a qualquer tempo até a sentença final. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, a denúncia poderá ser aditada a qualquer tempo até a
sentença final, observado o contraditório e a ampla defesa. Em outras palavras, ainda
que a denúncia já tenha sido oferecida ela poderá ser aditada, desde que seja antes da
sentença definitiva. Isso acontece porque o Ministério Público possui independência
funcional, não havendo qualquer espécie de vinculação técnica entre os membros da
instituição que atuam perante instâncias diversas, embora existam eventuais
subordinações no âmbito administrativo. O fato de um membro do MP, competente para
atuar nos Tribunais Superiores, ter adotado determinada estratégia acusatória e,
posteriormente, ser essa tese modificada por membro que oficia junto aos Juízos de 1º
instância, não torna a peça acusatória teratológica, nem configura abuso de poder ou
flagrante ilegalidade. Não se vislumbra qualquer nulidade quando outro membro,
competente para atuar no processo, proceder à alteração do teor da peça acusatória, que
tenha sido oferecida anteriormente por outro agente ministerial. Aqui deve prevalecer o
princípio do promotor natural e o princípio da independência funcional dos membros do
Ministério Público. Ademais, a nulidade da denúncia ocorreria se houvesse demonstração
concreta de prejuízo ao réu, em observância ao princípio da Pas de Nullité Sans Grief, pois

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oferecida a denúncia, ainda que em novos termos, é garantido ao acusado o exercício do


devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório, não havendo nulidade a ser
reconhecida. Dessa forma, a denúncia poderá ser aditada a qualquer tempo até a
sentença definitiva, desde que garantidos o exercício do devido processo legal, da ampla
defesa e do contraditório ao acusado. Somente é devida a nulidade dos atos processuais
que estejam aptos a causar prejuízo aos envolvidos, o que não ocorre por ser a denúncia
aditada antes de prolatada a sentença final.

STF. 1ª Turma. HC 137637/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 6/3/2018 (INFO/STF 893).

INDIVIDUALIZAÇÃO DA CONDUTA

FALTA DE INDIVIDUALIZAÇÃO DA CONDUTA DOS AGENTES IMPEDE OU NÃO O


PROSSEGUIMENTO DA AÇÃO PENAL?

14. (DJUS) Para o STF, a falta de individualização das condutas delituosas imputadas
aos acusados na queixa-crime (ou na denúncia), inviabiliza o prosseguimento da
ação penal, por manifesta ausência de justa causa. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Rabelo, deputado federal, apresentou queixa-crime contra Helder (Ministro de Estado e


sócio proprietário da Rádio Clube), Jader (Senador Federal e sócio proprietário da Rádio
Clube) e Cerqueira (locutor da Rádio Clube), imputando a eles a pratica do crime de
calúnia, difamação e injúria (art. 138, 139 e 140, §3º, do CP). Na peça acusatória
imputou a Helder e a Jader, fatos tidos por criminosos em razão da mera condição de
sócios-proprietários da Rádio Clube, por meio da qual Cerqueira (locutor) proferiu
ofensas à honra do querelante. Não constou na acusação a individualização da conduta
INFO
de Jader e Helder quanto aos crimes que lhes foram imputados. Para o STF, nesse caso,
857/STF
a queixa-crime deve ser rejeitada quanto a Jader e a Helder, pois não se pode presumir
a responsabilidade penal objetiva destes, uma vez que não houve individualização das
condutas com relação aos crimes a eles imputados. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, a falta de individualização das condutas delituosas


imputadas aos acusados na queixa-crime (ou na denúncia), inviabiliza o prosseguimento
da ação penal, por manifesta ausência de justa causa. Dispõe o art. 41, do CPP12: “A
denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas
circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa
identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas”. No
caso em concreto, não houve o preenchimento dos requisitos dispostos nesse artigo, ante
a AUSÊNCIA DA INDIVIDUALIZAÇÃO DAS CONDUTAS dos acusados na peça acusatória.
Ademais, o art. 395, III, do CPP13 autoriza a rejeição da queixa-crime quando lhe faltar
justa causa para o exercício da ação penal. Em outras palavras, faltou discriminar as
condutas praticadas por Jader e Helder, de forma que se possa determinar,

12
CPP, art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do
acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.
13
CPP, art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: I - for manifestamente inepta; II - faltar pressuposto processual ou
condição para o exercício da ação penal; ou III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.

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inequivocamente, a materialidade e a autoria delitiva dos acusados. Não se pode presumir


a responsabilidade dos agentes em âmbito penal, pois afrontaria o princípio das garantias
fundamentais, devendo-se comprovar que os acusados agiram com dolo, o que no caso
não ocorreu. Os acusados precisam saber minimamente os fatos que lhes foram
imputados de forma individualizada, para que possam exercer efetivamente o direito ao
contraditório e ampla defesa. Por fim, o fato de serem proprietários da Rádio, na qual o
Locutor praticou a conduta delituosa, não lhes ensejam a culpabilidade, pois não cabe
presunção in malan partem.

STF. 1ª Turma. Pet 5660/PA, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 14/3/2017 (INFO/STF 857).

3. COMPETÊNCIA
FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO

FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO E DECLÍNIO DE COMPETÊNCIA NAS


INVESTIGAÇÕES

15. (DJUS) Para o STF, quando há declínio de competência nas investigações em razão
da função desempenhada pelo investigado no momento em que o crime foi
cometido, não ocorre a supressão do direito de recorribilidade a ordem de envio
imediato dos autos de inquérito ao STJ, ainda que não tenha decorrido o prazo
recursal para defesa. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

André, atualmente Deputado Federal, e Ulisses, atualmente Conselheiro do Tribunal de


Contas do Estado de Sergipe, estão sendo investigados pelos fatos delituosos previstos
no art. 89 da Lei 8.666/1990 e no art. 312 do Código Penal, supostamente ocorridos no
ano de 2010, época na qual André exercia o cargo de Deputado Estadual de Sergipe e
INFO Ulisses o cargo de Presidente da Assembleia Legislativa da mesma unidade federativa.
967/STF Frente a tais indícios de crimes, a Procuradoria-Geral da República encaminhou os autos
pleiteando a instauração de inquérito originário junto ao STF, com a realização de
diligências pela Polícia Federal. Ocorre que, em análise posterior, com as investigações
já iniciadas, a PGR, assinalando os cargos exercidos atualmente pelo investigados,
pleiteou a remessa dos autos ao STJ, em razão do cargo ocupado por Ulisses
(Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de Sergipe), pois aos fatos atribuídos ao
atual Deputado Federal André, supostamente praticados à época em que exercia
funções parlamentares na Assembleia Legislativa do Estado de Sergipe, tem-se cenário
no qual não se enquadram os requisitos de fixação da competência do STF. Em razão
disso, o STF declarou a incompetência da Suprema Corte e determinou a imediata
remessa do inquérito ao STJ, sem que houvesse o decurso do prazo recursal para a
defesa. A defesa agravou a decisão, alegando a supressão do direito de recorribilidade
em face da ordem de envio imediato dos autos ao STJ sem que fosse aguardado o
decurso do prazo recursal para defesa e a necessidade da manutenção da competência
no STF ao menos até o oferecimento da denúncia, em função do avanço e da iminência
do término das apurações. Nessa situação, para o STF, não tem razão a defesa, pois não
há a supressão do direito de recorribilidade a ordem de envio imediato dos autos de
inquérito ao STJ sem que haja o decurso do prazo recursal para defesa. C/E?

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COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, quando há declínio de competência nas investigações em


razão da função desempenhada pelo investigado no momento em que o crime foi
cometido, NÃO OCORRE a supressão do direito de recorribilidade a ordem de envio
imediato dos autos de inquérito ao STJ, ainda que não tenha decorrido o prazo recursal
para defesa. Isso porque, inexiste prejuízo ao agravante, pois a determinação da imediata
remessa dos autos do inquérito ao juízo destinatário está em consonância com o novel
entendimento do Plenário firmado no julgamento da AP 937 QO. Nesta questão de ordem
o STF fixou as seguintes teses: (i) o foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos
crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas;
e (ii) após o final da instrução processual, com a publicação do despacho de intimação
para apresentação de alegações finais, a competência para processar e julgar ações penais
não será mais afetada em razão de o agente público vir a ocupar outro cargo ou deixar o
cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo, com o entendimento de que essa nova
linha interpretativa deve aplicar-se imediatamente aos processos em curso, ressalvados
todos os atos praticados e decisões proferidas pelo STF e pelos demais juízos com base na
jurisprudência anterior, conforme precedente firmado no Inq 687 QO. Dessa forma,
certificados o cargo exercido pelo investigado no momento em que o crime foi cometido e
a relação desses fatos com as funções desempenhadas, haverá o declínio de competência
e remessa dos autos do inquérito para o juízo competente, não havendo supressão do
direito de recorribilidade o envio imediato dos autos, mesmo que antes do decurso do
prazo recursal para a defesa. Cumpre destacar que a 2ª Turma asseverou que, observados
os parâmetros estabelecidos na AP 937 QO, não se deve auferir a prorrogação da
jurisdição do STF, haja vista que o avançar das apurações deflagradas no inquérito não
detém, de modo algum, a potencialidade de interferir no declínio de competência
realizado, apesar da efetiva evolução das investigações sob a supervisão da Suprema
Corte. Insta salientar que, conforme tese também fixada na AP 937 QO, se não houver
imputação criminal formalizada pelo titular da ação penal contra o investigado nem
encerramento da instrução processual penal, com o marco temporal relativo à data de
apresentação das razões finais, não haverá a manutenção da competência para processar
e julgar as ações penais em razão do agente vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo
que ocupava. Por fim, cumpre ressaltar que o STF tem entendido pela possibilidade de
imediata remessa dos autos às instâncias competentes, inclusive antes da publicação do
acórdão ou do trânsito em julgado, quando constatado o risco de prescrição. No caso, os
fatos remontam a 2010, razão pela qual a determinação da remessa imediata demonstra-
se adequada para evitar a ocorrência de prescrição antes do fim das investigações.

STF. 2ª Turma. Pet 7716 AgR/DF, rel. Min. Edson Fachin, julgado em 18/02/2020 (INFO/STF 967).

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
Prof. Douglas Silva

CRIME PRATICADO POR PRF

COMPETÊNCIA PARA JULGAR CRIME PRATICADO POR POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL


SEM RELAÇÃO COM O CARGO

16. (DJUS) Para o STF, compete à justiça federal julgar o crime de homicídio praticado
por policial rodoviário federal fora do efetivo exercício de suas atividades. C/E?

Vejamos a seguinte situação hipotética:

José, policial rodoviário federal, que se deslocava de sua residência para o trabalho,
envolveu-se em discussão de trânsito quando abordou um motorista que quase colidiu
com o seu carro ao realizar manobra inadvertida. O policial efetuou vários disparos de
arma de fogo contra o motorista que faleceu no local e foi denunciado pela pratica do
crime de homicídio. Para o STF, nessa situação, por se tratar de agente federal a
competência para julgar o policial é da justiça federal. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STF, NÃO compete à justiça federal, mas sim à justiça
estadual (Tribunal do Júri), julgar o crime de homicídio praticado por policial rodoviário
federal fora do efetivo exercício de suas atividades. Isso porque, não basta ser agente
INFO federal para que a competência seja atraída para a justiça federal, mas que o fato tenha
963/STF vinculação com este ofício. Ou seja, deve haver correlação entre a conduta praticada com
o exercício efetivo das funções do agente. Cumpre destacar que a competência será
atribuída à justiça federal quando ocorrer a demonstração concreta das hipóteses
previstas no rol taxativo do art. 109 da CF/88, entre elas, as causas em que a União for
interessada na condição de autora, ré, assistente ou oponente (art. 109, I da CF 14). A
simples condição de servidor federal, por si só, não é suficiente para atrair esta
competência, pois o interesse da União deve sobressair das funções institucionais, e não
da pessoa do agente. Dessa forma, a competência para julgar o crime praticado por
policial rodoviário federal pela pratica do crime de homicídio fora do efetivo exercício de
suas atividades será da justiça estadual (Tribunal do Júri).

STF. 1ª Turma. HC 157012/MS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 10/12/2019 (INFO/STF 963).

14
CF, art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública
federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de
trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; (...).

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PRERROGATIVA DE FUNÇÃO

AGENTE COM PRERROGATIVA DE FUNÇÃO QUE COMETE CRIME SEM RELAÇÃO COM O
CARGO OCUPADO

17. (DJUS) Não compete ao STF julgar Senador da República que durante seu mandato
cometeu crime de corrupção passiva não relacionado a esse cargo. C/E?

Vejamos a seguinte situação hipotética:

José, Senador da República, foi denunciado por praticar o crime de corrupção passiva,
que não envolveu bens da União e não possuiu relação com o exercício do cargo. Para o
STF, nessa situação, a competência para julgar o parlamentar não será do STF, mas sim
da justiça estadual de primeira instância, pois embora possua prerrogativa de foro, o
crime praticado não está relacionado ao cargo ocupado e não envolveu bens da União.
C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. NÃO COMPETE ao STF julgar Senador da República que durante seu
mandato cometeu crime de corrupção passiva não relacionado a esse cargo. Em outras
palavras, não é porque um agente com prerrogativa de foro comete um crime que ele
INFO será julgado pelo STF. Isso porque, para que se faça valer o foro privilegiado é necessário,
955/STF além de o crime ter sido cometido durante a ocupação do cargo público, que esteja
relacionado a esse cargo. Essa é a orientação do STF que, ao decidir questão de ordem (AP
937), fixou entendimento de que a prerrogativa de foro pressupõe a prática do ato
criminoso no exercício do cargo e relacionado às funções desempenhadas. Dessa forma, o
crime cometido por Senador da República que não tenha relação com o cargo será julgado
pela justiça estadual de 1ª grau ou pela justiça federal de 1º grau, caso ocorra algumas das
hipóteses previstas no rol taxativo do art. 109 da CF. Por exemplo, a Justiça Federal (1º
grau) será competente para julgar crime cometido por Senador, não relacionado com o
cargo, quando em detrimento de bens, serviços ou interesse da União, nos termos do art.
109, IV da Constituição Federal15.

STF. 1ª Turma. Inq 4624 AgR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 08/10/2019 (INFO/STF 955).

15
CF, art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: (...) IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em
detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as
contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; (...).

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HOMICÍDIO DE POLICIAL MILITAR

COMPETÊNCIA PARA JULGAR HOMICÍDIO DE POLICIAL MILITAR DURANTE ROUBO


CONTRA OS CORREIOS

18. (DJUS) Para o STJ, compete à Justiça Estadual julgar autor de crime de homicídio
contra policial militar, praticado no contexto de crime de roubo armado contra
agência dos correios. C/E?

Vejamos a seguinte situação hipotética:

Tingulinho, durante a prática de roubo armado na agencia dos correios foi surpreendido
por policiais militares e, durante a tentativa de fuga, efetuou diversos disparos de arma
de fogo, vindo a matar um dos policiais que os perseguiam. Para o STJ, nesse caso, a
competência para julgar o autor do crime de homicídio será da Justiça Estadual por se
tratar de agente estadual. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STJ, compete à Justiça FEDERAL julgar autor de crime de
homicídio contra policial militar, praticado no contexto de crime de roubo armado
INFO
contra agência dos correios. Em outras palavras, embora se trate de policial militar
659/STJ
(agente estadual), a competência para julgar o crime de homicídio será, POR CONEXÃO,
da Justiça Federal. Isso porque, o crime de homicídio foi praticado para garantir a
impunidade ou vantagem do crime de roubo, configurando a conexão objetiva
consequencial (art. 76, II, do CPP16). A Constituição Federal no art. 109, inciso IV 17, traz a
competência da Justiça Federal para julgar as infrações cometidas em detrimento de bens,
serviços ou interesses da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas.
Sabe-se que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é uma empresa pública federal,
sendo assim, o crime de roubo praticado contra essa empresa deve ser julgado pela
justiça federal. Contudo, quando ocorre um crime de homicídio praticado contra policial
militar que está no exercício de suas funções, perseguindo o autor da infração, evidencia-
se a dependência entre os crimes. Dito de outro modo, só ocorreu o homicídio do policial
em razão da prática do roubo e do objetivo do autor do delito tentar se furtar da
responsabilidade pelo o crime patrimonial, ou seja, o homicídio decorreu do roubo.
Importante diferenciar a situação que ocorre no crime de contrabando que é de
competência da Justiça Federal e do crime de homicídio praticado contra policial militar
estadual no contexto do crime de contrabando. Nesse caso, ocorrerá o desmembramento
do processo, indo o crime contra a vida do policial para Justiça Estadual (Tribunal do Júri).
Isso porque, a tipificação do crime de contrabando não traz as elementares da violência e
da grave ameaça constante no crime do roubo, portanto, irrelevante a motivação do
delito de homicídio para fixação da competência. (CC 153.306/RS).

16
CPP, art. 76. A competência será determinada pela conexão: I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas,
ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias
pessoas, umas contra as outras; II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para
conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas; III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas
circunstâncias elementares influir na prova de outra infração.
17
CF, art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: (...) IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em
detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as
contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; (...).

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STJ. 3ª Seção. CC 165.117-RS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 23/10/2019 (INFO/STJ 659).

CRIME COMETIDO NO EXTERIOR

COMPETÊNCIA PARA JULGAR CRIME PRATICADO POR BRASILEIRO NATO NO EXTERIOR

19. (DJUS) Para o STF e STJ, existindo tratado sobre extradição e negada esta pelo Brasil,
a competência para julgar, no Brasil, crime de homicídio praticado por brasileiro
nato no exterior é sempre da Justiça Federal, pois, em razão do tratado, há interesse
da União. C/E?

Vejamos a seguinte situação hipotética:

Tingulinho, brasileiro nato, durante suas férias no Paraguai envolveu-se em uma briga
de bar e acabou matando Tingulau com vários golpes de faca, retornando, logo após,
para o Brasil. Embora exista tratado entre Brasil e Paraguai sobre extradição, esta foi
negada por se tratar de brasileiro nato. Nessa situação, para o STF e STJ, por estar
presente o interesse da União, haja vista a existência de tratado internacional entre os
INFO dois países, a competência para julgar Tingulinho será da Justiça Federal. C/E?
936/STF
COMENTÁRIO
INFO
625/STJ Gabarito: ERRADO. De quem é a competência para julgar crime praticado por brasileiro
nato no exterior, quando houver tratado de extradição entre os dois países e esta tiver
sido negada pelo Brasil? Para o STF: Justiça ESTADUAL. Para o STJ: Justiça FEDERAL.
Explicando melhor, a Constituição Federal veda a extradição de brasileiro nato (art. 5º, LI),
ou seja, é ABSOLUTAMENTE IMPOSSÍVEL a sua extradição. Partindo dessa premissa, um
crime cometido por brasileiro nato no exterior pode ser julgado no Brasil, aplicando-se as
leis brasileiras (é uma das hipóteses de extraterritorialidade), CASO ELE RETORNE ao
território nacional, não seja julgado no exterior e desde que preencha as demais
condições do art. 7º, do CP18. No entanto, há divergência nas Cortes Superiores quanto à
fixação da competência entre a Justiça Federal e Estadual, com fundamento na existência
ou não de interesse da União. Para o STJ, a existência de Tratado Internacional, firmado
pelo Brasil com outro país, atrai a competência da Justiça Federal, nas hipóteses em que
incide norma interna do Brasil no crime praticado (Direito Penal interno), uma vez que há
o interesse da União em manter relações com estados estrangeiros e de cumprir os
tratados internacionais firmados e que fixam a sua responsabilidade na persecução penal,
nos termos dos art. 21, I, 84, VII e VIII e 109, IV, ambos da CF/88 (INFO/STJ 625). Noutro
18
CP, art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I - os crimes: a) contra a vida ou a liberdade do
Presidente da República; b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de
Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; c) contra a
administração pública, por quem está a seu serviço; d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; II - os
crimes: a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; b) praticados por brasileiro; c) praticados em aeronaves ou
embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. § 1º -
Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. § 2º - Nos casos
do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: a) entrar o agente no território nacional; b)
ser o fato punível também no país em que foi praticado; c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a
extradição; d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; e) não ter sido o agente perdoado no
estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. § 3º - A lei brasileira aplica-se
também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo
anterior: a) não foi pedida ou foi negada a extradição; b) houve requisição do Ministro da Justiça.

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passo, para o STF, TRATADO INTERNACIONAL firmado pelo Brasil com países do Mercosul
e incorporado ao ordenamento brasileiro NÃO É CAPAZ de ATRAIR, POR SI SÓ, a
competência da Justiça Federal, uma vez que no caso em análise não houve ofensa a
bens, serviços ou interesse da União, bem como, a persecução penal não foi fundada no
acordo de extradição, mas sim no Código Penal brasileiro, sendo dessa forma a
competência da Justiça Estadual, especificamente do Tribunal do Júri, por se tratar de
crime doloso contra a vida (INFO/STF 936).

STF. 1ª Turma. RE 1.175.638 AgR/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 02/04/2019 (INFO/STF 936).
STJ. 3ª Seção. CC 154.656-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 25/04/2018 (INFO/STJ 625).

BALÃO DE AR QUENTE

COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR O CRIME COMETIDO EM BALÃO DE AR


QUENTE TRIPULADO

20. (DJUS) Para o STJ, compete à Justiça Federal processar e julgar o crime cometido a
bordo de balão de ar quente tripulado. C/E?

Vejamos a seguinte situação hipotética:

Raylinda e Domício decidiram fazer um passeio de balão de ar quente, mas, durante o


voo, o balão caiu e os passageiros morreram. Após concluir as investigações que apurou
o crime de homicídio culposo, a autoridade policial encaminhou os autos do inquérito
para a Justiça Estadual que declinou da competência para a Justiça Federal por entender
que se tratou de acidente aéreo, equiparando o balão à aeronave. O juízo federal
suscitou conflito de competência, alegando que balões não são aeronaves. Nessa
situação, para o STJ, o juízo suscitante não tem razão e os autos devem ser julgados pela
INFO
justiça federal, pois balão de ar quente tripulado é equiparado à aeronave. C/E?
648/STJ
COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STJ, compete à Justiça ESTADUAL processar e julgar o crime
cometido a bordo de balões de ar quente tripulado, uma vez que não são aeronaves e
nem a elas equiparados. Dispõe o art. 109 da Constituição Federal: "Aos juízes federais
compete processar e julgar: (...) IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves
(...)”. A priori, pela leitura do dispositivo se poderia concluir que a competência para julgar
o crime em comento, seria da Justiça Federal. Contudo, importante conceituar
“aeronave”, termo responsável pelo conflito de competência que foi suscitado, o qual
compete ao STJ conhecer, pois o conflito se deu entre juízes vinculados a Tribunais
distintos (art. 105, I, d, da CF/88)19. No caso concreto, o crime ocorreu a bordo de um
BALÃO DE AR QUENTE tripulado e, de acordo com a definição trazida pela Lei 7.565/86
(Código Brasileiro da Aeronáutica – CBA) em seu art. 106, “considera-se aeronave todo
aparelho MANOBRÁVEL em voo, que possa sustentar-se e circular no espaço aéreo,
mediante reações AERODINÂMICAS, apto a transportar pessoas ou coisas”. De acordo
com a interpretação dada a este artigo, os balões de ar quente NÃO SÃO MANOBRÁVEIS,
nem sua sustentação se dá por reações aerodinâmicas. Eles são apenas controlados em

19
CF, art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I - processar e julgar, originariamente: (...) d) os conflitos de competência
entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, "o", bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre
juízes vinculados a tribunais diversos; (...).

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voo, guiados pela corrente de ar e sua sustentação ocorre por impulsão estática,
decorrente do aquecimento do ar ao seu redor. Ou seja, o conceito de aeronave não
abarca os balões de ar quente, pois estes não se adequam ao conceito trazido no CBA.
Dessa forma, a competência para processar e julgar o crime ocorrido a bordo de balões de
ar quente é da Justiça Estadual, pois esse “objeto” não é um aparelho manobrável em
voo e não possui sustentação por reações aerodinâmicas, nos termos do art. 106, do
CBA.

STJ. 3ª Seção. CC 143.400-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 24/04/2019 (INFO/STJ 648).

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR HABEAS CORPUS

21. (DJUS) Para o STJ, compete a Terceira Seção processar e julgar habeas corpus com
pedido de substituição de prisão provisória por medida cautelar diversa da prisão ou
o seu relaxamento, em razão de problemas estruturais das delegacias e do sistema
prisional do Estado. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

A defensoria pública impetrou Habeas Corpus no TJ pleiteando a substituição de prisão


provisória por medida cautelar diversa da prisão ou o relaxamento da prisão de todos os
presos que se encontrassem custodiados em delegacias de polícia por falta de condições
dignas de encarceramento. O Tribunal denegou o HC e a defesa interpôs Recurso
Ordinário. O feito foi distribuído inicialmente para a Sexta Turma (pertencente a
Terceira Seção) e a Relatora declinou da competência para uma das Turmas da Primeira
INFO
Seção, alegando que a natureza jurídica seria de Direito Administrativo. O ministro que
644/STJ
recebeu o feito na Primeira Seção, não concordou com a declinação da competência e
suscitou conflito negativo, por entender que se trata de matéria penal. Para o STJ,
nesse caso, o ministro da Primeira Seção está correto. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STJ, compete a Terceira Seção processar e julgar habeas corpus
com pedido de substituição de prisão provisória por medida cautelar diversa da prisão
ou o seu relaxamento, em razão de problemas estruturais das delegacias e do sistema
prisional do Estado. Não se discute que compete ao STJ processar e julgar em Recurso
Ordinário o HC decidido em única ou última instância pelos tribunais estaduais, quando a
decisão for denegatória (art. 105, II, ‘a’, da CF/88)20. No entanto, a competência do STJ é
distribuída entre as Turmas das 03 Seções existentes. Essa competência interna é regulada
pelo Regimento Interno da Corte, que em seu artigo 9º, §3º dispõe que “compete à
Terceira Seção processar e julgar os feitos relativos à matéria penal em geral, salvo os
casos de competência originária da Corte Especial e os habeas corpus de competência das
Turmas que compõem a Primeira e a Segunda Seção”. Já a Primeira Seção, tem sua
competência atribuída pelo RISTJ, no artigo 9º, §2º, e seus incisos, competindo-lhe as

20
CF, art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: (...) II - julgar, em recurso ordinário: a) os habeas corpus decididos em
única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios,
quando a decisão for denegatória;

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matérias de direito público. E, embora o inciso XIV desse artigo preveja a matéria de
“direito público em geral” essa matéria se restringe ao Direito Público que não seja
abrangida predominantemente pelo Direito Penal. Suscitado o conflito de competência
entre Seções diversas da Corte Especial, o RISTJ prevê a competência da própria Corte
para o seu julgamento (RISTJ, art. 11). A discussão se restringe ao motivo das prisões
cautelares, com fundamento na dignidade da pessoa humana, por ilegalidade da
manutenção das prisões em delegacias, pleiteando-se a concessão de medidas
processuais penais que afetam diretamente o direito do Estado de manter sob custódia os
presos provisórios. Matéria essa que possui predominantemente a natureza penal. Dessa
forma, a competência é de uma das Turmas da Terceira Seção.

STJ. Corte Especial. CC 150.965-DF, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 20/02/2019 (INFO/STJ 644).

CRIMES ELEITORAIS

CRIMES ELEITORAIS E OS CONEXOS: COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM OU ELEITORAL?

22. (DJUS) De acordo com o STF, compete à Justiça Eleitoral julgar os crimes eleitorais e
os comuns que lhes forem conexos. C/E?

Vejamos a seguinte situação hipotética:

Tingulinho, servidor público e candidato a Deputado Federal, praticou o crime de


corrupção passiva (crime comum), ao receber doação de Tingulau, para financiar sua
campanha, determinada quantia em dinheiro em troca de favores ilícitos decorrente do
seu cargo. Conexo ao crime comum, também praticou o de falsidade ideológica
INFO eleitoral, ao omitir a referida quantia na prestação de contas da campanha eleitoral.
933/STF Nessa situação para o STF, compete à justiça eleitoral julgar os dois crimes praticados.
C/E?
INFO
895/STF COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Compete à JUSTIÇA ELEITORAL julgar os crimes eleitorais e os crimes


comuns que lhes forem conexos, conforme entendimento do STF. A decisão no presente
julgado do STF (Inq 4435 AgR-quarto/DF) considerou o princípio da especialidade, que
dispõe que a Justiça Especializada prevalece sobre as demais, abarcando os crimes de
competência da Justiça comum. É o que se pode extrair do artigo 35, II, do Código
Eleitoral21 e do artigo 78, IV, do CPP22. Por fim, outro fundamento foi o de que a
Constituição no artigo 109, IV23, que trata competência criminal, abre ressalva quanto aos
crimes de competência da justiça eleitoral, também em razão de sua especialidade. Em
outras palavras, havendo o cometimento de um crime eleitoral, em conexão com um
crime comum, os processos NÃO serão desmembrados para serem julgados
separadamente pela Justiça Comum e pela Justiça Eleitoral, mas sim reunidos na justiça

21
Código Eleitoral, Art. 35. Compete aos juízes: (...) II - processar e julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhe forem conexos,
ressalvada a competência originária do Tribunal Superior e dos Tribunais Regionais; (...).
22
CPP, art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observadas as seguintes regras: (...) IV - no
concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá esta.
23
CF, art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: (...) IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em
detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as
contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; (...).

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especializada para julgamento conjunto, em razão do princípio da especialidade.


Semelhante entendimento já havia sido manifestado pela 2ª Turma da Corte. E o que
vem a ser crime conexo? CRIME CONEXO é aquele interligado a outro por algum motivo
fazendo com que seja recomendável que sejam julgados pelo mesmo juízo (CPP, art. 7624),
podendo ser por: a) CONEXÃO INTERSUBJETIVA: o delito é praticado por duas ou mais
pessoas: Ex.: torcedores que depredam estádio (intersubjetiva por simultaneidade). Ex.:
gangue que pratica vários delitos acordados (intersubjetiva concursal). Ex.: várias
infrações praticadas por varias pessoas uma contra as outras como em um duelo em que
ambos saem feridos (intersubjetiva por reciprocidade). CUIDADO! A rixa não é exemplo
de conexão intersubjetiva por reciprocidade, pois é crime único. b) CONEXÃO OBJETIVA,
material, teleológica ou finalística: o delito é praticado para assegurar a execução,
ocultação, impunidade ou vantagem de outro crime. Ex.: matar a única testemunha par
ficar impune ou outro comparsa para ficar com todo o produto do crime. c) CONEXÃO
INSTRUMENTAL ou probatória: a prova de um crime influi na de outros. Ex.: prova do
furto influindo na receptação.
STF. Plenário. Inq 4435 AgR-quarto/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 13 e 14/3/2019 (INFO/STF 933).
STF. 2ª Turma. PET 7319/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 27/3/2018 (INFO/STF 895).

CRIME COMETIDO POR DESEMBARGADOR

COMPETÊNCIA PARA JULGAR CRIME COMETIDO POR DESEMBARGADOR SEM RELAÇÃO


COM O CARGO

23. (DJUS) Para o STJ, desembargador que comete crime, não relacionado com suas
funções, pode ser julgado por juiz de primeiro grau, salvo se os magistrados forem
vinculados ao mesmo tribunal. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Tingulinho, desembargador do TJPR, cometeu crime de lesão corporal contra sua mulher
na cidade de Belo Jardim/PE. Ardônio, desembargador do TJPE, cometeu o mesmo
INFO crime, na mesma cidade, contra sua filha. Nessa situação, para o STJ, Tingulinho será
639/STJ julgado pelo juiz criminal de Belo Jardim e Ardônio pelo STJ. C/E?

INFO COMENTÁRIO
630/STJ
Gabarito: CERTO. Para o STJ, desembargador que comete crime, ainda que não
relacionado com o cargo que ocupa, será julgado pelo STJ e não por juiz de primeiro
grau, quando os dois magistrados estiverem vinculados ao mesmo Tribunal. Explicando
melhor, o STJ em recente julgado entendeu que o desembargador não pode ser julgado
por juiz de primeiro grau que seja vinculado ao mesmo Tribunal que ele. Embora a Corte
tenha o mesmo entendimento que o STF no sentido de que “o foro por prerrogativa de
função é restrito a crimes cometidos ao tempo do exercício do cargo e que tenham
relação com o cargo”, dispôs que essa restrição não se aplica em todos os casos – apenas

24
CPP, art. 76. A competência será determinada pela conexão: I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas,
ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias
pessoas, umas contra as outras; II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para
conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas; III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas
circunstâncias elementares influir na prova de outra infração.

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àqueles em que não há identidade entre o tribunal ao qual o juiz (julgador) e o


desembargador (julgado) estejam VINCULADOS. Ou seja, se o desembargador e o juiz de
primeiro grau estiverem vinculados a Tribunais diferentes, o Desembargador será julgado
pelo juiz de primeiro grau do lugar da prática do crime. O foro especial também tem por
finalidade resguardar a imparcialidade necessária ao julgamento, uma vez que evita o
conflito de interesses entre magistrados vinculados ao mesmo tribunal. Assim, a
manutenção da prerrogativa de foro, estabelecida no inciso I do artigo 105 da
Constituição Federal, será aplicada sempre que um desembargador acusado da prática de
crime sem relação com o exercício do cargo vier a ser julgado por juiz de primeiro grau
vinculado ao mesmo tribunal que ele, protegendo a independência no exercício da função
judicante.
STJ. Corte Especial. QO na APn 878-DF, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 21/11/2018 (INFO/ STJ 639).
STJ. Corte Especial. AgRg na APn 866-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 20/06/2018 (INFO/ STJ 630).
STF. Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018 (INFO/STF 900).

PRORROGAÇÃO DO FORO

A PARTIR DE QUANDO HÁ PRORROGAÇÃO DO FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO?

24. (DJUS) Para o STF, encerrada a instrução processual com a publicação do despacho
de intimação para o oferecimento de alegações finais, a competência para processar
e julgar o crime cometido por deputado federal, ainda que sem relação com o cargo
ocupado, não será mais alterada se o parlamentar deixar a função ou adquirido
outra sem foro por prerrogativa de função. C/E?

Vejamos a seguinte situação hipotética:

Maria da Roseira, deputada federal, cometeu um crime sem relação com o seu cargo e
está sendo processada no STF. Depois do encerramento da instrução processual com a
publicação do despacho de intimação para o oferecimento de alegações finais a ré
deixou o cargo de deputada e assumiu outro sem foro por prerrogativa de função. Nessa
situação, para o STF, o processo não deverá ser remetido para o juízo de 1ª instância,
INFO devendo continuar no STF, pois o encerramento da instrução é hipótese em que se
920/STF prorroga a competência do órgão julgador originário. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Encerrada a instrução processual com a publicação do despacho de


intimação para o oferecimento de alegações finais, a competência para processar e
julgar o crime cometido por deputado federal, ainda que sem relação com o cargo
ocupado, não será mais alterada se o parlamentar deixar a função ou adquirido outra
sem foro por prerrogativa de função, de acordo com o STF. Explicando melhor. O STF em
recente julgado limitou o foro por prerrogativa de função para os crimes cometidos que
tenham relação com o cargo ocupado pelo agente. No entanto, havia processos que
tramitavam na Suprema Corte e que os crimes cometidos não possuíam relação com os
cargos que as autoridades ocupavam. O STF então passou a entender que se já tivesse
encerrada a instrução processual com a publicação do despacho de intimação para o
oferecimento de alegações finais desses processos não haveria mais alteração de
competência e o processo continuaria a correr no STF. No entanto, caso não tenha
ocorrido o encerramento da instrução processual, o processo será encaminhado para o

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juízo competente para julgar o crime. O fundamento utilizado pelo STF foi o de que há
inúmeras pessoas beneficiadas com o foro por prerrogativa de função, mesmo que o
crime não tenha relação com o cargo, o que gera a disfuncionalidade do Tribunal, que
deixa de exercer o seu principal papel que é de guardar a constituição para julgar casos
que seriam de jurisdição de primeiro grau. Entendeu ainda que se devem encaminhar,
imediatamente, os processos em curso que não tenham encerrado a instrução processual
com a publicação do despacho de intimação para o oferecimento de alegações finais para
o juízo de primeira instância competente para conhecer e julgar o referido crime,
respeitados os atos e decisões anteriores proferidas pelo próprio STF e pelos demais
juízos. Essa mutação constitucional acaba por assegurar que a prerrogativa de foro atinja
o seu papel constitucional de garantir o livre exercício das funções e evitar a impunidade
dos agentes públicos.
STF. Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018 (INFO/STF 900).

MANDATOS SUCESSIVOS

SUCESSIVOS MANDATOS E CESSAÇÃO DO FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO

25. (DJUS) Para o STJ, não há foro por prerrogativa de função para governador quando o
crime foi supostamente praticado durante o primeiro mandato, ainda que
atualmente ocupe o mesmo cargo por força de nova eleição, quando entre um e
outro mandato há interrupção para assumir outra função pública. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

José quando exercia seu 1º mandato de Governador do Piauí cometeu crime de dano
ambiental. Terminado o mandato, assumiu mandato de Senador da República e, antes
mesmo do fim da legislatura, foi novamente eleito e assumiu o mandado de governador
do Piauí pela segunda vez. Durante esse 2º mandato o Ministério Público ofereceu
denúncia no STJ referente ao crime cometido durante o 1º mandato de governador.
INFO Para o STJ, nessa situação, o governador não possui foro privilegiado na Corte Especial,
649/STJ pois o crime foi praticado em mandato anterior e já findo, devendo o feito ser remetido
ao juízo de primeiro grau, o qual é competente para julgar o acusado. C/E?
INFO
940/STF COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STJ, não há foro por prerrogativa de função para governador
quando o crime foi supostamente praticado durante o primeiro mandato, ainda que
atualmente ocupe o mesmo cargo por força de nova eleição, quando entre um e outro
mandato há interrupção para assumir outra função pública. Isso porque, o foro se
restringe aos crimes praticados no mandato ou em razão dele. Embora ocorram
sucessivos mandatos decorrentes de eleição para o mesmo cargo, mas se entre eles
houver um intervalo temporal, o término de um mandato acarretará, por si só, a
cessação do foro por prerrogativa de função em relação ao ato praticado no mandato já
findo. Isto é, não se pode conferir a perpetuação dessa garantia, sob pena de se
transformar em um privilégio de natureza pessoal e não em relação à função pública
ocupada. A intenção é proteger o exercício do cargo em prol da sociedade. É
imprescindível que se observe a concomitância temporal e a pertinência temática entre a
prática dos fatos e o exercício do referido cargo. No caso em concreto, o crime foi
praticado durante exercício de mandato anterior ao cargo atual. E mesmo que ambos os

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cargos possuam foro privilegiado na origem, o termino de cada mandato, encerra o


respectivo privilegio. Não se pode proteger um mandato que já se encerrou. Dessa forma
o STJ é incompetente para examinar o recebimento de denúncia, processar e julgar o
crime, pois este foi praticado durante o exercício de mandato anterior de governador,
embora o acusado atualmente exerça o mesmo cargo decorrente de nova eleição. Do
mesmo modo e na mesma linha de raciocínio do STJ, decidiu o STF no caso de um
prefeito que cometeu um crime relacionado com as suas funções no mandato anterior e
somente foi denunciado quando havia assumido o segundo mandato, havendo um
interregno de 04 anos entre os dois mandatos, ou seja, passou 04 anos no 1º mandato,
ficou fora por 04 anos e depois retornou a assumir a mesma função através de nova
eleição (INFO/STF 940). O que parece ter ficado bem claro nos dois julgados é que só
perde o foro por prerrogativa de função se entre um mandado e outro a autoridade
exercer outra função, desvinculando-se do mandato anterior. Desse modo, no caso de
reeleição, ou seja, havendo mandatos sucessivos, sem interrupção, o foro por
prerrogativa permanece.
STJ. Corte Especial. QO na APn 874-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/05/2019 (INFO/STJ 649).
STF. Turma. RE 1185838/SP, rel. Min. Rosa Weber, julgamento em 14.5.2019 (INFO/STF 940).

DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA

DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA DEVIDO A MENÇÃO DE NOME DE AUTORIDADE


COM FORO PRIVILEGIADO

26. (DJUS) Para o STF, basta que testemunhas ou investigados mencionem durante os
seus depoimentos o nome de autoridade que possua foro por prerrogativa de
função, para que ocorra o deslocamento da competência para o juízo
hierarquicamente superior. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Sebastião ajuizou Reclamação contra decisão de Juiz Federal que deixou de declinar da
competência para o STF. Alegou que durante a captação de diálogos entre investigados,
INFO através de interceptação telefônica, um deles mencionou o nome de autoridade com
854/STF foro por prerrogativa de função no STF, demonstrando supostamente o seu
envolvimento nos crimes de corrupção, mas sem determinar a participação efetiva da
INFO autoridade. Nessa situação, para o STF, por esse motivo, deveria o juiz ter remetido
853/STF imediatamente os autos para a Corte Superior. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STF, NÃO basta que testemunhas ou investigados mencionem
durante seus depoimentos, o nome de autoridade que possua foro por prerrogativa de
função, demonstrando supostamente o seu envolvimento, para que ocorra o
deslocamento da competência para o juízo hierarquicamente superior, sendo
NECESSÁRIO QUE SE VERIFIQUE INDÍCIO DE AUTORIA/PARTICIPAÇÃO de forma ativa e
concreta no crime investigado. Em outras palavras, a simples menção de nome de
autoridade detentora de foro privilegiado, durante diálogo entre os investigados ou
quando de seus depoimentos, não são suficientes para que o juiz desloque a competência
para outro juízo superior. Nesse caso, não se trata de usurpação de competência. Para
que se possibilite o deslocamento É NECESSÁRIO QUE SE APAREÇAM INDÍCIOS DA

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PARTICIPAÇÃO DA AUTORIDADE MENCIONADA DE FORMA ATIVA E CONCRETA NA


PRÁTICA DO CRIME. No caso em concreto, a autoridade citada não foi submetida a
nenhuma medida cautelar, tampouco os fatos tinham relação direta com o objeto da
investigação. Dessa forma, não é suficiente a menção de seu nome durante os
depoimentos ou captação de diálogo em interceptação telefônica para que seja deslocada
a competência para o juízo titular da prerrogativa do foro. Vele lembrar que, caso seja
realizada investigação de autoridade com foro privilegiado e não se constatando a sua
participação efetiva na infração penal, deverá a investigação contra a autoridade ser
arquivada e caso existam outros investigados sem prerrogativa de foro, os autos devem
ser remetidos para o juízo competente (INFO/STF 853).
STF. 2ª Turma. Rcl 25497 AgR/RN, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 14/2/2017 (INFO/STF 854).
STF. 1ª Turma. Inq 3158 AgR/RO, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Rosa Weber, julgado em 7/2/2017
(INFO/STF 853).

MEMBRO DO MINISTÉRIO PÚBLICO

PRESERVAÇÃO DO FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO DE MEMBRO DO MINISTÉRIO


PÚBLICO

27. (DJUS) Para o STF, não há que se falar em ilicitude da prova fortuita colhida em
interceptação telefônica que investiga crime diverso, quando um dos interlocutores
for um Promotor de Justiça, que tem o seu foro privilegiado preservado com a
comunicação célere do fato ao Juízo prolator da ordem e ao PGJ. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Durante interceptação telefônica que investigava um crime de homicídio cometido por


policiais militares foi identificado como um dos interlocutores, possivelmente, a voz de
um Promotor de Justiça, o qual possui foro privilegiado e que não era alvo das
investigações. Os áudios apontaram para o cometimento de novo crime, diverso do
investigado. No entanto, a autoridade policial levou 03 dias para encaminhar as provas
fortuitas colhidas para o juiz que autorizou a interceptação, pois necessitava ter a
INFO
certeza da identidade da voz captada, uma vez que os números interceptados não
911/STF
pertenciam ao referido Promotor. Para o STF, nessa situação, não há o que se falar em
ilicitude de provas, pois a prerrogativa de foro do Promotor de Justiça restou-se
preservada, haja vista ter sido a comunicação da sua possível participação em conduta
criminosa comunicada com celeridade ao Juízo prolator da ordem e ao PGJ. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, não há que se falar em ilicitude da prova fortuita colhida
em interceptação telefônica que investiga crime diverso, quando um dos interlocutores
for um Promotor de Justiça, que tem o seu foro privilegiado preservado com a
comunicação célere do fato ao Juízo prolator da ordem e ao PGJ. Em outras palavras, o
fato de ter decorrido 03 dias entre a identificação da identidade do interlocutor (membro
do MP) e a comunicação da autoridade policial ao Juízo de origem para que encaminhasse
as provas para o PGJ, não configurou a inércia das autoridades, nem gerou a ilicitude das
provas achadas, ante a necessidade da certeza da identidade da voz captada e da
complexidade da colheita de provas. Ou seja, a prova colhida durante a interceptação
telefônica em que o telefone interceptado não pertence a autoridade com foro por

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prerrogativa de função, mas capta conversas com autoridade detentora desse foro, não
torna ilegal a obtenção de prova de novo crime diverso do objeto da investigação. Explico:
para o STF, trata-se de ENCONTRO FORTUITO DE PROVAS. O telefone interceptado não
era de autoridade com foro por prerrogativa e assim que foi identificado como
interlocutor uma autoridade com essa prerrogativa de foro, foi comunicado ao juízo que
deferiu o pedido de interceptação telefônica para as devidas providências e averiguação
da suposta prática do delito. E o que vem a ser o encontro fortuito de provas, também
conhecido por SERENDIPIDADE? É quando há o encontro de um fato novo durante
investigações de fatos diversos. Dito de outra forma, procura-se por prova de um crime e
se encontra prova de outro crime. É valido o encontro fortuito de provas na
interceptação telefônica para o processo penal? Como extraído desse informativo do STF
(INFO/911) sim, desde que atendidas às peculiaridades legais.

STF. 1ª Turma. MS 34751/CE, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 14/8/2018 (INFO/STF 911).

DESMEMBRAMENTO DE PROCESSO

DESMEMBRAMENTO DO PROCESSO DE CORRÉUS SEM PRERROGATIVA DE FORO

28. (DJUS) Processo criminal em que haja corréu sem prerrogativa de foro, em regra,
deverá ser desmembrado e enviado para o juízo de primeira instância, salvo se
prejudicar de forma relevante as investigações e se tratar de fato único, consoante
entendimento do STF. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Pilantrônio, Senador da República, cometeu determinado crime, relacionado com suas


funções, juntamente com mais três corréus que não possuem a prerrogativa de foro no
STF. Nessa situação, para o STF, o processo deve ser desmembrado e enviado para o
juízo de primeira instância, salvo se prejudicar de forma relevante as investigações e se
tratar de fato único. C/E?

INFO COMENTÁRIO
885/STF
Gabarito: CERTO. Para o STF, em regra, processo criminal em que haja corréu sem
prerrogativa de foro deverá ser desmembrado e enviado para o juízo de primeira
instância, salvo se prejudicar de forma relevante as investigações e se tratar de fato
único. Explico. O STF em recente julgado limitou o foro por prerrogativa de função para os
crimes cometidos que tenham relação com o cargo ocupado pelo agente. A partir de
então, os processos que não tiverem ligações entre os crimes cometidos e os cargos
ocupados pelas autoridades serão remetidos para a 1ª instância. Contudo, caso encerrada
a instrução processual desses processos e já publicado o despacho de intimação não
haverá mais alteração de competência e o processo continuará a correr no STF.
Diferentemente, no caso concreto, há investigado com foro por prerrogativa de função
(senador) e outros sem essas prerrogativas, pelo que foi suscitada questão de ordem para
se determinar se haveria ou não o desmembramento e encaminhamento dos processos
dos corréus sem prerrogativa de foro para o juízo de primeira instância, haja vista a
taxatividade do rol de competências constitucionais originárias do STF ser absoluta. E, por
maioria dos votos, a 1ª Turma decidiu por NÃO DESMEMBRAR O FEITO, pois o
desmembramento prejudicaria inequivocamente as investigações, bem como, as
acusações e condutas de cada um dos investigados diziam respeito a único fato

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criminoso, o que tornou a sua apuração indissociável.


STF. 1ª Turma. Inq 4506 AgR/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
14/11/2017 (INFO/STF 885).

CRIME COMETIDO VIA REDE SOCIAL

COMPETÊNCIA PARA JULGAR CRIME COMETIDO NO ESTRANGEIRO VIA REDE SOCIAL


CONTRA VÍTIMA NO BRASIL

29. (DJUS) Para o STJ, compete à Justiça Estadual apreciar pedido de medida protetiva
de urgência decorrente de crime contra mulher praticado por meio de rede social de
amplo acesso, que foi iniciado no estrangeiro e teve o seu resultado no Brasil. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Florinda durante intercâmbio para os Estados Unidos manteve relacionamento com


Teobaldo e ao terminar o relacionamento e retornar para o Brasil o seu ex-namorado
começou a ameaça-la de morte constantemente através de redes sociais de amplo
acesso. Por esse motivo, a vítima realizou boletim de ocorrência em que requereu
medida protetiva de urgência. Para o STJ, nesse caso, a competência para conhecer do
pedido é da Justiça Estadual. C/E?

COMENTÁRIO

INFO Gabarito: ERRADO. Para o STJ, compete à Justiça FEDERAL apreciar pedido de medida
636/STJ protetiva de urgência decorrente de crime praticado contra mulher por meio de rede
social de amplo acesso, que foi iniciado no estrangeiro e teve o seu resultado no Brasil.
Em outras palavras, trata-se de CRIME À DISTÂNCIA (ou de espaço máximo), uma vez que
praticado no exterior e a vítima teve conhecimento dos fatos em solo brasileiro, ou seja,
ocorreu a internacionalidade do delito, pois a ação se deu nos EUA e o resultado no Brasil.
Segundo o artigo 109, V, da CF25, compete ao juiz federal processar e julgar os crimes
previstos em tratado ou convenção internacional, quando iniciada a execução no País, o
resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro ou reciprocamente (vice-versa).
Embora não se trate de crime tipificado em tratado ou convenção internacional e embora
o agente não se encontre em território nacional, o Brasil é signatário da Convenção sobre
a Eliminação de Todas as Formas de Violência e da Convenção Interamericana para
Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, e sendo as medidas protetivas
previstas pela Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06), concretizou-se o dever assumido pelo
Brasil de proteção à mulher. Com esse fundamento, o STF entendeu pela
internacionalidade das ameaças que tiveram inicio nos EUA e resultado no Brasil, gerando
a competência da Justiça Federal. CUIDADO! Não confunda CRIMES À DISTÂNCIA (ou de
espaço máximo) com crimes PLURILOCAIS (ou de espaço mínimo): nestes, conduta e
resultado ocorrem em duas ou mais comarcas dentro do mesmo país; naqueles, conduta e
resultado ocorrem em países diferentes.
STJ. 3ª Seção. CC 150.712-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 10/10/2018 (INFO/STJ 636).

25
CF, art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: (...) V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional,
quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; (...).

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CONTRABANDO E DESCAMINHO

COMPETÊNCIA PRA JULGAR CRIME DE CONTRABANDO E DESCAMINHO SEM INDÍCIOS


DA TRANSNACIONALIDADE

30. (DJUS) Para o STJ, a competência para julgar o crime de contrabando e descaminho
será da Justiça Federal, independente da existência de indícios da
transnacionalidade da conduta do agente. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Domingos foi preso em flagrante quando vendia maços de cigarro, de procedência do


Paraguai, que embora permitido no Brasil, não tinha as notas fiscais que comprovassem
a legalidade da importação. Na delegacia afirmou ter comprado o produto no Brasil de
outro rapaz, não ficando comprovado se Domingos participou ou não da importação.
Para o STJ, nesse caso, a competência para julgar o crime será da Justiça Federal. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STJ, a competência para julgar o crime de contrabando e


INFO descaminho será da Justiça Federal, independente da existência de indícios da
635/STJ transnacionalidade da conduta do agente. Primeiramente, não se deve confundir os
crimes de contrabando e descaminho. No descaminho, o crime é relacionado ao não
INFO pagamento do imposto devido (art. 334, do CP): “Iludir, no todo ou em parte, o
631/STJ pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de
mercadoria”, ou seja, a mercadoria é permitida. Enquanto que no crime de contrabando a
SÚMULA relação criminosa é com a mercadoria, proibida no Brasil, ser importada ou exportada
151/STJ (art. 334-A): “Importar ou exportar mercadoria proibida”. O agente cometeu o crime de
descaminho, uma vez que era permitida a venda daquela mercadoria, que já se
encontrava internalizada no país, sem provas de que tenha participado da importação,
porém, não possuía notas fiscais que comprovassem o pagamento dos tributos devidos.
CUIDADO! Antes o entendimento do STJ (CC 149.750/MS) era de que seria indispensável a
presença de indícios da transnacionalidade da conduta do agente na prática dos crimes de
descaminho e contrabando para se configurar a competência da Justiça Federal. No
entanto, esse ENTENDIMENTO FOI ALTERADO e a exigência de indícios de
transnacionalidade, ou seja, de que houve importação da mercadoria ilegal/proibida, não
mais subsiste. Isso, porque o crime de contrabando e descaminho tutelam interesses da
União, em razão da competência privativa (arts. 21, XXII26 e 22, VIII27, ambos da CF) para
definir os produtos de ingresso proibido no país, bem como de fiscalizar através da
Receita Federal e da Polícia Federal o ingresso de mercadorias nas fronteiras e o
pagamento de tributos devidos, a competência para processar e julgar o crime é de fato
da Justiça Federal. Por fim, recordemos a súmula 151 do STJ a qual reza que: “a
competência para o processo e julgamento por crime de contrabando ou descaminho
define-se pela prevenção do juízo federal do lugar da apreensão dos bens”. Observe-se
que a própria súmula já traz em seu bojo a competência da Justiça Federal, não se
vislumbrando outro entendimento.

26
CF, art. 21. Compete à União: (...) XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; (...).
27
CF, art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: (...) VIII - comércio exterior e interestadual; (...).

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STJ. 3ª Seção. CC 160.748-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 26/09/2018 (INFO/STJ 635).
STJ. Plenário. CC 159.680-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 08/08/2018 (INFO/ STJ 631).

CONSTRUÇÃO DE MORADIAS

COMPETÊNCIA PARA JULGAR CRIME AMBIENTAL PRATICADO DURANTE CONSTRUÇÃO


FINANCIADA PELA CAIXA ECONÔMICA

31. (DJUS) Para o STJ, compete à Justiça Federal o julgamento de crime ambiental
cometido durante a construção de moradias em que a Caixa Econômica Federal
apenas atuou na qualidade de agente financiador da obra. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Durante a construção de casas populares, decorrente do programa habitacional Minha


Casa Minha Vida, houve instauração de inquérito policial a requerimento do Ministério
Público Federal, para apuração da pratica de determinados crimes ambientais
cometidos pela Construtora. As obras foram financiadas pela Caixa Econômica Federal
que atuou como mero agente financiador da construção. Para o STJ, nessa situação, a
competência para julgar os crimes ambientais é da Justiça Federal. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STJ, compete à JUSTIÇA ESTADUAL o julgamento de crime


INFO ambiental cometido durante a construção de moradias em que a Caixa Econômica
615/STJ Federal apenas atuou na qualidade de agente financiador da obra. Em outras palavras, a
competência da Justiça Federal não seria atraída por ter, a CEF, apenas financiado a
construção das moradias. É pacífico nos Tribunais o cabimento de responsabilização de
pessoas jurídicas por dano ambiental, porém, o STJ entende que há uma diferenciação
quanto à responsabilidade civil e criminal da referida empresa pública. A Lei 11.977/09
(Lei que regula o programa habitacional Minha Casa Minha Vida) dispõe que a CEF pode
atuar como agente executor de políticas públicas federais de promoção à moradia,
quando teria responsabilidade solidária com a construtora, pois lhe caberia fiscalizar os
recursos públicos que destinou para a construção das casas, bem como a solidez e
segurança da obra. E, poderia ser também responsabilizada solidariamente quando atuar
no financiamento de valores necessários à aquisição do imóvel pronto, sem fiscalizar a sua
construção. Embora a CF no art. 109, IV28, preveja que a competência para julgar crimes
cometidos em detrimento da União e suas empresas públicas seja da Justiça Federal, no
caso concreto, a CEF atuou apenas como AGENTE FINANCIADOR DA OBRA, o que por si
só, não atrai a competência da Justiça Federal para julgar o crime ambiental cometido
durante a execução da obra. Para a Corte, é IMPRESCINDÍVEL que a CEF ATUE NA
ELABORAÇÃO DO PROJETO, fiscalizando a higidez e segurança da obra, sendo dessa
forma a Justiça Estatual a competente para julgar o crime ambiental praticado.

STJ. 1ª Seção. MS 21.750-DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 25/10/2017 (INFO/STJ 615).

28
CF, art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: (...) IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em
detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as
contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; (...).

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DIVULGAÇÃO DE IMAGEM PORNOGRÁFICA

COMPETÊNCIA PARA JULGAR DIVULGAÇÃO DE IMAGEM PORNOGRÁFICA DE


ADOLESCENTE VIA WHATSAPP

32. (DJUS) Para o STJ, a competência para julgar crime de divulgação de imagem
pornográfica de adolescente via WhatsApp e por meio de chat do Facebook é da
Justiça Federal. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Peralta, após o término de seu relacionamento com Raylinda, adolescente de 15 anos,


enviou imagens pornográficas para o irmão dela via WhatsApp e por meio do chat do
Facebook. Para o STJ, nessa situação, compete à Justiça Federal processar e julgar esse
crime. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STJ, a competência para julgar crime de divulgação de


imagem pornográfica de adolescente (art. 241-A da Lei 8.069/90) 29 via WhatsApp e por
meio de chat do Facebook é da JUSTIÇA ESTADUAL. O crime narrado está tipificado no
INFO artigo 241-A da Lei 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente) que pune a conduta
603/STJ de “Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer
meio, inclusive por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou
outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou
adolescente”. O Brasil é signatário de Convenção Internacional de combate à pornografia
infantil, competindo à Justiça Federal (art. 109, V, da CF 30) a competência para julgar as
infrações penais previstas nos Tratados e Convenções Internacionais a que anuiu. No
entanto, o STF no julgamento sobre o tema em sede de Repercussão Geral (RE
628.624/MG), definiu que a competência para julgamento do delito do artigo 241-A
(divulgação e publicação de conteúdo pornográfico infantil) será da Justiça Federal,
porém, deve haver INTERNACIONALIDADE do resultado obtido ou que pretendia obter.
Ou seja, como a divulgação das imagens se restringiu à TROCA DE INFORMAÇÕES
PRIVADAS entre particulares escolhidos pelo agente e não houve exposição virtual dessas
imagens em sítios de amplo e fácil acesso em outros países indiscriminadamente a
qualquer pessoa, não há o que se falar em internacionalidade da conduta praticada,
atributo necessário para se configurar a competência da Justiça Federal. Dessa forma,
compete à Justiça Estadual julgar o crime narrado, quando não houver a
internacionalidade da conduta do agente. E nesses casos, a competência territorial será
de que local? De onde partiu as imagens ou do local da recepção? A competência será do
local de onde partiu a mensagem, sendo indiferente a localização do provedor de acesso à
rede de computadores onde tais imagens encontram-se armazenadas, ou a sua efetiva
visualização pelos usuários (STJ. CC 29.886/SP).
STJ. 3ª Seção. CC 150.564-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 26/4/2017 (INFO/STJ 603).

29
ECA, art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio
de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica
envolvendo criança ou adolescente: Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
30
CF, art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: (...) V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional,
quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; (...).

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ESTELIONATO

COMPETÊNCIA JULGAR ESTELIONATO COMETIDO POR FALSO TRIBUNAL


INTERNACIONAL DE CONCILIAÇÃO

33. (DJUS) Para o STJ, compete à Justiça Estadual julgar o crime de estelionato em
prejuízo de vítimas particulares mantidas em erro mediante criação de falso Tribunal
Internacional de Justiça e Conciliação para solução de controvérsias. C/E

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Um falso juiz, que se auto intitula representante da ONU, montou junto com os
comparsas um esquema para atuarem como um tribunal de arbitragem, sem registro no
Conselho Nacional das Instituições de Mediação e Arbitragem – CONIMA e com isso
ludibriou vítimas particulares que procuraram o tribunal, pagando custas e honorários
para solução de controvérsia decorrente de um acidente de trânsito. A conduta dos
acusados foi tipificada no crime de estelionato. Para o STJ, nessa situação, a
competência para julgar o crime é da Justiça Estadual. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STJ, compete à JUSTIÇA ESTADUAL julgar o crime de estelionato
em prejuízo de vítimas particulares mantidas em erro mediante criação de falso Tribunal
Internacional de Justiça e Conciliação para solução de controvérsias. No caso concreto
INFO houve a criação fraudulenta de um tribunal para obtenção de vantagens ilícitas, não se
597/STJ tratando apenas de mera irregularidade formal de constituição. Ocorre que não havia
registro do falso tribunal no Conselho Nacional das Instituições de Mediação e Arbitragem
– CONIMA que é uma sociedade civil sem fins lucrativos e é responsável por colaborar,
orientar e auxiliar as instituições associadas, bem como, associados pessoas físicas que
atuam no exercício da mediação e arbitragem no aprimoramento do desempenho de suas
atividades. Ou seja, trata-se de uma entidade privada, que tem como associados outras
entidades privadas. Porém não é obrigatória a associação ao Conselho como condição de
atuação das instituições, bem como, não está entre suas funções a de fiscalizar as
instituições a ele associadas. Ainda, o Código de Processo Civil em seu artigo 165 a 175
prevê a necessidade de inscrição em cadastro nacional e em cadastro de Tribunal de
Justiça ou Tribunal de Justiça Federal, que manterão os registros dos profissionais
habilitados e sua área de atuação, inscrição do falso tribunal também inexistente. Dessa
forma, a falta de registro no CONIMA, por si só, não tem o condão de afirmar o interesse
da União, das suas autarquias ou empresas públicas federais para persecução criminal dos
investigados, mas sim o fato de todos os envolvidos serem INSTITUIÇÕES PRIVADAS
afasta a competência da Justiça Federal.

STJ. 3ª Seção. CC 146.726-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 14/12/2016 (INFO/STJ 597).

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PLANO DE SAÚDE

COMPETÊNCIA PARA JULGAR FRAUDE NA GESTÃO DE OPERADORA DE PLANO DE SAÚDE


NÃO SEGURADORA

34. (DJUS) Para o STJ, compete à justiça federal processar e julgar ação penal que apura
supostas fraudes praticadas por administrador durante gestão de operadora de
plano de saúde não caracterizada como seguradora. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Jorginho, na qualidade de sócio administrador da empresa Transclínica LTDA, operadora


de plano de saúde, que não funcionava como seguradora, praticou gestão fraudulenta
cometendo diversas irregularidades contábeis e fiscais, motivos que culminaram na
decretação de falência da empresa. Para o STJ, nesse caso a competência para julgar
esse crime é da justiça federal. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STJ, compete à justiça ESTADUAL processar e julgar ação
penal que apura supostas fraudes praticadas por administrador durante gestão de
operadora de plano de saúde não caracterizada como seguradora. Operadora de Plano
de Saúde pode ser constituída por diferentes naturezas jurídicas: cooperativas, sociedades
simples, sociedades empresárias e entidades de autogestão. São classificadas pela ANS
INFO (RDC nº 39/00) nas seguintes modalidades: administradora, cooperativa médica,
595/STJ odontológica, autogestão, medicina ou odontologia de grupo, filantropia e por fim, na
modalidade de sociedade seguradora especializada em saúde. No entanto, para que
funcione como seguradora é necessário que a pessoa jurídica seja constituída sob a forma
de SOCIEDADE ANÔNIMA, que observa a legislação específica em vigor. O que diferencia
uma seguradora das demais modalidades de operadoras de plano de saúde é a
possibilidade que a seguradora tem de negociar, captar e administrar seguro-saúde. O
seguro-saúde é na verdade um contrato de seguro em que segurados e seus dependentes
serão protegidos em situações de doenças e lesões estipuladas contratualmente e
incluídas na apólice. No caso concreto a operadora foi constituída como sociedade LTDA,
e não como Sociedade Anônima, requisito para se configurar como seguradora. Ademais,
as operadoras de plano de saúde não são instituições financeiras em sentido próprio, uma
vez que não realizam captação, intermediação ou aplicação de recursos financeiros de
terceiros, bem como não atuam no mercado de capitais. A Lei 7.492/86 (Lei dos crimes
contra o sistema financeiro nacional) define em seu artigo 1º que “instituição financeira é
a pessoa jurídica de direito público ou privado que tem como atividade principal ou
acessória, cumulativamente ou não, a captação, intermediação ou aplicação de recursos
financeiros de terceiros, ou a custódia, emissão, distribuição, negociação, intermediação
ou administração de valores mobiliários”. E equipara à instituição financeira a “pessoa
jurídica que capte ou administre seguros, câmbio, consórcio, capitalização ou qualquer
tipo de poupança, ou recursos de terceiros”. Ou seja, a seguradora especializada na
contratação de seguro-saúde é equiparada à instituição financeira, e as demais
modalidades de operadoras de planos privados de saúde não. Dessa forma, não se
enquadra a conduta do sócio administrador em crimes contra o sistema financeiro
nacional, que atrairia a competência da justiça federal, mas sim um crime contra o
patrimônio, ou falimentar, que fixa a competência da justiça estadual para processar e

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julgar as infrações penais cometidas.


STJ. 3ª Seção. CC 148.110-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Rel. para acórdão Min. Maria Thereza de
Assis Moura, julgado em 23/11/2016 (INFO/STJ 595).

DIPLOMAÇÃO SUPERVENIENTE

DIPLOMAÇÃO SUPERVENIENTE DE DEPUTADO FEDERAL ATRAI COMPETÊNCIA PARA


JULGAR RECURSO?

35. (DJUS) Para o STF, a diplomação superveniente do réu que se tornou parlamentar
atrai a competência do STF para julgar o recurso interposto anterior à diplomação.
C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

João, foi condenado pela prática do crime de fraude à licitação e dispensa ilegal de
licitação, cometido durante o exercício de seu mandato como vice-prefeito. A defesa de
João interpôs Recurso Especial, alegando que ocorreu a prescrição da pretensão
punitiva. Ocorre que durante o trâmite recursal, João foi diplomado deputado federal.
Em decorrência da diplomação de João, o STJ remeteu os autos para o STF por entender
ser o tribunal competente para julgar os membros do Congresso Nacional (art. 102, I, b,
da CF). Para o STF, nessa situação, a competência para julgamento do Recurso Especial é
do STF, pois a diplomação de João para deputado federal atrai a competência da
Suprema Corte. C/E?

COMENTÁRIO
INFO
890/STF Gabarito: ERRADO. Para o STF, NÃO haverá mudança de competência para julgar o
recurso especial, ainda que após a interposição do recurso especial tenha ocorrido a
diplomação do réu como deputado federal. Em outras palavras, se o réu apresentou
recurso especial no STJ, ainda que logo após sobrevenha diplomação como parlamentar
federal, a competência NÃO passará para o STF. Isso porque, o STF em recente julgado (AP
937) limitou o foro por prerrogativa de função para os crimes cometidos durante o
mandato e que tenham relação com o cargo ocupado pelo agente quando de seu
cometimento, considerando-se como o início da data da diplomação. No caso concreto, o
crime foi cometido quando do mandato de Vice-Prefeito, não possuindo relação com o
atual mandato de deputado federal. Dessa forma, o informativo 890 que veiculou
entendimento oposto ao aqui explicado, encontra-se em desconformidade com o atual
entendimento da Suprema Corte, decorrente da mudança de entendimento fixado na AP
937.
STF. 1ª Turma. RE 696533/SC, Rel. Min. Luiz Fux, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 6/2/2018
(INFO/STF 890).
STF. Plenário. AP 937, Rel. Min. Luís Roberto Barroso, julgado em 02/06/2018.

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CRIME COMETIDO POR PROCURADOR DA REPÚBLICA

COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR CRIME COMETIDO POR PROCURADOR DA


REPÚBLICA

36. (DJUS) Para o STF, a competência para processar e julgar crime cometido por
Procurador da República no exercício de suas funções é do Tribunal Regional Federal
no qual o Procurador ocupe seu cargo atualmente. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Ângelo, Procurador da República, foi preso preventivamente no âmbito das


investigações da Operação Patmos. Em razão do foro por prerrogativa de função o juiz
federal determinou a remessa do Inquérito para o TRF da 3ª Região, onde o Procurador
exercia o seu cargo. A defesa se insurgiu contra essa decisão, sob alegação de que há
época dos fatos o Procurador exercia suas funções exclusivamente no TRF da 1ª Região,
devendo ser a competência atribuída a esse Tribunal. Para o STF, nesse caso, a
competência para processar e julgar o crime será do TRF da 3ª Região, onde o
Procurador exerce atualmente o seu cargo. C/E?
INFO
871/STF COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STF, a competência para processar e julgar crime cometido
por Procurador da República no exercício de suas funções se dá pelo critério da ratione
loci, ou seja, compete ao Tribunal Regional Federal no qual o Procurador exercia o seu
cargo na época de ocorrência dos fatos. Dispõe o art. 108, I, “a”, da CF31 que compete
originariamente ao TRF processar e julgar os membros do Ministério Público da União.
Esse dispositivo legitima a remessa dos autos do Inquérito ao TRF. Contudo, nos termos
do art. 70, do CPP32, a competência se dá pelo local da infração “ratione loci”: “A
competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou,
no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução”. No caso,
o TRF3 não seria o competente para conhecer da ação, uma vez que o Procurador não
exercia, à época dos fatos, o seu cargo nesse Tribunal. Ademais, os fatos não ocorreram
no âmbito da competência do TRF3 e sim na do TRF1. Dessa forma, aplica-se ao caso a
competência ratione loci. Dito de outra forma, o local onde foi praticado o crime é onde
deverá ser ele julgado, atendendo-se ao princípio do juiz natural.
STF. 2ª Turma. Pet 7063/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
1º/8/2017 (INFO/STF 871).

31
CF, art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais: I - processar e julgar, originariamente: a) os juízes federais da área de sua
jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do
Ministério Público da União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; (...).
32
CPP, art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo
lugar em que for praticado o último ato de execução. § 1º Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar
fora dele, a competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução. § 2º Quando
o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz do lugar em que o crime, embora
parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado. § 3º Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais
jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a
competência firmar-se-á pela prevenção.

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CRIMES VIRTUAIS

COMPETÊNCIA PARA JULGAR CRIMES VIRTUAIS PRATICADOS EM ESTADOS DIFERENTES

37. (DJUS) Para o STF, se o crime tiver sido praticado entre comarcas de estados
diferentes (Curitiba/PR e São Paulo/SP) por meio da internet, não viola o princípio
do juiz natural, o julgamento de todo os crimes pelo juízo da comarca do estado do
local em que se iniciou a investigação e se deu a prisão da maior parte dos agentes
(Curitiba/PR), ainda que o crime conexo mais grave tenha sido praticado na comarca
do outro estado (São Paulo/SP). C/E?

Vejamos a seguinte situação hipotética:

Tingulau praticava o crime de estupro de vulnerável na sua residência em São Paulo/SP,


filmava os atos e enviava o conteúdo para outros agentes que residiam em Curitiba/PR,
através da internet, os quais armazenavam o conteúdo, bem como disseminavam as
imagens em site Russo. A polícia de Curitiba deflagrou uma operação em que prendeu
os pedófilos em Curitiba, o que os levou a chegar a Tingulau em São Paulo. O processo
tramitou na Justiça Federal de Curitiba, motivo que levou a defesa de Tingulau a
impetrar habeas corpus, sob alegação de que o crime mais grave foi praticado em São
Paulo (estupro de vulnerável), devendo a Justiça Federal de SP ser competente para
processar e julgar os crimes por conexão. Para o STF, nessa situação, o HC deve ser
INFO
denegado, pois embora o crime conexo mais grave tenha ocorrido em SP, todas as
868/STF
investigações tiveram início em Curitiba, onde os pedófilos foram presos, bem como
obtidas pela polícia todas as informações trocadas entre os criminosos, sendo
competente, portanto, a Justiça Federal de Curitiba. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, se o crime tiver sido praticado entre comarcas de estados
diferentes (Curitiba/PR e São Paulo/SP) por meio da internet, não viola o princípio do
juiz natural, o julgamento de todo os crimes pelo juízo da comarca do estado do local
em que se iniciou a investigação e se deu a prisão da maior parte dos agentes
(Curitiba/PR), ainda que o crime conexo mais grave tenha sido praticado na comarca do
outro estado (São Paulo/SP). Os crimes narrados estão tipificados no artigo 241-A da Lei
8.069/9033 (Estatuto da Criança e do Adolescente) que pune a conduta de “Oferecer,
trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio,
inclusive por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro
registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou
adolescente”. E no art. 217-A, do CP que pune o estupro de vulnerável “Ter conjunção
carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos”. No que se refere
à competência, determina o art. 78, II, alínea “a” do CPP34 que na competência por
conexão, "quando houver concurso de jurisdição de mesma categoria”, preponderará a do
lugar da infração, à qual for cominada a pena mais grave”. Contudo, o STF, no caso
concreto, entendeu que como praticamente toda a investigação e provas foram obtidas
33
ECA, art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio
de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica
envolvendo criança ou adolescente: Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
34
CPP, art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observadas as seguintes regras: (...) Il - no
concurso de jurisdições da mesma categoria: a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais grave; (...).

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onde ocorreram infrações menos graves conexas (Curitiba) e onde também a maioria dos
agentes foram presos, este juízo deve ser competente para processar e julgar o feito, o
que não viola o princípio do juiz natural. Por que a competência é da justiça federal e não
da estadual? Porque, nos termos do art. 109, V, da CF “compete a Justiça Federal
processar e julgar os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando,
iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou
reciprocamente”. Por ser o Brasil signatário de Convenção Internacional de combate à
pornografia infantil, a competência será da Justiça Federal. Então todo crime envolvendo
pornografia infantil, cuja execução se inicie no país será julgado pela justiça federal?
NÃO. O STF entende que somente será da competência da justiça federal se houver
INTERNACIONALIZAÇÃO da conduta (RE 628.624/MG). Ou seja, o conteúdo pornográfico
deve estar disponibilizado em ambiente virtual de acesso livre a qualquer pessoa na rede
mundial de computadores, seja ele acessado por pessoa no Brasil ou no estrangeiro. No
caso em concreto, também houve internacionalização da conduta, porque as imagens
foram disseminadas através de site russo. Nesse sentido, optou o STF, no caso concreto,
atribuir a competência à Justiça Federal de Curitiba/PR e não de São Paulo/SP, pelas
razões já apontadas.
STF. 1ª Turma. HC 135883/PR, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
6/6/2017 (INFO/STF 868).

CRIME AMBIENTAL

COMPETÊNCIA PARA JULGAR CRIMES AMBIENTAIS TRANSNACIONAIS

38. (DJUS) Para o STF, compete à justiça federal processar e julgar os crimes ambientais
que envolvam animais silvestres, ameaçados de extinção, espécimes exóticas ou
protegidos por compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, ainda que não
haja transnacionalidade. C/E?

Vejamos a seguinte situação hipotética:

Através de investigações realizadas na cidade de São Paulo, foi descoberto que Tingulau
trabalhava exportando animais silvestres e de espécimes exóticas para outros países
com fins lucrativos. Em operação policial, foi preso em flagrante, quando embarcava os
INFO animais com destino a Portugal. Para o STF, nessa situação, a competência para
853/STF processar e julgar os crimes praticados é da Justiça Federal, pois configurada a
transnacionalidade. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STF, compete à justiça federal processar e julgar os crimes
ambientais que envolvam animais silvestres, ameaçados de extinção, espécimes
exóticas ou protegidos por compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, SEMPRE
QUE HOUVER TRANSNACIONALIDADE DA CONDUTA. Em outras palavras, nem sempre a
competência será da Justiça Federal, mas somente se houver transnacionalidade. Ou seja,
não havendo transnacionalidade da conduta e competência será da Justiça Estadual. E
quando é que ocorre a transnacionalidade? Quando a infração penal envolver mais de
um país, nos termos do art. 109, V, da CF, vejamos: “compete aos juízes federais,
processar e julgar os crimes em que iniciada a execução no País, o resultado tenha ou
devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente”. Isto é, se o crime é praticado

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envolvendo países distintos e a execução tenha se iniciado, por exemplo, aqui no Brasil e
o resultado tenha ou devesse ter ocorrido em Portugal, há caracterização da
Transnacionalidade. Não precisa que os animais cheguem a Portugal, basta confirmação
concreta de que seria esse o destino. Ademais, conforme afirmação da Corte, a
exportação ilegal de animais silvestres para o exterior, implica interesse direto da União
no controle de entrada e saída de animais do território nacional, bem como na
observância dos compromissos do Estado Brasileiro perante a comunidade internacional.
Contudo, não bastam que os crimes ambientais envolvam os animais silvestres,
ameaçados de extinção, espécimes exóticas ou protegidos por compromissos
internacionais assumidos pelo Brasil, para que a competência da justiça federal seja
atraída. É IMPRESCINDÍVEL QUE HAJA A TRANSNACIONALIDADE DA CONDUTA para
atrair a competência da justiça federal.
STF. Plenário. RE 835558/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 9/2/2017 (repercussão geral) (INFO/STF 853).

4. SUSPEIÇÃO E IMPEDIMENTO
SUSPEIÇÃO CONTRA PGR

POSSIBILIDADE OU NÃO DE ARGUIÇÃO DE SUSPEIÇÃO CONTRA O PGR

39. (DJUS) Para o STF, é cabível a arguição de suspeição em face de Procurador Geral
da República, mas as meras manifestações públicas feitas por ele em desfavor do
acusado não são, por si sós, capazes de configurar imparcialidade ou suspeição
por inimizade capital. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Temer requereu a declaração de suspeição do Procurador Geral da República (PGR),


alegando que ele estaria se manifestando publicamente em veículos de comunicação de
forma inadequada quanto às ações desencadeadas contra o investigado, e que por isso
se sente perseguido pelo PGR, configurando assim a inimizade capital e imparcialidade.
INFO
Para o STF, nessa situação, é cabível a arguição de suspeição em face do PGR, mas as
877/STF
meras manifestações públicas feitas por ele em desfavor do acusado não são, por si sós,
capazes de configurar imparcialidade ou suspeição por inimizade capital. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, CABE arguição de suspeição em face do Procurador Geral
da República, mas as meras manifestações públicas feitas por ele em desfavor do
acusado não são, por si sós, capazes de configurar imparcialidade ou suspeição por
inimizade capital. O Regimento Interno do STF possui força e eficácia de lei incidente aos
processos que sejam submetidos à apreciação do STF. Em seu Título X dispõe sobre as
causas de impedimento e suspeição de atores processuais que atuam no âmbito deste
Tribunal, referindo-se apenas aos Ministros, nada mencionando quanto ao PGR. No
entanto, essa matéria é regulada pelo CPP que dispõe em seu art. 254, I: “O juiz dar-se-á
por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes: I - se for

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amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles”. Observe-se que o referido dispositivo
trata da suspeição de magistrados, contudo, o art. 258 do CPP35, estende as causas de
suspeição aos membros do Ministério Público, e nesse caso ao Procurador-Geral. Para se
reconhecer causas de suspeição é necessário que haja participação daquele que se quer
afastar do processo, não se tendo possível o reconhecimento de inimizade capital por
meros esclarecimentos prestados pelo Procurador-Geral. Sob a sistemática do CPP, são
imprescindíveis provas robustas capazes de configurarem a suspeição. A alegação de
inimizade capital não se concretiza pela mera afirmação de animosidade entre as partes,
exigindo-se indicação da plausibilidade de que o agente atua movido por razões de ódio,
rancor ou vingança. Dessa forma, por se aplicar o CPP à matéria de suspeição do PGR,
cabe contra ele a arguição de suspeição.

STF. Plenário. AS 89/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 13/9/2017 (INFO/STF 877).

5. DAS MEDIDAS ASSECURATÓRIAS


ARRESTO DE BENS

POSSIBILIDADE OU NÃO DE DECRETAÇÃO DE ARRESTO PRÉVIO DE BENS DE ACUSADO

40. (DJUS) Para o STF, não é possível a decretação de arresto prévio de bens se não há
ato concreto que comprove estar o acusado dilapidando o seu patrimônio. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

O Ministério Público representou ao Poder judiciário pela decretação de arresto contra


o Senador Aécio, investigado por, em tese, ter cometido o crime de corrupção passiva e
INFO
improbidade administrativa, para fins de assegurar o pagamento das despesas
933/STF
processuais e das penas pecuniárias eventualmente aplicadas. Não ficou demonstrado
pelo MP no pedido que o acusado estaria dilapidando o patrimônio. Para o STF, nessa
INFO
situação, o pedido de MP deve ser indeferido, pois não cabe a decretação de arresto
903/STF
prévio dos bens do investigado quando não demonstrado que esteja dilapidando seu
patrimônio. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STF, PODE ser decretada a indisponibilidade de bens para
efeito de arresto, ainda que não haja comprovação concreta de que o acusado esteja
dilapidando seu patrimônio. ARRESTO é uma medida cautelar com natureza patrimonial,
prevista nos artigos 136 e 137, do CPP36. Cumpre ressaltar, que essa medida assecuratória
não possui relação direta com os bens ILICITAMENTE adquiridos. Sua finalidade é

35
CPP, art. 258. Os órgãos do Ministério Público não funcionarão nos processos em que o juiz ou qualquer das partes for seu
cônjuge, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, e a eles se estendem, no que
Ihes for aplicável, as prescrições relativas à suspeição e aos impedimentos dos juízes.
36
CPP, art. 136. O arresto do imóvel poderá ser decretado de início, revogando-se, porém, se no prazo de 15 (quinze) dias não for
promovido o processo de inscrição da hipoteca legal. Art. 137. Se o responsável não possuir bens imóveis ou os possuir de valor
insuficiente, poderão ser arrestados bens móveis suscetíveis de penhora, nos termos em que é facultada a hipoteca legal dos
imóveis. § 1º Se esses bens forem coisas fungíveis e facilmente deterioráveis, proceder-se-á na forma do § 5o do art. 120. § 2º Das
rendas dos bens móveis poderão ser fornecidos recursos arbitrados pelo juiz, para a manutenção do indiciado e de sua família.

