Você está na página 1de 55

Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.

com

FAZENDA PÚBLICA
EM JUÍZO

Edição 2022.1
revisada
ampliada
atualizada

Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO


APRESENTAÇÃO................................................................................................................................ 4
ADVOCACIA PÚBLICA ....................................................................................................................... 5
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ....................................................................................................... 5
2. REGRAMENTO PRÓPRIO CONFORME ENTE FEDERADO.................................................... 6
3. ATUAÇÃO..................................................................................................................................... 6
4. PRERROGATIVAS PROCESSUAIS ........................................................................................... 7
CONSIDERAÇÕES INICIAIS................................................................................................ 7
INTIMAÇÃO PESSOAL ........................................................................................................ 8
ISENÇÃO DE CUSTAS ........................................................................................................ 8
PAGAMENTO DE DESPESAS PROCESSUAIS AO FINAL ............................................... 8
RECEBIMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS ....................................................... 9
PRAZO EM DOBRO ........................................................................................................... 10
APLICABILIDADE ............................................................................................................... 11
REMESSA NECESSÁRIA ................................................................................................................. 12
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ..................................................................................................... 12
2. NATUREZA JURÍDICA ............................................................................................................... 12
3. CONCEITO ................................................................................................................................. 12
4. HIPÓTESES DE CABIMENTO .................................................................................................. 13
DECISÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA ...................................................................... 13
MANDADO DE SEGURANÇA ............................................................................................ 13
AÇÃO POPULAR ................................................................................................................ 14
DESAPROPRIAÇÃO........................................................................................................... 15
5. HIPÓTESES DE NÃO CABIMENTO ......................................................................................... 15
AÇÕES ORIGINÁRIAS ....................................................................................................... 15
EM RAZÃO DO VALOR DA CONDENAÇÃO..................................................................... 15
EM RAZÃO DOS FUNDAMENTOS DA SENTENÇA ........................................................ 16
JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS E JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA ... 16
DECISÃO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO ...................................................................... 16
6. PREPARO, RAZÕES E CONTRARRAZÕES............................................................................ 16
7. AVOCAÇÃO................................................................................................................................ 17
8. RECURSO VOLUNTÁRIO DA PARTE ...................................................................................... 17
9. RECURSO ADESIVO ................................................................................................................. 17
10. JULGAMENTO MONOCRÁTICO ........................................................................................... 17
11. AMPLIAÇÃO DO COLEGIADO .............................................................................................. 18
12. REFORMATIO IN PEJUS ....................................................................................................... 18
COMPETÊNCIA ................................................................................................................................. 19
1. DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIA ........................................................................................... 19
2. INGRESSO DO ENTE FEDERAL EM DEMANDA EM CURSO NA JUSTIÇA ESTADUAL .... 19
3. COMPETÊNCIA TERRITORIAL ................................................................................................ 20
ENTES FEDERAIS ............................................................................................................. 20
ENTES ESTADUAIS ........................................................................................................... 21
NA EXECUÇÃO FISCAL .................................................................................................... 21
NO MANDADO DE SEGURANÇA ..................................................................................... 22
MEIOS ALTERNATIVOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS (ADR’S) E FAZENDA PÚBLICA ......... 23
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ..................................................................................................... 23
2. ARBITRAGEM ............................................................................................................................ 23
PREVISÃO LEGAL E CONSIDERAÇÕES ......................................................................... 23
REQUISITOS ...................................................................................................................... 24