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assegurar a reparação do dano ao final do processo, o pagamento das despesas e custas


processuais e das penas pecuniárias que forem impostas (art. 140, do CPP). Para sua
decretação é necessário que se comprove a) a plausibilidade do direito; b) o perigo da
demora. Havendo interesse da Fazenda Pública, como no caso em concreto, o Ministério
Público possui legitimidade ativa para requerer as medidas assecuratórias, como o
arresto. A plausibilidade do direito se configura com os indícios suficientes de autoria e
materialidade do crime. Quanto ao perigo da demora, NÃO HÁ NECESSIDADE DE
DEMONSTRAÇÃO DE ATOS CONCRETOS DE DILAPIDAÇÃO PATRIMONIAL, pois a medida
de indisponibilidade de bens não trará prejuízos desarrazoados para o acusado, pois ao
final do processo, sendo absolvido, poderá levantar os bens arrestados. Contudo, não
caberia de forma prematura decretar o ARRESTO PRÉVIO para fins de indenização por
dano moral coletivo, possivelmente causado pelo crime de corrupção, segundo
jurisprudência firmada pelo STJ em que assentou que “o reconhecimento de dano moral
coletivo deve se limitar às hipóteses em que configurada grave ofensa à moralidade
pública” (STJ, REsp. 1303014⁄RS). Há necessidade, nesse caso, de submeter a discussão
quanto ao dano moral coletivo ao contraditório e a ampla defesa no curso da ação penal.
Porém, as medias assecuratórias não possuem apenas a finalidade de garantir a reparação
do dano sofrido, mas também o pagamento de despesas processuais e as penas
pecuniárias conforme dispõe o art. 140, do CPP37. Assim, é possível a decretação do
arresto em relação para fins de garantir o pagamento das despesas processuais e das
penas pecuniárias, independente de comprovação de ato concreto de dilapidação
patrimonial pelo acusado, desde que presentes a plausibilidade do direito e do perigo na
demora.

STF. 1ª Turma. Pet 7.069/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, red p/o acordão Min. Luís Roberto Barroso, julgado em
13/3/2019 (INFO/STF 933).

6. DA PROVA
EXAME DE CORPO DE DELITO

CRIME DE INCÊNDIO E FONTE DE PROVA

41. (DJUS) Para o STF, o desaparecimento dos vestígios da infração, no crime de


incêndio com o intuito de obter vantagem pecuniária (art. 250, § 1º, I, do CP),
inviabiliza a condenação do agente. C/E?
INFO
Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):
967/STF
Pedro foi condenado a 5 anos e 4 meses de reclusão, em regime inicial semiaberto, e ao
pagamento de 100 dias-multa, ante a prática do delito descrito no artigo 250, § 1º,
inciso I (causar incêndio com o intuito de obter vantagem pecuniária), do Código Penal.
A defesa interpôs apelação, buscando a absolvição, salientando que a condenação
lastreou-se em perícia não oficial produzida pela companhia seguradora das
mercadorias depositadas. De acordo com a defesa, o título condenatório seria ilegal,
pois fundado em prova inidônea, já que o laudo elaborado por seguradora (vítima) não

37
CPP, art. 140. As garantias do ressarcimento do dano alcançarão também as despesas processuais e as penas pecuniárias, tendo
preferência sobre estas a reparação do dano ao ofendido.

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poderia ter sido utilizado como fonte probatória, mas apenas o exame de corpo de
delito por perícia oficial, nos termos dos arts. 158 e seguintes do CPP. Nessa situação,
para o STF, tem razão a defesa, pois o desaparecimento dos vestígios da infração
inviabiliza a condenação do agente. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STF, o desaparecimento dos vestígios da infração, no crime de


incêndio com o intuito de obter vantagem pecuniária (art. 250, § 1º, I, do Código
Penal38), NÃO INVIABILIZA a condenação do agente. Isso porque, nos termos do art. 167
do CPP39, constatado o desaparecimento dos vestígios da infração, mostra-se viável suprir
a realização de exame por outros meios de prova (prova testemunhal ou documental,
por exemplo). Cumpre destacar que a materialidade do delito supramencionado, cuja
prática deixa vestígios, há de ser comprovada, em regra, mediante exame de corpo de
delito (art. 158 do CP40). Porém, levando em conta a justificada inviabilidade da
elaboração do exame de corpo de delito e a demonstração da materialidade do crime por
outros meios de prova, a incidência do previsto no art. 167 do CPP mostra-se adequada.
Dessa forma, havendo o desaparecimento dos vestígios da infração, ainda que por inércia
do paciente em comunicar, oportunamente, a ocorrência à autoridade policial, a
demonstração da materialidade do crime mediante prova testemunhal, cópias da apólice,
aviso de incêndio, ocorrência policial, relatório de regulação de sinistros, fotografias ou
laudo de averiguação elaborado por seguradora, pode suprir a falta do exame de corpo de
delito. Ademais, o colegiado afirmou que o laudo elaborado de forma unilateral não
constitui prova pericial, mas documental, razão pela qual a validade como elemento de
convicção não se submete à observância dos requisitos previstos nos arts. 158 e seguintes
do CPP. Assim, o laudo produzido pela empresa seguradora vítima, por não se qualificar
como perícia, não consubstancia prova ilícita, surgindo passível de ser valorado pelo Juízo.
Por fim, insta salientar que o fato de a impossibilidade da realização do exame de prova
pericial decorrer da inércia não significa haver-se apenado o comportamento omissivo. A
inexistência de obrigação legal de o paciente, em momento oportuno, comunicar a
ocorrência à autoridade policial não implica a inadmissibilidade processual de outros
meios de prova que, produzidos legitimamente, revelem a materialidade e a autoria do
crime imputado.

STF. 1ª Turma. HC 136964/RS, rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 18/02/2020 (INFO/STF 967).

38
CP, art. 250. Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem: Pena - reclusão, de três a
seis anos, e multa. § 1º - As penas aumentam-se de um terço: I - se o crime é cometido com intuito de obter vantagem pecuniária
em proveito próprio ou alheio; (...).
39
CPP, art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal
poderá suprir-lhe a falta.
40
CPP, art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo
supri-lo a confissão do acusado.

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COMPARTILHAMENTO DE DADOS - UIF

POSSIBILIDADE OU NÃO DE COMPARTILHAMENTO DE DADOS OBTIDOS DO UIF PELA


RECEITA FEDERAL

42. (DJUS) Para o STF, a Receita Federal pode compartilhar a íntegra do procedimento
fiscalizatório que realizou e os relatórios de inteligência financeira fornecidos pela
Unidade de Inteligência Financeira (UIF) com as autoridades policiais e o Ministério
Público para fins criminais, mediante prévia autorização judicial. C/E?

Vejamos a seguinte situação hipotética:

A Receita Federal recebeu do UIF (Unidade de inteligência Financeira – Antigo COAF) um


relatório sigiloso contendo movimentações bancárias atípicas de Tingulinho e em razão
disso instaurou um PAF (Procedimento Administrativo Fiscal) para apurar eventual
sonegação de tributos. Como também havia indícios do cometimento de crimes
tributários e organização criminosa, a Receita Federal, sem autorização judicial,
compartilhou os dados com o Ministério Público para fins de eventual persecução penal.
Apurado os fatos pelo MP e iniciada a ação penal, Tingulinho impugnou as provas
obtidas alegando a inconstitucionalidade do compartilhamento dos dados bancários
fornecidos sem autorização judicial, pois teria configurando a quebra do sigilo bancário.
INFO O juízo competente acolheu o pleito da defesa e declarou nulas essas provas, mandando
962/STF desentranhá-las do processo. O MPF recorreu da decisão. Para o STF, nessa situação,
assiste razão ao MPF, pois é constitucional o compartilhamento de dados da Receita
Federal com órgãos de persecução penal, para fins criminais, sendo prescindível
(dispensada) a prévia autorização judicial. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STF, a Receita Federal PODE compartilhar a íntegra do


procedimento fiscalizatório que realizou e os relatórios de inteligência financeira
fornecidos pela Unidade de Inteligência Financeira (UIF) com as autoridades policiais e o
Ministério Público para fins criminais, desde que feito por meio de comunicações
formais e com garantia de sigilo, certificação do destinatário e que se estabeleça
instrumentos efetivos para apuração e correção de possíveis desvios no
compartilhamento e utilização dos dados, DISPENSANDO-SE PRÉVIA AUTORIZAÇÃO
JUDICIAL. Dito de outra maneira, não é preciso autorização judicial para que a Receita
Federal compartilhe os dados obtidos através do relatório de inteligência da UIF e da
íntegra do processo de fiscalização realizado com os órgãos de persecução penal (Polícia e
Ministério Público). Após a decisão do STF que declarou a constitucionalidade do art. 6º
da LC 105/200141, não há mais discussão sobre a possibilidade da Receita Federal, durante
o procedimento fiscalizatório e sem autorização judicial, requisitar diretamente às
instituições financeiras informações sobre as movimentações bancárias de seus
contribuintes, sem que isso represente a quebra do sigilo bancário. Contudo, persistiu a
dúvida quanto ao compartilhamento dos dados obtidos pela Receita Federal com os

41
LC 105/2001, art. 6º. As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos
e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam
considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente.

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demais órgãos de persecução penal. Reconhecida a Repercussão Geral do tema, o STF


fixou a tese (Tema 990) de que É CONSTITUCIONAL o compartilhamento, desde que feito
por meio de comunicações formais e com garantia de sigilo, certificação do destinatário e
que se estabeleça instrumentos efetivos para apuração e correção de possíveis desvios no
compartilhamento e utilização dos dados. Desse modo, é possível que a Receita Federal
compartilhe os dados que também obteve junto a UIF e instituições financeiras sem
prévia autorização judicial com a polícia e o MP, para fins criminais.

STF. Plenário. RE 1055941/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 4/12/2019 (repercussão geral – Tema 990)
(INFO/STF 962).

DADOS BANCÁRIOS

A RECEITA FEDERAL PODE COMPARTILHAR OS DADOS BANCÁRIOS OBTIDOS SEM


AUTORIZAÇÃO JUDICIAL?

43. (DJUS) Para o STJ é licito o compartilhamento dos dados bancários obtidos
diretamente pela Receita Federal com o Ministério Público e com a Polícia, quando
verificada uma possível prática de crime. C/E?

Vejamos a seguinte situação hipotética:

A Receita Federal para apurar possível crime tributário cometido por Tingulau instaurou
um procedimento fiscal, requisitando diretamente à instituição bancária os extratos
financeiros do contribuinte para análise. Depois de constatado ao final a prática de
crime tributário e constituído o crédito a Receita encaminhou os dados bancários
obtidos ao Ministério Público para subsidiar uma eventual ação penal. Para o STJ, nessa
situação, esse compartilhamento de dados bancários pela Receita Federal com o
Ministério Público para fins de apuração de infração penal é licito. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STJ, é licito o compartilhamento dos dados bancários obtidos
INFO diretamente pela Receita Federal com o Ministério Público e com a Polícia, quando
634/STJ verificada uma possível prática de crime. Trata-se de prova emprestada, que consiste na
possibilidade de utilização em determinado processo de uma prova produzida em outro
INFO processo. E só caberá a sua utilização se a pessoa contra quem ela for utilizada tiver
623/STJ participado do processo onde a prova foi produzida originariamente, para que ela possa
exercer o contraditório. Embora a quebra de sigilo bancário para fins penais pressuponha
autorização judicial, o STF em julgado anterior (RE n. 601.314/SP) considerou
constitucional o artigo 6º da Lei Complementar 105/2001 que permite o acesso direto
(sem autorização judicial) da Receita Federal à movimentação financeira dos
contribuintes. Ainda, a mesma LC 105/01 (art. 1º, §3º, IV) autoriza a comunicação às
autoridades competentes para apurar o ilícito penal, não considerando a comunicação às
autoridades quebra de sigilo. Ademais, o artigo 83 da Lei 9.430/9642 (Lei de Imposto de
Renda) dispõe que é obrigação dos órgãos de fiscalização tributária comunicar ao MP o

42
Lei 9.430/96, art. 83. A representação fiscal para fins penais relativa aos crimes contra a ordem tributária previstos nos arts. 1o e
2o da Lei no 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e aos crimes contra a Previdência Social, previstos nos arts. 168-A e 337-A do
Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), será encaminhada ao Ministério Público depois de proferida a
decisão final, na esfera administrativa, sobre a exigência fiscal do crédito tributário correspondente.

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encerramento do procedimento administrativo de eventual prática de crime. Dessa


forma, considera-se lícita as provas obtidas sem autorização judicial pela Receita, bem
como o compartilhamento dos dados bancários com o MP e a polícia, em cumprimento do
seu dever legal, para que seja apurada possível infração penal.

STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1.601.127-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Rel. Acd. Min. Felix Fischer, julgado em
20/09/2018 (INFO/STJ 634).
STJ. 6ª Turma. HC 422.473-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 20/03/2018 (INFO/STJ 623).

PERÍCIA ANTROPOLÓGICA

IMPRESCINDIBILIDADE OU NÃO DA PERÍCIA ANTROPOLÓGICA COM VINCULAÇÃO DO


MAGISTRADO

44. (DJUS) Para o STJ, além de possuir caráter vinculativo, a realização da perícia
antropológica de grupo indígena, acusado de praticar crime de homicídio é
imprescindível ao julgamento do processo. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

O Ministério Público Federal denunciou indígenas do povo Kaigang pela pratica de duplo
homicídio qualificado. Por meio da Defesa, os índios requereram a realização de perícia
antropológica, alegando ser imprescindível para o julgamento do processo. Para o STJ,
por possuir caráter vinculante, a perícia antropológica deve ser realizada, pois é
imprescindível para que o magistrado possa impor uma eventual sanção. C/E?

COMENTÁRIO
INFO
659/STJ Gabarito: ERRADO. Para o STJ, embora NÃO POSSUA CARÁTER VINCULANTE, a
realização da perícia antropológica de grupo indígena, acusado de praticar crime de
homicídio NÃO é imprescindível, MAS CONSTITUI INSTRUMENTO IMPORTANTE ao
julgamento do processo. Em outras palavras, além de não ser vinculante, a perícia
antropológica NÃO É OBRIGATÓRIA, mas sim IMPORTANTE para a promoção dos debates
em plenário. Mas o que vem a ser uma perícia antropológica? Segundo o professor
Luciano Mariz Maia, “a perícia antropológica é responsável pela identificação de um grupo
étnico enquanto tal (índios, quilombolas, ciganos, etc.) pela revelação de seus usos,
costumes, tradições, modo de ser, viver, se expressar, pela documentação de sua
memória e sua ação, delimitação de seu território e de espaços de interação com o meio
ambiente ou outras comunidades.” O Conselho Nacional de Justiça a editou Resolução n.
287/2019 prevendo a POSSIBILIDADE do magistrado, ao receber denúncia ou queixa
contra pessoa indígena, determinar, SEMPRE QUE POSSÍVEL, de ofício ou a requerimento
das partes, a realização de perícia antropológica, para subsidiar o estabelecimento da
responsabilidade da pessoa acusada. Visa-se, com a perícia, proteger os direitos e
garantias individuais dos povos indígenas, proporcionando a compreensão da organização
social, costumes, crenças e tradições dos índios, (art. 232 da CF/8843) e assim auxiliar o juiz
a proferir julgamento, considerando-se o grau de integração desses índios. Dessa forma,
embora não seja vinculativa, a perícia antropológica é de suma importância aos debates
entre as partes, do mesmo modo que é para o julgador que poderá extrair respaldo
43
CF, art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas para ingressar em juízo em defesa de seus direitos
e interesses, intervindo o Ministério Público em todos os atos do processo.

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técnico para proferir sua decisão.

STJ. 6ª Turma. RHC 86.305-RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 01/10/2019 (INFO/STJ 659).

REVISTA ÍNTIMA

ILICITUDE OU NÃO DA PROVA OBTIDA POR MEIO DE REVISTA ÍNTIMA COM BASE EM
DENÚNCIA ANÔNIMA

45. (DJUS) Para o STJ, a prova obtida por meio de revista íntima com fundamento
apenas em denúncia anônima é ilícita. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

O Diretor do presídio recebeu no dia das visitas aos presos, uma ligação anônima
relatando que Rafaela estaria levando drogas para entregar ao marido dentro do
presídio. Quando Rafaela chegou para visitar o marido foi conduzida e submetida à
revista íntima, momento em que foi encontrada determinada quantidade de drogas nas
partes íntimas de seu corpo, sendo presa em flagrante. Para o STJ, nessa situação, a
prisão foi ilegal, pois a prova colhida em revista íntima, unicamente com base em
denúncia anônima, é ilícita. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STJ, a prova obtida por meio de revista íntima com fundamento
apenas em denúncia anônima É ILÍCITA. Em outras palavras, o fato da revista íntima ter
INFO sido realizada apenas por causa da denúncia anônima recebida, sem a presença de outros
659/STJ indícios ou diligências nesse sentido, tornou ilícita a prova colhida. Ficou decidido que se
houve apenas “denúncia anônima” acerca de eventual traficância praticada pela ré,
incapaz, portanto, de configurar, por si só, fundadas suspeitas a autorizar a realização de
revista íntima. Se não havia fundadas suspeitas para a realização de revista na acusada,
não há como se admitir que a mera constatação de situação de flagrância - localização, no
interior da vagina, de substância entorpecente -, posterior à revista, justifique a medida,
sob pena de esvaziar-se o direito constitucional à intimidade, à honra e à imagem do
indivíduo. De fato, por não possuir lei federal que trate sobre o cabimento ou não da
revista íntima nos presídios, o tema ainda é polêmico e possui correntes diversas. Existem
Estados que editaram leis proibindo expressamente a realização da revista íntima no
presídio aos visitantes, a exemplo de São Paulo (Lei 15.552/2014). A Resolução n. 5/2014
do Conselho Nacional de Política Criminal (Ministério da Justiça) proibiu a utilização de
práticas vexatórias para o controle de ingresso nas penitenciárias para visitação. Por outro
lado, outros entendem que a medida estaria autorizada, por questão de segurança pública
e em nome da segurança prisional. O tema ainda não foi definido pelo STF, embora já
tenha sido admitida a existência de repercussão geral (RG no ARE n. 959.620/RS).
Contudo, não deixa de ser uma medida extrema em que se deva ter cautela na sua
realização para evitar a violação da dignidade da pessoa humana, a exposição das pessoas
a situações vexatórias e humilhantes, preservando-se o direito à intimidade, à
inviolabilidade do corpo e à convivência familiar entre visitante e preso. Vislumbra-se um
verdadeiro conflito de direitos fundamentais protegidos pela constituição que deve ser
solucionado com o uso da técnica da ponderação e do princípio da proporcionalidade de
acordo com o caso concreto. No caso de revista intima realizada com base exclusiva em
denúncia anônima, onde não houver nenhuma outra fundada suspeita que justifique a

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medida, não se deve submeter à pessoa a revista íntima. Sendo, portanto, a prova colhida
durante o ato ILÍCITA, bem como é ilegal a situação de flagrância constatada.

STJ. 6ª Turma. REsp 1.695.349-RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 08/10/2019 (INFO/STJ 659).

PROVA ILÍCITA

CONFIGURA PROVA ILÍCITA A CONDUTA DO POLICIAL QUE ATENDE O TELEFONE DO


ACUSADO SEM AUTORIZAÇÃO?

46. (DJUS) Para o STJ, é ilícita a prova obtida mediante a conduta de policial que, se
passando pelo investigado, atende o telefone celular deste sem a sua autorização.
C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Policiais militares, durante patrulhamento de rotina, abordaram um automóvel suspeito


estacionado sobre a calçada vindo a encontrar 2,8g de cocaína e 1,26g de maconha
embaixo do banco do motorista Flávio, o qual alegou que a droga era para consumo
próprio. Durante a revista, o celular de Flávio tocou e um dos policiais, sem autorização
do suspeito, atendeu a ligação e viu que se tratava de um consumidor querendo
comprar drogas. O policial se passou por Flávio e fez a negociação em seu lugar,
provocando o flagrante e em consequência a prisão de Flávio, que foi denunciado e
INFO condenado pela prática de tráfico de drogas. Para o STJ, nessa situação, a prova obtida
655/STJ pelo policial foi ilícita, ante a ausência de autorização seja do investigado ou judicial.
C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STJ, É ILÍCITA a prova obtida mediante a conduta de policial
que, se passando pelo investigado, atende a ligação no telefone celular deste sem a sua
autorização. Dito de outra maneira, a conduta do policial que atendeu sem autorização o
celular do investigado é ilegal e torna a prova obtida por essa via ILÍCITA. Isso porque,
configura-se a quebra de sigilo das comunicações telefônicas, conduta vedada pelo
ordenamento jurídico (art. 5º, XII da CF/8844). Não se trata propriamente de uma
interceptação telefônica, porém, há clara violação da privacidade do investigado, não se
justificando a conduta arbitrária pela necessidade da persecução penal. O fato de ter sido
apreendida pequena quantidade de drogas (menos de 5g) durante a abordagem, não é
suficiente, por si só, para configurar a prática do crime de tráfico de drogas. Ou seja, a
conduta arbitrária do policial foi substancial para se imputar o crime ao acusado. Assim,
a prova obtida por meio da ligação telefônica em que o policial ao atender o telefone, sem
autorização judicial ou do investigado, se passou por este para configurar o flagrante É
ILÍCITA.

STJ. 6ª Turma. HC 511.484-RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 15/08/2019 (INFO/STJ 655).

44
CF, art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...) XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo,
no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução
processual penal; (...).

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LAUDO PERICIAL

NULIDADE OU NÃO DE LAUDO PERICIAL CRIMINAL REALIZADO E ASSINADO POR


TÉCNICOS PAPILOSCOPISTAS

47. (DJUS) Para o STF, é ilícito o laudo pericial criminal realizado por técnicos
papiloscopistas do Instituto de Identificação da Polícia Civil, por não terem
atribuição legal para subscreverem o laudo oficial. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Raylinda foi denunciada sob a acusação de ter mandado matar seus pais. O juízo
competente determinou a realização de perícia criminal que foi realizada por técnicos
papiloscopista do Instituto de Identificação da Polícia Civil, que sozinhos, assinaram o
referido laudo. A defesa impugnou o laudo alegando que somente peritos criminais
oficiais poderiam ter realizado a perícia. Ainda assim, o laudo pericial foi considerado
prova lícita e o juiz com base nele e em outros relevantes indícios de autoria pronunciou
Raylinda. Para o STF, nessa situação, merece ser corrida a decisão do juiz, pois embora o
Instituto de Identificação da Polícia Civil possua competência formal para realizar
trabalhos periciais e expedir os respectivos laudos, estes devem ser assinados por
peritos oficiais para que sejam considerados provas lícitas. C/E?

COMENTÁRIO
INFO
Gabarito: ERRADO. Para o STF, NÃO é ilícito o laudo pericial criminal realizado por
953/STF
técnicos papiloscopistas do Instituto de Identificação da Polícia Civil. Em outras
palavras, os técnicos papiloscopistas do Instituto de Identificação possuem competência
para realizar perícias e emitir os respectivos laudos. Embora o STF entenda que tanto o
exame de corpo de delito quanto as demais perícias devam ser realizadas por peritos
oficiais com diploma de curso superior, o Instituto de Identificação é um órgão oficial do
Estado que possui diversas atribuições legais para realizar diversos trabalhos periciais e
expedir os seus respectivos laudos. Dessa forma, o laudo produzido por técnico
papiloscopista é válido e não deve ser retirado dos autos. Ademais, se a pronuncia estiver
subsidiada por elementos suficientes de autoria e materialidade, não há que se falar em
nulidade da decisão de pronúncia, haja vista que a análise de ilicitude ou não da prova
caberá ao Conselho de Sentença. Importante frisar que há uma discussão no âmbito
legislativo e no próprio STF (ADI 4.354 E ADI 5.182) quanto à abrangência do artigo 5º, da
Lei 12.030/09 que dispõe sobre as perícias oficiais, por ele não contemplar expressamente
os peritos papiloscopistas como sendo peritos de natureza criminal. Nesse sentido, não se
pode considerar ilícito o laudo pericial criminal realizado e assinado por papiloscopistas do
Instituto de Identificação da Policia Civil, até que haja manifestação formal nesse sentido.

STF. 1ª Turma. HC 174400 AgR/DF, rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado
em 24/9/2019 (INFO/STF 953).

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PROVA COLHIDA EM INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA

NULIDADE OU NÃO DA PROVA COLHIDA EM INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA POR FALTA


DA TRANSCRIÇÃO DOS ÁUDIOS

48. (DJUS) Para o STF, a falta de transcrição integral dos áudios colhidos durante a
interceptação telefônica e disponibilizados amplamente para a defesa não gera a
nulidade da prova por desrespeito a Súmula Vinculante 14 que garante amplo
acesso aos elementos de prova já documentados no Inquérito Policial. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Aparecido, suspeito de ter praticado um crime punido com reclusão, foi alvo de
interceptação telefônica durante as investigações policiais mediante prévia autorização
judicial. Todos os áudios colhidos foram juntados ao Inquérito Policial (IP) e
disponibilizados às partes. Mesmo assim, a defesa apresentou Reclamação alegando
violação da súmula vinculante n. 14 que garante ao defensor amplo acesso aos
elementos de provas já documentados no IP, por terem sido juntados apenas os áudios
sem a transcrição do conteúdo. Para o STF, nessa situação, não há o que se falar em
violação da SV 14, pois não houve restrição de acesso as provas, tendo sido
disponibilizado o acesso amplo aos áudios colhidos para que fossem ouvidos na integra
pela defesa. C/E?

INFO COMENTÁRIO
949/STF
Gabarito: CERTO. Para o STF, a falta de transcrição integral dos áudios colhidos durante
SV a interceptação telefônica e disponibilizados amplamente para a defesa NÃO gera a
14/STF nulidade da prova, não havendo desrespeito a Súmula Vinculante nº 14 que garante
amplo acesso aos elementos de prova já documentados no Inquérito Policial. Em outras
palavras, não é obrigatória a disponibilização da transcrição dos áudios colhidos durante a
interceptação telefônica. Dispõe a SV 14: “É direito do defensor, no interesse do
representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em
procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária,
digam respeito ao exercício do direito de defesa”. Contudo, o verbete não menciona a
necessidade de que haja TRANSCRIÇÃO dos áudios colhidos durante a escuta. Basta a
disponibilização da integralidade dos áudios para a defesa, que é suficiente para atender
aos parâmetros da Súmula Vinculante 14. Dessa forma, a falta de transcrição dos áudios
não é motivo suficiente para acarretar na nulidade da prova colhida em interceptação.

STF, 1ª Turma. Rcl 27919 AgR/GO, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 27/8/2019 (INFO/STF 949).

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REVISTA PESSOAL

VALIDADE OU NÃO DA PROVA DECORRENTE DE REVISTA PESSOAL FEITA POR AGENTE


DE SEGURANÇA PRIVADA

49. (DJUS) Para o STJ, é ilícita a revista pessoal realizada por agente de segurança de
empresa privada, bem como todas as provas dela decorrentes. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Durante patrulha realizada por seguranças de empresa privada dentro da estação de


metrô, Paulo foi abordado e durante a revista pessoal encontrado drogas em sua bolsa.
Paulo foi detido pelos seguranças e encaminhado à autoridade policial, sob suspeita de
estar praticando tráfico de drogas na localidade. Nessa situação, para o STJ a revista
pessoal e todas as provas que dela decorrerem são consideradas ilícitas, uma vez que
não foi realizada por agentes de segurança pública. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STJ, é ilícita a revista pessoal realizada por agente de segurança
de empresa privada, bem como serão consideradas ilícitas todas as provas dela
decorrentes. A busca e apreensão é um meio de se obter prova, coletando-se dados,
documentos, bens, valores ou informações com capacidade probatória da ocorrência de
determinados fatos. A busca pode ser domiciliar ou pessoal. Contudo, apenas as
autoridades judiciais, policiais ou seus agentes têm autorização para realizarem essas
buscas, uma vez que é dever do Estado garantir a segurança a toda população.
SEGURANÇAS de empresas privadas NÃO ESTÃO AUTORIZADOS a praticarem revista
pessoal, ante a falta de previsão legal. Importante frisar que sequer os agentes privados
podem ser equiparados à guardas municipais. Dessa forma, é ilícita a revista pessoal
realizada por esses agentes privados, bem como serão nulas todas as provas decorrentes
da revista.
INFO
651/STJ STJ. 5ª Turma. HC 470.937-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 04/06/2019 (INFO/STJ 651).

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ACESSO INTEGRAL A CONVERSAS TELEFÔNICAS

A FALTA DE ACESSO À INTEGRALIDADE DAS CONVERSAS CAPTADAS GERA NULIDADE DA


PROVA?

50. (DJUS) Para o STJ, a falta de acesso à integralidade das conversas captadas através
de interceptação telefônica, juntada aos autos de forma emprestada, em que
apenas trechos dos áudios foram disponibilizados para a defesa, gera a nulidade da
prova. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

O Ministério Público realizou, com autorização judicial, escutas telefônicas de suspeitos


envolvidos no tráfico de drogas. Durante as escutas foi descoberto o crime de
concussão, supostamente cometido por Jeferson. Diante da descoberta, o MP
denunciou Jeferson, utilizando como prova emprestada parte dos áudios colhidos na
interceptação telefônica que investigava crime diverso. Jeferson foi condenado a 02
anos de reclusão no regime aberto. Em apelação, a defesa alegou a nulidade da prova
emprestada e do processo, por cerceamento de defesa, uma vez que não teve acesso a
integralidade dos áudios captados. Para o STJ, nessa situação, o recurso deve ser
provido, pois a indisponibilidade da integralidade dos áudios gerou a nulidade da prova.
C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STJ, a falta de acesso à integralidade das conversas captadas
através de interceptação telefônica, juntada aos autos de forma emprestada, em que
apenas trechos dos áudios foram disponibilizados para a defesa, GERA a nulidade da
prova. Em outras palavras, é obrigatória a disponibilização para a defesa da integralidade
dos áudios que foram captados mediante interceptação telefônica, sob pena de nulidade
da prova produzida. Interceptação telefônica é a captação da conversa telefônica por um
INFO terceiro, sem o conhecimento dos interlocutores. A Lei 9.296/96 regulamenta a
648/STJ interceptação telefônica, dispondo ser cabível em última ratio, quando indispensável à
produção da prova criminal e não tiver outra forma de ser produzida. Ocorrendo a
descoberta de prática criminosa, ainda que estranha ao objetivo inicial da interceptação,
deve-se dar sequencia as investigações do crime achado. Vale lembrar que “CRIME
ACHADO” é também conhecido pela doutrina como “SERENDIPIDADE” ou “encontro
fortuito de provas”. Essa prova é perfeitamente válida. A Lei de interceptação telefônica,
nos termos do art. 9º, não exige a transcrição integral do conteúdo das interceptações
para utilização na peça acusatória, contudo é imprescindível que seja disponibilizado para
a defesa a integralidade dos áudios que foram captados, para que se possibilitem o
exercício dos direitos da sua ampla defesa e contraditório. Dispõe o art. 9º, caput e
parágrafo único, da Lei 9.296/96: “A gravação que não interessar à prova será inutilizada
por decisão judicial, durante o inquérito, a instrução processual ou após esta, em virtude
de requerimento do Ministério Público ou da parte interessada; Parágrafo único: O
incidente de inutilização será assistido pelo Ministério Público, sendo facultada a
presença do acusado ou de seu representante legal". Assim, todo o produto que foi
produzido durante a interceptação telefônica deve ser destinado ao Juízo competente, e
A EXTRAÇÃO DO QUE NÃO FOR RELEVANTE ao processo, realizada em conjunto com a
ACUSAÇÃO E DEFESA. Nesse caso, não se discutiu a transcrição parcial das conversas e

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sim a falta de acesso à integralidade dos áudios pela defesa. Dessa forma, não é
admissível que o MP extraia apenas parte dos áudios que lhe for de interesse, tornando
inacessível à defesa o acesso de todo o conteúdo captado durante a interceptação. Essa
indisponibilidade acarreta a NULIDADE DA PROVA, por inviabilizar o exercício da ampla
defesa do acusado, constatando-se flagrante prejuízo.

STJ. 6ª. REsp 1.795.341-RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 07/05/2019
(INFO/STJ 648).

ESPELHAMENTO DE CONVERSA DO WHATSAPP

VALIDADE OU NÃO DA PROVA OBTIDA PELO ESPELHAMENTO DO WHATSAPP WEB

51. (DJUS) Para o STJ, por se aplicar a analogia entre o instituto da interceptação
telefônica e o espelhamento das conversas do Whatsapp através do Whatsapp Web,
as provas obtidas são válidas, desde que obtidas mediante autorização judicial. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Bituraldo, mediante autorização judicial, teve seu aparelho celular apreendido pela
autoridade policial para que fossem espelhadas suas conversas do aplicativo WhatsApp
no computador através do WhatsApp Web o devolvendo em seguida. Durante o
monitoramento se apurou a pratica do crime de tráfico de drogas pelo que se decretou
sua prisão preventiva. Para o STJ, nessa situação, como havia autorização judicial, toda a
prova obtida é válida. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STJ, por NÃO se aplicar a analogia entre o instituto da
interceptação telefônica e o espelhamento das conversas do WhatsApp através do
WhatsApp Web, as provas obtidas NÃO são válidas, ainda que obtidas mediante
autorização judicial. Em outras palavras, as provas obtidas por esse meio são NULAS, pois
é impossível aplicar a analogia entre o instituto da interceptação telefônica e o
INFO espelhamento das conversas de WhatsApp pelo WhatsApp web. Isso, porque na
640/STJ interceptação o investigador atua como MERO OBSERVADOR das conversas realizadas
por terceiros depois da autorização judicial, sem possibilidade de alterar ou interagir nas
conversas, enquanto no espelhamento do WhatsApp web, o investigador tem a
possibilidade de participar como INTERLOCUTOR, tendo acesso às mensagens já
registradas, as presentes e as futuras, realizadas e recebidas pelo investigado, bem como
a possibilidade de excluir mensagens sem deixar vestígios e enviar mensagens. Dessa
forma, a decisão judicial que autorizou a realização desse meio de prova foi considerada
nula, bem como todas as provas que dela decorreram, ante a falta de previsão legal desse
meio de prova. Como apontou o STJ, “a admissão de tal meio de obtenção de prova
implicaria indevida presunção absoluta da legitimidade dos atos dos investigadores, dado
que exigir contraposição idônea por parte do investigado seria equivalente a demandar-
lhe produção de prova diabólica”. E para o STF? Ainda não há precedente da Excelsa Corte
sobre o tema.

STJ. 6ª Turma. RHC 99.735-SC, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 27/11/2018 (INFO/STJ 640).

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SIGILO DAS CONVERSAS

VALIDADE OU NÃO DA QUEBRA DE SIGILO DAS CONVERSAS DE WHATSAPP DA VÍTIMA


SEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL

52. (DJUS) Para o STJ, não há ilegalidade na quebra de sigilo de conversações via
WhatsApp em aparelho de propriedade da vítima fatal, que foi entregue por sua
esposa, sem prévia autorização judicial. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Alexandre foi morto em emboscada com vários tiros. A esposa da vítima ao ser intimada
para prestar depoimento entregou o aparelho celular da vítima, com a intenção de
ajudar no esclarecimento do crime. A polícia ao periciar o aparelho chegou à autoria do
crime. Apurou-se nas conversações via WhatsApp da vítima que ele tinha um caso
extraconjugal com a esposa de Rosenildo e que este era o autor do crime. Após
conclusão do Inquérito o Ministério Público denunciou Rosenildo por homicídio
qualificado. A defesa impetrou HC visando a nulidade da prova proveniente da quebra
de sigilo das conversações via WhatsApp por falta de autorização judicial. Para o STJ,
nessa situação, a quebra de sigilo das conversações foi válida. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STJ, é válida a quebra de sigilo de conversações via WhatsApp
em aparelho de propriedade da vítima fatal, sem prévia autorização judicial, mas que
tenha o aparelho sido entregue por sua esposa. A Constituição Federal protege o cidadão
contra a violação da sua intimidade, contra a quebra de sigilo de sua correspondência, dos
dados e das comunicações telefônicas (art. 5º, incisos X e XII45), salvo com autorização
INFO
judicial. Nesse sentido, há necessidade de prévia autorização judicial para que se realize a
617/STJ
quebra de sigilo de conversas de WhatsApp e de dados telefônicos em aparelho celular de
AUTOR de crime (RHC 51.531-RO). Sem a prévia autorização judicial as provas colhidas
serão nulas e as que dela derivarem também, segundo a teoria dos frutos da árvore
envenenada. Frise-se que aqui se está a proteger o direito do acusado, contudo, perícia
no aparelho celular DA VÍTIMA, que FALECEU, somente foi possível porque sua esposa
espontaneamente o entregou a autoridade policial, com a intenção de ver o crime
esclarecido. Como o detentor do direito ao sigilo morreu, não há mais sigilo a ser
protegido. Dessa forma, não há ilegalidade na perícia de aparelho de telefonia celular pela
polícia, mesmo sem prévia autorização judicial, na hipótese em que a vítima, dona do
aparelho, foi morta, uma vez que o referido telefone foi entregue à autoridade policial por
sua esposa que tinha interesse em esclarecer o crime. Em outras palavras, o STJ afirmou
que “não há sequer necessidade de uma ordem judicial porque, frise-se, no processo
penal, o que se protege são os interesses do acusado. Logo, soa como impróprio proteger-
se a intimidade de quem foi vítima do homicídio, sendo que o objeto da apreensão e da
investigação é esclarecer o homicídio e punir aquele que, teoricamente, foi o responsável

45
CF, art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...) X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano
material ou moral decorrente de sua violação; XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de
dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer
para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; (...).

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pela morte”.

STJ. 6ª Turma. RHC 86.076-MT, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. Acd. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
19/10/2017 (INFO/STJ 617).

DOCUMENTOS APREENDIDOS

AUSÊNCIA DE LACRES EM DOCUMENTOS APREENDIDOS E LEGITIMIDADE DA PROVA

53. (DJUS) Para o STJ, a ausência de lacre em todos os documentos e bens apreendidos
torna automaticamente ilegítima a prova obtida. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Em realização de Operação para apurar a prática de diversos crimes, foi autorizada


varias buscas e apreensões em determinada empresa, sendo apreendidos diversos
documentos enviados posteriormente para a Receita Federal. Ocorre que os
documentos e bens apreendidos não foram lacrados no ato da apreensão. Para o STJ,
nessa situação, a prova obtida é ilegítima. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STJ, a ausência de lacre em todos os documentos e bens


apreendidos NÃO torna automaticamente ilegítima a prova obtida. Em outras palavras, a
prova obtida através de documentos ou bens que foram apreendidos, mas que não foram
lacrados no ato da apreensão, não gera, por si só, a ilegitimidade da prova. Para que reste
configurada a nulidade é necessário que se demonstre prejuízo efetivo para as partes. É o
que se extrai do artigo 563 do CPP: “Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não
resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa”. Ou seja, é imprescindível a
demonstração do prejuízo para se alegar a nulidade (pas de nullité sans grief), o que no
caso concreto não foi demonstrado. Caso se comprove o prejuízo, a prova obtida deverá
ser desentranhada dos autos e as decisões por ventura proferidas com base nestas
provas, anuladas. Insta salientar também que se deve considerar a presunção de
legitimidade e veracidade dos atos praticados pelos agentes públicos, cabendo à parte
INFO que alega a nulidade provar concretamente que foram descumpridas as formalidades
608/STJ legais e essenciais da busca e apreensão realizada e regulada pelo artigo 240 e seguintes
do CPP. Por fim, importante destacar que a Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime) trouxe
uma série de procedimentos a serem praticados no que se refere à coleta e
armazenamento da prova e dos locais de crime. Trata-se da CADEIA DE CUSTÓDIA,
entendida como o conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter e
documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes,
para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte (art.
158-A do CPP). Entre esses procedimentos está a determinação de que todos os vestígios
devem ser acondicionados em recipientes que deverão ser selados com lacres, com
numeração individualizada, de forma a garantir a inviolabilidade e a idoneidade do
vestígio durante o transporte.

STJ. 5ª Turma. RHC 59.414-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 27/6/2017 (INFO/STJ 608).

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PERÍCIA POR LEGISTA MULHER

POSSIBILIDADE OU NÃO DE LEI ESTATUAL EXIGIR A REALIZAÇÃO DE PERÍCIA APENAS


POR LEGISTA MULHER

54. (DJUS) Para o STF, é material e formalmente inconstitucional Lei Estadual que exige
a realização de perícia em crianças e adolescentes vítimas de estupro apenas por
perito legista mulher. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

A Procuradoria Geral da República alegou em ADI a inconstitucionalidade de Lei


Estadual do Rio de Janeiro (Lei 8.08/2008), que obriga a realização de exames periciais
de crianças e adolescentes do sexo feminino, vítimas de estupro, por perito legista
mulher. Alegou que o Estado inovou em matéria processual penal, que é de
competência privativa da União (inconstitucionalidade formal), bem como ofendeu o
direito das crianças e adolescentes de acesso à justiça (inconstitucionalidade material).
Para o STF, razão assiste ao MP devendo ser declarada a inconstitucionalidade da lei por
vício formal e material. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STF, NÃO é material e nem formalmente inconstitucional Lei
Estadual que exige a realização de perícia em crianças e adolescentes vítimas de estupro
apenas por perito legista mulher. A Corte, em decisão cautelar entendeu que não há que
se falar em inconstitucionalidade formal, pois não se trata de norma processual penal, que
é matéria privativa da União, mas sim de procedimentos em matéria processual, bem
INFO
como sobre a proteção à infância e juventude que são de competência concorrente da
933/STF
União, Estados e DF, (art. 24, XI, e XV, da CF46). Ademais, entendeu que ocorreu um
conflito aparente entre o direito de acesso à justiça (art. 5º, XXXV, da CF47), quando, sem
comportar exceção, vedou o atendimento por perito legista homem e os princípios da
proteção integral e da prioridade absoluta à criança e ao adolescente (art. 227, caput, da
CF48), quando impede ou retarda a realização de exames por falta de legista mulher,
impedindo a produção de prova necessária à efetividade da norma punitiva. E para evitar
a inconstitucionalidade material, o STF deu ao § 3º, do artigo 1º da Lei 8.008/18,
interpretação conforme a Constituição para reconhecer que crianças e adolescentes do
sexo feminino vítimas de estupro deverão ser obrigatoriamente examinadas por legista
mulher, mas desde que NÃO IMPORTE RETARDAMENTO OU PREJUÍZO DA DILIGÊNCIA.
Ou seja, se a ausência de legista mulher prejudicar a produção da prova, dificultar a
persecução do crime e a punição do agente, poderá o exame ser realizado por legista
homem, mantendo-se o dever estatal de proteção da criança. Dar interpretação conforme

46
CF, art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: (...) XI - procedimentos em
matéria processual; (...) XV - proteção à infância e à juventude; (...).
47
CF, art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...) XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; (...).
48
CF, art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta
prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão.

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a Constituição é adotar a interpretação mais favorável à Constituição Federal, sem se


afastar da finalidade da lei. Assim, o Poder Judiciário atua como legislador negativo,
eliminando por incompatibilidade com a Constituição uma ou mais possibilidades de
interpretação. Dessa forma, o STF não considerou inconstitucional a Lei Estadual que
editou norma em matéria de procedimento penal, mas deu interpretação conforme
quanto à obrigatoriedade sem exceções no atendimento por legista mulher prevista na
lei, evitando a inconstitucionalidade material.

STF. 2ª Turma. Pet 7612/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 12/03/2019 (INFO/STF 933).

AGENTE INFILTRADO

POLICIAL MILITAR PODE ATUAR COMO AGENTE INFILTRADO SEM AUTORIZAÇÃO


JUDICIAL?

55. (DJUS) Para o STF, o policial militar não pode atuar como agente infiltrado em grupo
criminoso sem autorização judicial, sendo ilícitas as provas eventualmente colhidas.
C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Policial militar foi designado para atuar nas ruas como agente de inteligência e coletar
dados para prevenir protestos sociais e articular a atuação da Força Nacional de
Segurança. Durante a atuação o policial acabou se infiltrando em grupo criminoso que
praticava vandalismo em protestos e coletou provas que embasou a condenação dos
agentes. Para o STF essas provas são ilícitas, pois o policial ultrapassou os limites de sua
atuação se infiltrando sem autorização judicial. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, policial militar NÃO pode atuar como agente infiltrado em
INFO grupo criminoso sem autorização judicial, sendo ilícitas as provas eventualmente
932/STF colhidas (art. 10, da Lei 12.850/13)49. Em outras palavras, as provas seriam licitas se o
policial tivesse sido autorizado judicialmente a se infiltrar no grupo criminoso. As funções
de um AGENTE DE INTELIGÊNCIA consistem na coleta e processamento de informações
sobre temas estratégicos e relevantes para o governo, de forma preventiva e genérica,
dispensada autorização judicial, bem como a necessidade de ser realizada por policial.
Enquanto o AGENTE INFILTRADO, necessita de autorização judicial, uma vez que a sua
atuação pode repercutir na pratica de conduta criminosa pelo agente na obtenção de
provas que possibilitem prevenir, detectar ou reprimir a atividade criminosa de
determinadas pessoas ou grupos específicos, podendo também causar riscos à sua

49
Lei 12.850/13, Art. 10. A infiltração de agentes de polícia em tarefas de investigação, representada pelo delegado de polícia ou
requerida pelo Ministério Público, após manifestação técnica do delegado de polícia quando solicitada no curso de inquérito
policial, será precedida de circunstanciada, motivada e sigilosa autorização judicial, que estabelecerá seus limites. § 1º Na hipótese
de representação do delegado de polícia, o juiz competente, antes de decidir, ouvirá o Ministério Público. § 2º Será admitida a
infiltração se houver indícios de infração penal de que trata o art. 1º e se a prova não puder ser produzida por outros meios
disponíveis. § 3º A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 (seis) meses, sem prejuízo de eventuais renovações, desde que
comprovada sua necessidade. § 4º Findo o prazo previsto no § 3º , o relatório circunstanciado será apresentado ao juiz
competente, que imediatamente cientificará o Ministério Público. § 5º No curso do inquérito policial, o delegado de polícia poderá
determinar aos seus agentes, e o Ministério Público poderá requisitar, a qualquer tempo, relatório da atividade de infiltração.

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integridade física. Além de outros diplomas legais, a Lei 12.850/13, que trata das
organizações criminosas autoriza e regula a infiltração por POLICIAIS, em atividades
investigativas e diante de lacuna legislativa deve por analogia ser respeitados os
procedimentos ali previstos (art. 10, da Lei 12.850/13). A infiltração será cabível apenas se
não houver outro meio de se produzir a prova necessária à investigação. Ainda, o artigo
157 do CPP50, considera ilícita toda prova obtida em violação a norma constitucional e
legal, devendo esta ser desentranhada dos autos. No caso em concreto, deveria ter sido
aplicada a referida Lei de Organização Criminosa, necessitando-se, portanto, de
autorização judicial, motivo pelo qual, a atuação do policial foi ilegal e todas as provas
colhidas consideradas ilícitas. Por fim, importante destacar que a Lei nº 13.964/2019
(Pacote Anticrime) acrescentou expressamente a possibilidade de ser autorizada
judicialmente a investigação por agentes de polícia infiltrados VIRTUAIS, os quais
obedecidos os requisitos do caput do art. 10, na internet, irão investigar os crimes
previstos na Lei de Organizações Criminosas e a eles conexos, praticados por organizações
criminosas, desde que demonstrada sua necessidade e indicados o alcance das tarefas dos
policiais, os nomes ou apelidos das pessoas investigadas e, quando possível, os dados de
conexão ou cadastrais que permitam a identificação dessas pessoas (art. 10-A, da Lei
12.850/13)51.

STF. 2ª Turma. HC 147837/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 26/2/2019 (INFO/STF 932).

BUSCA E APREENSÃO

BUSCA E APREENSÃO EM IMÓVEL FUNCIONAL AUTORIZADO POR JUIZ INCOMPETENTE

56. (DJUS) Para o STF, é ilegal a prova colhida em busca e apreensão em imóvel
funcional de Senadora com foro por prerrogativa de função, determinado por juiz de
1º grau e sem delimitação dos bens a serem apreendidos. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Paulinho está sendo investigado pela pratica de crimes e foi decretada por juiz de 1º
grau busca e apreensão, em seu desfavor, no imóvel funcional em que reside com a sua
esposa, a Senadora Florinda. Não houve delimitação de propriedade de documentos e
bens de Paulinho e os da Senadora a serem apreendidos. Para o STF, nesse caso, a busca
e apreensão e as provas colhidas são ilícitas. C/E?

COMENTÁRIO
INFO
Gabarito: CERTO. Para o STF, é ilegal a prova colhida em busca e apreensão em imóvel
908/STF
funcional de Senadora com foro por prerrogativa de função, determinado por juiz de 1º
grau e sem delimitação dos bens a serem apreendidos. A busca e apreensão é um meio
de se obter prova, coletando-se dados, documentos, bens, valores ou informações com
capacidade probatória da ocorrência de determinados fatos. Esta, se no domicílio do réu,

50
CPP, art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em
violação a normas constitucionais ou legais.
51
Lei 12.850/13, art. 10-A. Será admitida a ação de agentes de polícia infiltrados virtuais, obedecidos os requisitos do caput do art.
10, na internet, com o fim de investigar os crimes previstos nesta Lei e a eles conexos, praticados por organizações criminosas,
desde que demonstrada sua necessidade e indicados o alcance das tarefas dos policiais, os nomes ou apelidos das pessoas
investigadas e, quando possível, os dados de conexão ou cadastrais que permitam a identificação dessas pessoas.

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só pode ocorrer com determinação judicial (juízo competente). No caso concreto, a


investigação era contra réu sem prerrogativa de foro, mas que residia com sua esposa em
imóvel funcional ocupado por ela que é Senadora da República, detentora de foro
privilegiado originariamente no STF (art. 102, I, b, da CF 52). A autorização de busca foi
determinada por juiz de 1º grau, ou seja, autoridade incompetente para essa
determinação, sendo a primeira razão para tornar a diligência ilegal. Ademais, o
investigado, embora resida no imóvel e não possua foro especial, o imóvel é ocupado por
sua esposa que tem foro por prerrogativa de função e o juiz em ordem genérica não
delimitou o que pertenceria à propriedade do investigado e da Senadora, sendo
apreendidos materiais, valores, documentos e bens sem distinção. Houve nulidade da
busca e apreensão por faltar competência ao juiz que a determinou e por ser as provas
colhidas ilícitas por violar norma constitucional e legal. Dessa forma, o STF entendeu que
houve investigação, por via reflexa, de detentor de prerrogativa de foro e caracterização
de usurpação de competência.

STF. 2ª Turma. Rcl 24473/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 26/6/2018 (INFO/STF 908).

TESTEMUNHAS

INDEFERIMENTO DE TODAS AS TESTEMUNHAS DE DEFESA CAUSA CONSTRANGIMENTO


ILEGAL?

57. (DJUS) Para o STF, o indeferimento de todas as testemunhas de defesa gera


constrangimento ilegal e cerceia o direito de defesa do réu. C/E?

Vejamos a seguinte situação hipotética:

O juiz, com fundamento de que o requerimento da defesa tinha intenção meramente


protelatória, indeferiu a oitiva de todas as testemunhas arroladas pelo réu. Contra essa
decisão foi impetrado um HC em seu favor requereu a oitiva de oito testemunhas. Para
o STF, nessa situação, não agiu corretamente o juiz, ocorrendo constrangimento ilegal.
C/E?

COMENTÁRIO
INFO
Gabarito: CERTO. Para o STF, o indeferimento de todas as testemunhas de defesa gera
901/STF
constrangimento ilegal e cerceia o direito de defesa do réu. Embora a lei (art. 400, §1º,
do CPP53) com fundamento no princípio do livre convencimento motivado, permita ao
magistrado indeferir a produção de provas irrelevantes, impertinentes e protelatórias,
não significa que ele poderá cercear o direito de defesa das partes, indeferindo, por
exemplo, a oitiva de todas as testemunhas como no caso. Para a Corte, o direito à prova é

52
CF, art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar,
originariamente: (...) b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso
Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República; (...).
53
CPP, art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à
tomada de declarações do ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado
o disposto no art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e
coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado. §1º As provas serão produzidas numa só audiência, podendo o juiz indeferir as
consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias. (...).

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uma prerrogativa jurídica inderrogável que não pode ser arbitrariamente negada ao réu.
Assim, o indeferimento da oitiva de todas as testemunhas, acarretou constrangimento
ilegal do réu, que não teve a oportunidade de produzir as provas que reputavam
necessárias à demonstração de suas alegações. Por fim, o STF concedeu HC de ofício para
que fossem ouvidas as testemunhas arroladas, assegurando ao réu o direito à ampla
defesa e garantindo o devido processo legal.

STF. 2ª Turma. HC 155363/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 8/5/2018 (INFO/STF 901).

ORDEM DE INQUIRIÇÃO DE TESTEMUNHAS

ALTERAÇÃO DA ORDEM DE INQUIRIÇÃO DE TESTEMUNHAS NO PROCESSO PENAL GERA


OU NÃO NULIDADE?

58. (DJUS) Para o STF e STJ, a alteração da ordem da inquirição de testemunhas no


processo penal, por si só, gera nulidade processual, devendo ser renovado os atos
desde o vício do procedimento. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Em determinado processo foi designada audiência de instrução em julgamento,


momento em que a magistrada deu início as perguntas a serem formuladas para as
testemunhas e somente depois deu a palavra às partes. Para o STF e STJ, nessa situação,
há nulidade processual absoluta, sendo o prejuízo presumido, devendo ser renovado os
atos a partir do vício. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF e STJ, a alteração da ordem da inquirição de testemunhas


no processo penal gera nulidade processual RELATIVA, cujo reconhecimento necessita
que a parte demonstre a ocorrência de prejuízo (pas de nullité sans grief). Segundo
dispõe o artigo 212, do CPP54, as perguntas devem ser formuladas pelas partes
diretamente à testemunha, podendo o juiz complementar a inquirição quanto aos pontos
não esclarecidos. Ocorre que a magistrada, inverteu a ordem de formulação das
INFO perguntas e iniciou a inquirição das testemunhas antes das partes. Com sua conduta a
885/STF magistrada violou o devido processo legal e o princípio do Estado-acusador, motivo pelo
qual o STF declarou nulo o procedimento da audiência de instrução, determinando que a
magistrada refaça a oitiva na ordem legalmente prevista, uma vez que cabe ao juiz realizar
perguntas apenas se verificados pontos não esclarecidos após os questionamentos das
partes. Insta observar que tanto o STJ quanto o STF têm julgados no sentido de que a
inversão da ordem de inquirição da testemunha gera apenas nulidade relativa do
procedimento, sendo necessário que se prove prejuízo efetivo causado pela inversão.
STF. 1ª Turma. HC 111815/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, julgado em 14/11/2017
(INFO/STF 885).
STF. 1ª Turma. HC 103525, Min. Cármen Lúcia, 1ª Turma, julgado em 03/08/2010.
STF. 2ª Turma. RHC 110623/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 13/3/2012.
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 484.699/SP, Rel. Min. JOEL ILAN PACIORNIK, julgado em 14/05/2019.
STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 1260066/PR, Rel. Min. ROGERIO SCHIETTI CRUZ, julgado em 21/06/2018.

54
CPP, art. 212. As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, não admitindo o juiz aquelas que puderem
induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem na repetição de outra já respondida.

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CONVERSA TELEFÔNICA POR VIVA-VOZ

PROVA OBTIDA DE CONVERSA POR FUNÇÃO VIVA-VOZ DO CELULAR DO SUSPEITO É


ILÍCITA OU NÃO?

59. (DJUS) Para o STJ, prova de traficância obtida por policiais através de conversa
telefônica, pela função viva voz do celular entre o investigado e terceira pessoa, sem
o seu consentimento ou prévia autorização judicial, é ilícita. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Durante patrulhamento de rotina, Marcelo foi abordado e revistado por policiais que
nada acharam de ilícito. Porém, durante a abordagem o celular do suspeito tocou e os
policiais o obrigaram a atender e ativar o viva voz para que pudessem ouvir a conversa,
e acabaram ouvindo que o suspeito guardava drogas em sua residência. Marcelo foi
preso em flagrante, denunciado pelo crime de tráfico e condenado. Para o STJ, nessa
situação, a prova é ilícita. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STJ, prova de traficância obtida por policiais, através de
conversa telefônica, pela função viva voz do celular entre o investigado e terceira
pessoa, sem o seu consentimento ou prévia autorização judicial, É ILÍCITA. Em outras
palavras, os policiais realizaram escuta telefônica sem autorização pessoal ou judicial,
compelindo o acusado a produzir provas contra si mesmo, o que tornou a prova ilícita. A
INFO Constituição Federal (art. 5º, LXIII55) assegura ao cidadão o direito de não se
603/STJ autoincriminar ou de não fazer prova contra si próprio, considerando-se ilícitas todas as
provas assim colhidas em flagrante violação a garantia constitucional. Não há o que se
falar em encontro fortuito de provas, pois a prova do crime dependeu da informação
obtida durante a conversa telefônica entre o acusado e terceira pessoa. Qualquer tipo de
prova contra o réu que dependa dele mesmo só vale se o ato for feito de forma voluntária
e consciente, o que não ocorreu nesse caso. Ainda, a Constituição (art. 5º, LVI56) consagra
a teoria dos frutos da árvore envenenada quando dispõe que são inadmissíveis as provas
obtidas por meios ilícitos e, segundo o art. 157, §1º, do CPP57, devem ser desentranhadas
dos autos, bem como todas as demais provas que dela decorrerem, por restar-se
contaminada. Dessa forma, sem o consentimento do acusado ou autorização judicial a
prova colhida é ilícita, tornando nulo o processo e o julgamento.
STJ. 5ª Turma. REsp 1.630.097-RJ, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 18/4/2017 (INFO/STJ 603).

55
CF, art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...) LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da
família e de advogado; (...).
56
CF, art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...) LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; (...).
57
CPP, art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em
violação a normas constitucionais ou legais. § 1º São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não
evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente
das primeiras.

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DENÚNCIA ANÔNIMA E FUGA DO ACUSADO

PROVAS OBTIDAS APÓS ENTRADA EM DOMICÍLIO DE FUGITIVO EM RAZÃO DE


DENÚNCIA ANÔNIMA

60. (DJUS) Para o STJ, a existência de denúncias anônimas somada à fuga do acusado,
por si sós, não configuram fundadas razões a autorizar o ingresso policial no
domicílio do acusado sem o seu consentimento ou determinação judicial, sendo
ilícitas as provas eventualmente colhidas no domicílio. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Em razão de denúncia anônima de que estaria ocorrendo o crime de tráfico de drogas na


localidade, policiais que realizavam patrulha abordaram Gabriel, menor de idade, que
surpreendido por policiais fugiu para sua residência. Em perseguição, os policiais
ingressaram na residência sem consentimento e sem ordem judicial e realizaram buscas,
encontrando no local 132 pedras de crack e outros tipos de entorpecentes. A
proprietária da casa, mãe do menor foi presa em flagrante e conduzida à delegacia,
juntamente com as drogas apreendidas. Para o STJ, nessa situação, a conduta dos
policiais, bem como as provas obtidas são ilícitas, por terem sido colhidas por meio da
violação ilegal de domicílio da acusada. C/E?

COMENTÁRIO
INFO
Gabarito: CERTO. Para o STJ, a existência de denúncias anônimas somada à fuga do
623/STJ
acusado, por si sós, não configuram fundadas razões a autorizar o ingresso policial no
domicílio do acusado sem o seu consentimento ou determinação judicial, sendo ilícitas
INFO
as provas eventualmente colhidas no domicílio. O direito de inviolabilidade do domicílio
606/STJ
está garantido pela Constituição Federal (CF, art. 5º, XI), o qual também prevê algumas
exceções, em que se é permitida a entrada, sem o consentimento do morador, vejamos:
“a) em caso de flagrante delito; b) desastre; c) para prestar socorro; d) durante o dia, por
determinação judicial”. A mera denúncia anônima não é fundamento idôneo para
autorizar o ingresso em domicilio de qualquer indivíduo, sendo necessária uma prévia
investigação para confirmação da veracidade das informações recebidas anonimamente e
se de fato há uma das causas autorizativas para que adentrem na residência sem
autorização ou determinação judicial. Frise-se que se for por determinação judicial o
ingresso somente é possível DURANTE O DIA. Há necessidade de uma PRÉVIA
justificativa, plausível e concreta para que se admita a entrada forçada em domicílio. Ou
seja, a constatação de flagrância deve ser anterior ao ingresso, para que fique
demonstrada a justa causa para a entrada forçada e não após adentrar na residência se
verificar uma situação de flagrância. A violação de domicílio gera no campo probatório do
processo penal algumas consequências como a ilicitude de provas eventualmente obtidas,
bem como a invalidação do próprio procedimento probatório. A denúncia anônima não
serve como justa causa a autorizar o ingresso forçado no domicílio de um suspeito, nem a
MERA INTUIÇÃO de que ali ocorre a prática de tráfico de drogas. Deve haver certeza da
existência dos fatos ou das circunstâncias que levem qualquer pessoa a acreditar ou
suspeitar de que um crime esteja ocorrendo no interior do domicílio, com base em
elementos concretos e previamente apurados. Ter a polícia recebido denúncias anônimas
e, em seguida, o suspeito empreendido fuga, não justificam, por si sós, a violação de seu
domicílio. Nesse caso, a descoberta posterior de uma situação de flagrante é um mero

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acaso, não justifica a entrada forçada e torna a prova obtida ilícita, bem como
imprestáveis todos os demais atos que sejam praticados posteriormente.

STJ. 6ª Turma. RHC 83.501/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 06/03/2018 (INFO/STJ 623).
STJ. 6ª Turma. REsp 1.574.681/RS, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 20/4/2017 (INFO/STJ 606).

PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVA

POSSIBILIDADE OU NÃO DE PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVA DE TESTEMUNHA


POLICIAL

61. (DJUS) Para o STJ, é possível a produção antecipada de prova testemunhal de


policial quando o acusado é citado por edital e não compareceu em juízo ou não
constituiu advogado. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Kris, acusado de cometer o crime de homicídio, por ser seu paradeiro desconhecido foi
citado por edital, mas não compareceu a juízo nem constituiu advogado. O juiz
suspendeu o processo e a prescrição nos termos do artigo 366, do CPP e determinou a
realização antecipada de prova testemunhal do policial. A defesa interpôs habeas
corpus alegando que estaria sendo violado o direito de contraditório do réu, uma vez
que ele se encontra foragido. O tribunal denegou a ordem. Para o STJ o tribunal agiu
corretamente, pois a prova é considerada urgente. C/E?

INFO COMENTÁRIO
595/STJ
Gabarito: CERTO. Para o STJ, é admissível a realização antecipada da colheita de prova
testemunhal de policial, na hipótese em que o acusado está foragido e citado por edital
não compareceu em juízo nem constituiu advogado. O artigo 366 do CPP dispõe que “Se
o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos
o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção
antecipada das provas consideradas URGENTES e, se for o caso, decretar prisão
preventiva, nos termos do disposto no art. 312”. Ou seja, as provas consideradas urgentes
poderá ser colhida antecipadamente, sob pena de perecimento de sua produção. No
entanto, o entendimento sumular do STJ (n. 45558) exige que a decisão que determine a
produção antecipada com base no art. 366 do CPP 59 seja concretamente fundamentada,
não sendo suficiente a alegação do mero decurso do tempo. Ocorre que, o TESTEMUNHO
DO POLICIAL é considerado PROVA URGENTE devido à realização diária de inúmeras
ocorrências, uma vez que o lapso temporal acaba acarretando no esquecimento ou
conflito de informações pelo policial. Dito de outra forma, a atividade do policial contribui
para o esquecimento dos detalhes fáticos, o tempo faz esquecer. Dessa forma, o
testemunho do policial é considerado urgente para fins de antecipação de prova,
conforme exigido pelo art. 366 do CPP. Não quer dizer que o mero argumento de que as
testemunhas podem esquecer os detalhes dos fatos por causa do tempo não autoriza, por

58
Súmula 455/STJ. A decisão que determina a produção antecipada de provas com base no art. 366 do CPP deve ser
concretamente fundamentada, não a justificando unicamente o mero decurso do tempo.
59
CPP, art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso
do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso,
decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312.

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si só, que seja a prova produzida antecipadamente, mas há a necessidade de uma


fundamentação concreta, que nesse caso foi devidamente justificada pela atividade
exercida pelo policial, em que a coleta tardia dos depoimentos pode gerar o perecimento
da prova, seja pela frequência diária com que acontecem ocorrências, seja pelo
acontecimento de fatos similares. Dessa forma, nessa hipótese, não há o que se falar em
violação da garantia de autodefesa do acusado, pois este ao retomar o curso do processo
pode requerer a produção de provas que achar necessária para sua defesa, bem como a
repetição da prova produzida antecipadamente.

STJ. 3ª Seção. RHC 64.086-DF, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. para acórdão Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em
23/11/2016 (INFO/STJ 595).

7. SUJEITOS DO PROCESSO
DO DEFENSOR

VINCULAÇÃO OU NÃO ÀS TABELAS DE HONORÁRIOS ELABORADAS UNILATERALMENTE


PELA OAB

62. (DJUS) Para o STJ, o magistrado ao arbitrar o valor da remuneração do defensor


dativo que atuou em processo penal estará vinculado aos valores e percentuais
pré-estabelecidos nas tabelas de honorários que tenham sido elaboradas pelos
unilateralmente pelos Conselhos Seccionais da OAB. C/E?

Vejamos a seguinte situação hipotética:

José, advogado dativo que atuou em determinado feito criminal teve arbitrado pelo
magistrado, em seu favor, valor de remuneração diferente do valor previsto na tabela
de honorários elaborada pela sua Seccional do Conselho da OAB. Para o STJ, nessa
situação, a decisão do magistrado deve ser revista, pois o valor da verba advocatícia
INFO
está vinculado à tabela de honorários elaborada pela OAB da Seccional de inscrição do
659/STJ
advogado. C/E?
TESE
COMENTÁRIO
984
Gabarito: ERRADO. Para o STJ, o magistrado ao arbitrar o valor da remuneração do
defensor dativo que atuou em processo penal NÃO está vinculado aos valores e
percentuais pré-estabelecidos nas tabelas de honorários, quando ELABORADAS
UNILATERALMENTE pelos Conselhos Seccionais da OAB. Dito de outro modo, se a tabela
foi elaborada de forma unilateral pela Seccional da OAB, o magistrado NÃO ESTARÁ
VINCULADO a ela. Isso porque, embora o art. 22, §1º e §2º, da Lei 8.906/94 (Estatuto da
OAB) disponha que o advogado dativo faça jus aos honorários fixados pelo juiz segundo a
tabela do Conselho Seccional da OAB, não podendo ser inferior aos valores nela previstos,
de fato, a tabela elaborada pela OAB serve apenas como referência para o magistrado. De
forma motivada, o juiz poderá arbitrar outro valor, inclusive com base nos esforços
despendidos pelo defensor dativo na pratica dos atos processuais necessários à defesa.
Ou seja, a tabela serve apenas para que o juiz se balize ao determinar o valor da
remuneração, retribuindo com justeza o trabalho realizado pelo advogado, uma vez que
não houve sua contratação particular por escrito, para que pudesse estipular o valor dos

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seus honorários, haja vista estar trabalhando em colaboração com o Poder Público e por
determinação judicial. Dessa forma, a tabela de honorários confeccionada pela OAB, de
forma unilateral, serve apenas como referencial, não vinculando o magistrado, que de
acordo com o tempo e trabalho dispendido pelo advogado poderá arbitrar,
motivadamente, valor proporcional à sua atuação no processo criminal, podendo este ser
diferente ao disposto na tabela.

STJ. 3ª Seção. REsp 1.656.322-SC, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 23/10/2019 (Tema 984 – recurso
repetitivo) (INFO/STJ 659).

TABELA DE HONORÁRIOS DA OAB

VINCULAÇÃO OU NÃO ÀS TABELAS DE HONORÁRIOS ELABORADAS PELA OAB E O PODER


PÚBLICO

63. (DJUS) Para o STJ, as tabelas de honorários para remuneração do defensor dativo,
produzidas mediante acordo entre o Poder Público, a Defensoria Pública e a
seccional da OAB, vinculam o arbitramento do valor da verba advocatícia pelo
magistrado. C/E?

Vejamos a seguinte situação hipotética:

José, advogado dativo que atuou em determinado feito criminal teve arbitrado pelo
magistrado, em seu favor, valor de remuneração diferente do previsto na tabela de
honorários elaborada previamente e em comum acordo entre o Poder Público, a
Defensoria Pública e a Seccional da OAB. Para o STJ, nessa situação, a decisão do juiz
deve ser reformada, pois o valor da verba advocatícia está vinculado à tabela de
honorários elaborada que foi previamente acordada e elaborada, devendo ser
INFO observada. C/E?
659/STJ
COMENTÁRIO
TESE
984 Gabarito: CERTO. Para o STJ, as tabelas de honorários para remuneração do defensor
dativo, produzidas MEDIANTE ACORDO entre o Poder Público, a Defensoria Pública e a
seccional da OAB, VINCULAM o arbitramento do valor da verba advocatícia pelo
magistrado. Em outras palavras, se a tabela foi elaborada em comum acordo entre o
Poder Público, a Defensoria Pública e a Seccional da OAB, o magistrado ESTARÁ
VINCULADO a ela. Embora a tabela elaborada pela OAB sirva apenas como referência para
o magistrado, que de forma motivada poderá arbitrar outro valor, inclusive com base nos
esforços despendidos pelo defensor dativo para praticar os atos processuais necessários à
defesa, a tabela de honorários ELABORADA MEDIANTE ACORDO prévio do Poder Público,
Defensoria Pública e a Seccional da OAB, deve ser observada pelo juiz. Aqui, trata-se de
acordo formulado entre as entidades e não de forma unilateral.

STJ. 3ª Seção. REsp 1.656.322-SC, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 23/10/2019 (Tema 984 – recurso
repetitivo) (INFO/STJ 659).

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TABELA DE HONORÁRIOS DA JF

VINCULAÇÃO OU NÃO ÀS TABELAS DE HONORÁRIOS ELABORADAS PELA JUSTIÇA


FEDERAL

64. (DJUS) Para o STJ, a Tabela de Honorários da Justiça Federal para remuneração do
defensor dativo possui caráter vinculante, devendo ser observado pelo juiz
federal ao arbitrar o valor da verba advocatícia, segundo resolução do Conselho
de Justiça Federal. C/E?

Vejamos a seguinte situação hipotética:

José, advogado dativo que atuou em determinado feito criminal na Justiça Federal teve
arbitrado pelo magistrado, em seu favor, valor de remuneração diferente do previsto na
Tabela de Honorários da Justiça Federal. Nessa hipótese, para o STJ, não agiu
corretamente o juiz, pois a referida Tabela possui o caráter vinculante, nos termos
INFO resolução 305/14 do Conselho de Justiça Federal (CJF) que regula a matéria. C/E?
659/STJ
COMENTÁRIO
TESE
984 Gabarito: CERTO. Para o STJ, a Tabela de Honorários da Justiça Federal para
remuneração do defensor dativo POSSUI CARÁTER VINCULANTE, devendo ser
observado pelo juiz federal ao arbitrar o valor da verba advocatícia, segundo resolução
do Conselho de Justiça Federal. Em outras palavras, aqui a vinculação pressupõe previsão
legal. Explico. A referida Resolução do CJF trata da forma de pagamento e dos valores dos
honorários a serem pagos, entre outros colaboradores, aos defensores dativos e foi
elaborada mediante a competência atribuída ao CJF pela Constituição Federal (art. 105,
parágrafo único, II)60 para exercer a supervisão administrativa e orçamentária da Justiça
Federal. Dessa forma, o juiz federal está vinculado a Tabela de Honorários da Justiça
Federal. Do mesmo modo que, se forem instituídas tabelas de honorários por outros
órgãos competentes das Justiças Estaduais ou do Distrito Federal, com base nos artigos
96, I, e 125, § 1º, parte final da CF/8861, estas serão também vinculantes dadas as
competências atribuídas aos Tribunais de Justiça Estaduais, para elaborar seus regimentos
internos, com autonomia organizacional.

STJ. 3ª Seção. REsp 1.656.322-SC, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 23/10/2019 (Tema 984 – recurso
repetitivo) (INFO/STJ 659).

60
CF, art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: (...) Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tribunal de Justiça: I - a
Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos
oficiais para o ingresso e promoção na carreira; II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a
supervisão administrativa e orçamentária da Justiça Federal de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema e com
poderes correicionais, cujas decisões terão caráter vinculante.
61
CF, art. 96. Compete privativamente: I - aos tribunais: a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com
observância das normas de processo e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a competência e o funcionamento dos
respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos; b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juízos que lhes forem
vinculados, velando pelo exercício da atividade correicional respectiva; c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os cargos de
juiz de carreira da respectiva jurisdição; d) propor a criação de novas varas judiciárias; e) prover, por concurso público de provas, ou
de provas e títulos, obedecido o disposto no art. 169, parágrafo único, os cargos necessários à administração da Justiça, exceto os
de confiança assim definidos em lei; f) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus membros e aos juízes e servidores que
lhes forem imediatamente vinculados;
CF, art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta Constituição. § 1º A competência dos
tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça. (...).

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JUNTADA DE PROCURAÇÃO PELO NPJ

NECESSIDADE OU NÃO DE JUNTADA DE PROCURAÇÃO PELO NÚCLEO DE PRÁTICA


JURÍDICA

65. (DJUS) Para o STJ, é imprescindível a juntada da procuração pelo Núcleo de Prática
Jurídica, mesmo que decorrente de nomeação judicial para atuar na defesa do réu.
C/E?

Vejamos a seguinte situação hipotética:

Edson, denunciado pelo crime de latrocínio, constituiu advogado particular para


patrocinar sua defesa, mas deixou de pagar pelos honorários por falta de condições, o
que levou o advogado a deixar a causa, após as alegações finais. Prolatada a sentença, o
réu foi condenado a 12 anos de reclusão em regime fechado. Como não constituiu outro
advogado em razão da hipossuficiência, o juiz nomeou o Núcleo de Prática Jurídica para
atual na defesa do réu. O núcleo apresentou recurso contra a sentença condenatória,
contudo, deixou de juntar a procuração aos autos. Para o STJ, nessa situação, a falta da
procuração impede o conhecimento do recurso interposto pelo Núcleo em defesa do
réu. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STJ, é DISPENSADA a juntada da procuração pelo Núcleo de


INFO Prática Jurídica, quando tiver sido nomeado judicialmente para atuar na defesa do réu.
624/STJ A procuração é um instrumento hábil para permitir ao advogado representar os direitos
do seu cliente, podendo praticar todos os atos do processo, decorrentes da capacidade
SÚMULA postulatória. A regra é de que a apresentação seja feita no momento de ingresso do
115/STJ advogado nos autos. Contudo, procuradores de órgãos públicos, por exemplo, estão
dispensados dessa juntada, bem como, a defensoria pública, pois estão investidos em
cargos com poderes de representação. No que se refere ao Núcleo de Prática Jurídica, por
não se tratar de entidade de direito público, não está dispensada de juntar aos autos a
procuração. Ou seja, o advogado representante do Núcleo, deverá juntar aos autos a
procuração, quando do início de sua atuação no processo. O Núcleo de Prática Jurídica
apenas se equipara à Defensoria Pública para fins de intimação dos atos processuais, não
se eximindo de apresentar a procuração quando for constituído diretamente pelo réu,
uma vez que ele tem direito de escolher quem irá defendê-lo, baseado na relação de
confiança constituída. Diferentemente, ocorre quando houver nomeação do núcleo (como
advogados dativos), em que o réu não teve a opção de escolha, mas que diante de sua
hipossuficiência, o juiz nomeia um defensor para que exerça a defesa técnica do réu, pois
ele não pode ficar desassistido juridicamente. O advogado dativo ao ser nomeado passa a
exercer um MUNUS público, exercendo o papel como se fosse um defensor público,
dispensando-se a juntada de procuração aos autos. Assim, o advogado integrante do
Núcleo de Prática Jurídica, ao ser nomeado como defensor dativo, está a exercer esse
múnus, não lhe sendo obrigatória a juntada do mandato, pois, a nomeação pelo juiz basta
para legitimar a representação. Dessa forma, NOMEADO JUDICIALMENTE o Núcleo de
Prática Jurídica para patrocinar a defesa do réu, dispensa-se a juntada de procuração,
afastando-se a incidência da Súmula 115 do STJ a qual dispõe “ser inexistente recurso
interposto por advogado sem procuração nos autos em instância especial”.

STJ. 3ª Seção. EAREsp 798.496-DF, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 11/04/2018 (INFO/STJ 624).

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DO MINISTÉRIO PÚBLICO

NECESSIDADE OU NÃO DE REMESSA DE CÓPIA DOS AUTOS AO MP QUE JÁ TENHA


ACESSO AOS AUTOS

66. (DJUS) Para o STJ, quando o juiz verificar nos autos a ocorrência de crime de ação
pública, deve enviar ao Ministério Público uma cópia destes, ainda que, atuando
como custos legis, o parquet já tenha acesso aos autos. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

João responde criminalmente pelo crime de estupro. A acusação arrolou testemunha


que em juízo assegurou ser o acusado autor do crime. Ao final da instrução processual, o
magistrado constatou que a testemunha, por vingança, mentiu em seu depoimento. Ao
constatar a ocorrência do crime praticado pela testemunha, sem remeter cópia dos
autos, abriu vista ao MP para devida apuração dos fatos. O MP requereu que o juiz
remetesse cópia dos autos, o que foi negado, sob o argumento de que o MP atuou como
custos legis e por isso já teria acesso aos autos. Contra essa decisão, o MP apresentou
embargos de divergência sustentando que há posicionamentos diferentes entre as
Turmas do STJ quanto a obrigatoriedade de envio das cópias, afirmando ser obrigatória
a remessa. Para o STJ, nessa situação, assiste razão ao MP, pois é obrigatória a remessa
de cópia dos autos sempre que o juiz verificar a ocorrência de crime de ação pública nos
autos. C/E?
INFO
649/STJ COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STJ, quando o juiz verificar nos autos a ocorrência de crime de
ação pública, NÃO deve obrigatoriamente enviar ao Ministério Público uma cópia
destes, quando atuando como custos legis, o parquet já tiver acesso aos autos. Deve
apenas remeter os autos com vista para que o membro do ministério público extraia
cópia dos documentos necessários. Dispõe o art. 40 do CPP62: “Quando, em autos ou
papéis de que conhecerem, os juízes ou tribunais verificarem a existência de crime de ação
pública, remeterão ao Ministério Público as cópias e os documentos necessários ao
oferecimento da denúncia”. A leitura fria do dispositivo leva a concluir que o envio de
cópia dos autos ao MP é uma conduta OBRIGATÓRIA do magistrado. E de fato, há
divergência de entendimento entre as Turmas do STJ quanto à necessidade ou não do
envio. Contudo, prevaleceu o entendimento de que quando o MP tiver VISTA DOS
AUTOS, a remessa de cópias e documentos ao órgão é DESNECESSÁRIA, pois ao receber
os autos ele pode realizar cópia dos mesmos. Ademais, com o advento da informatização
do processo judicial, o MP possui acesso a todos os autos, inclusive quando atua como
custos legis, não sendo razoável se exigir a remessa de cópias, tendo acesso aos autos.
Uma vez cientificado dos indícios do crime através de vista dos autos, não há o que se
falar em remessa de cópias destes. Dessa forma, solucionando a divergência entre as
Turmas, NÃO É NECESSÁRIA a remessa de cópias dos autos ao MP quando atuar como
custos legis e já tiver acesso aos autos.

STJ. 1ª Seção. CC 156.064-DF, Rel. Min. Napoleão N. M. Filho, p/ ac. Min. Herman Benjamin, j. 14/11/18 (INFO/STJ

62
CPP, art. 40. Quando, em autos ou papéis de que conhecerem, os juízes ou tribunais verificarem a existência de crime de ação
pública, remeterão ao Ministério Público as cópias e os documentos necessários ao oferecimento da denúncia.

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649).

8. PRISÃO, LIBERDADE PROVISÓRIA e MEDIDAS CAUTELARES


PRISÃO PREVENTIVA e REVISÃO PERIÓDICA

FATOS CONTEMPORÂNEOS E REVISÃO PERIÓDICA DOS FUNDAMENTOS DO DECRETO


PRISIONAL

67. (DJUS) Para o STF, a manutenção da prisão preventiva exige a demonstração de


fatos concretos e atuais que a justifiquem. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Maria está sendo investigada pela suposta prática dos delitos de lavagem ou ocultação
de capitais e de participação em organização criminosa e foi presa preventivamente,
após representação pela autoridade policial, pelo magistrado condutor da custódia, em
2017, ante a existência, à época, de periculosidade delitiva. Posteriormente, no ano
seguinte, o juízo de primeiro grau revogou a prisão preventiva da ora paciente, em razão
da ausência de fundamentação idônea para manutenção da segregação cautelar. Diante
disso, inconformado, o Parquet interpôs recurso em sentido estrito buscando
novamente a decretação da prisão preventiva, em razão da periculosidade da paciente,
INFO a fim de assegurar a aplicação da lei penal. Porém, não apresentou fatos concretos e
968/STF atuais que justificassem a medida. Nessa situação, para o STF, o Tribunal não deve dar
provimento ao recurso, pois a manutenção da prisão preventiva exige a
contemporaneidade dos fundamentos e a existência de elementos concretos que a
justifiquem. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, a manutenção da prisão preventiva EXIGE a demonstração


de fatos concretos e atuais que a justifiquem. Isso porque, a existência desse substrato
empírico mínimo, apto a lastrear a medida extrema, deverá ser regularmente apreciada
por meio de decisão fundamentada, a fim de justificar a necessidade da medida. É
imprescindível a existência de fatos novos ou contemporâneos concretos, idôneos a
justificar a segregação cautelar da agravada. Nesse sentido, a reforma legislativa operada
pelo Pacote Anticrime (Lei nº 13.964/2019) introduziu a revisão periódica dos
fundamentos da prisão preventiva, por meio da alteração do art. 316, parágrafo único, do
CPP63. A redação atual prevê que o órgão emissor da decisão deverá revisar a
necessidade de sua manutenção a cada noventa dias, mediante decisão fundamentada,
de ofício, sob pena de tornar ilegal a prisão preventiva. Insta salientar que a questão da
contemporaneidade foi enfatizada por recentes alterações do CPP, trazidas também pelo

63
CPP, art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a prisão preventiva se, no correr da investigação ou do
processo, verificar a falta de motivo para que ela subsista, bem como novamente decretá-la, se sobrevierem razões que a
justifiquem. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019). Parágrafo único. Decretada a prisão preventiva, deverá o órgão emissor da
decisão revisar a necessidade de sua manutenção a cada 90 (noventa) dias, mediante decisão fundamentada, de ofício, sob pena
de tornar a prisão ilegal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019).

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Pacote Anticrime (Lei nº 13.964/2019). A esse respeito, tem-se o § 2º do art. 312 do


CPP64, vejamos: “§ 2º A decisão que decretar a prisão preventiva deve ser motivada e
fundamentada em receio de perigo e existência concreta de fatos novos ou
contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada.”. Diante disso, a
segregação cautelar não poderá ser fundamentada apenas em suposições e ilações,
tampouco em elementos abstratos e fatos antigos, de modo que a prisão decretada
deverá ser reavaliada pelo juiz, de ofício, no prazo legal estipulado, para que se verifique,
periodicamente, a necessidade da manutenção do decreto prisional. Portanto, a mera
explicitação textual dos requisitos legais previstos, de forma abstrata, a ausência do
elemento da contemporaneidade no decreto prisional e inexistência de elementos
concretos que justifiquem a prisão preventiva promovem a inaptidão da medida
cautelar. Por fim, importante acrescentar que, com a Lei nº 13.964/2019 (Pacote
Anticrime), ficou terminantemente proibido ao juiz decretar a prisão preventiva de ofício
(ou qualquer outra medida cautelar – art. 282, § 2º do CPP65), ainda que no curso da ação
penal (art. 311 do CPP66), ou em razão do descumprimento de medidas cautelares
diversas da prisão aplicadas anteriormente (art. 282, § 4º do CPP67). Já em relação à
constatação da falta de motivo para que a medida subsista, o mesmo pacote trouxe ao
juiz, expressamente, a possibilidade de ser a prisão preventiva revogada de ofício ou
substituída por outras medias cautelares diversas (art. 316 do CPP).

STF. 2ª Turma. HC 179859 AgR/RS, rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 03/03/2020 (INFO/STF 968).

64
CPP, art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência
da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de
autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019). § 1º A prisão
preventiva também poderá ser decretada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras
medidas cautelares (art. 282, § 4º). (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019). § 2º A decisão que decretar a prisão preventiva
deve ser motivada e fundamentada em receio de perigo e existência concreta de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a
aplicação da medida adotada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019).
65
CPP, Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se a: I - necessidade para aplicação
da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações
penais; II - adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do indiciado ou acusado. (...) §
2º As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz a requerimento das partes ou, quando no curso da investigação criminal, por
representação da autoridade policial ou mediante requerimento do Ministério Público. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019).
(...).
66
CPP, art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, a
requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial. (Redação dada
pela Lei nº 13.964, de 2019).
67
CPP, art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se a: I - necessidade para aplicação
da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações
penais; II - adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do indiciado ou acusado. (...) §
4º No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz, mediante requerimento do Ministério Público, de seu
assistente ou do querelante, poderá substituir a medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão
preventiva, nos termos do parágrafo único do art. 312 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019). (...).

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EXECUÇÃO DEFINITIVA

PRISÃO DOMICILIAR E DECISÃO TRANSITADA EM JULGADO

68. (DJUS) Para o STF, a prisão domiciliar de mãe com filho menor de 12 anos (art. 318
do CPP) aplica-se aos casos de prisão preventiva, sendo inadequada quando se trata
de execução de título condenatório. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Maria foi condenada à pena de 26 anos de reclusão, em regime fechado, pela prática de
homicídio qualificado, por decisão transitada em julgado. Ela possui,
comprovadamente, filho menor de 12 anos de idade. Em razão disso, a defesa postulou
a colocação da condenada em custódia domiciliar, nos termos do art. 318 do CPP. Nessa
situação, para o STF, não tem razão a defesa, pois a prisão domiciliar prevista no CPP
para essa hipótese é medida inadequada quando se trata de execução de título
condenatório. C/E?

COMENTÁRIO

INFO Gabarito: CERTO. Para o STF, a prisão domiciliar de mãe com filho menor de 12 anos
967/STF (art. 318 do CPP68) APLICA-SE aos casos de prisão preventiva, sendo INADEQUADA
quando se trata de execução de título condenatório. Isso porque, em se tratando de
execução de título condenatório, quando se há decisão transitada em julgado, é
indispensável o enquadramento em uma das situações jurídicas contempladas no art. 117
da Lei 7.210/198469 (Lei de Execução Penal - LEP), e não da prisão domiciliar prevista no
art. 318 do Código de Processo Penal. A prisão domiciliar prevista no CPP (art. 318) difere
da prisão domiciliar da LEP (art. 117). Esta se trata de execução penal (cumprimento de
pena) na própria residência. Aquela, por sua vez, trata-se de medida cautelar que substitui
a prisão preventiva. Ou seja, cada diploma possui um tratamento diferente. No CPP, a
prisão domiciliar tem CARÁTER CAUTELAR, podendo o agente, nos casos legais, ser
recolhido em sua residência ao invés de permanecer no estabelecimento prisional preso
preventivamente. Na LEP, a prisão domiciliar é MEDIDA DE EXECUÇÃO da pena cabível
para aquele(a) que se encontra no regime aberto e tenha mais de 70 anos de idade,
esteja acometido de doença grave, tenha filho menor ou deficiente físico ou mental ou
esteja a agente gestante. Insta salientar que a aplicação da prisão domiciliar ao preso
provisório (prisão preventiva) deverá ser analisada em cada caso concreto, verificando-se
a adequação da aplicação dessa medida e suas condições de cumprimento pelo acusado.
Assim, NÃO É SUBSTITUIÇÃO OBRIGATÓRIA (não é automática), devendo a decisão pela
não aplicação ser devidamente motivada.

STF. 1ª Turma. HC 177164/PA, rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 18/02/2020 (INFO/STF 967).

68
CPP, art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for: I - maior de 80 (oitenta) anos; II -
extremamente debilitado por motivo de doença grave; III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos
de idade ou com deficiência; IV - gestante; V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos; VI - homem, caso seja
o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos. Parágrafo único. Para a substituição, o juiz
exigirá prova idônea dos requisitos estabelecidos neste artigo.
69
LEP, art. 117. Somente se admitirá o recolhimento do beneficiário de regime aberto em residência particular quando se tratar de:
I - condenado maior de 70 (setenta) anos; II - condenado acometido de doença grave; III - condenada com filho menor ou deficiente
físico ou mental; IV - condenada gestante.

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VIDEOCONFERÊNCIA

POSSIBILIDADE OU NÃO DE AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA POR VIDEOCONFERÊNCIA

69. (DJUS) Para o STJ, não é cabível a realização de audiência de custódia por meio de
videoconferência. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

O Juízo Federal da 4ª Vara de Guarulhos - SJ⁄SP decretou a prisão preventiva de Paulo. O


cumprimento do mandado de prisão ocorreu na cidade de Curitiba⁄PR, sendo o
encarceramento comunicado pela Superintendência da Polícia Federal no Paraná ao
Juízo que a decretara. Na mesma data, o referido Juízo expediu carta precatória a uma
das Varas Federais Criminais da Subseção Judiciária de Curitiba⁄PR, a fim de que
realizasse a audiência de custódia. A Juíza Federal no exercício da jurisdição da 1ª
Unidade de Apoio de Curitiba⁄PR declarou-se incompetente para a realização do ato,
entendendo, ainda, que poderia ser realizado pelo Juízo Deprecante por meio de
videoconferência. Nessa situação, para o STJ, a apresentação do preso para a audiência
de custódia deve ser feita à autoridade competente na localidade em que ocorreu a
prisão (Curitiba/PR), pois não é cabível a realização de audiência de custódia por meio
de videoconferência. C/E?
INFO
COMENTÁRIO
663/STJ
Gabarito: CERTO. Para o STJ, NÃO É CABÍVEL a realização de audiência de custódia por
meio de videoconferência. Isso porque, demanda-se que a audiência de custódia seja
realizada pelo juízo da localidade em que ocorreu a prisão, nos termos do art. 13,
parágrafo único, da Resolução nº 213/CNJ70. É essa autoridade judicial que, naquela
unidade de exercício do poder jurisdicional, tem competência para tomar medidas para
resguardar a integridade do preso, bem assim de fazer cessar agressões aos seus direitos
fundamentais, e também determinar a apuração das responsabilidades, caso haja relato
de que houve prática de torturas e maus tratos. Nesse contexto, foge à ratio essendi do
instituto a sua realização por meio de videoconferência. Assim, no caso de cumprimento
de mandado de prisão fora da jurisdição do juiz que a determinou, a apresentação do
preso, para a audiência de custódia, deve ser feita à autoridade competente na localidade
em que ocorreu a prisão, pessoalmente, de acordo com a Lei de Organização Judiciária
local, e não à autoridade que expediu o mandado, por meio de videoconferência.
Considera-se que a apresentação pessoal do preso é fundamental para inibir e, sobretudo,
coibir as indesejadas práticas de tortura e maus tratos, pois a transmissão de som e
imagem não tem condições de remediar as vantagens que o contato e a relação direta
entre juiz e jurisdicionado proporciona. OBS.: o § 1º do art. 3º-B do CPP, acrescentado
pelo Pacote Anticrime (Lei nº 13.964/19), que vedava a realização da audiência por
videoconferência, foi vetado pelo Presidente da República. Entretanto, o STJ entendeu
mesmo assim que não se admite, por ausência de previsão legal, a realização da audiência

70
Resolução nº 213/CNJ. Art. 13. A apresentação à autoridade judicial no prazo de 24 horas também será assegurada às pessoas
presas em decorrência de cumprimento de mandados de prisão cautelar ou definitiva, aplicando-se, no que couber, os
procedimentos previstos nesta Resolução. Parágrafo único. Todos os mandados de prisão deverão conter, expressamente, a
determinação para que, no momento de seu cumprimento, a pessoa presa seja imediatamente apresentada à autoridade judicial
que determinou a expedição da ordem de custódia ou, nos casos em que forem cumpridos fora da jurisdição do juiz processante, à
autoridade judicial competente, conforme lei de organização judiciária local.

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de custódia por meio de videoconferência, ainda que pelo Juízo que decretou a custódia
cautelar, aplicando-se o que determina o art. 13, parágrafo único, da Resolução nº
213/CNJ. Insta salientar que o papel do juiz na audiência de custódia é de,
preliminarmente, verificar a legitimidade da prisão e a necessidade de sua manutenção,
podendo relaxar ou substituir por medidas alternativas (no caso de prisão em flagrante).
Essa decisão preliminar não se equipara à decisão de mérito para efeito de coisa julgada.
Ou seja, essa fase pré-processual serve apenas como garantia dos direitos fundamentais
do investigado, não podendo o juiz da custódia adentrar no mérito que ensejou a
constrição da liberdade do custodiado. Cumpre destacar que a Lei nº 13.964/2019 (Pacote
Anticrime) modificou o art. 310 do CPP71 passando a prever expressamente a audiência
de custódia, que antes existia apenas por força da Resolução nº 213/2015 do CNJ.
ATENÇÃO! O pacote anticrime alterou ainda o art. 287 do CPP72 para prever que, nos
casos de crimes inafiançáveis, a falta de exibição do mandado não obstará a prisão, e o
preso, em tal caso (quando o mandado não foi exibido), será imediatamente apresentado
ao juiz que tiver expedido o mandado, para a realização de audiência de custódia. Já a
Resolução 213/2015 do CNJ determina que, em todos os casos de pessoas presas em
decorrência de cumprimento de mandados de prisão, cautelar ou definitiva, o preso será
apresentado à autoridade judicial para a audiência de custódia, porém será apresentado à
autoridade judicial do local da ocorrência da prisão, nos casos de cumprimento fora do
local de onde o mandado foi expedido, e à autoridade judicial do local em que foi
expedido o mandado, caso seja cumprido na mesma jurisdição.

STJ. 3ª Seção. CC 168.522-PR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 11/12/2019 (INFO/STJ 663).

REGIME PRISIONAL

PRESO PROVISÓRIO PODE FICAR EM REGIME PRISIONAL MAIS GRAVOSO?

70. (DJUS) Para o STJ, a Súmula Vinculante 56, que proíbe o cumprimento da pena em
regime mais gravoso por falta de estabelecimento adequado, não se aplica ao preso
provisório, por se destinar apenas aos condenados definitivos ou em execução
provisória da pena. C/E?
INFO
642/STJ
Vejamos a seguinte situação hipotética:
INFO
Matadônio, acusado de ceifar a vida de seu desafeto, aguarda julgamento em 1º grau
632/STJ
preso preventivamente em penitenciária. Diante da superlotação a defesa requereu a
aplicação da SV 56, substituindo a preventiva por prisão domiciliar, sendo esse pedido
indeferido. Nessa situação, para o STJ, agiu corretamente o juiz, pois como se trata de
preso provisório, não há violação da Súmula vinculante 56, a qual proíbe o cumprimento
da pena em regime mais gravoso por falta de estabelecimento adequado. C/E?

COMENTÁRIO
71
CPP, art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da
prisão, o juiz deverá promover audiência de custódia com a presença do acusado, seu advogado constituído ou membro da
Defensoria Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz deverá, fundamentadamente: I - relaxar a prisão
ilegal; ou II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, e
se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou III - conceder liberdade provisória, com ou
sem fiança.
72
CPP, art. 287. Se a infração for inafiançável, a falta de exibição do mandado não obstará a prisão, e o preso, em tal caso, será
imediatamente apresentado ao juiz que tiver expedido o mandado, para a realização de audiência de custódia.

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Gabarito: CERTO. Para o STJ, a Súmula Vinculante 56 do STF, que proíbe o cumprimento
da pena em regime mais gravoso por falta de estabelecimento adequado, NÃO SE
APLICA ao preso provisório, por se destinar apenas aos condenados definitivos ou em
execução provisória da pena. Regime prisional é a forma pela qual o condenado irá
cumprir a pena recebida. São três, o fechado, o semiaberto e o aberto, definido pelo
quantum da pena aplicada. Para cada regime há regras específicas a serem observadas. E
conforme o cumprimento da pena sem intercorrências o apenado progride entre os
regimes até o seu cumprimento, por exemplo, inicia no regime fechado, progride para o
semiaberto e depois para o aberto, como também poderá regredir entre eles. Lembre-se
que os Tribunais Superiores não aceitam a progressão “per saltum”, ou seja, do fechado
para o aberto, em regra. Contudo, a Súmula vinculante 56 do STF dispôs que “a falta de
estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do CONDENADO em regime
prisional mais gravoso”. Essa SV se destina apenas aos condenados definitivos ou àqueles
em execução provisória da pena. Então, caso o condenado tenha direito a progressão do
regime fechado para o semiaberto e não exista vaga para efetivação da progressão devem
ser averiguadas outras medidas cabíveis para evitar o excesso de execução, que viola o
direito do apenado. Entre as medidas: a saída antecipada de sentenciado no regime com
falta de vaga, liberdade eletronicamente monitorada ao sentenciado que sai
antecipadamente ou é posto em prisão domiciliar por falta de vagas, o cumprimento de
penas restritivas de direito e/ou estudo ao sentenciado que progrida ao regime aberto.
No caso apresentado, Matadônio ainda não foi julgado, o processo está na fase
instrutória, não há pena aplicada, nem há que se falar em regime prisional a ser
cumprido. A prisão preventiva é uma medida de caráter cautelar, não se confundindo com
a sanção penal definida na sentença condenatória. O preso provisório (decorrente de
prisão preventiva) não pode ser tratado como preso definitivo, portanto, ele não se
encaixa em nenhuma hipótese de aplicação da SV 56.
STJ. 5ª Turma. RHC 99.006-PA, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 07/02/2019 (INFO/STJ 642).
STJ. 6ª Turma. HC 437.535-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, Rel. Acd. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado
em 26/06/2018 (INFO/STJ 632).

PRISÃO PREVENTIVA E CONTRAVENÇÃO PENAL

PRISÃO PREVENTIVA DO AUTOR DE CONTRAVENÇÃO PENAL NO ÂMBITO DE VIOLÊNCIA


DOMÉSTICA.

71. (DJUS) Para o STJ é cabível a decretação de prisão preventiva contra o autor do fato
que configura contravenção penal (vias de fato) no âmbito de violência doméstica
contra mulher, quando o acusado descumpre medida protetiva deferida pelo juiz em
favor da vítima. C/E?
INFO
632/STJ Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Chico, imputável, praticou vias de fato contra sua ex-namorada consistente em puxões
de cabelo e torção no braço, sem gerar lesão corporal. A vítima solicitou medida
protetiva de urgência que deferida, determinando o juiz que que o acusado não se
aproximasse da vítima a uma distancia mínima de 200 metros. Mesmo depois de
intimado, após alguns dias, o acusado descumpriu a determinação judicial. Nessa
situação, para o STJ, o magistrado poderá decretar a prisão preventiva de Chico nos
autos que apura a Contravenção penal em razão do descumprimento da medida

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cautelar. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STJ NÃO é cabível a decretação de prisão preventiva contra o
autor do fato que configura contravenção penal (vias de fato) no âmbito de violência
doméstica contra mulher, ainda que o acusado descumpra medida protetiva deferida
pelo juiz em favor da vítima. Isso porque, a prisão preventiva é uma medida cautelar de
natureza processual que visa assegurar a ordem pública, a ordem econômica, a
conveniência da instrução criminal e a aplicação da lei penal. A sua decretação é cabível
nos casos previstos no artigo 313, do CPP: “nos CRIMES dolosos punidos com pena
privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos; se tiver sido condenado por
outro CRIME doloso, em sentença transitada em julgado ou se o CRIME envolver violência
doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com
deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência”. Todas as
hipóteses do artigo 313 preveem a prática de um CRIME, NÃO havendo previsão de
cabimento da prisão preventiva na prática de CONTRAVENÇÃO PENAL. Nesse caso, o
dispositivo deve ser interpretado literalmente, pois se trata de aplicação de cautelar
extrema (prisão preventiva) e os fatos praticados pelo agente não configuraram crime
propriamente dito, embora praticados no âmbito da violência doméstica contra mulher.
Segundo o STJ a prisão preventiva só pode ser decretada em desfavor de acusados pela
prática de crimes punidos com RECLUSÃO E DETENÇÃO, o que não é o caso da
CONTRAVENÇÃO PENAL que É APENADA apenas COM PRISÃO SIMPLES. Importante
frisar que ainda que haja o descumprimento de medidas protetivas aplicadas ou
transgressão de cautelas de urgência já aplicadas não é admitida a decretação da prisão
preventiva, pois não há previsão legal nesse sentido. CUIDADO! Insta salientar que o
descumprimento de medida protetiva da Lei Maria da Penha é crime tipificado no art. 24-
A da mesma lei: “Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de
urgência previstas nesta Lei: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos”. Não se
pode confundir uma situação com a outra. O primeiro caso é quando o réu está
respondendo por uma contravenção penal, ou seja, nesse caso, mesmo que descumpra
uma medida protetiva não cabe a prisão preventiva nos autos que apura a contravenção
penal. No segundo caso, temos uma situação diferente. O réu ao descumprir uma medida
protetiva cometeu o crime do art. 24-A da Lei Maria da Penha, assim, se preso em
flagrante, neste segundo fato, o juiz pode optar, diante do risco à efetividade da medida
protetiva, por não conceder liberdade provisória com fundamento no art. 12-C da Lei
Maria da Penha, Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019, a saber: “art. 12-C (...) § 2º Nos
casos de risco à integridade física da ofendida ou à efetividade da medida protetiva de
urgência, não será concedida liberdade provisória ao preso”.

STJ. 6ª Turma. HC 437.535-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, Rel. Acd. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado
em 26/06/2018 (INFO/632).

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DUPLA CIDADANIA

DUPLA CIDADANIA JUSTIFICA A PRISÃO PREVENTIVA?

72. (DJUS) Para o STF, dupla cidadania justifica a prisão preventiva, com base na
possibilidade de o acusado poder eventualmente se refugiar no exterior. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Aldemir, acusado de ter praticado os crimes de lavagem de dinheiro e corrupção


passiva, teve sua prisão preventiva decretada sob fundamento de garantia da aplicação
da lei penal, uma vez que ele possui dupla cidadania, possivelmente poderia fugir para o
exterior. A defesa impetrou habeas corpus, alegando que não houve demonstração de
forma concreta e firme do cumprimento dos requisitos para manutenção da prisão
preventiva conforme o art. 312, do CPP. O tribunal denegou a ordem. Para o STF, nessa
situação, o tribunal agiu corretamente mantendo a segregação cautelar. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STF, NÃO cabe prisão preventiva apenas por ter o acusado
dupla cidadania e poder eventualmente se refugiar no exterior. Dispõe o art. 312, do
CPP: “A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da
ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação
da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria.”
A prisão preventiva é uma medida cautelar de natureza processual, considerada exceção e
INFO
só se justifica se demonstrada a sua imprescindibilidade nos termos do art. 312, acima
937/STF
transcrito. Não pode ser utilizada como instrumento antecipado de punição do acusado
ou do réu. Conjecturas ou possibilidades não são fundamentos idôneos a subsidiar a
decretação ou manutenção da segregação cautelar. O fato de ter o acusado dupla
cidadania não torna certeza de que ele irá se refugiar no outro país. Há necessidade que
de maneira concreta seja demonstrado que o acusado planeja fugir. Mera especulação
não é passível de preencher o requisito de assegurar a aplicação da lei penal. Por fim,
importante acrescentar que com a Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime) ficou
terminantemente proibido ao juiz decretar a prisão preventiva de ofício, ainda que no
curso da ação penal ou em razão do descumprimento de medidas cautelares diversas da
prisão aplicadas anteriormente. Já em relação à revogação o mesmo pacote trouxe ao juiz
expressamente a possibilidade de ser a prisão preventiva revogada de ofício ou
substituída por outras medias cautelares diversas.

STF. 2ª Turma. HC 152676/PR, Rel. Min. Edson Fachin, red. p/ ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 9/4/2019
(INFO/STF 937).

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PRISÃO DOMICILIAR

MULHER COM FILHO MENOR DE 12 ANOS SEMPRE TEM OU NÃO DIREITO À PRISÃO
DOMICILIAR?

73. (DJUS) Para o STJ, deve ser substituída a prisão preventiva pela prisão domiciliar de
mulher que tem filho menor de 12 anos e que depende de cuidados especiais, ainda
que o crime tenha sido praticado no âmbito da residência em que convivia com o
filho incapaz. C/E?

Vejamos a seguinte situação hipotética:

Raylinda, mãe de menor de 12 anos, utilizava sua residência para a prática de tráfico de
drogas e receptação de mercadorias roubadas, bem como possuía armas de fogo de uso
restrito dentro de sua casa. Em razão desses crimes foi presa preventivamente. Para o
STJ e STF, nessa situação, mesmo assim a prisão preventiva deve ser substituída pela
prisão domiciliar. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STJ e STF, NÃO CABE conversão da prisão preventiva pela
prisão domiciliar de mulher que tem filho menor de 12 anos e que depende de cuidados
INFO especiais, se o crime tiver sido praticado no âmbito da residência em que convivia com o
629/STJ filho incapaz. A prisão domiciliar está disciplinada no Código de Processo Penal em seus
artigos 317 e 318 e na Lei de Execuções Penais nº 7.210/84, no artigo 117. Cada diploma
INFO possui um tratamento diferente, no CPP a prisão domiciliar tem CARÁTER CAUTELAR,
953/STF podendo ser recolhido em sua residência ao invés de permanecer no estabelecimento
prisional preso preventivamente nos seguintes casos: se o agente tiver mais de 80 anos de
idade, caso se encontre extremamente debilitado decorrente de doença grave, seja
indispensável aos cuidados de menor de 06 anos ou com deficiência, esteja gestante, seja
mulher com filho menor de 12 anos ou homem com filho menor de 12 anos e que seja ele
o único responsável pelo seu cuidado. Na LEP, a prisão domiciliar é medida de execução
da pena cabível para aquele que se encontra no REGIME ABERTO e tenha mais de 70 anos
de idade, esteja acometido de doença grave, tenha filho menor ou deficiente mental ou
esteja a agente gestante. No caso de se tratar de prisão é preventiva regida pelo CPP,
poderia haver a sua conversão para a prisão domiciliar por ter a agente filha (o) menor de
12 anos. Contudo, tanto o STJ quanto o STF afastaram a substituição da preventiva pela
domiciliar, quando prisão domiciliar não resguardar o interesse do filho incapaz. Sendo o
crime também cometido dentro da própria residência em que ambos conviviam. Por essa
razão, o local se torna inadequado para os cuidados do incapaz, que fica exposto às
práticas delituosas da mãe, bem como gera a possibilidade de reiteração criminosa pela
acusada e a colocação em risco da vida e bem estar do menor, que deve ser preservado.

STJ. 5ª Turma. HC 457.507/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 20/09/2018.
STJ. 6ª Turma. HC 441.781-SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 12/06/2018 (INFO/STJ 629).
STF. 1ª Turma. HC 168900/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 24/9/2019 (INFO/STF 953).

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PRISÃO DOMICILIAR

POSSIBILIDADE OU NÃO DE SUBSTITUIÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA POR DOMICILIAR DE


MÃE DE MENOR DE 12 ANOS

74. (DJUS) Para o STF, cabe substituição da prisão preventiva por prisão domiciliar de
mulher que tem filho menor de 12 anos. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Raylinda, mãe de menor de 12 anos e seu marido foram presos preventivamente pela
prática de trafico de drogas. Para o STF, nesse caso, cabe a substituição da preventiva
pela prisão domiciliar da mãe do menor. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, CABE substituição da prisão preventiva por prisão
domiciliar de mulher que tem filho menor de 12 anos. Com a alteração do artigo 318 do
INFO CPP, trazida pela Lei 13.257/2016, houve a ampliação das hipóteses de cabimento da
887/STF prisão domiciliar. Agora o inciso V e VI do referido artigo dispõe que tanto a mulher com
filho menor de até 12 anos de idade (incompleto) quanto o homem, caso seja o único
INFO responsável pelos cuidados do filho de até 12 anos (incompletos) têm direito a
831/STF substituição da prisão preventiva pela prisão domiciliar. Essa alteração legislativa foi
decorrente de implementação de politicas públicas que visam possibilitar o melhor
desenvolvimento dos menores. Conhecendo o instituto da prisão domiciliar, importante
saber que esta cabe tanto na fase processual, quanto na fase de execução da pena. A
prisão domiciliar está disciplinada no Código de Processo Penal em nos artigos 317 e 31873
e na Lei de Execuções Penais nº 7.210/84, no artigo 11774. Cada diploma possui um
tratamento diferente, no CPP a prisão domiciliar tem CARÁTER CAUTELAR, ou seja,
cabível antes do início da execução da pena em definitivo ou provisoriamente. Uma vez
aplicada a prisão domiciliar, será o réu recolhido em sua residência ao invés de
permanecer no estabelecimento prisional, preso preventivamente, nos seguintes casos: se
o agente tiver mais de 80 anos de idade, caso se encontre extremamente debilitado
decorrente de doença grave, seja indispensável aos cuidados de menor de 06 anos ou
com deficiência, esteja gestante, seja mulher com filho menor de 12 anos ou homem com
filho menor de 12 anos e que seja ele o único responsável pelo seu cuidado. Na LEP, a
prisão domiciliar é medida de execução da pena cabível para aquele que se encontra no
REGIME ABERTO e tenha mais de 70 anos de idade, esteja acometido de doença grave,
tenha filho menor ou deficiente mental ou esteja a agente gestante. Insta salientar que a
aplicação da prisão domiciliar ao preso provisório (prisão preventiva) deverá ser analisada
em cada caso concreto, verificando-se a adequação da aplicação dessa medida e suas

73
CPP, art. 317. A prisão domiciliar consiste no recolhimento do indiciado ou acusado em sua residência, só podendo dela
ausentar-se com autorização judicial. Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for: I -
maior de 80 (oitenta) anos; II - extremamente debilitado por motivo de doença grave; III - imprescindível aos cuidados especiais de
pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência; IV - gestante; V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade
incompletos; VI - homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos.
Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos requisitos estabelecidos neste artigo.
74
LEP, art. 117. Somente se admitirá o recolhimento do beneficiário de regime aberto em residência particular quando se tratar de:
I - condenado maior de 70 (setenta) anos; II - condenado acometido de doença grave; III - condenada com filho menor ou deficiente
físico ou mental; IV - condenada gestante.

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condições de cumprimento pelo acusado. Portanto, NÃO É SUBSTITUIÇÃO OBRIGATÓRIA,


devendo a decisão pela não aplicação ser devidamente motivada. Por fim, cumpre frisar
que antes desse julgado já havia precedente na Suprema Corte em que foi deferida a
prisão domiciliar em substituição da preventiva de mãe de criança de três meses de idade,
sob os mesmos fundamentos aqui trazidos (INFO/STF 831).

STF. 1ª Turma. HC 136408/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 5/12/2017 (INFO/STF 887).
STF. 2ª Turma. HC 134069/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/6/2016 (INFO/STF 831).

PRISÃO DOMICILIAR

CONCESSÃO DE PRISÃO DOMICILIAR A MÃE DE MENOR DE 12 ANOS EM EXECUÇÃO


PROVISÓRIA DA PENA

75. (DJUS) Para o STJ, é possível a concessão de prisão domiciliar a mãe que possui filho
menor de 12 anos, ainda que se trate de execução provisória da pena (atualmente
somente cabível para condenação com pena igual ou superior a 15 anos pelo
Tribunal do Júri - art. 492, e, do CPP). C/E?

Vejamos a seguinte situação hipotética:

Railinda foi presa preventivamente, pela prática do crime de homicídio qualificado. Em


razão de ter uma filha de 03 anos de idade, o juiz converteu a prisão preventiva em
domiciliar. Em sequência, Railinda foi condenada pelo Tribunal do Júri a 15 anos de
reclusão em regime fechado. O juiz em razão da quantidade de pena aplicada (15 anos)
INFO aplicou o art. 492, e, do CPP, mandando recolher a condenada à prisão, dando início à
647/STJ execução provisória da pena. A defesa interpôs HC pleiteando a manutenção da prisão
domiciliar, nos termos do art. 318, V, do CPP. Para o STJ, nessa situação, mesmo
tratando de execução provisória da pena o writ deve ser concedido, pois, cabível a
concessão da prisão domiciliar à condenada, em razão de possuir filha menor de 03
anos. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STJ, é possível a concessão de prisão domiciliar a mãe que
possui filho menor de 12 anos, ainda que se trate de execução provisória da pena
(atualmente somente cabível para condenação com pena igual ou superior a 15 anos
pelo Tribunal do Júri - art. 492, e, do CPP75). Ou seja, se a condenada tiver filho menor de
12 anos, ainda que esteja em execução provisória da pena, é cabível a substituição da
prisão pela domiciliar. A prisão domiciliar está disciplinada no Código de Processo Penal
(artigos 317 e 318) e no art. 117, da Lei de Execuções Penais (Lei nº 7.210/84). Cada
diploma possui um tratamento diferente, no CPP a prisão domiciliar tem CARÁTER
CAUTELAR, ou seja, cabível antes do início da execução da pena em definitivo ou
provisoriamente. Na LEP, a prisão domiciliar é medida de execução da pena. Ambas as

75
CPP, art. 492 (...) e) mandará o acusado recolher-se ou recomendá-lo-á à prisão em que se encontra, se presentes os requisitos
da prisão preventiva, ou, no caso de condenação a uma pena igual ou superior a 15 (quinze) anos de reclusão, determinará a
execução provisória das penas, com expedição do mandado de prisão, se for o caso, sem prejuízo do conhecimento de recursos
que vierem a ser interpostos; (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

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modalidades são cabíveis no caso ter a agente filha (o) menor de 12 anos de idade. Assim,
a norma do art. 318, V, do CPP76 alcança todas as mulheres presas que possuam filhos
menores de 12 anos, em resgate ao princípio constitucional da fraternidade, desde que
atendidos os requisitos do art. 318-A, do CPP77 (crime tenha sido cometido sem violência
ou grave ameaça a pessoa e não tenha sido cometido em face do seu filho). Ou seja, a
determinação da execução provisória da pena após a condenação pelo Tribunal do Júri
não obsta a concessão da prisão domiciliar. Isso porque, embora na fase de execução da
pena, a prisão domiciliar seja cabível quando o regime atribuído for o ABERTO, a
interpretação em conjunto da Lei 13.257/16 (que visa garantir os direitos da criança) e da
LEP à luz do constitucionalismo fraterno (art. 3º, da CF), bem como do seu Preâmbulo,
consubstancia na possibilidade da concessão da prisão domiciliar mesmo que na fase de
execução provisória ou definitiva da pena, embora o regime de cumprimento da pena
determinado tenha sido o fechado. Em outras palavras, ainda que iniciada a fase de
execução provisória ou definitiva da pena, que determinou a reclusão em regime
fechado, se a condenada possui filho menor de 12 anos, é cabível a concessão da prisão
domiciliar. Por fim, é importante destacar que com exceção da condenação pelo Tribunal
do Júri a uma pena igual ou superior a 15 anos (previsão introduzida pela Lei nº
13.964/2019 - Pacote Anticrime), atualmente não é mais possível a execução da pena,
seja ela privativa de liberdade ou restritiva de direitos, antes do trânsito em julgado da
condenação, depois da decisão vinculante do STF em controle concentrado (ADC 43/DF,
ADC 44/DF e ADC 54/DF), que declarou a constitucionalidade do art. 283 do CPP78
(atualmente com redação dada pela Lei nº 13.964/2019 - Pacote Anticrime), que
condiciona o início do cumprimento da pena ao trânsito em julgado do título
condenatório. Mesmo antes da inovação legislativa, já havia precedentes da 1ª Turma do
STF admitindo a execução provisória da pena nas condenações pelo Tribunal do Júri (HC
140449/RJ e HC 144712/SP). Por outro lado, a 2ª Turma do STF e o STJ quando analisaram
o tema, entenderam não ser possível a execução provisória da pena, ainda que seja
decorrente de condenação pelo Tribunal do Júri (HC 163814 e HC 438088,
respectivamente). O STF decidirá esse assunto apreciando o Tema 1.068 da repercussão
geral (RE 1.235.340).

STJ. 5ª Turma. HC 487.763-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 02/04/2019 (INFO/STJ 647).

76
CPP, art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for: (...) V - mulher com filho de até 12
(doze) anos de idade incompletos; (...).
77
CPP, art. 318-A. A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com
deficiência será substituída por prisão domiciliar, desde que: I - não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa;
II - não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente.
78
CPP, art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade
judiciária competente, em decorrência de prisão cautelar ou em virtude de condenação criminal transitada em julgado.

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PRISÃO DOMICILIAR HUMANITÁRIA

NECESSIDADE OU NÃO DE REAVALIAÇÃO PERIÓDICA DA SAÚDE DO RÉU EM PRISÃO


DOMICILIAR HUMANITÁRIA

76. (DJUS) Para o STF, é indispensável o acompanhamento periódico da evolução da


doença que autorizou a substituição da prisão preventiva por domiciliar, mesmo que
não haja previsão de melhora do preso. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Nélio, preso preventivamente, foi diagnosticado com tumor maligno dentro do cárcere e
submeteu-se a cirurgia para retirada da bexiga e da próstata, retornado para o presídio
após alta hospitalar. O ambiente insalubre do cárcere desencadeou infecção urinária e
agravou o estado de saúde do acusado. A defesa impetrou habeas corpus pleiteando a
substituição da prisão preventiva por domiciliar, pois os médicos não deram esperanças
de melhora. O tribunal concedeu a ordem e substituiu a preventiva pela domiciliar,
estabelecendo o período de 02 meses para cada reavaliação da evolução da saúde do
acusado para fins de seu retorno ao cárcere. A defesa insatisfeita com essa reavaliação
pleiteou a sua revogação. Para o STF, nessa situação, o pleito da defesa deve ser
indeferido, pois é indispensável a reavaliação da evolução da saúde do acusado, ainda
INFO que não esteja previsto pelos médicos sua melhora. C/E?
887/STF
COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, se a prisão preventiva for substituída pela domiciliar em
razão de grave doença é indispensável o acompanhamento periódico da evolução da
saúde do acusado, mesmo que não haja previsão de sua melhora. A prisão domiciliar
aqui tratada é a regida pelo CPP que possui natureza cautelar. Nesse caso, pode o acusado
ser recolhido em sua residência ao invés de permanecer no estabelecimento prisional
preso preventivamente como, por exemplo, no caso de o agente estar extremamente
debilitado decorrente de doença grave (art. 318, II, do CPP79), também chamada de
prisão domiciliar humanitária. Contudo, é indispensável que se comprove que o
tratamento não pode ser dado dentro do estabelecimento prisional ou hospitalar (HC n.
152.265). Uma vez substituída a prisão preventiva pela domiciliar humanitária faz-se
necessário a reavaliação periódica da evolução da saúde do preso, para que cessados os
motivos que justificaram a substituição da preventiva, ele retorne ao cárcere. O fato de o
médico não ter dado bom prognóstico de melhora do paciente, não retira a
imprescindibilidade do acompanhamento periódico da saúde do custodiado.

STF. 2ª Turma. HC 153961/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 27/3/2018 (INFO/STF 895).

79
CPP, art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for: (...) II - extremamente debilitado
por motivo de doença grave; (...).

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LAVAGEM DE DINHEIRO

MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO E LAVAGEM DE DINHEIRO

77. (DJUS) Para o STJ, a prisão preventiva pode ser substituída por outras medidas
cautelares diversas quando a atuação do acusado em uma organização criminosa
para tráfico de drogas tenha sido limitada apenas ao crime de lavagem de dinheiro.
C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Lavadônio e outros acusados foram presos preventivamente, por crime de organização


criminosa para o tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Porém restou comprovado
que Lavadônio teve sua participação limitada à lavagem de dinheiro, não atuando no
crime de tráfico. Para o STJ, a prisão preventiva pode ser substituída por outras medidas
cautelares em razão de o réu ter praticado apenas lavagem de dinheiro. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STJ, a prisão preventiva pode ser substituída por outras
medidas cautelares diversas quando a atuação do acusado em uma organização
criminosa para tráfico de drogas tenha sido limitada apenas ao crime de lavagem de
INFO dinheiro (art. 1º, caput, da Lei nº 9.613/98)80. Embora o acusado faça parte de
594/STJ organização criminosa de tráfico de drogas, ele não participava de outras atividades da
organização a não ser da lavagem de dinheiro, ou seja, não atuava no tráfico de drogas,
como os demais acusados que também estão presos preventivamente. Diante dos fatos, o
STJ entendeu que a organização estava desmantelada, pois todos os integrantes estavam
presos, impossibilitando-se a continuidade delitiva do tráfico e consequentemente à
lavagem de dinheiro. Dessa forma, substituiu a prisão preventiva do acusado que apenas
atuava na lavagem de dinheiro por outras medidas cautelares constantes do artigo 319 do
CPP, por entender que não haveria mais possibilidade desse acusado reincidir na conduta
delituosa. O CPP no artigo 319 prevê algumas medidas cautelares diversas da prisão,
dentre elas as que foram aplicadas em substituição à prisão preventiva pelo magistrado
(art. 319, I e III, do CPP): “o comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições
fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades e a proibição de manter contato com
pessoa determinada quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou
acusado dela permanecer distante”.

STJ. 6ª Turma. HC 376.169-GO, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. para acórdão Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em
1/12/2016 (INFO/STJ 594).

80
Lei 9.613/98, art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens,
direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal.

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PEQUENA QUANTIDADE DE MACONHA

LIBERDADE PROVISÓRIA E PORTE DE PEQUENA QUANTIDADE DE MACONHA

78. (DJUS) Para o STF cabe a liberdade provisória de réu primário, que não integra
organização criminosa, preso em flagrante por porte de pequena quantidade de
maconha. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Manoelzinho, primário, com bons antecedentes foi preso em flagrante portando 887,89
gramas de maconha e teve sua prisão convertida em preventiva, acusado de tráfico de
drogas. Não ficou comprovado o seu envolvimento com uma organização criminosa.
Para o STF, nessa situação, cabe a liberdade provisória do réu, uma vez que portava
INFO
pequena quantidade de maconha. C/E?
921/STF
COMENTÁRIO
INFO
866/STF
Gabarito: CERTO. Para o STF, cabe a liberdade provisória de réu primário, que não
integra organização criminosa, preso em flagrante por porte de pequena quantidade de
maconha. Isso porque, a prisão preventiva é uma medida cautelar de natureza processual
que segundo o artigo 312 do CPP81, visa assegurar a ordem pública, a ordem econômica, a
conveniência da instrução criminal e a aplicação da lei penal. Ainda é preciso que não seja
cabível a aplicação de outras medidas cautelares diversas da prisão, previstas no artigo
319 do CPP82. Por fim, deve ser levado em consideração o quantum da pena a ser aplicada
com uma possível condenação, pois de acordo com o artigo 313, I, do CPP 83, só cabe
prisão preventiva em crimes punidos com a pena máxima superior a 04 anos. No caso
concreto, embora a pena em abstrato para o crime de tráfico de drogas seja de 05 a 15
anos, o STF entendeu que o réu por ser primário, possuir bons antecedentes, e não atuar
em organização criminosa, provavelmente receberá diminuição de sua pena (de 1/6 a
2/3), prevista no artigo 33, § 4º, da Lei de Drogas nº 11.343/0684, que na hipótese evitaria

81
CPP, art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência
da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de
autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019).
82
CPP, art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão: I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições
fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades; II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por
circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas
infrações; III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o
indiciado ou acusado dela permanecer distante; IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente
ou necessária para a investigação ou instrução; V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o
investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos; VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza
econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais; VII - internação provisória
do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou
semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração; VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o
comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial;
IX - monitoração eletrônica.
83
CPP, art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva: I - nos crimes dolosos
punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos; II - se tiver sido condenado por outro crime doloso,
em sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 - Código Penal; III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente,
idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência; IV - (revogado).
84
Lei 11.343/06, art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em
depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que

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a decretação de sua prisão preventiva e início da execução da pena no regime fechado.


Assim, no entendimento da Corte, não caberia segregação antecipada do réu se com a
superveniência da sentença provavelmente não lhe seria aplicada a execução da pena no
regime fechado. Vale a pena lembrar que a 2ª Turma do STF, em precedente sobre o
tema, entendeu que a quantidade de drogas não é por si só, elemento idôneo para negar
o benefício da diminuição da pena do artigo 33, §4º, da Lei de Drogas, imprescindível o
preenchimento dos requisitos dispostos no mesmo parágrafo.
STF. 1ª Turma. HC 140379/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 23/10/2018
(INFO/STF 921).

DECISÃO GENÉRICA E IMPRECISA

LEGALIDADE OU NÃO DE DECISÃO GENÉRICA E IMPRECISA AO DECRETAR A PRISÃO


PREVENTIVA

79. (DJUS) Para o STF, o decreto prisional que descreve de forma genérica e imprecisa a
conduta do réu não é passível de justificar a prisão preventiva. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Tingulau acusado de realizar transações suspeitas de dólar-cabo invertido teve sua


prisão preventiva decretada e a decisão judicial descreveu de forma genérica e
imprecisa a conduta do réu sem deixar clara a que ele praticou. Para o STF, essa decisão
é nula, por descrever de forma genérica e imprecisa a conduta do réu, não sendo
passível de justificar a prisão preventiva. C/E?

COMENTÁRIO

INFO Gabarito: CERTO. Para o STF, o decreto prisional que descreve de forma genérica e
914/STF imprecisa a conduta do réu não é passível de justificar a prisão preventiva. Inclusive,
ratificando esse entendimento, a Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime) incluiu o § 2º ao
art. 312 do CPP, o qual determina que “a decisão que decretar a prisão preventiva deve
ser motivada e fundamentada em receio de perigo e existência concreta de fatos novos
ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada”. Para deixar mais
claro a necessidade de fundamentação, a referida lei previu no art. 315, § 2º do CPP85

gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15
(quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. (...) § 4º Nos delitos definidos no caput e no
§ 1º deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos ,
desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização
criminosa.
85
CPP, art. 315. A decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão preventiva será sempre motivada e fundamentada.
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) § 1º Na motivação da decretação da prisão preventiva ou de qualquer outra cautelar, o
juiz deverá indicar concretamente a existência de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada.
§ 2º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: I - limitar-se à
indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; II - empregar
conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; III - invocar motivos que se
prestariam a justificar qualquer outra decisão; IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese,
infirmar a conclusão adotada pelo julgador; V - limitar-se a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus
fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; VI - deixar de seguir
enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em
julgamento ou a superação do entendimento.

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(dispositivo também previsto no CPC/15) os caso em que a decisão não se considera


fundamentada. Em outras palavras, a decisão que decretou a preventiva de Tingulau é
ilegal, pois não descreveu de forma idônea a sua conduta, nem deixou claro os crimes que
ele cometeu. O artigo 312, do CPP86 admite a prisão preventiva se comprovado a
EXISTÊNCIA DO CRIME, se os INDÍCIOS DE AUTORIA forem SUFICIENTES e houver um
perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado. No caso em concreto, a decisão que
decretou a preventiva não demonstrou esses requisitos, sendo narrada de forma genérica
e insuficiente para tais comprovações. O STF entendeu que a decisão foi ilegal, cabendo
aplicação de outras medidas cautelares diversas em substituição da prisão preventiva
decretada. E o que vem a ser transação de dólar-cabo e dólar-cabo invertido? São
crimes? O DÓLAR-CABO é uma modalidade do crime contra o sistema financeiro nacional
e de evasão de divisas (art. 22, parágrafo único, Lei 7.492/8687), que consiste no envio de
dinheiro para o exterior de forma ilegal, sem obediência às regras da legislação brasileira.
Já o DÓLAR-CABO INVERTIDO é a atuação contrária. Segundo o Min. Gilmar Mendes,
consiste em efetuar operação de câmbio não autorizada com o fim de promover a
internalização de capital estrangeiro e que essa conduta não se enquadraria no crime de
evasão de divisas, portanto aparentemente atípica. Dessa forma, somente poderia sofrer
restrições a sua liberdade se houver decisão judicial devidamente fundamentada, com
fatos concretos bem delineados e suficientes a justificar sua segregação antecipada.

STF. 2ª Turma. HC 157.604/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4/9/2018 (INFO/STF 914).

EXCESSO DE PRAZO

PODE OU NÃO SER REVOGADA A PREVENTIVA POR NÃO TER SIDO O PRESO
INTERROGADO HÁ MAIS DE 04 ANOS?

80. (DJUS) Para o STF, não configura excesso de prazo apto a revogar a prisão preventiva
a falta de audiência para interrogatório há mais de 04 anos. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Tingulau está preso preventivamente há mais de 04 anos acusado de praticar crimes


tipificados na Lei 11.343/2006 (Lei de Drogas) e ainda não houve audiência para
realização de seu interrogatório. Para o STF, ainda assim, não está configurado excesso
de prazo capaz de revogar a sua prisão preventiva. C/E?

COMENTÁRIO
INFO
878/STF Gabarito: ERRADO. Para o STF, configura excesso de prazo apto a revogar a prisão
preventiva a falta de audiência para interrogatório há mais de 04 anos. No caso, o réu
está preso preventivamente há mais de 04 anos e ainda não houve a audiência para
realização de seu interrogatório. A Corte entendeu que a inércia não se deu por culpa

86
CPP, art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência
da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de
autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019 – Pacote Anticrime)
87
Lei 7.492/86, art. 22. Efetuar operação de câmbio não autorizada, com o fim de promover evasão de divisas do País: Pena -
Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, a qualquer título, promove, sem
autorização legal, a saída de moeda ou divisa para o exterior, ou nele mantiver depósitos não declarados à repartição federal
competente.

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exclusiva da defesa, mas sim pela morosidade injustificada do magistrado na condução do


processo. Embora o trâmite processual tenha inúmeras fases e atos a serem cumpridos se
mostrou irrazoável o lapso de mais de 04 anos sem ao menos ocorrer o interrogatório do
réu. O entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal é de que “somente o excesso
indevido de prazo imputável ao aparelho judiciário traduz situação anômala que
compromete a efetividade do processo, além de tornar evidente o desprezo estatal pela
liberdade”. Dessa forma, houve a configuração do constrangimento ilegal pelo excesso de
prazo injustificável da autoridade judiciária, cabendo a revogação da prisão preventiva.
Cumpre ressaltar que o lapso temporal por si só não é pressuposto obrigatório para se
conceder a revogação da prisão, havendo necessidade de se analisar o caso em concreto.
Por vezes a quantidade de réus, a complexidade do processo e sua instrução, necessidade
de oitivas por precatória, podem acarretar necessidade de um tempo maior para
conclusão e julgamento.
STF. 2ª Turma. HC 141583/RN, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 19/9/2017 (INFO/STF 878).

EXCESSO DE PRAZO

PRESO QUE AGUARDA JÚRI HÁ 07 ANOS CARACTERIZA EXCESSO DE PRAZO?

81. (DJUS) Para o STF, réu preso cautelarmente que aguarda há mais de 07 anos a
realização do júri pode ter sua prisão revogada por excesso de prazo. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Tingulau está preso preventivamente acusado de praticar homicídio qualificado e desde


a pronúncia há mais de 07 anos aguarda a realização do Júri. Para o STF, nessa situação,
está configurado o excesso de prazo devendo ser revogada a prisão. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, réu preso cautelarmente que aguarda há mais de 07 anos a
realização do júri pode ter sua prisão revogada por excesso de prazo. Em outras
palavras, o réu está preso preventivamente há mais de 07 anos e ainda não foi formada a
culpa, ou seja, não foi julgado pelo TRIBUNAL DO JÚRI. Em análise, a Corte constatou que
não houve falha da defesa que tenha ocasionado a morosidade para se realizar o
julgamento, mas sim inércia por parte do Judiciário que traduziu situação anômala que
INFO comprometeu a efetividade do processo. Houve a violação do direito que todos têm de
868/STF ter a resolução do litígio em tempo hábil, mantendo-se a preservação da dignidade da
pessoa humana. Caso semelhante foi trazido no INFO/878 do STF, em que se reconheceu
INFO o excesso de prazo da prisão cautelar diante da falta de interrogatório de réu preso há
878/STF mais de 04 anos. Conclui-se então que independente de o réu está preso preventivamente
por crime comum ou hediondo, se há uma inércia exclusiva da autoridade judiciária em
realizar os procedimentos legais para que ocorra o julgamento definitivo e o início do
cumprimento da pena, pode ser reconhecido o excesso de prazo da prisão e ser esta
revogada, para que aguarde em liberdade por seu julgamento, salvo se estiver preso por
outro processo, sem prejuízo de aplicação de outras medidas cautelares cabíveis.
STF. 2ª Turma. HC 142177/RS, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 6/6/2017 (INFO/STF 868).
STF. 2ª Turma. HC 141583/RN, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 19/9/2017 (INFO/STF 878).

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PRISÃO ESPECIAL

SALA DE ESTADO-MAIOR OU NÃO PARA ADVOGADO EM EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA


PENA

82. (DJUS) Para o STJ, mesmo após condenação, desde que sem o trânsito em julgado,
advogado tem direito de permanecer recolhido em sala de estado-maior para iniciar
a execução provisória da pena (atualmente somente cabível para condenação com
pena igual ou superior a 15 anos pelo Tribunal do Júri - art. 492, e, do CPP). C/E?

Vejamos a seguinte situação hipotética:

Tingulau, advogado, condenado pelo Tribunal do Júri a 15 anos de prisão iniciou a


execução provisória da pena no regime fechado em estabelecimento prisional. A defesa
interpôs se insurgiu contra a medida, requerendo que fosse deferido o cumprimento da
pena em sala de estado-maior, em razão de sua profissão. Para o STJ, nessa situação, o
acusado tem o direito de cumprir a execução provisória da pena em sala de estado-
maior. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STJ, após condenação ainda que sem o trânsito em julgado,
advogado NÃO tem direito de permanecer recolhido em sala de estado-maior para
iniciar a execução provisória da pena (atualmente somente cabível para condenação
com pena igual ou superior a 15 anos pelo Tribunal do Júri - art. 492, e, do CPP88). Em
outras palavras, o advogado que cumpre a execução provisória da pena, não tem direito
de permanecer recolhido em sala de estado-maior, pois esse privilégio somente é cabível
SEM para preso provisório. O fundamento para o entendimento é retirado da Lei 8.906/94, que
INFO dispõe no artigo 7º, V que o advogado tem direito de “não ser recolhido preso, ANTES DE
SENTENÇA TRANSITADA EM JULGADO, senão em sala de Estado Maior, com instalações e
comodidades condignas, assim reconhecidas pela OAB, e, na sua falta, em prisão
domiciliar”. Ou seja, o advogado só terá direito a prisão em sala de estado-maior
enquanto estiver preso cautelarmente (prisão provisória). Já quando a execução da pena
é provisória, pois advinda em razão de condenação igual ou superior a 15 anos pelo
Tribunal do Júri, não mais se tratará de prisão cautelar, mas sim de prisão-pena. O STJ tem
esse mesmo entendimento quando se trata de prisão civil por inadimplemento de
obrigação alimentícia (INFO/STJ 551, HC 305.805-GO). Por fim, importante esclarecer que,
exceto na condenação pelo Tribunal do Júri a uma pena igual ou superior a 15 anos
(previsão introduzida pela Lei nº 13.964/2019 - Pacote Anticrime), atualmente não é mais
possível a execução da pena, seja ela privativa de liberdade ou restritiva de direitos, antes
do trânsito em julgado da condenação, depois da decisão vinculante do STF em controle
concentrado (ADC 43/DF, ADC 44/DF e ADC 54/DF), que declarou a constitucionalidade do
art. 283 do CPP89 (atualmente com redação dada pela Lei nº 13.964/2019 - Pacote

88
CPP, art. 492 (...) e) mandará o acusado recolher-se ou recomendá-lo-á à prisão em que se encontra, se presentes os requisitos
da prisão preventiva, ou, no caso de condenação a uma pena igual ou superior a 15 (quinze) anos de reclusão, determinará a
execução provisória das penas, com expedição do mandado de prisão, se for o caso, sem prejuízo do conhecimento de recursos
que vierem a ser interpostos; (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
89
CPP, art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade
judiciária competente, em decorrência de prisão cautelar ou em virtude de condenação criminal transitada em julgado.

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Anticrime), que condiciona o início do cumprimento da pena ao trânsito em julgado do


título condenatório, em razão do princípio da não culpabilidade (art. 5º, LVII, da CF 90).
Mesmo antes da inovação legislativa, já havia precedentes da 1ª Turma do STF admitindo
a execução provisória da pena nas condenações pelo Tribunal do Júri (HC 140449/RJ e HC
144712/SP). Por outro lado, a 2ª Turma do STF e o STJ quando analisaram o tema,
entenderam não ser possível a execução provisória da pena, ainda que seja decorrente de
condenação pelo Tribunal do Júri (HC 163814 e HC 438088, respectivamente). O STF
decidirá esse assunto apreciando o Tema 1.068 da repercussão geral (RE 1.235.340).
STJ. 6ª Turma. HC 451.714/MG, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, julgado em 26/06/2018.
STJ. 5ª Turma. HC 449.230/PR, Rel. Ministro FELIX FISCHER, julgado em 21/06/2018.

AGENTE DIPLOMÁTICO

POSSIBILIDADE OU NÃO DE FIXAÇÃO DE MEDIDA CAUTELAR PARA AGENTE


DIPLOMÁTICO QUE COMETEU CRIME

83. (DJUS) Para o STJ, é adequada a fixação de medida cautelar que proíbe agente
diplomático, acusado de cometer homicídio, de se ausentar do país sem autorização
judicial, na hipótese em que o Estado de origem do réu tenha renunciado à
imunidade de jurisdição cognitiva, mas mantenha a competência para a execução da
pena a ele que eventualmente venha ser imposta. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Jesus, membro consular da Espanha em missão diplomática no Brasil, praticou o crime


de homicídio, vindo o Estado estrangeiro a renunciar expressamente a imunidade de
jurisdição penal do agente, mas mantendo a competência para executar a pena que
eventualmente lhe seja imposta. O ministério público ofereceu a denúncia, requerendo
INFO
também a medida cautelar para impedir que o réu se ausente do país sem autorização
618/STJ
judicial, com o fim de assegurar a aplicação da lei penal, o que foi deferido pelo juiz, o
qual para isso determinou a retenção do passaporte do acusado. Para o STJ, nessa
situação, é adequada e não merece ser reformada a decisão do magistrado, uma vez
que o Estado acreditante renunciou a imunidade de jurisdição. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STJ, NÃO é adequada a fixação de medida cautelar que
proíbe agente diplomático, acusado de cometer homicídio, de se ausentar do país sem
autorização judicial, ainda que o Estado de origem do réu tenha renunciado à imunidade
de jurisdição cognitiva, mas mantido sua a competência para a execução da pena que a
ele eventualmente venha a ser imposta. O agente diplomático possui imunidade em
razão da relevância da função que exerce, ficando, em regra, isento do cumprimento de
lei nacional diversa da do seu país em relação aos atos que vier a praticar. A Convenção de
Viena Sobre Relações Diplomáticas (Decreto 56.435/65) dispõe no art. 31.1 que o agente
diplomático gozará de imunidade penal do Estado acreditado (nesse caso o Brasil). Ou
seja, de acordo com esse dispositivo não será aplicada a lei penal do país acreditado ao

90
CF, art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...) LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; (...).

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agente diplomático que ali praticar crime e sim a lei do seu país de origem. Aplica-se o
princípio da extraterritorialidade, devendo o agente ser enviado para o seu país de origem
para lá ser julgado. Contudo, o art. 32.1 também do Decreto prevê a possibilidade de o
Estado acreditante (país de origem do agente) renunciar à imunidade de jurisdição dos
seus agentes diplomáticos. Essa renúncia deve ser expressa (art. 32.2, do Decreto
56.435/65), como ocorreu no presente caso. No entanto, a renúncia à imunidade de
jurisdição abarcou apenas a fase cognitiva, não alcançando a imunidade de execução, que
se manteve preservada. Em outras palavras, o Brasil pode realizar todo o processo de
conhecimento, instrução processual e julgamento, contudo a execução da pena será de
competência do país de origem (acreditante). Medidas cautelares podem ser impostas
pelo juiz desde que durante o processo de cognição, mas não podem ter como
fundamento a execução da lei penal, uma vez que não será da competência da jurisdição
local praticar quaisquer atos executórios da pena, como privá-lo de liberdade, o obrigando
a permanecer no território nacional (art. 29, do Decreto). Embora seja pacífico o
entendimento no STF quanto à possibilidade de retenção de passaporte, nesse caso, essa
medida é inadequada, pois viola o art. 29, do referido decreto, que resguarda a
inviolabilidade à liberdade do agente diplomático. Dessa forma, incabível é a fixação da
medida cautelar com o fim de proibir a saída do diplomata do território nacional, uma vez
que o processo pode correr sem que este faça parte, não sendo impedimento a colheita
de provas e de depoimento de testemunhas, até mesmo a realização da sessão de
julgamento no Tribunal do Júri, faltando à cautelar fixada, assim, adequação aos riscos
que se pretendia com ela evitar.

STJ. 6ª Turma. RHC 87.825-ES, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 05/12/2017 (INFO/STJ 618).

AFASTAMENTO DA FUNÇÃO LEGISLATIVA

MEDIDA CAUTELAR DE AFASTAMENTO DA FUNÇÃO DE VEREADOR SEM DELIBERAÇÃO


DA CASA RESPECTIVA

84. (DJUS) Para o STJ, o magistrado de 1º grau pode, fundamentadamente, fixar medida
cautelar de afastamento das funções legislativas de vereador, sem que haja remessa
e deliberação da Casa respectiva. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Ribamar, vereador e presidente da Câmara Municipal de determinado Estado, está sob


INFO investigação por ter, em tese, cometido diversos crimes em razão de sua função, tais
617/STJ como peculato, corrupção passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa, fraude à
licitação, entre outros. O Parquet requereu a decretação da prisão preventiva do
parlamentar que incialmente foi aplicada, mas depois substituída por medida cautelar
de afastamento do exercício das funções de vereador e de presidente da Câmara,
visando evitar a reiteração delitiva para a manutenção da ordem pública. A defesa
interpôs recurso visando à revogação da medida cautelar fixada, pois somente poderia
ser aplicada pela Câmara de Vereadores. Para o STJ, nessa situação, o pleito da defesa
deve ser rejeitado, pois é legal a aplicação dessa medida cautelar pelo juiz, dispensando-
se a necessidade de remessa à respectiva Casa para deliberação. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STJ, o juiz de piso pode, desde que fundamentadamente,

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impor a parlamentar municipal medida cautelar de afastamento de suas funções


legislativas sem necessidade de remeter à respectiva Casa para deliberação sobre a
medida. O artigo 319 do CPP que dispõe sobre as espécies de medidas cautelares diversas
da prisão a ser fixadas pelo juiz, prevê no inciso VI a possibilidade de suspensão do
exercício de função pública. E o STF nos autos da ADI 5.526-DF, fixou o entendimento no
sentido de que cabe ao Poder Judiciário impor as medidas cautelares a que se refere esse
artigo aos parlamentares. No entanto, o artigo 53, §3º, da CF91 prevê a necessidade de
que seja encaminhada a determinação da medida cautelar a Casa Legislativa a que
pertence o parlamentar para que deliberem sobre a medida imposta. Ocorre que o artigo
53, §2º, da CF92, aplica-se apenas aos Deputados federais e Senadores, estendendo-se aos
Deputados estaduais por força do art. 27, §1º, da CF93. Observe-se que se trata de norma
de exceção, a qual deve ser interpretada restritivamente, não se incluindo os vereadores,
por falta de previsão legal. Importante lembrar que compete, em regra, ao juiz de 1º grau
conhecer e julgar as ações criminais em face de vereadores, salvo disposição em contrário
constante na Constituição Estadual. Nessa situação, é competente o juiz de piso para
impor medida cautelar diversa da prisão em face de vereador, sem necessidade de
remessa à respectiva Casa Legislativa para que deliberem, nos termos do art. 53, §3º, da
CF/88. Para aplicação da medida cautelar deve-se também atender aos requisitos do
artigo 312 do CPP, ou seja, que esta seja imprescindível para garantia da ordem pública ou
evitar a reiteração da prática delitiva. Dessa forma, demonstrado o fumus comissi delicti
(comprovação da existência de um crime e indícios suficientes de autoria) e a presença de
uma das hipóteses do art. 312 do CPP, (garantia da ordem pública, da ordem econômica,
por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal)
autoriza-se a fixação da medida cautelar, desde que em decisão fundamentada.

STJ. 5ª Turma. RHC 88.804-RN, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 07/11/2017 (INFO/STJ 617).

91
CF, art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. (...) §
3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará
ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá,
até a decisão final, sustar o andamento da ação. (...).
92
CF, art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. (...) §
2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime
inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria
de seus membros, resolva sobre a prisão. (...).
93
CF, art. 27. O número de Deputados à Assembléia Legislativa corresponderá ao triplo da representação do Estado na Câmara dos
Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze. § 1º
Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras desta Constituição sobre sistema eleitoral,
inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas. (...).

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MEDIDA CAUTELAR DE INCOMUNICABILIDADE

PRISÃO DOMICILIAR E MEDIDA CAUTELAR DE INCOMUNICABILIDADE ENTRE PAI E FILHA


ACUSADOS NA MESMA AÇÃO

85. (DJUS) Para o STJ, substituída a prisão preventiva pela prisão domiciliar é cabível a
decretação cumulativa de medida cautelar de incomunicabilidade entre a acusada e
seu pai que é corréu no mesmo processo e reside na mesma casa. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Ana teve sua prisão preventiva decretada por ter cometido juntamente com o seu pai e
irmãs diversos crimes. Contudo, o juiz substituiu a prisão preventiva de Ana pela prisão
domiciliar por ela ter filho menor de 12 anos e cumulativamente fixou medida cautelar
de incomunicabilidade apenas com o seu pai que também é réu no mesmo processo e
mora na mesma residência que Ana e suas irmãs. Para o STJ, nessa situação, o juiz agiu
corretamente, pois é cabível a decretação de medida cautelar de incomunicabilidade
entre pai e filha que residem na mesma casa. C/E?

INFO COMENTÁRIO
601/STJ
Gabarito: ERRADO. Para o STJ, substituída a prisão preventiva pela prisão domiciliar
NÃO É cabível a decretação cumulativa de medida cautelar de incomunicabilidade da
acusada com o seu pai que é corréu no mesmo processo e reside na mesma casa. Ou
seja, não cabe a decretação de incomunicabilidade entre filha e pai que residem na
mesma casa. Isso porque, o artigo 319 do CPP, que dispõe sobre as espécies de medidas
cautelares diversas da prisão a ser fixadas pelo juiz, prevê no inciso III a “proibição de
manter contato com determinada pessoa”. No entanto, pai e filhas são corréus na mesma
ação e ambos residem na mesma casa, não sendo razoável que a decretação da
incomunicabilidade proíba apenas o contato com o pai e não se estenda as irmãs que
também são acusadas. Na verdade, a Constituição Federal impede essa
incomunicabilidade quando no artigo 22694, protege a instituição familiar, não se
admitindo a sobreposição da medida cautelar ao direito da família. Privar a filha de se
comunicar com o seu pai é violar a esfera privada da e familiar da ré, que ainda que
tivesse cumprindo pena em estabelecimento prisional teria o direito de receber a visita de
sua família, incluindo o seu pai e irmãs. Dessa forma, é inidônea a decretação de
incomunicabilidade da ré com seu pai ainda que seja corréu no mesmo processo, como
medida cautelar substitutiva da prisão preventiva.

STJ. 6ª Turma. HC 380.734-MS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 28/3/2017 (INFO/STJ 601).

94
CF, art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.

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9. COMUNICAÇÕES DOS ATOS PROCESSUAIS


PRAZO RECURSAL

INÍCIO DA CONTAGEM DO PRAZO RECURSAL PARA O MINISTÉRIO PÚBLICO E


DEFENSORIA

86. (DJUS) Para o STJ, o termo inicial para contagem do prazo recursal do Ministério
Público e da Defensoria Pública é a data da remessa dos autos com vista ou a
entrada destes na respectiva instituição e não da intimação da sentença em
audiência. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Antenor foi denunciado pela pratica do crime de moeda falsa e de falsa identidade (art.
289, §1º e 307, do CP). O juiz, em audiência, proferiu sentença absolutória. Presente o
Ministério Público, registrou-se em ata a sua intimação certificou-se a ocorrência do
transito em julgado 05 dias após a audiência. O MP interpôs recurso contra a absolvição
do réu, o qual foi considerado intempestivo e por isso não recebido. O Parquet,
insatisfeito, interpôs recurso em sentido estrito, alegando que a apelação foi interposta
tempestivamente, pois o prazo recursal se inicia com a remessa dos autos com vista ou
a entrada destes na instituição. Para o STJ, nessa situação, assiste razão ao ministério
INFO público, devendo ser dado provimento ao recurso. C/E?
611/STJ
COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STJ, o termo inicial para contagem do prazo recursal do
Ministério Público e da Defensoria Pública é a data da remessa dos autos com vista ou a
entrada destes na respectiva instituição e não da intimação da sentença em audiência.
Primeiramente deve-se distinguir o prazo processual da intimação. O prazo é o tempo que
as partes têm para praticar os atos processuais e dar andamento ao processo, enquanto
que a intimação é a ciência ou conhecimento das partes acerca dos atos processuais
praticados. O prazo recursal do MP não se iniciará com sua intimação em audiência, mas
apenas com a remessa dos autos com vista ou de sua entrada na instituição. A
jurisprudência do STJ é firme nesse sentido (REsp n. 91.544/MG, EREsp n. 416.299/SP),
bem como a do STF (Inq n. 3.515, HC n. 121.967/AgR/SP). Isso se dá pela prerrogativa que
foi concedida ao MP, nos termos do art. 18, da LC nº 75/93 e do art. 41, da Lei nº
8.625/93, que preveem como forma de intimação do órgão a remessa dos autos à
instituição. Essa prerrogativa tem fundamental importância para o adequado exercício de
suas atividades, que pode inclusive ter o seu início postergado quando necessário ao
exercício do contraditório. Ademais, corroboram com esse entendimento o CPC (art. 180 e
§1º, do art. 18395) e o CPP (art. 370, §4º96), que também dispõe que o MP deverá ser
intimado pessoalmente, se aperfeiçoando a intimação mediante a entrega dos autos com

95
CPC, art. 180. O Ministério Público gozará de prazo em dobro para manifestar-se nos autos, que terá início a partir de sua
intimação pessoal, nos termos do art. 183, § 1º.
CPC, art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito público
gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir da intimação pessoal. §
1º A intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio eletrônico.
96
CPP, art. 370. Nas intimações dos acusados, das testemunhas e demais pessoas que devam tomar conhecimento de qualquer
ato, será observado, no que for aplicável, o disposto no Capítulo anterior. (...) § 4º A intimação do Ministério Público e do defensor
nomeado será pessoal.

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vista à instituição. Frise-se que a intimação da DEFENSORIA PÚBLICA também se


aperfeiçoa com a remessa dos autos para vista pessoal do defensor, nos termos da LC
80/94 (INFO/STJ 611). Dessa forma, o termo inicial da contagem do prazo recursal, tanto
para o MP como para Defensoria é a data da entrega dos autos na repartição
administrativa do órgão, independentemente de ter sido a intimação pessoal realizada em
audiência, cartório ou por mandado.

STJ. 3ª Seção. REsp 1.349.935/SE, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 23/8/2017 (recurso repetitivo)
(INFO/STJ 611).
STJ. 3ª Seção. HC 296.759/RS, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 23/8/2017 (INFO/STJ 611).

10. SENTENÇA
DUPLO JULGAMENTO

JULGAMENTO DUPLICADO PELO MESMO FATO, QUAL SENTENÇA DEVE PREVALECER?

87. (DJUS) Para o STF e STJ, em caso de duplo julgamento pelo mesmo fato, deve
prevalecer a sentença que primeiro transitou em julgado. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Balduino, por negligência da defesa que não alegou litispendência oportunamente, foi
condenado duas vezes pelo mesmo fato (estupro de vulnerável), sendo que a primeira
sentença aplicou a pena de 08 anos de prisão em regime fechado e transitou em julgado
em 18/12/2014. A segunda sentença absolveu o réu com fundamento de que o fato não
constituiu infração penal, transitando em julgado em 29/10/2015. Nessa situação de
julgamento dúplice pelo mesmo fato, para o STF e STJ, deverá prevalecer a sentença que
primeiro transitou em julgado. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF e STJ, em caso de duplo julgamento pelo mesmo fato, deve
prevalecer a sentença que primeiro transitou em julgado. Em outras palavras, ocorreu
um conflito entre coisas julgadas. É cediço que o trânsito em julgado tem o condão de
INFO formar a COISA JULGADA, ou seja, tornar a decisão IMUTÁVEL. Quando ocorreu o
642/STJ primeiro trânsito em julgado (que condenou o réu) a sentença se tornou definitiva, ante a
ausência de recurso das partes. A coisa julgada, de acordo com a melhor Doutrina é um
pressuposto processual negativo, que obsta a rediscussão da mesma matéria em outro
INFO processo. Assim, mesmo que a segunda sentença seja favorável ao réu (absolvição), não
616/STJ deve esta prevalecer, diante da coisa julgada que foi formada anteriormente. Uma vez
proferida a primeira sentença, com o seu transito em julgado, deveria o outro processo
ser extinto. Contudo, por não ter a defesa alegado oportunamente a existência da
duplicidade de processos, o réu foi duplamente julgado, entendendo o STJ que deve
prevalecer a sentença que primeiro transitou em julgado. A prevalência da primeira
decisão imutável é reforçada pela quebra do dever de lealdade processual por parte da
defesa. O STF pela mesma razão e pelo mesmo motivo tem o mesmo entendimento do
STJ no sentido de que deve prevalecer a primeira sentença, ainda que não seja a mais
favorável. Nesse sentido: HC n. 101.131/DF (Rel. Ministro Luiz Fux, Rel. p/ acórdão
Ministro Marco Aurélio, 1ª T., DJe 10/2/2012); HC n. 77.909/DF (Rel. Ministro Moreira

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Alves, 1ª T., DJ 12/3/1999); HC n. 69.615/SP (Rel. Ministro Carlos Velloso, 2ª T., DJ


19/2/1993). Por fim, importante lembrar que esse NOVO ENTENDIMENTO do STJ superou
o anterior da mesma Turma (INFO/616), o qual determinava a prevalência da sentença
mais favorável ao réu, independente de ter sido ou não a sentença que primeiro transitou
em julgado.

STJ. 6ª Turma. RHC 69.586-PA, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. Acd. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
27/11/2018 (INFO/642).
STJ. 6ª Turma. HC 281.101-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 03/10/2017 (INFO/STJ 616).

SENTENÇA ORAL

NULIDADE OU NÃO DE SENTENÇA PENAL ORAL TRANSCRITA PARCIALMENTE

88. (DJUS) Para o STJ, a falta de transcrição ou a transcrição parcial da sentença penal
proferida de forma oral torna a sentença nula, por violar o contraditório e a ampla
defesa. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Belarmino, processado e julgado por roubo, teve a sentença condenatória prolatada


oralmente, constando nos autos apenas a transcrição parcial da sentença, motivo pelo
qual alegou a sua ilegalidade, por violar o seu direito ao contraditório e a ampla defesa.
Para o STJ, nessa situação, a falta da transcrição ou a transcrição parcial da sentença a
torna nula. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STJ, a falta de transcrição ou a transcrição parcial da sentença


INFO penal proferida de forma oral NÃO torna a sentença nula, pois NÃO viola o contraditório
641/STJ e a ampla defesa. Em julgado anterior (INFO/638) o STJ possuía entendimento diferente.
Antes o STJ considerava NULA sentença oral que tivesse sua degravação parcial nos autos,
sem as razões de decidir. O fundamento era que no artigo 405, e seus parágrafos 1º e 2º,
INFO do CPP97 há dispensa da transcrição dos DEPOIMENTOS do investigado, indiciado,
638/STJ ofendido e testemunhas, nada mencionado quanto à SENTENÇA. No entanto, o
entendimento do STJ mudou, e agora é considerada VÁLIDA a sentença oral mesmo que
sem a sua transcrição. A Corte utilizou como fundamento o princípio da razoável duração
processual e que a previsão legal do único registro audiovisual da prova, no art. 405, § 2º
do CPP, deve também ser compreendida como autorização para esse registro e de toda a
audiência - debates orais e sentença. Assim dispõe os parágrafos do artigo 405, do CPP:
“(...) §1º - Sempre que possível, o registro dos depoimentos do investigado, indiciado,
ofendido e testemunhas será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética,
estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinada a obter maior
fidelidade das informações. § 2º - No caso de registro por meio audiovisual, será
encaminhado às partes cópia do registro original, sem necessidade de transcrição”.

97
CPP, art. 405. Do ocorrido em audiência será lavrado termo em livro próprio, assinado pelo juiz e pelas partes, contendo breve
resumo dos fatos relevantes nela ocorridos. §1º Sempre que possível, o registro dos depoimentos do investigado, indiciado,
ofendido e testemunhas será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive
audiovisual, destinada a obter maior fidelidade das informações. §2º No caso de registro por meio audiovisual, será encaminhado
às partes cópia do registro original, sem necessidade de transcrição.

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Dessa forma, atendidos todos os requisitos da lei, não havendo o que se falar em nulidade
da sentença oral sem transcrição nos autos.

STJ. 5ª Turma. HC 336.112/SC, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 24/10/2017.


STJ. 6ª Turma. HC 470.034-SC, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 09/10/2018 (INFO/STJ 638).
STJ. 3ª Seção. HC 462.253/SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 28/11/2018 (INFO/STJ 641).
AGRAVANTE NÃO INDICADA NA DENÚNCIA

POSSIBILIDADE OU NÃO DE INCIDIR AGRAVANTE NÃO INDICADA NA DENÚNCIA

89. (DJUS) Para o STF e STJ, é admissível que o juiz na sentença aplique ao réu agravante
(ou causa de aumento de pena) que não foi indicada expressamente na denúncia,
mas que os fatos narrados revelaram a sua incidência. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Maria foi condenada por ter cometido crime contra a ordem tributária por omissão de
informação às autoridades fazendárias, cumulada com a agravante por ter ocasionado
grave dano à coletividade (art. 1º, I, c/c art. 12, I, ambos da Lei 8.137/90). Ocorre que na
peça acusatória o agente ministerial narrou que a acusada havia sonegado uma vultosa
quantia de quase quatro milhões de reais, mas não lhe imputou essa agravante, o que
levou a defesa a impetrar habeas corpus no STJ, alegando a violação do princípio da
correlação. Para o STF e STJ, nessa situação, não houve contrariedade na sentença, pois
o acusado se defende dos fatos narrados na denúncia e os fatos narrados legitimam a
incidência da agravante. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF e STJ, É ADMISSÍVEL que o juiz na sentença aplique ao réu
agravante (ou causa de aumento de pena) que não foi indicada expressamente na
denúncia, mas que os fatos narrados revelaram a sua incidência. O Princípio da
INFO congruência ou adstrição confere ao magistrado o dever de julgar a demanda dentro dos
882/STF limites do que lhe foi demandado, ou seja, não pode julgar fora ou além da imputação.
Contudo, nos termos do art. 383 do CPP98, o acusado se defende dos fatos que lhe foram
atribuídos na peça acusatória e não da capitulação legal. Nesse passo, o juiz pode,
inclusive, atribuir-lhe definição jurídica distinta, aplicando pena mais severa. No entanto,
É NECESSÁRIO que na denúncia seja narrado o fato capaz de determinar a incidência da
pena mais grave. Ou seja, se na denúncia for narrado fatos suficientes que atestem a
ocorrência de fatos que gerem a incidência da agravante (ou causa de aumento de pena),
mesmo que o agente ministerial não a impute ao acusado expressamente na exordial
acusatória, o juiz pode fazê-la incidir na sentença, pois o réu se defende dos fatos
narrados na denúncia. Nessa situação, o juiz não ultrapassou os limites da imputação
oferecida pelo MP que narrou na peça ter a acusada sonegado vultosa quantia, fato que
foi suficiente para configurar o grave dano à coletividade e fazer incidir a causa de
aumento de pena (OBS.: embora o art. 12, I, da Lei 8.137/90 se refira a agravar a pena, na
verdade estamos diante de uma causa de aumento de pena). Isso porque, frise-se: O
ACUSADO SE DEFENDE DOS FATOS IMPUTADOS NA DENÚNCIA.

98
CPP, art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica
diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave.

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STF. 2ª Turma. HC 129284/PE, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 17/10/2017 (INFO/STF 882).
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1612551/RJ, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 02/02/2017.
STJ. 6ª Turma. HC 381.590/SC, Rel. Min. Antônio Saldanha Palheiro, julgado em 06/06/2017.

PUBLICAÇÃO

PRESUME-SE OU NÃO A PUBLICAÇÃO DA SENTENÇA PELA MOVIMENTAÇÃO DOS AUTOS


NA INTERNET?

90. (DJUS) Para o STJ, a data da publicação da sentença não pode ser presumida pelo
mero lançamento de movimentação dos autos na internet, quando não houver
certidão da data de seu recebimento, nos termos do art. 389 do CPP (recebimento
da sentença pelo escrivão, lavratura do termo e registro em livro). C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Ailton foi denunciado em 28/09/2010 pela prática de crime ambiental. Em 27/09/2014,


o juiz o condenou a 01 ano de detenção em regime aberto, sem recurso da acusação. O
cartório não juntou certidão da publicação da sentença nos autos, apenas lançou o
andamento "Mandado Expeça-se - sentença" no sistema eletrônico de gerenciamento
de processos no dia 04/06/2014. A intimação efetiva do réu se deu apenas no dia
20/10/2014. Após o tribunal ter negado provimento ao recurso da defesa, esta opôs
embargos de declaração, alegando a ocorrência da prescrição da pretensão punitiva,
uma vez que teriam se passado mais de 04 anos entre a data da denúncia e a publicação
INFO
da sentença condenatória. Para o STJ, nessa situação, a tese da defesa deve ser
619/STJ
acolhida, pois de fato ocorreu a prescrição. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STJ, a data da publicação da sentença não pode ser presumida
pelo mero lançamento de movimentação dos autos na internet, quando não houver
certidão da data de seu recebimento, nos termos do art. 389 do CPP99 (recebimento da
sentença pelo escrivão, lavratura do termo e registro em livro). Considera-se a sentença
publicada quando for assinada e entregue formalmente ao escrivão ou diretor da
secretaria, que procederá com a lavratura nos autos do termo e o registro no livro
específico para esse fim (art. 389, do CPP). Trata-se de ato processual complexo, ou seja,
para que se considere publicada a sentença é necessário: a) o recebimento da sentença
pelo escrivão ou diretor da secretaria; b) lavratura nos autos do respectivo termo; c)
registro em livro próprio. O lançamento da movimentação processual no sistema
eletrônico de gerenciamento de processos do tribunal possui caráter meramente
INFORMATIVO, não vinculativo, não se podendo caracterizar como um ato processual
propriamente dito. Essa movimentação em sistema eletrônico não atende aos requisitos
do art. 389 do CPP. Após a prolação da sentença, é preciso que haja registro nos autos do
recebimento pelo escrivão com a consequente intimação do réu. Dessa forma, não se
pode presumir que a sentença foi publicada apenas pela movimentação processual no

99
CPP, art. 389. A sentença será publicada em mão do escrivão, que lavrará nos autos o respectivo termo, registrando-a em livro
especialmente destinado a esse fim.

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sistema, pois essa movimentação dos autos físicos na internet não interrompe o lapso
prescricional nos termos do art. 117, IV, do CP100. Como dito anteriormente, somente se
considera publicada a sentença quando atendido aos 03 requisitos do artigo 389 do CPP.
Nessa hipótese, deve se considerar como data da publicação da sentença a data de
publicação do primeiro ato que demonstrou, de forma incontestável, que as partes
tomaram ciência da sentença, que no caso foi o dia 20.10.2014. Assim, entre a data da
denúncia e a publicação da sentença se constatou a ocorrência da prescrição da pretensão
punitiva, pois a pena aplicada ao réu foi de 01 ano de detenção, isto é, de acordo com o
art. 109, V, do CP101, esta prescreve em 04 anos.

STJ. 6ª Turma. HC 408.736-ES, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 06/02/2018 (INFO/STJ 619).