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 1


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
3. NEGÓCIO JURÍDICO PROCESSUAL....................................................................................... 24
PREVISÃO LEGAL ............................................................................................................. 24
REQUISITOS ...................................................................................................................... 25
3.2.1. Capacidade .................................................................................................................. 25
3.2.2. Objeto lícito .................................................................................................................. 25
3.2.3. Forma ........................................................................................................................... 25
3.2.4. Autonomia da vontade ................................................................................................. 25
3.2.5. Partes capazes ............................................................................................................ 25
3.2.6. Direitos que admitem autocomposição ....................................................................... 25
CASUÍSTICA ....................................................................................................................... 25
3.3.1. Reexame necessário ................................................................................................... 26
3.3.2. Prazos .......................................................................................................................... 26
3.3.3. Renúncia antecipada a recursos ................................................................................. 26
3.3.4. Renúncia à denunciação à lide.................................................................................... 26
3.3.5. Dispensa de vista pessoal por carga ou por remessa ................................................ 26
3.3.6. Rateio de sucumbência ............................................................................................... 26
4. CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO ................................................................................................... 26
CONCEITO.......................................................................................................................... 26
(DES) NECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO LEGAL ......................................................... 27
HIPÓTESES DE AUTORIZAÇÃO LEGAL.......................................................................... 27
CRITÉRIOS OBJETIVOS PARA CELEBRAÇÃO .............................................................. 28
LEI 13.140/2015 E A PREVISÃO DE MEIOS CONSENSUAIS PELA ADMINISTRAÇÃO
30
DESIGNAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO ................................. 33
TUTELA PROVISÓRIA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA ............................................................... 34
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ..................................................................................................... 34
2. PREVISÃO LEGAL ..................................................................................................................... 34
3. CABIMENTO............................................................................................................................... 34
4. LIMITES E CONSTITUCIONALIDADE ...................................................................................... 35
5. TUTELA PROVISÓRIA EM ACP E MS COLETIVO .................................................................. 35
6. ESTABILIZAÇÃO DA TUTELA ANTECIPADA .......................................................................... 35
SUCUMBÊNCIA................................................................................................................................. 37
1. REGRA GERAL .......................................................................................................................... 37
2. CAUSAS DE VALOR IRRISÓRIO.............................................................................................. 37
3. ISENÇÃO DE SUCUMBÊNCIA.................................................................................................. 38
4. DESISTÊNCIA DE EXECUÇÃO FISCAL .................................................................................. 38
5. MANDADO DE SEGURANÇA ................................................................................................... 39
6. DESAPROPRIAÇÃO .................................................................................................................. 39
7. AÇÕES PREVIDENCIÁRIA E ACIDENTÁRIAS ........................................................................ 39
8. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL E MATERIAL .................................................................. 40
9. RECONHECIMENTO JURÍDICO PELA FAZENDA PÚBLICA.................................................. 40
10. EXECUÇÃO FISCAL .............................................................................................................. 40
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA .............................................. 41
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ..................................................................................................... 41
2. PROCEDIMENTO ...................................................................................................................... 41
3. IMPUGNAÇÃO ........................................................................................................................... 42
4. INEXIGIBILIDADE DO TÍTULO.................................................................................................. 42
PROCEDIMENTOS ESPECIAIS ....................................................................................................... 44
1. POSSESSÓRIA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA ................................................................... 44
2. POSSESSÓRIA E PETITÓRIAS DE CONFLITO COLETIVO PELA POSSE DA TERRA ....... 44
3. AÇÃO MONITÓRIA .................................................................................................................... 45

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 2


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
4. RECOLHIMENTO DE ITCMD NO INVENTÁRIO E ARROLAMENTO DE BENS .................... 45
5. CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO EM MATÉRIA TRIBUTÁRIA ........................................... 46
6. EXECUÇÃO FISCAL .................................................................................................................. 46
CONSIDERAÇÕES INICIAIS.............................................................................................. 46
IN (APLICABILIDADE) DA DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA .................... 46
RECURSOS CABÍVEIS ...................................................................................................... 48
EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL E GARANTIA DO JUÍZO........................................ 49

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 3


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
APRESENTAÇÃO

Olá!

Inicialmente, gostaríamos de agradecer a confiança em nosso material. Esperamos que seja


útil na sua preparação, em todas as fases. Quanto mais contato temos com uma mesma fonte de
estudo, mais familiarizados ficamos, o que ajuda na memorização e na compreensão da matéria.

O Caderno Sistematizado Fazenda Pública em Juízo possui como base as aulas da Prof.
Fernando Gajardoni, do Curso G7 Jurídico. Com o intuito de deixar o material mais completo,
utilizamos os Volumes 2, 3 e 5, da Coleção Curso de Direito Processual Civil – Fredie Didier Jr.,
Edição 2020, além do Código de Processo Civil – Daniel Neves, Edição 2020, todos da Editora
Juspodivm.

Na parte jurisprudencial, utilizamos os informativos do site Dizer o Direito


(www.dizerodireito.com.br), os livros: Principais Julgados STF e STJ Comentados, Vade Mecum de
Jurisprudência Dizer o Direito, Súmulas do STF e STJ anotadas por assunto (Dizer o Direito).
Destacamos: é importante você se manter atualizado com os informativos, reserve um dia da
semana para ler no site do Dizer o Direito.

Ademais, no Caderno constam os principais artigos de lei, mas, ressaltamos, que é


necessária leitura conjunta do seu Vade Mecum, muitas questões são retiradas da legislação.

Como você pode perceber, reunimos em um único material diversas fontes (aulas + doutrina
+ informativos + súmulas + lei seca + questões) tudo para otimizar o seu tempo e garantir que você
faça uma boa prova.

Por fim, como forma de complementar o seu estudo, não esqueça de fazer questões. É muito
importante!! As bancas costumam repetir certos temas.

Vamos juntos!! Bons estudos!!

Equipe Cadernos Sistematizados.