11. PROCESSO COMUM: TRIBUNAL DO JÚRI


ABSOLVIÇÃO

ABSOLVIÇÃO DO RÉU APÓS RESPOSTAS AFIRMATIVAS DOS JURADOS QUANTO À


MATERIALIDADE E AUTORIA

91. (DJUS) Para o STF, o Conselho de Sentença (jurados) pode absolver o réu mesmo que
tenha apresentado resposta unanime e afirmativa quanto à materialidade e autoria
do crime, sem acarretar a nulidade da decisão. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Jovino foi denunciado por praticar crime de homicídio. O Conselho de Sentença


respondeu afirmativamente aos quesitos quanto ao reconhecimento da materialidade e
autoria do crime. Contudo, ao serem indagados quanto à possibilidade de absolvição
INFO
responderam positivamente e o juiz declarou a absolvição do réu. O Ministério Público
962/STF
recorreu alegando que além da contradição das respostas dos jurados a decisão
contrariou as provas dos autos. Para o STF, nessa situação, a mera resposta afirmativa
não implica a nulidade da decisão, pois o quesito quanto à absolvição tem natureza
genérica, sem compromisso com as provas obtidas nos autos. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, o Conselho de Sentença (jurados) pode absolver o réu
mesmo que tenha apresentado resposta unanime e afirmativa quanto à materialidade e
autoria do crime, sem acarretar a nulidade da decisão. Em outras palavras, os jurados
são livres para condenar ou absolver o réu, independente das provas constantes no
processo. Isso porque, o quesito sobre a absolvição possui natureza GENÉRICA, dissociada
de compromisso com a prova que consta nos autos e embora seja um quesito obrigatório,
não se vinculam às respostas dos demais quesitos. Ademais, o jurado pode decidir pela

100
CP, art. 117. O curso da prescrição interrompe-se: (...) IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis;
(...).
101
CP, art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste Código,
regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: (...) V - em quatro anos, se o máximo da
pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois; (...).

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absolvição com base na sua livre convicção e independentemente das teses veiculadas
em Plenário pela defesa, mesmo que a tese seja exclusivamente de negação de autoria.
Para isso, pode, inclusive, utilizar de elementos não jurídicos e extraprocessuais, ou seja, a
mera resposta positiva à absolvição não acarretará a nulidade da decisão, não havendo o
que se falar em contradição nas suas respostas.
STF. 1ª Turma. RHC 170559-MT, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 03/12/19 (INFO/STF 962).

ABANDONO DA CAUSA

ABANDONAR O PLENÁRIO DO JÚRI CONFIGURA OU NÃO ABANDONO DA CAUSA PELO


DEFENSOR?

92. (DJUS) Para o STJ, é pacífico que o abandono do plenário do júri pelo defensor
público acarreta em abandono da causa, podendo ser aplicada a multa prevista no
art. 265 do Código de Processo Penal que deve ser suportada pela Defensoria
Pública. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

O defensor de José, acusado por praticar o crime de homicídio, durante a sessão do


Tribunal do Júri, alegou o cerceamento de defesa por ter o magistrado indeferido o seu
pedido de adiamento da sessão, em razão do não comparecimento da testemunha que
havia arrolado. Ocorre que ao arrolar a testemunha o defensor não requereu a
intimação com cláusula de imprescindibilidade, pelo que o juiz indeferiu a oitiva da
referida testemunha e deu prosseguimento a sessão. Diante do indeferimento o
defensor, ao invés oportunamente apresentar o recurso cabível, preferiu se retirar do
INFO
Plenário do Júri. O magistrado aplicou a multa por abandono do Plenário do Júri
658/STJ
prevista no art. 265, do Código de Processo Penal. Nessa situação, para o STJ, agiu
corretamente o magistrado, pois a conduta do defensor configurou abandono
processual, pois contra a decisão judicial indesejada não lhe cabe ir embora sem fazer o
júri, mas sim apresentar o recurso cabível no prazo legal. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Abandonar o Plenário do Júri configura o abandono da causa pelo


Defensor, para fins de aplicação da multa do art. 265 do CPP102? HÁ DIVERGÊNCIA. Para
a 5ª TURMA: SIM. Para a 6ª TURMA: NÃO. O entendimento mais recente da 5ª turma,
diametralmente oposto ao da 6ª Turma, é o de que o abandono do plenário do júri pelo
defensor público ACARRETA EM ABANDONO DA CAUSA, podendo ser aplicada a multa
prevista no art. 265 do Código de Processo Penal que deve ser suportada pela
Defensoria Pública. Em outras palavras, para a 5ª Turma do STJ, o abandono do plenário,
sem motivo imperioso, CONFIGURA O ABANDONO DO PROCESSO, o que autoriza a
aplicação da multa por abandono processual do art. 265, do CPP. Isso porque, a 5ª Turma,
entende que o abandono do plenário do júri sem motivação relevante, serve apenas de
protelação como tática da defesa. Importante lembrar que o art. 265 do CPP já foi alvo de
questionamento de inconstitucionalidade, contudo, o STJ (AgInt no RMS 58.366/SP)

102
CPP, art. 265. O defensor não poderá abandonar o processo senão por motivo imperioso, comunicado previamente o juiz, sob
pena de multa de 10 (dez) a 100 (cem) salários mínimos, sem prejuízo das demais sanções cabíveis.

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firmou o entendimento pela sua constitucionalidade, uma vez que o disposto nesse artigo
não obsta o direito ao contraditório e a ampla defesa. Ademais, o art. 461 do CPP103
dispõe quanto a necessidade de indicação de cláusula de imprescindibilidade de oitiva da
testemunha para que fosse permitido o adiamento da sessão. Noutro passo, a 6ª Turma
do STJ (RMS n. 51.511/SP) por sua maioria considerou que o abandono do plenário do júri
NÃO CONFIGURA ABANDONO DE CAUSA, se este continuar atuando no processo em
sequencia. Dispõe o art. 265, do CPP: “O DEFENSOR não poderá abandonar o PROCESSO
senão por motivo imperioso, comunicado previamente o juiz, sob pena de multa de 10
(dez) a 100 (cem) salários mínimos, sem prejuízo das demais sanções cabíveis”. Ou seja,
para a 6ª Turma, o abandono da sessão do júri pelo defensor público não é causa de
abandono processual. Dessa forma, é importante ter o conhecimento dessa divergência
entre as Turmas.
STJ. 5ª Turma. RMS 54.183-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Rel. Acd. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
13/08/19 (INFO/STJ 658).
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1636861/SC, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, julgado em 03/03/2020.
STJ. 6ª Turma. RMS 51.511/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Rel. p/ Acórdão Ministro
SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, julgado em 22/08/2017.

LEGITIMIDADE

LEGITIMIDADE OU NÃO DE FILHO DA VÍTIMA QUE NÃO INTEGROU O PROCESSO PARA


AJUIZAR RECLAMAÇÃO

93. (DJUS) Para o STF, o filho da vítima de crime de homicídio, ainda que não tenha se
habilitado como assistente de acusação no curso da ação penal, possui legitimidade
ativa para propor Reclamação. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Francisco, condenado pelo Tribunal do Júri por ter cometido o crime de homicídio, foi
absolvido pelo Tribunal de origem que julgou recurso de apelação da defesa. O
assistente de acusação (um dos filhos da vítima) interpôs Recurso Extraordinário em que
o STF cassou o acórdão do Tribunal e restabeleceu a sentença condenatória. O Tribunal
ao julgar o pedido de Revisão Criminal da defesa proferiu novamente decisão
absolutória, descumprindo a decisão do STF. Ante a inércia do Ministério Público diante
da violação da decisão da Corte, outro filho da vítima que não estava habilitado nos
autos ajuizou Reclamação. Para o STF, nesse caso, ainda que o filho da vítima não tenha
integrado o processo como assistente de acusação ele é parte legítima para ajuizar a
INFO Reclamação, pois indubitável (manifesto) o interesse de toda a família em ter o caso
945/STF resolvido. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, o filho da vítima de crime de homicídio, ainda que não
tenha se habilitado como assistente de acusação no curso da ação penal, possui
legitimidade ativa para propor Reclamação. Em outras palavras, embora o filho da vítima

103
CPP, art. 461. O julgamento não será adiado se a testemunha deixar de comparecer, salvo se uma das partes tiver requerido a
sua intimação por mandado, na oportunidade de que trata o art. 422 deste Código, declarando não prescindir do depoimento e
indicando a sua localização

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não tenha integrado anteriormente a relação subjetiva processual, ele é parte legítima
para ajuizar Reclamação. Ademais, ainda que em regra a legitimidade ativa para ajuizar
Reclamação pertença àquele que fez parte do processo subjetivo, na hipótese de se tratar
de filho da vítima, faz-se necessário que se reconheça a sua legitimidade ativa. Isso
porque, há claramente o interesse da família em solucionar o crime, não sendo razoável
que por apego às exigências formais, afaste-se a relação de pertinência subjetiva do filho
que atua representando toda a família. Ou seja, o objetivo é esclarecer o crime e se fazer
justiça e o núcleo familiar da vítima possui legitimidade ativa para perquirir (investigar) o
deslinde do caso.
STF. 1ª Turma. Rcl 29621 AgR/MT, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25/6/2019 (INFO/STF 945).

PRÓNUNCIA BASEADA APENAS EM IP

CABIMENTO OU NÃO DE PRONÚNCIA FUNDADA APENAS EM INQUÉRITO POLICIAL

94. (DJUS) Para o STJ, prova produzida apenas em inquérito policial é apta a autorizar a
pronúncia do réu. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Abel foi denunciado pelo ministério público por ter, em tese, praticado crime de
homicídio, baseando-se o parquet no depoimento de uma testemunha colhido durante
o inquérito policial. Embora em juízo a testemunha tivesse mudado o seu depoimento, o
magistrado entendeu que as divergências ocorreram em razão do temor que a
testemunha tinha do acusado e o pronunciou com base exclusivamente no depoimento
colhido no Inquérito Policial. Para o STJ, nessa situação, agiu corretamente o
magistrado. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STJ, prova produzida apenas em inquérito policial NÃO é apta
a autorizar a pronúncia do réu. Tema polêmico, porém atual e importante, uma vez que
esse julgado indica UMA POSSÍVEL MUDANÇA DE ENTENDIMENTO DO STJ. Explicando
melhor o assunto, o artigo 155 do CPP104 autoriza o juiz a formar sua convicção pela livre
INFO apreciação da prova produzida em contraditório judicial, vedando a fundamentação
638/STJ exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as
provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. No entanto, esse artigo sofre mitigação,
uma vez que o STJ entende que "para o oferecimento da denúncia, exige-se apenas a
descrição da conduta delitiva e a existência de elementos probatórios mínimos que
corroborem a acusação”. Não se exige a plena prova de autoria, sendo suficientes os
indícios. Nesse passo, prevalecia na Corte Cidadã o entendimento de que “a prova
realizada em sede policial estaria apta a autorizar a pronúncia, desde que, a partir da sua
análise, fosse possível se colher indícios suficientes de autoria”, sem que isso
representasse violação ou negativa de vigência do artigo 155, do CPP. Reconhecido os
indícios de autoria colhidos exclusivamente na fase inquisitorial, ainda que de maneira

104
CPP, art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo
fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares,
não repetíveis e antecipadas.

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tênue, deveria o juízo na decisão primeira fase do júri (pronúncia, impronúncia,


desclassificação ou absolvição sumária) considerá-los, sob pena de contrariar o disposto
no artigo 413, do CPP105 que autoriza a pronúncia se o juiz ficar convencido da
materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria. No entanto, de
acordo com o mais recente entendimento do STJ, o princípio do in dubio pro societate
não chancela a realização de pronúncia sem elementos que tenham sido submetidos ao
crivo do contraditório e ao devido processo legal. Desta feita, necessária a judicialização
da prova para que se identifiquem os indícios da autoria delitiva, sendo inadmissível a
pronúncia sem qualquer lastro probatório colhido judicialmente. Em provas abertas há
campo para discussões em ambos os entendimentos, porém, em provas objetivas,
aparentemente prevalece o entendimento de que NÃO CABERIA A PRONÚNCIA COM
BASE APENAS EM INQUÉRITO POLICIAL, uma vez que no Estado Democrático de Direito,
o magistrado ao argumentar suas convicções deve se basear em provas que tenham sido
submetidas ao contraditório e à ampla defesa.
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1.740.921-GO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 06/11/2018 (INFO/STJ 638).
STJ. 5ª Turma. HC 435.977/RS, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 15/05/2018.
STJ. 6ª Turma. HC 341.072/RS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 19/4/2016.
STJ. 6ª Turma. REsp 1458386/PA, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 04/10/2018.

ELEMENTO INFORMATIVO COLHIDO EM IP

PRONÚNCIA FUNDAMENTADA APENAS EM ELEMENTO INFORMATIVO COLHIDO NO


INQUÉRITO POLICIAL.

95. (DJUS) Para o STJ, o testemunho por “ouvir dizer” produzido apenas na fase
inquisitorial não é suficiente para fundamentar a decisão de pronúncia. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Durante inquérito policial em que José está sendo investigado pela suposta prática de
homicídio, foi colhido depoimento de testemunha que alegou não ter presenciado o
crime, mas que ouviu dizer ter sido o acusado o autor do crime. O ministério público
promoveu a denuncia e o juiz pronunciou José com fundamento exclusivo no
depoimento colhido no Inquérito, pois as testemunhas não foram mais localizadas. Para
o STJ, nessa situação, não agiu corretamente o magistrado. C/E

INFO
COMENTÁRIO
603/STJ
Gabarito: CERTO. Para o STJ, o testemunho por “ouvir dizer” produzido apenas na fase
inquisitorial, não é suficiente para fundamentar a decisão de pronúncia. Com base no
artigo 155, do CPP106, o juiz está autorizado a formar sua convicção pela livre apreciação

105
CPP, art. 413. O juiz, fundamentadamente, pronunciará o acusado, se convencido da materialidade do fato e da existência de
indícios suficientes de autoria ou de participação.
106
CPP, art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo
fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares,
não repetíveis e antecipadas. Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas
na lei civil.

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da prova produzida em contraditório judicial, sendo-lhe vedada a fundamentação


exclusivamente nos elementos informativos colhidos em IP. Já o artigo 413 do CPP107,
dispõe que “o juiz, fundamentadamente, pronunciará o acusado, se convencido da
materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de
participação”. Ou seja, o juiz não pode fundamentar a decisão de pronúncia apenas em
elementos informativos colhidos em fase inquisitorial e é imprescindível a prova da
materialidade do crime, porém, não é necessária prova cabal da sua autoria, bastam
INDÍCIOS SUFICIENTES. Embora na fase processual deva prevalecer o princípio do in dubio
pro societate, não pode o juiz pronunciar acusado sem que haja indícios suficientes de sua
autoria. Caso a única prova produzida em IP tenha sido um depoimento de testemunha
que não presenciou o crime (testemunha INDIRETA), mas apenas “OUVIU DIZER” ter sido
o acusado o autor do crime, não se pode pronunciá-lo sem que, em juízo, haja ratificação
do depoimento, bem como produção de outras provas sob o manto do contraditório,
capazes de atestar os indícios suficientes da autoria do acusado. Dessa forma, não cabe a
pronúncia baseada apenas em testemunho de “OUVIR DIZER” colhido em fase
inquisitorial.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.373.356-BA, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/4/2017 (INFO/STJ 603).

CONSELHO DE SENTENÇA

É OU NÃO NULO O JÚRI EM QUE JURADO FALA SOBRE O MÉRITO DO JULGAMENTO EM


PLENÁRIO?

96. (DJUS) Para o STJ, é nulo o júri em que membro do conselho de sentença afirma a
existência de crime em plena fala da acusação. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Em sessão do júri, durante a fala do membro do ministério público, uma jurada do


conselho de sentença falou em voz alta que “havia crime”. O juiz presidente apenas a
repreendeu e deu prosseguimento ao julgamento. Para o STJ, nessa situação, o
julgamento é nulo. C/E?

COMENTÁRIO
INFO
630/STJ Gabarito: CERTO. Para o STJ, é nulo o júri em que membro do conselho de sentença
afirma a existência de crime em plena fala da acusação. Explico. Há nulidade do júri e
deve ser o conselho de sentença dissolvido, pois houve a quebra de incomunicabilidade
entre os jurados. O artigo 466, § 1º e 2º, do CPP108 dispõe que “O juiz presidente advertirá

107
CPP, art. 413. O juiz, fundamentadamente, pronunciará o acusado, se convencido da materialidade do fato e da existência de
indícios suficientes de autoria ou de participação. § 1º A fundamentação da pronúncia limitar-se-á à indicação da materialidade do
fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, devendo o juiz declarar o dispositivo legal em que julgar
incurso o acusado e especificar as circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena. § 2º Se o crime for afiançável, o
juiz arbitrará o valor da fiança para a concessão ou manutenção da liberdade provisória. § 3º O juiz decidirá, motivadamente, no
caso de manutenção, revogação ou substituição da prisão ou medida restritiva de liberdade anteriormente decretada e, tratando-
se de acusado solto, sobre a necessidade da decretação da prisão ou imposição de quaisquer das medidas previstas no Título IX do
Livro I deste Código.
108
CPP, art. 466. Antes do sorteio dos membros do Conselho de Sentença, o juiz presidente esclarecerá sobre os impedimentos, a
suspeição e as incompatibilidades constantes dos arts. 448 e 449 deste Código. § 1º O juiz presidente também advertirá os jurados

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os jurados de que, uma vez sorteados, não poderão comunicar-se entre si e com outrem,
nem manifestar sua opinião sobre o processo, sob pena de exclusão do Conselho e multa,
bem como, a incomunicabilidade será certificada nos autos pelo oficial de justiça”. Dessa
forma, como a jurada afirmou que havia CRIME, em voz alta, permitindo que todos
ouvissem sua manifestação em plenário, houve violação do artigo 466, §1º e 2º, do CPP,
por quebra de incomunicabilidade. A jurada acabou emitindo juízo de mérito sobre o
processo em julgamento, passível de influenciar o voto dos demais jurados, maculando a
imparcialidade do conselho de sentença. Para a melhor doutrina, a quebra de
incomunicabilidade além de implicar a exclusão do jurado, gera a dissolução do conselho
de sentença, caso constatada durante o julgamento, ou a sua nulidade absoluta, caso
constatada depois de encerrada a sessão. Assim, o STJ entendeu pela nulidade do júri e
dissolução do conselho de sentença e aplicação de multa ao jurado que violou a
incomunicabilidade.
STJ. Corte Especial. AgRg na APn 866-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 20/06/2018 (INFO/STJ 630).

DEFICIÊNCIA DE DEFESA TÉCNICA

SUSTENTAÇÃO ORAL EM MENOS TEMPO NO JÚRI GERA OU NÃO DEFICIÊNCIA DE


DEFESA TÉCNICA?

97. (DJUS) Para o STJ, a sustentação oral realizada em pouquíssimo tempo no


Tribunal do Júri (9min), caracteriza, por si só, deficiência de defesa técnica. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Em sessão de julgamento, no plenário do júri, o membro do ministério público formulou


sua acusação em mais de 01 hora, enquanto a defesa técnica sustentou as suas
alegações em 09 minutos. O réu foi condenado a 16 anos de reclusão em regime
fechado e recorreu da sentença alegando violação a plenitude de defesa. Para o STJ,
nesse caso houve deficiência de defesa técnica. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STJ, a sustentação oral realizada em pouquíssimo tempo no


INFO Tribunal do Júri (9min), NÃO caracteriza, por si só, deficiência de defesa técnica. Em
627/STJ outras palavras, o fato de ter havido sustentação oral em plenário por tempo reduzido
(apenas 9min) não significa, necessariamente, que houve violação da plenitude da defesa,
SÚMULA tampouco que o réu ficou sem defesa. A Súmula 523 do STF reza que “no processo penal,
523/STF a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a SUA DEFICIÊNCIA só anulará se houver
prova de prejuízo para o réu”. Ou seja, para se configurar a nulidade do ato é
imprescindível a prova de que a deficiência da defesa tenha causado efetivo prejuízo. O
simples fato de ao final do julgamento o réu ter sido condenado não é justificativa hábil
para se anular o julgamento. Lembre-se, vigora no processo penal brasileiro o princípio
“PAS DE NULLITÉ SENS GRIEF” (não há nulidade sem prejuízo) expressado no artigo 563 do
CPP: “Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a

de que, uma vez sorteados, não poderão comunicar-se entre si e com outrem, nem manifestar sua opinião sobre o processo, sob
pena de exclusão do Conselho e multa, na forma do § 2o do art. 436 deste Código. § 2º A incomunicabilidade será certificada nos
autos pelo oficial de justiça.

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acusação ou para a defesa”. No caso concreto, não foi possível analisar a inabilidade do
advogado de defesa ou ausência da própria defesa, uma vez que a utilização de Habeas
Corpus impede a reanalise fático probatório dos autos. Dessa forma, não pode ser
afirmada a ocorrência de deficiência da defesa por ter sido a sustentação oral sucinta e ter
sido ao final o réu condenado.
STF. 2ª Turma. HC 165376/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 11/12/2018 (INFO/STJ 927).

PRAZO

PRAZO PARA JUNTADA DE LAUDO E CIÊNCIA À DEFESA ANTES DA REALIZAÇÃO DO JÚRI.

98. (DJUS) Para o STJ, a falta de ciência à parte contrária da juntada de laudo pericial
até 03 dias úteis antes da realização do Júri, mesmo que não haja prejuízo à parte,
torna nulo o julgamento. C/E?

Vejamos o seguinte caso hipotético:

A defesa de Ferdinando, faltando 03 dias úteis para realização do Júri, juntou um laudo
pericial complementar o qual pretendia utilizar em plenário e requereu que fosse dada
ciência à parte contrária. O juiz determinou a intimação para que a parte contrária
tomasse ciência da juntada, no entanto a intimação só foi efetivada 01 dia antes da
realização do Júri e o juiz deu prosseguimento ao julgamento, permanecendo o laudo
anexado aos autos. Para o STJ, nessa situação, o júri deve ser anulado. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STJ, a falta de ciência à parte contrária da juntada de laudo
pericial até 03 dias úteis antes da realização do Júri (art. 479, do CPP109), desde que HAJA
PREJUÍZO à parte, torna nulo o julgamento. Em outras palavras, só haverá nulidade do
INFO júri se restar comprovado prejuízo à parte que deveria ter tomado ciência dentro dos 03
610/STJ dias úteis. Segundo o artigo 479, do CPP: “Durante o julgamento não será permitida a
leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos com a
antecedência mínima de 03 (três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte”. A intenção
do legislador é evitar surpresas para parte contrária, permitindo que esta tome
conhecimento do documento juntado e possa se for o caso, refutá-lo. Dessa forma, o
prazo de 03 dias úteis é tanto para juntada do documento quanto para ciência à parte. Se
assim não fosse, perder-se-ia o sentido da norma. Contudo, o STJ já consolidou o
entendimento de que o reconhecimento das nulidades que decorrerem da inobservância
do artigo 479, do CPP, possui natureza relativa, necessitando de prova do efetivo prejuízo
sofrido (art. 563, CPP110). O fato de a parte não ter tomado ciência da juntada no prazo
109
CPP, art. 479. Durante o julgamento não será permitida a leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido
juntado aos autos com a antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte.
110
CPP, art. 563. Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa.

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legal, bem como de o documento não ter sido extraído dos autos, dando-se
prosseguimento ao julgamento, por si só, não gera a nulidade do júri caso não se
comprove que houve efetivamente prejuízo decorrente do documento anexado. Assim, é
válido julgamento feito por Tribunal do Júri, embora o documento juntado não tenha sido
retirado dos autos, mas não tenha a parte demonstrado prejuízo concreto.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.637.288-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Rel. para acórdão Min. Sebastião Reis Júnior,
julgado em 8/8/2017 (INFO/STJ 610).

IN DUBIO PRO SOCIETATE

PRONÚNCIA COM FUNDAMENTO NO PRINCÍPIO DO IN DUBIO PRO SOCIETATE CABE OU


NÃO?

99. (DJUS) Para o STF e STJ, em caso de dúvidas, mesmo que preponderem provas de
não ter sido o acusado o autor do crime, o juiz deve pronunciar o réu em atenção
ao princípio do in dubio pro societate. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Juvêncio, acusado de cometer crime de homicídio foi denunciado pelo ministério


público. Contudo, durante a fase processual foram produzidas provas que incriminavam
o acusado, bem como provas de que não teria sido ele o autor do crime. Embora
tenham preponderado as provas produzidas no sentido de não ter sido o acusado o
autor do crime, o juiz o pronunciou com base no princípio do in dubio pro societate.
Para o STF, nessa situação não decidiu corretamente o juiz. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Em caso de dúvidas, mesmo que preponderem provas de não ter
sido o acusado o autor do crime, o juiz deve pronunciar o réu em atenção ao princípio
do in dubio pro societate? Para o STJ: SIM; Para o STF: NÃO. O artigo 413 do CPP dispõe
que “o juiz, fundamentadamente, pronunciará o acusado, se convencido da materialidade
do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação”. Para a
pronúncia não se exige a certeza da autoria, apenas uma dúvida razoável, diferente para a
INFO condenação em que há a necessidade de certeza. A lei não define rigidamente os critérios
935/STF para valoração das provas, mas há necessidade de que se utilizem critérios lógicos e
racionais na sua análise. Assim, o acusado só deve ser submetido ao julgamento do
Tribunal do Júri se houver lastro probatório consistente no sentido da tese acusatória. Ou
seja, devem preponderar as provas que incriminam o acusado. Nesse sentido é o
entendimento do STF. Importante lembrar que o rito do Tribunal do Júri é bifásico,
iniciando a primeira fase com o recebimento da denúncia até a decisão final (que pode ser
de pronúncia, impronúncia, desclassificação ou absolvição sumária) e a segunda da
pronúncia até o julgamento em plenário. Para o STJ (INFO 638) “a pronúncia encerra o
juízo de admissibilidade da acusação, bastando que haja prova da materialidade e indícios
suficientes de autoria, sem juízo de certeza, sendo as eventuais dúvidas, nessa fase
processual, resolvidas em favor da sociedade (in dubio pro societate)”. Contudo, para o
STF, “o in dubio pro societate, não tem amparo constitucional ou legal e acarreta o
completo desvirtuamento das premissas racionais de valoração das provas e desvirtua o

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sistema bifásico, esvaziando a função da decisão de pronúncia”. Em outras palavras, o


papel do juiz na fase de pronúncia é verificar os fatos criminalmente imputados ao
acusado e com os seus conhecimentos técnicos do direito analisar as provas produzidas,
determinando se há ou não base mínima para autorizar o julgamento pelos jurados leigos.
Dessa forma, se houver dúvida quanto à preponderância de provas durante a fase
processual deve ser aplicado o princípio do in dubio pro reo. O que não impede que diante
da impronúncia, seja novamente oferecida denúncia caso surjam novas provas (art. 414,
parágrafo único, CPP111).
STF. 2ª Turma. ARE 1067392/CE, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 26/3/2019 (INFO/STF 935).
STF. 1ª Turma. Inq 4506/DF, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 17/04/2018
(INFO/STF 898).
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1.740.921-GO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 06/11/2018 (INFO/STJ 638).

REFORMATIO IN PEJUS

APLICA-SE OU NÃO O PRINCÍPIO DA NE REFORMATIO IN PEJUS NO RECURSO EXCLUSIVO


DA DEFESA?

100. (DJUS) Para o STF, o recurso exclusivo da defesa não enseja o agravamento da
pena com base em novo julgamento pelo tribunal do júri, em razão do princípio
da ne reformatio in pejus. C/E?

Vejamos a seguinte situação hipotética:

A defesa de Teobaldo, condenado pelo crime de homicídio qualificado a 12 anos de


reclusão, recorreu da sentença condenatória e o tribunal de justiça com base no recurso
exclusivo da defesa anulou o julgamento e determinou a realização de um novo júri. No
novo julgamento o réu foi condenado apenas pelo crime de homicídio simples, porém a
14 anos de reclusão. Para o STF, nessa situação, a pena não poderia ser majorada. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, o recurso exclusivo da defesa NÃO permite o agravamento
da pena com base em novo julgamento pelo tribunal do júri, em razão do princípio da ne
reformatio in pejus. Ou seja, o fato de ter sido anulado o primeiro julgamento, não
autoriza que a pena seja aumentada em razão de novo júri. Trata-se do princípio da NE
INFO REFORMATIO IN PEJUS INDIRETA que veda a reforma da sentença em prejuízo do réu,
927/STF quando apenas ele recorreu. É o que dispõe o art. 617 do CPP “O tribunal, câmara ou
turma atenderá nas suas decisões ao disposto nos arts. 383, 386 e 387, no que for
aplicável, não podendo, porém, ser agravada a pena, quando somente o réu houver
apelado da sentença.” A proibição de se agravar a pena em novo julgamento não viola o
princípio da soberania relativa do veredicto dos jurados. Contudo, se o ministério público
também tivesse recorrido, não haveria óbice à majoração da pena.
STF. 2ª Turma. HC 165376/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 11/12/2018 (INFO/STF 927).

111
CPP, art. 414. Não se convencendo da materialidade do fato ou da existência de indícios suficientes de autoria ou de
participação, o juiz, fundamentadamente, impronunciará o acusado. Parágrafo único. Enquanto não ocorrer a extinção da
punibilidade, poderá ser formulada nova denúncia ou queixa se houver prova nova.

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EXECUÇÃO PROVISÓRIA

POSSIBILIDADE OU NÃO DA EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA CONDENAÇÃO DO TRIBUNAL


DO JÚRI

101. (DJUS) É pacífico no STF e STJ que nas condenações pelo tribunal do júri, não é
necessário aguardar o julgamento de recurso em segundo grau para se iniciar a
execução provisória da pena. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Chico, primário, que estava em liberdade, foi condenado pelo tribunal do júri a 12 anos
de reclusão, em regime inicial fechado, pela prática de homicídio qualificado, sendo
apresentada na própria sessão apelação pelas partes. O juiz presidente entendeu
ausentes os requisitos da prisão preventiva, mas determinou a execução provisória da
pena, mandando prender o condenado. Nessa situação, de acordo com o entendimento
pacífico tanto do STF quanto do STJ a decisão do magistrado não deve ser reformada,
pois não violou o princípio da presunção de inocência. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. NÃO é pacífico no STF e STJ (tema ainda polêmico) que nas
condenações pelo tribunal do júri, não é necessário aguardar o julgamento de recurso
em segundo grau para se iniciar a execução provisória da pena (tem decisões nos dois
sentidos). O tema ficou ainda mais polêmico depois do julgamento das ADCs 43, 44 e 54
INFO
(jugou-se inconstitucional a execução provisória da pena), bem como após a Lei nº
922/STF
13.964/2019 (Pacote Anticrime), que acrescentou o art. 492, I, e, do CPP112, que agora
prevê expressamente a execução provisória da pena nas condenações pelo Tribunal do
Júri igual ou superior a 15 anos de reclusão. Vamos entender melhor. Há precedentes da
1ª Turma do STF admitindo a execução provisória da pena nas condenações pelo Tribunal
do Júri (HC 140449/RJ e HC 144712/SP). Por outro lado, a 2ª Turma do STF e o STJ quando
analisaram o tema, entenderam não ser possível a execução provisória da pena, ainda que
seja decorrente de condenação pelo Tribunal do Júri (HC 163814 e HC 438088,
respectivamente). O STF decidirá esse assunto apreciando o Tema 1.068 da repercussão
geral (RE 1.235.340). O STF também apreciou as ADCs 43, 44 e 54 onde entendeu
inconstitucional a execução provisória da pena, sendo que, nesse julgado, não se

112
CPP, art. 492. I – no caso de condenação: (...) e) mandará o acusado recolher-se ou recomendá-lo-á à prisão em que se encontra,
se presentes os requisitos da prisão preventiva, ou, no caso de condenação a uma pena igual ou superior a 15 anos de reclusão,
determinará a execução provisória das penas, com expedição do mandado de prisão, se for o caso, sem prejuízo do conhecimento
de recursos que vierem a ser interpostos; (...) § 3º O presidente poderá, excepcionalmente, deixar de autorizar a execução
provisória das penas de que trata a alínea e do inciso I do caput deste artigo, se houver questão substancial cuja resolução pelo
tribunal ao qual competir o julgamento possa plausivelmente levar à revisão da condenação. § 4º A apelação interposta contra
decisão condenatória do Tribunal do Júri a uma pena igual ou superior a 15 anos de reclusão NÃO TERÁ EFEITO SUSPENSIVO. § 5º
Excepcionalmente, poderá o tribunal atribuir efeito suspensivo à apelação de que trata o § 4º deste artigo, quando verificado
cumulativamente que o recurso: I - não tem propósito meramente protelatório; e II - levanta questão substancial e que pode
resultar em absolvição, anulação da sentença, novo julgamento ou redução da pena para patamar inferior a 15 anos de reclusão. §
6º O pedido de concessão de efeito suspensivo poderá ser feito incidentemente na apelação ou por meio de petição em separado
dirigida diretamente ao relator, instruída com cópias da sentença condenatória, das razões da apelação e de prova da
tempestividade, das contrarrazões e das demais peças necessárias à compreensão da controvérsia.

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enfrentou o tema sobre a execução provisória das condenações pelo Tribunal do Júri.
Atualmente, a Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime) acrescentou o art. 492, I, e, do CPP,
prevendo expressamente a execução provisória da pena nas condenações pelo Tribunal
do Júri igual ou superior a 15 anos de reclusão. Ou seja, a legislação já permite essa
execução provisória, devendo se observar como o examinador vai cobrar esse tema na
prova, se de acordo com a lei ou jurisprudência. Em uma prova discursiva, deve-se
apontar todos esses detalhes aqui apontados. Por fim, vejamos os argumentos a favar e
contrários à possibilidade de execução provisória da pena nas condenações pelo Tribunal
do Júri: I – (FAVORÁVEL – 1ª Turma do STF): Em condenações pelo tribunal do júri, NÃO é
necessário aguardar julgamento de recurso em segundo grau para se iniciar a execução
provisória da pena. Não há violação do princípio constitucional da presunção de inocência,
uma vez que a decisão do Tribunal do Júri é soberana, não podendo o Tribunal substituir
sua decisão, nem reexaminar fatos e provas, ainda que em sede de apelação, no máximo
poderá suspender a execução da decisão caso haja indícios suficientes de nulidade ou
manifestamente contrária à prova dos autos, até o julgamento do recurso. Dessa forma, a
decisão do Tribunal do Júri que condena o réu, prevalecerá enquanto não anulada,
possibilitando o inicio da execução provisória da pena, em face do princípio da soberania
dos veredictos; II – (CONTRÁRIO – 2ª Turma do STF e STJ): Se não houver exaurimento
recursal em instâncias ordinárias e o recurso pendente tiver efeito suspensivo (como a
apelação), não cabe a execução provisória da pena. O artigo 283 do CPP dispõe que
“Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de prisão cautelar ou
em virtude de condenação criminal transitada em julgado”. O trânsito em julgado da
sentença penal condenatória é pressuposto constitucionalmente previsto (CF, art. 5º,
LVII113) para que uma pessoa seja considerada culpada. Para o STJ e 2ª Turma do STF, a
execução provisória estaria violando esses dispositivos.

STF. 2ª Turma. HC 163814 ED/MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 19/11/2019 (INFO/STF 960)
STF. 1ª Turma. HC 140449/RJ, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em
6/11/2018 (INFO/STF 922).
STF. Plenário. ADC 43/DF, ADC 44/DF e ADC 54/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgados em 7/11/2019 (INFO/STF 958)
STJ. 5ª Turma. HC 438088, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 24/05/2018.

113
CF, art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...) LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; (...).

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ALEGAÇÕES FINAIS

AUSÊNCIA DE ALEGAÇÕES FINAIS ESCRITAS E ALTERAÇÃO DA TESE DE ACUSAÇÃO EM


PLENÁRIO GERA OU NÃO NULIDADE?

102. (DJUS) Para o STF, não há nulidade processual se as alegações finais foram
realizadas em debate oral e a tese acusatória, modificada em plenário, continuou
correlata à acusação inicial que foi imputada ao condenado. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Lúcia e mais 04 corréus foram pronunciados sob acusação de terem cometido o crime de
homicídio qualificado. A defesa de Lúcia apresentou alegações finais em debate oral.
Contudo, apenas Lúcia foi condenada pelo tribunal do júri, pois o Ministério Público em
plenário modificou a tese da acusação feita inicialmente na fase de pronúncia pedindo a
absolvição dos outros 04 corréus alegando que não teriam praticado os atos de
execução do crime. A defesa de Lúcia arguiu nulidade absoluta do processo ante a
modificação da acusação e a falta de alegações finais escritas do seu advogado, o que
violaria o seu direito de defesa. Para o STF, nessa situação, não houve nulidade
processual, uma vez que, em regra, as alegações finais são oferecidas oralmente e a tese
da acusação feita em plenário contra Lúcia não foi modificada, permanecendo correlata
à acusação inicial. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, não há nulidade processual se as alegações finais foram
realizadas em debate oral e a tese acusatória, modificada em plenário, continuou
correlata à acusação inicial que foi imputada ao condenado. Alegações finais é a peça
cabível para apresentar os argumentos finais tanto da acusação quanto da defesa após a
instrução processual, com o fim de influenciar na decisão do juiz. Em regra, as alegações
são oferecidas de FORMA ORAL ao fim da instrução processual, com prazo de 20 minutos
INFO para cada parte, podendo se prorrogar por mais 10. Excepcionalmente será oferecida em
902/STF forma de MEMORIAIS (por escrito) no prazo de 05 dias sucessivos se houver
complexidade do caso ou número relevante de acusados. No caso em concreto, a defesa
apresentou alegações finais orais, durante audiência de instrução, quando postulou pela
IMPRONÚNCIA, não havendo o que se falar em ausência de alegações finais. No que diz
respeito à inovação da tese trazida pela acusação em plenário, esta não se afastou das
balizas da denúncia, continuou correlata a decisão de pronúncia a acusação em plenário
de Lúcia, ou seja, a imputação feita contra Lúcia permaneceu em todos os seus termos.
Dessa forma, não se configura a nulidade do processo, pois houve alegações finais orais o
que é a regra e não houve divergência entre a acusação feita em plenário e a decisão de
pronúncia proferida, razão por que não houve violação ao devido processo legal. Por fim,
importante lembrar que embora a peça com as alegações finais seja imprescindível no rito
processual comum, a ausência de alegações finais no rito processual do TRIBUNAL DO
JÚRI NÃO GERA NULIDADE (STJ. HC 366.706/PE e STF. HC 129.263/RS), visto que a
decisão de pronúncia apenas realiza um juízo de admissibilidade da acusação que ainda se
subordinará ao plenário do Tribunal do Júri para o efetivo julgamento da causa.

STF. 1ª Turma. HC 129.263/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 15/5/2018 (INFO/STF 902).

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12. PROCEDIMENTOS ESPECIAIS


LEI Nº 8.038/90

SUBSTITUIÇÃO DO RELATOR VENCIDO NA FASE DE ADMISSIBILIDADE DA DENÚNCIA NO


RITO DA LEI 8.038/90

103. (DJUS) Para o STJ, nos processos que tramitam originariamente em sua Corte
Especial, quando o Relator originário for vencido na fase de mera admissibilidade
da denúncia e sem decisão de mérito, deverá ser substituído pelo primeiro
Ministro que proferiu o voto divergente, ainda que antecipado. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

O Ministério Público ofereceu denúncia contra Manoel, Conselheiro do TCE/RO pelo


crime de peculato (art. 312, CP). O Relator originário, na fase de admissibilidade da
denúncia, proferiu voto apenas rejeitando o seu recebimento, sem decisão de mérito.
Contudo, a denúncia foi recebida pela Corte Especial por maioria dos votos. Para o STJ,
nessa hipótese, o Relator originário, que proferiu o voto contrário à maioria, deverá ser
substituído pelo primeiro Ministro que proferiu o voto divergente, ainda que
antecipado. C/E?
INFO
COMENTÁRIO
659/STJ
Gabarito: ERRADO. Para o STJ, nos processos que tramitam originariamente em sua
Corte Especial, quando o Relator originário for vencido na fase de admissibilidade da
denúncia e sem decisão de mérito, NÃO DEVERÁ ser substituído pelo primeiro Ministro
que proferiu o voto divergente, ainda que antecipado. Em outras palavras, o fato do
Relator originário ter votado em posição contrária à maioria APENAS QUANTO À
ADMISSIBILIDADE ou não da denúncia, não deverá ser substituído por outro Relator. Isso
porque, o juízo de admissibilidade realizado nos Tribunais Superiores (STF/STJ), regulado
pela Lei 8.038/90, difere do realizado nos demais Juízos, que é disciplinado pelo Código de
Processo Penal (CPP). Enquanto que no juízo de admissibilidade regido pelo CPP, o ato
judicial que recebe ou rejeita a acusação não possui conteúdo decisório (art. 396 do
CPP114), o juízo de admissibilidade da acusação submetido à Lei 8.038/90 poderá, em uma
única decisão, receber a denúncia e analisar as causas de absolvição sumária ou de
extinção da punibilidade (art. 397, do CPP115). Dispõe o art. 6º, da Lei 8.038/90: “A seguir,
o relator pedirá dia para que o Tribunal delibere sobre o recebimento, a rejeição da
denúncia ou da queixa, ou a IMPROCEDÊNCIA DA ACUSAÇÃO, se a decisão não depender
de outras provas.” Nesse passo, quando o Relator originário proferir decisão apenas
rejeitando ou recebendo a denúncia, sem analise de mérito quanto à improcedência da
acusação (absolvição sumária ou extinção da punibilidade), não haverá substituição do

114
CPP, art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente,
recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. Parágrafo único. No
caso de citação por edital, o prazo para a defesa começará a fluir a partir do comparecimento pessoal do acusado ou do defensor
constituído.
115
CPP, art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o
acusado quando verificar: I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; II - a existência manifesta de causa
excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou IV -
extinta a punibilidade do agente.

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Relator originário quando este for vencido pela divergência que inaugurou. Porém, se o
Relator proferir decisão de mérito, capaz de produzir coisa julgada material na fase de
admissibilidade da acusação e inaugurar a divergência no Tribunal, deve o Relator
originário ser substituído. Nesse caso, o Relator originário deverá ser substituído pelo
Ministro que proferiu o primeiro voto divergente, ainda que antecipado.

STJ. Corte Especial. APn 849-DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 07/08/2019 (INFO/STJ 659).

LEI Nº 8.038/90

APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DO PROCEDIMENTO ORDINÁRIO AO PROCEDIMENTO ESPECIAL


DA LEI 8.038/90

104. (DJUS) Para o STJ, nos processos que tramitarem originariamente nos Tribunais
Superiores, sob as regras do procedimento especial da Lei 8.038/90, aplicam-se,
subsidiariamente, as regras do procedimento ordinário previstas nos art. 395
(hipóteses de rejeição da denúncia) e 397 (hipótese de absolvição sumária) ambos
do Código de Processo Penal, quando da análise pelo Tribunal acerca do
recebimento da denúncia, da rejeição ou improcedência da acusação. C/E?

Vejamos a seguinte situação hipotética:

José, Conselheiro do Tribunal de Contas de determinado estado, foi denunciado pela


suposta prática de lavagem de dinheiro. O Tribunal ao deliberar sobre a denúncia
oferecida rejeitou-a, sob o fundamento de falta de justa causa para ação penal, nos
INFO termos do art. 395, III, do CPP. Para o STJ, no caso de rejeição da denúncia se aplica,
657/STJ subsidiariamente, as regras do CPP, por expressa previsão legal. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STJ, nos processos que tramitarem originariamente nos
Tribunais Superiores, sob as regras do procedimento especial da Lei 8.038/90, APLICAM-
SE, subsidiariamente, as regras do procedimento ordinário previstas nos art. 395
(hipóteses de rejeição da denúncia) e 397 (hipótese de absolvição sumária) ambos do
Código de Processo Penal, quando da análise pelo Tribunal acerca do recebimento da
denúncia, da rejeição ou improcedência da acusação. Em outras palavras, quando a ação
penal for de competência originária dos Tribunais Superiores (STF e STJ), o rito a ser
seguido é o da Lei 8.038/90 (rito especial). Contudo, o art. 394, §5º, do CPP116, autoriza a
aplicação subsidiaria das suas regras procedimentais aos ritos especiais. Nesse sentido,
nos termos do art. 6º da Lei que regula os procedimentos nos STJ e STF (Lei 8.038/90),
quando o Tribunal deliberar acerca do recebimento da denúncia, da rejeição ou da
improcedência da acusação, ele utilizará como fundamento as hipóteses previstas no CPP,
especificamente nos art. 395117 (no caso de rejeição) e 397118 (no caso de absolvição
116
CPP, art. 394. O procedimento será comum ou especial. (...) § 4º As disposições dos arts. 395 a 398 deste Código aplicam-se a
todos os procedimentos penais de primeiro grau, ainda que não regulados neste Código. (...).
117
CPP, art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: I - for manifestamente inepta; II - faltar pressuposto processual ou
condição para o exercício da ação penal; ou III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.
118
CPP, art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o
acusado quando verificar: I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; II - a existência manifesta de causa
excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou IV -
extinta a punibilidade do agente.

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sumária). Ou seja, PODERÁ REJEITAR A DENÚNCIA quando ela for a) manifestamente


inepta; b) lhe faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou
c) faltar justa causa para o exercício da ação penal, devendo ser recebida quando não se
fizerem presentes tais requisitos. Do mesmo modo, que DEVERÁ ABSOLVER
SUMARIAMENTE o acusado em caso de IMPROCEDÊNCIA DA ACUSAÇÃO, em razão da
existência manifesta a) de causa excludente da ilicitude do fato; b) de excludente da
culpabilidade do agente; c) de não constituir crime o fato narrado; ou d) de quando já
extinta a punibilidade do agente. Dessa forma, aplicam-se, subsidiariamente, as regras do
CPP ao procedimento especial da Lei 8.038/90.

STJ. Corte Especial. APn 923-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 23/09/2019 (INFO/STJ 657).

13. DAS NULIDADES


AUSÊNCIA DE DEFESA

SUSTENTAÇÃO ORAL SUCINTA DA DEFESA É OU NÃO PASSÍVEL DE CONFIGURAR


AUSÊNCIA DE DEFESA?

105. (DJUS) Para o STF, configura a ausência de defesa a sustentação oral realizada de
forma sucinta em três minutos, acarretando na nulidade absoluta do julgamento.
C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Elson foi denunciado pelo Ministério Público por praticar o crime de homicídio
qualificado. Durante a sustentação oral, realizada por quase uma hora e trinta minutos,
o MP requereu ao Conselho de Sentença a absolvição do réu. A defesa constituída
livremente pelo réu também requereu a absolvição, mas sua sustentação oral durou
apenas três minutos. Para o STF, nessa situação, houve falta de defesa e por isso o
julgamento é absolutamente nulo. C/E?
INFO
959/STF COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STF, NÃO configura a ausência de defesa a sustentação oral
realizada de forma sucinta em três minutos, NÃO acarretando na nulidade absoluta do
julgamento. Em outras palavras, não é porque a sustentação oral da defesa foi realizada
em poucos minutos que ela será considerada inexistente ou insuficiente, ao ponto de
gerar a nulidade absoluta do julgamento. Isso porque, a defesa, que foi livremente
constituída pelo acusado, atua da melhor forma que considerar para o caso e a mera
sustentação oral sucinta não acarreta, por si só, em ausência ou insuficiência de defesa.
No caso de o MP ter requerido a absolvição do réu, a ratificação desse requerimento em
03 minutos pela defesa não importa em mácula suficiente à constituição da nulidade
absoluta do julgamento. Apenas a ABSOLUTA FALTA de defesa é capaz de gerar a nulidade
absoluta da ação. Do contrário, a alegação de nulidade deve ser acompanhada da
demonstração de efetivo prejuízo, configurando uma possível nulidade relativa. Desse
modo, não houve ausência de defesa.

STF. 2ª Turma. HC 171118/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 12/11/2019 (INFO/STF 959).

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PRESENÇA DO ADVOGADO

NECESSIDADE OU NÃO DA PRESENÇA DO ADVOGADO DO RÉU DELATADO EM


INTERROGATÓRIO DO RÉU QUE O DELATOU

106. (DJUS) Para o STF, é imprescindível que durante o interrogatório do réu delator,
além de seu advogado, esteja presente o advogado do réu que foi delatado. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Elias, juntamente com outros corréus foram denunciados por praticarem vários crimes,
entre eles o previsto no art. 89, da Lei 8.666/93 (dispensar ou inexigir licitação fora das
hipóteses previstas em lei). Elias, durante seu interrogatório na presença do seu
advogado, confessou a prática dos crimes e indicou que Sérgio seria participante,
atuando como colaborador premiado. Ocorre que durante o interrogatório do delator o
advogado de Sérgio não estava presente. Para o STF, nessa situação, imprestável o
interrogatório do delator em relação ao delatado que não teve seu advogado presente
no ato para que exercesse o direito ao contraditório. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, É IMPRESCINDÍVEL que durante o interrogatório do réu


INFO delator, além de seu advogado, esteja presente o advogado do réu que foi delatado. Em
955/STF outras palavras, é indispensável a presença dos advogados tanto do réu que delatou
quanto do réu que foi delatado, sob pena de nulidade do ato, com base nos art. 563119 e
566120, do Código de Processo Penal que assegura a nulidade quando houver comprovado
o prejuízo à parte ou que a nulidade tenha influído na decisão da causa. Isso porque, a
regra de que apenas é indispensável a presença do advogado do réu colaborador é
excepcionada quando ele imputa crimes a outros réus, uma vez que na colaboração
premiada, o réu delator adere à acusação, em troca de um benefício acordado entre as
partes e homologado pelo juiz, como disposto na Lei 12.850/13 (Lei das Organizações
Criminosas). Ainda conforme posição reiterada no HC 127.483, o delatado tem o direito
de inquirir o colaborador na audiência de interrogatório, em razão de que o delator
prestou contribuições à persecução penal, incriminando Sérgio. Desse modo, é
indispensável a presença da defesa técnica do réu delatado no interrogatório do réu
delator.

STF. 2ª Turma. AO 2093/RN, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 3/9/2019 (INFO/STF 950).

119
CPP, art. 563. Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa.
120
CPP, art. 566. Não será declarada a nulidade de ato processual que não houver influído na apuração da verdade substancial ou
na decisão da causa.

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AUSÊNCIA DO DEFENSOR PÚBLICO

NULIDADE OU NÃO DA SESSÃO DE JULGAMENTO POR NÃO COMPARECIMENTO DO


DEFENSOR PÚBLICO INTIMADO

107. (DJUS) Para o STF, a ausência do defensor público validamente intimado da


realização da sessão de julgamento acarreta, por si só, a nulidade do processo.
C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Doquinha, advogado e atuando em sua defesa, foi condenado a 04 anos de reclusão no


regime semiaberto, por ter praticado o crime de falsificação de documento público (art.
297, do CP121). Embora tenha sido cientificado da data de realização de seu julgamento
para que apresentasse suas alegações finais, quedou-se inerte, o que levou o
magistrado a encaminhar os autos ao defensor público o intimando da inclusão do
processo na pauta de julgamento, porém apesar de ter apresentado as alegações finais
escritas não compareceu à sessão para sustentação oral. Para o STF, nessa situação, o
não comparecimento do defensor gera, por si só, a nulidade do processo. C/E?

INFO COMENTÁRIO
950/STF
Gabarito: ERRADO. Para o STF, a ausência do defensor validamente intimado da
realização da sessão de julgamento NÃO acarreta, POR SI SÓ, a nulidade do processo.
Em outras palavras, a ausência do defensor público na sessão de julgamento não é
suficiente para gerar a nulidade da condenação. Embora o art. 261, do CPP122 disponha
que “nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem
defensor”, se existir atuação técnica durante o andamento processual, a ausência do
defensor para realizar a sustentação oral na sessão de julgamento não basta para que
ocorra a nulidade da condenação. No caso, não há o que se falar em falta de defesa
técnica quando o réu atua em causa própria por possuir capacidade postulatória. A falta
de sustentação oral não macula a defesa realizada durante todo o processo, haja vista ter
a defensoria apresentado alegações finais escritas ante a inércia do acusado para o ato.
Ou seja, não houve violação ao inciso LV do art. 5º, da CF 123 que assegura ao acusado o
direito ao contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ele inerentes. Em
outras palavras, a ausência de sustentação oral não invalida a condenação ocorrida
durante a sessão de julgamento. Dessa forma, a ausência do defensor público na sessão
não gera, por si só, a nulidade processual.

STF. 2ª Turma. AO 2093/RN, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 3/9/2019 (INFO/STF 950).

121
CP, art. 297. Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro: Pena - reclusão, de
dois a seis anos, e multa. § 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena
de sexta parte. § 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade paraestatal, o título ao
portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular.
122
CPP, art. 261. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor. Parágrafo único. A
defesa técnica, quando realizada por defensor público ou dativo, será sempre exercida através de manifestação fundamentada.
123
CF, art. 5º (...) LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

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ALEGAÇÕES FINAIS

ORDEM DE APRESENTAÇÃO DAS ALEGAÇÕES FINAIS ENTRE CORRÉUS COLABORADORES

108. (DJUS) Para o STF, de acordo com o art. 403 do CPP, o prazo legal para
apresentação de alegações finais é comum aos corréus, tenham ou não algum
deles firmado acordo de colaboração premiada, não sendo direito do réu não
colaborador a apresentação de suas alegações finais depois dos réus
colaboradores. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Aldemir foi denunciado juntamente com outros corréus pela prática de diversos crimes
no âmbito da operação Lava Jato. Durante a instrução processual alguns corréus
celebraram acordo de colaboração premiada e, apresentando documentos
comprobatórios, imputaram a Aldemir a prática de alguns crimes. Ao fim da instrução o
juiz determinou a apresentação de alegações finais pela acusação (MP) e pela defesa
(corréus). A defesa de Aldemir requereu que o prazo para as suas alegações finais fosse
sucessivo ao concedido aos colaboradores, possibilitando rebater todas as acusações
que lhes foram feitas pelos delatores, pedido que foi indeferido pelo magistrado. Para o
STF, nessa situação, não há nulidade na decisão do magistrado, pois inexistente previsão
INFO legal da modificação do prazo e da ordem de apresentação das alegações finais, que por
949/STF lei é comum aos corréus, sem distinção. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STF, de acordo com o art. 403 do CPP124, o prazo legal para
apresentação de alegações finais é comum aos corréus, entretanto se algum deles tiver
firmado acordo de colaboração premiada, é direito do réu não colaborador a
apresentação de suas alegações finais depois dos réus colaboradores. Ratificando esse
entendimento, a Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime) acrescentou § 10-A no art. 4º,
da Lei 12.850/13125 (Lei de Organização Criminosa), garantido que o réu delatado, em
todas as fases do processo, seja ouvido após o réu delator. Em outras palavras, embora
o art. 403, do CPP estabeleça que o prazo seja comum para os corréus (defesa)
apresentarem alegações finais e sem distinção, os corréus colaboradores não podem se
manifestar por último, pois suas declarações, geralmente são de natureza acusatória.
Deve-se garantir o direito ao contraditório e a ampla defesa ao réu que é acusado pelos
demais colaboradores, haja vista a colaboração premiada ser considerada
(majoritariamente) como um meio de prova. Assim, não permitir a modificação da ordem
das alegações finais seria violar tais garantias, impedindo que o réu que não colaborou,
mas que foi alvo das declarações feitas pelos delatores seja prejudicado de forma
relevante em sua defesa técnica, afinal os delatores desenvolvem papel de acusação.

124
CPP, art. 403. Não havendo requerimento de diligências, ou sendo indeferido, serão oferecidas alegações finais orais por 20
(vinte) minutos, respectivamente, pela acusação e pela defesa, prorrogáveis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir, sentença.
§ 1º Havendo mais de um acusado, o tempo previsto para a defesa de cada um será individual. § 2º Ao assistente do Ministério
Público, após a manifestação desse, serão concedidos 10 (dez) minutos, prorrogando-se por igual período o tempo de manifestação
da defesa. § 3º O juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o número de acusados, conceder às partes o prazo de 5
(cinco) dias sucessivamente para a apresentação de memoriais. Nesse caso, terá o prazo de 10 (dez) dias para proferir a sentença.
125
Lei 12.850/13, art. 4º (...) § 10-A Em todas as fases do processo, deve-se garantir ao réu delatado a oportunidade de manifestar-
se após o decurso do prazo concedido ao réu que o delatou. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019).

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Nesse passo, o réu delatado deve ter oportunidade de rebater as acusações que lhes
forem feitas, sob pena de nulidade, em razão da ocorrência de constrangimento ilegal.
Seja acusador o Ministério Público ou um corréu delator, deve-se garantir a manifestação
da defesa por último, em respeito à cronologia das sustentações orais e atenção ao
sistema normativo que se extrai do CPP. Dessa forma, ainda que expressamente prevista a
apresentação de alegações finais RESPECTIVAMENTE pela acusação (MP) e defesa
(CORRÉUS), quando se tratar de corréus delatores estes são tidos como ACUSADORES,
devendo-se assegurar ao corréu delatado a oportunidade de exercer o contraditório
contra as acusações que sofrer pela delação premiada dos demais corréus, sob pena de
nulidade do ato, por cerceamento de defesa. Por fim, a Lei nº 13.964/2019 (Pacote
Anticrime) veio posteriormente a ratificar esse entendimento que agora tem amparo
jurisprudencial e legal (§ 10-A no art. 4º, § 10-A, da Lei 12.850/13 - Lei de Organização
Criminosa), no sentido de garantir que o réu delatado, em todas as fases do processo, seja
ouvido após o réu delator.

STF. 2ª Turma. HC 157627 AgR/PR, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
27/8/2019 (INFO/STF 949).

IMPARCIALIDADE

ATUAÇÃO FIRME DE JUIZ DURANTE INTERROGATÓRIO DO RÉU QUEBRA A


IMPARCIALIDADE?

109. (DJUS) Para o STJ, conduzir o interrogatório do réu durante a realização do júri de
forma firme não caracteriza, por si só, influência negativa dos jurados, nem a
quebra de imparcialidade do juiz. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Vanda, condenada pelo tribunal do júri por homicídio qualificado a 09 anos de reclusão,
em regime fechado, interpôs apelação com o fim de anular o Júri alegando que o juiz
durante a condução do seu interrogatório agiu de forma rude, inclusive interrompendo
varias vezes o depoimento da ré para realizar perguntas. Para o STJ, nessa situação, não
INFO
houve nulidade, pois a forma com que agiu o juiz, por si só, não o torna imparcial. C/E?
625/STJ
COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STJ, conduzir o interrogatório do réu durante a realização do


júri de forma firme e rude não caracteriza, por si só, influência negativa dos jurados,
nem a quebra de imparcialidade do juiz. A imparcialidade do juiz é pressuposto de
validade do processo, porém, não significa que o magistrado seja um mero espectador da
atuação das partes em sessão de julgamento. Exemplo disso é o artigo 497 do CPP, que
confere ao juiz presidente o dever de atuar de forma ativa na condução do julgamento no
Tribunal do Júri. Conduzir a sessão com firmeza não configura, necessariamente, em
parcialidade do juiz, tampouco em influência negativa dos jurados. Para importar em
quebra da imparcialidade a atuação do magistrado precisa gerar um desequilíbrio com
relação ao contraditório, favorecendo apenas a uma das partes. Ademais, ao se tratar de

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nulidade há a necessidade de se demonstrar prejuízo para a acusação ou para a defesa


(art. 563 do CPP126). Dessa forma, agir com firmeza ou até mesmo de forma “rude” na
condução do interrogatório do réu, não importa, por si só, em quebra de imparcialidade
do magistrado.

STJ. 6ª Turma. HC 410.161/PR, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 17/04/2018 (INFO/STJ 625).

NULIDADE

POSSIBILIDADE OU NÃO DE ALEGAR NULIDADE DEPOIS DA SENTENÇA CONDENATÓRIA

110. (DJUS) Para o STJ, não é nula a decisão que indefere pedido de incidente de
falsidade referente à prova que foi juntada há 10 anos e que a defesa somente
veio a impugná-la após sentença condenatória, pois ocorreu a preclusão. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Alexis, condenado a 13 anos de reclusão por corrupção ativa, pleiteou a nulidade da


sentença em razão de cerceamento de defesa. Durante o processo foi juntado aos autos
mídia contendo os áudios das conversas da interceptação telefônica autorizada,
contudo, na época, a defesa não se manifestou sobre a prova. Dez anos após, depois de
ser prolatada a sentença condenatória, a defesa apresentou pedido de instauração de
incidente de falsidade e de realização de perícia do CD ao juiz a quo, que foi indeferido.
A defesa apelou e o tribunal manteve a decisão de indeferimento, motivo pelo qual foi
impetrado habeas corpus (HC). Para o STJ, nessa situação, o HC deve ser denegado, pois
o tribunal e o magistrado agiram corretamente, não havendo qualquer nulidade. C/E?
INFO
615/STJ COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STJ, não é nula a decisão que indefere pedido de incidente de
falsidade referente à prova que foi juntada há 10 anos e que a defesa somente veio a
impugná-la após sentença condenatória, pois ocorreu a preclusão. Ou seja, a inércia da
defesa em impugnar a prova em momento oportuno acarretou em preclusão da sua
pretensão. A prova consta dos autos há mais de 10 anos, mas só foi impugnada após
sentença. Embora não haja previsão expressa em lei quanto ao prazo para requerimento
de instauração de incidente de falsidade, não é razoável que se espere a prolação da
sentença condenatória para assim impugnar prova anexada durante a instrução
processual. Não há o que se falar em cerceamento de defesa, se não se obstaculizou a
manifestação da defesa durante a fase processual, que se quedou inerte. Aceitar o pedido
de instauração do incidente após já encerrada a instrução processual e após a sentença
condenatória seria violar os princípios da segurança jurídica, da razoabilidade, da lealdade
e da boa-fé objetiva, pois se estaria reabrindo a fase instrutória. Ademais, é ato
discricionário do magistrado o deferimento ou não da realização de diligências, desde que
sua decisão seja fundamentada e que se ateste a intenção protelatória ou desnecessária
da realização do ato. Esta discricionariedade não causa cerceamento de defesa, tampouco

126
CPP, Art. 563. Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa.

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gera nulidade processual, pois nenhum ato será declarado nulo, salvo se comprovar a
ocorrência de prejuízo às partes (art. 563, do CPP127). Dessa forma, diante da inércia da
defesa de impugnar a prova oportunamente, não ocorreu cerceamento de defesa nem
nulidade a que se perquirir, decidiu o STJ.

STJ. 5ª Turma. RHC 79.834-RJ, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 07/11/2017 (INFO/STJ 615).

BUSCA E APREENSÃO

NULIDADE OU NÃO DE INTERROGATÓRIO COM O ACUSADO DURANTE BUSCA E


APREENSÃO EM SUA RESIDÊNCIA

111. (DJUS) Para o STF, é nulo o interrogatório realizado com o acusado durante o
cumprimento do mandado de busca e apreensão na sua residência, se não lhe foi
dado o direito de permanecer em silêncio, por violação ao princípio da não
autoincriminação (Nemo tenetur se detegere). C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Ailton estava sendo investigado por, em tese, ter cometido crimes contra a
administração pública. Ao cumprir o mandado de busca e apreensão na residência do
suspeito, o delegado, por não poder conduzi-lo coercitivamente à delegacia para
interroga-lo, resolveu entrevistá-lo no local, sem que lhe fosse dado o direito de
permanecer em silêncio e a não responder aos questionamentos, bem como não lhe foi
assegurada a presença de advogado. A entrevista foi formalmente documentada e
utilizada no Inquérito Policial. A defesa apresentou Reclamação, alegando a nulidade da
entrevista realizada. Nessa situação, para o STF, assiste razão à Defesa, pois o acusado
INFO tinha o direito a permanecer em silêncio, ou seja, houve violação ao princípio da não
944/STF autoincriminação (Nemo tenetur se detegere). C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, é nulo o interrogatório realizado com o acusado durante o
cumprimento do mandado de busca e apreensão na sua residência, se não lhe foi dado
o direito de permanecer em silêncio, por violação ao princípio da não autoincriminação
(Nemo tenetur se detegere). Ou seja, o acusado não pode ser compelido a responder aos
questionamentos do delegado, por violação do seu direito de não se incriminar. Em
julgamento realizado pelo STF na ADPF 395 e 444, vedou-se a condução coercitiva de
acusado com a finalidade de realização de seu interrogatório, como forma de proteger o
princípio da não autoincriminação. No caso em concreto, a “entrevista” foi uma forma de
camuflar essa vedação. Frise-se que assiste ao acusado, inclusive, o direito de permanecer
em silêncio durante o seu interrogatório seja em juízo ou durante a fase pré-processual.
Ademais, deve ser assegurado ao acusado o direito à prévia consulta com advogado, nos
termos do Estatuto da Advocacia (art. 7, XXI), o que não ocorreu nesse caso. Dessa forma,
realizar “entrevista” durante a busca e apreensão na residência do investigado, sem que
lhe seja concedido o direito de permanecer em silêncio, evitando a autoincriminação e a
presença ou aconselhamento prévio de advogado durante o ato, torna o processo nulo e

127
CPP, Art. 563. Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa.

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consequentemente todas as provas que por ventura decorrerem do ato ilegal. Por fim o
art. 15, parágrafo único, Lei 13.869/19 (Lei de Abuso de Autoridade)128 pune com pena de
detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa aquele que prossegue com o interrogatório
de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao silêncio ou que tenha optado por ser
assistida por advogado ou defensor público, sem a presença de seu patrono.

STF. 2ª Turma. Rcl 33711/SP, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 11.6.2019 (INFO/STF 944).

ADVOGADO FALECIDO

NULIDADE OU NÃO DA INTIMAÇÃO EM NOME DE ADVOGADO FALECIDO QUANDO MAIS


DE UM FOI CONSTITUÍDO

112. (DJUS) Para o STF, quando houver mais de um advogado constituído e a intimação
tiver sido feita em nome de apenas um deles, ainda que já falecido,
principalmente quando a morte não foi informada, NÃO haverá nulidade do ato
processual, nem cerceamento de defesa. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Flávio, denunciado pela pratica de homicídio constituiu 02 advogados, Marcos e José


para atuarem na sua defesa, sem especificar em nome de qual deles deveria ser
realizada as intimações. Ocorre que José faleceu durante o andamento processual, mas
a defesa não informou esse acontecimento ao juízo. Houve então a publicação de
intimação em nome por extenso do advogado falecido e a expressão “e outros” da data
INFO em que aconteceria o julgamento do recurso interposto pela defesa e sua sustentação
921/STF oral. Marcos ao consultar as publicações tomou conhecimento da intimação e interpôs
habeas corpus dirigido ao STJ alegando a nulidade por cerceamento de defesa, sendo
pleito que foi acolhido. Para o STF, nessa situação, foi acertada a decisão do Tribunal da
Cidadania, devendo a concessão da ordem ser mantida. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STF, quando houver mais de um advogado constituído e a


intimação tiver sido feita em nome de apenas um deles, ainda que já falecido,
principalmente quando a morte não foi informada, NÃO haverá nulidade do ato
processual, nem cerceamento de defesa. Em outras palavras, havendo mais de um
advogado constituído nos autos, basta a intimação de apenas um deles para que se
constate a validade dos atos processuais, pois não haverá prejuízo para a parte. Ademais,
como o réu deixou de informar nos autos o falecimento de um dos advogados que
constituiu, ele deu causa a nulidade, não podendo alegá-la em seu proveito (art. 565 do
CPP129). Além disso, é necessária a ocorrência de prejuízo e sua comprovação efetiva (art.

128
Lei 13.869/19 (Lei de Abuso de Autoridade), art. 15. Constranger a depor, sob ameaça de prisão, pessoa que, em razão de
função, ministério, ofício ou profissão, deva guardar segredo ou resguardar sigilo: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem prossegue com o interrogatório: I - de pessoa que tenha decidido exercer o
direito ao silêncio; ou II - de pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou defensor público, sem a presença de seu
patrono.
129
CPP, Art. 565. Nenhuma das partes poderá arguir nulidade a que haja dado causa, ou para que tenha concorrido, ou referente a
formalidade cuja observância só à parte contrária interesse.

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563 do CPP), para que se declare a nulidade do ato praticado (pas de nullité sans grief).
Ante a ausência de informação do falecimento de um dos advogados, obrigação que
assiste ao réu que os constituiu, houve a incidência do artigo 565 do CPP, que impede o
aproveitamento da alegação de nulidade a que ele próprio deu causa. Nessa situação, não
há o que se falar em cerceamento de defesa, quando existe nos autos mais de um
advogado constituído pela defesa e o réu não realizou pedido expresso de intimação
exclusiva em nome de um deles, decidiu o STF.

STF. 1ª Turma. HC 138097/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 23/10/2018
(INFO/STF 921).

PRINCÍPIO DO PROMOTOR NATURAL

VIOLA OU NÃO O PRINCÍPIO DO PROMOTOR NATURAL A SUBSTITUIÇÃO DO ÓRGÃO


ACUSADOR DURANTE O PROCESSO?

113. (DJUS) Para o STF, a substituição de órgão acusador ao longo do processo viola o
princípio do promotor natural, importando em nulidade absoluta da ação penal.
C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

José foi preso preventivamente, acusado de ter ministrado medicamentos em


desacordo com a regulamentação legal, vindo a vitima a falecer. O promotor
competente para atuar no Júri de Londrina encaminhou os autos para uma das Varas
Criminais por entender que não se tratava de crime doloso contra a vida. A denúncia foi
oferecida pelo promotor da 24ª Vara Criminal para onde o feito foi distribuído,
entretanto o juiz entendeu que o crime era doloso contra a vida, declinando da
INFO competência para a Vara do Tribunal do Júri, a qual foi recebida pelo magistrado e o
880/STF acusado citado, prosseguindo-se regularmente o feito. A defesa impetrou Habeas
Corpus pleiteando a nulidade absoluta da ação penal, por violação ao princípio do
promotor natural, pois a denúncia não foi oferecida pelo promotor natural. Para o STF,
nessa situação, a ordem deve ser concedida, pois de fato houve violação ao princípio do
promotor natural. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STF, o fato de o órgão acusador ter sido substituído ao longo
do processo não acarreta em nulidade da ação penal, pois não há violação ao princípio
do promotor natural. Compete ao Tribunal do Júri julgar os crimes dolosos contra a vida
(art. 5º, XXXVIII, da CF130), sendo o oferecimento da denúncia de competência do
promotor vinculado ao Tribunal do Júri. O princípio do promotor natural dispõe que o réu
tenha um acusador determinado previamente à prática do fato, assegurando a
imparcialidade na atuação do MP. Quando a denúncia for oferecida por promotor não
vinculado ao Tribunal do Júri, mas que após o oferecimento remete a ação de imediato ao

130
CF, art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...) XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa; b) o
sigilo das votações; c) a soberania dos veredictos; d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; (...).

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promotor natural competente, não haverá nulidade da ação penal. Nessa situação, pode
o promotor natural optar por não ratificar a denúncia ou silenciar e dar prosseguimento
na ação, caso em que se configuraria a ratificação implícita. Ainda, reconheceu o STF que,
em razão dos princípios constitucionais da unicidade e indivisibilidade aplicados ao MP, a
substituição do órgão acusador não fere o princípio do promotor natural, não havendo o
que se falar em nulidade da ação penal. Por fim, o STF reconhece o princípio do promotor
natural? SIM. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do HC 67.759/RJ,
de relatoria do Ministro CELSO DE MELLO, reconheceu, por maioria de votos, a existência
do princípio do promotor natural, no sentido de proibirem-se designações casuísticas
efetuadas pela chefia da Instituição, que criariam a figura do promotor de exceção,
incompatível com a determinação constitucional de que somente o promotor natural
deve atuar no processo.

STF. 1ª Turma. HC 114093/PR, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
3/10/2017 (INFO/STF 880).

IMPEDIMENTO

NULIDADE OU NÃO DO FEITO POR ATUAÇÃO DE MAGISTRADOS QUE SÃO PAI E FILHO

114. (DJUS) Para o STF, não gera nulidade quando um magistrado profere voto em um
recurso (apelação) e posteriormente seu filho atua no julgamento de outro
(recurso em sentido estrito), ainda que relativo ao mesmo processo, quando o
resultado do julgamento do recurso não tenha sido alterado por causa da
participação do julgador. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Elza foi condenada pelo crime de homicídio a 12 anos de reclusão no regime fechado.
Em apelação, o Tribunal negou provimento, tendo o desembargador Gudsteu
participado desse julgamento. Logo após, o desembargador Judimar proferiu voto em
INFO
recurso em sentido estrito. Ocorre que Gudsteu e Judimar são pai e filho. A defesa
940/STF
impetrou habeas corpus alegando ocorrência de impedimento e a consequente nulidade
absoluta do feito. Para o STF, nessa situação, não há o que se falar em nulidade, pois os
votos, embora relativo ao mesmo processo, foram proferidas em recursos distintos.
C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STF, CONFIGURA NULIDADE ABSOLUTA quando um


magistrado profere voto em um recurso (apelação) e posteriormente seu filho atua no
julgamento de outro (recurso em sentido estrito), desde que relativo ao mesmo
processo, independentemente do resultado ter sido ou não alterado por causa da
participação do julgador. Em outras palavras, é causa de nulidade absoluta a atuação de
juiz em julgamento no mesmo processo em que seu pai atuou proferindo decisão, ainda
que em recursos diferentes. O art. 252, II, do CPP131 dispõe que nos juízos coletivos não

131
CPP, art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que: I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente,
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério
Público, autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito; II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido
como testemunha; III - tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a questão; IV -

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poderão servir no mesmo processo os juízes que forem parentes em linha reta, como
neste caso pai e filho. Se o magistrado impedido atuar nessa situação, ocorrerá a nulidade
absoluta do feito em que atuou. Por se tratar o impedimento que causa nulidade
absoluta, pode ser reconhecida a qualquer momento no processo, inclusive de ofício pelo
magistrado. O simples fato de ter um julgador impedido participando do processo, já
configura a nulidade do feito, independentemente do resultado ter ou não sido alterado
por causa da participação do juiz (HC 102.965/RJ). Contudo, segundo dispõe o art. 563, do
CPP132, nenhum ato será declarado nulo, salvo se resultar da nulidade prejuízo para as
partes (pas de nullité sans grief). No caso em concreto, também se restou configurado o
prejuízo, uma vez que diante do impedimento constatado, fosse o desembargador
excluído do feito, não haveria sequer quórum para que a sessão de julgamento fosse
instalada. Dessa forma, o simples fato de ter juiz impedido participado de feito, gera a sua
nulidade absoluta, ainda que sejam as decisões proferidas em sede de recursos distintos.

STF. Turma. HC 136015/MG, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 14.5.2019 (INFO/STF 940).

DELAÇÃO PREMIADA

DENÚNCIA COM BASE EXCLUSIVA EM DELAÇÃO PREMIADA OU SEM DESCRIÇÃO


MINUCIOSA DOS FATOS

115. (DJUS) Para o STF, a denúncia ofertada exclusivamente com base em delação
premiada ou que não descreva minuciosamente as ações ilícitas deve ser
rejeitada, mesmo que descreve de forma lógica e coerente a imputação,
permitindo ao acusado compreendê-la e exercer seu direito de defesa. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Valdir, parlamentar, foi acusado de cometer o crime de corrupção passiva majorada


(art. 317, caput, §1º, e 327, §2º, do CP) e lavagem de dinheiro (art. 1º, caput e §4º, da
Lei 9.613/98). A peça acusatória, com base em depoimentos colhidos em delação
INFO premiada se restringiu a narrar que o senador, com ajuda dos assessores, teria
856/STF solicitado e recebido vantagem indevida em vultosa quantia, em razão de sua função
pública, para a sua campanha ao Senado, com a finalidade de manter determinado
diretor na estatal. Para o STF, a denúncia deve ser rejeitada porque não descreveu
minuciosamente os fatos e se fundou exclusivamente em delação premiada. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STF, a denúncia ofertada exclusivamente com base em


delação premiada ou que não descreva minuciosamente as ações ilícitas NÃO deve ser
rejeitada, se descreve de forma lógica e coerente a imputação, permitindo ao acusado
compreendê-la e exercer seu direito de defesa. O artigo 41 do CPP prevê os requisitos
que autorizam o recebimento da denúncia: “exposição do fato criminoso, com todas as
suas circunstâncias, a qualificação do acusado, classificação do crime e rol das
testemunhas”. Bem como, será rejeitada quando (art. 395, CP): “for manifestamente

ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou
diretamente interessado no feito.
132
CPP, art. 563. Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa.

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inepta, faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal ou faltar
justa causa”. Antes de receber a denúncia o juiz realiza um juízo de delibação (é um juízo
superficial sobre a legalidade de um ato, sem, contudo, adentrar no exame de mérito),
onde analisa a presença dos pressupostos e requisitos previstos nesses artigos (art. 41 e
395, do CPP). Não há necessidade de um juízo de certeza, visto que o recebimento da
denúncia não configura a confirmação da procedência da imputação criminal. Com o
recebimento da denúncia se inicia a ação penal e a fase instrutória sob o manto do
contraditório. Dessa forma, apenas é necessária a comprovação da materialidade e
indícios de autoria, pressupostos básicos para o recebimento de qualquer denúncia. Uma
denuncia que narra os fatos imputados de forma lógica e coerente, permitindo a
compreensão e o exercício do direito de defesa do acusado, não impede o início da ação
penal, pela rejeição da denúncia, visto que o acusado se defende dos fatos que lhes
foram imputados e não de sua capitulação jurídica. Ademais, depoimentos prestados em
colaboração premiada podem servir de fundamento para o oferecimento da denúncia,
embora não sejam suficientes para uma condenação com fundamento exclusivo nesses
depoimentos, ou seja, delação não é prova, mas um indício de prova a ser produzida,
constituindo, por si só, elemento indiciário suficiente ao recebimento de denúncia, mas
não é apto, como elemento único, para sustentar eventual sentença condenatória. Nesse
sentido é o entendimento da Suprema Corte (Inq 3.983, Rel. Min. TEORI ZAVASCKI,
Tribunal Pleno, DJe de 12.05.2016, pág. 175). Dessa forma, prescindível a necessidade de
descrição minuciosa dos atos ilícitos, bem como a denúncia pode ser realizada com base
em depoimentos produzidos em colaboração premiada, desde que sejam suficientes à
prova da materialidade e indícios da autoria, narrados de forma lógica e coerente que
possibilitem a compreensão pelo acusado e o exercício de sua defesa.

STF. 1ª Turma. AP 912/PB, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 7/3/2017 (INFO/STF 856).

DENÚNCIA ANÔNIMA

INSTAURAÇÃO DE INVESTIGAÇÃO CRIMINAL E INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA COM BASE


EM DENÚNCIA ANÔNIMA

116. (DJUS) Para o STF, é válida a denúncia feita pelo ministério público com base em
denúncia anônima, quando durante as investigações se realizam outras
diligências, inclusive interceptação telefônica autorizada, para se apurar a
veracidade das denúncias. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

INFO O Ministério Público, após receber várias denúncias anônimas imputando a Jailson a
855/STF prática do crime de associação criminosa e corrupção ativa, iniciou as investigações
preliminares, colhendo-se depoimentos de diversas testemunhas. Diante da
verossimilhança das alegações o MP instaurou procedimento para a investigação e
requereu a interceptação telefônica. O juiz deferiu o pedido e após a conclusão das
investigações o MP ofereceu denúncia. A defesa impetrou Habeas Corpus pretendendo
o reconhecimento da ilegalidade da ação penal e da interceptação telefônica, por terem
sido iniciadas a partir de denúncias anônimas. Para o STF, nessa situação, não houve
ilegalidade alguma, devendo a ordem ser denegada. C/E?

COMENTÁRIO

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Gabarito: CERTO. Para o STF, é válida a denúncia realizada feita pelo ministério público
com base em denúncia anônima, quando durante as investigações se realizam outras
diligências, inclusive interceptação telefônica autorizada, para se apurar a veracidade
das denúncias. Ou seja, não há ilegalidade quando a investigação preliminar se inicia com
base em denúncias anônimas, desde que se VERIFIQUE A PLAUSIBILIDADE DAS
ALEGAÇÕES das denúncias após a realização de novas diligências. É cediço que o MP
possui amplo poder para realizar investigações, contudo, devem-se observar alguns
pontos condicionantes: a) o processo investigatório deve ser formal; b) as partes devem
ter amplo acesso ao processo; c) as investigações devem perdurar por tempo razoável e d)
submeter-se ao controle de um magistrado. Atendidos esses requisitos, não há óbice para
se instaurar investigação preliminar, mesmo que decorrente de fatos narrados
anonimamente. A “denúncia anônima” também chamada pela doutrina de denúncia
APÓCRIFA ocorre quando uma pessoa sem se identificar, leva ao conhecimento de
autoridades o acontecimento de um crime e de sua autoria, como por exemplo, através
do “disque denúncia”, em que as pessoas não precisam se identificar. No entanto, não se
pode oferecer denúncia, nem se propor uma ação penal com base EXCLUSIVA em notícia
crime anônima, sem que se proceda a uma investigação preliminar, colhendo-se outras
provas para se assegurar da verossimilhança das alegações da delatio criminis. Para esse
fim, devem-se utilizar todos os meios de provas admitidos, sendo a interceptação
telefônica a última ratio, mas que uma vez demonstrada a sua necessidade não haverá
óbice para a realização. Em outras palavras, a denúncia anônima não autoriza, por si só, o
início de ação penal ou a utilização de métodos mais invasivos de investigação, como a
interceptação telefônica. Nesse caso, é imprescindível a demonstração de necessidade de
utilização desse meio de prova, bem como a realização prévia de investigação necessária à
comprovação das alegações da denúncia anônima (HC 106152/MS). Dessa forma, não há
o que se falar em ilegalidade no oferecimento da peça acusatória, tampouco na realização
da interceptação telefônica, se for comprovada a sua necessidade, o preenchimento dos
requisitos autorizadores da quebra de sigilo (Lei 9.296/96), bem como, realizada
previamente diligências que assegurem a plausibilidade das alegações da denúncia
anônima.
STF. 2ª Turma. HC 133148/ES, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 21/2/2017 (INFO/STF 855).
STF. 1ª Turma. HC 106152/MS, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 29/3/2016 (INFO/STF 819).

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14. DOS RECURSOS


NON REFORMATIO IN PEJUS

RECURSO EXCLUSIVO DA DEFESA E O PRINCÍPIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS

117. (DJUS) Para o STJ, não ofende o enunciado do non reformatio in pejus indireta o
aumento da pena através de decisão em recurso especial interposto pelo Ministério
Público contra rejulgamento de apelação que não alterou reprimenda do acórdão
anterior, que havia transitado em julgado para a acusação e que veio a ser anulado
por iniciativa exclusiva da defesa. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Pedro foi condenado em primeiro grau a uma pena de 8 anos e 4 meses de reclusão, em
regime inicial fechado. A defesa apelou da sentença, tendo o Tribunal de Justiça
reduzido a pena para 5 anos e 10 meses de reclusão, em regime inicial semiaberto. A
referida decisão transitou em julgado para ambas as partes, sendo impetrado habeas
corpus pelo réu no STJ, o qual concedeu a ordem para cassar o decisório. Com o novo
julgamento da apelação, o Tribunal de origem novamente reduziu a reprimenda para o
mesmo patamar (5 anos e 10 meses de reclusão, em regime inicial semiaberto). Desse
segundo acórdão, o MP interpôs recurso especial, o qual foi provido para o efeito de
majorar a pena do réu para o patamar da sentença (8 anos e 4 meses de reclusão, em
regime inicial fechado). Nessa situação, para o STJ resta demonstrado que o julgado
proferido no recurso especial não ofendeu o enunciado que veda a reformatio in pejus
indireta. C/E?
INFO
663/STJ COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STJ, OFENDE o enunciado do non reformatio in pejus indireta
o aumento da pena através de decisão em recurso especial interposto pelo Ministério
Público contra rejulgamento de apelação que não alterou reprimenda do acórdão
anterior, que havia transitado em julgado para a acusação e que veio a ser anulado por
iniciativa exclusiva da defesa. Isso porque, o princípio da non reformatio in pejus,
consagrado tanto na doutrina quanto na jurisprudência, consiste em um limitador à
amplitude do julgamento, impossibilitando o agravamento da situação penal do réu na
hipótese de recurso exclusivo da defesa. Em outras palavras, em havendo recurso
somente da defesa, sua reprimenda não poderá ser de qualquer modo piorada, em
detrimento do réu, evitando assim a intimidação ou o embaraço do condenado ao
exercício da ampla defesa (o réu não pode ser tolhido no seu direito de ampla defesa por
receio de ter sua situação penal agravada no caso de julgamento de recurso somente por
ele provocado). No caso em tela, deve se conferir à decisão cassada o efeito de vedar o
agravamento da reprimenda nas posteriores decisões proferidas na mesma ação penal,
quando a nulidade for reconhecida a partir de recurso defensivo exclusivo (ou em habeas
corpus). Dessa forma, resta demonstrado que o julgado proferido no recurso especial
violou o enunciado que veda a reformatio in pejus indireta, ao colocar o sentenciado em
situação mais desfavorável do que aquela anterior à impetração do habeas corpus. Por
fim, cumpre destacar que o princípio da non reformatio in pejus é classificado pela
doutrina em direta ou indireta. Entende-se por reformatio in pejus direta quando há
somente recurso da defesa, tendo a acusação se conformado com o provimento
jurisdicional, ocasião em que a situação do réu não poderá ser piorada pelo Tribunal. Por

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sua vez, a reformatio in pejus indireta ocorre quando o Tribunal ad quem, em sede de
recurso promovido exclusivamente pela defesa, anula a decisão anterior, remetendo os
autos ao órgão a quo para proferir novo julgado, que não poderá piorar a situação do
acusado.

STJ. 3ª Seção. RvCr 4.853-SC, Rel. Min. Leopoldo de Arruda Raposo (Desembargador Convocado do TJ/PE), julgado
em 27/11/2019 (INFO/STJ 663).

ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO

O RECURSO DO ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO OBSTA A FORMAÇÃO DA COISA JULGADA


PARA A ACUSAÇÃO?

118. (DJUS) Para o STF, o recurso interposto tempestivamente pelo assistente de


acusação obsta a ocorrência do trânsito em julgado para a acusação. C/E?

Vejamos a seguinte situação hipotética:

José, acusado de ter cometido o crime de latrocínio tentado, foi absolvido em primeira
instância. Embora o Ministério Público não tenha apelado da sentença no prazo legal de
05 dias (art. 593, do CPP), o assistente de acusação, devidamente habilitado nos autos,
interpôs tempestivamente (logo depois de encerrado o prazo legal para o Ministério
Público recorrer) recurso contra a sentença de absolvição. Para o STF, nesse caso, o
recurso tempestivo do assistente de acusação impede a ocorrência do trânsito em
julgado para a acusação, pois encerrado o prazo para o MP recorrer, tem-se início o
prazo para o assistente. C/E?

INFO COMENTÁRIO
958/STF
Gabarito: CERTO. Para o STF, o recurso interposto tempestivamente pelo assistente de
acusação obsta a ocorrência do trânsito em julgado para a acusação. Em outras palavras,
se o assistente de acusação recorrer da sentença dentro do prazo legal, não ocorrerá o
transito em julgado da decisão para a acusação. Isso porque, a inércia do Ministério
Público faz surgir o direito de atuação na ação penal do assistente de acusação (Súmula
210/STF133), que pode apresentar recurso ou arrazoar os recursos interpostos pelo MP,
sem obrigatoriedade de concordar com as razões do Parquet. Por exemplo, ainda que o
MP pugne pela absolvição do acusado, o assistente poderá se insurgir pela condenação.
Ainda, o enunciado da Súmula 448 do STF134 dispõe que o prazo para o assistente de
acusação interpor recurso começa a correr do encerramento, in albis (sem manifestação),
do prazo ministerial. Dessa forma, se a sentença foi impugnada tempestivamente pelo
assistente de acusação, não haverá formação da coisa julgada para a acusação.
STF. Plenário. RvC 5475/AM, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 6/11/2019 (INFO/STF 958).

133
Súmula 210/STF. O assistente do Ministério Público pode recorrer, inclusive extraordinariamente, na ação penal, nos casos dos
arts. 584, § 1º, e 598 do Cód. de Proc. Penal.
134
Súmula 448/STF. O prazo para o assistente recorrer, supletivamente, começa a correr imediatamente após o transcurso do
prazo do Ministério Público.

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AGRAVO REGIMENTAL

PRAZO PARA INTERPOR AGRAVO REGIMENTAL EM MATÉRIA CRIMINAL E SUA FORMA


DE CONTAGEM

119. (DJUS) Para o STF, nos agravos regimentais que contestem decisões monocráticas
proferidas em reclamações e recursos de natureza criminal no STF, se aplica o
prazo de cinco dias e a contagem é feita em dias corridos. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Emerson, advogado, em razão de ter sofrido uma busca e apreensão em seu escritório
profissional, interpôs Reclamação diretamente no STF, alegando que o ato do delegado
afrontou decisão desta Corte proferida em Ação Cautelar em que se assentou a
inviolabilidade dos escritórios de advocacia e estendeu a eficácia desse pronunciamento
a todos os profissionais em situação análoga. O Ministro Relator negou seguimento à
Reclamação, publicando a decisão em 19.05.2016 (quinta-feira). Contra a decisão do
relator a defesa apresentou agravo regimental no dia 27.05.2016. O Relator não
conheceu do agravo em razão da intempestividade. Para o STF, nessa situação, agiu
corretamente o Relator, pois o agravo foi interposto fora do prazo, uma vez que a
contagem do prazo para o referido recuso é feita em dias corridos. C/E?

COMENTÁRIO

INFO Gabarito: CERTO. Para o STF, nos agravos regimentais que contestem decisões
939/STF monocráticas proferidas em reclamações e recursos de natureza criminal em trâmite
perante o STF, aplica-se o prazo de cinco dias previsto no artigo 39 da Lei 8.038/1990, e
a contagem é feita em dias corridos, conforme o artigo 798 do Código de Processo Penal
e não em dias úteis como ocorre no CPC/15. Ou seja, segundo a Lei que regula os
processos nos Tribunais Superiores (Lei 8.038/90), o prazo para o agravo regimental
(agravo interno) é de 05 DIAS e deve ser contado EM DIAS CORRIDOS, aplicando-se o
previsto no CPP (art. 798). Essa forma de contagem também deve ser aplicada para as
Reclamações. Dispõe o art. 798, do CPP: “Todos os prazos correrão em cartório e serão
contínuos e peremptórios, não se interrompendo por férias, domingo ou dia feriado”.
Inaplicável, portanto, o disposto no art. 219, do CPC/15, que prevê a contagem em dias
ÚTEIS, ainda que seja na Reclamação, desde que se trate de matéria criminal. Dito de
outra forma, embora a Reclamação seja uma ação autônoma, regulada pelo CPC, quando
se tratar de matéria criminal, a contagem do prazo se dará em dias corridos, aplicando-se
o disposto no CPP. Isso porque o novo Código de Processo Civil não alterou a sistemática
da contagem de prazos prevista no CPP, que continua em vigor.

STF. Plenário. Rcl 23045 ED-AgR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 9/5/2019 (INFO/STF 939).

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RESE

CABIMENTO OU NÃO DE RESE QUANDO INDEFERIDO O PEDIDO DE PRODUÇÃO


ANTECIPADA DE PROVA

120. (DJUS) Para o STJ, não cabe recurso em sentido estrito para impugnar decisão que
indefere a produção antecipada de prova prevista nas hipóteses de suspensão do
processo do art. 366 do CPP, por ausência de previsão legal. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Helder foi acusado de ameaçar e agredir sua ex-companheira, porém está foragido e o
processo suspenso, bem como o prazo prescricional na forma do art. 366 do CPP. O
Ministério Público requereu a produção antecipada de prova oral, com base na parte
final permissiva do art. 366, do CPP, alegando que o decurso do tempo pode causar
relevante prejuízo aos depoimentos a serem prestados pelas testemunhas, pedido que
foi indeferido pelo juiz. O MP interpôs recurso em sentido estrito contra essa decisão de
indeferimento. Para o STJ, nessa situação, não tem razão o MP, pois não cabe recurso
em sentido estrito contra a referida decisão, uma vez que não há previsão legal. C/E?

COMENTÁRIO
INFO
640/STJ Gabarito: ERRADO. Para o STJ, embora não haja previsão legal, CABE recurso em sentido
estrito para impugnar decisão que indefere a produção antecipada de prova prevista
nas hipóteses de suspensão do processo do art. 366 do CPP135, devendo ser feita uma
interpretação extensiva. O artigo 366 do CPP, assim dispõe: “se o acusado, citado por
edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso
do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas
consideradas urgentes (...)”. No entanto o juiz indeferiu o pedido do MP, que apresentou
recurso em sentido estrito dessa decisão, ou seja, de uma decisão interlocutória. E por
haver divergência entre a Quinta e Sexta Turmas do STJ quanto ao cabimento do RESE
nessa hipótese é que a 3ª Seção foi instada a pacificar o entendimento, haja vista a
inexistência de previsão no art. 581 do CPP de cabimento de RESE contra decisão que
indefere a produção antecipada de provas. Desse modo, sob análise do artigo 3º do
CPP136, que admite expressamente no processo penal a realização de interpretação
extensiva (ampliação do conteúdo da lei pelo aplicador do direito, quando a norma disse
menos do que deveria), a jurisprudência tem relativizado o cabimento desse recurso,
permitindo a intepretação extensiva no cabimento do RESE contra decisões
interlocutórias que tratem de hipóteses concretas semelhantes às previstas no artigo 581,
do CPP. Como é o caso do inciso XVI, em que se admite RESE da decisão que concede a
suspensão condicional do processo e que por interpretação extensiva aceita o manejo do
RESE das providências de natureza cautelar advindas dessa suspensão condicional. Ou
seja, como cabe RESE da decisão que suspende o processo, caberá também, por

135
CPP, art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso
do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso,
decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312.
136
CPP, art. 3º. A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos
princípios gerais de direito.

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interpretação extensiva, da decisão que indeferir a produção antecipada de prova na


hipótese do artigo 366 do CPP, uma vez que essa providência tem natureza cautelar e é
mera decorrência advinda da natureza da decisão de suspensão processual.

STJ. 3ª Seção. EREsp 1.630.121-RN, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 28/11/2018 (INFO/STJ 640).

MANDADO DE SEGURANÇA

MANDADO DE SEGURANÇA SERVE OU NÃO PARA ATRIBUIR EFEITO SUSPENSIVO A


RECURSO CRIMINAL?

121. (DJUS) Para o STJ, não cabe Mandado de Segurança para atribuir efeito
suspensivo a recurso criminal interposto pelo Ministério Público. C/E?

Vejamos a seguinte situação hipotética:

Juquinha, preso em flagrante acusado de praticar em tese o crime de tráfico de drogas


foi submetido à audiência de custódia em que lhe foi concedida liberdade provisória,
mediante aplicação de medidas cautelares. Contra essa decisão o Ministério Público
interpôs recurso em sentido estrito e Mandado de Segurança, visando à concessão de
efeito suspensivo ao RESE para evitar a liberdade provisória do acusado. Para o STJ,
nesse caso, não cabe Mandado de Segurança com essa finalidade. C/E?

COMENTÁRIO
INFO
Gabarito: CERTO. Para o STJ, NÃO cabe Mandado de Segurança para atribuir efeito
619/STJ
suspensivo a recurso criminal interposto pelo Ministério Público. Esse é exatamente o
teor da Súmula 604 do STJ: “O mandado de segurança não se presta para atribuir efeito
SÚMULA
suspensivo a recurso criminal interposto pelo Ministério Público”. Todo recurso possui o
604/STJ
efeito devolutivo, em que é devolvida ao tribunal toda a matéria para reexame. Alguns
recursos possuem efeito devolutivo e suspensivo, ou seja, além de devolver a matéria ao
tribunal para julgamento, ao ser interposto o recurso a decisão por ele atacada fica
suspensa e não produz efeitos até que seja tudo resolvido na instância recursão. O
recurso em sentido estrito (RESE), em regra, não possui o efeito suspensivo (art. 584, do
CPP137). No caso hipotético o RESE foi interposto contra decisão de concessão de
liberdade provisória, hipótese em que não se atribui efeito suspensivo a esse recurso.
Vejamos o que dispõe o artigo 581, XII, do CPP: “caberá recurso, no sentido estrito, da
decisão, despacho ou sentença (...) XII - que conceder, negar ou revogar livramento
condicional (...)”. Agora vejamos o artigo 584: “Os recursos terão efeito suspensivo nos
casos de perda da fiança, de concessão de livramento condicional e dos ns. XV, XVII e XXIV
do art. 581”. Observe que liberdade provisória não é a mesma coisa de livramento
condicional, embora ambos tratem da liberdade do réu, são institutos com aplicação em
diferentes fases processuais. A liberdade provisória ocorre antes mesmo de o acusado ser
condenado, enquanto que a liberdade condicional só pode ser concedida após o réu já ter
cumprido parte da pena a ele aplicada. Dessa forma, não se atribuir efeito suspensivo ao
recurso em sentido estrito interposto pelo parquet contra decisão que concede a
137
CPP, art. 584. Os recursos terão efeito suspensivo nos casos de perda da fiança, de concessão de livramento condicional e dos
ns. XV, XVII e XXIV do art. 581. § 1º Ao recurso interposto de sentença de impronúncia ou no caso do no VIII do art. 581, aplicar-se-
á o disposto nos arts. 596 e 598. § 2º O recurso da pronúncia suspenderá tão-somente o julgamento. § 3º O recurso do despacho
que julgar quebrada a fiança suspenderá unicamente o efeito de perda da metade do seu valor.

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liberdade provisória. Ademais, o MS não é instrumento hábil para se preterir efeito


suspensivo a recurso criminal, pois não se trata de um direito liquido e certo da parte.
Diante da jurisprudência pacifica nesse sentido, o STJ editou a Súmula 604 acima
transcrita.

STJ. 3ª Seção. Aprovada em 28/2/2018, DJe 5/3/2018.

REVOGAÇÃO DE MEDIDA CAUTELAR

CABIMENTO OU NÃO DE RESE CONTRA DECISÃO QUE REVOGA MEDIDA CAUTELAR


DIVERSA DA PRISÃO

122. (DJUS) Para o STJ, cabe recurso em sentido estrito conta decisão que revoga
medida cautelar diversa da prisão? C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

O Ministério Público interpôs recurso em sentido estrito (RESE) contra decisão de juíza
que revogou medida cautelar diversa da prisão de comparecimento periódico em juízo
do réu. No entanto, o Tribunal não conheceu do recurso por entender que não caberia
RESE contra essa decisão. Para o STJ, o tribunal agiu corretamente. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STJ, CABE recurso em sentido estrito contra decisão que
revoga medida cautelar diversa da prisão. Embora o rol do artigo 581 do CPP seja
INFO
taxativo e nele não conste a hipótese de cabimento de RESE contra decisão que revoga
696/STJ
medida cautelar diversa da prisão, o STJ admite a interpretação extensiva para permitir o
cabimento nesse caso. Admitir a interpretação extensiva não é ampliar o rol legal, mas
sim admitir que determinada situação se enquadre no dispositivo interpretado pelo
aplicador do direito, quando a norma disse menos do que deveria. Amplia-se o conteúdo
do termo para se alcançar o sentido realmente pretendido pela norma. Entretanto, para
que seja possível a interpretação extensiva deve haver semelhança entre hipótese
prevista no rol do artigo 581, do CPP e a hipótese do caso concreto. Dessa forma, nessa
situação, o ato de revogar a prisão preventiva, previsto expressamente no inciso V, do
artigo 581 possui similitude com o ato de revogar medida cautelar diversa da prisão,
assim cabendo interpretação extensiva do artigo e, consequentemente, a interposição do
recurso em sentido estrito. Por fim, por serem as hipóteses de cabimento do RESE (art.
581, do CPP) taxativas, não se admite a ampliação de sua abrangência por meio da
interpretação analógica, uma vez que esse é um processo de interpretação que usa a
semelhança indicada pela própria lei. Temos como exemplo o artigo 254, II, do CPP 138, que
ao tratar das razões de suspeição do juiz usa a expressão “estiver respondendo a processo
por fato análogo”.

138
CPP, art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes: I - se for amigo íntimo
ou inimigo capital de qualquer deles; II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por fato
análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia; III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo, ou afim, até o terceiro
grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes; IV - se tiver
aconselhado qualquer das partes; V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes; VI - se for sócio, acionista
ou administrador de sociedade interessada no processo.

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STJ. 6ª Turma. REsp 1628262/RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 13/12/2016 (INFO/STJ 596).

REFORMATIO IN PEJUS

INCIDÊNCIA OU NÃO DE REFORMATIO IN PEJUS NA REAVALIAÇÃO DAS


CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS EM RECURSO

123. (DJUS) Para o STF e STJ, é possível reavaliar as circunstâncias judiciais em recurso
de apelação criminal sem que viole o princípio da ne reformatio in pejus, desde
que não incorra em aumento de pena . C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

A defesa de Elton que foi condenado a 08 anos de reclusão, interpôs recurso de


apelação da sentença. O Tribunal manteve a pena base, porém afastou uma das
circunstâncias (antecedentes) e manteve as demais (culpabilidade e consequências do
crime) e reconheceu outra que não havia sido valorada pelo juiz de 1º instância
(circunstâncias do crime), porém alcançou o mesmo quantum da pena base arbitrada
anteriormente. Para o STJ, nessa situação não houve violação do princípio da ne
reformatio in pejus. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF e STJ, é possível reavaliar as circunstâncias judiciais em


INFO recurso de apelação criminal sem que viole o princípio da ne reformatio in pejus, desde
922/STF que NÃO incorra em aumento de pena. É cediço que o princípio da ne reformatio in pejus
veda a reforma da sentença em prejuízo do réu. Ainda, dispõe o art. 617, do CPP139: ”O
tribunal, câmara ou turma atenderá nas suas decisões ao disposto nos arts. 383, 386 e
387, no que for aplicável, não podendo, porém, ser agravada a pena, quando somente o
réu houver apelado da sentença”. No entanto, o recurso de apelação quando opera no
efeito devolutivo, possibilita que seja adotado fundamento diverso para o cálculo da
pena, desde que, em sendo o recurso exclusivo da defesa, não haja agravamento do
quantum da pena aplicada anteriormente. A mudança de fundamentos ocorrida no
julgamento do recurso não viola o princípio da proibição da reformatio in pejus, pois como
dito, o efeito devolutivo do recurso da defesa é amplo e permite o reexame de toda a
matéria, seja para manter ou reduzir a pena já aplicada, mas nunca para exasperá-la
(aumentar). O STJ também já se pronunciou sobre essa matéria e possui o mesmo
entendimento firmado pela Suprema Corte. Assim, nessa situação, havendo reanalise das
circunstâncias judiciais e dos fundamentos de decidir, mas não ocorrendo majoração da
pena anteriormente aplicada, não há o que se falar em reformatio in pejus.

STF. 1ª Turma. HC 126457/PA, Rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
6/11/2018 (INFO/STF 922).
STJ. 5ª Turma. HC 330.170/RS, Rel. Ministro Ribeiro Dantas, julgado em 20/09/2016, DJe 28/09/2016).

139
CPP, art. 617. O tribunal, câmara ou turma atenderá nas suas decisões ao disposto nos arts. 383, 386 e 387, no que for aplicável,
não podendo, porém, ser agravada a pena, quando somente o réu houver apelado da sentença.

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AGRAVO

PRAZO PARA O MP INTERPOR AGRAVO EM PROCESSO CRIMINAL CONTRA DECISÃO DE


RELATOR

124. (DJUS) Para o STF e STJ, o Ministério Público não possui a prerrogativa do prazo
em dobro para apresentar agravo em processo criminal contra decisão de Relator,
sendo este de 05 dias corridos. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Após definição da condenação de um réu em segunda instância, o Ministério Público


interpôs recurso especial visando aumentar a pena com base na Lei de Drogas, em razão
da circulação da droga em transporte público. O Relator não deu seguimento ao recurso
e o MP interpôs agravo, que foi aceito pelo STJ e ocasionou o aumento da pena. A
Defensoria Pública alegou que o recurso foi interposto fora do prazo legal de 05 dias,
sendo por tanto intempestivo. Para o STF, nessa situação, assiste razão à Defensoria.
C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF e STJ, o Ministério Público não possui a prerrogativa do
INFO
prazo em dobro para apresentar agravo em processo criminal contra decisão de Relator
902/STF
(AgRg na Rcl 30.714/PB), bem como o prazo deste será de 05 dias corridos, nos termos
da lei especial e não em dias úteis como previsto do CPC/15 (AgRg no EREsp 1.187.916-
SÚMULA
SP). Ou seja, no caso concreto, o agravo interposto pelo MP foi intempestivo
116/STJ
(apresentado) fora do prazo legal. O agravo interno é um recurso cabível contra decisão
monocrática de Relator no âmbito dos tribunais. Também é conhecido por agravo
regimental, por ter previsão nos regimentos internos dos tribunais estaduais, do STJ e
STF. Segundo a Súmula 116 do STJ, o MP possui o prazo em dobro para interpor agravo
regimental no Superior Tribunal de Justiça, contudo o STF (RE criminal nº 94.013-8/DF),
entende que essa prerrogativa é cabível apenas quando atua em favor da administração
pública. O agravo interno (regimental) é disciplinado por lei especial (Lei 8.038/90) a qual
dispõe em seu artigo 39 que o prazo do agravo é de 05 dias (corridos). Aqui não se aplica o
CPC que prevê a contagem dos prazos em dias úteis (art. 219, CPC140). Apenas a
Defensoria Pública possui a prerrogativa do prazo recursal em dobro em matéria criminal,
nos termos da LC 80/94, art. 128, I, não se estendendo ao MP, fora do caso em que ele
atuar em favor da administração pública. Ou seja, quando a matéria for criminal o MP
não possuirá a prerrogativa do prazo em dobro para interpor o agravo interno, bem
como o prazo deste será de 05 dias (corridos), nos termos da lei especial e não em dias
úteis como previsto do CPC/15.

STF. 1ª Turma. HC 120275/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 15/5/2018 (INFO/STF 902).
STJ. 3ª Seção. AgRg na Rcl 30.714/PB, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 27/04/2016.
STJ. 3ª Seção. AgRg no EREsp 1.187.916-SP, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 27/11/2013 (INFO/STJ 533).

140
CPC, art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente os dias úteis. Parágrafo
único. O disposto neste artigo aplica-se somente aos prazos processuais.

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TEMPESTIVIDADE

TEMPESTIVIDADE OU NÃO DE RECURSO INTERPOSTO ANTES DA PUBLICAÇÃO DO


ACÓRDÃO

125. (DJUS) Para o STF, é extemporâneo o recurso interposto antes da publicação do


acórdão. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Marcelo foi condenado a 03 anos de reclusão e a defesa interpôs recurso de apelação


dirigido ao tribunal de justiça (TJ), o qual negou provimento ao recurso, mantendo a
sentença inalterada. Antes mesmo da publicação do acórdão do TJ, o defesa interpôs
recurso especial para o STJ, o qual não foi conhecido por ser extemporâneo. Para o STF,
nessa situação, o recurso deve ser conhecido, pois sob o ângulo da oportunidade, a
publicação do acórdão impugnado é elemento neutro, podendo a parte, ciente da
decisão proferida, protocolar o recurso. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STF, NÃO é extemporâneo (fora do prazo), ou seja, é


INFO tempestivo o recurso interposto antes da publicação do acórdão, pois sob o ângulo da
897/STF oportunidade, a publicação do acórdão impugnado é elemento neutro, podendo a
parte, ciente da decisão proferida, protocolar o recurso. A tempestividade é um requisito
de admissibilidade recursal, que pode ser aferida de oficio a qualquer tempo e grau de
jurisdição, independentemente de manifestação das partes. Ou seja, intempestivo é o
recurso apresentado após escoamento do prazo legal. Ocorre que antes o entendimento
era no sentido de que o recurso interposto tanto antes da publicação da decisão, quanto
após o prazo legal seria considerado intempestivo. Contudo, com o advento do novo
sistema processual civil, esse entendimento foi alterado. O artigo 218, § 4º, do CPC/15141
dispõe “ser tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo”, corroborando,
ainda, com essa disposição o art. 1.024, §5º, também do CPC/15142, que reza ser
dispensável a ratificação do recurso quando interposto antes da publicação do acórdão.
Esses dispositivos levaram o STJ a cancelar sua súmula 418 (aplicável por analogia ao
processo penal) que previa ser necessária a ratificação do recurso interposto antes da
publicação do acórdão. Dessa forma, o STF consolidou o seu entendimento no sentido de
que não é extemporâneo o recurso interposto antes da publicação do acórdão, uma vez
que como a ciência da decisão pode ser tomada em cartório, não há óbice à interposição
do recurso antes da ocorrência do ato de publicação, desde que não haja modificação
substantiva no título impugnado. Deve prevalecer a primazia da decisão do mérito, sob o
ângulo da oportunidade, pois a publicação, no entender da Corte é “elemento neutro”,
podendo a parte, ciente da decisão proferida, interpor recurso. Importante esclarecer

141
CPC, art. 218. Os atos processuais serão realizados nos prazos prescritos em lei. § 1º Quando a lei for omissa, o juiz determinará
os prazos em consideração à complexidade do ato. § 2º Quando a lei ou o juiz não determinar prazo, as intimações somente
obrigarão a comparecimento após decorridas 48 (quarenta e oito) horas. § 3º Inexistindo preceito legal ou prazo determinado pelo
juiz, será de 5 (cinco) dias o prazo para a prática de ato processual a cargo da parte. § 4º Será considerado tempestivo o ato
praticado antes do termo inicial do prazo.
142
CPC, art. 1.024. O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias. (...) § 5º Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não
alterarem a conclusão do julgamento anterior, o recurso interposto pela outra parte antes da publicação do julgamento dos
embargos de declaração será processado e julgado independentemente de ratificação.

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que o caso concreto aqui comentado foi decidido pelo STJ antes da vigência do CPC/15,
não havendo outros julgados posteriores sobre o mesmo tema na Corte para sabermos
se o STJ vai ou não acompanhar o STF (acredito que sim). Por fim, para acrescentar mais
conhecimento, no processo civil, o mesmo tema é tratado da seguinte forma: a) Se o
recurso foi interposto com fundamento no CPC/73, aplica-se o Enunciado Administrativo
n. 2 do STJ, segundo o qual "aos recursos interpostos com fundamento no CPC/1973
(relativos a decisões publicadas até 17/03/2016) devem ser exigidos os requisitos de
admissibilidade na forma nele prevista, com as interpretações dadas, até então, pela
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça", ou seja, é extemporâneo o recurso
apresentado antes da publicação do acórdão se não houver posterior ratificação (aplica-se
o entendimento da súmula 418 do STJ, embora já cancelada); b) Se o recurso foi
apresentado na vigência do CPC/15, aplica-se a súmula 579 do STJ (editada em razão do
cancelamento da súmula 418 do STJ): “não é necessário ratificar o recurso especial
interposto na pendência do julgamento dos embargos de declaração quando inalterado
o julgamento anterior”, ou seja, NÃO é extemporâneo o recurso apresentado antes da
publicação do acórdão, ainda que não haja posterior ratificação.

STF. 1ª Turma. HC 113826, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 10/4/2018 (INFO/STF 897).

EXTENSÃO DOS EFEITOS AO CORRÉU

POSSIBILIDADE OU NÃO DE EXTENSÃO DOS EFEITOS DO RECURSO AO CORRÉU

126. (DJUS) Para o STF, a decisão do recurso interposto por apenas um dos réus,
somente aproveitará aos demais, se os fundamentos não tiverem caráter
exclusivamente pessoal, ambos os réus participarem da mesma relação jurídica
processual e os processos tenham sido objeto de análise pela Corte. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Renato responde a 04 processos criminais, sendo que um deles em concurso com José. A
defesa de José impetrou HC e obteve a revogação da sua prisão, enquanto Renato
permaneceu preso, pois durante as investigações tentou dissipar os ativos financeiros
INFO que possuía em contas secretas no exterior. A defesa de Renato apresentou HC
867/STF pleiteando a extensão da revogação da preventiva de José a todos os processos a que
responde, sob o fundamento do art. 580 do CPP o qual dispões que a decisão de recurso
interposto por um dos réus pode ser aproveitada por outros, desde que os motivos não
tenham caráter exclusivamente pessoal. Para o STF, nessa situação, o pedido deverá ser
indeferido, pois não foram atendidos todos os requisitos do artigo 580 do CPP. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, a decisão do recurso interposto por apenas um dos réus,
somente aproveitará aos demais se: a) os fundamentos não tiverem caráter
exclusivamente pessoal; b) ambos os réus participarem da mesma relação jurídica
processual; e c) os processos tenham sido objeto de análise pela Corte. O artigo 580 do
CPP143 prevê a extensão dos efeitos da decisão do recurso interposto por um dos réus

143
CPP, art. 580. No caso de concurso de agentes (Código Penal, art. 25), a decisão do recurso interposto por um dos réus, se
fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros.

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para os demais corréus, desde que os fundamentos não possuam caráter exclusivamente
pessoal. Embora o Habeas Corpus não seja considerado um recurso, mas sim uma ação
autônoma de impugnação, a ele deve-se dar o mesmo tratamento legislativo, garantindo-
se a equidade. No entanto, a aplicação do art. 580 será admitida se preenchido os
requisitos autorizadores: a) identidade de partes, ou seja, o réu deve integrar a mesma
relação jurídica processual daquele que foi beneficiado em seu recurso; b) idêntica
situação jurídica à do réu beneficiado em recurso, ou seja, as circunstâncias fáticas devem
se comunicar; c) o processo deve ter sido objeto de análise pela Corte, ou seja, só caberá
pedido de extensão de decisão para outros processos se esses foram submetidos à análise
anterior pelo órgão julgador. Nessa situação, os fundamentos utilizados para manutenção
da prisão de Renato possuem caráter exclusivamente pessoal, em outras palavras, não há
identidade de situação jurídica, as circunstâncias são incomunicáveis, o que não autoriza a
extensão dos efeitos da decisão do recurso que revogou a prisão de José. Ademais, não há
identidade de partes em todos os processos, uma vez que José é corréu com Renato em
apenas 01 deles. Estender os efeitos da decisão do recurso de José aos processos
criminais em que Renato não atuou em concurso com José seria aplicar a transcendência
dos motivos determinantes, com o fim de realizar uma análise per saltum, uma verdadeira
supressão de instância, pois esses processos sequer foram analisados, requisito necessário
para autorizar a extensão dos efeitos. Dessa forma, não está presente a identidade de
situação viabilizadora da extensão na forma do art. 580 do CPP.

STF. 1ª Turma. HC 137728 EXTN/PR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 30/5/2017 (INFO/STF 867).

RECURSO VIA E-MAIL

POSSIBILIDADE OU NÃO DE INTERPOSIÇÃO DE RECURSO VIA E-MAIL (EQUIPARADO OU


NÃO A “FAC-SÍMILE”)

127. (DJUS) Para o STF e STJ, não se admite a interposição de recurso exclusivamente
por meio de correio eletrônico, por NÃO ser equipado ou similar a “fac-símile”.
C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Arnaldo foi condenado pelo crime de tráfico de drogas. A defesa após a confirmação de
sua condenação pelo tribunal interpôs, dentro do prazo legal, recurso especial
INFO
exclusivamente através de e-mail, por entender ser este método equiparado ao fac-
857/STF
símile. O STJ não conheceu do especial, considerando-o intempestivo, bem como
interposto por método sem previsão legal, o que motivou a defesa a apresentar HC no
STF, sob o argumento de que foram feridos os princípios constitucionais da economia e
da celeridade processual, além de negar acesso à justiça. Para o STF, nessa situação,
agiu corretamente o STJ, pois não se admite a apresentação de recurso exclusivamente
por e-mail, por não ser método equiparado ao fac-símile. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF e STJ, não se admite a interposição de recurso


exclusivamente por meio de correio eletrônico, por NÃO ser equipado ou similar a “fac-

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símile”. A Lei 9.800/99, que trata da utilização de sistema de transmissão de dados para
prática de atos processuais, dispõe em seu artigo 1º144 que as partes podem se utilizar de
aparelho de “fac-símile” ou OUTRO SIMILAR, para a prática de atos processuais que
dependam de petição escrita. Conduto devem os originais ser entregues em juízo,
necessariamente, até cinco dias da data de término do prazo legal de interposição do
recurso. Ocorre que o CORREIO ELETRÔNICO (e-mail) não se equipara a fac-símile, pois
não lhe é similar, uma vez que é necessária a observância de um endereço que confira
certeza quanto ao recebimento da mensagem e o envio por e-mail não garante a
veracidade das informações, tampouco a certeza de recebimento dele. Ademais, caso
fosse admitido excepcionalmente o protocolo do recurso por e-mail, o requerente não
estaria dispensado de enviar os originais dentro do prazo legal, uma vez que o envio por
e-mail não tem a capacidade de dilatar o prazo para entrega da peça original. Dessa
forma, o STF e STJ não admitem a interposição de recurso exclusivamente por meio de
correio eletrônico.

STF. 1ª Turma. HC 121225/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 14/3/2017 (INFO/STF 857).
STJ. 1ª Turma. AgRg no REsp 1530651/SE, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 27/09/2016.

SUSTENTAÇÃO ORAL

CABIMENTO OU NÃO DE SUSTENTAÇÃO ORAL EM AGRAVO REGIMENTAL EM FACE DE


DECISÃO DE RELATOR

128. (DJUS) É pacífico no STF o entendimento de que cabe sustentação oral em agravo
interno (regimental) contra decisão monocrática de relator que nega seguimento
ao habeas corpus. C/E?

Vejamos a seguinte situação hipotética:

Aldemir, preso preventivamente, acusado de ter cometido crime de peculato e lavagem


INFO de dinheiro, teve seus pedidos de habeas corpus impetrados no TRF e STJ negados. A
937/STF defesa, irresignada (inconformada), impetrou liminar no STF, que foi indeferida pelo
Relator, o qual também negou seguimento ao writ. Dessa decisão a defesa impetrou
INFO agravo regimental, pleiteando a autorização para realização de sustentação oral quando
959/STF do julgamento presencial do agravo. O pedido foi acolhido e a defesa realizou
sustentação oral. Para o STF, nesse caso, é pacífico o entendimento de que cabe
sustentação oral no julgamento do agravo regimental. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STF cabe sustentação oral no julgamento do agravo


regimental? HÁ DIVERGÊNCIA ENTRE AS TURMAS do STF. Para a 1ª TURMA: NÃO; para a
2ª TURMA: SIM. O agravo interno é um recurso cabível contra decisão monocrática de
Relator, no âmbito dos tribunais. Também é conhecido por agravo regimental, por ter
previsão nos regimentos internos dos tribunais estaduais do STJ e STF. É disciplinado por
lei especial (Lei 8.038/90) a qual dispõe no artigo 39 que o prazo do agravo é de 05 dias

144
Lei 9.800/99, art. 1º. É permitida às partes a utilização de sistema de transmissão de dados e imagens tipo fac-símile ou outro
similar, para a prática de atos processuais que dependam de petição escrita.

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(corridos). Aqui não se aplica o CPC que prevê a contagem dos prazos em dias úteis (art.
219 do CPC145). O regimento interno do STF (RISTF) no artigo 131, §2º dispõe que “não
haverá sustentação oral nos julgamentos de agravo, embargos declaratórios, arguição
de suspeição e medida cautelar”. E com base nesse entendimento que a 1ª Turma
entende que NÃO CABE sustentação oral contra decisão monocrática de Relator que nega
seguimento ao HC (STF. 1ª Turma, Rel. Min. Rosa Weber, HC 151881/SP). Contudo, o
artigo 937, §3º, do Código de Processo Civil, dispõe que “caberá sustentação oral no
agravo interno interposto contra decisão de Relator que extinga A AÇÃO RESCISÓRIA,
MANDADO DE SEGURANÇA OU RECLAMAÇÃO”. Com base em interpretação constitucional
do CPC, a 2º Turma considerou que esse dispositivo também se aplica no caso de habeas
corpus, por se tratar de um pedido de writ igual o Mandado de Segurança. Dessa forma,
para a 2º TURMA CABE sustentação oral em agravo regimental contra decisão
monocrática de Relator que negou seguimento em HC. Em meio a essa divergência, cabe
ao Plenário do STF realizar a análise para que seja firmado pela Corte o entendimento que
melhor atenda aos preceitos constitucionais.

STF. 2ª Turma. HC 152676/PR, Rel. Min. Edson Fachin, red. p/ ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 9/4/2019
(INFO/STF 937).
STF. 1ª Turma. HC 151881 AgR/SP, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 12/11/2019 (INFO/STF 959).

RECURSO ESPECIAL ADESIVO

POSSIBILIDADE OU NÃO DE RECURSO ESPECIAL ADESIVO INTERPOSTO PELO MP EM


PROCESSO PENAL

129. (DJUS) Para o STJ, não cabe recurso especial adesivo interposto pelo Ministério
Público em matéria penal em desfavor do réu. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Túlio, foi condenado a 07 anos de reclusão no regime semiaberto, pela prática de uso de
documento falso. Tanto a defesa quanto a acusação apelaram da sentença. Ambos os
recursos foram improvidos. A defesa então interpôs recurso especial, alegando que não
havia prova da autoria e da materialidade e requereu a absolvição do réu. O MP
INFO apresentou contrarrazões e interpôs recurso especial adesivo visando a majoração da
605/STJ pena aplicada. Para o STJ, nessa situação, não deve ser conhecido o recurso especial
adesivo do MP. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STJ, em matéria penal, não deve ser conhecido recurso
especial adesivo interposto pelo Ministério Público que vise efeito desfavorável ao réu.
Dito de outra forma, se apenas a defesa recorreu, não pode haver reforma da sentença
em seu prejuízo. Recurso adesivo, segundo o professor Fredie Didier “é o recurso
contraposto ao da parte adversa, por aquela que se dispunha a não impugnar a decisão, e
só veio a impugná-la porque o fizera o outro litigante”. Ou seja, “não queria recorrer, mas
já que a outras parte recorreu vou recorrer”. Assim dispõe o § 1º, do art. 997, do CPC/15:
“sendo vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir o

145
CPC, art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente os dias úteis. Parágrafo
único. O disposto neste artigo aplica-se somente aos prazos processuais.

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outro”. Contudo, o recurso adesivo possui natureza acessória, subordinado ao


conhecimento do principal (§2º, art. 997, do CPC/15146). Embora o art. 3º do CPP147
autorize a interpretação extensiva, aplicação analógica e suplemento dos princípios gerais
do direito, não se pode admitir a aplicação dessas formas de integração e interpretação
quando estas violem preceitos do mesmo regramento processual penal. Mesmo não
havendo previsão do recurso especial adesivo em processo de matéria penal, ainda que se
admitisse esse recurso adesivo, não poderia ser utilizado em prejuízo do réu, visto que só
a defesa recorreu (art. 617 do CPP148) e o conhecimento do recurso adesivo pode vir a
acarretar uma reformatio in pejus indireta. Dessa forma, a admissão de recurso especial
adesivo do MP que veicule pedido em desfavor do réu viola a norma do art. 617 do CPP.

STJ. 6ª Turma. REsp 1.595.636-RN, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 2/5/2017 (INFO/STJ 605).

EMBARGOS INFRINGENTES

QUANTIDADE DE VOTOS DIVERGENTES MÍNIMO PARA OS EMBARGOS INFRINGENTES


SEREM CONHECIDOS

130. (DJUS) Para o STF, estejam ou não presentes os 05 Ministros que compõe a Turma
responsável pelo julgamento da decisão atacada, bastará a existência de UM
VOTO absolutório em sentido próprio, para que seja cabível Embargos
Infringentes. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

INFO Lessa, condenado pela prática do crime de calúnia eleitoral, apresentou Recurso de
920/STJ apelação, o qual por maioria de votos (3 x 1) não foi provido. Contra essa decisão a
defesa apresentou embargos infringentes, que em decisão monocrática não foi
INFO conhecido uma vez que só havia 01 voto absolutório. A defesa interpôs agravo
898/STF regimental contra a decisão do Relator, sustentando que os embargos infringentes
devem ser conhecidos, mesmo só havendo 01 voto absolutório, pois na sessão de
julgamento só 04 Ministros estavam presentes. Para o STF, nessa situação, ainda assim,
o recurso não deve ser conhecido, pois é imprescindível a existência de 02 votos
absolutórios para admissibilidade dos embargos. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STF, quando não estiverem presentes os 05 Ministros que
compõe a Turma responsável pelo julgamento da decisão atacada, bastará a existência
de UM VOTO absolutório em sentido próprio, para que seja cabível Embargos

146
CPC, art. 997. Cada parte interporá o recurso independentemente, no prazo e com observância das exigências legais. § 1º Sendo
vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir o outro. § 2º O recurso adesivo fica subordinado ao
recurso independente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas regras deste quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no
tribunal, salvo disposição legal diversa, observado, ainda, o seguinte: I - será dirigido ao órgão perante o qual o recurso
independente fora interposto, no prazo de que a parte dispõe para responder; II - será admissível na apelação, no recurso
extraordinário e no recurso especial; III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal ou se for ele considerado
inadmissível.
147
CPP, art. 3º. A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos
princípios gerais de direito.
148
CPP, art. 617. O tribunal, câmara ou turma atenderá nas suas decisões ao disposto nos arts. 383, 386 e 387, no que for aplicável,
não podendo, porém, ser agravada a pena, quando somente o réu houver apelado da sentença.

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Infringentes, entretanto, se houver a participação dos 05 ministros esse quórum mínimo


será de 02 VOTOS. O Regimento Interno do STF dispõe em seu art. 333 sobre o cabimento
de embargos infringentes em face de acórdão condenatório não unânime do Plenário ou
da Turma. O Plenário é composto por 11 Ministros e o parágrafo único do art. 333 do
Regimento previu a necessidade de no mínimo 04 votos divergentes em sua decisão para
que sejam cabíveis os embargos infringentes. Porém, no caso das Turmas, que são
compostas por 05 Ministros (art. 4º, do RISTF), os embargos serão admissíveis, por
analogia, desde que sejam proferidos 02 votos absolutórios, em sentido próprio. Contudo,
na hipótese de ausência de algum Ministro na sessão de julgamento na Turma, o réu não
poderá ser penalizado, considerando-se o voto do Ministro ausente em seu desfavor.
Nessa hipótese, caso o julgamento do mérito da ação penal seja realizado por 04 ou 03
Ministros devem ser admissíveis os embargos com apenas 01 voto absolutório em sentido
próprio, tendo em vista a absoluta impossibilidade de preenchimento deste requisito
quando não estiverem presentes os 05 Ministros que compõem a Turma. Mas o que é o
voto absolutório em sentido próprio? É o voto no sentido de ABSOLVIÇÃO sem nenhuma
sanção ao acusado, não reconhecendo a pretensão punitiva. Em suma, para o STF, para a
admissibilidade dos embargos infringentes contra decisão condenatória não unânime
proferida por Turmas da Corte é necessário, EM REGRA, apenas 02 votos absolutórios,
SALVO se na sessão de julgamento não comparecer os 05 Ministros, bastando, nesse
caso, apenas 01 voto absolutório para admissibilidade dos embargos infringentes.

STF. Plenário. AP 929 ED-2º julg-EI/AL, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 17/10/2018 (INFO/STF 920).
STF. Plenário. AP 863 EI-AgR/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 18 e 19/4/2018; HC 152707/DF, Rel. Min. Dias
Toffoli, julgado em 18 e 19/4/2018 (INFO/STF 898).

15. HABEAS CORPUS


DECISÃO DE MINISTRO RELATOR

CABE OU NÃO HABEAS CORPUS CONTRA DECISÃO DE MINISTRO RELATOR?

131. (DJUS) Para o STF, não cabe habeas corpus contra decisão de Ministro relator que
determina a prisão preventiva do paciente, independente de tal decisão haver
sido proferida em sede de habeas corpus ou proferida em sede de recursos em
geral. C/E?

Vejamos a seguinte situação hipotética:


INFO Joãozinho teve sua prisão preventiva decretada por decisão de Ministro relator. Em
964/STF
razão disso, impetrou HC contra a decisão proferida, requerendo sua liberdade. Nessa
situação, para o STF, não é cabível o habeas corpus impetrado por Joãozinho,
SÚMULA independente da decisão do Ministro relator haver sido proferida em sede de habeas
606/STF corpus ou proferida em sede de recursos em geral. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, NÃO CABE habeas corpus contra decisão de Ministro
relator que determina a prisão preventiva do paciente, independente de tal decisão
haver sido proferida em sede de habeas corpus ou proferida em sede de recursos em
geral. Isso porque, é legítima a decisão monocrática de Relator que nega seguimento a
habeas corpus manifestamente inadmissível, por expressa permissão do art. 21, § 1º, do

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149
Regimento Interno do STF . O caminho natural e adequado para, nesses casos, provocar
a manifestação do colegiado é o agravo interno (art. 39 da Lei 8.038/1990150 e art. 317 do
RISTF151), e não outro habeas corpus, aplicando-se a jurisprudência pacífica do Supremo
Tribunal Federal no sentido do não cabimento de habeas corpus com fundamento, por
analogia, no Enunciado 606 da Súmula do STF: “Não cabe habeas corpus originário para o
Tribunal Pleno de decisão de Turma, ou do Plenário, proferida em habeas corpus ou no
respectivo recurso.”.
STF. Plenário. HC 162285 AgR/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 19/12/2019 (INFO/STF 964).

TRANSAÇÃO PENAL

TRANSAÇÃO PENAL E PERDA OU NÃO DE OBJETO DO HABEAS CORPUS IMPETRADO


ANTERIORMENTE

132. (DJUS) Para o STF, a realização de acordo de transação penal não enseja a perda
de objeto de habeas corpus anteriormente impetrado. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Pedro foi denunciado pela prática de lesão corporal dolosa. O juiz recebeu a denúncia e
a defesa impetrou habeas corpus no Tribunal, apontando a inépcia da denúncia e
ausência de justa causa para a ação penal. Posteriormente, ao analisar melhor os fatos,
o MP entendeu que houve lesões corporais culposas, infração de menor potencial
ofensivo, ocasião em que pediu a desclassificação do crime, pleito que foi aceito pelo
INFO
juiz. Em razão disso, o MP ofereceu transação penal, medida aceita pelo paciente,
964/STF
havendo homologação do acordo pelo juiz, que tornou sem efeito a decisão de
recebimento da denúncia. O Tribunal, portanto, em razão da celebração do referido
acordo, julgou prejudicado o habeas corpus. Nessa situação, para o STF, o Tribunal deve
analisar o mérito do HC, visto que a realização de acordo de transação penal não enseja
a perda de objeto de habeas corpus anteriormente impetrado. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, a realização de acordo de transação penal (art. 76 da Lei
9.099/95152) NÃO ENSEJA a perda de objeto de habeas corpus anteriormente impetrado.
Isso porque, não se pode permitir que o aceite à transação penal inviabilize o
questionamento judicial à persecução penal. Ou seja, não se pode aceitar que um habeas
corpus seja declarado prejudicado em razão da aceitação posterior à barganha penal.
Ademais, não há qualquer disposição em lei que imponha a desistência de recursos ou

149
RISTF, art. 21. São atribuições do Relator: (...) § 1º Poderá o(a) Relator(a) negar seguimento a pedido ou recurso manifestamente
inadmissível, improcedente ou contrário à jurisprudência dominante ou à súmula do Tribunal, deles não conhecer em caso de
incompetência manifesta, encaminhando os autos ao órgão que repute competente, bem como cassar ou reformar, liminarmente,
acórdão contrário à orientação firmada nos termos do art. 543-B do Código de Processo Civil.
150
Lei 8.038/90, art. 39. Da decisão do Presidente do Tribunal, de Seção, de Turma ou de Relator que causar gravame à parte,
caberá agravo para o órgão especial, Seção ou Turma, conforme o caso, no prazo de cinco dias.
151
RISTF, art. 317. Ressalvadas as exceções previstas neste Regimento, caberá agravo regimental, no prazo de cinco dias de decisão
do Presidente do Tribunal, de Presidente de Turma ou do Relator, que causar prejuízo ao direito da parte.
152
Lei 9.099/95, art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de
arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada
na proposta.

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ações em andamento ou determine a renúncia ao direito de acesso à Justiça. Ainda que o


réu se conforme com a acusação e aceite a imposição da pena com o benefício proposto
(pressupondo, corretamente, a voluntariedade do réu), não se pode aceitar que o poder
punitivo estatal seja exercido sem o devido controle judicial, afinal, o acordo firmado é
submetido à homologação judicial. É nessa homologação que o julgador irá realizar
controle sobre a legitimidade da persecução penal, de modo que casos de manifesta
atipicidade da conduta narrada, extinção da punibilidade do imputado ou evidente
inviabilidade da denúncia por ausência de justa causa acarretará a não homologação da
proposta, ainda que tenha sido aceitada pelo réu. Cumpre destacar que, em casos de
manifesta ilegalidade, o HC é meio legítimo para impugnar a imposição de pena pelo
Estado. O ato de homologação judicial do acordo é o momento em que o juiz de primeiro
grau deve realizar o controle sobre a sua legalidade e a legitimidade da potencial
persecução penal. Porém, tal ato igualmente pode ser objeto de habeas corpus para o
controle por tribunal superior. Assim, a impetração anterior de habeas corpus que aponte
ausência de justa causa, por exemplo, não deve ser prejudicada em razão da transação
penal firmada entre o agente e o MP em momento posterior. Dessa forma, o controle
judicial (homologação) não pode ser meramente formal e mecânico, ao passo que a
imposição de uma pena pelo Estado, ainda que consentida pelo imputado, deve ocorrer
de modo legítimo e em conformidade com os direitos fundamentais previstos
constitucionalmente. ATENÇÃO! Para o STJ, a superveniência de transação penal antes
do julgamento de habeas corpus que visa ao trancamento da ação penal IMPEDE o seu
julgamento. (STJ, 6ª Turma. HC 495.148-DF, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado
em 24/09/2019. INFO/STJ 657). Verifica-se, portanto, que, para o STJ (entendimento
diverso), o HC restaria prejudicado, pois, celebrada a transação penal, obsta-se a
persecução penal em juízo, ou seja, não haverá ação penal. Por fim, insta salientar que a
transação penal é um benefício/acordo previsto na Lei 9.099/95 (art. 76) que permite,
antes do início da fase processual (antes do oferecimento da denúncia ou queixa), a
celebração de acordo entre o MP (ou a vítima, nos casos de ação penal privada) e o
agente da infração penal, em que NÃO haverá a PERSECUÇÃO PENAL, pois o autor da
ação penal deixará de oferecer a denúncia (ou queixa) mediante a aceitação pelo acusado
de cumprir outras condições (ex.: prestação de serviço, pagamento de quantia a entidades
filantrópicas, etc.), quando se tratar de crime de menor potencial ofensivo e atendidos os
demais requisitos legais. São considerados crime de menor potencial ofensivo as
contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 02
anos, cumulada ou não com multa (art. 61, da Lei 9.099/95153).

STF. 2ª Turma. HC 176785/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 17/12/2019 (INFO/STF 964).

153
Lei 9.099/95, art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções
penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.

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TRANSAÇÃO PENAL

SUPERVENIÊNCIA DE TRANSAÇÃO PENAL IMPEDE OU NÃO IMPETRAÇÃO DE HABEAS


CORPUS?

133. (DJUS) Para o STJ, a superveniência de transação penal antes do julgamento de


habeas corpus que visa ao trancamento da ação penal impede o seu julgamento.
C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Adriano foi denunciado por ter, em tese, cometido o crime de lesão corporal (art. 129,
do CP). Ocorre que após a denúncia a defesa impetrou habeas corpus, alegando que a
inépcia da inicial e a falta de justa causa para a ação penal. Após o recebimento da
denúncia e antes que o HC fosse julgado, o Ministério Público alterou a acusação,
atribuindo nova capitulação ao fato cometido por Adriano (art. 129, §6º, do CP – lesão
corporal culposa) o que acarretou na celebração da transação penal. Para o STJ, nessa
situação, o HC está prejudicado, pois não haverá instauração da persecução penal em
juízo. C/E?
INFO
657/STJ
COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STJ, a superveniência de transação penal antes do julgamento


de habeas corpus que visa ao trancamento da ação penal impede o seu julgamento.
Celebrada a transação penal, obsta-se a persecução penal em juízo, ou seja, não haverá
ação penal. Isso porque, a transação penal é um benefício previsto na Lei 9.099/95 (art.
76) que permite, antes do início da fase processual (antes do oferecimento da denúncia
ou queixa), a celebração de acordo entre o MP (ou a vítima, nos casos de ação penal
privada) e o agente da infração penal, em que NÃO haverá a PERSECUÇÃO PENAL, pois o
autor da ação penal deixará de oferecer a denúncia (ou queixa) mediante a aceitação pelo
acusado de cumprir outras condições (ex.: prestação de serviço, pagamento de quantia a
entidades filantrópicas, etc.), quando se tratar de crime de menor potencial ofensivo e
atendidos os demais requisitos legais. São considerados crime de menor potencial
ofensivo as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não
superior a 02 anos, cumulada ou não com multa (art. 61, da Lei 9.099/95154). Ademais, se
não há ação penal, não há objeto para justificar a impetração de HC que vise ao
trancamento da ação penal. Ampliando o tema, a Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime),
acrescentou o art. 28-A155 ao Código de Processo Penal e inseriu mais uma hipótese de

154
Lei 9.099/95, art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções
penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.
155
CPP, Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e circunstancialmente a prática de
infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor
acordo de não persecução penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes
condições ajustadas cumulativa e alternativamente: I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de
fazê-lo; II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como instrumentos, produto ou proveito
do crime; III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena mínima cominada ao delito
diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 (Código Penal); IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei nº 2.848,
de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo da execução, que
tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou V

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cabimento do benefício despenalizador (acordo de não persecução penal), considerando


os crimes cometidos sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 04
anos, desde que atendidas as condições legais. ATENÇÃO! Já para o STF, a realização de
acordo de transação penal (art. 76 da Lei 9.099/95156) NÃO ENSEJA a perda de objeto de
habeas corpus anteriormente impetrado. Isso porque, não se pode permitir que o aceite
à transação penal inviabilize o questionamento judicial à persecução penal.

STJ. 6ª Turma. HC 495.148-DF, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 24/09/2019 (INFO/STJ 657).

DECISÃO MONOCRÁTICA

CABIMENTO OU NÃO DE HABEAS CORPUS CONTRA DECISÃO MONOCRÁTICA DE


MINISTRO DO STJ

134. (DJUS) Para o STF, não cabe impetração de habeas corpus no STF para impugnar
decisão monocrática de relator do STJ que negou pedido liminar em habeas
corpus. C/E?

Vejamos a seguinte situação hipotética:

Pereirinha foi preso preventivamente acusado da prática de corrupção passiva, lavagem


de dinheiro e de organização criminosa. A defesa impetrou HC no TRF, o qual foi
denegado. Insatisfeita, impetrou novo HC com pedido liminar no STJ, alegando a
ilegalidade da prisão cautelar por falta de elementos concretos e fundamentos idôneos
INFO no decreto prisional, requerendo a revogação da preventiva. O Relator indeferiu o
868/STF pedido liminar e antes do julgamento do mérito, a defesa impetrou novo HC com pedido
liminar no STF sob os mesmos fundamentos. Para o STF, nessa situação, não cabe
INFO habeas corpus. C/E?
862/STF
COMENTÁRIO
SÚMULA
691/STF Gabarito: CERTO. Para o STF, NÃO cabe habeas corpus contra decisão monocrática de
relator do STJ que nega pedido liminar em habeas corpus, nos termos da súmula 691 do
STF: “Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus impetrado
contra decisão do Relator que, em habeas corpus requerido a tribunal superior, indefere
a liminar”. Trata-se de caso em que o mérito do habeas corpus ainda está pendente de
julgamento, não cabendo a impetração de outro habeas corpus. Do indeferimento do
pedido liminar do HC ainda caberia agravo interno para o Colegiado, não ocorrendo,
portanto, o encerramento da instância, o que impede o conhecimento do HC pelo STF,
pois do contrário ocorreria a supressão de instância. No entanto, esse posicionamento
vem sendo mitigado pela jurisprudência da própria Corte, quando diante de decisões
teratológicas, de flagrante ilegalidade ou de abuso de poder que venham a ser
constatadas no processo. Ante a ausência dessas premissas, não há o que se falar em
ilegalidade passível de levar o STF a conhecer do writ antes do julgamento do mérito do
mesmo remédio em 2º instância. Assim, sob pena de se configurar indevidamente o

- cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde que proporcional e compatível com a
infração penal imputada.
156
Lei 9.099/95, art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de
arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada
na proposta.

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exercício da jurisdição per saltum, não se deve conhecer do HC que ainda se encontre
pendente de julgamento em instância inferior. Dessa forma, é impossível que o STF dê
seguimento ao writ contra decisão do relator que, em HC requerido a Corte Especial,
indeferiu a liminar.

STF. 2ª Turma. HC 143476/RJ, rel. orig. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
6/6/2017 (INFO/STF 868).
STF. 1ª Turma. HC 139612/MG, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 25/4/2017 (INFO/STF 862).

DECISÃO MONOCRÁTICA

CABIMENTO OU NÃO DE HABEAS CORPUS ORIGINÁRIO CONTRA DECISÃO


MONOCRÁTICA DE MINISTRO DO STF

135. (DJUS) Para o STF, cabe impetração de habeas corpus para impugnar decisão
monocrática de ministro do STF que determinou a prisão preventiva do paciente.
C/E?

Vejamos a seguinte situação hipotética:

Cesinha, nacional argentino, impetrou habeas corpus originário com pedido liminar
contra decisão monocrática de relator do STF que determinou sua prisão preventiva
INFO para posterior extradição. Para o STF, nessa situação, o HC deve ser conhecido. C/E?

865/STF COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STF, NÃO cabe habeas corpus originário contra decisão
monocrática de ministro do STF que determinou a custódia cautelar do paciente. O
enunciado da Súmula 606 do STF dispõe que “não cabe habeas corpus originário para o
Tribunal Pleno de decisão de Turma, ou do Plenário, proferida em habeas corpus ou no
respectivo recurso”. Embora essa súmula não tenha previsto a proibição de HC em face de
decisão monocrática de relator, a jurisprudência do STF é firme nesse sentido, não
admitindo o writ ainda que contra decisão monocrática (HC 86.548). Dessa forma, nesse
caso, não cabe HC originário contra decisão monocrática de relator do STF.

STF. Plenário. HC 115787/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 18/5/2017
(INFO/STF 865).

AGRAVO REGIMENTAL E DECISÃO DE RELATOR

CABIMENTO OU NÃO DE AGRAVO REGIMENTAL EM FACE DE DECISÃO DE RELATOR EM


HABEAS CORPUS
INFO
136. (DJUS) Para o STF, não cabe agravo regimental contra decisão de relator que em
914/STF
sede de habeas corpus, motivadamente, defere ou indefere pedido liminar. C/E?
SÚMULA
Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):
691/STF
Alan teve decretada sua prisão preventiva com fundamento descrito de forma genérica
e imprecisa quanto a sua conduta, não deixando claro o delito a ele imputado. O relator
do TRF indeferiu o pedido liminar em habeas corpus impetrado pela defesa que alegou

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constrangimento ilegal do decreto. Após indeferimento a defesa impetrou HC com


pedido liminar no STJ, também indeferido pelo Relator com base na súmula 691 do STF
que não admite HC requerido a tribunal superior contra decisão de Relator que
indeferiu a liminar. Por fim, a defesa interpôs habeas corpus com pedido liminar no STF.
O Relator conheceu do pedido liminar e concedeu a liberdade ao acusado acatando a
tese da defesa da ocorrência de constrangimento ilegal. O PGR interpôs agravo
regimental contra essa decisão requerendo o restabelecimento da prisão preventiva,
alegando a violação da Súmula 691, do STF. O agravo interno não foi conhecido pelo
Relator. Para o STF, nessa situação, o relator agiu corretamente. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, NÃO cabe agravo regimental contra decisão de relator que
em sede de habeas corpus, motivadamente, defere ou indefere pedido liminar. Embora
a súmula 691 do STF disponha que “Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer
de habeas corpus impetrado contra decisão do Relator que, em habeas corpus requerido a
tribunal superior, indefere a liminar”, este enunciado foi superado, no caso concreto, em
razão da flagrante ilegalidade ou teratologia que configurou o constrangimento ilegal ao
acusado. A presente súmula previne a supressão de instância, o que ocorreu no caso em
concreto. Contudo, em razão da flagrante ilegalidade ocorrida no decreto prisional que
subsidiou a decretação da preventiva o enunciado sumular foi mitigado, uma vez que a
liberdade de um suspeito de praticar crimes somente poderá sofrer restrições se a decisão
judicial for devidamente fundamentada. Dessa forma, não cabe agravo regimental contra
decisão de Relator que deferiu motivadamente pedido liminar em sede de habeas corpus.
Cumpre frisar que esse também é o entendimento do STJ.

STF. 2ª Turma. HC 157.604/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4/9/2018 (INFO/STF 914).
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 445.206/GO, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 15/05/2018.
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 463.728/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 02/10/2018.

INDEFERIMENTO MONOCRÁTICO DE LIMINAR

CABIMENTO OU NÃO DE HABEAS CORPUS CONTRA INDEFERIMENTO MONOCRÁTICO DE


PEDIDO LIMINAR

137. (DJUS) Para o STF, não cabe habeas corpus contra o indeferimento do Relator de
pedido liminar em recurso. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Patrícia foi condenada pela prática de homicídio doloso a 15 anos de reclusão em


INFO
regime fechado. Após a condenação o Ministério Público requereu a execução
872/STF
provisória da pena, o que foi deferido. A defesa recorreu da decisão, pugnando
liminarmente pela concessão do efeito suspensivo ao recurso, pedido que foi indeferido
pelo Relator. A negativa levou a defesa a impetração de Habeas Corpus contra esse
indeferimento. Para o STF, nesse caso, não cabe HC contra a decisão atacada. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, NÃO cabe habeas corpus contra o indeferimento do

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Relator de pedido liminar em recurso. Em outras palavras, o instrumento utilizado não foi
o correto. Da decisão monocrática de Relator, no âmbito dos Tribunais, cabe o recurso de
agravo interno que também é conhecido por agravo regimental, por ter previsão nos
regimentos internos dos tribunais estaduais, no STJ e no STF. Além do mais, é
imprescindível que haja julgamento definitivo no âmbito do Tribunal respectivo, evitando-
se a supressão de instância. Aplica-se por analogia a Súmula 691 do STF: “não compete ao
STF conhecer de HC impetrado contra decisão de relator que, em HC requerido a tribunal
superior, indefere a liminar”. Ou seja, além do HC não ser o instrumento hábil a impugnar
a decisão monocrática, não caberia ao STF conhecer do HC, pois ainda não se exauriu a
instância anterior, gerando a supressão de instância. Ademais, em regra, o recurso
especial não possui efeito suspensivo e negá-lo não torna a decisão teratológica. Por fim,
não há o que se falar em constrangimento ilegal, por se dar início, após encerramento da
instância ordinária, a execução provisória da pena, ainda que pendente recurso especial
ou extraordinário. Não há violação ao princípio da presunção de inocência.

STF. 1ª Turma. HC 138633/RJ, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
8/8/2017 (INFO/STF 872).

SENTENÇA TRANSITADA EM JULGADO

CABIMENTO OU NÃO DE HABEAS CORPUS EM FACE DE SENTENÇA PENAL TRANSITADA


EM JULGADO

138. (DJUS) Para o STF, cabe habeas corpus contra sentença penal transitada em
julgado. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Obiratan, condenado a 04 anos de reclusão em regime semiaberto, por ter praticado o


crime de trabalho escravo, teve sua apelação negada pelo TRF que não enfrentou toda a
matéria alegada pela defesa. Sucessivamente interpôs recurso especial, alegando a
nulidade, porém o recurso também foi inadmitido e a sentença transitou em julgado. A
INFO defesa então impetrou HC no STF. Para o STF, nessa situação, o HC é cabível, devendo
892/STF ser conhecido o remédio constitucional para a apreciado do mérito. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, CABE habeas corpus contra sentença penal transitada em
julgado, devendo ser conhecido o remédio constitucional para a apreciação do mérito. É
cediço que o habeas corpus é um remédio constitucional que protege a liberdade de ir e
vir do indivíduo. Ademais, O art. 648, VI, do CPP157 autoriza a impetração do writ quando o
processo for manifestamente nulo. Nesse passo, embora a regra seja de que não cabe o
HC contra sentença penal transitada em julgado, por falta de previsão legal, o STF admite
a sua impetração por ser uma via impugnatória mais CÉLERE E BENÉFICA ao condenado.
Negar o conhecimento desse remédio dificultaria a defesa do acusado que se encontre
preso decorrente de condenação que alega ser manifestamente ilegal. O que se discute é
apenas o CONHECIMENTO DO HC e não a sua concessão, que será analisado no mérito.
157
CPP, Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal: (...) VI - quando o processo for manifestamente nulo; (...).

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Dessa forma, alegada manifesta nulidade absoluta da decisão judicial, ainda que esta
transite em julgado, admite-se a impetração de HC, que inclusive poderá ter concedida a
ordem de ofício pelo STF.

STF. 2ª Turma. RHC 146327/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 27/2/2018 (INFO/STF 892).

REMESSA AO PLENÁRIO DO STF

POSSIBILIDADE OU NÃO DE REMESSA DE HABEAS CORPUS AO PLENÁRIO DO STF PELO


RELATOR

139. (DJUS) Para o STF, o Relator não pode remeter, de forma discricionária e
independente de fundamentação específica, o habeas corpus ao Plenário para
julgamento, mas sim enviá-lo para uma das turmas da Corte para esse fim. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Antônio, preso preventivamente, acusado de praticar o crime de corrupção passiva e


lavagem de dinheiro, teve seu habeas corpus denegado pelo TRF. Em sequência a defesa
impetrou HC no STJ, que denegou a ordem e manteve a prisão. Insatisfeita, a defesa
impetrou novamente HC no STF contra a decisão do STJ. O relator ao receber o writ, ao
invés de enviá-lo para a turma respectiva, remeteu o writ ao Plenário para julgamento.
Para o STF, nessa situação, o relator não agiu corretamente, pois deveria
obrigatoriamente ter remetido o remédio constitucional para uma das Turmas e não
INFO
para o plenário da Corte. C/E?
897/STF
COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STF, o Relator pode remeter, de forma discricionária e


independente de fundamentação específica, o habeas corpus ao Plenário para
julgamento ao invés de enviá-lo para uma das turmas da Corte. Em outras palavras, o
relator pode optar em remeter o HC para a Turma ou para o Plenário. Trata-se de uma
atribuição discricionária do relator, independente de fundamentação. Isso é possível
porque está expresso no artigo 21, XI, do Regimento Interno do STF: “São atribuições do
Relator: remeter habeas corpus ou recurso de habeas corpus ao julgamento do Plenário”.
O regimento interno dos Tribunais é considerado norma de idêntica categoria às leis e em
matéria processual quanto ao funcionamento dos tribunais, deve prevalecer. Embora o
regimento admita a atuação da Corte de forma fracionária (Turmas), Unipessoal (relator)
e Colegiada (Pleno), a missão constitucional da Corte é alcançada em sua integralidade
quando exercitada pela composição plenária. Existem determinadas matérias que são
atribuídas pela Constituição (CF, artigos 97158; 102159, § 3º e 103-A160, Súmula Vinculante
10) ao Pleno e outras ao órgão especial (Turma), porém, não subtraiu do Plenário o exame

158
CF, art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os
tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.
159
CF, art. 102 (...) § 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais
discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela
manifestação de dois terços de seus membros.
160
CF, art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus
membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa
oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas
esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.

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de nenhuma matéria. Dessa forma, é possível a remessa de HC ao Plenário, pelo Relator,


por expressa previsão legal (art. 21, XI, do RISTF), diretamente e de forma discricionária,
independente de motivação da remessa.

STF. Plenário. HC 143333/PR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 11 e 12/4/2018 (INFO/STF 897).

HC APÓS SENTENÇA CONDENATÓRIA

POSSIBILIDADE OU NÃO DE CONHECIMENTO DO HC APÓS SUPERVENIÊNCIA DE


SENTENÇA CONDENATÓRIA

140. (DJUS) Para o STF, a superveniência da sentença condenatória não prejudica o


conhecimento do habeas corpus que foi impetrado anteriormente. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Antônio foi preso preventivamente acusado de praticar o crime de corrupção passiva e


lavagem de dinheiro. A defesa impetrou habeas corpus, mas antes de ser julgado
sobreveio sentença que condenou Antônio a 12 anos de reclusão em regime fechado.
Para o STF, nessa situação, o conhecimento do HC não foi prejudicado. C/E?

INFO COMENTÁRIO
897/STF
Gabarito: ERRADO. Para o STF, a superveniência da sentença condenatória PREJUDICA o
conhecimento do habeas corpus que foi impetrado anteriormente. Dito de outra forma,
se antes do julgamento do HC, sobrevier sentença condenatória que mantém a prisão do
réu, o HC não será mais analisado. Esse entendimento é do Pleno do STF, o qual colocou
um fim na divergência entre a 1ª e 2ª Turmas. A superveniência de sentença condenatória
acarreta a modificação do debate processual, alterando o título prisional originário, que
nesse caso foi a prisão preventiva. Ou seja, o HC impetrado tinha por fim atacar o decreto
de prisão cautelar. O HC não é mais instrumento adequado a impugnar a sentença, uma
vez que não se presta a reexame de provas e discussões fáticas. Contudo, essa realidade
processual não impede que seja concedida a ordem de ofício se configurada a ilegalidade
flagrante ou se a decisão judicial tiver sido teratológica (absurda).

STF. Plenário. HC 143333/PR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 11 e 12/4/2018 (INFO/STF 897).

HABEAS CORPUS COLETIVO

POSSIBILIDADE OU NÃO DE HABEAS CORPUS COLETIVO

141. (DJUS) Para o STF, é cabível a impetração de habeas corpus coletivo. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):


INFO
891/STF
A Defensoria Pública da União impetrou habeas corpus coletiva no STF em favor de
todas as mulheres gestantes, puérperas ou mães de crianças (até 12 anos) sob sua
responsabilidade presas preventivamente. A DPU alegou que essas mulheres fazem
parte de um grupo social vulnerável e que as prisões preventivas estão sendo cumpridas
em situações degradantes, privando-as de acesso a programas de saúde pré-natal,
assistência regular na gestação e no pós-parto e impedindo que as crianças tenham

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condições adequadas ao seu desenvolvimento. Para o STF, nessa situação, é cabível a


impetração de habeas corpus coletivo, devendo este ser conhecido e analisado seu
mérito. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. De acordo com o STF, é cabível a impetração de habeas corpus


coletivo. O habeas corpus é um instrumento que protege o direito de liberdade do
homem. Esse remédio constitucional deve ter a maior abrangência possível para
assegurar o seu fim maior que é a garantida do direito de ir e vir, seja individual ou de um
grupo determinado de pessoas. Assim, deve-se buscar a máxima efetividade do remédio,
com a facilitação do acesso à justiça. O artigo 654 do CPP161 dispõe que qualquer pessoa
poderá impetrar o HC, em seu favor ou de outrem, bem como o Ministério Público. Pode,
ainda, ser concedido de ofício pelo juiz e tribunais quando presentes a coação ilegal do
indivíduo. O presente habeas corpus coletivo visou proteger determinado grupo social em
situação de vulnerabilidade, motivo pelo qual a legitimidade ativa deve ser estendida à
Defensoria Pública da União, por se tratar de ação de abrangência nacional. Embora não
exista previsão legal quanto ao cabimento de HC coletivo, o Supremo aplicou por
ANALOGIA a Lei 13.300/16 (Lei de mandado de injunção individual e coletivo), a qual no
art. 12 autoriza a impetração de mandado de injunção coletivo pela Defensoria Pública. O
cabimento do HC está pautado na defesa da liberdade de locomoção de determinado
grupo de pessoas, que tiveram os seus direitos maciçamente violados e por ser este writ o
instrumento mais célere, simples e efetivo a tutelar esses direitos lesionados. A relevância
constitucional da matéria atrai a competência do STF, que reconheceu o Estado de Coisas
Inconstitucional do sistema prisional, em decorrência das graves, generalizadas e
sistemáticas violações de direitos fundamentais da população carcerária. Dessa forma,
como se admite o mandado de segurança coletivo, bem como só é cabível MS quando não
cabe HC, por dedução, é possível o habeas corpus coletivo pelo entendimento do Ministro
Dias Toffoli.

STF. 2ª Turma. HC 143641/SP. Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/2/2018 (INFO/STF 891).

MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO

CABIMENTO OU NÃO DE HABEAS CORPUS CONTRA FIXAÇÃO DE MEDIDAS CAUTELARES


DIVERSAS DA PRISÃO

142. (DJUS) Para o STF, cabe habeas corpus em face de medidas cautelares de natureza
INFO criminal diversas da prisão. C/E?
888/STF
Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

José, Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, foi denunciado por ter cometido em
tese o crime de peculato e associação criminosa. Recebida a denúncia, a Corte Especial
impôs medida cautelar diversa da prisão, suspendendo o acusado do exercício de sua

161
CPP, art. 654. O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem, bem como pelo
Ministério Público.

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função de Conselheiro até a conclusão final do processo, bem como a proibição de


entrar nas dependências privativas de trabalho do TCE, utilizar os veículos e receber
vantagens que decorram do exercício da função. Em razão dessa decisão a defesa
impetrou habeas corpus no STF pleiteando a reintegração do acusado às funções. Para o
STF, nessa situação, admite-se a impetração de habeas corpus para esse fim, devendo o
writ ser conhecido e analisado seu mérito. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, o habeas corpus pode ser impetrado para impugnar
medidas cautelares de natureza criminal diversas da prisão. O Habeas Corpus tem como
finalidade a proteção da pessoa contra medidas que a privem de liberdade de locomoção,
ou de permanência (art. 5º, LXVIII, da CF). Nesse passo, não seria a via correta para se
impugnar decisão que fixou medidas cautelares diversas da prisão, já que não estaria em
jogo a liberdade de ir e vir do indivíduo. No entanto, no caso em que a medida cautelar
fixada atinja interesses importantes da pessoa física, diversos dos patrimoniais, o STF
admite a impetração desse writ. Não se trata de retomada da “doutrina brasileira do
habeas corpus”, em outras palavras, não quer dizer que esteja sendo retomado o
cabimento do HC de forma ampla, admitindo-se a ação como remédio para afirmar
qualquer direito líquido e certo. Contudo, existem medidas cautelares diversas da prisão,
como no caso aplicado (suspensão do exercício da função), que precisam de análise o
mais breve possível. De fato, as medidas cautelares diversas da prisão (art. 319, do CPP)
são menos gravosas do que a prisão cautelar, porém, em específico, as medidas impostas
nesse caso são onerosas ao acusado, pois podem acarretar a sua conversão em prisão
cautelar em caso de descumprimento (art. 312, parágrafo único, do CPP162). Dessa forma,
cabível a impetração de HC contra medidas cautelares de natureza criminal diversas da
prisão e que atinge relevante interesse do acusado, pois uma vez descumpridas podem
ocasionar a prisão do indivíduo.

STF. 2ª Turma. HC 147426/AP e HC 147303/AP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgados em 18/12/2017 (INFO/STF 888).

PENA NÃO PRIVATIVA DE LIBERDADE

CABIMENTO OU NÃO DE HABEAS CORPUS PARA DISCUTIR CRIME QUE NÃO COMINA
PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE

INFO 143. (DJUS) Para o STF, não cabe habeas corpus para se discutir crime que não enseja
887/STF pena privativa de liberdade. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Vieirinha responde a processo no juizado especial criminal sob acusação de ter

162
CPP, art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por
conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício
suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019). § 1º A
prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de
outras medidas cautelares (art. 282, § 4º). (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019). § 2º A decisão que decretar a prisão
preventiva deve ser motivada e fundamentada em receio de perigo e existência concreta de fatos novos ou contemporâneos que
justifiquem a aplicação da medida adotada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019).

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praticado o crime de posse de drogas para consumo pessoal (art. 28, da Lei 11.343/06).
Condenado, apelou da sentença que foi mantida pela Turma Recursal. A defesa interpôs
Recurso Extraordinário requerendo a suspensão do processo sob alegação de ser o art.
28 inconstitucional por incriminar conduta de autolesão. O relator negou seguimento ao
recurso. Insatisfeita a defesa impetrou habeas corpus, reiterando os argumentos do
recurso e requerendo o sobrestamento da ação penal até o julgamento da matéria em
sede de repercussão geral no STF. Para o STF, nessa situação, não cabe habeas corpus,
pois a não perigo a liberdade de locomoção. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, NÃO cabe habeas corpus para se discutir crime que não
comina (impõe) pena privativa de liberdade. Em outras palavras, o crime de posse de
drogas para consumo pessoal (art. 28, da Lei 11.343/06163) não prevê a pena privativa de
liberdade, seja direta ou indiretamente ao agente. Assim, não haverá imposição de pena
que venha a restringir a liberdade do indivíduo. Sabe-se que o habeas corpus é um writ
(remédio constitucional) que visa proteger a liberdade de ir e vir do paciente, seja
cessando ou evitando a violência ou ameaça a essa locomoção. O HC não é um recurso
propriamente dito. Estando ausente o risco ao direito de liberdade, ainda que de forma
indireta, não caberá impetração de HC. Dessa forma, o HC não é instrumento hábil para se
discutir sobre crime que não prevê, sequer de forma indireta, pena privativa de liberdade.

STF. 1ª Turma. HC 127834/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
05/12/2017 (INFO/STF 887).

VISITA ÍNTIMA

CABIMENTO OU NÃO DE HABEAS CORPUS PARA TUTELAR DIREITO A VISITA ÍNTIMA

144. (DJUS) Para o STF, cabe impetração de habeas corpus visando tutelar o direito a
visita íntima de preso condenado. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

INFO Flavinho foi condenado a 08 anos de reclusão no regime fechado por ter cometido o
887/STF crime de tráfico de drogas. Em razão de sua condenação em regime fechado, requereu
ao juiz da execução o direito de receber visitas íntimas de sua companheira. O juiz
negou. Inconformado, impetrou habeas corpus no tribunal pleiteando a autorização de
ingresso da sua mulher para fins de visitação íntima. O tribunal não conheceu do habeas
corpus. Para o STF, nessa situação, não acertou o tribunal em sua decisão, pois deveria
ter concedido a ordem, reparando a decisão do juízo da execução. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STF, o habeas corpus NÃO é instrumento hábil para tutelar o
direito de visita íntima de egresso, por não estar envolvido o direito de ir e vir. Dito de

163
Lei 11.343/06, art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: I - advertência
sobre os efeitos das drogas; II - prestação de serviços à comunidade; III - medida educativa de comparecimento a programa ou
curso educativo.

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outra forma, não cabe habeas corpus para requerer o direito de visita íntima do preso.
Como cediço, o habeas corpus se presta a tutelar o direito de locomoção do indivíduo,
que nesse caso, não foi atingido, ou seja, não se trata de liberdade de ir e vir do preso.
Ademais, o direito de visita íntima não é garantia absoluta, inclusive, podendo ser,
mediante ato motivado, suspenso ou restringido (art. 41, X e parágrafo único, da Lei
7.210/84)164 pelo próprio diretor do estabelecimento. Por exemplo, em caso de
cometimento de falta grave pelo preso, pode o diretor suspender o direito de visita íntima
do preso, para garantir a ordem interna e a segurança do estabelecimento. Dessa forma,
não cabe habeas corpus para tutelar o direito de visita íntima do egresso.

STF. 1ª Turma. HC 138286, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 5/12/2017 (INFO/STF 887).

PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE

CABE HABEAS CORPUS PARA REANÁLISE DE PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE DE


RECURSO ESPECIAL?

145. (DJUS) Para o STF, não cabe Habeas Corpus como meio de reavaliar os
pressupostos de admissibilidade de recurso especial. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Fogaça interpôs recurso de apelação contra sentença que o condenou a 08 anos de


reclusão em regime fechado, pela prática de tráfico de drogas nas proximidades de um
presídio. Em recurso pleiteou a não incidência da causa de aumento de pena (art. 40, III,
da Lei n. 11.343/2006), alegando que não há provas de que tenha vendido drogas a
INFO
detentos. O Tribunal proveu o recurso. O Ministério Público apresentou recurso especial
858/STF
visando reaver a incidência da causa de aumento e o relator, monocraticamente, deu
provimento ao recurso. Contra essa decisão a defesa interpôs agravo regimental, que foi
denegado. Insatisfeita, impetrou habeas corpus, arguindo que o STJ havia rediscutido
matéria fática no Recurso Especial. Para o STF, nessa situação, não é cabível o habeas
corpus, pois a defesa pretende reavaliar os pressupostos de admissibilidade de recurso
especial, o que não é possível através do writ. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, NÃO CABE o manejo de Habeas Corpus com o fim de
reavaliar os pressupostos de admissibilidade de recurso especial. Dito de outra forma, o
HC não se presta a reavaliação de matéria fática ou reexame de provas. A discussão a que
se visa é sobre incidência ou não de determinada causa de aumento de pena, o que por

164
LEP, art. 41 - Constituem direitos do preso: I - alimentação suficiente e vestuário; II - atribuição de trabalho e sua remuneração;
III - Previdência Social; IV - constituição de pecúlio; V - proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a
recreação; VI - exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas anteriores, desde que compatíveis com a
execução da pena; VII - assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa; VIII - proteção contra qualquer forma
de sensacionalismo; IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado; X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes e
amigos em dias determinados; XI - chamamento nominal; XII - igualdade de tratamento salvo quanto às exigências da
individualização da pena; XIII - audiência especial com o diretor do estabelecimento; XIV - representação e petição a qualquer
autoridade, em defesa de direito; XV - contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros
meios de informação que não comprometam a moral e os bons costumes. XVI – atestado de pena a cumprir, emitido anualmente,
sob pena da responsabilidade da autoridade judiciária competente. Parágrafo único. Os direitos previstos nos incisos V, X e XV
poderão ser suspensos ou restringidos mediante ato motivado do diretor do estabelecimento.