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 4


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
ADVOCACIA PÚBLICA

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A expressão “Fazenda Pública”, conforme ensina Leonardo Carneiro da Cunha, é “utilizada


para designar as pessoas jurídicas de direito público (União, Estados, Distrito Federal, Municípios
e suas respectivas autarquias e fundações públicas) que figurem em ações judiciais, mesmo que a
demanda não verse sobre matéria estritamente fiscal ou financeira ”.

O Código de Processo Civil de 2015, no Título VI (arts. 182 a 184), trata da Advocacia
Pública. Vejamos:

Art. 182. Incumbe à Advocacia Pública, na forma da lei, defender e promover


os interesses públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, por meio da representação judicial, em todos os âmbitos
federativos, das pessoas jurídicas de direito público que integram a
administração direta e indireta.

Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas


respectivas autarquias e fundações de direito público gozarão de prazo em
dobro para todas as suas manifestações processuais, cuja contagem terá
início a partir da intimação pessoal.
§ 1º A intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio eletrônico.
§ 2º Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei
estabelecer, de forma expressa, prazo próprio para o ente público.

Art. 184. O membro da Advocacia Pública será civil e regressivamente


responsável quando agir com dolo ou fraude no exercício de suas funções

Segundo Gajardoni, a disciplina da Advocacia Pública no CPC é muito mais um efeito


simbólico, que retrata a importância junto aos demais órgãos do Estado (Juízes, Ministério Público),
do que um efeito prático, tendo em vista que há leis que regulam sua atuação.

Por fim, os arts. 131 e 132 da CF referem-se à Advocacia Pública. Vejamos:

Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a instituição que, diretamente ou


através de órgão vinculado, representa a União, judicial e extrajudicialmente,
cabendo-lhe, nos termos da lei complementar que dispuser sobre sua
organização e funcionamento, as atividades de consultoria e assessoramento
jurídico do Poder Executivo.
§ 1º - A Advocacia-Geral da União tem por chefe o Advogado-Geral da União,
de livre nomeação pelo Presidente da República dentre cidadãos maiores de
trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada.
§ 2º - O ingresso nas classes iniciais das carreiras da instituição de que trata
este artigo far-se-á mediante concurso público de provas e títulos.
§ 3º - Na execução da dívida ativa de natureza tributária, a representação da
União cabe à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, observado o disposto
em lei.

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 5


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, organizados em
carreira, na qual o ingresso dependerá de concurso público de provas e
títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as
suas fases, exercerão a representação judicial e a consultoria jurídica das
respectivas unidades federadas.
Parágrafo único. Aos procuradores referidos neste artigo é assegurada
estabilidade após três anos de efetivo exercício, mediante avaliação de
desempenho perante os órgãos próprios, após relatório circunstanciado das
corregedorias.

2. REGRAMENTO PRÓPRIO CONFORME ENTE FEDERADO

A Advocacia Pública, diferentemente do que acontece com a Magistratura, não possui uma
Lei Orgânica Nacional que regulamente todos os seus princípios e atribuições. Há leis setorizadas
por carreiras, variáveis conforme a própria Procuradoria.

Por exemplo, a Lei Complementar 73/1993 trata, exclusivamente, da Advocacia Pública da


União, englobando a AGU e a PFN. Cada Estado possuirá uma lei complementar estadual que
tratará de sua procuradoria, em São Paulo, por exemplo, a LCE 1.270/2015 regula o tema. O mesmo
acontece com os Municípios que possuem procuradorias.

Por isso, é importante que você estude a Lei da AGU ou Estado/Município que prestará
concurso.

3. ATUAÇÃO

Irá atuar na representação extrajudicial e judicial, na consultoria e na assessoria jurídica da


administração direta ou indireta

REPRESENTAÇÃO EXTRAJUDICIAL REPRESENTAÇÃO JUDICIAL

A Advocacia Pública irá provocar ou responder, A Advocacia Pública irá atuar nos processos
extrajudicialmente, eventos ou fatos em que a Administração Pública Direta ou
relacionados à Administração Pública. Indireta for autora ou ré.

Igualmente, atuará na consultoria e assessoria jurídica, analisando a legalidade e ilegalidade


de determinadas posturas (contratos administrativos, procedimento licitatório), emitindo pareceres.

O art. 75, I a IV regula a representação da Administração Pública no âmbito judicial.

Art. 75. Serão representados em juízo, ativa e passivamente:


I - a União, pela Advocacia-Geral da União, diretamente ou mediante órgão
vinculado;
II - o Estado e o Distrito Federal, por seus procuradores;
III - o Município, por seu prefeito ou procurador;
IV - a autarquia e a fundação de direito público, por quem a lei do ente
federado designar;

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 6


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

Daniel Neves salienta que quando a parte se faz presente em juízo por meio de seus órgãos,
não existe tecnicamente representação, mas sim presentação. Portanto, apesar do caput do art. 75
do CPC mencionar representação, nos incisos I, II e III há uma presentação, no inciso IV há
realmente representação.