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certo, traria a baila a reanalise de fatos e provas. A súmula 07 do STJ veda o manejo de
recurso especial que tenha como pretensão o reexame de provas. Contudo, o
entendimento do STF é de que “basta que o tráfico de drogas seja praticado nas
imediações de estabelecimento prisional, independentemente de que se comercialize ou
não com frequentadores do estabelecimento ou com os próprios detentos” (HC
164.414/RS). Assim, em sede de recurso especial, não houve rediscussão de matérias
fáticas ou reanálise de provas, não havendo o que se falar em violação da Súmula 07, da
Corte Especial. Ademais, caberia o manejo de embargos de declaração no próprio STJ, ao
invés da impetração do HC no STF. Dessa forma, não cabe HC para fins de se discutir
pressupostos de admissibilidade de recurso especial.

STF. 2ª Turma. HC 138944/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 21/3/2017 (INFO/STF 858).

APRECIAÇÃO DE MÉRITO

POSSIBILIDADE OU NÃO MINISTRO RELATOR DO STJ JULGAR O MÉRITO DE HABEAS


CORPUS

146. (DJUS) Para o STF, pode Ministro relator do STJ dar negativa de seguimento a
habeas corpus com apreciação de mérito. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Delazir foi condenada a 08 anos de reclusão em regime fechado por tráfico de drogas.
Foi apresentado recurso pela defesa, pleiteando a redução da pena base, ao qual se
negou provimento. A defesa, ao invés de interpor o recurso cabível, impetrou habeas
corpus no STJ pretendendo na fixação do regime prisional semiaberto. O relator,
monocraticamente, não conheceu do HC fundamentando a sua decisão na utilização
inadequada do HC, como substituto do recurso pertinente, bem como procedeu com a
análise do mérito assentando que “a decisão do Tribunal a quo de fixação de regime
mais gravoso estava fundamentada de forma concreta e adequada e que estavam
presentes a elevada reprovabilidade da ação e a periculosidade acentuada da paciente”.
INFO
Para o STF, nessa situação, não merece revisão a decisão do relator, pois ele tem
857/STF
competência para julgar monocraticamente o HC. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STF, NÃO pode o Relator julgar o mérito do habeas corpus
monocraticamente, pois essa competência é do COLEGIADO e não do Relator. Ou seja, o
Relator deve encaminhar o HC para julgamento pelo Colegiado do STJ. A utilização do HC
de forma indistinta ocorre por ser ele ser um instrumento mais célere e prático para se
alcançar o objetivo processual. No entanto, o habeas corpus não pode ser utilizado como
substitutivo do recurso ordinário (recurso cabível em cada caso), sendo esse o atual
entendimento do STF e STJ sobre a matéria. Ainda, o Regimento Interno do STJ, em seu
artigo 34, XVIII, dispõe ser atribuição do relator: “NÃO CONHECER DO RECURSO OU
PEDIDO inadmissível, prejudicado (...)” e contra essa decisão caberia agravo regimental
(agravo interno). Ocorre que no caso em concreto, o Relator deu negativa de seguimento
ao habeas corpus com apreciação de mérito, ofendendo ao princípio da colegialidade. O
Relator ultrapassou as atribuições que lhes foram concedidas pelo RISTJ, bem como pela
Lei 8.038/90. Ou seja, não pode o Relator, monocraticamente, realizar o exame de mérito
de HC para denegar a ordem. Cabe ao Colegiado o julgamento do mérito do HC (HC

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182.981/SP). De fato, NO CASO CONCRETO a questão de fundo foi examinada pelo


Relator, quando se utilizou dos fundamentos seguintes para negar seguimento ao writ:
“tratar-se de impetração substitutiva de recurso ordinário. A fixação de regime mais
gravoso foi fundamentada de forma concreta e adequada, com base na quantidade e
natureza das drogas apreendidas, circunstâncias que estariam a revelar a elevada
reprovabilidade da ação e a periculosidade acentuada da paciente”. Dessa forma, o
Relator ultrapassou suas atribuições, não lhe cabendo julgar o HC, devendo submeter o
writ ao conhecimento e julgamento pelo Colegiado respectivo.

STF. 1ª Turma. HC 120496/MS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 14/3/2017 (INFO/STF 857).

SUBSTITUIÇÃO RECURSAL

POSSIBILIDADE OU NÃO DE RECEBIMENTO DE RECLAMAÇÃO COMO HABEAS CORPUS

147. (DJUS) Para o STF, é inviável o recebimento de reclamação como habeas corpus,
ainda que a pretexto de analisar a possibilidade de concessão da ordem de ofício.
C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Eduardo perdeu o mandato de deputado federal decorrente de investigação que


concluiu ter o acusado praticado os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Em razão da perda do foro privilegiado, o processo foi remetido para o juízo da Vara
Federal, que decretou sua prisão preventiva. A defesa impetrou Habeas Corpus no TRF
que foi denegado e outro no STJ que ainda não foi julgado. Simultaneamente
apresentou Reclamação no STF, pleiteando alternativamente a concessão de habeas
corpus de ofício diante da flagrante ilegalidade da prisão preventiva. Para o STF, nessa
INFO
situação, não cabe Reclamação, nem esta pode ser recebida como Habeas Corpus. C/E?
854/STF
COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, é INVIÁVEL o recebimento de reclamação como habeas


corpus, ainda que a pretexto de analisar a possibilidade de concessão da ordem de
ofício. A Reclamação é um instrumento jurídico com status constitucional que tem por
finalidade preservar a competência do STF e garantir a autoridade de suas decisões. A
posição majoritária dos Tribunais Superiores é no sentido de imprescindibilidade de
esgotamento da instância ordinária para sua utilização, pois não se admite a utilização da
Reclamação como substituto recursal. Ou seja, como ainda tramita HC no STJ, não houve
o esgotamento da instância e a Reclamação não se presta a atuar como atalho processual
para submeter ao STF, per saltum, questões que contrariam os anseios do reclamante.
Ainda, a competência originária do STF se submete ao regime de direito estrito, não
admitindo interpretação extensiva. E no caso do HC, deve-se observar o quadro de
distribuição constitucional das competências para o seu conhecimento (art. 102, I, alíneas
“b”, “c” e “d”, da CF165), mesmo que esteja presente a flagrante ilegalidade da prisão

165
CF, art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e
julgar, originariamente: (...) b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do
Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República; c) nas infrações penais comuns e nos crimes de
responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art.
52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter

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preventiva. Dessa forma, é necessário que a matéria tenha sido submetida às instâncias
anteriores e que o ato coator tenha sido praticado por tribunal superior, o que não
ocorreu no caso, uma vez que o ato coator em questão adveio do TRF que negou o HC,
pois o STJ ainda não julgou o writ lá impetrado. Assim, nessa situação, não cabe o
recebimento de Reclamação como habeas corpus, nem se presta como sucedâneo
recursal.

STF. Plenário. Rcl 25509 AgR/PR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 15/2/2017 (INFO/STF 854).

16. REVISÃO CRIMINAL


DOSIMETRIA DA PENA

POSSIBILIDADE OU NÃO DE REVISÃO CRIMINAL PARA REDISCUTIR A DOSIMETRIA DA


PENA

148. (DJUS) Para o STF, é possível a utilização da revisão criminal para rediscutir as
razões de decidir do magistrado em relação à dosimetria da pena fixada. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Marcos, senador da república, foi condenado pelo STF a 04 anos de prisão no regime
semiaberto, por praticar o crime do art. 20, da Lei 7.492/86 (Crimes contra o sistema
financeiro nacional). A defesa, através de revisão criminal, sustentou que a dosimetria
da pena aplicada é contraditória a texto expresso de lei e a evidência dos autos. Para o
STF, nessa situação, é possível rediscutir os critérios adotados na determinação da
INFO dosimetria da pena utilizada por meio de revisão criminal. C/E?
958/STF
COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STF, NÃO é possível a utilização da revisão criminal para
rediscutir as razões de decidir do magistrado em relação à dosimetria da pena fixada.
Em outras palavras, a revisão criminal não serve como instrumento de pretensão recursal.
Isso porque, a revisão criminal, embora seja uma ação autônoma para rever decisão
condenatória que possua algum erro judiciário, já transitada em julgado, não se presta
para rediscutir a discricionariedade que o órgão possui na determinação da dosimetria da
pena aplicada em seu julgamento. O art. 621 do CPP166 traz as hipóteses TAXATIVAS do
cabimento da revisão criminal: a) quando a sentença condenatória for contrária ao texto
expresso da lei penal ou à evidência dos autos; b) quando a sentença condenatória se
fundar em depoimentos, exames ou documentos comprovadamente falsos; ou c) quando,
após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou de

permanente; d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e
o habeas data contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de
Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal; (...).
166
CPP, art. 621. A revisão dos processos findos será admitida: I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso
da lei penal ou à evidência dos autos; II - quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou documentos
comprovadamente falsos; III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou de
circunstância que determine ou autorize diminuição especial da pena.

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circunstância que determine ou autorize diminuição especial da pena. Ou seja, o


requerente da revisão deve se ater as hipóteses taxativas de cabimento. Não é admissível
se utilizar desse instrumento para tão somente pleitear um novo julgamento por discordar
das razões de decidir do juiz. O Tribunal Pleno não serve como simples instância recursal
para reexame da discricionariedade das Turmas, pois a revisão criminal desdobra-se em
aspectos de legalidade da condenação proferida. Dessa forma, a revisão criminal não
serve como via meramente recursal para se discutir o acerto ou não da valoração da prova
ou do direito aplicado, fora das hipóteses taxativas do rol do art. 621 do CPP.
STF. Plenário. RvC 5475/AM, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 6/11/2019 (INFO/STF 958).

ESGOTAMENTO DE INSTÂNCIA

CABE OU NÃO REVISÃO CRIMINAL EM FACE DA SUPRESSÃO E AUSÊNCIA DE


ESGOTAMENTO DE INSTÂNCIA?

149. (DJUS) Para o STJ, cabe Revisão Criminal contra sentença condenatória fundada
no art. 621, I, do Código de Processo Penal, ainda que, nos fundamentos da
Revisão, não seja apontado o texto expresso da lei penal que foi violada, mas haja
indicação de supressão de instância e ausência de esgotamento da prestação
jurisdicional. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Márcio foi condenado a 01 ano e 07 meses de reclusão no regime fechado, por ter
cometido o furto tentado de 10 barras de chocolate. A defesa pugnou pela absolvição e
subsidiariamente a redução da pena aplicada. O Tribunal, com fundamento no Princípio
da Insignificância, absolveu Márcio, deixando de apreciar o pedido de redução da pena.
O Ministério Público recorreu para afastar a insignificância reconhecida e restaurar a
INFO
sentença condenatória. O recurso foi provido, no entanto, não foi determinado o
656/STJ retorno dos autos para análise do pedido subsidiário de redução da pena. Diante do
fato, a defesa apresentou pedido de Revisão Criminal, alegando a falta de apreciação do
pedido subsidiário de redução da pena-base o que acarretou em cerceamento de defesa
do réu. Para o STJ, nesse caso, os autos devem retornar para análise do pedido
subsidiário pelo Tribunal, em observância a vedação de supressão de instância e ao
princípio da inafastabilidade da prestação jurisdicional. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STJ, CABE Revisão Criminal contra sentença condenatória
fundada no art. 621, I, do Código de Processo Penal167, ainda que, nos fundamentos da
Revisão, não seja apontado o texto expresso da lei penal que foi violada, mas haja
indicação de supressão de instância e ausência de esgotamento da prestação
jurisdicional. Dito em outras palavras, caberá REVISÃO CRIMINAL quando evidenciada a
supressão de instância e ausência da prestação jurisdicional. O art. 621, I, do CPP dispõe
que será admitida a revisão dos processos findos nos casos em que a sentença for

167
CPP, art. 621. A revisão dos processos findos será admitida: I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso
da lei penal ou à evidência dos autos; II - quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou documentos
comprovadamente falsos; III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou de
circunstância que determine ou autorize diminuição especial da pena.

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contrária ao TEXTO EXPRESSO DA LEI PENAL. Embora o dispositivo se refira à LEI PENAL
EXPRESSA, deve-se abranger qualquer ato normativo utilizado como fundamento da
sentença (portarias, leis que completem uma lei penal em branco, etc.), do mesmo modo
que as normas constitucional, processual penal e processual civil que forem aplicáveis
subsidiariamente ao processo penal (art. 3º do CPP168). Noutro passo, também se
reconhece que existem normas processuais que NÃO ESTÃO ESCRITAS, mas que podem
ser extraídas do sistema processual, como por exemplo, o direito ao duplo grau de
jurisdição e de inafastabilidade da prestação jurisdicional. Isso posto, a não submissão
dos autos à apreciação do pedido subsidiário feito em 1ª instância, configura a supressão
de instância e ausência de prestação jurisdicional, admitindo-se a revisão criminal, ainda
que não haja indicação de texto expresso da lei penal violada.
STJ. 3ª Seção. RvCr 4.944-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 11/09/2019 (INFO/STJ 656).

INADMISSÃO DE RECURSO

CABIMENTO OU NÃO DE REVISÃO CRIMINAL CONTRA INADMISSÃO DE RECURSO

150. (DJUS) Para o STF, cabe revisão criminal em face da decisão que inadmitiu
embargos de divergência. C/E?

Vejamos o caso hipotético:

A defesa de Tingulinho, Senador da República, que foi condenado pela pratica de crime
contra o sistema financeiro (art. 20, Lei 7.492/86) interpôs embargos de divergência,
que foi inadmitido por decisão colegiada. Insatisfeita, a defesa ingressou com revisão
criminal alegando violação do princípio do juiz natural, uma vez que o juízo de
admissibilidade deveria ter sido realizado pelo Ministro Relator e não por decisão
colegiada da Turma, o que impede a interposição de agravo. Para o STF, nessa situação,
assiste razão à defesa, pois cabe revisão criminal para impugnar a decisão que inadmitiu
INFO
o recurso. C/E?
951/STF
COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STF, NÃO cabe revisão criminal em face da decisão que
inadmitiu embargos de divergência, ante a ausência de previsão legal. O artigo 621, do
Código de Processo Penal dispõe taxativamente sobre as hipóteses de cabimento da
revisão criminal, quais sejam: “I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto
expresso da lei penal ou à evidência dos autos; II - quando a sentença condenatória se
fundar em depoimentos, exames ou documentos comprovadamente falsos; III - quando,
após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou de
circunstância que determine ou autorize diminuição especial da pena”. Ou seja, não há
previsão legal de cabimento da revisão criminal em face de decisão que inadmitir recurso.
Não se trata de um erro judiciário em face da condenação penal, mas sim de inadmissão
recursal. A Revisão Criminal não se presta para impugnar decisões diversas das
condenatórias, sendo cabível somente nas hipóteses expressamente previstas no artigo

168
CPP, art. 3º. A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos
princípios gerais de direito.

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621, do CPP. Dessa forma, a revisão criminal não é meio idôneo para impugnar a decisão
proferida em sede de juízo de admissibilidade recursal.

STF. Plenário. RvC 5480 AgR/AM, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 12.9.2019 (INFO/STF 951).

17. RECLAMAÇÃO
DECISÃO PARADIGMA

CABIMENTO OU NÃO DE RECLAMAÇÃO EM FACE DE ATO ANTERIOR À DECISÃO


PARADIGMA

151. (DJUS) Para o STF, a decisão paradigma violada deve ter sido proferida
anteriormente ao ato impugnado na Reclamação. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Nelma realizou acordo de colaboração premiada com delegado da polícia federal, o qual
não foi homologado pelo juízo, uma vez que o delegado não possuiria atribuição para
celebração de acordo de colaboração premiada. Em sequencia, o Ministério Público
celebrou novo acordo de colaboração com a acusada, porém com termos mais gravosos
a esta. O acordo foi homologado em juízo. Contudo, adveio decisão do STF em
julgamento de ADI, assentando que o delegado de polícia pode celebrar acordo de
colaboração premiada. A defesa, diante dessa decisão, entrou com uma Reclamação
alegando que essa decisão do STF havia sido violada pelo Juízo de 1º grau que não
homologou o acordo firmado entre a acusada e o delegado da polícia federal, o qual lhe
era mais benéfico. O Relator negou seguimento à Reclamação. Para o STF, agiu
INFO corretamente o Relator, pois a decisão paradigma foi posterior ao ato impugnado via
938/STF Reclamação. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, na Reclamação fundada no descumprimento de decisão


proferida da Corte, o ato alvo de controle deve ser posterior ao paradigma. Ou seja, a
decisão paradigma, a qual se tem por violada, deve ter sido proferida em momento
anterior à decisão violadora impugnada em Reclamação. Em outras palavras, é
necessário que a decisão paradigma exista para que ela possa ser alvo de violação por ato
posterior. Não há ofensa ao paradigma se esse não existia à época. No caso concreto, a
decisão do STF em julgamento de ADI 5.508/DF, reconhecendo a possibilidade de
celebração de acordo de colaboração premiada por delegado de polícia ocorreu após o
acordo de colaboração entre o Ministério Público e a acusada já ter sido homologado pelo
juízo. Embora os termos do acordo sejam mais gravosos, a decisão paradigma não existia
à época, não havendo o que se falar em eficácia retrospectiva ao decidido na ADI. Dessa
forma, inviável a cogitação de afronta a precedente inexistente no momento em que foi
proferido o ato impugnado pelo acusado. Deve a decisão paradigma violada ter sido
proferida antes do ato impugnado através de Reclamação.

STF. 2ª Turma. Rcl 32655 AgR/PR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 23/4/2019 (INFO/STF 938).

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL
18. COLABORAÇÃO PREMIADA
ACESSO PELO DELATADO

ACESSO DO DELATADO ÀS DECLARAÇÕES PRESTADAS E JÁ DOCUMENTADAS

152. (DJUS) Para o STF, é assegurado ao delatado o acesso às declarações prestadas por
colaboradores que o incriminem, já documentadas e que não se refiram à diligência
em andamento que possa ser prejudicada. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

José, corréu em processo criminal com João, narrando todos os fatos ilícitos para os
quais concorreu, elaborou um acordo de colaboração premiada com o Ministério
Público, indicando as provas e os elementos de corroboração para incriminação de João.
A defesa de João, portanto, requereu o acesso ao termo do acordo de colaboração
premiada e ao depoimento do colaborador que o menciona, pois já estavam
documentados no processo. Nessa situação, para o STF, o requerimento deve ser
deferido, pois é assegurado ao delatado o acesso às declarações prestadas por
colaboradores que o incriminem, que estejam documentadas e que não se refiram à
INFO
diligência em andamento que possa ser prejudicada. C/E?
965/STF
COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, É ASSEGURADO ao delatado o acesso às declarações


prestadas por colaboradores que o incriminem, já documentadas e que não se refiram à
diligência em andamento que possa ser prejudicada. Isso porque, o delatado por corréu,
em termo de colaboração premiada, tem direito de ter acesso aos trechos nos quais
citado, com fundamento na Súmula Vinculante nº 14/STF169. Da leitura do referido
enunciado, que é expresso quanto ao acesso aos “elementos de prova”, deve ser
garantido ao delatado o acesso às declarações caso estejam presentes dois requisitos,
quais sejam, o ato de colaboração deve apontar a responsabilidade criminal do
requerente e não deve se referir à diligência em andamento, ou seja, deve estar já
documentada. Destaca-se que, conforme a própria literalidade da lei de regência (Lei de
Organização Criminosa), alterada recentemente pelo Pacote Anticrime (Lei nº 13.964/19),
a colaboração premiada é considerada “meio de produção de prova” (art. 3º-A da Lei nº
12.850/13170). Assim, deve-se assegurar ao delatado o acesso às declarações prestadas
por colaboradores que o incriminem, já documentadas e que não se refiram à diligência
em andamento que possa ser prejudicada. Ademais, cumpre ressaltar que o art. 7º, § 2º,
da Lei nº 12.850/13171 determina que, antes mesmo da retirada do sigilo, será assegurado

169
Súmula Vinculante nº 14/STF. É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova
que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito
ao exercício do direito de defesa.
170
Lei 12.850/13, art. 3º-A. O acordo de colaboração premiada é negócio jurídico processual e meio de obtenção de prova, que
pressupõe utilidade e interesse públicos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019).
171
Lei 12.850/13, art. 7º O pedido de homologação do acordo será sigilosamente distribuído, contendo apenas informações que
não possam identificar o colaborador e o seu objeto. § 1º As informações pormenorizadas da colaboração serão dirigidas
diretamente ao juiz a que recair a distribuição, que decidirá no prazo de 48 (quarenta e oito) horas. § 2º O acesso aos autos será

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ao defensor, no interesse do representado, amplo acesso aos elementos de prova que


digam respeito ao exercício do direito de defesa, devidamente precedido de autorização
judicial, ressalvados os referentes às diligências em andamento, corroborando com o
entendimento supramencionado. Além disso, o acordo de colaboração premiada e os
depoimentos do colaborador serão mantidos em sigilo até o recebimento da denúncia ou
da queixa-crime, sendo vedado ao magistrado decidir por sua publicidade em qualquer
hipótese (§ 3º do art. 7º - incluído pela Lei nº 13.964/19 – Pacote Anticrime). Com efeito,
a jurisprudência da 2ª Turma do STF garante o acesso a todos os elementos de prova
documentados nos autos dos acordos de colaboração, incluídas as gravações audiovisuais
dos atos de colaboração de corréus, com o escopo de confrontá-los, e não para impugnar
os termos dos acordos propriamente ditos (Rcl 21.258 AgR). Por fim, insta salientar que a
colaboração premiada é um instituto previsto e regulado por vários diplomas legais, em
especial na Lei 12.850/13, alterada recentemente pelo Pacote Anticrime (Lei nº
13.964/19), que trata das organizações criminosas. É um negócio jurídico de natureza
processual personalíssimo e não obrigatório, que pressupõe utilidade e interesse públicos.
Ou seja, prevalece a conveniência, oportunidade e voluntariedade do órgão ministerial ou
da autoridade policial, não se admitindo imposição judicial, afastando o juiz das
negociações (STF. 2ª Turma, MS 35693 AgR/DF, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em
28/05/19 - INFO/STF 942).

STF. 2ª Turma. Rcl 30742 AgR/SP, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 04/02/2020 (INFO/STF 965).

DIREITO LÍQUIDO E CERTO

DIREITO LIQUIDO E CERTO OU NÃO À CELEBRAÇÃO DE ACORDO DE COLABORAÇÃO


PREMIADA

153. (DJUS) Para o STF, o acusado possui direito liquido e certo a compelir o Ministério
Público à celebração de acordo de delação premiada. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

INFO Tingulinho, acusado de ter praticado crime de corrupção passiva e lavagem de dinheiro,
942/STF impetrou mandado de segurança contra ato do PGR, que se recusou a celebrar com ele
acordo de colaboração premiada. Nesse caso, para o STF, a ordem deve ser concedida,
pois o acusado possui direito liquido e certo a celebrar acordo de colaboração premiada
com o ministério público. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STF, o acusado NÃO possui direito liquido e certo a compelir
o Ministério Público à celebração do acordo de delação premiada. Em outras palavras, o
MP não está obrigado a celebrar acordo de colaboração premiada com o acusado. A
COLABORAÇÃO PREMIADA, segundo Renato Brasileiro172, é uma técnica especial de

restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado de polícia, como forma de garantir o êxito das investigações, assegurando-se ao
defensor, no interesse do representado, amplo acesso aos elementos de prova que digam respeito ao exercício do direito de
defesa, devidamente precedido de autorização judicial, ressalvados os referentes às diligências em andamento. § 3º O acordo de
colaboração premiada e os depoimentos do colaborador serão mantidos em sigilo até o recebimento da denúncia ou da queixa-
crime, sendo vedado ao magistrado decidir por sua publicidade em qualquer hipótese. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019).
172
LIMA, Renato Brasileiro. Legislação Especial Criminal Comentada. 4. ed. Salvador: JusPODIVM, 2016, p. 520.

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investigação por meio da qual o coautor ou partícipe da infração penal, além de confessar
seu envolvimento no fato delituoso, fornece aos órgãos responsáveis pela persecução
penal informações objetivamente eficazes para a consecução de um dos objetivos
previstos em lei, recebendo, em contrapartida, determinado prêmio legal, entre outros o
possível perdão judicial (art. 4º da Lei 12.850/13173). A colaboração premiada possui
natureza jurídica de meio de obtenção de provas e é um instituto previsto e regulado por
vários diplomas legais, em especial na Lei 12.850/13, que trata das organizações
criminosas. É um negócio jurídico de natureza processual personalíssimo e não
obrigatório. Ou seja, prevalece a conveniência, oportunidade e voluntariedade do órgão
ministerial ou da autoridade policial, não se admitindo imposição judicial, afastando o juiz
das negociações. Embora o acusado possua um direito subjetivo à colaboração, este não
se confunde com o direito à colaboração premiada como negócio jurídico, pois aquele se
trata do comportamento processual do acusado durante o seu trâmite, que será analisado
pelo juiz ao sentenciar, podendo inclusive conceder o perdão judicial, independente de
celebração de acordo de colaboração pelo MP. Ou seja, independentemente da
formalização de ato negocial, persiste a possibilidade, em tese, de adoção de postura
colaborativa e, ainda em tese, a concessão judicial de sanção premial condizente com esse
comportamento, de acordo com o STF. Contudo, não existe direito líquido e certo a
compelir o MP a celebrar acordo de colaboração com o acusado. Dessa forma, o juiz não
pode obrigar o MP a celebrar o acordo, pois o parquet atua de forma voluntaria,
conforme a conveniência e oportunidade para o feito. Caso não ofereça acordo, poderia,
em tese, aplicar-se por analogia o art. 28 do CPP174, em que o juiz remeteria para o
Procurador-Geral, porém, no caso em concreto, não caberia a remessa por se tratar de
competência originária do PGR.

STF. 2ª Turma. MS 35693 AgR/DF, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 28.5.2019 (INFO/STF 942).

173
Lei 12.850/03, art. 4º. O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a
pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a
investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados: I - a
identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações penais por eles praticadas; II - a revelação
da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa; III - a prevenção de infrações penais decorrentes das
atividades da organização criminosa; IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas
pela organização criminosa; V - a localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada.
174
CPP, art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial
ou de quaisquer peças de informação, o juiz, se no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do
inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público
para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.

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COMPETÊNCIA

COMPETÊNCIA: COLABORAÇÃO PREMIADA QUE MENCIONA AUTORIDADE COM


PRERROGATIVA DE FORO

154. (DJUS) Para o STF, a homologação de acordo de colaboração premiada por juiz de
1º grau quando for mencionado nome de autoridade com foro por prerrogativa
de foro no STJ como participante do esquema criminoso, caracteriza usurpação de
competência da Corte Superior. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Francinaldo, auditor da receita estadual, suspeito de participar de organização criminosa


foi preso preventivamente, em virtude do suposto recebimento de propinas. O
Ministério Público firmou acordo de colaboração premiada com Francinaldo, que
mencionou durante o seu depoimento o nome de autoridade que possui foro
privilegiado no STJ (Governador) como participante do esquema. O acordo foi
homologado pelo juiz de 1º grau. A defesa requereu o deslocamento da competência
para a apuração dos fatos na corte superior, em razão da presença de autoridade
detentora de prerrogativa de foro, bem como por competente para decidir quanto ao
INFO
desmembramento das investigações. Para o STF, nessa situação, o pleito da defesa deve
895/STF
ser atendido, pois havendo menção no depoimento do colaborador sobre a participação
criminosa de autoridade com foro privilegiado a competência passa a ser da instância
INFO
superior. C/E?
612/STJ
COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, a homologação de acordo de colaboração premiada por


juiz de 1º grau quando for mencionado nome de autoridade com foro por prerrogativa
de foro no STJ como participante do esquema criminoso, caracteriza usurpação de
competência da Corte Superior. A COLABORAÇÃO PREMIADA, segundo Renato
Brasileiro175, é uma técnica especial de investigação por meio da qual o coautor ou
partícipe da infração penal, além de confessar seu envolvimento no fato delituoso,
fornece aos órgãos responsáveis pela persecução penal informações objetivamente
eficazes para a consecução de um dos objetivos previstos em lei, recebendo, em
contrapartida, determinado prêmio legal, entre outros o possível perdão judicial (art. 4º,
da Lei 12.850/13176). A colaboração premiada possui natureza jurídica de meio de
obtenção de provas e é um instituto previsto e regulado por vários diplomas legais, em
especial na Lei 12.850/13, que trata das organizações criminosas. Em regra, o
procedimento padrão da colaboração premiada se desenvolve em quatro fases: 1)
negociações; 2) formalização/homologação; 3) colaboração efetiva e produção de provas;
4) sentença e concretização do benefício. Se durante a colaboração houver delação de

175
LIMA, Renato Brasileiro. Legislação Especial Criminal Comentada. 4. ed. Salvador: JusPODIVM, 2016, p. 520.
176
Lei 12.850/03, art. 4º. O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a
pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a
investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados: I - a
identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações penais por eles praticadas; II - a revelação
da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa; III - a prevenção de infrações penais decorrentes das
atividades da organização criminosa; IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas
pela organização criminosa; V - a localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada.

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autoridade com prerrogativa de foro a competência do tribunal respectivo será atraída e


os autos devem ser remetidos para o juízo competente para que assim seja homologado o
acordo de delação. O STJ tem entendimento diverso (INFO 612 - Rcl 31.629-PR), ou seja,
no sentido de que o juiz não usurpa da competência da Corte Superior, pois não realiza
o exame do conteúdo dos depoimentos prestados, apenas afere a regularidade,
voluntariedade e a legalidade do acordo, sem emitir juízo de valor sobre as declarações.
Contudo, para o STF, esse juízo de prelibação deve ser realizado pelo Juízo da
prerrogativa de foro e consequentemente pelo Ministério Público competente. Dessa
forma, uma vez mencionado nome de autoridade com prerrogativa de foro em Corte
Superior, os autos devem de imediato ser encaminhados para esta Corte, que decidirá
sobre o desmembramento quanto aos investigados que não possuem essa prerrogativa,
não podendo o juiz de 1º grau homologar o acordo de delação, por esse ato se tratar de
usurpação de competência da Corte Superior.

STJ. Corte Especial. Rcl 31.629-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/09/2017 (INFO/STJ 612).
STF. 2ª Turma. HC 151605/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 20/3/2018 (INFO/STF 895).

LEGITIMIDADE

LEGITIMIDADE DO DELEGADO PARA CONDUZIR E FIRMAR ACORDOS DE COLABORAÇÃO


PREMIADA

155. (DJUS) Para o STF, o delegado de polícia tem legitimidade para formalizar acordos
de colaboração premiada, nos autos do inquérito policial, sendo constitucionais
os parágrafos 2º e 6º, do artigo 4º, da Lei 12.850/13 (Lei de Organização
Criminosa) que conferem essa legitimidade. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):


INFO
O Procurador Geral da República propôs uma ADI questionando a compatibilidade dos
907/STF
parágrafos 2º e 6º, do artigo 4º, da Lei 12.850/13 (Lei de Organização Criminosa) com a
Constituição Federal. Alega que esses dispositivos, que conferem legitimidade ao
delegado de polícia para conduzir e firmar acordos de colaboração premiada são
inconstitucionais. Para o STF, não assiste razão ao PGR, pois esses dispositivos são
constitucionais, sendo permitido ao delegado de polícia conduzir e firmar acordos de
colaboração premiada durante o inquérito policial. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, o delegado de polícia tem legitimidade para formalizar
acordos de colaboração premiada, nos autos do inquérito policial, sendo constitucionais
os parágrafos 2º e 6º, do artigo 4º, da Lei 12.850/13 (Lei de Organização Criminosa) 177

177
Lei 12.850/13 (Lei de Organização Criminosa): art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial,
reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha
colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou
mais dos seguintes resultados: I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações penais
por eles praticadas; II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa; III - a prevenção de
infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa; IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do
proveito das infrações penais praticadas pela organização criminosa; V - a localização de eventual vítima com a sua integridade
física preservada. § 1º Em qualquer caso, a concessão do benefício levará em conta a personalidade do colaborador, a natureza, as
circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do fato criminoso e a eficácia da colaboração. § 2º Considerando a relevância da

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que conferem essa legitimidade. Em outras palavras, durante o inquérito policial o


delegado de polícia, desde que respeitado as prerrogativas do Ministério Público, que
deve se manifestar antes da decisão judicial de homologação, pode realizar acordo de
colaboração premiada. A COLABORAÇÃO PREMIADA, segundo Renato Brasileiro178, é uma
técnica especial de investigação por meio da qual o coautor ou partícipe da infração
penal, além de confessar seu envolvimento no fato delituoso, fornece aos órgãos
responsáveis pela persecução penal informações objetivamente eficazes para a
consecução de um dos objetivos previstos em lei, recebendo, em contrapartida,
determinado prêmio legal, entre outros o possível perdão judicial (art. 4º, da Lei
12.850/13). A colaboração premiada possui natureza jurídica de meio de obtenção de
provas e é um instituto previsto e regulado por vários diplomas legais, em especial na Lei
12.850/13, que trata das organizações criminosas. Em regra, o procedimento padrão da
colaboração premiada se desenvolve em quatro fases: 1) negociações; 2) formalização/
homologação; 3) colaboração efetiva e produção de provas; 4) sentença e concretização
do benefício. O §2º do artigo 4º179, da referida lei, dispõe que o delegado de polícia,
considerando a relevância da colaboração prestada, durante o inquérito policial, pode
representar ao juiz pela concessão do perdão judicial ao colaborador, ainda que
inicialmente esse benefício não tenha sido ofertado. Trata-se de nova causa de perdão
judicial, que não fere a prerrogativa do MP de titular da ação penal (art. 129, I, da CF 180),
uma vez que a representação pelo perdão judicial pelo delegado, não impede o
oferecimento da denúncia pelo MP. As prerrogativas do órgão ministerial não são
afastadas em nenhum momento, pois ele se manifesta após a representação do delegado
pela concessão do perdão ao juiz ou quando o próprio Parquet oferece o acordo de
colaboração premiada (art. 4º, §6º, da Lei 12.850/13). Dito de outro modo, o acordo de
colaboração realizado pelo delegado não impõe pena ou regime de cumprimento de
sanção, não retira a exclusividade da titularidade da ação penal do Ministério Público,
uma vez que sempre será submetido o acordo à apreciação do MP e à homologação ao
Judiciário.

STF. Plenário. ADI 5508/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 20/6/2018 (INFO/STF 907).

colaboração prestada, o Ministério Público, a qualquer tempo, e o delegado de polícia, nos autos do inquérito policial, com a
manifestação do Ministério Público, poderão requerer ou representar ao juiz pela concessão de perdão judicial ao colaborador,
ainda que esse benefício não tenha sido previsto na proposta inicial, aplicando-se, no que couber, o art. 28 do Decreto-Lei nº 3.689,
de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal). (...) § 6º O juiz não participará das negociações realizadas entre as partes para
a formalização do acordo de colaboração, que ocorrerá entre o delegado de polícia, o investigado e o defensor, com a
manifestação do Ministério Público, ou, conforme o caso, entre o Ministério Público e o investigado ou acusado e seu defensor.
178
LIMA, Renato Brasileiro. Legislação Especial Criminal Comentada. 4. ed. Salvador: JusPODIVM, 2016, p. 520.
179
Lei 12.850/03, art. 4º. O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a
pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a
investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados: (...) § 2º
Considerando a relevância da colaboração prestada, o Ministério Público, a qualquer tempo, e o delegado de polícia, nos autos do
inquérito policial, com a manifestação do Ministério Público, poderão requerer ou representar ao juiz pela concessão de perdão
judicial ao colaborador, ainda que esse benefício não tenha sido previsto na proposta inicial, aplicando-se, no que couber, o art. 28
do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal). (...) § 6º O juiz não participará das negociações
realizadas entre as partes para a formalização do acordo de colaboração, que ocorrerá entre o delegado de polícia, o investigado e
o defensor, com a manifestação do Ministério Público, ou, conforme o caso, entre o Ministério Público e o investigado ou acusado
e seu defensor. (...).
180
CF, art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;
(...).

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TERMO FINAL

TERMO FINAL PARA SE MANTER O SIGILO DO CONTEÚDO DA COLABORAÇÃO PREMIADA

156. (DJUS) Para o STF, realizadas as diligências cautelares ou recebida a denúncia, não
subsiste razão para se manter o sigilo do conteúdo da colaboração premiada. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Leandro celebrou acordo de colaboração premiada com o MP, que investiga suposta
pratica do crime de corrupção passiva cometido por Pedro, deputado federal. Ocorre
que após o recebimento da denúncia, o PGR solicitou o levantamento do sigilo do
conteúdo da colaboração premiada. Para o STF, nessa situação, o pleito do MP deve ser
atendido, pois após o recebimento da denúncia não se deve mais manter o sigilo do
conteúdo do acordo de colaboração. C/E?
INFO
877/STF
COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, realizadas as diligências cautelares ou recebida a denúncia,


não subsiste razão para se manter o sigilo do conteúdo da colaboração premiada. Nesse
mesmo sentido dispõe o art. 7º, § 3º, da Lei 12.850/13181, com redação dada pela Lei nº
13.964/2019 (Pacote Anticrime): “O acordo de colaboração premiada e os depoimentos
do colaborador serão mantidos em sigilo até o recebimento da denúncia ou da queixa-
crime, sendo vedado ao magistrado decidir por sua publicidade em qualquer hipótese”.
Em outras palavras, encerrada as diligências ou recebida a denúncia o sigilo pode ser
levantado. A COLABORAÇÃO PREMIADA, segundo Renato Brasileiro182, é uma técnica
especial de investigação por meio da qual o coautor ou partícipe da infração penal, além
de confessar seu envolvimento no fato delituoso, fornece aos órgãos responsáveis pela
persecução penal informações objetivamente eficazes para a consecução de um dos
objetivos previstos em lei, recebendo, em contrapartida, determinado prêmio legal, entre
outros o possível perdão judicial (art. 4º, da Lei 12.850/13183). A colaboração premiada

181
Lei 12.850/13 (Lei de Organização Criminosa): Art. 7º O pedido de homologação do acordo será sigilosamente distribuído,
contendo apenas informações que não possam identificar o colaborador e o seu objeto. § 1º As informações pormenorizadas da
colaboração serão dirigidas diretamente ao juiz a que recair a distribuição, que decidirá no prazo de 48 (quarenta e oito) horas. § 2º
O acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado de polícia, como forma de garantir o êxito das
investigações, assegurando-se ao defensor, no interesse do representado, amplo acesso aos elementos de prova que digam
respeito ao exercício do direito de defesa, devidamente precedido de autorização judicial, ressalvados os referentes às diligências
em andamento. § 3º O acordo de colaboração premiada e os depoimentos do colaborador serão mantidos em sigilo até o
recebimento da denúncia ou da queixa-crime, sendo vedado ao magistrado decidir por sua publicidade em qualquer hipótese.
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
182
LIMA, Renato Brasileiro. Legislação Especial Criminal Comentada. 4. ed. Salvador: JusPODIVM, 2016, p. 520.
183
Lei 12.850/03, art. 4º. O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a
pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a
investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados: (...) § 7º
Realizado o acordo na forma do § 6º deste artigo, serão remetidos ao juiz, para análise, o respectivo termo, as declarações do
colaborador e cópia da investigação, devendo o juiz ouvir sigilosamente o colaborador, acompanhado de seu defensor,
oportunidade em que analisará os seguintes aspectos na homologação: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019). I - regularidade
e legalidade; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). II - adequação dos benefícios pactuados àqueles previstos no caput e nos §§ 4º
e 5º deste artigo, sendo nulas as cláusulas que violem o critério de definição do regime inicial de cumprimento de pena do art. 33
do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), as regras de cada um dos regimes previstos no Código Penal e
na Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal) e os requisitos de progressão de regime não abrangidos pelo § 5º
deste artigo; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). III - adequação dos resultados da colaboração aos resultados mínimos exigidos
nos incisos I, II, III, IV e V do caput deste artigo; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). IV - voluntariedade da manifestação de

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possui natureza jurídica de meio de obtenção de provas e é um instituto previsto e


regulado por vários diplomas legais, em especial na Lei 12.850/13, que trata das
organizações criminosas. A referida lei impõe o sigilo do conteúdo das colaborações, bem
como do colaborador e o objeto (art. 4º, § 7º, art. 7º, da Lei 12.850/13). Esse sigilo se
impõe como forma de garantir o sucesso das investigações, bem como, assegurar a
proteção do colaborador e das pessoas próximas. No entanto, o §3º do art. 7º, da referida
lei, dispõe que o sigilo somente permanecerá até o recebimento da denúncia, se de fato
houver necessidade concreta, mas pode ele ser encerrado em momento anterior ao
recebimento. De acordo com o art. 5º, LX, da CF184, a publicidade é a regra no âmbito da
Administração Pública, sendo o sigilo exceção, possibilitando o exercício da ampla defesa
e do contraditório dos investigados ou atingidos pela delação. Não se trata de direito
subjetivo do colaborador a ter o sigilo de seus depoimentos, bem como ao conteúdo do
acordo, sob o argumento de que teria o sigilo sido elemento constitutivo da avença. Dessa
forma, uma vez concluída as diligências cautelares, ou até no máximo o recebimento da
denúncia pode o sigilo ser mantido, não subsistindo razão para manutenção do sigilo após
o recebimento da denúncia que é o prazo máximo. Por fim, a Lei nº 13.964/2019 (Pacote
Anticrime) deu nova redação ao art. 7º, § 3º, da Lei 12.850/13, acrescentando ser vedado
ao magistrado decidir pela publicidade da colaboração em qualquer hipótese. Assim,
após o recebimento da denúncia a colaboração deixa de ser sigilosa, mas o juiz não pode
dar publicidade a ato.

STF. 1ª Turma. Inq 4435 AgR/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 12/9/2017 (INFO/STF 877).

HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO

HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO DE COLABORAÇÃO PREMIADA E LIMITES DE ATUAÇÃO DO


RELATOR

157. (DJUS) Para o STF, é do Relator, monocraticamente, sem necessidade de enviar


para a turma, a competência para homologar o acordo de colaboração premiada
quando a autoridade delatada possuir prerrogativa de foro no Tribunal. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):


INFO
870/STF
Joãozinho, Deputado Federal, investigado pela operação Lava Jato, foi delatado em
acordo de colaboração premiada firmado entre o Ministério Público Federal e um grupo
de empresários por ter, em tese, recebido propina para liberação de termos de convênio
e benefícios relativos ao ICMS. Por possuir foro de prerrogativa de função no STF, o
acordo de colaboração foi encaminhado ao relator do processo, que o homologou, sem
enviar para a turma. A defesa de Joãozinho, inconformada, contestou a homologação do
acordo pelo relator, de forma monocrática, alegando sua incompetência para o ato.
Nessa situação, para o STF, não tem razão a defesa, pois compete ao Relator
monocraticamente a homologação do acordo de colaboração premiada. C/E?

vontade, especialmente nos casos em que o colaborador está ou esteve sob efeito de medidas cautelares. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019). (...).
184
CF, art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...) LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;
(...).

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COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, é do Relator, monocraticamente, sem necessidade de


enviar para a turma, a competência para homologar o acordo de colaboração premiada
quando a autoridade delatada possuir prerrogativa de foro no Tribunal. Isso porque,
incumbe à autoridade judicial responsável pela supervisão do procedimento investigatório
homologar o acordo de colaboração celebrado e adotar, subsequentemente, as
providências acerca de cada fato relatado. A jurisprudência do STF orienta-se no sentido
de ser a fixação da competência de um ministro para relatar causas e recursos um assunto
atinente à organização interna do Tribunal e, portanto, indisponível ao interesse das
partes. Assim, é atribuição do relator, como corolário dos poderes instrutórios, ordenar a
realização de meios de obtenção de provas, nos termos que lhe são conferidos pelos
incisos I e II do art. 21 do RISTF, e, por conseguinte, homologar monocraticamente
acordos de colaboração premiada — oportunidade em que se limita ao juízo de
regularidade, legalidade, adequação e voluntariedade da avença, nos limites do art. 4º, §
7º, da Lei 12.850/2013185. A natureza jurídica do acordo de colaboração premiada como
meio de obtenção de prova é ato inserido nas atribuições regimentais do relator. Não há,
portanto, qualquer óbice à homologação do respectivo acordo mediante decisão
monocrática. Porém, insta salientar que, neste momento, o Relator não realiza qualquer
controle de mérito, limitando-se aos aspectos formais e legais do acordo. No ato de
homologação da colaboração premiada, não cabe ao magistrado, de forma antecipada e
extemporânea, tecer juízo de valor sobre o conteúdo das cláusulas avençadas, exceto nos
casos de flagrante ofensa ao ordenamento jurídico vigente. Agora, a quem compete a
decisão final de mérito? É competência do colegiado a decisão final de mérito. A decisão
colegiada (acórdão), em Turma ou Pleno, após a conclusão da instrução probatória, é que
vai avaliar o cumprimento dos termos do acordo homologado e a sua eficácia, etapa em
que se confere concretude ao princípio acusatório que rege o processo penal no Estado
Democrático de Direito, conforme previsto no art. 4º, § 11º da Lei nº 12.850/2013 186. A
instauração de inquérito é fase preliminar investigatória, na qual estão as colaborações,
que, como meios de obtenção de prova, não são idôneas para se condenar, mas apenas
para se ensejar a investigação onde há dúvida a ser dirimida ou indício a ser provado. Por
isso, no momento de homologação, o juízo é preliminar e preambular. Somente no
julgamento de mérito o Poder Judiciário, autorizado pela lei, poderá definir a extensão da

185
Lei 12.850/13, art. 4º. O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a
pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a
investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados: (...) § 7º
Realizado o acordo na forma do § 6º deste artigo, serão remetidos ao juiz, para análise, o respectivo termo, as declarações do
colaborador e cópia da investigação, devendo o juiz ouvir sigilosamente o colaborador, acompanhado de seu defensor,
oportunidade em que analisará os seguintes aspectos na homologação: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019). I - regularidade
e legalidade; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). II - adequação dos benefícios pactuados àqueles previstos no caput e nos §§ 4º
e 5º deste artigo, sendo nulas as cláusulas que violem o critério de definição do regime inicial de cumprimento de pena do art. 33
do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), as regras de cada um dos regimes previstos no Código Penal e
na Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal) e os requisitos de progressão de regime não abrangidos pelo § 5º
deste artigo; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). III - adequação dos resultados da colaboração aos resultados mínimos exigidos
nos incisos I, II, III, IV e V do caput deste artigo; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). IV - voluntariedade da manifestação de
vontade, especialmente nos casos em que o colaborador está ou esteve sob efeito de medidas cautelares. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019).
186
Lei 12.850/13, art. 4º. O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a
pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a
investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados: (...) § 11º A
sentença apreciará os termos do acordo homologado e sua eficácia.

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colaboração e analisar o benefício respectivo. Por fim, cumpre destacar que a


COLABORAÇÃO PREMIADA, segundo Renato Brasileiro187, é uma técnica especial de
investigação por meio da qual o coautor ou partícipe da infração penal, além de confessar
seu envolvimento no fato delituoso, fornece aos órgãos responsáveis pela persecução
penal informações objetivamente eficazes para a consecução de um dos objetivos
previstos em lei, recebendo, em contrapartida, determinado prêmio legal, entre outros o
possível perdão judicial (art. 4º, da Lei 12.850/13). O acordo de colaboração possui
natureza jurídica de meio de obtenção de provas e é um instituto previsto e regulado por
vários diplomas legais, em especial na Lei 12.850/13 (Lei das Organizações Criminosas),
recentemente alterada pelo Pacote Anticrime (Lei nº 13.964/19), que trouxe novas regras
para sua celebração.

STF. Plenário. Pet 7074/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 21, 22, 28 e 29/6/2017 (INFO/STF 870).

PERDÃO JUDICIAL

MÁXIMA EFETIVIDADE OU NÃO DA COLABORAÇÃO PREMIADA PARA SE OBTER O


PERDÃO JUDICIAL

158. (DJUS) De acordo com o STF, a colaboração premiada precisa ser apenas
voluntária, não necessariamente espontânea, mas para se obter a concessão do
perdão judicial, é preciso atingir a efetividade máxima como meio para obter
provas. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Valéria foi condenada a 04 anos de reclusão no regime semiaberto, por ter praticado o
crime de envio de criança para o exterior (art. 239, da Lei 8.069/90). Em colaboração
premiada voluntária, mas não espontânea, a ré identificou alguns integrantes da
quadrilha. O juiz ao julgar, aplicou apenas a causa de diminuição de pena no patamar de
INFO
1/3 (art.14, da Lei 8.807/99) em face da colaboração. A defesa, inconformada, apelou,
861/STF
requerendo a concessão do perdão judicial. Para o STF, nessa situação, agiu
corretamente o juiz, pois basta que a colaboração seja voluntária, mas como no caso
não atingiu a efetividade máxima para se obter provas, não cabe o perdão judicial. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. De acordo com o STF, a colaboração premiada precisa ser apenas
voluntária, não necessariamente espontânea, mas para se obter a concessão do perdão
judicial, é preciso atingir a efetividade máxima como meio para obter provas. A
COLABORAÇÃO PREMIADA, segundo Renato Brasileiro188, é uma técnica especial de
investigação por meio da qual o coautor ou partícipe da infração penal, além de confessar
seu envolvimento no fato delituoso, fornece aos órgãos responsáveis pela persecução
penal informações objetivamente eficazes para a consecução de um dos objetivos
previstos em lei, recebendo, em contrapartida, determinado prêmio legal, entre outros o
possível perdão judicial (art. 4º, da Lei 12.850/13). A colaboração premiada possui
natureza jurídica de meio de obtenção de provas e é um instituto previsto e regulado por

187
LIMA, Renato Brasileiro. Legislação Especial Criminal Comentada. 4. ed. Salvador: JusPODIVM, 2016, p. 520.
188
LIMA, Renato Brasileiro. Legislação Especial Criminal Comentada. 4. ed. Salvador: JusPODIVM, 2016, p. 520.

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vários diplomas legais, em especial na Lei 12.850/13, que trata das organizações
criminosas. Nesse caso em concreto, foi aplicado o regramento da colaboração prevista na
Lei 9.807/99 que dispõe sobre a proteção às testemunhas, pois à época não existia a Lei
de organização criminosa. De acordo com o artigo 13 da lei 9.807/99, o juiz pode conceder
o perdão judicial ao acusado que cooperar de forma EFETIVA E VOLUNTÁRIA com a
investigação e o processo. No entanto, deve a colaboração ser capaz de a) identificar os
demais coautores ou partícipes do crime; b) a localização da vítima, com a integridade
física preservada; c) a recuperação total ou parcial do produto do crime. Ademais, o artigo
14 da Lei 9.807/99189 dispõe sobre o percentual de diminuição da pena “reduzida de um a
dois terços” de acordo com a maior aproximação do alcance da colaboração prestada.
Nessa situação, cabe ao magistrado sopesar esse alcance da colaboração e atribuir a
dosagem de diminuição adequada. Ou seja, no caso concreto o juiz aplicou a diminuição
de 1/3, por entender que a colaboração apenas identificou alguns coautores, afastando a
concessão do perdão judicial que se condiciona ao atingimento máximo de efetividade na
obtenção de provas com a colaboração. Por fim, o temo utilizado pelo tribunal
“espontaneidade” foi utilizado como sinônimo de voluntariedade, uma vez que no
dicionário da língua portuguesa “voluntário” está empregado como “aquilo que não é
forçado que só depende da vontade; espontâneo. Dessa forma, para que seja concedido o
perdão, nos termos da Lei 9.807/99, nesse caso, a colaboração do réu deve decorrer de
livre vontade, desprovida de qualquer tipo de constrangimento.

STF. 1ª Turma. HC 129877/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 18/4/2017 (INFO/STF 861).

PRISÃO PREVENTIVA

POSSIBILIDADE OU NÃO DE PRISÃO PREVENTIVA POR DESCUMPRIMENTO DE ACORDO


DE COLABORAÇÃO PREMIADA

159. (DJUS) Para o STJ, o descumprimento do acordo de colaboração premiada é capaz,


por si só, de autorizar a prisão preventiva do colaborador. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

INFO Arnaldo foi preso preventivamente acusado de ter praticado o crime de concussão e
609/STJ lavagem de dinheiro. O acusado procurou o MP com a intenção de celebrar acordo de
colaboração premiada e, entre outros benefícios, obter a revogação da prisão cautelar.
INFO Com base na aceitação do acordo pelo MP, a defesa requereu a revogação da preventiva
862/STF que foi deferida pelo juiz. No entanto, após a revogação da preventiva, Arnaldo não
cumpriu com o acordo e o MP requereu o restabelecimento da prisão preventiva,
pedido que foi deferido pelo magistrado. Para o STJ, nessa situação, o magistrado agiu
corretamente. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STJ, o mero descumprimento do acordo de colaboração


premiada, NÃO é capaz de, por si só, autorizar o restabelecimento da prisão preventiva

189
Lei 9.807/99, art. 14. O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigação policial e o processo criminal na
identificação dos demais coautores ou partícipes do crime, na localização da vítima com vida e na recuperação total ou parcial do
produto do crime, no caso de condenação, terá pena reduzida de um a dois terços.

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revogada em razão da aceitação do acordo. A prisão preventiva é uma medida cautelar


de natureza processual que, segundo o artigo 312 do CPP, visa assegurar a ordem pública,
a ordem econômica, a conveniência da instrução criminal e a aplicação da lei penal,
requisitos esses imprescindíveis para a sua decretação. Uma vez revogada a segregação
cautelar, uma nova decretação só será possível diante de novos fatos concretos e
contemporâneos que comprovem a imprescindibilidade da medida. O mero fato de não
ter o acordo de colaboração premiada logrado êxito, ou de ter sido este descumprido não
autoriza o restabelecimento da prisão preventiva, uma vez que não se trata de fato novo
capaz de fundamentar a decisão. Ademais, a Lei 12.850/13 que, entre outras, regula o
instituto da colaboração não prevê a hipótese de revogação da preventiva ante o
descumprimento do acordo ou o seu restabelecimento pelo descumprimento do acordo.
Ou seja, a decretação da prisão preventiva está vinculada ao preenchimento concreto dos
requisitos do art. 312, do CPP190 e não ao fato do descumprimento do acordo celebrado.
Além disso, revogada a preventiva, como no caso, a imposição de nova prisão provisória
reclama a indicação de fatos novos. Dessa forma, o descumprimento de acordo de
colaboração premiada ou a sua frustração, por si só, não autoriza a imposição da prisão
cautelar. Esse entendimento foi reafirmado pelo STF no julgamento do HC 138207/PR.

STJ. 6ª Turma. HC 396.658-SP, Rel. Min. Antônio Saldanha Palheiro, julgado em 27/6/2017 (INFO/STJ 609).
STF. 1ª Turma. HC 138207/PR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 25/4/2017 (INFO/STF 862).

19. EXECUÇÃO PENAL


SOLTURA IMEDIATA DO RÉU

EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA E SOLTURA IMEDIATA DO RÉU

160. (DJUS) Para o STF, o réu que iniciou o cumprimento provisório da pena tem
direito à soltura imediata, tendo em vista que não é mais possível a execução da
pena privativa de liberdade após a sentença condenatória em segunda instância.
C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):


INFO
964/STF
Joãozinho, condenado em segunda instância pelo Tribunal, após o julgamento dos
embargos de declaração, iniciou imediatamente o cumprimento das penas impostas,
pois, à época, o Supremo Tribunal Federal entendia ser possível a execução provisória.
Posteriormente, o STF decidiu que a execução provisória era indevida, por violar a
presunção de inocência. Diante disso, a defesa impetrou HC requerendo a soltura
imediata de Joãozinho. Nessa situação, para o STF, o pedido deve ser deferido, haja
vista não ser mais possível a execução da pena privativa de liberdade após a sentença
condenatória em segunda instância. C/E?

COMENTÁRIO

190
CPP, art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por
conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício
suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019).

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Gabarito: ERRADO. Para o STF, não obstante a impossibilidade da execução da pena


privativa de liberdade antes do trânsito em julgado, o réu que iniciou o cumprimento
provisório da pena anteriormente NÃO TEM direito à soltura IMEDIATA. Isso porque,
deve-se oportunizar primeiramente ao Tribunal que determinou o início imediato do
cumprimento da pena a verificação dos requisitos para a prisão preventiva, nos termos do
art. 312 do Código de Processo Penal191 (atualmente com redação dada pela Lei nº
13.964/2019 - Pacote Anticrime). Ocorre que, anteriormente à mudança de
entendimento do STF acerca da execução provisória da pena (ADC 43/DF, ADC 44/DF e
ADC 54/DF), não houve, no caso, a análise dos requisitos do art. 312 do CPP pelo Tribunal,
haja vista o Supremo Tribunal Federal entender ser possível, à época, o cumprimento
imediato da pena após a condenação em segunda instância. Nessa situação, atualmente,
o STF entende que o réu não deve ser solto imediatamente, devendo o Tribunal verificar,
primeiramente, se há a presença dos requisitos da prisão preventiva, a fim de assegurar a
ordem jurídica. O STF também entendeu que, no caso de réu condenado em regime
semiaberto, nessas mesmas circunstâncias, o Tribunal deve analisar se é caso de aplicação
de medidas cautelares diversas da prisão, previstas no art. 319 do CPP192 (HC 175841/SC,
rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
17.12.2019). Insta salientar que nas condenações do Tribunal do Júri, o STF não conheceu
habeas corpus impetrado contra decisão monocrática de Ministro do STJ que negou
liminar e manteve decisão do TJ que determinou a execução provisória da pena. Nesse
caso, o STF entendeu que não havia alguma situação excepcional que poderia justificar a
concessão do habeas corpus de ofício, aplicando-se a Súmula 691/STF: “Não compete ao
Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus impetrado contra decisão do relator
que, em habeas corpus requerido a tribunal superior, indefere a liminar”. Não houve,
portanto, uma posição do Tribunal quanto ao mérito do tema, que apenas não conheceu
o HC impetrado. Ponderou que a questão específica do júri ainda será apreciada em
repercussão geral, no Recurso Extraordinário 1235340 (HC 175808/SP, rel. orig. Min.
Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 17.12.2019). Contudo,

191
CPP, art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por
conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício
suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado. § 1º A prisão preventiva também poderá ser
decretada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares (art. 282, §
4º). § 2º A decisão que decretar a prisão preventiva deve ser motivada e fundamentada em receio de perigo e existência concreta
de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada.
192
CPP, art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão: I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições
fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades; II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por
circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas
infrações; III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o
indiciado ou acusado dela permanecer distante; IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente
ou necessária para a investigação ou instrução; V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o
investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos; VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza
econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais; VII - internação provisória
do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou
semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração; VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o
comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial;
IX - monitoração eletrônica.

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cumpre destacar que após a Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime), que acrescentou o
art. 492, I, “e”, do CPP193, há previsão expressa da execução provisória da pena nas
condenações pelo Tribunal do Júri igual ou superior a 15 anos de reclusão. Por fim,
cumpre ressaltar que não é mais possível a execução da pena, seja ela privativa de
liberdade ou restritiva de direitos, antes do trânsito em julgado da condenação. Ou seja,
não é mais permitida a execução provisória da pena depois da decisão vinculante do STF
em controle concentrado (ADC 43/DF, ADC 44/DF e ADC 54/DF), que declarou a
constitucionalidade do art. 283 do CPP194 (atualmente com redação dada pela Lei nº
13.964/2019 - Pacote Anticrime), que condiciona o início do cumprimento da pena ao
trânsito em julgado do título condenatório, tendo em vista o princípio da não
culpabilidade (art. 5º, LVII, da CF195).

STF. 1ª Turma. HC 175405/PR, HC 175808/SP e HC 175841/SC, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 17/12/2019 (INFO/STF 964).
STF. Plenário. ADC 43/DF, ADC 44/DF e ADC 54/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgados em 7/11/2019 (INFO/STF
958).

DIREITO A RECORRER EM LIBERDADE

EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA E DIREITO OU NÃO DE RECORRER EM LIBERDADE

161. (DJUS) Para o STF, o réu que iniciou a execução provisória da pena após
determinação do Tribunal, quando já havia sido negado pelo juiz de primeiro grau
o direito de recorrer em liberdade por estarem presentes os requisitos da prisão
preventiva, não tem direito à soltura imediata com base no novo entendimento
de que não é mais possível a execução da pena privativa de liberdade após a
sentença condenatória em segunda instância. C/E?
INFO
Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):
964/STF
Joãozinho, condenado em primeira instância, não teve o direito de recorrer em
liberdade por estarem presentes os requisitos da prisão preventiva. Em apelação, o
Tribunal manteve a condenação, ocasião em que o entendimento do STF era no sentido
de ser cabível a execução provisória da pena. Assim, determinou que o condenado
iniciasse imediatamente o cumprimento da pena e repetiu a necessidade de garantia da
ordem pública. Posteriormente, o STF decidiu que a execução provisória era indevida,
por violar a presunção de inocência. Diante disso, a defesa impetrou HC requerendo a
soltura imediata de Joãozinho. Nessa situação, para o STF, o pedido não deve ser
deferido, pois o réu não tem direito à soltura imediata com base no novo entendimento
de que não é mais possível a execução da pena privativa de liberdade após a sentença
condenatória em segunda instância. C/E?

193
CPP, art. 492. Em seguida, o presidente proferirá sentença que: I – no caso de condenação: (...) e) mandará o acusado recolher-
se ou recomendá-lo-á à prisão em que se encontra, se presentes os requisitos da prisão preventiva, ou, no caso de condenação a
uma pena igual ou superior a 15 (quinze) anos de reclusão, determinará a execução provisória das penas, com expedição do
mandado de prisão, se for o caso, sem prejuízo do conhecimento de recursos que vierem a ser interpostos; (...).
194
CPP, art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade
judiciária competente, em decorrência de prisão cautelar ou em virtude de condenação criminal transitada em julgado.
195
CF, art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...) LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; (...).

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COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, o réu que iniciou a execução provisória da pena após
determinação do Tribunal, quando já havia sido negado pelo juiz de primeiro grau o
direito de recorrer em liberdade por estarem presentes os requisitos da prisão
preventiva, NÃO TEM DIREITO à soltura imediata com base no novo entendimento de
que não é mais possível a execução da pena privativa de liberdade após a sentença
condenatória em segunda instância. Isso porque, a manutenção da prisão pelo Tribunal
não se deu apenas por conta da possibilidade da execução provisória da pena à época da
decisão. No caso em comento, a decretação da prisão preventiva pelo juiz de primeiro
grau, em razão da garantia da ordem pública (reconhecida pelo Tribunal), e a posterior
vedação ao direito de recorrer em liberdade, juntamente com a possibilidade à época da
execução após a condenação na segunda instância, foram determinantes para a decisão
do Tribunal. Além disso, o Tribunal, apesar de ordenar a execução provisória, repetiu a
necessidade de garantia da ordem pública. Desse modo, não se pode dizer que a decisão
tenha sido teratológica, flagrantemente ilegal, abusiva ou manifestamente contrária à
jurisprudência do STF, situações nas quais o STF poderia conceder de ofício o habeas
corpus. Por fim, cumpre destacar que o STF passou a entender não ser mais possível a
execução provisória da pena após a condenação em segunda instância (ADC 43/DF, ADC
44/DF e ADC 54/DF), tendo em vista o princípio da não culpabilidade (art. 5º, LVII, da
CF196).

STF. 1ª Turma. HC 176723/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
17/12/2019 (INFO/STF 964).

REINCIDÊNCIA

RECONHECIMENTO DA REINCIDÊNCIA NO JUÍZO DA EXECUÇÃO PENAL

162. (DJUS) O Juízo da Execução pode promover a retificação do atestado de pena para
constar a reincidência, ainda que não esteja reconhecida expressamente na
sentença penal condenatória transitada em julgado, de acordo com o STJ. C/E?
INFO
Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):
662/STJ
Joãozinho teve sentença condenatória transitada em julgado em 2017. No ano seguinte,
praticou outro crime e obteve nova condenação, que não reconheceu expressamente a
reincidência do sentenciado. Após o trânsito em julgado da sentença, iniciou-se o
cumprimento definitivo da pena. Nessa situação, para o STJ, o Juízo da Execução pode
fazer constar a reincidência no atestado da pena, mesmo que não tenha sido
reconhecida, de forma expressa, na sentença condenatória transitada em julgado. C/E?

COMENTÁRIO

196
CF, art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...) LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; (...).

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Gabarito: CERTO. Para o STJ, o Juízo da Execução PODE promover a retificação do


atestado de pena para constar a reincidência, ainda que não esteja reconhecida
expressamente na sentença penal condenatória transitada em julgado. Em outras
palavras, a reincidência que não esteja expressamente reconhecida no édito condenatório
pode ser proclamada pelo juiz da execução, pois constitui circunstância pessoal que
acompanha o condenado durante toda a execução, podendo ser reconhecida pelo Juízo
que supervisiona o cumprimento da pena, ainda que não declarada pelo Juízo que
prolatou a sentença condenatória, não havendo violação à coisa julgada e ao princípio do
non reformatio in pejus. Isso, porque as condições pessoais do paciente, como a
reincidência, devem ser observadas pelo juízo da execução para concessão de benefícios
(progressão de regime, livramento condicional, etc.), independente de tal condição ter
sido considerada na sentença condenatória, eis que também é atribuição do juízo da
execução individualizar a pena. Em se tratando de sentença penal condenatória, insta
salientar que o juízo da execução deve se ater ao teor do referido decisum, no que diz
respeito ao quantum de pena, ao regime inicial, bem como ao fato de ter sido a pena
privativa de liberdade substituída ou não por restritiva de direitos. Contudo, a
intangibilidade da sentença penal condenatória transitada em julgado não retira do Juízo
das Execuções Penais o dever de adequar o cumprimento da sanção penal às condições
pessoais do réu. Assim, cumpre destacar que a individualização da pena se realiza,
essencialmente, em três momentos: i) na cominação da pena em abstrato ao tipo legal,
pelo Legislador; ii) na sentença penal condenatória, pelo Juízo de conhecimento; e iii) na
execução penal, pelo Juízo das Execuções, na aferição das condições pessoais do paciente
(ex.: reincidência) para fins de concessão de benefícios.

STJ. 3ª Seção. EREsp 1.738.968/MG, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 27/11/2019 (INFO/STJ 662).
STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1.642.746/ES, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 03/08/2017.

VISITAS

POSSIBILIDADE OU NÃO DE PROIBIR DEFINITIVAMENTE O PRESO DE RECEBER VISITAS

163. (DJUS) Para o STJ, diretor de estabelecimento prisional pode determinar, como
forma de sanção administrativa, o cancelamento permanente e definitivo do
registro de pai de detento do cadastro de visitantes que ingressou na unidade
prisional com alguns celulares. C/E?

INFO Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):


661/STJ
Júnior cumpre pena em regime fechado. Seu pai que costumava visitá-lo foi
surpreendido durante a revista portando vários celulares que entregaria ao filho dentro
do presídio. Por esse motivo, o Diretor do estabelecimento, com base em Portaria e
Resolução que instituiu o Regimento Interno das unidades prisionais, determinou o
cancelamento permanente e definitivo do registro do pai de Júnior do cadastro de
visitantes, como garantia da segurança na unidade prisional. Para o STJ, nesse caso, o
ato administrativo do diretor do presídio é ilegal, pois inexiste sanção administrativa em
caráter perpétuo. C/E?

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COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STJ, diretor de estabelecimento prisional NÃO pode


determinar, como forma de sanção administrativa, o cancelamento permanente e
definitivo do registro de pai de detento do cadastro de visitantes que ingressou na
unidade prisional com alguns celulares. Dito de outra forma, o preso não pode ser
impedido para sempre de receber visitas no presídio em que cumpre pena. Isso porque,
além da Constituição Federal garantir a toda pessoa presa tratamento humano e a
assistência familiar, a Lei de Execuções Penais (Lei 7.210/84) assegura o direito do preso
de receber visitas (art. 41, X197) e não prevê nenhuma hipótese de perda em caráter
definitivo desse direito, até porque, o ordenamento pátrio veda sanções de caráter
perpétuo e somente a LEI pode regular a exclusão de direitos do preso durante a
execução penal (art. 5º, XLVI, da CF/88198). Nesse passo, o cancelamento do registro de
visitante não possui caráter definitivo, podendo, após algum tempo, ser analisado a
possibilidade de um novo cadastramento do visitante. Dessa forma, é ilegal a decisão
administrativa que cancela definitivamente o registro de visitante, por expressa previsão
legal no ordenamento pátrio de sanções de caráter perpétuo.

STJ. 6ª Turma. RMS 48.818-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 26/11/2019 (INFO/STJ 661).

TRANSFERÊNCIA DO CUSTODIADO

POSSIBILIDADE OU NÃO DA TRANSFERÊNCIA DO CUSTODIADO PARA PRESÍDIO FEDERAL


SEM OUVIDA PRÉVIA DA DEFESA

164. (DJUS) Para o STJ, viola o contraditório e o devido processo legal a decisão que
determina a transferência ou permanência de custodiado em estabelecimento
penitenciário federal sem a ouvida prévia da defesa. C/E?

INFO Vejamos a seguinte situação hipotética:


660/STJ
José cumpre pena no regime fechado em estabelecimento prisional estadual,
SÚMULA condenado por liderar organização criminosa. Contudo, foi constatado que José
639/STJ continuava emitindo ordens de dentro do presídio para os demais integrantes da
organização que estavam soltos, para que praticassem diversos homicídios. A fim de
evitar a continuidade da atuação de José, o juiz da execução determinou a sua
transferência imediata para um presídio federal, antes de ouvir a defesa quanto a essa
determinação. Para o STJ, nesse caso, o juiz da execução violou o direito ao
contraditório e ao devido processo legal, pois é imprescindível que a defesa seja ouvida
antes da transferência de José. C/E?

COMENTÁRIO

197
LEP, art. 41. Constituem direitos do preso: (...) X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias
determinados; (...).
198
CF, art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...) XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: a) privação ou restrição da liberdade; b)
perda de bens; c) multa; d) prestação social alternativa; e) suspensão ou interdição de direitos; (...).

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Gabarito: ERRADO. Para o STJ, NÃO VIOLA o contraditório e o devido processo legal a
decisão que determina a transferência ou permanência de custodiado em
estabelecimento penitenciário federal sem a ouvida prévia da defesa. Trata-se de
Súmula editada pelo STJ (Súmula 639) que assim dispõe: “Não fere o contraditório e o
devido processo decisão que, sem ouvida prévia da defesa, determine transferência ou
permanência de custodiado em estabelecimento penitenciário federal”. Ou seja, NÃO é
imprescindível que a defesa seja PREVIAMENTE ouvida para que o custodiado seja
transferido para o presidio federal ou para que nele permaneça. Esse entendimento já
era pacífico nos Tribunais Superiores, vindo a ser consolidado nessa súmula. Isso porque,
embora a Lei 11.671/08, a qual regula a transferência e inclusão de presos nos
estabelecimentos penais federais de segurança máxima, no art. 5º, §2º, determine a oitiva
da defesa, no prazo de 05 dias, depois de instruído os autos do processo de transferência
do custodiado, ao mesmo tempo, no §6º do art. 5º, possibilita que o juiz autorize a
IMEDIATA TRANSFERÊNCIA do preso, antes de ouvir a defesa em casos de EXTREMA
NECESSIDADE. Essa conduta do magistrado, diante da extrema necessidade da
transferência, não violará o direito ao contraditório e ao devido processo legal, que nesse
caso, procederá a ouvida da defesa logo após a transferência, podendo ser a
determinação da transferência mantida ou revogada.

STJ. 3ª Seção. Aprovada em 27/11/2018, DJe 5/12/2018. (INFO/STJ 660).

PRISÃO DOMICILIAR

POSSIBILIDADE OU NÃO DE REEDUCANDO EM PRISÃO DOMICILIAR FREQUENTAR CULTO


RELIGIOSO

165. (DJUS) Para o STJ, não é possível que o reeducando, em prisão domiciliar, seja
autorizado a sair de sua residência para frequentar culto religioso durante a noite
se entre as normas de conduta pré-estabelecidas a serem cumpridas esteja a de
recolhimento domiciliar até às 19h. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

INFO Washington, por falta de estabelecimento compatível com o regime semiaberto,


657/STJ cumpre pena em prisão domiciliar, mas tem autorização para realizar trabalho externo,
sob monitoração eletrônica, com a condição de recolher-se em sua residência até 19h.
Ocorre que, em razão de sua religião, o reeducando requereu autorização para que
pudesse sair após as 19h para frequentar o culto religioso de sua igreja. Para o STJ,
nesse caso, Washington não tem direito a ausentar-se de seu domicílio após as 19h, pois
a determinação de recolhimento às 19h se trata de condição de cumprimento da pena e
conceder essa saída desatende às finalidades da pena e atinge o caráter sancionador do
recolhimento. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STJ, É POSSÍVEL que o reeducando, em prisão domiciliar, seja
autorizado a sair de sua residência para frequentar culto religioso durante a noite

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(depois das 19h), AINDA que entre as normas de conduta pré-estabelecidas a serem
cumpridas esteja a de recolhimento domiciliar até às 19h. Em outras palavras, embora
haja determinação para que o apenado se recolha em seu domicílio até às 19h, ele poderá
se ausentar após esse horário para frequentar culto religioso. Isso porque, se a liberdade
de culto for compatível com as condições de cumprimento da prisão domiciliar impostas
ao reeducando, não há porque impedir a sua saída para participar de culto religioso, uma
vez que essa liberdade não pode ser restrita a prática apenas dentro de sua residência,
ainda que suas atividades profissionais e pessoais devam-se adequar aos horários e
obrigações que foram estabelecidas pelo juiz da execução. Ademais, a liberdade de culto é
um direito garantido pela Constituição Federal (art. 5º, VI e VII 199) e também pelo art. 24
da Lei de Execuções Penais200, como forma de ressocialização do preso e de promoção do
princípio da dignidade da pessoa humana. Noutro passo, o monitoramento eletrônico
permite o controle do horário e da área de permanência delimitada ao apenado,
facilitando o controle do cumprimento das condições impostas. Dessa forma, a frequência
aos cultos religiosos fora do horário determinado para recolhimento do reeducando não
viola as finalidades da pena, bem como atende ao princípio ressocializador desta,
podendo ser o horário de recolhimento alterado para que possa o apenado exercer o seu
direito de liberdade de religião e de culto.

STJ. Corte Especial. APn 923-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 23/09/2019 (INFO/STJ 657).

SAÍDA TEMPORÁRIA

COMPATIBILIDADE OU NÃO ENTRE SAÍDA TEMPORÁRIA E PRISÃO DOMICILIAR

166. (DJUS) Para o STJ, não é possível a concessão do benefício da saída temporária
para condenado em regime semiaberto que cumpre pena em prisão domiciliar
por falta de estabelecimento adequado. C/E?

Vejamos a seguinte situação hipotética:


INFO
Marquinhos, condenado a 05 anos de prisão no regime semiaberto, teve sua prisão
655/STJ
substituída pela prisão domiciliar por falta de estabelecimento adequado para o
cumprimento da pena no regime semiaberto. Ocorre que a defesa de Marquinhos,
diante do preenchimento dos requisitos legais, requereu ao juiz da execução a
concessão do benefício da saída temporária para que Marquinhos pudesse acompanhar
a esposa ao Hospital para dar a luz ao filho do casal. Para o STJ, nessa situação,
Marquinhos não tem direito ao benefício da saída temporária, pois já está em prisão
domiciliar e em contato com a família, não preenchendo os requisitos legais para a
concessão. C/E?

COMENTÁRIO

199
CF, art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...) VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na
forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência
religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; (...).
200
LEP, art. 24. A assistência religiosa, com liberdade de culto, será prestada aos presos e aos internados, permitindo-se-lhes a
participação nos serviços organizados no estabelecimento penal, bem como a posse de livros de instrução religiosa. § 1º No
estabelecimento haverá local apropriado para os cultos religiosos. § 2º Nenhum preso ou internado poderá ser obrigado a
participar de atividade religiosa.

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Gabarito: ERRADO. Para o STJ, É POSSÍVEL a concessão do benefício da saída temporária


para condenado em regime semiaberto que cumpre pena em prisão domiciliar por falta
de estabelecimento adequado. Em outras palavras, há compatibilidade entre o benefício
da saída temporária e da prisão domiciliar. Ou seja, não há óbice a concessão do benefício
de saída temporária se os requisitos objetivos e subjetivos exigidos pelo art. 122 e
seguintes da Lei de Execuções Penais (LEP) forem preenchidos. O fato de estar o apenado
cumprindo pena em prisão domiciliar, sob monitoramento eletrônico, por si só, não obsta
a concessão da saída temporária. Isso porque, o apenado está FORMALMENTE NO
REGIME SEMIABERTO, uma vez que a substituição pela prisão domiciliar decorreu de
FALHA DO ESTADO que não disponibiliza de estabelecimento adequado para o
cumprimento da pena no regime semiaberto. O art. 122 da LEP201 assegura a concessão da
saída temporária ao condenado em REGIME SEMIABERTO para visitar a família, quando
preencher os requisitos do art. 123: a) comportamento adequado; b) cumprir no mínimo
1/6 (um sexto) da pena se primário, e 1/4 (um quarto), se reincidente; c) houver
compatibilidade do benefício com os objetivos da pena. Observem que o benefício é
assegurado, em regra, aos condenados em regime semiaberto e a prisão domiciliar aos
que se encontrem cumprindo pena no regime aberto. Contudo, não se justifica que
aquele que se encontrar em regime menos gravoso (aberto) por falta de estabelecimento
adequado com o regime semiaberto, não possa ter direito ao benefício. Dessa forma, não
o que se falar em incompatibilidade entre o benefício da saída temporária e a prisão
domiciliar.

STJ. 6ª Turma. HC 489.106-RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 13/08/2019 (INFO/STJ 655).

REGIME DE PENA

POSSIBILIDADE OU NÃO DE FIXAÇÃO DO REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA


MAIS GRAVOSO

167. (DJUS) Para o STF, o juiz pode fixar um regime inicial de cumprimento de pena
mais gravoso do que o previsto em razão do quantum da pena aplicada,
considerando-se apenas a reprovabilidade do delito praticado pelo condenado.
INFO
C/E?
945/STF
Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):
SÚMULA
719/STF
Doquinha foi condenado a pena de 02 anos e 03 meses de reclusão pela prática de
tráfico privilegiado. Embora as circunstâncias judiciais fossem favoráveis ao réu o juiz
fixou o regime inicial de cumprimento da pena em semiaberto, regime mais gravoso do
que o previsto para o quantum da pena máxima aplicada e fundamentou sua decisão
apenas na reprovabilidade do delito praticado. Para o STF, nesse caso, não há óbice para
que se aplique o regime inicial mais gravoso do que o recomendado pela Lei Penal (§2º,

201
LEP, art. 122. Os condenados que cumprem pena em regime semi-aberto poderão obter autorização para saída temporária do
estabelecimento, sem vigilância direta, nos seguintes casos: I - visita à família; II - frequência a curso supletivo profissionalizante,
bem como de instrução do 2º grau ou superior, na Comarca do Juízo da Execução; III - participação em atividades que concorram
para o retorno ao convívio social. § 1º A ausência de vigilância direta não impede a utilização de equipamento de monitoração
eletrônica pelo condenado, quando assim determinar o juiz da execução. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019). § 2º Não terá
direito à saída temporária a que se refere o caput deste artigo o condenado que cumpre pena por praticar crime hediondo com
resultado morte. (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018).

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art. 33, CP), uma vez que a fixação do regime inicial não está obrigatoriamente atrelada
ao quantum da pena aplicada, independente das circunstâncias judiciais serem
favoráveis ao condenado. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STF, o juiz NÃO pode fixar um regime inicial de cumprimento
de pena mais gravoso do que o previsto legalmente em razão do quantum da pena
aplicada, considerando-se apenas a reprovabilidade do delito praticado pelo
condenado. Em outras palavras, para se fixar um regime inicial mais gravoso, o juiz deve
fundamentar sua decisão de forma idônea, não sendo o bastante o fundamento de
reprovabilidade do delito praticado. Embora haja a possibilidade de se fixar um regime
inicial mais gravoso, a Súmula 719 do STF exige que a motivação para fixação mais severa
seja idônea, sendo necessário que se analise o caso em concreto e se as circunstâncias
judiciais (art. 59, CP202) lhes são favoráveis ou não. Ou seja, não se pode fixar
automaticamente o regime mais severo pelo simples fato de se tratar de tráfico de
drogas, sequer fixar inicialmente no regime fechado, independente da sanção aplicada,
devendo-se fundamentar adequadamente a decisão, com base especialmente nas
circunstâncias e condições em que se desenvolveu a ação no caso concreto. Além de se
tratar de tráfico privilegiado apenado com 02 anos de reclusão, no caso, as circunstâncias
judiciais também foram favoráveis, mostrando-se adequado a fixação do regime inicial
aberto. Vale lembrar o conteúdo do art. 59, do CP: “O juiz, atendendo à culpabilidade,
aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às
circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima,
estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime
(...): III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; (...)”. Dessa
forma, não basta se tratar do crime de tráfico de drogas, é imprescindível motivação
idônea para que se possa fixar regime inicial de cumprimento de pena mais gravoso do
que o previsto para a pena aplicada.

STF. 1ª Turma. HC 163231/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
25/6/2019 (INFO/STF 945).

202
CP, art. 59. O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às
circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e
suficiente para reprovação e prevenção do crime: I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; II - a quantidade de pena aplicável,
dentro dos limites previstos; III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; IV - a substituição da pena
privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.

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LIVRAMENTO CONDICIONAL

POSSIBILIDADE OU NÃO DE REVOGAÇÃO OU SUSPENSÃO DO LIVRAMENTO


CONDICIONAL APÓS O PERÍODO DE PROVA

168. (DJUS) Para o STJ, é possível a suspensão ou revogação do benefício do


livramento condicional, após o término do período de prova, em razão da prática
de novo delito durante o gozo do benefício. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Gustavo que estava em livramento condicional cometeu novo crime, porém o juiz da
execução não tomou conhecimento do fato. Adveio o término do período de prova sem
que tivesse ocorrido nenhum sobrestamento. Para o STJ, nessa situação, o livramento
condicional ainda poderá ser suspenso ou revogado. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STJ, NÃO é possível a suspensão ou revogação do benefício


do livramento condicional após o término do período de prova, ainda que em razão da
prática de novo delito durante o gozo do benefício. Em outras palavras, se o juiz somente
tomou conhecimento após o término do benefício (livramento condicional) de fato capaz
INFO de determinar a suspensão ou revogação deste (como a prática de crime durante o gozo
633/STJ do direito), não mais será possível suspender ou revogar o benefício concedido. O
livramento condicional faz parte da execução da pena e consiste na liberdade antecipada
SÚMULA do réu, que cumpri alguns requisitos e obrigações legais para obtenção e manutenção do
617/STJ benefício, a ser concedido pelo juiz da execução. O instituto do livramento condicional é
regulando tanto pelo Código Penal (art. 83 e seguintes) quanto pela Lei de Execução Penal
7.210/84 (art. 131 e seguintes) com previsão de extinção da punibilidade quando expirado
(terminado) o prazo de prova e não tiver ocorrido revogação nem suspensão do benefício
(art. 146, da LEP203). Ou seja, expirado o período de prova do livramento condicional sem
qualquer sobrestamento, não é mais possível que o juiz da execução suspenda ou
revogue o livramento condicional. Dessa forma, deve ser declarada a extinção da
punibilidade, pelo cumprimento integral da pena (art. 90, do CP/art. 146, da LEP). Esse
entendimento está consolidado pelos tribunais, o que gerou a edição da Súmula n. 617
pelo STJ: “A ausência de suspensão ou revogação do livramento condicional antes do
término do período de prova enseja a extinção da punibilidade pelo integral
cumprimento da pena”. Frise-se que, encerrado o período de prova sem revogação ou
suspensão do livramento, a extinção da punibilidade É AUTOMÁTICA. Ocorre que se o
beneficiado praticar outro crime durante o período de prova, o juiz deverá suspender o
benefício e de acordo com o art. 145 da LEP poderá ordenar a sua prisão. Contudo, essa
SUSPENSÃO deve ser determinada ANTES DE ENCERRADO O PERÍODO DE GOZO do
livramento condicional, pois se for após o término do período de prova o ato será ILEGAL
e consequentemente ocorrerá a extinção da punibilidade em relação ao crime que
gerou o benefício. Vale lembrar que embora seja admissível a prorrogação do período de
prova, esta não se dá de forma automática, devendo ser determinada antes do fim do
período de prova que gerou a prorrogação.

203
LEP, art. 146. O Juiz, de ofício, a requerimento do interessado, do Ministério Público ou mediante representação do Conselho
Penitenciário, julgará extinta a pena privativa de liberdade, se expirar o prazo do livramento sem revogação.

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STJ. 3ª Seção. Súmula 617, aprovada em 26/09/2018, DJe 01/10/2018.


STJ. 5ª Turma. HC370004 SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, julgado em 02/02/2017.
STJ. 6ª Turma. HC 333900 SP, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, julgado em 16/02/2016.
STJ. 5ª Turma. RHC 54612 SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, julgado em 24/11/2015.

REMIÇÃO

POSSIBILIDADE OU NÃO DE REMIÇÃO PELO TRABALHO REALIZADO ANTES DA PRÁTICA


DO CRIME

169. (DJUS) Para o STJ, é possível a remição do tempo de trabalho realizado antes do
início da execução da pena, desde que realizado posterior ao crime praticado.
C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Vanderlei foi condenado a 07 anos de reclusão e impetrou Habeas Corpus (HC) para ter
remido os dias que trabalhou em estabelecimento prisional (antes e depois que
cometeu o crime), todos antes de iniciada a execução da pena. Para o STJ, nessa
situação, o pleito deve ser deferido somente em relação aos dias trabalhados após a
prática do crime. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STJ, é possível a remição do tempo de trabalho realizado antes
INFO do início da execução da pena, desde que posterior ao crime praticado. REMIR a pena
625/STJ significa descontar parte do tempo de execução da prisão pelos dias trabalhados ou de
estudo. Ambas as possibilidades estão reguladas na Lei de Execução Penal (Lei 7.210/84).
Ou seja, o tempo em que o apenado trabalhou ou estudou tem o condão de diminuir o
tempo de sua prisão (art. 126, da LEP204). O juiz da execução é o competente para aplicar a
remição, que possui natureza jurídica de pena cumprida (art. 128, da LEP 205). A remição
pelo trabalho se dá em 01 dia de pena a menos a cada 03 dias trabalhados, com duração
de no mínimo 6h por dia e se aplica apenas aos presos que estiverem cumprindo pena no
regime fechado ou semiaberto. Para que seja possível a remição, o trabalho tem que ser
realizado APÓS O COMETIMENTO DO CRIME, independente de ser anterior ao início da
execução da pena. Isso porque, se fosse admitido que o crime pudesse ser posterior a
remição seria o mesmo que criar, segundo o STJ “uma conta corrente” com a finalidade
de isentar da pena aquele que cometesse novo crime, ou seja, seria um estimulo para a
prática de delitos. Dessa forma, a remição somente é possível se a pratica do crime for
anterior ao trabalho realizado, mesmo que antes do início da execução da pena. OBS.:
Não confunda REMIÇÃO (com Ç) e REMISSÃO (com SS), pois esta significa perdão e aquela
é o abatimento da pena pelo trabalho ou estudo.
STJ. 6ª Turma. HC 420.257-RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 19/04/2018 (INFO/STF 625).

204
LEP, art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo,
parte do tempo de execução da pena.
205
LEP, art. 128. O tempo remido será computado como pena cumprida, para todos os efeitos.

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REMIÇÃO

POSSIBILIDADE OU NÃO DE REMIÇÃO PELA PARTICIPAÇÃO EM CORAL

170. (DJUS) Para o STJ, o canto em coral pode ser considerado para fins de remição da
pena. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Paulo, reeducando, requereu ao juiz da execução o reconhecimento de seu trabalho em


um coral, para fins de remição da pena, pois se dedicava há 02 anos, 08h por dia, as
atividades do Coral. O magistrado indeferiu o pedido e a defesa interpôs agravo de
execução no tribunal que manteve a negativa. Para o STJ, nessa situação, o juiz e o
tribunal não acertaram na decisão, pois a atividade de canto em Coral pode ser sim
considerada para fins de remição. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STJ, o reeducando tem direito à remição de sua pena pela
atividade musical realizada em coral. O objetivo do legislador em permitir a remição é a
de possibilitar a reinserção do reeducando na sociedade, agregar valores, atribuindo-lhe
atividades que o tirem do ócio, qualificando-o para manutenção de seu sustento e de sua
família. O artigo 126 da LEP206 NÃO é TAXATIVO e a jurisprudência do STJ admite a
INFO interpretação extensiva em prol do preso e da sociedade para considerar outras
613/STJ atividades como hipóteses autorizativas da remição, ainda que não expressas no texto
legal. O canto em coral promove sua formação profissional, além de agregar valores
culturais e artísticos, uma vez que a atividade musical é considerada uma profissão e
regulamentada pela Lei 3.857/1960. Dessa forma, a remição da pena pode se dar pela
atividade musical que o reeducando desempenha em Coral. REMIR a pena significa
descontar parte do tempo de execução da prisão pelos dias trabalhados ou de estudo.
Ambas as possibilidades estão reguladas na Lei de Execução Penal 7.210/84. Ou seja, o
tempo em que o apenado trabalhou ou estudou tem o condão de diminuir o tempo de
sua prisão (art. 126, da LEP). O juiz da execução é o competente para aplicar a remição,
que possui natureza jurídica de pena cumprida (art. 128, da LEP 207). A remição pelo
trabalho se dá em 01 dia de pena a menos a cada 03 dias trabalhados, com duração de no
mínimo 6h por dia e se aplica apenas aos presos que estiverem cumprindo pena no
regime fechado ou semiaberto. A remição pelo estudo também é possível para os
condenados que cumprem pena em regime aberto. OBS.: Não confunda REMIÇÃO (com
Ç) e REMISSÃO (com SS), pois esta significa perdão e aquela é o abatimento da pena pelo
trabalho ou estudo.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.666.637-ES, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 26/09/2017 (INFO/STJ 613).

206
LEP, art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo,
parte do tempo de execução da pena.
207
LEP, art. 128. O tempo remido será computado como pena cumprida, para todos os efeitos.

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POSSIBILIDADE OU NÃO DE REMIÇÃO FICTA DA PENA POR OMISSÃO ESTATAL

171. (DJUS) Para o STF, não é possível a remição ficta por omissão do Estado em
proporcionar atividade laboral ou educacional ao reeducando. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

José cumpre pena em penitenciária federal em regime disciplinar diferenciado, há quase


01 ano e não pode usufruir do benefício de remição da sua pena, pois o Estado não lhe
disponibilizou atividade laboral ou educativa. A defesa de José requereu ao juízo da
execução a remição ficta da pena, ante a falta de trabalho ou ensino, dever do Estado,
pedido que foi indeferido. Para o STF, nessa situação, não é admissível a remição ficta.
C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, NÃO é possível a remição ficta por omissão do Estado em
proporcionar atividade laboral ou educacional ao reeducando. Em outras palavras, para
REMIR a pena é NECESSÁRIO que o reeducando exerça atividade laboral ou educacional.
O fato de o Estado não oportunizar as atividades de trabalho e ensino, por falta de
estrutura do sistema prisional, não tem o condão de permitir a remição ficta da pena.
INFO Embora o apenado seja prejudicado pela inércia estatal, autorizar a remição ante a
904/STF omissão estatal gera uma instabilidade na política pública do sistema carcerário e invasão
da esfera do Poder Executivo. Ou seja, mesmo que não seja oferecido trabalho ou ensino
nos estabelecimentos prisionais por suposta omissão do Estado, não se pode conceder a
remição ficta, pois esta pressupõe obrigatoriamente que o reeducando tenha
efetivamente trabalhado ou estudado para obtenção desse benefício. Por fim, REMIR a
pena significa descontar parte do tempo de execução da prisão pelos dias trabalhados ou
de estudo. Ambas as possibilidades estão reguladas na Lei de Execução Penal 7.210/84.
Ou seja, o tempo em que o apenado trabalhou ou estudou tem o condão de diminuir o
tempo de sua prisão (art. 126 da LEP208). O juiz da execução é o competente para aplicar a
remição, que possui natureza jurídica de pena cumprida (art. 128, da LEP209). OBS.: Não
confunda REMIÇÃO (com Ç) e REMISSÃO (com SS), pois esta significa perdão e aquela é o
abatimento da pena pelo trabalho ou estudo.
STF. 1ª Turma. HC 124520/RO, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 29/5/2018
(INFO/STF 904).

208
LEP, art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo,
parte do tempo de execução da pena.
209
LEP, art. 128. O tempo remido será computado como pena cumprida, para todos os efeitos.

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REMIÇÃO

REMIÇÃO OU NÃO DA PENA POR TRABALHO REALIZADO EM JORNADA INFERIOR AO


MÍNIMO LEGAL

172. (DJUS) Para o STF, quando a jornada diária de trabalho do preso for inferior a 6h,
por determinação da administração do presídio, o preso não tem direito a remir
um dia de pena a cada três trabalhados. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Tingulau, durante o cumprimento de pena privativa de liberdade, trabalhou por 24 dias


seguidos, 4h por dia por determinação do diretor do presídio. Após conclusão do
trabalho, Tingulau requereu ao juiz da execução a remição da pena referente aos dias
que trabalhou. O magistrado indeferiu o pedido, alegando que só caberia a remição se a
jornada de trabalho tivesse sido, no mínimo, de 6h diárias. Para o STF, nessa situação,
não acertou o magistrado, pois deveria ter feito a remição da pena computando o total
de horas trabalhadas. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, quando a jornada diária de trabalho do preso for inferior a
6h, por determinação da administração do presídio, o preso não tem direito a remir um
INFO
dia de pena a cada três trabalhados, entretanto deve ser feita a remição da pena
860/STF
computando-se o total de horas trabalhadas (ex.: se trabalhou 24 dias de 4h, no total
laborou 96h, equivalente a 16 dias de 6h para fins de remição da pena). Em outras
palavras, não se pode simplesmente desprezar o tempo trabalhado pelo preso se a
jornada de trabalho era inferir não por sua vontade, entretanto, também não se pode
beneficiá-lo fazendo a remição considerando um dia de trabalho com uma jornada menor.
A solução mais justa que o STF deu foi somar o total de horas trabalhadas e transformar
em vários dias de 6h, assim, no exemplo dado, 24 dias de trabalho equiparou-se a 16 dias
trabalhados para fins de remição da pena. REMIR a pena significa descontar parte do
tempo de execução da prisão pelos dias trabalhados ou de estudo. O juiz da execução é o
competente para aplicar a remição, que possui natureza jurídica de pena cumprida (art.
128 da LEP210). A remição pelo trabalho se dá em 01 dia de pena a menos a cada 03 dias
trabalhados, desde que a jornada de trabalho diária tenha duração de no mínimo 6h (art.
33 da LEP211). Ou seja, pela lei, só será contabilizado 01 dia de trabalho se a duração da
jornada tiver sido de pelo menos 6h. Entretanto, a jornada abaixo de 06h somente será
admitida como dia trabalhado se essa duração tiver sido imposta pela administração
penitenciária. Nessa hipótese, se a jornada de trabalho abaixo do mínimo legal, não deriva
de ato voluntário do preso, nem decorre de sua indisciplina ou insubmissão, deverá ser
considerado o total de horas trabalhadas efetivamente, para fins de remição da pena.
Desprezar as horas trabalhadas pelo preso, em razão de ter sido a jornada inferior ao
mínimo exigido por lei seria violar o princípio da segurança jurídica e da proteção da
confiança. O Estado deve cumprir com a legítima contraprestação ao trabalho prestado

210
LEP, art. 128. O tempo remido será computado como pena cumprida, para todos os efeitos.
211
LEP, art. 33. A jornada normal de trabalho não será inferior a 6 (seis) nem superior a 8 (oito) horas, com descanso nos domingos
e feriados. Parágrafo único. Poderá ser atribuído horário especial de trabalho aos presos designados para os serviços de
conservação e manutenção do estabelecimento penal.

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pelo preso.
STF. 2ª Turma. RHC 136509/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 4/4/2017 (INFO/STF 860).

UNIFICAÇÃO DAS PENAS

UNIFICAÇÃO DAS PENAS E ALTERAÇÃO OU NÃO DA DATA-BASE PARA CONCESSÃO DE


NOVOS BENEFÍCIOS EXECUTÓRIOS

173. (DJUS) Para o STJ, a unificação das penas enseja a alteração da data base para a
concessão de novos benefícios executórios (como a progressão de regime). C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Raylinda cumpria pena em regime fechado desde o dia 10/10/2017 quando sobreveio
nova condenação (transitada em julgado em 10/10/2018) por delitos praticados antes
do início da execução da pena. O juiz procedeu com a unificação das penas e alterou a
data-base para a concessão de novos benefícios executórios (progressão de regime) que
mudou para a data do trânsito em julgado da última sentença condenatória (do novo
crime), desprezando-se o período de pena já cumprido. Para o STJ, nessa situação, o juiz
agiu corretamente, pois a unificação das penas enseja a alteração da data base para
concessão de nova progressão de regime. C/E?
INFO
COMENTÁRIO
621/STJ
Gabarito: ERRADO. Para o STJ, a unificação das penas NÃO enseja a alteração da data
INFO
base para a concessão de novos benefícios executórios. Em outras palavras, deve-se
644/STJ
considerar TODO o período em que o condenado ficou preso, devendo permanecer como
data-base para o cálculo de novos benefícios a do dia em que o reeducando foi recolhido
à prisão, ou seja, desde o início da execução ou desde a última infração disciplinar não
pode ser esse tempo desconsiderado, seja por delito ocorrido antes do início da execução
da pena, seja por crime praticado depois e já apontado como falta grave. Isso porque, o
art. 111 da Lei 7.201/84 (LEP – Lei de Execuções Penais)212 autoriza a unificação das penas
quando houver condenação por mais de um crime, seja no mesmo ou em processos
diferentes, para fins de se determinar o regime de cumprimento. Já o artigo 118213 do
mesmo diploma autoriza a regressão a qualquer regime mais gravoso, se o condenado
praticar crime doloso, falta grave ou sofrer nova condenação por crime anterior,
independente do trânsito em julgado deste, desde que a soma ao restante da pena em
execução torne incabível a manutenção no regime em que se encontra. Ou seja, a nova
pena será somada ao restante da pena em execução para se determinar o regime a ser
cumprido. Dessa forma, nem sempre a unificação das penas resultará em regressão de
regime. Conclui-se que não se despreza o tempo de pena já cumprindo, uma vez que é
entendimento pacífico na jurisprudência de todos os tribunais que pena cumprida é pena
extinta. Portanto, a alteração da data-base para a concessão de novos benefícios

212
LEP, art. 111. Quando houver condenação por mais de um crime, no mesmo processo ou em processos distintos, a
determinação do regime de cumprimento será feita pelo resultado da soma ou unificação das penas, observada, quando for o caso,
a detração ou remição.
213
LEP, art. 118. A execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma regressiva, com a transferência para qualquer dos
regimes mais rigorosos, quando o condenado: I - praticar fato definido como crime doloso ou falta grave; II - sofrer condenação,
por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em execução, torne incabível o regime (artigo 111).

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configura excesso de execução, diante da ausência de previsão legal que a autorize.


Alterar a data-base sem permissivo legal é violar o princípio da legalidade e ofensa à
individualização da pena, uma vez que a unificação das penas não implica
necessariamente nessa alteração.
STJ. 3ª Seção. REsp 1.557.461-SC, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 22/02/2018 (INFO/STJ 621).
STJ. 3ª Seção. ProAfR no REsp 1.753.509-PR, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 18/12/2018 (recurso
repetitivo) (INFO/STJ 644).

EXECUÇÃO PROVISÓRIA

É POSSÍVEL A EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE?

174. (DJUS) Para o STF, pendente o trânsito em julgado do acórdão condenatório


apenas pela interposição de recurso de natureza extraordinária, é possível a
execução de pena. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Tingulinho, acusado por crime de roubo circunstanciado, respondia ao processo em


liberdade, sendo absolvido pelo juiz de primeiro grau. O MP apelou e o Tribunal de
Justiça reformou sentença, proferindo acórdão que condenou o réu a uma pena de 09
anos de reclusão em regime fechado, estando pendente o transito em julgado apenas
INFO pela eventual interposição de recurso especial e/ou extraordinário. Nessa situação, para
958/STF o STF o réu já pode ser preso para começar a execução provisória da pena. C/E?

INFO COMENTÁRIO
896/STF
Gabarito: ERRADO. Ainda que pendente o trânsito em julgado do acórdão condenatório
INFO apenas pela interposição de recurso de natureza extraordinária (Recurso Especial para o
814/STF STJ e/ou Recurso Extraordinário para o STF), NÃO é mais possível a execução de pena
privativa de liberdade, uma vez que viola o princípio constitucional da presunção de
INFO inocência, previsto no art. 5º, inciso LVII, da Constituição Federal. Em outras palavras,
842/STF não é mais possível a execução da pena, seja ela privativa de liberdade ou restritiva de
direitos, antes do trânsito em julgado da condenação. Ou seja, não é mais permitida a
INFO execução provisória da pena depois da decisão vinculante do STF em controle
582/STJ concentrado (ADC 43/DF, ADC 44/DF e ADC 54/DF), que declarou a constitucionalidade do
art. 283 do CPP214 (atualmente com redação dada pela Lei nº 13.964/2019 - Pacote
Anticrime), que condiciona o início do cumprimento da pena ao trânsito em julgado do
título condenatório, tendo em vista o princípio da não culpabilidade (art. 5º, LVII, da CF).
O STF mudou várias vezes esse entendimento, ora aceitando a execução provisória da
pena, ora rejeitando. Vejamos o histórico das decisões do STF aceitando ou não a
execução provisória: 1ª – HC 68.726, em 1991 (SIM); 2ª - HC 84.078, em 2009 (NÃO); 3ª –
HC 126.292, em 2016 (SIM); 4ª – ADCs 43 e 44, em 2016 (SIM); 5ª – ARE 964.246, em
2016 (SIM); 6ª – HC 152.752, em 2018 (SIM); 7ª – ADCs 43, 44 e 54, em 2019 (NÃO –
entendimento atual). Note-se que das 7 decisões em 5 delas o STF aceitou a execução da
pena antes do trânsito em julgado (execução provisória da pena). Em suma, antes desse
último julgado a execução provisória da pena estava sendo aceita pela Suprema Corte,

214
CPP, art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade
judiciária competente, em decorrência de prisão cautelar ou em virtude de condenação criminal transitada em julgado.

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mas agora, mais uma vez, houve reviravolta na jurisprudência. PARA PROVA DISCURSIVA:
Pela importância do tema para eventual exploração em uma eventual prova discursiva em
que seja exigido esse conhecimento trago aqui os argumentos que utilizados pelo STF
para permitir a execução provisória da pena. O STF dizia que proferido o acordão
condenatório, se os únicos recursos cabíveis fossem os recursos de natureza
extraordinária, os quais não possuem efeito suspensivo, o réu já poderia ser preso para
que a pena privativa de liberdade fosse executada provisoriamente. Não se estaria aqui
aplicando uma prisão preventiva, que é prisão de natureza cautelar, mas sim a prisão
pena, sendo que executada provisoriamente, uma vez o acórdão ainda não transitou em
julgado. Por que a execução provisória da pena não violava a presunção de inocência?
Segundo o Min. Teori Zavascki até que fosse prolatada a sentença penal, confirmada em
2º grau, dever-se-ia presumir a inocência do acusado. Contudo, após esse instante,
exauria-se o princípio da não culpabilidade, até porque os recursos cabíveis da decisão de
segundo grau ao STJ ou STF não se prestam a discutir fatos e provas, mas apenas matéria
de direito. Assim, seria possível o estabelecimento de determinados limites ao princípio
da presunção de não culpabilidade, o qual não impediria que, mesmo antes do trânsito
em julgado, o acórdão condenatório produzisse efeitos contra o acusado. Dito de outro
modo, pelo entendimento anterior, a execução da pena na pendência de recursos de
natureza extraordinária não comprometia o núcleo essencial do pressuposto da não
culpabilidade, desde que o acusado tivesse sido tratado como inocente no curso de todo o
processo ordinário criminal, observados os direitos e as garantias a ele inerentes, bem
como respeitadas as regras probatórias e o modelo acusatório atual.
STF. Plenário. ADC 43/DF, ADC 44/DF e ADC 54/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 7/11/2019 (INFO/STF 958).
STJ. Corte Especial. QO na APn 675-GO, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 6/4/2016 (INFO/STJ 582).
STF. Plenário. HC 152752/PR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 4/4/2018 (INFO/STF 896).
STF. Plenário. HC 126292/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 17/2/2016 (INFO/STF 814).
STF. Plenário. ADC 43 e 44 MC/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgados em
05/10/2016 (INFO/STF 842).
STF. 1ª Turma. RE 1169624 ED, Rel. Min. ALEXANDRE DE MORAES, julgado em 15/02/2019.

COMPETÊNCIA

COMPETÊNCIA PARA EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA ORIUNDA DE JULGAMENTO DE


JÚRI DESAFORADO

175. (DJUS) Para o STJ, compete ao juízo originário da causa determinar a execução
provisória da pena proferida pelo Tribunal do Júri, oriunda de julgamento
desaforado. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):


INFO
José foi pronunciado por homicídio qualificado e como forma de garantir a
605/STJ
imparcialidade do Conselho de Sentença foi pedido o desaforamento de seu
julgamento, sendo deferido pelo tribunal. José foi condenado a 15 anos de reclusão no
regime fechado e apelou da sentença. O Ministério Público então requereu ao juiz local
o início da execução provisória da pena, pedido que foi deferido. Para o STJ, nessa
situação, o juiz agiu corretamente, pois ele é o competente para determinar a execução
provisória da pena e não juízo para onde o julgamento foi desaforado. C/E?

COMENTÁRIO

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Gabarito: CERTO. Para o STJ, compete ao juízo originário da causa determinar a


execução provisória da pena proferida pelo Tribunal do Júri, oriunda de julgamento
desaforado (art. 427 do CPP)215. A competência para julgamento dos crimes dolosos
contra a vida é do Tribunal do Júri do local dos fatos (ratione loci). Porém, há previsão
legal que possibilita o desaforamento do julgamento (art. 427 do CPP) em casos
necessidade de se manter a ordem pública, a imparcialidade do júri ou segurança pessoal
do acusado, bem como excesso de trabalho que impeça a realização do julgamento em
até 06 meses do trânsito em julgado da pronúncia (art. 428 do CPP)216. E o que é
desaforamento? É o deslocamento da competência de uma comarca para outra com o fim
de realização do julgamento pelo tribunal do júri, nos casos previstos pelo artigo 427 do
CPP, acima citados. O desaforamento é uma medida excepcional que se aplica apenas ao
julgamento e não aos demais atos do processo. Enquanto não encerrado os trabalhos pelo
Tribunal do Júri, o juiz presidente destinatário do desaforamento é o competente para
solucionar as questões, incidentes ou não, que surgirem no curso deste feito. Encerrado o
júri, esgota-se a sua competência. Por fim, não há o que se falar em violação ao disposto
no artigo 668 do CPP217, uma vez que esta norma é destinada apenas aos julgamentos
originariamente designados ao júri, o que não ocorre quando do seu desaforamento. Insta
salientar que, atualmente, a Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime) acrescentou o art.
492, I, e, do CPP, prevendo expressamente a execução provisória da pena nas
condenações pelo Tribunal do Júri igual ou superior a 15 anos de reclusão. Ou seja, a
legislação já permite essa execução provisória, devendo se observar como o examinador
vai cobrar esse tema na prova, se de acordo com a lei ou jurisprudência. Em uma prova
discursiva, deve-se apontar todos esses detalhes. Vejamos os argumentos a favar e
contrários à possibilidade de execução provisória da pena nas condenações pelo Tribunal
do Júri: I – (FAVORÁVEL – 1ª Turma do STF): Em condenações pelo tribunal do júri, NÃO é
necessário aguardar julgamento de recurso em segundo grau para se iniciar a execução
provisória da pena. Não há violação do princípio constitucional da presunção de inocência,
uma vez que a decisão do Tribunal do Júri é soberana, não podendo o Tribunal substituir
sua decisão, nem reexaminar fatos e provas, ainda que em sede de apelação, no máximo
poderá suspender a execução da decisão caso haja indícios suficientes de nulidade ou
manifestamente contrária à prova dos autos, até o julgamento do recurso. Dessa forma, a
decisão do Tribunal do Júri que condena o réu, prevalecerá enquanto não anulada,
possibilitando o inicio da execução provisória da pena, em face do princípio da soberania
dos veredictos; II – (CONTRÁRIO – 2ª Turma do STF e STJ): Se não houver exaurimento
recursal em instâncias ordinárias e o recurso pendente tiver efeito suspensivo (como a
apelação), não cabe a execução provisória da pena. O artigo 283 do CPP dispõe que
“Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de prisão cautelar ou
em virtude de condenação criminal transitada em julgado”. O trânsito em julgado da

215
CPP, art. 427. Se o interesse da ordem pública o reclamar ou houver dúvida sobre a imparcialidade do júri ou a segurança
pessoal do acusado, o Tribunal, a requerimento do Ministério Público, do assistente, do querelante ou do acusado ou mediante
representação do juiz competente, poderá determinar o desaforamento do julgamento para outra comarca da mesma região, onde
não existam aqueles motivos, preferindo-se as mais próximas.
216
CPP, art. 428. O desaforamento também poderá ser determinado, em razão do comprovado excesso de serviço, ouvidos o juiz
presidente e a parte contrária, se o julgamento não puder ser realizado no prazo de 6 (seis) meses, contado do trânsito em julgado
da decisão de pronúncia.
217
CPP, art. 668. A execução, onde não houver juiz especial, incumbirá ao juiz da sentença, ou, se a decisão for do Tribunal do Júri,
ao seu presidente. Parágrafo único. Se a decisão for de tribunal superior, nos casos de sua competência originária, caberá ao
respectivo presidente prover-lhe a execução.

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sentença penal condenatória é pressuposto constitucionalmente previsto (CF, art. 5º,


LVII218) para que uma pessoa seja considerada culpada. Para o STJ e 2ª Turma do STF, a
execução provisória estaria violando esses dispositivos. Por fim, o STF quando apreciou as
ADCs 43, 44 e 54 entendeu ser inconstitucional a execução provisória da pena, sendo que,
nesse julgado, não se enfrentou o tema sobre a execução provisória das condenações pelo
Tribunal do Júri.
STJ. 6ª Turma. HC 374.713-RS, Rel. Min. Antônio Saldanha Palheiro, julgado em 6/6/2017 (INFO/STJ 605).

PENDÊNCIA DE EMBARGOS DECLARATÓRIOS

É POSSÍVEL A EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE AINDA


SUJEITA A EMBARGOS DE DECLARAÇÃO?

176. (DJUS) Pendente acórdão condenatório da interposição de embargos de


declaração, ou do seu julgamento, é possível a execução provisória da pena
privativa de liberdade, de acordo com o STJ. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Alamido, acusado por crime de tráfico de drogas, respondia ao processo em liberdade, e


foi condenado pelo juiz de primeiro grau a uma pena de 09 anos de reclusão e multa,
sendo-lhe concedido o direito de apelar em liberdade. O réu apelou, contudo o Tribunal
de Justiça manteve a sentença do juiz. O réu interpôs embargos de declaração contra o
acórdão confirmatório da decisão que aguarda julgamento. Nessa situação, para o STJ,
INFO proferido acórdão condenatório ou confirmatório da condenação, ainda que sujeito a
958/STF embargos de declaração, já pode ser expedido mandado de prisão em desfavor do réu
para inicial o cumprimento provisório da pena. C/E?
INFO
595/STJ COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. De acordo com o STJ, mesmo antes da decisão do STF em controle
concentrado que proibiu a execução provisória da pena, se pendente acórdão
condenatório da interposição de embargos de declaração, ou do seu julgamento, NÃO
era possível a execução provisória da pena privativa de liberdade. Em outras palavras,
atualmente não é mais possível a execução da pena, seja ela privativa de liberdade ou
restritiva de direitos, antes do trânsito em julgado da condenação, depois da decisão
vinculante do STF em controle concentrado (ADC 43/DF, ADC 44/DF e ADC 54/DF), que
declarou a constitucionalidade do art. 283 do CPP219 (atualmente com redação dada pela
Lei nº 13.964/2019 - Pacote Anticrime), que condiciona o início do cumprimento da pena
ao trânsito em julgado do título condenatório. Entretanto, mesmo antes dessa decisão,
não era aceita a execução provisória da pena, quando a decisão ainda era passível de
integração pelo Tribunal de Justiça (como no caso de estar pendente a interposição ou o
julgamento de embargos de declaração). Isso, porque, embora os embargos de declaração
não possuam efeito suspensivo e apenas interrompem o prazo para a interposição dos

218
CF, art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...) LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; (...).
219
CPP, art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade
judiciária competente, em decorrência de prisão cautelar ou em virtude de condenação criminal transitada em julgado.

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recursos cabíveis, dada a falibilidade que é característica do ser humano,


excepcionalmente, existia a possibilidade de atribuir efeito infringente aos aclaratórios.
Assim, em casos de réus que respondiam a ação penal ou recorreriam da sentença
condenatória em liberdade, soava desarrazoado determinar a prisão de forma
automática, antes de possibilitar a integração do acórdão, quer para sanar eventuais
vícios ou para afastá-los, sendo prudente aguardar-se a confirmação da condenação, em
última análise, pelo Tribunal de Justiça.

STJ. 5ª Turma. AgRg nos EDcl nos EDcl no HC 498.968/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, julgado em 23/04/2019.
STJ. 6ª Turma. HC 366.907/PR, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, julgado em 06/12/2016 (INFO/STJ 595).
STF. Plenário. HC 126292/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 17/2/2016 (INFO/STF 814).
STJ. Corte Especial. QO na APn 675-GO, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 6/4/2016 (INFO/STJ 582)
STF. 1ª Turma. RE 1169624 ED, Rel. Min. ALEXANDRE DE MORAES, julgado em 15/02/2019.

TORNOZELEIRA ELETRÔNICA

NECESSIDADE OU NÃO DE FUNDAMENTAÇÃO PARA MANUTENÇÃO DE TORNOZELEIRA


ELETRÔNICA

177. (DJUS) Para o STJ, a manutenção de monitoramento através de tornozeleira


eletrônica sem fundamentação concreta gera constrangimento ilegal. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Luiz, condenado pelo crime de tráfico de drogas cumpria sua pena no regime
semiaberto quando foi beneficiado com a prisão domiciliar com a utilização de
monitoramento eletrônico por tornozeleira, podendo trabalhar externamente e
frequentar a faculdade. A defesa requereu a revogação desse monitoramento, alegando
que o juiz da execução não motivou a decisão que a determinou e que Luiz sofreria
INFO
discriminação por usar a tornozeleira. Para o STJ, nessa situação, tem razão a defesa,
597/STJ
pois a imposição dessa medida cautelar exige decisão fundamentada. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STJ, a manutenção de monitoramento através de tornozeleira


eletrônica sem fundamentação concreta gera constrangimento ilegal. Em outras
palavras, mesmo não se tratando de prisão, como é decisão judicial que restringe de
algum modo a vida da pessoa, essa decisão deve ser fundamentada, aliás, como todas as
decisões proferidas pelo Poder Judiciário deve ser, sob pena de nulidade, conforme
previsto expressamente no art. 93, IX, da CF/88220. Em consonância com esse
entendimento a Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime) deu nova redação ao § 3º do art.
282 do CPP221, para prever expressamente a necessidade de fundamentação concreta
pelo magistrado quando da aplicação de medidas cautelares, inclusive, a nova lei proibiu a
220
CF, art. 93 (...) IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob
pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a
estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à
informação;
221
CPP, art. 282 (...) § 3º Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pedido de
medida cautelar, determinará a intimação da parte contrária, para se manifestar no prazo de 5 (cinco) dias, acompanhada de cópia
do requerimento e das peças necessárias, permanecendo os autos em juízo, e os casos de urgência ou de perigo deverão ser
justificados e fundamentados em decisão que contenha elementos do caso concreto que justifiquem essa medida excepcional.
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

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decretação de dessas medidas ou de prisão preventiva pelo juiz de ofício. O uso de


monitoramento eletrônico por tornozeleira, entre outras hipóteses legais, é uma
faculdade que assiste ao juiz da execução que analisando o caso concreto, o
comportamento do apenado durante o cumprimento da pena, bem como a necessidade
real desse monitoramento decide sobre a sua utilização ou não. No entanto, uma vez
determinada a utilização, deve essa decisão ser motivada concretamente, sob pena de se
evidenciar constrangimento ilegal ao condenado. Ainda, a necessidade desse
monitoramento eletrônico deve ser aferida periodicamente, pois pode acontecer de se
tornar desnecessária, podendo de fato ser revogada (art. 146-D, II, da LEP)222. Para evitar
confusão entre os institutos, a prisão domiciliar que aqui se tratou é a da LEI DE
EXECUÇÃO PENAL (Lei 7.201/84 – art. 117)223, ou seja, o benefício que é concedido
durante a execução da pena. Enquanto a prisão domiciliar prevista no art. 318 do CPP224 é
concedida durante a prisão preventiva do acusado. Contudo em ambos os casos a
determinação de uso da tornozeleira eletrônica exige motivação concreta, demonstrando-
se sua real necessidade.
STJ. 6ª Turma. HC 351.273-CE, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 2/2/2017 (INFO/STJ 597).

TORNOZELEIRA ELETRÔNICA

INOBSERVÂNCIA DO PERÍMETRO DO MONITORAMENTO ELETRÔNICO É OU NÃO FALTA


GRAVE?

178. (DJUS) Para o STJ, inobservância do perímetro estabelecido para monitoramento


de tornozeleira eletrônica configura a prática de falta grave. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Pedro cumpria pena em regime semiaberto quando recebeu o benefício de saída


INFO
temporária pelo “dia das mães”, sob o uso da tornozeleira eletrônica. O juiz da
595/STJ
execução de acordo com o endereço fornecido pelo apenado delimitou o perímetro do
monitoramento. Ocorre que Pedro não obedeceu a esse limite e se distanciou do
endereço. Para o STJ, nessa situação, o apenado cometeu falta grave. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STJ, a inobservância do perímetro estabelecido para


monitoramento de tornozeleira eletrônica NÃO configura a prática de falta grave. A
determinação de monitoramento eletrônico por uso de tornozeleira, entre outras

222
LEP, art. 146-D. A monitoração eletrônica poderá ser revogada: I - quando se tornar desnecessária ou inadequada; II - se o
acusado ou condenado violar os deveres a que estiver sujeito durante a sua vigência ou cometer falta grave.
223
LEP, art. 117. Somente se admitirá o recolhimento do beneficiário de regime aberto em residência particular quando se tratar
de: I - condenado maior de 70 (setenta) anos; II - condenado acometido de doença grave; III - condenada com filho menor ou
deficiente físico ou mental; IV - condenada gestante.
224
CPP, art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for: I - maior de 80 (oitenta) anos; II -
extremamente debilitado por motivo de doença grave; III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos
de idade ou com deficiência; IV - gestante a partir do 7º (sétimo) mês de gravidez ou sendo esta de alto risco. IV - gestante; V -
mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos; VI - homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de
até 12 (doze) anos de idade incompletos. Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos requisitos
estabelecidos neste artigo.

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hipóteses legais, é uma faculdade que assiste ao juiz da execução penal (art. 146-B, II, da
LEP)225 e a inobservância no uso acarreta possíveis sanções (art. 146-C, § único, I,II, VI, VII,
da LEP)226 a ser determinada pelo magistrado. Determinado o monitoramento ficará
delimitado o espaço em que o GPS realizará o rastreamento, devendo obrigatoriamente o
apenado cumprir tal delimitação. A não observância desse perímetro gera o
descumprimento de uma condição obrigatória imposta pelo juiz da execução, que
autoriza a aplicação de sanção disciplinar prevista no art. 146-C, § único, I, II, VI e VII, da
LEP, como regressão de regime, mas não configura a prática de falta grave. Nesse caso,
NÃO SE CONFIGURA FALTA GRAVE, pois o artigo 50 da Lei de Execução Penal (Lei
7.201/84) é um rol TAXATIVO, e entre as suas hipóteses de configuração da falta grave
não consta a desobediência ao perímetro estabelecido para monitoramento eletrônico,
sendo tal conduta capaz de configurar mera transgressão disciplinar. Reconhecer a
desobediência do apenado como falta grave seria violar o princípio da legalidade, por
ausência de previsão legal do art. 50, da LEP. Dessa forma, o descumprimento de condição
obrigatória constitui causa de revogação facultativa do benefício (art. 146-D, da LEP227),
não tendo o que se falar em prática de falta grave. Importante frisar que a situação não é
a mesma de quando o STJ admite a ocorrência de falta grave em que o apenado remove a
tornozeleira eletrônica ilegalmente ou não carrega a bateria para que esta funcione.
Nesse caso, o apenado IMPEDE O MONITORAMENTO, enquanto que não respeitar o
perímetro delimitado pelo monitoramento não impede o rastreio da tornozeleira
eletrônica.

STJ. 6ª Turma. REsp 1.519.802-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 10/11/2016 (INFO/STJ 595).

PROGRESSÃO DE REGIME

A DATA DA PRISÃO CAUTELAR É OU NÃO O MARCO INICIAL PARA CONCESSÃO DA


PROGRESSÃO DE REGIME?

179. (DJUS) Para o STF, em regra, deve ser considerada como termo inicial para
obtenção da progressão de regime a data da prisão preventiva. C/E?
INFO
877/STF
Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):
SÚMULA
Isaque, preso preventivamente, foi condenado a 08 anos de reclusão em regime
716/STF
fechado. Iniciada a fase de execução da pena, o Ministério Público pugnou pela fixação
como marco inicial para obtenção de progressão de regime a data da publicação da
sentença condenatória, desprezando o tempo em que Isak ficou custodiado
cautelarmente. Para o STF, nessa situação, o pleito de MP deve ser indeferido, pois o
termo inicial para fins de obtenção do benefício é a data da prisão cautelar e não a

225
LEP, art. 146-B. O juiz poderá definir a fiscalização por meio da monitoração eletrônica quando: (...) II - autorizar a saída
temporária no regime semiaberto;
226
LEP, art. 146-C. O condenado será instruído acerca dos cuidados que deverá adotar com o equipamento eletrônico e dos
seguintes deveres: I - receber visitas do servidor responsável pela monitoração eletrônica, responder aos seus contatos e cumprir
suas orientações; II - abster-se de remover, de violar, de modificar, de danificar de qualquer forma o dispositivo de monitoração
eletrônica ou de permitir que outrem o faça; III - (VETADO); Parágrafo único. A violação comprovada dos deveres previstos neste
artigo poderá acarretar, a critério do juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a defesa: I - a regressão do regime; II - a
revogação da autorização de saída temporária; (...) VI - a revogação da prisão domiciliar; VII - advertência, por escrito, para todos
os casos em que o juiz da execução decida não aplicar alguma das medidas previstas nos incisos de I a VI deste parágrafo.
227
LEP, art. 146-D. A monitoração eletrônica poderá ser revogada: I - quando se tornar desnecessária ou inadequada; II - se o
acusado ou condenado violar os deveres a que estiver sujeito durante a sua vigência ou cometer falta grave.

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publicação da sentença condenatória. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, em regra, deve ser considerada como termo inicial para a
obtenção da progressão de regime a DATA DA PRISÃO PREVENTIVA. Em outras palavras,
deve-se computar o período de custódia cautelar para que seja obtido o direito de
progressão de regime e dos demais benefícios executórios. Isso porque, embora a
jurisprudência do STF seja no sentido de que o termo inicial para aquisição dos benefícios
executórios seja a data do trânsito em julgado da última condenação, a Súmula 716 do
STF assegura que é possível a contagem do prazo de prisão cautelar para fins dessa
aquisição, vejamos: “Admite-se a progressão de regime de cumprimento de pena ou a
aplicação imediata de regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em
julgado da sentença condenatória”. Ou seja, pelo teor da súmula pode-se constatar que
se admite a contagem do prazo de prisão cautelar do condenado. Contudo, para a Corte
essa possibilidade está condicionada a não ocorrência de condenação posterior que
configure FALTA GRAVE. Diante da execução de uma única condenação, a data da prisão
cautelar deve ser considerada como marco inicial para obtenção da progressão do regime
e dos demais benefícios executórios. A sentença servirá apenas como parâmetro do
quantum da pena deve a ser cumprida para obtenção da progressão. Dessa forma, diante
da execução de única condenação, deve-se considerar como marco inicial para aquisição
da progressão de regime e dos demais benefícios executórios, a data da prisão preventiva
do condenado.

STF. 1ª Turma. RHC 142463/MG, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 12/9/2017 (INFO/STF 877).

PROGRESSÃO DE REGIME

QUAL É MARCO INICIAL PARA CONCESSÃO DE NOVA PROGRESSÃO DE REGIME?

180. (DJUS) Para o STF e STJ, a data-base para a concessão de nova progressão de
regime é a data em que o apenado preencheu os requisitos do art. 112 da Lei de
Execução Penal. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Tingulau cumpria pena de reclusão no regime fechado, tendo progredido para o regime
INFO
semiaberto. O juiz da execução fixou como data-base para a próxima progressão a data
595/STJ
em que o beneficiado preenchesse os requisitos do art. 112, da Lei de Execução Penal
(Lei 7.201/84). Através de recurso do Ministério Público o Tribunal reformou a decisão e
fixou como data-base para nova progressão a data da decisão que havia concedido a
última progressão. Para o STF e STJ, nessa situação, errou o Tribunal, devendo ser
restabelecida a decisão do juízo da execução. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF e STJ, a data-base para concessão de nova progressão de

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regime é a data em que o apenado preencheu os requisitos do art. 112 da Lei de


Execução Penal228. Em outras palavras, o que vale é a data em que o apenado preenche
os requisitos legais e não a data da decisão do juiz que reconhece o preenchimento desses
requisitos, isso porque, normalmente a decisão do juiz é bem posterior o que prejudica o
preso. O entendimento anterior do STJ era o contrário do que fora afirmado, ou seja, no
sentido de que a fixação da data-base para obtenção da nova progressão era a data do
efetivo ingresso do apenado no regime. Entretanto, AGORA, o STJ acompanhou a
jurisprudência do STF (HC 115254), a qual afirma que a data correta para a nova
progressão de regime é a do preenchimento dos requisitos do art. 112, da LEP229. A Corte
Cidadã (STJ) acompanhou o entendimento do STF, justamente para garantir a segurança
jurídica e estabilidade de seus julgados. Por exemplo, quando se trata de falta grave
durante a execução da pena, a data de seu cometido é o termo inicial para que se
conceda nova progressão de regime. Essa deve ser a sistemática adotada em casos
semelhantes, como o presente caso e não a data em que o juiz da execução deferiu o
benefício ou a data em que o reeducando iniciou o regime anterior. Isso porque, entre o
preenchimento dos requisitos do art. 112 e a publicação da decisão da nova progressão já
decorre por vezes um grande lapso temporal em que o condenado continua em regime
mais gravoso, sem progredir. Esse lapso quase sempre decorre do acumulo de trabalho,
que impedem a análise do requerimento de progressão ou mesmo pela falta de
comunicação do estabelecimento prisional das datas de progressão ao juízo da execução.
Assim, ocorrendo esse lapso sem progressão ao novo regime, faz jus o apenado ao
computo desse tempo como pena cumprida para fins de futuro benefício a ser concedido.
Dessa forma, tanto o STJ quanto o STF possuem o entendimento de que a data-base para
a concessão de nova progressão é a data em que o apenado preencheu os requisitos
dispostos no art. 112 da LEP.

STJ. 6ª Turma. HC 369.774/RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 22/11/2016 (INFO/STJ 595).
STF. 2ª Turma. HC 115254, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 15/12/2015.

228
LEP (Lei 7.210/84), art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime
menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos: I - 16% (dezesseis por cento) da pena, se o
apenado for primário e o crime tiver sido cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça; II - 20% (vinte por cento) da pena, se o
apenado for reincidente em crime cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça; III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se
o apenado for primário e o crime tiver sido cometido com violência à pessoa ou grave ameaça; IV - 30% (trinta por cento) da pena,
se o apenado for reincidente em crime cometido com violência à pessoa ou grave ameaça; V - 40% (quarenta por cento) da pena,
se o apenado for condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, se for primário; VI - 50% (cinquenta por cento) da
pena, se o apenado for: a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for primário, vedado
o livramento condicional; b) condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de organização criminosa estruturada para
a prática de crime hediondo ou equiparado; ou c) condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada; VII - 60%
(sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na prática de crime hediondo ou equiparado; VIII - 70% (setenta por
cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime hediondo ou equiparado com resultado morte, vedado o livramento
condicional. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
229
LEP (Lei 7.210/84), art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime
menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos: I - 16% (dezesseis por cento) da pena, se o
apenado for primário e o crime tiver sido cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça; II - 20% (vinte por cento) da pena, se o
apenado for reincidente em crime cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça; III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se
o apenado for primário e o crime tiver sido cometido com violência à pessoa ou grave ameaça; IV - 30% (trinta por cento) da pena,
se o apenado for reincidente em crime cometido com violência à pessoa ou grave ameaça; V - 40% (quarenta por cento) da pena,
se o apenado for condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, se for primário; VI - 50% (cinquenta por cento) da
pena, se o apenado for: a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for primário, vedado
o livramento condicional; b) condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de organização criminosa estruturada para
a prática de crime hediondo ou equiparado; ou c) condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada; VII - 60%
(sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na prática de crime hediondo ou equiparado; VIII - 70% (setenta por
cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime hediondo ou equiparado com resultado morte, vedado o livramento
condicional. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

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TRATAMENTO PRIVILEGIADO

POSSIBILIDADE OU NÃO DE TRANSFERÊNCIA DE PRESO PARA OUTRO ESTADO POR


TRATAMENTO PRIVILEGIADO

181. (DJUS) Para o STF, é possível a transferência do preso para estabelecimento


prisional em outro Estado, sob o fundamento de que ele está recebendo
tratamento privilegiado no estabelecimento de origem, a pedido do MP,
independentemente de prévia manifestação da defesa. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Cabral, preso preventivamente em estabelecimento prisional no Rio de Janeiro, foi


transferido para outro presídio no estado do Paraná, após requerimento do Ministério
Público, o qual alegou que o preso estaria recebendo regalias dentro da prisão. A defesa
não foi intimada previamente para se manifestar sobre o pedido do MP. Para o STF,
nessa situação, a decisão do juiz deve ser reformada, pois não se fundamento em razões
excepcionalíssimas e não oportunizou o contraditório prévio à defesa. C/E?
INFO
COMENTÁRIO
897/STF
Gabarito: ERRADO. Para o STF, mesmo a pedido do MP, NÃO é possível a transferência
do preso para estabelecimento prisional em outro Estado, sob o fundamento de que ele
está recebendo tratamento privilegiado no estabelecimento de origem, por não se
configurar como razões excepcionalíssimas, devendo, inclusive, ter prévia manifestação
da defesa, salvo em situações urgentes. Isso porque, o preso provisório deve ser
recolhido em estabelecimento prisional próximo ao meio social e familiar (art. 103, da
LEP230), pois tem direito constitucional de receber assistência de sua família (art. 5º, LXIII,
da CF/88231). Excepcionalmente é que poderá ser transferido para outra localidade, diante
de motivos concretos, de relevante interesse público que o justifique, devidamente
justificados na decisão, o que não é o caso a legação de recebimento de tratamento
privilegiado do preso. Ainda assim, em sede de medida cautelar, imprescindível que se
oportunize a oitiva do preso, para que ele exerça o seu direito ao contraditório e ampla
defesa (art. 282, §3º, do CPP232), exceto se presentes os requisitos de urgência ou perigo
de ineficácia da medida. A transferência sem observância do devido processo legal
configura manifesta ilegalidade, não sendo possível, nessa situação, a transferência do
preso provisório para outra unidade da federação. Com esses fundamentos o STF

230
LEP, art. 103. Cada comarca terá, pelo menos 1 (uma) cadeia pública a fim de resguardar o interesse da Administração da Justiça
Criminal e a permanência do preso em local próximo ao seu meio social e familiar.
231
CF, art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...) LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da
família e de advogado; (...).
232
CPP, art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se a: I - necessidade para aplicação
da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações
penais; II - adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do indiciado ou acusado. § 3º
Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pedido de medida cautelar, determinará
a intimação da parte contrária, para se manifestar no prazo de 5 (cinco) dias, acompanhada de cópia do requerimento e das peças
necessárias, permanecendo os autos em juízo, e os casos de urgência ou de perigo deverão ser justificados e fundamentados em
decisão que contenha elementos do caso concreto que justifiquem essa medida excepcional. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de
2019).

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concedeu a ordem para o preso (ex-governador do RJ) retornasse para o estado de


origem.

STF. 2ª Turma. HC 152.720/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 10/4/2018 (INFO/STF 897).

EXAME CRIMINOLÓGICO

UTILIZAÇÃO DE FUNDAMENTAÇÃO PADRONIZADA PARA REQUISIÇÃO DE EXAME


CRIMINOLÓGICO

182. (DJUS) Para o STF, o juízo da execução pode utilizar fundamentação padronizada,
utilizada em outros casos, para requisitar o exame criminológico e utilizá-lo como
fundamento para a decisão que julga o pedido de progressão de regime. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Nilson, que cumpre pena em regime fechado, requereu ao juízo da execução a


progressão de regime prisional. O magistrado, utilizando como fundamentação texto
semelhante de outro caso, requisitou a realização de exame criminológico e utilizou o
resultado do exame como fundamento de sua decisão. Para o STF, nesse caso, não
houve violação da Súmula Vinculante nº 26 que exige fundamentação, pois a requisição
para realização do exame criminológico foi devidamente fundamentada. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, o juízo da execução pode utilizar fundamentação


INFO padronizada, utilizada em outros casos, para requisitar o exame criminológico e utilizá-
919/STF lo como fundamento para a decisão que julga o pedido de progressão de regime.
Segundo Bitencourt, o exame criminológico “é a pesquisa dos antecedentes pessoais,
SV familiares, sociais, psíquicos, psicológicos do condenado, para obtenção de dados que
26/STF possam revelar a sua personalidade (Tratado de Direito Penal: parte geral)”. A realização
do exame criminológico não é um requisito obrigatório para a concessão da progressão,
mas pode ser determinado pelo juiz da execução penal, que de acordo com o caso
concreto, pode decidir pela necessidade de realizá-lo antes de decidir sobre o pedido de
progressão. A jurisprudência do STF é pacífica no sentido de admitir que o resultado do
exame criminológico seja utilizado como fundamento na decisão sobre a concessão ou
não da progressão, sem prejuízo da análise dos demais requisitos autorizadores. Assim
dispõe a Súmula Vinculante 26: “Para efeito de progressão de regime no cumprimento de
pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a
inconstitucionalidade do art. 2º da Lei 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de
avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do
benefício, PODENDO DETERMINAR, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de
EXAME CRIMINOLÓGICO”. Trata-se, portanto, de uma faculdade do juiz. Ademais,
segundo o STF, a adoção de textos semelhantes em despachos relacionados a
procedimentos idênticos para fundamentar a necessidade do exame, NÃO VIOLA o
princípio da individualização da pena, nem configura nulidade quando o conteúdo do
texto não trata de especificidades do caso concreto em análise, considerando-se idônea a
fundamentação para a determinação da realização do exame criminológico.

STF. 2ª Turma. Rcl 27616 AgR/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 9/10/2018 (INFO/STF 919).

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PENA UNIFICADA E PROGRESSÃO DE REGIME

O CÁLCULO PARA A PROGRESSÃO DE REGIME DEVE CONSIDERAR O TOTAL DA PENA


UNIFICADA?

183. (DJUS) Para o STF, o cálculo para a concessão da progressão de regime deve ser
realizado tomando-se como base, o total da pena aplicada ao condenado, nos
termos da súmula 715 do STF. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Edson teve sua pena unificada para 79 anos de reclusão em regime fechado decorrente
de 05 condenações. Após um tempo em cumprimento Edson requereu ao juiz da
execução a progressão de regime, que foi denegada por falta de preenchimento de
requisito objetivo. A defesa se insurgiu contra a decisão sob a alegação de que o juiz
deveria ter levado em conta a pena máxima de 40 anos, nos termos do art. 75, do CP e
não calcular a progressão com base no total da pena unificada. Para o STF, nessa
situação, o pleito da defesa deve ser rejeitado, mantendo-se a decisão do magistrado,
pois se aplica ao caso o teor da Súmula 715 do STF, devendo o cálculo para progressão
ser realizado sobre o total da pena unificada. C/E?

INFO COMENTÁRIO
896/STF
Gabarito: CERTO. Para o STF, é INAPLICÁVEL, no cômputo para a concessão de regime
SÚMULA mais benéfico, em relação a penas unificadas, o limite do art. 75, do CP233 (40 anos),
715/STF devendo ser considerada a pena total aplicada, nos termos da súmula 715 do STF: “A
pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento (atualmente é 40
anos), determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de
outros benefícios, como o livramento condicional ou regime mais favorável de execução”.
O art. 75, do CP, dispõe que “O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade
não pode ser superior a 40 anos”. Contudo, esse limite é aplicado apenas para definir o
tempo máximo que uma pessoa pode ficar presa, não sendo admitido para a concessão
de outros benefícios, como a progressão de regime, a liberdade condicional, etc. O STF já
tinha entendimento firmado nesse sentido, inclusive com edição de súmula (SÚMULA 715
DO STF), o que foi reafirmado nesse julgado. Em suma, é inaplicável o art. 75, do CP, no
caso de progressão de regime, devendo se considera o total da reprimenda unificada. Por
fim, insta salientar que a Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime) deu nova redação ao art.
75 do CP, aumentando o limite máximo de cumprimento de pena que passou de 30 para
40 anos. No texto atual da súmula 715 do STF consta o limite de 30 anos, mas deve ser
lido como 40 anos, não havendo superação da súmula, pois ela se refere na verdade ao
limite do art. 75 do CP.

STF. 1ª Turma. HC 112182, Rel. Min. Marco Aurélio, Relator p/ Acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em
03/04/2018 (INFO/STF 896).

233
CP, art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 40 (quarenta) anos. (Redação
dada pela Lei nº 13.964, de 2019). § 1º Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a
40 (quarenta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de
2019). § 2º Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se,
para esse fim, o período de pena já cumprido.

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INDULTO

CONSTITUCIONALIDADE DO DECRETO 9.246/17 QUE CONCEDEU INDULTO NATALINO E


COMUTAÇÃO DAS PENAS

184. (DJUS) Para o STF, o Decreto 9.246/17 que concedeu indulto natalino e
comutação das penas, ainda que de forma muito benéfica, é constitucional e não
viola a separação de Poderes, uma vez que é privativo do Presidente da República
que o concede de forma discricionária. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

A Procuradoria Geral da República entrou com uma ADI contra alguns dispositivos do
Decreto 9.246/17, que concedeu indulto natalino e comutação de penas a condenados.
Alegou que o decreto concedeu o benefício a condenados que cumpriram frações
ínfimas da pena, abrangendo os que não se encontram encarcerados, as penas de
multas e os presos que ainda aguardam julgamento definitivo. Argumenta que o
Decreto afrontou os princípios constitucionais da separação dos poderes,
individualização da pena, proibição à proteção insuficiente e da vedação constitucional
ao Poder Executivo para legislar sobre direito penal. Para o STF, nessa situação, não há
inconstitucionalidade nos dispositivos do Decreto 9.246/17, questionados pela PGR,
bem como não houve violação a tais princípios. C/E?
INFO
939/STF
COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, o Decreto 9.246/17 que concedeu indulto natalino e
comutação das penas, ainda que de forma muito benéfica, é constitucional e não viola a
separação de Poderes, uma vez que é privativo do Presidente da República que o
concede de forma discricionária. O INDULTO é ato de competência do Presidente da
República, através de Decreto, previsto na Constituição Federal (art. 84, XII234), de
natureza administrativa e que pode tanto perdoar quanto comutar penas. Ainda, possui
caráter geral, atingindo apenas os efeitos da execução da pena, permanecendo os demais
efeitos da condenação: para fins de antecedentes, reincidência e os civis. O indulto pode
ser concedido de forma total (perdão da pena) ou parcial (comutação da pena). Comutar
pena significa diminuir ou substituí-la por outra mais branda. No âmbito criminal sua
previsão encontra-se no art. 107, II, do CP235, como causa de extinção da punibilidade.
Segundo o Decreto 9.246/17, em seu artigo 1º: “O indulto natalino coletivo será concedido
às pessoas nacionais e estrangeiras que, até 25 de dezembro de 2017, tenham cumprido: I
- um quinto da pena, se não reincidentes, e um terço da pena, se reincidentes, nos crimes
praticados sem grave ameaça ou violência à pessoa; [...]”. Em algumas hipóteses há
redução desse percentual (art. 2º, I ao IX, do Decreto 9.246/17) sendo de um sexto da
pena, se não reincidente, e um quarto da pena, se reincidente. O Decreto alcançou a pena
de multa, pessoas que estavam sob o cárcere e as que estavam em livramento
condicional, em benefício do SURSIS, cumprindo pena restritiva de direito e em regime
semiaberto, independente de terem sido julgados em definitivo. O conteúdo abrangente
desses dispositivos (inciso I do art. 1º; o §1º, I, do art. 2º; e os arts. 8º, 10 e 11, todos do

234
CF, art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: (...) XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se
necessário, dos órgãos instituídos em lei; (...).
235
CP, art. 107. Extingue-se a punibilidade: (...) II - pela anistia, graça ou indulto; (...).

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Decreto 9.246/17), foi o que levou a PGR a interpor a ADI, visto que qualquer crime que se
enquadrasse nesses requisitos poderia se beneficiar do indulto, ou seja, crimes de
corrupção e contra a administração pública inclusive. Contesta-se a ampla abrangência do
instituto, devido ao abrandamento dos requisitos para concessão. Porém, o texto
constitucional, ao dispor sobre o indulto, não previu os delitos relacionados com a
corrupção como insuscetíveis de indulto. O indulto não é instrumento consentâneo à
política criminal e sim um instrumento de freios e contrapesos com a finalidade de evitar
excessos e possibilitar maior equilíbrio na Justiça criminal. Nesse passo, não fere o
princípio da separação de Poderes, uma vez que este ato é privativo do Presidente da
República que o concede de forma discricionária. No entanto, o Decreto se submete ao
controle jurisdicional, em respeito às limitações impostas pela Constituição (art. 5º, XLIII)
que somente veda a concessão do instituto aos crimes de tortura, tráfico de drogas,
terrorismo e os definidos como hediondos. Contudo, não cabe ao Judiciário reescrever o
Decreto de indulto ou criar norma que restrinja a sua concessão a determinados crimes,
sob pena de estar o Judiciário legislando positivamente. Frise-se, a CF não excluiu os
crimes de corrupção e nem os crimes contra a administração pública da abrangência do
indulto. Dessa forma, é constitucional o Decreto 9.246/17.

STF. Plenário. ADI 5874/DF, rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
9/5/2019 (INFO/STF 939).

INDULTO

RESTRIÇÃO OU NÃO DE INDULTO QUANTO AO REGIME DE CUMPRIMENTO DA PENA DO


CONDENADO

185. (DJUS) Para o STJ, o Decreto 9.246/17, ao dispor sobre a comutação das penas
para os condenados que cumprissem pena privativa de liberdade, proibiu o
benefício para os que estivessem no regime semiaberto. C/E?

Vejamos o seguinte caso hipotético:

Após o Decreto presidencial 9.246/17 que concedeu indulto aos condenados em pena
privativa de liberdade e que tratou da comutação, a defesa de Lucas, que cumpria pena
no regime semiaberto, requereu a concessão do benefício que foi negado pelo juiz, sob
alegação de que o Decreto só alcançava os condenados que estivessem cumprindo pena
INFO
no regime aberto ou que por outra razão não estivessem reclusos. Para o STJ, nesse
659/STJ
caso, agiu corretamente o magistrado, pois o art. 8º, do Decreto ressalvou o benefício
aos que não se encontrassem reclusos. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STJ, o Decreto 9.246/17, ao dispor sobre a comutação das
penas para os condenados que cumprissem pena privativa de liberdade, NÃO PROIBIU o
benefício para os que estivessem no regime semiaberto. Em outras palavras, a concessão
do benefício da comutação pelo Decreto independeu do regime de cumprimento da pena,
mas apenas do atendimento aos requisitos objetivos trazidos no Decreto. Isso porque, ao
tratar da comutação, não fez ressalva quanto ao regime de cumprimento da pena, pelo
contrário, estendeu o indulto às pessoas que cumprem penas substitutivas, que estiverem
no regime aberto, livramento condicional e em sursis processual. Ou seja, o Decreto
INCLUIU mais pessoas beneficiadas, e não restringiu, pois não se trata de norma

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proibitiva. Importante lembrar que o INDULTO é ato de competência do Presidente da


República, previsto na Constituição Federal (art. 84, XII236), que mediante Decreto pode
tanto perdoar quanto comutar penas (diminuir ou substituir por outra pena mais branda).
Além de possuir caráter humanitário é, também, um verdadeiro instrumento de política
criminal, propiciando que o reeducando volte ao convívio social. Nesse passo, o Decreto
acrescentou, através do art. 8º, o sentenciado que não se encontrasse recluso seja porque
estava em liberdade condicional, sob suspensão condicional do processo, em regime
aberto ou que teve sua pena substituída por uma restritiva de direitos. Ou seja, não houve
proibição pautada no regime de cumprimento da pena e sim ampliação de beneficiados.
Dessa forma, preenchidos os requisitos do art. 7º do referido Decreto, tanto o condenado
que cumprisse pena no regime fechado, semiaberto ou aberto teriam direito à
comutação.

STJ. 6ª Turma. REsp 1.828.409-MS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 01/10/2019 (INFO/STJ 659).

INDULTO

POSSIBILIDADE OU NÃO DE CONCESSÃO DE INDULTO À PENA DE MULTA DEPOIS DE


PARCELAMENTO ESPONTÂNEO

186. (DJUS) Para o STF, o indulto da pena privativa de liberdade não alcança a pena de
multa que tenha sido objeto de parcelamento espontaneamente assumido pelo
sentenciado para obter as condições necessárias para progressão de regime. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Jacinto foi condenado pelo crime de Lavagem de dinheiro à pena de 05 anos de


reclusão, em regime inicial semiaberto, acrescida de 200 dias-multa. Ao preencher os
requisitos objetivos e subjetivos, o juiz autorizou a progressão para o regime aberto,
condicionado ao pagamento da pena de multa aplicada. A defesa comprovou que
INFO Jacinto celebrou acordo de parcelamento da multa e que vinha adimplindo
884/STF corretamente as parcelas, o que permitiu a efetivação da progressão do regime. Ocorre
que adveio indulto natalino (Decreto nº 8.380/2014) e Jacinto requereu ao juiz da
execução a concessão do benefício, que extinguiu a punibilidade quanto a pena
privativa de liberdade, mas não extinguiu a pena de multa. A defesa apresentou recurso
contra essa decisão pleiteando a extinção da pena de multa em razão do Decreto
natalino ter previsto no art. 7º que o indulto alcançaria a pena de multa. Para o STF,
nessa situação, deve ser negado o provimento ao recurso, pois o indulto não alcança a
pena de multa que tenha sido espontaneamente objeto de parcelamento para obter as
condições necessárias para progressão de regime. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, o indulto da pena privativa de liberdade NÃO alcança a
pena de multa que tenha sido objeto de parcelamento espontaneamente assumido pelo
sentenciado para obter as condições necessárias para progressão de regime. O INDULTO

236
CF, art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: (...) XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se
necessário, dos órgãos instituídos em lei; (...).

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é ato de competência do Presidente da República, através de Decreto, previsto na


Constituição Federal (art. 84, XII237), de natureza administrativa e que pode tanto perdoar
quanto comutar penas. Ainda, possui caráter geral, atingindo apenas os efeitos da
execução da pena, permanecendo os demais efeitos da condenação: para fins de
antecedentes, reincidência e os civis. O indulto pode ser concedido de forma total (perdão
da pena) ou parcial (comutação da pena). Comutar pena significa diminuir ou substituí-la
por outra mais branda. No âmbito criminal sua previsão encontra-se no art. 107, II, do
CP238, como causa de extinção da punibilidade. Embora o Decreto 8.380/14 tenha previsto
que o indulto alcançaria a pena de multa aplicada cumulativamente, o parcelamento
espontâneo pelo sentenciado impossibilita a concessão do indulto à multa. Ademais, o
pagamento da multa foi condição para que ocorresse a progressão de regime e o acordo
de pagamento parcelado deve ser cumprido, sob pena de se estar descumprindo decisão
judicial e violação ao princípio da isonomia e da boa-fé objetiva. O indulto somente
poderia ser aplicado a pena de multa se houvesse comprovação concreta de extrema
carência financeira do condenado, inclusive o impossibilitando de firmar acordo de
parcelamento da multa. Dessa forma, nessa situação, a extensão do indulto não se aplica
ao condenado solvente que adere ao parcelamento da multa.

STF. Plenário. EP 11 IndCom-AgR/DF, rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 8/11/2017 (INFO/STF 884).

MEDIDA DE SEGURANÇA

POSSIBILIDADE OU NÃO DE MANUTENÇÃO DA MEDIDA DE INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA


APÓS EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

187. (DJUS) Para o STF, não é admissível a manutenção de internação compulsória de


paciente, após ter tido a sua pena extinta em decorrência da prescrição da
pretensão punitiva. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Ary cometeu o crime de homicídio, mas teve a sua inimputabilidade reconhecida, pelo
juiz que declarou a absolvição imprópria, aplicando-lhe a medida de segurança de
INFO
internação em Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico. Alguns meses após a sua
925/STF
internação ocorreu a prescrição da pretensão punitiva. Contudo o Ministério Público,
diante do laudo psiquiátrico que atestou a periculosidade do paciente, requereu a
conversão da medida de segurança em interdição civil, para que mesmo com a extinção
da punibilidade permanecesse internado na Rede Estadual de Saúde, sendo o pedido
deferido pelo magistrado. Para o STF, nessa situação, a decisão judicial deve ser
reformada, pois a manutenção da internação compulsória do paciente após ocorrência
da extinção da punibilidade em razão da prescrição da pretensão punitiva, viola a
garantia fundamental à liberdade. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, NÃO é admissível a manutenção de internação

237
CF, art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: (...) XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se
necessário, dos órgãos instituídos em lei; (...).
238
CP, art. 107. Extingue-se a punibilidade: (...) II - pela anistia, graça ou indulto; (...).

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compulsória de paciente, após ter sido a sua pena extinta em decorrência da prescrição
da pretensão punitiva. Medida de segurança é uma espécie de sanção penal, aplicada aos
agentes inimputáveis e semi-imputáveis acometidos de doença mental (art. 96, CP)239.
Possui o caráter de prevenção especial, destinada ao tratamento para posterior
reinserção social, seja mediante internação ou para tratamento ambulatorial. Embora o
Código Penal tenha fixado apenas o tempo mínimo de duração da medida de segurança
(01 a 3 anos), o STF entende que esta não pode ser indeterminada, assegurando ser sua
duração máxima o limite do art. 75 do CP240 (antes 30 anos e atualmente 40 anos). Por
ser uma sanção penal, se sujeita às regras previstas no Código Penal, inclusive relativa à
prescrição. Ademais, o Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico é considerado pela
Lei de Execução Penal (Lei 7.210/84) como estabelecimento penal e é destinado às
pessoas que praticaram fato definido como crime, mas que por apresentarem diagnóstico
psiquiátrico, recebem uma medida de segurança a ser cumprida nesse local. O
internamento compulsório possui caráter excepcional (Lei 10.216/01), uma vez que
restringe a liberdade do paciente. Dessa forma, não é admissível a internação por tempo
indeterminado, mesmo diante de sua periculosidade, ou seja, extinta a punibilidade
decorrente do reconhecimento da prescrição, a pena deixa de existir, não sendo mais
cabível a manutenção da medida de segurança.
STF. 2ª Turma. HC 151523/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 27/11/2018 (INFO/STF 925).

20. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA


PRORROGAÇÃO

ADMITE-SE OU NÃO PEDIDO DE PRORROGAÇÃO DE INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA EM


PLANTÃO JUDICIÁRIO?

188. (DJUS) Para o STF, é inadmissível o pedido de prorrogação do prazo de


interceptação telefônica durante o plantão judiciário. C/E?

Vejamos a seguinte situação hipotética:


INFO
899/STF
Pirilampo está sendo investigado por, em tese, ter praticado o crime de associação para
o tráfico de drogas. Em decorrência das investigações, a autoridade policial solicitou ao
juiz competente autorização para realizar a interceptação telefônica do investigado, por
ser o único meio capaz de produzir a prova necessária à apuração da infração penal. A
ordem judicial foi concedida, sendo fixado o prazo máximo de 15 dias de duração.
Contudo, durante plantão judicial, a autoridade policial realizou pedido de prorrogação
da medida cautelar de interceptação, alegando extrema necessidade para conclusão da
apuração do crime. O Juiz do plantão indeferiu o pedido com base na vedação de pedido

239
CP, art. 96. As medidas de segurança são: I - Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro
estabelecimento adequado; II - sujeição a tratamento ambulatorial. Parágrafo único. Extinta a punibilidade, não se impõe medida
de segurança nem subsiste a que tenha sido imposta.
240
CP, art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 40 (quarenta) anos. (Redação
dada pela Lei nº 13.964, de 2019). § 1º Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a
40 (quarenta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de
2019). § 2º Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se,
para esse fim, o período de pena já cumprido.

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de prorrogação da interceptação durante o plantão judicial constante no §1º, do art. 13,


da Resolução 59/08, do CNJ. Para o STF, nessa situação, agiu corretamente o juiz
plantonista, pois não é cabível o pedido de prorrogação de interceptação telefônica
durante o plantão judicial, nos termos da Resolução. C/E?

COMENTÁRIO

Gabarito: ERRADO. Para o STF, é ADMISSÍVEL o pedido de prorrogação do prazo de


interceptação telefônica durante o plantão judiciário. Interceptação telefônica é a
captação da conversa telefônica por um terceiro, sem o conhecimento dos interlocutores.
A Lei 9.296/96 regulamenta a interceptação telefônica, dispondo ser cabível em última
ratio, quando indispensável à produção da prova criminal e não tiver outra forma de ser
produzida. Só é cabível a medida nos casos de crimes punidos com reclusão e sob
determinação judicial. O prazo de duração da interceptação telefônica em regra é de até
15 dias, podendo ser prorrogado por igual tempo, desde que comprovada a extrema
necessidade. Segundo a jurisprudência pacífica dos Tribunais Superiores, essa prorrogação
pode se dar quantas vezes for necessária, fundamentada cada necessidade de
prorrogação. O CNJ veio a disciplinar e uniformizar rotinas no procedimento de
interceptação telefônica nos órgãos do Poder Judiciário, através da Resolução 59/2008.
Em seu art. 13, § 1º, dispôs que: “não será admitido pedido de prorrogação de prazo de
medida cautelar de interceptação de comunicação telefônica, telemática ou de
informática durante o plantão judiciário, ressalvada a hipótese de risco iminente e grave
à integridade ou à vida de terceiros, bem como durante o Plantão de Recesso previsto
artigo 62 da Lei nº 5.010/66”. Ocorre que instado a se manifestar no julgamento da ADI
4145 o STF reconheceu a inconstitucionalidade desse dispositivo, uma vez que
considerou ter o CNJ extrapolado sua competência normativa, desrespeitando: a) a
competência legislativa estadual, no que concerne à edição das leis de organização
judiciária local (CF, art. 125, § 1º241); b) a competência legislativa na União para a edição
de normas processuais (CF, art. 22, I242); e c) a norma constante do art. 5º, XXXV, da CF243,
no que respeita à inafastabilidade da jurisdição. Frise-se que o CNJ possui natureza
jurídica de órgão meramente administrativo, cabendo-lhe regulamentar as rotinas
cartorárias do Judiciário, desde que não ultrapasse o limite de sua reserva legal. Nesse
sentido, não pode criar obrigações que se estendam a órgãos estranhos ao Poder
Judiciário. Dessa forma, diante da declaração de inconstitucionalidade do §1º, do art. 13
da Resolução 59/08, que vedava o pedido de prorrogação durante o plantão judicial, não
restou óbice a que a autoridade policial possa requerer ao juiz plantonista, inclusive
durante o recesso forense, a prorrogação do prazo de interceptação telefônica, atendidos
os requisitos legais para concessão da medida cautelar.

STF. Plenário. ADI 4145/DF, Rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 26/4/2018
(INFO/STF 899).

241
CF, art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta Constituição. 1º A competência
dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça. (...).
242
CF, art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário,
marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; (...).
243
CF, art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...) XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; (...).

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DENÚNCIA ANÔNIMA

POSSIBILIDADE OU NÃO DE INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA COM BASE EM DENÚNCIA


ANÔNIMA

189. (DJUS) Para o STF, é inválida a interceptação telefônica decorrente de denúncia


anônima, ainda que tenham sido realizadas diligências preliminares atestando a
veracidade do conteúdo da denúncia. C/E?

Vejamos a seguinte situação hipotética:

A autoridade policial recebeu denúncia anônima com a informação de que Lilian estaria
praticando vários crimes contra a administração pública. De posse dessas informações, a
polícia realizou diligências preliminares assegurando a veracidade do conteúdo da
denúncia anônima e requereu ao juiz competente autorização para realizar a
interceptação telefônica. Devido à complexidade das investigações, houve diversas
prorrogações do prazo da interceptação, todas fundamentadas. Concluídas as
diligências, o Ministério Público ofereceu denúncia a qual foi recebida. Ao final do
processo, Lilian foi condenada a 22 anos de reclusão em regime fechado. A defesa
impetrou habeas corpus alegando constrangimento ilegal em razão de ter sua
condenação sido fundamentada em provas ilícitas colhidas em interceptação telefônica
com base em denúncia anônima. Para o STF, nessa situação, a ordem deve ser
concedida, pois a interceptação telefônica no caso é considerada prova ilícita. C/E?
INFO
890/STF COMENTÁRIO

INFO Gabarito: ERRADO. Para o STF, é LÍCITA a interceptação telefônica decorrente de


855/STF denúncia anônima, DESDE que tenham sido realizadas diligências preliminares
atestando a veracidade do conteúdo da denúncia. Em outras palavras, recebida uma
denúncia anônima e REALIZADAS AS DILIGÊNCIAS PRELIMINARES em que se configurem
os indícios que corroborem com as informações da fonte oculta, pode ser realizada a
interceptação telefônica. Interceptação telefônica é a captação da conversa telefônica por
um terceiro, sem o conhecimento dos interlocutores. A Lei 9.296/96 regulamenta a
interceptação telefônica, dispondo ser cabível em última ratio, quando indispensável à
produção da prova criminal e não tiver outra forma de ser produzida. Só é cabível nos
casos de crimes punidos com reclusão e sob determinação judicial. O prazo para
interceptação telefônica em regra é de até 15 dias, podendo ser prorrogado por igual
tempo, desde que comprovada a extrema necessidade. Segundo a jurisprudência pacífica
dos Tribunais Superiores, essa prorrogação pode se dar quantas vezes forem necessárias,
desde que fundamentada cada necessidade de prorrogação. Nesse sentido, não se
configura constrangimento ilegal a prorrogação sucessiva do prazo de interceptação se
devidamente fundamentada a necessidade. Porém, embora a denúncia anônima
(apócrifa), não se preste, POR SI SÓ, a instauração de inquérito policial ou deflagração de
ação penal, PRESTA-SE PARA EMBASAR PROCEDIMENTOS INVESTIGATÓRIOS
PRELIMINARES em busca de indícios que confirmem as informações repassadas
anonimamente. Assim, no caso concreto, a interceptação telefônica não decorreu da
denúncia anônima em si, mas sim das informações obtidas nas diligências preliminares
realizadas, que atestaram a plausibilidade das informações anonimamente prestadas.
Nesse contexto, as provas colhidas durante a interceptação são consideradas LÍCITAS.
Dessa forma, recebida denúncia anônima, realizada diligências prévias que confirmem as

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informações prestadas, é LÍCITA a INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA, bem como todas as


provas colhidas durante a vigência do procedimento que poderá ter seu prazo renovado
por períodos sucessivos, desde que seja imprescindível às investigações e haja
fundamentação idônea para sua prorrogação.

STF. 2ª Turma. RHC 132115/PR, Rel. Min. Dias Tóffoli, julgado em 6/2/2018 (INFO/STF 890).
STF. 2ª Turma. HC 133148/ES, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 21/2/2017 (INFO/STF 855).

PROVA

PROVA OBTIDA MEDIANTE INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA REFERENTE A CRIMES


DIVERSOS DO INVESTIGADO

190. (DJUS) Para o STF, é licita a prova obtida mediante interceptação telefônica
referente a infração penal diversa da que originou a medida, independentemente
de haver ou não dados que comprovem a conexão entre os crimes. C/E?

Vejamos o caso concreto decidido (com adaptações):

Furlan estava sendo investigado pela prática do crime de organização criminosa e tráfico
de drogas. Durante inquérito a pedido do delegado foi autorizado uma interceptação
telefônica que acabou por revelar um crime de homicídio. Com base nessas provas foi
decretada a prisão preventiva do investigado e recebida a denúncia. A defesa impetrou
habeas corpus alegando a ilicitude da prova, que foi produzida no âmbito de
interceptação telefônica para investigar crime diverso, o que retiraria a justa causa para
o prosseguimento da ação. Para o STF, nessa situação, a ordem não deve ser concedida,
pois a prova obtida é LÍCITA, ainda que oriunda de interceptação telefônica deferida
INFO para investigar crime diverso. C/E?
869/STF
COMENTÁRIO

Gabarito: CERTO. Para o STF, é LICITA a prova obtida mediante interceptação telefônica
referente a infrações penais diversas da que originou a medida, independentemente de
haver ou não dados que comprovem a conexão entre os crimes. Dito de outra maneira,
se durante a investigação de um crime ocorrer a descoberta de outra infração penal e
estiverem presentes os requisitos constitucionais e legais, as provas desse “crime achado”
são consideradas lícitas. Vale lembrar que o CRIME ACHADO é também conhecido pela
doutrina como SERENDIPIDADE ou encontro fortuito de provas. A justa causa, exigência
legal para o recebimento da denúncia, instauração e processamento da ação penal, nos
termos do artigo 395, III, do CPP244, é composta por elementos essenciais: a) TIPICIDADE
(adequação de uma conduta fática a um tipo penal); b) PUNIBILIDADE (conduta precisa
ser punível) e c) VIABILIDADE (existência de fundados indícios de autoria). Ou seja,
presentes os requisitos constitucionais e legais para autorização da interceptação
telefônica, a prova deve ser considerada lícita, ainda que decorrente de crime achado.
Dessa forma, ocorrendo a descoberta de prática criminosa, ainda que estranha ao
objetivo inicial da interceptação, deve-se dar sequencia às investigações do crime achado,
independentemente de haver ou não dados que comprovem a conexão entre os crimes.

244
CPP, art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: I - for manifestamente inepta; II - faltar pressuposto processual ou
condição para o exercício da ação penal; ou III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.

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STF. 1ª Turma. HC 129678/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
13/6/2017 (INFO/STF 869).

RESUMO

INQUÉRITO POLICIAL

1) Para o STF, o declínio de competência para a Justiça estadual NÃO GERA nulidade dos atos
judiciais decorrentes de investigação conduzida por delegado da Polícia Federal.

2) Para o STF, AFRONTA a Súmula Vinculante nº 14, o acesso integral, amplo e irrestrito, pelo
defensor, ao Relatório do COAF (atualmente Unidade de Inteligência Financeira - UIF), já
documentado nos autos do IP, QUANDO também se menciona dados de terceiros.

3) Para o STJ, É POSSÍVEL a deflagração de investigação criminal de ofício pela autoridade


policial com base apenas em reportagem jornalística que narrou ocorrência de um possível
crime de ação penal pública incondicionada.

4) Para o STF, NÃO é necessária a intimação prévia da defesa técnica do investigado para a
tomada de depoimentos na fase do inquérito policial.

5) Para o STF, o interrogatório do réu deve ser realizado ao final da instrução processual,
independentemente de previsão contrária em lei especial.

6) Para o STF, é ilegal a condução coercitiva de investigado ou réu para ser interrogado em
procedimento criminal.

7) A Lei 13.869/19 (Lei de Abuso de Autoridade) transformou em crime a determinação de


condução de testemunha ou investigado, manifestamente descabida ou sem que tenha
havido prévia intimação245.

8) Para o STF, CABE o arquivamento do Inquérito Policial de ofício pelo Relator da Corte,
quando verificada a ausência de indícios mínimos de autoria ou materialidade,
principalmente nos casos em que forem descumpridos os prazos para a instrução do
inquérito policial.

245
Lei 13.869/19 (Lei de Abuso de Autoridade), art. 10. Decretar a condução coercitiva de testemunha ou investigado
manifestamente descabida ou sem prévia intimação de comparecimento ao juízo: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.

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AÇÃO PENAL

9) Para o STJ, a existência de ação penal pendente de julgamento no exterior, NÃO impede o
processamento da ação penal no Brasil pelo mesmo delito, NÃO configurando bis in idem
processual.

10) Para o STJ, a companheira em união estável homoafetiva reconhecida, POSSUI legitimidade
para ajuizar ação penal privada, representando a companheira falecida.

11) Para o STF, a sustentação oral da acusação divergente do parecer escrito que já havia sido
juntado aos autos por outro membro do Ministério Público Militar (MPM), não gera nulidade
por violação da ampla defesa se houver posterior ratificação do parecer divergente pelo
órgão.

12) Para o STF, a decisão proferida pelo juiz em audiência de custódia relaxando a prisão por
considerar a atipicidade da conduta NÃO faz coisa julgada, NÃO impossibilitando o Ministério
Público de promover a respectiva denúncia.

13) Para o STF, presentes os requisitos do art. 41, do CPP246, no momento da denúncia prevalece
o princípio do in dubio pro societate.

14) Para o STF, a denúncia poderá ser aditada a qualquer tempo até a sentença final, observado
o contraditório e a ampla defesa.

15) Para o STF, a falta de individualização das condutas delituosas imputadas aos acusados na
queixa-crime (ou na denúncia), inviabiliza o prosseguimento da ação penal, por manifesta
ausência de justa causa.

COMPETÊNCIA

16) Para o STF, quando há declínio de competência nas investigações em razão da função
desempenhada pelo investigado no momento em que o crime foi cometido, NÃO OCORRE a
supressão do direito de recorribilidade a ordem de envio imediato dos autos de inquérito ao
STJ, ainda que não tenha decorrido o prazo recursal para defesa.

17) Para o STF, NÃO compete à justiça federal, mas sim à justiça estadual (Tribunal do Júri),
julgar o crime de homicídio praticado por policial rodoviário federal fora do efetivo exercício
de suas atividades.

18) NÃO COMPETE ao STF julgar Senador da República que durante seu mandato cometeu crime
de corrupção passiva não relacionado a esse cargo.

246
CPP, art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do
acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.

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19) Para o STJ, compete à Justiça FEDERAL julgar autor de crime de homicídio contra policial
militar, praticado no contexto de crime de roubo armado contra agência dos correios.

20) De quem é a competência para julgar crime praticado por brasileiro nato no exterior, quando
houver tratado de extradição entre os dois países e esta tiver sido negada pelo Brasil? Para o
STF: Justiça ESTADUAL. Para o STJ: Justiça FEDERAL.

21) Para o STJ, compete à Justiça ESTADUAL processar e julgar o crime cometido a bordo de
balões de ar quente tripulado, uma vez que não são aeronaves e nem a elas equiparados.

22) Para o STJ, compete a Terceira Seção processar e julgar habeas corpus com pedido de
substituição de prisão provisória por medida cautelar diversa da prisão ou o seu
relaxamento, em razão de problemas estruturais das delegacias e do sistema prisional do
Estado.

23) Compete à JUSTIÇA ELEITORAL julgar os crimes eleitorais e os crimes comuns que lhes forem
conexos, conforme entendimento do STF. A decisão no presente julgado do STF (Inq 4435
AgR-quarto/DF) considerou o princípio da especialidade, que dispõe que a Justiça
Especializada prevalece sobre as demais, abarcando os crimes de competência da Justiça
comum.

24) Para o STJ, desembargador que comete crime, ainda que não relacionado com o cargo que
ocupa, será julgado pelo STJ e não por juiz de primeiro grau, quando os dois magistrados
estiverem vinculados ao mesmo Tribunal.

25) Encerrada a instrução processual com a publicação do despacho de intimação para o


oferecimento de alegações finais, a competência para processar e julgar o crime cometido
por deputado federal, ainda que sem relação com o cargo ocupado, não será mais alterada
se o parlamentar deixar a função ou adquirido outra sem foro por prerrogativa de função, de
acordo com o STF.

26) Para o STJ, não há foro por prerrogativa de função para governador quando o crime foi
supostamente praticado durante o primeiro mandato, ainda que atualmente ocupe o mesmo
cargo por força de nova eleição, quando entre um e outro mandato há interrupção para
assumir outra função pública.

27) Para o STF, NÃO basta que testemunhas ou investigados mencionem durante seus
depoimentos, o nome de autoridade que possua foro por prerrogativa de função,
demonstrando supostamente o seu envolvimento, para que ocorra o deslocamento da
competência para o juízo hierarquicamente superior, sendo NECESSÁRIO QUE SE VERIFIQUE
INDÍCIO DE AUTORIA/PARTICIPAÇÃO de forma ativa e concreta no crime investigado.

28) Para o STF, não há que se falar em ilicitude da prova fortuita colhida em interceptação
telefônica que investiga crime diverso, quando um dos interlocutores for um Promotor de

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Justiça, que tem o seu foro privilegiado preservado com a comunicação célere do fato ao
Juízo prolator da ordem e ao PGJ.

29) Para o STF, em regra, processo criminal em que haja corréu sem prerrogativa de foro deverá
ser desmembrado e enviado para o juízo de primeira instância, salvo se prejudicar de forma
relevante as investigações e se tratar de fato único.

30) Para o STJ, compete à Justiça FEDERAL apreciar pedido de medida protetiva de urgência
decorrente de crime praticado contra mulher por meio de rede social de amplo acesso, que
foi iniciado no estrangeiro e teve o seu resultado no Brasil.

31) Para o STJ, a competência para julgar o crime de contrabando e descaminho será da Justiça
Federal, independente da existência de indícios da transnacionalidade da conduta do agente.

32) No descaminho, o crime é relacionado ao não pagamento do imposto devido (art. 334, do
CP): “Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada,
pela saída ou pelo consumo de mercadoria”, ou seja, a mercadoria é permitida.

33) No crime de contrabando a relação criminosa é com a mercadoria, proibida no Brasil, ser
importada ou exportada (art. 334-A): “Importar ou exportar mercadoria proibida”.

34) Súmula 151 do STJ: “a competência para o processo e julgamento por crime de contrabando
ou descaminho define-se pela prevenção do juízo federal do lugar da apreensão dos bens”.

35) Para o STJ, compete à JUSTIÇA ESTADUAL o julgamento de crime ambiental cometido
durante a construção de moradias em que a Caixa Econômica Federal apenas atuou na
qualidade de agente financiador da obra.

36) Para o STJ, a competência para julgar crime de divulgação de imagem pornográfica de
adolescente (art. 241-A da Lei 8.069/90) 247 via WhatsApp e por meio de chat do Facebook é
da JUSTIÇA ESTADUAL.

37) O STF no julgamento em sede de Repercussão Geral (RE 628.624/MG), definiu que a
competência para julgamento do delito do artigo 241-A (divulgação e publicação de
conteúdo pornográfico infantil) será da Justiça Federal, porém, deve haver
INTERNACIONALIDADE do resultado obtido ou que pretendia obter.

38) E nesses casos, a competência territorial será de que local? De onde partiu as imagens ou do
local da recepção? A competência será do local de onde partiu a mensagem, sendo
indiferente a localização do provedor de acesso à rede de computadores onde tais imagens
encontram-se armazenadas, ou a sua efetiva visualização pelos usuários (STJ. CC 29.886/SP).
247
ECA, art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio
de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica
envolvendo criança ou adolescente: Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.

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39) Para o STJ, compete à JUSTIÇA ESTADUAL julgar o crime de estelionato em prejuízo de
vítimas particulares mantidas em erro mediante criação de falso Tribunal Internacional de
Justiça e Conciliação para solução de controvérsias.

40) Para o STJ, compete à justiça ESTADUAL processar e julgar ação penal que apura supostas
fraudes praticadas por administrador durante gestão de operadora de plano de saúde não
caracterizada como seguradora.

41) Para o STF, NÃO haverá mudança de competência para julgar o recurso especial, ainda que
após a interposição do recurso especial tenha ocorrido a diplomação do réu como deputado
federal.

42) Para o STF, a competência para processar e julgar crime cometido por Procurador da
República no exercício de suas funções se dá pelo critério da ratione loci, ou seja, compete
ao Tribunal Regional Federal no qual o Procurador exercia o seu cargo na época de
ocorrência dos fatos.

43) Para o STF, se o crime tiver sido praticado entre comarcas de estados diferentes (Curitiba/PR
e São Paulo/SP) por meio da internet, não viola o princípio do juiz natural, o julgamento de
todo os crimes pelo juízo da comarca do estado do local em que se iniciou a investigação e se
deu a prisão da maior parte dos agentes (Curitiba/PR), ainda que o crime conexo mais grave
tenha sido praticado na comarca do outro estado (São Paulo/SP).

44) No que se refere à competência, determina o art. 78, II, alínea “a” do CPP 248 que na
competência por conexão, "quando houver concurso de jurisdição de mesma categoria”,
preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais grave”.

45) Todo crime envolvendo pornografia infantil, cuja execução se inicie no Brasil será julgado
pela justiça federal? NÃO. O STF entende que somente será da competência da justiça
federal se houver INTERNACIONALIZAÇÃO da conduta (RE 628.624/MG).

46) Para o STF, compete à justiça federal processar e julgar os crimes ambientais que envolvam
animais silvestres, ameaçados de extinção, espécimes exóticas ou protegidos por
compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, SEMPRE QUE HOUVER
TRANSNACIONALIDADE DA CONDUTA.

47) E quando é que ocorre a transnacionalidade? Quando a infração penal envolver mais de um
país, nos termos do art. 109, V, da CF, vejamos: “compete aos juízes federais, processar e
julgar os crimes em que iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter
ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente”.

248
CPP, art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observadas as seguintes regras: (...) Il - no
concurso de jurisdições da mesma categoria: a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais grave; (...).

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SUSPEIÇÃO E IMPEDIMENTO

48) Para o STF, CABE arguição de suspeição em face do Procurador Geral da República, mas as
meras manifestações públicas feitas por ele em desfavor do acusado não são, por si sós,
capazes de configurar imparcialidade ou suspeição por inimizade capital.

DAS MEDIDAS ASSECURATÓRIAS

49) Para o STF, PODE ser decretada a indisponibilidade de bens para efeito de arresto, ainda que
não haja comprovação concreta de que o acusado esteja dilapidando seu patrimônio.

DA PROVA

50) Para o STF, o desaparecimento dos vestígios da infração, no crime de incêndio com o intuito
de obter vantagem pecuniária (art. 250, § 1º, I, do Código Penal249), NÃO INVIABILIZA a
condenação do agente. Isso porque, nos termos do art. 167 do CPP250, constatado o
desaparecimento dos vestígios da infração, mostra-se viável suprir a realização de exame por
outros meios de prova (prova testemunhal ou documental, por exemplo).

51) Para o STF, a Receita Federal PODE compartilhar a íntegra do procedimento fiscalizatório que
realizou e os relatórios de inteligência financeira fornecidos pela Unidade de Inteligência
Financeira (UIF) com as autoridades policiais e o Ministério Público para fins criminais, desde
que feito por meio de comunicações formais e com garantia de sigilo, certificação do
destinatário e que se estabeleça instrumentos efetivos para apuração e correção de possíveis
desvios no compartilhamento e utilização dos dados, DISPENSANDO-SE PRÉVIA
AUTORIZAÇÃO JUDICIAL.

52) Para o STJ, é licito o compartilhamento dos dados bancários obtidos diretamente pela
Receita Federal com o Ministério Público e com a Polícia, quando verificada uma possível
prática de crime.

53) Para o STJ, embora NÃO POSSUA CARÁTER VINCULANTE, a realização da perícia
antropológica de grupo indígena, acusado de praticar crime de homicídio NÃO é
imprescindível, MAS CONSTITUI INSTRUMENTO IMPORTANTE ao julgamento do processo.

54) Para o STJ, a prova obtida por meio de revista íntima com fundamento apenas em denúncia
anônima É ILÍCITA.

249
CP, art. 250. Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem: Pena - reclusão, de três a
seis anos, e multa. § 1º - As penas aumentam-se de um terço: I - se o crime é cometido com intuito de obter vantagem pecuniária
em proveito próprio ou alheio; (...).
250
CPP, art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal
poderá suprir-lhe a falta.

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55) Para o STJ, É ILÍCITA a prova obtida mediante a conduta de policial que, se passando pelo
investigado, atende a ligação no telefone celular deste sem a sua autorização.

56) Para o STF, NÃO é ilícito o laudo pericial criminal realizado por técnicos papiloscopistas do
Instituto de Identificação da Polícia Civil.

57) Para o STF, a falta de transcrição integral dos áudios colhidos durante a interceptação
telefônica e disponibilizados amplamente para a defesa NÃO gera a nulidade da prova, não
havendo desrespeito a Súmula Vinculante nº 14 que garante amplo acesso aos elementos de
prova já documentados no Inquérito Policial.

58) Para o STJ, é ilícita a revista pessoal realizada por agente de segurança de empresa privada,
bem como serão consideradas ilícitas todas as provas dela decorrentes.

59) Para o STJ, a falta de acesso à integralidade das conversas captadas através de interceptação
telefônica, juntada aos autos de forma emprestada, em que apenas trechos dos áudios
foram disponibilizados para a defesa, GERA a nulidade da prova.

60) Ocorrendo a descoberta de prática criminosa, ainda que estranha ao objetivo inicial da
interceptação, deve-se dar sequencia as investigações do crime achado. Vale lembrar que
“CRIME ACHADO” é também conhecido pela doutrina como “SERENDIPIDADE” ou “encontro
fortuito de provas”. Essa prova é perfeitamente válida.

61) Para o STJ, por NÃO se aplicar a analogia entre o instituto da interceptação telefônica e o
espelhamento das conversas do WhatsApp através do WhatsApp Web, as provas obtidas
NÃO são válidas, ainda que obtidas mediante autorização judicial.

62) Para o STJ, é válida a quebra de sigilo de conversações via WhatsApp em aparelho de
propriedade da vítima fatal, sem prévia autorização judicial, mas que tenha o aparelho sido
entregue por sua esposa.

63) Para o STJ, a ausência de lacre em todos os documentos e bens apreendidos NÃO torna
automaticamente ilegítima a prova obtida.

64) A Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime) trouxe uma série de procedimentos a serem
praticados no que se refere à coleta e armazenamento da prova e dos locais de crime. Trata-
se da CADEIA DE CUSTÓDIA, entendida como o conjunto de todos os procedimentos
utilizados para manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou
em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento
até o descarte (art. 158-A do CPP). Entre esses procedimentos está a determinação de que
todos os vestígios devem ser acondicionados em recipientes que deverão ser selados com
lacres, com numeração individualizada, de forma a garantir a inviolabilidade e a idoneidade
do vestígio durante o transporte.

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65) Para o STF, NÃO é material e nem formalmente inconstitucional Lei Estadual que exige a
realização de perícia em crianças e adolescentes vítimas de estupro apenas por perito legista
mulher.

66) Para o STF, policial militar NÃO pode atuar como agente infiltrado em grupo criminoso sem
autorização judicial, sendo ilícitas as provas eventualmente colhidas.

67) A Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime) acrescentou expressamente a possibilidade de ser


autorizada judicialmente a investigação por agentes de polícia infiltrados VIRTUAIS, os quais
obedecidos os requisitos do caput do art. 10, na internet, irão investigar os crimes previstos
na Lei de Organizações Criminosas e a eles conexos, praticados por organizações criminosas,
desde que demonstrada sua necessidade e indicados o alcance das tarefas dos policiais, os
nomes ou apelidos das pessoas investigadas e, quando possível, os dados de conexão ou
cadastrais que permitam a identificação dessas pessoas (art. 10-A, da Lei 12.850/13)251.

68) Para o STF, é ilegal a prova colhida em busca e apreensão em imóvel funcional de Senadora
com foro por prerrogativa de função, determinado por juiz de 1º grau e sem delimitação dos
bens a serem apreendidos.

69) Para o STF, o indeferimento de todas as testemunhas de defesa gera constrangimento ilegal
e cerceia o direito de defesa do réu.

70) Para o STF e STJ, a alteração da ordem da inquirição de testemunhas no processo penal gera
nulidade processual RELATIVA, cujo reconhecimento necessita que a parte demonstre a
ocorrência de prejuízo (pas de nullité sans grief).

71) Para o STJ, prova de traficância obtida por policiais, através de conversa telefônica, pela
função viva voz do celular entre o investigado e terceira pessoa, sem o seu consentimento ou
prévia autorização judicial, É ILÍCITA.

72) Para o STJ, a existência de denúncias anônimas somada à fuga do acusado, por si sós, não
configuram fundadas razões a autorizar o ingresso policial no domicílio do acusado sem o seu
consentimento ou determinação judicial, sendo ilícitas as provas eventualmente colhidas no
domicílio.

73) Para o STJ, é admissível a realização antecipada da colheita de prova testemunhal de policial,
na hipótese em que o acusado está foragido e citado por edital não compareceu em juízo
nem constituiu advogado.

251
Lei 12.850/13, art. 10-A. Será admitida a ação de agentes de polícia infiltrados virtuais, obedecidos os requisitos do caput do art.
10, na internet, com o fim de investigar os crimes previstos nesta Lei e a eles conexos, praticados por organizações criminosas,
desde que demonstrada sua necessidade e indicados o alcance das tarefas dos policiais, os nomes ou apelidos das pessoas
investigadas e, quando possível, os dados de conexão ou cadastrais que permitam a identificação dessas pessoas.

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SUJEITOS DO PROCESSO

74) Para o STJ, o magistrado ao arbitrar o valor da remuneração do defensor dativo que atuou
em processo penal NÃO está vinculado aos valores e percentuais pré-estabelecidos nas
tabelas de honorários, quando ELABORADAS UNILATERALMENTE pelos Conselhos Seccionais
da OAB.

75) Para o STJ, as tabelas de honorários para remuneração do defensor dativo, produzidas
MEDIANTE ACORDO entre o Poder Público, a Defensoria Pública e a seccional da OAB,
VINCULAM o arbitramento do valor da verba advocatícia pelo magistrado.

76) Para o STJ, a Tabela de Honorários da Justiça Federal para remuneração do defensor dativo
POSSUI CARÁTER VINCULANTE, devendo ser observado pelo juiz federal ao arbitrar o valor
da verba advocatícia, segundo resolução do Conselho de Justiça Federal.

77) Para o STJ, é DISPENSADA a juntada da procuração pelo Núcleo de Prática Jurídica, quando
tiver sido nomeado judicialmente para atuar na defesa do réu.

78) Para o STJ, quando o juiz verificar nos autos a ocorrência de crime de ação pública, NÃO deve
obrigatoriamente enviar ao Ministério Público uma cópia destes, quando atuando como
custos legis, o parquet já tiver acesso aos autos. Deve apenas remeter os autos com vista
para que o membro do ministério público extraia cópia dos documentos necessários.

PRISÕES, LIBERDADE PROVISÓRIA E MEDIDAS CAUTELARES

79) Para o STF, a manutenção da prisão preventiva EXIGE a demonstração de fatos concretos e
atuais que a justifiquem. Isso porque, a existência desse substrato empírico mínimo, apto a
lastrear a medida extrema, deverá ser regularmente apreciada por meio de decisão
fundamentada, a fim de justificar a necessidade da medida. É imprescindível a existência de
fatos novos ou contemporâneos concretos, idôneos a justificar a segregação cautelar da
agravada. Nesse sentido, a reforma legislativa operada pelo Pacote Anticrime (Lei nº
13.964/2019) introduziu a revisão periódica dos fundamentos da prisão preventiva, por meio
da alteração do art. 316, parágrafo único, do CPP252.

80) Com a Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime), ficou terminantemente proibido ao juiz
decretar a prisão preventiva de ofício (ou qualquer outra medida cautelar – art. 282, § 2º do
CPP253), ainda que no curso da ação penal (art. 311 do CPP254), ou em razão do

252
CPP, art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a prisão preventiva se, no correr da investigação ou do
processo, verificar a falta de motivo para que ela subsista, bem como novamente decretá-la, se sobrevierem razões que a
justifiquem. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019). Parágrafo único. Decretada a prisão preventiva, deverá o órgão emissor da
decisão revisar a necessidade de sua manutenção a cada 90 (noventa) dias, mediante decisão fundamentada, de ofício, sob pena
de tornar a prisão ilegal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019).
253
CPP, Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se a: I - necessidade para aplicação
da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações
penais; II - adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do indiciado ou acusado. (...) §

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descumprimento de medidas cautelares diversas da prisão aplicadas anteriormente (art. 282,


§ 4º do CPP255). Já em relação à constatação da falta de motivo para que a medida subsista, o
mesmo pacote trouxe ao juiz, expressamente, a possibilidade de ser a prisão preventiva
revogada de ofício ou substituída por outras medias cautelares diversas (art. 316 do CPP).

81) Para o STF, a prisão domiciliar de mãe com filho menor de 12 anos (art. 318 do CPP 256)
APLICA-SE aos casos de prisão preventiva, sendo INADEQUADA quando se trata de execução
de título condenatório. Isso porque, em se tratando de execução de título condenatório,
quando se há decisão transitada em julgado, é indispensável o enquadramento em uma das
situações jurídicas contempladas no art. 117 da Lei 7.210/1984 257 (Lei de Execução Penal -
LEP), e não da prisão domiciliar prevista no art. 318 do Código de Processo Penal.

82) Para o STJ, NÃO É CABÍVEL a realização de audiência de custódia por meio de
videoconferência. Isso porque, demanda-se que a audiência de custódia seja realizada pelo
juízo da localidade em que ocorreu a prisão, nos termos do art. 13, parágrafo único, da
Resolução nº 213/CNJ258.

83) A Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime) modificou o art. 310 do CPP259 passando a prever
expressamente a audiência de custódia, que antes existia apenas por força da Resolução nº
213/2015 do CNJ.

2º As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz a requerimento das partes ou, quando no curso da investigação criminal, por
representação da autoridade policial ou mediante requerimento do Ministério Público. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019).
(...).
254
CPP, art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, a
requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial. (Redação dada
pela Lei nº 13.964, de 2019).
255
CPP, art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se a: I - necessidade para aplicação
da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações
penais; II - adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do indiciado ou acusado. (...) §
4º No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz, mediante requerimento do Ministério Público, de seu
assistente ou do querelante, poderá substituir a medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão
preventiva, nos termos do parágrafo único do art. 312 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019). (...).
256
CPP, art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for: I - maior de 80 (oitenta) anos; II -
extremamente debilitado por motivo de doença grave; III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos
de idade ou com deficiência; IV - gestante; V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos; VI - homem, caso seja
o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos. Parágrafo único. Para a substituição, o juiz
exigirá prova idônea dos requisitos estabelecidos neste artigo.
257
LEP, art. 117. Somente se admitirá o recolhimento do beneficiário de regime aberto em residência particular quando se tratar
de: I - condenado maior de 70 (setenta) anos; II - condenado acometido de doença grave; III - condenada com filho menor ou
deficiente físico ou mental; IV - condenada gestante.
258
Resolução nº 213/CNJ. Art. 13. A apresentação à autoridade judicial no prazo de 24 horas também será assegurada às pessoas
presas em decorrência de cumprimento de mandados de prisão cautelar ou definitiva, aplicando-se, no que couber, os
procedimentos previstos nesta Resolução. Parágrafo único. Todos os mandados de prisão deverão conter, expressamente, a
determinação para que, no momento de seu cumprimento, a pessoa presa seja imediatamente apresentada à autoridade judicial
que determinou a expedição da ordem de custódia ou, nos casos em que forem cumpridos fora da jurisdição do juiz processante, à
autoridade judicial competente, conforme lei de organização judiciária local.
259
CPP, art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas após a realização
da prisão, o juiz deverá promover audiência de custódia com a presença do acusado, seu advogado constituído ou membro da
Defensoria Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz deverá, fundamentadamente: I - relaxar a prisão
ilegal; ou II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, e

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84) O pacote anticrime alterou o art. 287 do CPP260 para prever que, nos casos de crimes
inafiançáveis, a falta de exibição do mandado não obstará a prisão, e o preso, em tal caso
(quando o mandado não foi exibido), será imediatamente apresentado ao juiz que tiver
expedido o mandado, para a realização de audiência de custódia.

85) Para o STJ, a Súmula Vinculante 56 do STF que proíbe o cumprimento da pena em regime
mais gravoso por falta de estabelecimento adequado não se aplica ao preso provisório, por
se destinar apenas aos condenados definitivos ou em execução provisória da pena.

86) Para o STJ NÃO é cabível a decretação de prisão preventiva contra o autor do fato que
configura contravenção penal (vias de fato) no âmbito de violência doméstica contra mulher,
ainda que o acusado descumpra medida protetiva deferida pelo juiz em favor da vítima.

87) Com a Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime) ficou terminantemente proibido ao juiz
decretar a prisão preventiva de ofício, ainda que no curso da ação penal ou em razão do
descumprimento de medidas cautelares diversas da prisão aplicadas anteriormente. Já em
relação à revogação o mesmo pacote trouxe ao juiz expressamente a possibilidade de ser a
prisão preventiva revogada de ofício ou substituída por outras medias cautelares diversas.

88) Para o STJ e STF, NÃO CABE conversão da prisão preventiva pela prisão domiciliar de mulher
que tem filho menor de 12 anos e que depende de cuidados especiais, se o crime tiver sido
praticado no âmbito da residência em que convivia com o filho incapaz.

89) Para o STF, CABE substituição da prisão preventiva por prisão domiciliar de mulher que tem
filho menor de 12 anos. Com a alteração do artigo 318 do CPP, trazida pela Lei 13.257/2016,
houve a ampliação das hipóteses de cabimento da prisão domiciliar. Agora o inciso V e VI do
referido artigo dispõe que tanto a mulher com filho menor de até 12 anos de idade
(incompleto) quanto o homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até
12 anos (incompletos) têm direito a substituição da prisão preventiva pela prisão domiciliar.

90) Para o STJ, é possível a concessão de prisão domiciliar a mãe que possui filho menor de 12
anos, ainda que se trate de execução provisória da pena (atualmente somente cabível para
condenação com pena igual ou superior a 15 anos pelo Tribunal do Júri - art. 492, e, do
CPP261).

se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou III - conceder liberdade provisória, com ou
sem fiança.
260
CPP, art. 287. Se a infração for inafiançável, a falta de exibição do mandado não obstará a prisão, e o preso, em tal caso, será
imediatamente apresentado ao juiz que tiver expedido o mandado, para a realização de audiência de custódia.
261
CPP, art. 492 (...) e) mandará o acusado recolher-se ou recomendá-lo-á à prisão em que se encontra, se presentes os requisitos
da prisão preventiva, ou, no caso de condenação a uma pena igual ou superior a 15 (quinze) anos de reclusão, determinará a
execução provisória das penas, com expedição do mandado de prisão, se for o caso, sem prejuízo do conhecimento de recursos
que vierem a ser interpostos; (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

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91) Com exceção da condenação pelo Tribunal do Júri a uma pena igual ou superior a 15 anos
(previsão introduzida pela Lei nº 13.964/2019 - Pacote Anticrime), atualmente não é mais
possível a execução da pena, seja ela privativa de liberdade ou restritiva de direitos, antes do
trânsito em julgado da condenação, depois da decisão vinculante do STF em controle
concentrado (ADC 43/DF, ADC 44/DF e ADC 54/DF), que declarou a constitucionalidade do
art. 283 do CPP262 (atualmente com redação dada pela Lei nº 13.964/2019 - Pacote
Anticrime), que condiciona o início do cumprimento da pena ao trânsito em julgado do título
condenatório. Mesmo antes da inovação legislativa, já havia precedentes da 1ª Turma do STF
admitindo a execução provisória da pena nas condenações pelo Tribunal do Júri (HC
140449/RJ e HC 144712/SP). Por outro lado, a 2ª Turma do STF e o STJ quando analisaram o
tema, entenderam não ser possível a execução provisória da pena, ainda que seja decorrente
de condenação pelo Tribunal do Júri (HC 163814 e HC 438088, respectivamente). O STF
decidirá esse assunto apreciando o Tema 1.068 da repercussão geral (RE 1.235.340).

92) Para o STF, se a prisão preventiva for substituída pela domiciliar em razão de grave doença é
indispensável o acompanhamento periódico da evolução da saúde do acusado, mesmo que
não haja previsão de sua melhora.

93) Para o STJ, a prisão preventiva pode ser substituída por outras medidas cautelares diversas
quando a atuação do acusado em uma organização criminosa para tráfico de drogas tenha
sido limitada apenas ao crime de lavagem de dinheiro (art. 1º, caput, da Lei nº 9.613/98)263.

94) Para o STF, cabe a liberdade provisória de réu primário, que não integra organização
criminosa, preso em flagrante por porte de pequena quantidade de maconha.

95) Para o STF, o decreto prisional que descreve de forma genérica e imprecisa a conduta do réu
não é passível de justificar a prisão preventiva. Inclusive, ratificando esse entendimento, a Lei
nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime) incluiu o § 2º ao art. 312 do CPP, o qual determina que “a
decisão que decretar a prisão preventiva deve ser motivada e fundamentada em receio de
perigo e existência concreta de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação
da medida adotada”. Para deixar mais claro a necessidade de fundamentação, a referida lei
previu no art. 315, § 2º do CPP264 (dispositivo também previsto no CPC/15) os caso em que a
decisão não se considera fundamentada.

262
CPP, art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade
judiciária competente, em decorrência de prisão cautelar ou em virtude de condenação criminal transitada em julgado.
263
Lei 9.613/98, art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens,
direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal.
264
CPP, art. 315. A decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão preventiva será sempre motivada e fundamentada.
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) § 1º Na motivação da decretação da prisão preventiva ou de qualquer outra cautelar, o
juiz deverá indicar concretamente a existência de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada.
§ 2º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: I - limitar-se à
indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; II - empregar
conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; III - invocar motivos que se
prestariam a justificar qualquer outra decisão; IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese,

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96) O que vem a ser transação de dólar-cabo e dólar-cabo invertido? São crimes? O DÓLAR-
CABO é uma modalidade do crime contra o sistema financeiro nacional e de evasão de
divisas (art. 22, parágrafo único, Lei 7.492/86265), que consiste no envio de dinheiro para o
exterior de forma ilegal, sem obediência às regras da legislação brasileira. Já o DÓLAR-CABO
INVERTIDO é a atuação contrária. Segundo o Min. Gilmar Mendes, consiste em efetuar
operação de câmbio não autorizada com o fim de promover a internalização de capital
estrangeiro e que essa conduta não se enquadraria no crime de evasão de divisas, portanto
aparentemente atípica.

97) Para o STF, configura excesso de prazo apto a revogar a prisão preventiva a falta de audiência
para interrogatório há mais de 04 anos.

98) Para o STF, réu preso cautelarmente que aguarda há mais de 07 anos a realização do júri
pode ter sua prisão revogada por excesso de prazo.

99) Para o STJ, após condenação ainda que sem o trânsito em julgado, advogado NÃO tem
direito de permanecer recolhido em sala de estado-maior para iniciar a execução provisória
da pena (atualmente somente cabível para condenação com pena igual ou superior a 15 anos
pelo Tribunal do Júri - art. 492, e, do CPP266).

100) Para o STJ, NÃO é adequada a fixação de medida cautelar que proíbe agente diplomático,
acusado de cometer homicídio, de se ausentar do país sem autorização judicial, ainda que o
Estado de origem do réu tenha renunciado à imunidade de jurisdição cognitiva, mas mantido
sua a competência para a execução da pena que a ele eventualmente venha a ser imposta.

101) Para o STJ, o juiz de piso pode, desde que fundamentadamente, impor a parlamentar
municipal medida cautelar de afastamento de suas funções legislativas sem necessidade de
remeter à respectiva Casa para deliberação sobre a medida.

102) Para o STJ, substituída a prisão preventiva pela prisão domiciliar NÃO É cabível a decretação
cumulativa de medida cautelar de incomunicabilidade da acusada com o seu pai que é corréu
no mesmo processo e reside na mesma casa.

infirmar a conclusão adotada pelo julgador; V - limitar-se a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus
fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; VI - deixar de seguir
enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em
julgamento ou a superação do entendimento.
265
Lei 7.492/86, art. 22. Efetuar operação de câmbio não autorizada, com o fim de promover evasão de divisas do País: Pena -
Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, a qualquer título, promove, sem
autorização legal, a saída de moeda ou divisa para o exterior, ou nele mantiver depósitos não declarados à repartição federal
competente.
266
CPP, art. 492 (...) e) mandará o acusado recolher-se ou recomendá-lo-á à prisão em que se encontra, se presentes os requisitos
da prisão preventiva, ou, no caso de condenação a uma pena igual ou superior a 15 (quinze) anos de reclusão, determinará a
execução provisória das penas, com expedição do mandado de prisão, se for o caso, sem prejuízo do conhecimento de recursos
que vierem a ser interpostos; (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

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COMUNICAÇÕES DOS ATOS PROCESSUAIS

103) Para o STJ, o termo inicial para contagem do prazo recursal do Ministério Público e da
Defensoria Pública é a data da remessa dos autos com vista ou a entrada destes na
respectiva instituição e não da intimação da sentença em audiência.

SENTENÇA

104) Para o STF e STJ, em caso de duplo julgamento pelo mesmo fato, deve prevalecer a sentença
que primeiro transitou em julgado.

105) Para o STJ, a falta de transcrição ou a transcrição parcial da sentença penal proferida de
forma oral NÃO torna a sentença nula, pois NÃO viola o contraditório e a ampla defesa.

106) Para o STF e STJ, É ADMISSÍVEL que o juiz na sentença aplique ao réu agravante (ou causa de
aumento de pena) que não foi indicada expressamente na denúncia, mas que os fatos
narrados revelaram a sua incidência.

107) Para o STJ, a data da publicação da sentença não pode ser presumida pelo mero lançamento
de movimentação dos autos na internet, quando não houver certidão da data de seu
recebimento, nos termos do art. 389 do CPP267 (recebimento da sentença pelo escrivão,
lavratura do termo e registro em livro).

PROCESSO COMUM: TRIBUNAL DO JÚRI

108) Para o STF, o Conselho de Sentença (jurados) pode absolver o réu mesmo que tenha
apresentado resposta unanime e afirmativa quanto à materialidade e autoria do crime, sem
acarretar a nulidade da decisão.

109) Abandonar o Plenário do Júri configura o abandono da causa pelo Defensor, para fins de
aplicação da multa do art. 265 do CPP268? HÁ DIVERGÊNCIA. Para a 5ª TURMA: SIM. Para a 6ª
TURMA: NÃO. O entendimento mais recente da 5ª turma, diametralmente oposto ao da 6ª
Turma, é o de que o abandono do plenário do júri pelo defensor público ACARRETA EM
ABANDONO DA CAUSA, podendo ser aplicada a multa prevista no art. 265 do Código de
Processo Penal que deve ser suportada pela Defensoria Pública.

110) Para o STF, o filho da vítima de crime de homicídio, ainda que não tenha se habilitado como
assistente de acusação no curso da ação penal, possui legitimidade ativa para propor
Reclamação.

267
CPP, art. 389. A sentença será publicada em mão do escrivão, que lavrará nos autos o respectivo termo, registrando-a em livro
especialmente destinado a esse fim.
268
CPP, art. 265. O defensor não poderá abandonar o processo senão por motivo imperioso, comunicado previamente o juiz, sob
pena de multa de 10 (dez) a 100 (cem) salários mínimos, sem prejuízo das demais sanções cabíveis.

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111) Para o STJ, prova produzida apenas em inquérito policial NÃO é apta a autorizar a pronúncia
do réu. Tema polêmico, porém atual e importante, uma vez que esse julgado indica UMA
POSSÍVEL MUDANÇA DE ENTENDIMENTO DO STJ.

112) Para o STJ, o testemunho por “ouvir dizer” produzido apenas na fase inquisitorial, não é
suficiente para fundamentar a decisão de pronúncia.

113) Para o STJ, é nulo o júri em que membro do conselho de sentença afirma a existência de
crime em plena fala da acusação.

114) Para o STJ, a sustentação oral realizada em pouquíssimo tempo no Tribunal do Júri (9min),
NÃO caracteriza, por si só, deficiência de defesa técnica.

115) Para o STJ, a falta de ciência à parte contrária da juntada de laudo pericial até 03 dias úteis
antes da realização do Júri, desde que HAJA PREJUÍZO à parte, torna nulo o julgamento.

116) O STJ consolidou o entendimento de que o reconhecimento das nulidades que decorrerem
da inobservância do artigo 479, do CPP, possui natureza relativa, necessitando de prova do
efetivo prejuízo sofrido (art. 563, CPP269).

117) Em caso de dúvidas, mesmo que preponderem provas de não ter sido o acusado o autor do
crime, o juiz deve pronunciar o réu em atenção ao princípio do in dubio pro societate? Para o
STJ: SIM; Para o STF: NÃO.

118) Para o STJ (INFO 638) “a pronúncia encerra o juízo de admissibilidade da acusação, bastando
que haja prova da materialidade e indícios suficientes de autoria, sem juízo de certeza, sendo
as eventuais dúvidas, nessa fase processual, resolvidas em favor da sociedade (in dubio pro
societate)”.

119) Para o STF, “o in dubio pro societate, não tem amparo constitucional ou legal e acarreta o
completo desvirtuamento das premissas racionais de valoração das provas e desvirtua o
sistema bifásico, esvaziando a função da decisão de pronúncia”.

120) Para o STF, o recurso exclusivo da defesa NÃO permite o agravamento da pena com base em
novo julgamento pelo tribunal do júri, em razão do princípio da ne reformatio in pejus.

121) NÃO é pacífico no STF e STJ (tema ainda polêmico) que nas condenações pelo tribunal do
júri, não é necessário aguardar o julgamento de recurso em segundo grau para se iniciar a
execução provisória da pena (tem decisões nos dois sentidos). O tema ficou ainda mais
polêmico depois do julgamento das ADCs 43, 44 e 54 (jugou-se inconstitucional a execução

269
CPP, art. 563. Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa.

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provisória da pena), bem como após a Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime), que
acrescentou o art. 492, I, e, do CPP270, que agora prevê expressamente a execução provisória
da pena nas condenações pelo Tribunal do Júri igual ou superior a 15 anos de reclusão.

122) Para o STF, não há nulidade processual se as alegações finais foram realizadas em debate
oral e a tese acusatória, modificada em plenário, continuou correlata à acusação inicial que
foi imputada ao condenado.

123) Embora a peça com as alegações finais seja imprescindível no rito processual comum, a
ausência de alegações finais no rito processual do TRIBUNAL DO JÚRI NÃO GERA NULIDADE
(STJ. HC 366.706/PE e STF. HC 129.263/RS), visto que a decisão de pronúncia apenas realiza
um juízo de admissibilidade da acusação que ainda se subordinará ao plenário do Tribunal do
Júri para o efetivo julgamento da causa.

PROCEDIMENTOS ESPECIAIS

124) Para o STJ, nos processos que tramitam originariamente em sua Corte Especial, quando o
Relator originário for vencido na fase de admissibilidade da denúncia e sem decisão de
mérito, NÃO DEVERÁ ser substituído pelo primeiro Ministro que proferiu o voto divergente,
ainda que antecipado.

125) Para o STJ, nos processos que tramitarem originariamente nos Tribunais Superiores, sob as
regras do procedimento especial da Lei 8.038/90, APLICAM-SE, subsidiariamente, as regras
do procedimento ordinário previstas nos art. 395 (hipóteses de rejeição da denúncia) e 397
(hipótese de absolvição sumária) ambos do Código de Processo Penal, quando da análise
pelo Tribunal acerca do recebimento da denúncia, da rejeição ou improcedência da
acusação.

NULIDADES

126) Para o STF, NÃO configura a ausência de defesa a sustentação oral realizada de forma sucinta
em três minutos, NÃO acarretando na nulidade absoluta do julgamento.

270
CPP, art. 492. I – no caso de condenação: (...) e) mandará o acusado recolher-se ou recomendá-lo-á à prisão em que se encontra,
se presentes os requisitos da prisão preventiva, ou, no caso de condenação a uma pena igual ou superior a 15 anos de reclusão,
determinará a execução provisória das penas, com expedição do mandado de prisão, se for o caso, sem prejuízo do conhecimento
de recursos que vierem a ser interpostos; (...) § 3º O presidente poderá, excepcionalmente, deixar de autorizar a execução
provisória das penas de que trata a alínea e do inciso I do caput deste artigo, se houver questão substancial cuja resolução pelo
tribunal ao qual competir o julgamento possa plausivelmente levar à revisão da condenação. § 4º A apelação interposta contra
decisão condenatória do Tribunal do Júri a uma pena igual ou superior a 15 anos de reclusão NÃO TERÁ EFEITO SUSPENSIVO. § 5º
Excepcionalmente, poderá o tribunal atribuir efeito suspensivo à apelação de que trata o § 4º deste artigo, quando verificado
cumulativamente que o recurso: I - não tem propósito meramente protelatório; e II - levanta questão substancial e que pode
resultar em absolvição, anulação da sentença, novo julgamento ou redução da pena para patamar inferior a 15 anos de reclusão. §
6º O pedido de concessão de efeito suspensivo poderá ser feito incidentemente na apelação ou por meio de petição em separado
dirigida diretamente ao relator, instruída com cópias da sentença condenatória, das razões da apelação e de prova da
tempestividade, das contrarrazões e das demais peças necessárias à compreensão da controvérsia.

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127) Para o STF, É IMPRESCINDÍVEL que durante o interrogatório do réu delator, além de seu
advogado, esteja presente o advogado do réu que foi delatado. Em outras palavras, é
indispensável a presença dos advogados tanto do réu que delatou quanto do réu que foi
delatado, sob pena de nulidade do ato, com base nos art. 563271 e 566272, do Código de
Processo Penal.

128) Para o STF, a ausência do defensor validamente intimado da realização da sessão de


julgamento NÃO acarreta, POR SI SÓ, a nulidade do processo.

129) Para o STF, de acordo com o art. 403 do CPP273, o prazo legal para apresentação de alegações
finais é comum aos corréus, entretanto se algum deles tiver firmado acordo de colaboração
premiada, é direito do réu não colaborador a apresentação de suas alegações finais depois
dos réus colaboradores.

130) Para o STF, de acordo com o art. 403 do CPP274, o prazo legal para apresentação de alegações
finais é comum aos corréus, entretanto se algum deles tiver firmado acordo de colaboração
premiada, é direito do réu não colaborador a apresentação de suas alegações finais depois
dos réus colaboradores. Ratificando esse entendimento, a Lei nº 13.964/2019 (Pacote
Anticrime) acrescentou § 10-A no art. 4º, da Lei 12.850/13275 (Lei de Organização Criminosa),
garantido que o réu delatado, em todas as fases do processo, seja ouvido após o réu delator.

131) Para o STJ, conduzir o interrogatório do réu durante a realização do júri de forma firme e
rude não caracteriza, por si só, influência negativa dos jurados, nem a quebra de
imparcialidade do juiz.

132) Para o STJ, não é nula a decisão que indefere pedido de incidente de falsidade referente à
prova que foi juntada há 10 anos e que a defesa somente veio a impugná-la após sentença
condenatória, pois ocorreu a preclusão.

271
CPP, art. 563. Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa.
272
CPP, art. 566. Não será declarada a nulidade de ato processual que não houver influído na apuração da verdade substancial ou
na decisão da causa.
273
CPP, art. 403. Não havendo requerimento de diligências, ou sendo indeferido, serão oferecidas alegações finais orais por 20
(vinte) minutos, respectivamente, pela acusação e pela defesa, prorrogáveis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir, sentença.
§ 1o Havendo mais de um acusado, o tempo previsto para a defesa de cada um será individual. § 2o Ao assistente do Ministério
Público, após a manifestação desse, serão concedidos 10 (dez) minutos, prorrogando-se por igual período o tempo de manifestação
da defesa. § 3o O juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o número de acusados, conceder às partes o prazo de 5
(cinco) dias sucessivamente para a apresentação de memoriais. Nesse caso, terá o prazo de 10 (dez) dias para proferir a sentença.
274
CPP, art. 403. Não havendo requerimento de diligências, ou sendo indeferido, serão oferecidas alegações finais orais por 20
(vinte) minutos, respectivamente, pela acusação e pela defesa, prorrogáveis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir, sentença.
§ 1o Havendo mais de um acusado, o tempo previsto para a defesa de cada um será individual. § 2o Ao assistente do Ministério
Público, após a manifestação desse, serão concedidos 10 (dez) minutos, prorrogando-se por igual período o tempo de manifestação
da defesa. § 3o O juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o número de acusados, conceder às partes o prazo de 5
(cinco) dias sucessivamente para a apresentação de memoriais. Nesse caso, terá o prazo de 10 (dez) dias para proferir a sentença.
275
Lei 12.850/13, art. 4º (... ) § 10-A Em todas as fases do processo, deve-se garantir ao réu delatado a oportunidade
de manifestar-se após o decurso do prazo concedido ao réu que o delatou. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

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133) Para o STF, é nulo o interrogatório realizado com o acusado durante o cumprimento do
mandado de busca e apreensão na sua residência, se não lhe foi dado o direito de
permanecer em silêncio, por violação ao princípio da não autoincriminação (Nemo tenetur se
detegere).

134) O art. 15, parágrafo único, Lei 13.869/19 (Lei de Abuso de Autoridade)276 pune com pena de
detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa aquele que prossegue com o interrogatório
de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao silêncio ou que tenha optado por ser
assistida por advogado ou defensor público, sem a presença de seu patrono.

135) Para o STF, quando houver mais de um advogado constituído e a intimação tiver sido feita
em nome de apenas um deles, ainda que já falecido, principalmente quando a morte não foi
informada, NÃO haverá nulidade do ato processual, nem cerceamento de defesa.

136) Para o STF, o fato de o órgão acusador ter sido substituído ao longo do processo não acarreta
em nulidade da ação penal, pois não há violação ao princípio do promotor natural.

137) O STF reconhece o princípio do promotor natural? SIM. O Plenário do Supremo Tribunal
Federal, no julgamento do HC 67.759/RJ, de relatoria do Ministro CELSO DE MELLO,
reconheceu, por maioria de votos, a existência do princípio do promotor natural, no sentido
de proibirem-se designações casuísticas efetuadas pela chefia da Instituição, que criariam a
figura do promotor de exceção, incompatível com a determinação constitucional de que
somente o promotor natural deve atuar no processo.

138) Para o STF, CONFIGURA NULIDADE ABSOLUTA quando um magistrado profere voto em um
recurso (apelação) e posteriormente seu filho atua no julgamento de outro (recurso em
sentido estrito), desde que relativo ao mesmo processo, independentemente do resultado
ter sido ou não alterado por causa da participação do julgador.

139) Para o STF, a denúncia ofertada exclusivamente com base em delação premiada ou que não
descreva minuciosamente as ações ilícitas NÃO deve ser rejeitada, se descreve de forma
lógica e coerente a imputação, permitindo ao acusado compreendê-la e exercer seu direito
de defesa.

140) Depoimentos prestados em colaboração premiada podem servir de fundamento para o


oferecimento da denúncia, embora não sejam suficientes para uma condenação com
fundamento exclusivo nesses depoimentos, ou seja, delação não é prova, mas um indício de
prova a ser produzida, constituindo, por si só, elemento indiciário suficiente ao recebimento

276
Lei 13.869/19 (Lei de Abuso de Autoridade), art. 15. Constranger a depor, sob ameaça de prisão, pessoa que, em razão de
função, ministério, ofício ou profissão, deva guardar segredo ou resguardar sigilo: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem prossegue com o interrogatório: I - de pessoa que tenha decidido exercer o
direito ao silêncio; ou II - de pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou defensor público, sem a presença de seu
patrono.

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de denúncia, mas não é apto, como elemento único, para sustentar eventual sentença
condenatória. Nesse sentido é o entendimento da Suprema Corte (Inq 3.983, Rel. Min. TEORI
ZAVASCKI, Tribunal Pleno, DJe de 12.05.2016, pág. 175).

141) Para o STF, é válida a denúncia realizada feita pelo ministério público com base em denúncia
anônima, quando durante as investigações se realizam outras diligências, inclusive
interceptação telefônica autorizada, para se apurar a veracidade das denúncias.

142) A “denúncia anônima” também chamada pela doutrina de denúncia APÓCRIFA ocorre
quando uma pessoa sem se identificar, leva ao conhecimento de autoridades o
acontecimento de um crime e de sua autoria, como por exemplo, através do “disque
denúncia”, em que as pessoas não precisam se identificar.

143) Não se pode oferecer denúncia, nem se propor uma ação penal com base EXCLUSIVA em
notícia crime anônima, sem que se proceda a uma investigação preliminar, colhendo-se
outras provas para se assegurar da verossimilhança das alegações da delatio criminis.

RECURSOS

144) Para o STJ, OFENDE o enunciado do non reformatio in pejus indireta o aumento da pena
através de decisão em recurso especial interposto pelo Ministério Público contra
rejulgamento de apelação que não alterou reprimenda do acórdão anterior, que havia
transitado em julgado para a acusação e que veio a ser anulado por iniciativa exclusiva da
defesa.

145) Súmula 606 do STF: “Não cabe habeas corpus originário para o Tribunal Pleno de decisão de
Turma, ou do Plenário, proferida em habeas corpus ou no respectivo recurso”.

146) Para o STF, o recurso interposto tempestivamente pelo assistente de acusação obsta a
ocorrência do trânsito em julgado para a acusação.

147) Para o STF, nos agravos regimentais que contestem decisões monocráticas proferidas em
reclamações e recursos de natureza criminal em trâmite perante o STF, aplica-se o prazo de
cinco dias previsto no artigo 39 da Lei 8.038/1990, e a contagem é feita em dias corridos,
conforme o artigo 798 do Código de Processo Penal e não em dias úteis como ocorre no
CPC/15.

148) O enunciado da Súmula 448 do STF277 dispõe que o prazo para o assistente de acusação
interpor recurso começa a correr do encerramento, in albis (sem manifestação), do prazo
ministerial.

277
Súmula 448/STF. O prazo para o assistente recorrer, supletivamente, começa a correr imediatamente após o transcurso do
prazo do Ministério Público.

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149) Para o STJ, embora não haja previsão legal, CABE recurso em sentido estrito para impugnar
decisão que indefere a produção antecipada de prova prevista nas hipóteses de suspensão
do processo do art. 366 do CPP278, devendo ser feita uma interpretação extensiva.

150) Para o STJ, NÃO cabe Mandado de Segurança para atribuir efeito suspensivo a recurso
criminal interposto pelo Ministério Público. Esse é exatamente o teor da Súmula 604 do STJ:
“O mandado de segurança não se presta para atribuir efeito suspensivo a recurso criminal
interposto pelo Ministério Público”.

151) Para o STJ, CABE recurso em sentido estrito contra decisão que revoga medida cautelar
diversa da prisão. Embora o rol do artigo 581 do CPP seja taxativo e nele não conste a
hipótese de cabimento de RESE contra decisão que revoga medida cautelar diversa da prisão,
o STJ admite a interpretação extensiva para permitir o cabimento nesse caso.

152) Para o STF e STJ, é possível reavaliar as circunstâncias judiciais em recurso de apelação
criminal sem que viole o princípio da ne reformatio in pejus, desde que NÃO incorra em
aumento de pena.

153) Para o STF e STJ, o Ministério Público não possui a prerrogativa do prazo em dobro para
apresentar agravo em processo criminal contra decisão de Relator (AgRg na Rcl 30.714/PB),
bem como o prazo deste será de 05 dias corridos, nos termos da lei especial e não em dias
úteis como previsto do CPC/15 (AgRg no EREsp 1.187.916-SP).

154) Para o STF, NÃO é extemporâneo (fora do prazo), ou seja, é tempestivo o recurso interposto
antes da publicação do acórdão, pois sob o ângulo da oportunidade, a publicação do acórdão
impugnado é elemento neutro, podendo a parte, ciente da decisão proferida, protocolar o
recurso.

155) Para o STF, a decisão do recurso interposto por apenas um dos réus, somente aproveitará
aos demais se: a) os fundamentos não tiverem caráter exclusivamente pessoal; b) ambos os
réus participarem da mesma relação jurídica processual; e c) os processos tenham sido
objeto de análise pela Corte.

156) Para o STF e STJ, não se admite a interposição de recurso exclusivamente por meio de
correio eletrônico, por NÃO ser equipado ou similar a “fac-símile”.

157) Para o STF cabe sustentação oral no julgamento do agravo regimental? HÁ DIVERGÊNCIA
ENTRE AS TURMAS do STF. Para a 1ª TURMA: NÃO; para a 2ª TURMA: SIM.

278
CPP, art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso
do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso,
decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312.

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158) Agravo interno é um recurso cabível contra decisão monocrática de Relator, no âmbito dos
tribunais. Também é conhecido por agravo regimental, por ter previsão nos regimentos
internos dos tribunais estaduais do STJ e STF. É disciplinado por lei especial (Lei 8.038/90) a
qual dispõe no artigo 39 que o prazo do agravo é de 05 dias (corridos). Aqui não se aplica o
CPC que prevê a contagem dos prazos em dias úteis (art. 219 do CPC279).

159) Para o STJ, em matéria penal, não deve ser conhecido recurso especial adesivo interposto
pelo Ministério Público que vise efeito desfavorável ao réu.

160) Para o STF, quando não estiverem presentes os 05 Ministros que compõe a Turma
responsável pelo julgamento da decisão atacada, bastará a existência de UM VOTO
absolutório em sentido próprio, para que seja cabível Embargos Infringentes, entretanto, se
houver a participação dos 05 ministros esse quórum mínimo será de 02 VOTOS.

161) O que é o voto absolutório em sentido próprio? É o voto no sentido de ABSOLVIÇÃO sem
nenhuma sanção ao acusado, não reconhecendo a pretensão punitiva.

HABEAS CORPUS

162) Para o STF, NÃO CABE habeas corpus contra decisão de Ministro relator que determina a
prisão preventiva do paciente, independente de tal decisão haver sido proferida em sede de
habeas corpus ou proferida em sede de recursos em geral.

163) Para o STF, a realização de acordo de transação penal (art. 76 da Lei 9.099/95280) NÃO
ENSEJA a perda de objeto de habeas corpus anteriormente impetrado.

164) ATENÇÃO! Para o STJ, a superveniência de transação penal antes do julgamento de habeas
corpus que visa ao trancamento da ação penal IMPEDE o seu julgamento. (STJ, 6ª Turma. HC
495.148-DF, Rel. Min. Antônio Saldanha Palheiro, julgado em 24/09/2019. INFO/STJ 657)

165) TRANSAÇÃO PENAL é um benefício/acordo previsto na Lei 9.099/95 (art. 76) que permite,
antes do início da fase processual (antes do oferecimento da denúncia ou queixa), a
celebração de acordo entre o MP (ou a vítima, nos casos de ação penal privada) e o agente
da infração penal, em que NÃO haverá a PERSECUÇÃO PENAL, pois o autor da ação penal
deixará de oferecer a denúncia (ou queixa) mediante a aceitação pelo acusado de cumprir
outras condições (ex.: prestação de serviço, pagamento de quantia a entidades filantrópicas,
etc.), quando se tratar de crime de menor potencial ofensivo e atendidos os demais
requisitos legais. São considerados crime de menor potencial ofensivo as contravenções

279
CPC, art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente os dias úteis. Parágrafo
único. O disposto neste artigo aplica-se somente aos prazos processuais.
280
Lei 9.099/95, art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de
arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada
na proposta.

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penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 02 anos, cumulada ou não
com multa (art. 61, da Lei 9.099/95281).

166) Para o STF, NÃO cabe habeas corpus contra decisão monocrática de relator do STJ que nega
pedido liminar em habeas corpus, nos termos da súmula 691 do STF: “Não compete ao
Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus impetrado contra decisão do Relator
que, em habeas corpus requerido a tribunal superior, indefere a liminar”.

167) Para o STF, NÃO cabe habeas corpus originário contra decisão monocrática de ministro do
STF que determinou a custódia cautelar do paciente. O enunciado da Súmula 606 do STF
dispõe que “não cabe habeas corpus originário para o Tribunal Pleno de decisão de Turma,
ou do Plenário, proferida em habeas corpus ou no respectivo recurso”.

168) Para o STF, NÃO cabe agravo regimental contra decisão de relator que em sede de habeas
corpus, motivadamente, defere ou indefere pedido liminar.

169) Para o STF, NÃO cabe habeas corpus contra o indeferimento do Relator de pedido liminar em
recurso.

170) Para o STF, CABE habeas corpus contra sentença penal transitada em julgado, devendo ser
conhecido o remédio constitucional para a apreciação do mérito.

171) Para o STF, o Relator pode remeter, de forma discricionária e independente de


fundamentação específica, o habeas corpus ao Plenário para julgamento ao invés de enviá-lo
para uma das turmas da Corte.

172) Para o STF, a superveniência da sentença condenatória PREJUDICA o conhecimento do


habeas corpus que foi impetrado anteriormente.

173) De acordo com o STF, é cabível a impetração de habeas corpus coletivo.

174) Para o STF, o habeas corpus pode ser impetrado para impugnar medidas cautelares de
natureza criminal diversas da prisão.

175) Para o STF, NÃO cabe habeas corpus para se discutir crime que não comina (impõe) pena
privativa de liberdade.

176) Para o STF, o habeas corpus NÃO é instrumento hábil para tutelar o direito de visita íntima
de egresso, por não estar envolvido o direito de ir e vir.

177) Para o STF, NÃO CABE o manejo de Habeas Corpus com o fim de reavaliar os pressupostos de
admissibilidade de recurso especial.

281
Lei 9.099/95, art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções
penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.

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178) Para o STF, NÃO pode o Relator julgar o mérito do habeas corpus monocraticamente, pois
essa competência é do COLEGIADO e não do Relator.

179) Para o STF, é INVIÁVEL o recebimento de reclamação como habeas corpus, ainda que a
pretexto de analisar a possibilidade de concessão da ordem de ofício.

REVISÃO CRIMINAL

180) Para o STF, NÃO é possível a utilização da revisão criminal para rediscutir as razões de decidir
do magistrado em relação à dosimetria da pena fixada.

181) Para o STJ, CABE Revisão Criminal contra sentença condenatória fundada no art. 621, I, do
Código de Processo Penal282, ainda que, nos fundamentos da Revisão, não seja apontado o
texto expresso da lei penal que foi violada, mas haja indicação de supressão de instância e
ausência de esgotamento da prestação jurisdicional. Dito em outras palavras, caberá
REVISÃO CRIMINAL quando evidenciada a supressão de instância e ausência da prestação
jurisdicional.

182) Para o STF, NÃO cabe revisão criminal em face da decisão que inadmitiu embargos de
divergência, ante a ausência de previsão legal. O artigo 621, do Código de Processo Penal
dispõe taxativamente sobre as hipóteses de cabimento da revisão criminal, quais sejam: “I -
quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal ou à evidência
dos autos; II - quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou
documentos comprovadamente falsos; III - quando, após a sentença, se descobrirem novas
provas de inocência do condenado ou de circunstância que determine ou autorize diminuição
especial da pena”.

RECLAMAÇÃO

183) P Para o STF, na Reclamação fundada no descumprimento de decisão proferida da Corte, o


ato alvo de controle deve ser posterior ao paradigma. Ou seja, a decisão paradigma, a qual se
tem por violada, deve ter sido proferida em momento anterior à decisão violadora
impugnada em Reclamação.

COLABORAÇÃO PREMIADA

184) Para o STF, É ASSEGURADO ao delatado o acesso às declarações prestadas por colaboradores
que o incriminem, já documentadas e que não se refiram à diligência em andamento que
possa ser prejudicada. Isso porque, o delatado por corréu, em termo de colaboração

282
CPP, art. 621. A revisão dos processos findos será admitida: I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso
da lei penal ou à evidência dos autos; II - quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou documentos
comprovadamente falsos; III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou de
circunstância que determine ou autorize diminuição especial da pena.

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premiada, tem direito de ter acesso aos trechos nos quais citado, com fundamento na
Súmula Vinculante nº 14/STF283.

185) Para o STF, o acusado NÃO possui direito liquido e certo a compelir o Ministério Público à
celebração do acordo de delação premiada. Em outras palavras, o MP não está obrigado a
celebrar acordo de colaboração premiada com o acusado.

186) COLABORAÇÃO PREMIADA, segundo Renato Brasileiro284, é uma técnica especial de


investigação por meio da qual o coautor ou partícipe da infração penal, além de confessar
seu envolvimento no fato delituoso, fornece aos órgãos responsáveis pela persecução penal
informações objetivamente eficazes para a consecução de um dos objetivos previstos em lei,
recebendo, em contrapartida, determinado prêmio legal, entre outros o possível perdão
judicial (art. 4º da Lei 12.850/13285).

187) Para o STF, a homologação de acordo de colaboração premiada por juiz de 1º grau quando
for mencionado nome de autoridade com foro por prerrogativa de foro no STJ como
participante do esquema criminoso, caracteriza usurpação de competência da Corte
Superior.

188) O STJ tem entendimento diverso do STF (INFO 612 - Rcl 31.629-PR), ou seja, no sentido de
que o juiz não usurpa da competência da Corte Superior quando homologa o acordo de
colaboração premiada que menciona autoridade com foro privilegiado, pois não realiza o
exame do conteúdo dos depoimentos prestados, apenas afere a regularidade,
voluntariedade e a legalidade do acordo, sem emitir juízo de valor sobre as declarações.
Contudo, para o STF, esse juízo de prelibação deve ser realizado pelo Juízo da prerrogativa de
foro e consequentemente pelo Ministério Público competente.

189) Para o STF, o delegado de polícia tem legitimidade para formalizar acordos de colaboração
premiada, nos autos do inquérito policial, sendo constitucionais os parágrafos 2º e 6º, do
artigo 4º, da Lei 12.850/13 (Lei de Organização Criminosa)286 que conferem essa
legitimidade.

283
Súmula Vinculante nº 14/STF. É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova
que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito
ao exercício do direito de defesa.
284
LIMA, Renato Brasileiro. Legislação Especial Criminal Comentada. 4. ed. Salvador: JusPODIVM, 2016, p. 520.
285
Lei 12.850/03, art. 4º. O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a
pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a
investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados: I - a
identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações penais por eles praticadas; II - a revelação
da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa; III - a prevenção de infrações penais decorrentes das
atividades da organização criminosa; IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas
pela organização criminosa; V - a localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada.
286
Lei 12.850/13 (Lei de Organização Criminosa): art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial,
reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha
colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou
mais dos seguintes resultados: I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações penais

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190) Para o STF, realizadas as diligências cautelares ou recebida a denúncia, não subsiste razão
para se manter o sigilo do conteúdo da colaboração premiada. Nesse mesmo sentido dispõe
o art. 7º, § 3º, da Lei 12.850/13287, com redação dada pela Lei nº 13.964/2019 (Pacote
Anticrime): “O acordo de colaboração premiada e os depoimentos do colaborador serão
mantidos em sigilo até o recebimento da denúncia ou da queixa-crime, sendo vedado ao
magistrado decidir por sua publicidade em qualquer hipótese”.

191) Para o STF, é do Relator monocraticamente, sem necessidade de enviar para a turma, a
competência para homologar o acordo de colaboração premiada quando a autoridade
delatada possuir prerrogativa de foro no Tribunal.

192) De acordo com o STF, a colaboração premiada precisa ser apenas voluntária, não
necessariamente espontânea, mas para se obter a concessão do perdão judicial, é preciso
atingir a efetividade máxima como meio para obter provas.

193) A colaboração premiada possui natureza jurídica de meio de obtenção de provas e é um


instituto previsto e regulado por vários diplomas legais, em especial na Lei 12.850/13, que
trata das organizações criminosas.

194) Para o STJ, o mero descumprimento do acordo de colaboração premiada, NÃO é capaz de,
por si só, autorizar o restabelecimento da prisão preventiva revogada em razão da aceitação
do acordo.

EXECUÇÃO PENAL

195) Para o STF, não obstante a impossibilidade da execução da pena privativa de liberdade antes
do trânsito em julgado, o réu que iniciou o cumprimento provisório da pena anteriormente
NÃO TEM direito à soltura IMEDIATA.

por eles praticadas; II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa; III - a prevenção de
infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa; IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do
proveito das infrações penais praticadas pela organização criminosa; V - a localização de eventual vítima com a sua integridade
física preservada. § 1º Em qualquer caso, a concessão do benefício levará em conta a personalidade do colaborador, a natureza, as
circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do fato criminoso e a eficácia da colaboração. § 2º Considerando a relevância da
colaboração prestada, o Ministério Público, a qualquer tempo, e o delegado de polícia, nos autos do inquérito policial, com a
manifestação do Ministério Público, poderão requerer ou representar ao juiz pela concessão de perdão judicial ao colaborador,
ainda que esse benefício não tenha sido previsto na proposta inicial, aplicando-se, no que couber, o art. 28 do Decreto-Lei nº 3.689,
de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal). (...) § 6º O juiz não participará das negociações realizadas entre as partes para
a formalização do acordo de colaboração, que ocorrerá entre o delegado de polícia, o investigado e o defensor, com a
manifestação do Ministério Público, ou, conforme o caso, entre o Ministério Público e o investigado ou acusado e seu defensor.
287
Lei 12.850/13 (Lei de Organização Criminosa): Art. 7º O pedido de homologação do acordo será sigilosamente distribuído,
contendo apenas informações que não possam identificar o colaborador e o seu objeto. § 1º As informações pormenorizadas da
colaboração serão dirigidas diretamente ao juiz a que recair a distribuição, que decidirá no prazo de 48 (quarenta e oito) horas. § 2º
O acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado de polícia, como forma de garantir o êxito das
investigações, assegurando-se ao defensor, no interesse do representado, amplo acesso aos elementos de prova que digam
respeito ao exercício do direito de defesa, devidamente precedido de autorização judicial, ressalvados os referentes às diligências
em andamento. § 3º O acordo de colaboração premiada e os depoimentos do colaborador serão mantidos em sigilo até o
recebimento da denúncia ou da queixa-crime, sendo vedado ao magistrado decidir por sua publicidade em qualquer hipótese.
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

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196) Para o STF, o réu que iniciou a execução provisória da pena após determinação do Tribunal,
quando já havia sido negado pelo juiz de primeiro grau o direito de recorrer em liberdade
por estarem presentes os requisitos da prisão preventiva, NÃO TEM DIREITO à soltura
imediata com base no novo entendimento de que não é mais possível a execução da pena
privativa de liberdade após a sentença condenatória em segunda instância.

197) Para o STJ, o Juízo da Execução PODE promover a retificação do atestado de pena para
constar a reincidência, ainda que não esteja reconhecida expressamente na sentença penal
condenatória transitada em julgado.

198) Para o STJ, diretor de estabelecimento prisional NÃO pode determinar, como forma de
sanção administrativa, o cancelamento permanente e definitivo do registro de pai de
detento do cadastro de visitantes que ingressou na unidade prisional com alguns celulares.

199) Para o STJ, NÃO VIOLA o contraditório e o devido processo legal a decisão que determina a
transferência ou permanência de custodiado em estabelecimento penitenciário federal sem
a ouvida prévia da defesa. Trata-se de Súmula editada pelo STJ (Súmula 639) que assim
dispõe: “Não fere o contraditório e o devido processo decisão que, sem ouvida prévia da
defesa, determine transferência ou permanência de custodiado em estabelecimento
penitenciário federal”.

200) Para o STJ, É POSSÍVEL que o reeducando, em prisão domiciliar, seja autorizado a sair de sua
residência para frequentar culto religioso durante a noite (depois das 19h), AINDA que entre
as normas de conduta pré-estabelecidas a serem cumpridas esteja a de recolhimento
domiciliar até às 19h.

201) Para o STJ, É POSSÍVEL a concessão do benefício da saída temporária para condenado em
regime semiaberto que cumpre pena em prisão domiciliar por falta de estabelecimento
adequado.

202) Para o STF, o juiz NÃO pode fixar um regime inicial de cumprimento de pena mais gravoso do
que o previsto legalmente em razão do quantum da pena aplicada, considerando-se apenas a
reprovabilidade do delito praticado pelo condenado.

203) A Súmula 719 do STF exige que a motivação para fixação mais severa seja idônea, sendo
necessário que se analise o caso em concreto e se as circunstâncias judiciais (art. 59, CP 288)
lhes são favoráveis ou não. Ou seja, não se pode fixar automaticamente o regime mais
severo pelo simples fato de se tratar de tráfico de drogas, sequer fixar inicialmente no

288
CP, art. 59. O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às
circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e
suficiente para reprovação e prevenção do crime: I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; II - a quantidade de pena aplicável,
dentro dos limites previstos; III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; IV - a substituição da pena
privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.

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regime fechado, independente da sanção aplicada, devendo-se fundamentar


adequadamente a decisão, com base especialmente nas circunstâncias e condições em que
se desenvolveu a ação no caso concreto.

204) Para o STJ, NÃO é possível a suspensão ou revogação do benefício do livramento condicional
após o término do período de prova, ainda que em razão da prática de novo delito durante o
gozo do benefício. Em outras palavras, se o juiz somente tomou conhecimento após o
término do benefício (livramento condicional) de fato capaz de determinar a suspensão ou
revogação deste (como a prática de crime durante o gozo do direito), não mais será possível
suspender ou revogar o benefício concedido.

205) Súmula n. 617 do STJ: “A ausência de suspensão ou revogação do livramento condicional


antes do término do período de prova enseja a extinção da punibilidade pelo integral
cumprimento da pena”.

206) Para o STJ, é possível a remição do tempo de trabalho realizado antes do início da execução
da pena, desde que posterior ao crime praticado. REMIR a pena significa descontar parte do
tempo de execução da prisão pelos dias trabalhados ou de estudo. Ambas as possibilidades
estão reguladas na Lei de Execução Penal (Lei 7.210/84). Não confunda REMIÇÃO (com Ç) e
REMISSÃO (com SS), pois esta significa perdão e aquela é o abatimento da pena pelo
trabalho ou estudo.

207) Para o STJ, o reeducando tem direito à remição de sua pena pela atividade musical realizada
em coral.

208) Para o STF, NÃO é possível a remição ficta por omissão do Estado em proporcionar atividade
laboral ou educacional ao reeducando. Em outras palavras, para REMIR a pena é
NECESSÁRIO que o reeducando exerça atividade laboral ou educacional. O fato de o Estado
não oportunizar as atividades de trabalho e ensino, por falta de estrutura do sistema
prisional, não tem o condão de permitir a remição ficta da pena.

209) Para o STF, quando a jornada diária de trabalho do preso for inferior a 6h, por determinação
da administração do presídio, o preso não tem direito a remir um dia de pena a cada três
trabalhados, entretanto deve ser feita a remição da pena computando-se o total de horas
trabalhadas (ex.: se trabalhou 24 dias de 4h, no total laborou 96h, equivalente a 16 dias de
6h para fins de remição da pena).

210) Para o STJ, a unificação das penas NÃO enseja a alteração da data base para a concessão de
novos benefícios executórios. Em outras palavras, deve-se considerar TODO o período em
que o condenado ficou preso, devendo permanecer como data-base para o cálculo de novos
benefícios a do dia em que o reeducando foi recolhido à prisão, ou seja, desde o início da
execução ou desde a última infração disciplinar não pode ser esse tempo desconsiderado,

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seja por delito ocorrido antes do início da execução da pena, seja por crime praticado depois
e já apontado como falta grave.

211) Ainda que pendente o trânsito em julgado do acórdão condenatório apenas pela
interposição de recurso de natureza extraordinária (Recurso Especial para o STJ e/ou Recurso
Extraordinário para o STF), NÃO é mais possível a execução de pena privativa de liberdade,
uma vez que viola o princípio constitucional da presunção de inocência, previsto no art. 5º,
inciso LVII, da Constituição Federal. Em outras palavras, não é mais possível a execução da
pena, seja ela privativa de liberdade ou restritiva de direitos, antes do trânsito em julgado da
condenação.

212) O STF mudou várias vezes esse entendimento, ora aceitando a execução provisória da pena,
ora rejeitando. Vejamos o histórico das decisões do STF aceitando ou não a execução
provisória: 1ª – HC 68.726, em 1991 (SIM); 2ª - HC 84.078, em 2009 (NÃO); 3ª – HC 126.292,
em 2016 (SIM); 4ª – ADCs 43 e 44, em 2016 (SIM); 5ª – ARE 964.246, em 2016 (SIM); 6ª – HC
152.752, em 2018 (SIM); 7ª – ADCs 43, 44 e 54, em 2019 (NÃO – entendimento atual). Note-
se que das 7 decisões em 5 delas o STF aceitou a execução da pena antes do trânsito em
julgado (execução provisória da pena).

213) Para o STJ, compete ao juízo originário da causa determinar a execução provisória da pena
proferida pelo Tribunal do Júri, oriunda de julgamento desaforado (art. 427 do CPP)289.

214) A Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime) acrescentou o art. 492, I, e, do CPP, prevendo
expressamente a execução provisória da pena nas condenações pelo Tribunal do Júri igual ou
superior a 15 anos de reclusão. Ou seja, a legislação já permite essa execução provisória.

215) De acordo com o STJ, mesmo antes da decisão do STF em controle concentrado que proibiu a
execução provisória da pena, se pendente acórdão condenatório da interposição de
embargos de declaração, ou do seu julgamento, NÃO era possível a execução provisória da
pena privativa de liberdade.

216) Para o STJ, a manutenção de monitoramento através de tornozeleira eletrônica sem


fundamentação concreta gera constrangimento ilegal. Em outras palavras, mesmo não se
tratando de prisão, como é decisão judicial que restringe de algum modo a vida da pessoa,
essa decisão deve ser fundamentada, aliás, como todas as decisões proferidas pelo Poder
Judiciário deve ser, sob pena de nulidade, conforme previsto expressamente no art. 93, IX,

289
CPP, art. 427. Se o interesse da ordem pública o reclamar ou houver dúvida sobre a imparcialidade do júri ou a segurança
pessoal do acusado, o Tribunal, a requerimento do Ministério Público, do assistente, do querelante ou do acusado ou mediante
representação do juiz competente, poderá determinar o desaforamento do julgamento para outra comarca da mesma região, onde
não existam aqueles motivos, preferindo-se as mais próximas.

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290
da CF/88 . Em consonância com esse entendimento a Lei nº 13.964/2019 (Pacote
Anticrime) deu nova redação ao § 3º do art. 282 do CPP291, para prever expressamente a
necessidade de fundamentação concreta pelo magistrado quando da aplicação de medidas
cautelares, inclusive, a nova lei proibiu a decretação de dessas medidas ou de prisão
preventiva pelo juiz de ofício.

217) Para o STJ, a inobservância do perímetro estabelecido para monitoramento de tornozeleira


eletrônica NÃO configura a prática de falta grave.

218) A não observância do perímetro estabelecido para monitoramento de tornozeleira eletrônica


gera o descumprimento de uma condição obrigatória imposta pelo juiz da execução, que
autoriza a aplicação de sanção disciplinar prevista no art. 146-C, § único, I, II, VI e VII, da LEP,
como regressão de regime, mas não configura a prática de falta grave.

219) Para o STF, em regra, deve ser considerada como termo inicial para a obtenção da
progressão de regime a DATA DA PRISÃO PREVENTIVA. Em outras palavras, deve-se
computar o período de custódia cautelar para que seja obtido o direito de progressão de
regime e dos demais benefícios executórios.

220) Para o STF e STJ, a data-base para concessão de nova progressão de regime é a data em que
o apenado preencheu os requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal292. Em outras
palavras, o que vale é a data em que o apenado preenche os requisitos legais e não a data da

290
CF, art. 93 (...) IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob
pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a
estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à
informação;
291
CPP, art. 282 (...) § 3º Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pedido de
medida cautelar, determinará a intimação da parte contrária, para se manifestar no prazo de 5 (cinco) dias, acompanhada de cópia
do requerimento e das peças necessárias, permanecendo os autos em juízo, e os casos de urgência ou de perigo deverão ser
justificados e fundamentados em decisão que contenha elementos do caso concreto que justifiquem essa medida excepcional.
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
292
LEP (Lei 7.210/84), art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime
menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos: I - 16% (dezesseis por cento) da pena, se o
apenado for primário e o crime tiver sido cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça; II - 20% (vinte por cento) da pena, se o
apenado for reincidente em crime cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça; III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se
o apenado for primário e o crime tiver sido cometido com violência à pessoa ou grave ameaça; IV - 30% (trinta por cento) da pena,
se o apenado for reincidente em crime cometido com violência à pessoa ou grave ameaça; V - 40% (quarenta por cento) da pena,
se o apenado for condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, se for primário; VI - 50% (cinquenta por cento) da
pena, se o apenado for: a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for primário, vedado
o livramento condicional; b) condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de organização criminosa estruturada para
a prática de crime hediondo ou equiparado; ou c) condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada; VII - 60%
(sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na prática de crime hediondo ou equiparado; VIII - 70% (setenta por
cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime hediondo ou equiparado com resultado morte, vedado o livramento
condicional. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

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decisão do juiz que reconhece o preenchimento desses requisitos, isso porque, normalmente
a decisão do juiz é bem posterior o que prejudica o preso.

221) Para o STF, mesmo a pedido do MP, NÃO é possível a transferência do preso para
estabelecimento prisional em outro Estado, sob o fundamento de que ele está recebendo
tratamento privilegiado no estabelecimento de origem, por não se configurar como razões
excepcionalíssimas, devendo, inclusive, ter prévia manifestação da defesa, salvo em
situações urgentes.

222) Súmula Vinculante 26: “Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por
crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art.
2º da Lei 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou
não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, PODENDO DETERMINAR, para tal fim,
de modo fundamentado, a realização de EXAME CRIMINOLÓGICO”.

223) Para o STF, é INAPLICÁVEL, no cômputo para a concessão de regime mais benéfico, em
relação a penas unificadas, o limite do art. 75, do CP293 (40 anos), devendo ser considerada a
pena total aplicada, nos termos da súmula 715 do STF: “A pena unificada para atender ao
limite de trinta anos de cumprimento (atualmente é 40 anos), determinado pelo art. 75 do
Código Penal, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como o livramento
condicional ou regime mais favorável de execução”.

224) A Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime) deu nova redação ao art. 75 do CP, aumentando o
limite máximo de cumprimento de pena que passou de 30 para 40 anos. No texto atual da
súmula 715 do STF consta o limite de 30 anos, mas deve ser lido como 40 anos, não havendo
superação da súmula, pois ela se refere na verdade ao limite do art. 75 do CP.

225) Para o STF, o Decreto 9.246/17 que concedeu indulto natalino e comutação das penas, ainda
que de forma muito benéfica, é constitucional e não viola a separação de Poderes, uma vez
que é privativo do Presidente da República que o concede de forma discricionária.

226) O INDULTO é ato de competência do Presidente da República, através de Decreto, previsto


na Constituição Federal (art. 84, XII294), de natureza administrativa e que pode tanto perdoar
quanto comutar penas. Ainda, possui caráter geral, atingindo apenas os efeitos da execução
da pena, permanecendo os demais efeitos da condenação: para fins de antecedentes,
reincidência e os civis.

293
CP, art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 40 (quarenta) anos. (Redação
dada pela Lei nº 13.964, de 2019). § 1º Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a
40 (quarenta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de
2019). § 2º Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se,
para esse fim, o período de pena já cumprido.
294
CF, art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: (...) XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se
necessário, dos órgãos instituídos em lei; (...).

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227) Para o STJ, o Decreto 9.246/17, ao dispor sobre a comutação das penas para os condenados
que cumprissem pena privativa de liberdade, NÃO PROIBIU o benefício para os que
estivessem no regime semiaberto.

228) Para o STF, o indulto da pena privativa de liberdade NÃO alcança a pena de multa que tenha
sido objeto de parcelamento espontaneamente assumido pelo sentenciado para obter as
condições necessárias para progressão de regime.

229) Para o STF, NÃO é admissível a manutenção de internação compulsória de paciente, após ter
sido a sua pena extinta em decorrência da prescrição da pretensão punitiva.

230) Embora o Código Penal tenha fixado apenas o tempo mínimo de duração da medida de
segurança (01 a 3 anos), o STF entende que esta não pode ser indeterminada, assegurando
ser sua duração máxima o limite do art. 75 do CP295 (antes 30 anos e atualmente 40 anos).

INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA

231) Para o STF, é ADMISSÍVEL o pedido de prorrogação do prazo de interceptação telefônica


durante o plantão judiciário.

232) Para o STF, é LÍCITA a interceptação telefônica decorrente de denúncia anônima, DESDE que
tenham sido realizadas diligências preliminares atestando a veracidade do conteúdo da
denúncia. Em outras palavras, recebida uma denúncia anônima e REALIZADAS AS
DILIGÊNCIAS PRELIMINARES em que se configurem os indícios que corroborem com as
informações da fonte oculta, pode ser realizada a interceptação telefônica.

233) A denúncia anônima (apócrifa), não se preste, POR SI SÓ, a instauração de inquérito policial
ou deflagração de ação penal, mas SE PRESTA PARA EMBASAR PROCEDIMENTOS
INVESTIGATÓRIOS PRELIMINARES em busca de indícios que confirmem as informações
repassadas anonimamente.

234) Para o STF, é LICITA a prova obtida mediante interceptação telefônica referente a infrações
penais diversas da que originou a medida, independentemente de haver ou não dados que
comprovem a conexão entre os crimes.

295
CP, art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 40 (quarenta) anos. (Redação
dada pela Lei nº 13.964, de 2019). § 1º Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a
40 (quarenta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de
2019). § 2º Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se,
para esse fim, o período de pena já cumprido.

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Prof. Douglas Silva

SOBRE O AUTOR
DOUGLAS JOSÉ DA SILVA
INFORMAÇÕES RESUMIDAS

Juiz de Direito e professor com especialização de Direito Penal e Processual


Penal, com diversas aprovações em concursos públicos, tais como: Juiz de
Direito do TJCE (1º lugar), Juiz de Direito do TJPE (8º lugar), Delegado de Polícia
da PCPE (aprovado no 4º período), Delegado de Polícia da PCPB e da
PCRN (aprovado no 8º período), Oficial de Justiça do TRT 5 (aprovado no 8º
período), Técnico do TRF 5 (1º lugar), entre outros.

Tomou posse em: 1. Juiz de Direito do TJPE (cargo atual); 2. Ex-Juiz de Direito do
TJCE; 3. Ex-oficial de Justiça Federal; 4. Ex-Delegado de Polícia; 5. Ex-Servidor do
Banco Central-BACEN; 6. Ex-Sargento do CBMPE; 7. Ex-Soldado do CBMPE.

Para aprender mais RECOMENDO:

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