REPRESENTAÇÃO

UNIÃO É representada pela AGU, diretamente ou mediante órgão


vinculado (LC 73/1993 e Lei 9.028/1995)

ESTADOS e DF Procuradores de Estados, organizados em carreira, ingressam


mediante concurso público.

MUNICÍPIOS Procuradores Municipais ou pelo Prefeito, quando não há


Procuradoria Jurídica.

Obs.: Conforme menciona Leonardo Carneiro da Cunha, “o


advogado que for encarregado da defesa dos direitos do
Município necessitará de procuração dada pelo Prefeito, como
representante do Município. Mas onde existir o cargo de
Procurador, com poderes expressos, a citação inicial será feita
a esse, que não depende de mandato para atuar nas causas
em que for parte o Município”

AUTARQUIAS E A Lei de cada ente federado irá designar. Alguns possuem


FUNDAÇÃO DE DIREITO advocacia pública própria (procuradores autárquicos ou de
PÚBLICO procuradores de fundações), serão por ela representados.
Quando não houver, a representação é feita pelo órgão a que
esteja vinculado.

Por fim, o advogado o público não precisa apresentar procuração para atuar nos processos
judiciais, nos termos da Lei 9.469/1997 que trata da AGU (aplica-se para os demais).

Lei 9.469/1997 Art. 9º A representação judicial das autarquias e fundações


públicas por seus procuradores ou advogados, ocupantes de cargos efetivos
dos respectivos quadros, independe da apresentação do instrumento de
mandato.

4. PRERROGATIVAS PROCESSUAIS

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

As prerrogativas da Fazenda Pública justificam-se, segundo Leonardo Carneiro da Cunha,


“em razão da própria atividade de tutelar o interesse público, a Fazenda Pública ostenta condição
diferenciada das demais pessoas físicas ou jurídicas de direito privado. (...) Ora, no momento em
que a Fazenda Pública é condenada, sofre um revés, contesta uma ação ou recorre de uma decisão,
o que se estará protegendo, em última análise, é o erário. É exatamente essa massa de recurso

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 7


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
que foi arrecadada e que evidentemente supera, aí sim, o interesse particular. (...) Isso já seria o
suficiente para demonstrar que a Fazenda Pública se apresenta em situação bastante diferenciada
dos particulares, merecendo, portanto, um tratamento diverso daquele que lhes é conferido.”

A seguir analisaremos as prerrogativas gerais que todo Advogado Público possuiu. Salienta-
se que as prerrogativas previstas no Estatuto da OAB também são aplicadas a eles, bem como é
possível que a lei da carreira, por exemplo a Lei da AGU, confira prerrogativas específicas.

INTIMAÇÃO PESSOAL

A Fazenda Pública possui a prerrogativa de ser intimada pessoalmente, por carga ou por
remessa (no caso de processos físicos) e por meio eletrônico (processo eletrônico – Lei 11.419/06)
para que tenha ciência ou para que se manifeste nos autos, nos termos do art. 183, §1º, do CPC,
em qualquer processo inclusive nos que tramitam nos Juizados Especiais.

Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas


respectivas autarquias e fundações de direito público gozarão de prazo em
dobro para todas as suas manifestações processuais, cuja contagem terá
início a partir da intimação pessoal.
§ 1º A intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio eletrônico

Além disso, a intimação será pessoal tanto quando a Fazenda Pública for parte como quando
for interessada ou atuar como amicus curiae.

Em determinados locais, apesar da existência da Justiça Estadual e da Justiça Federal, os


órgãos de representação (Procuradoria do Estado e AGU) não estão presentes. Diante disso,
conforme decidiu o STJ (RESp. 1352882), é válida a intimação do representante da Fazenda
Nacional por carta com aviso de recebimento, quando o respectivo órgão não possui sede na
Comarca de tramitação do feito.

ISENÇÃO DE CUSTAS

A Fazenda Pública, nos termos do art. 1.007, §1º do CPC, é isenta do pagamento de custas
processuais, bem como do pagamento de prepara e do porte de remessa e retorno, tendo em vista
que seria ilógico um órgão do Estado pagar para o próprio Estado.

Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará,


quando exigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive
porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção.
§ 1º São dispensados de preparo, inclusive porte de remessa e de retorno,
os recursos interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelo Distrito
Federal, pelos Estados, pelos Municípios, e respectivas autarquias, e pelos
que gozam de isenção legal.

Importante consignar que não há isenção para reembolso de custas e despesas pelo
vencedor da ação. Em outras palavras, quando o Estado perder uma ação deverá reembolsar os
valores despendido pelo vencedor.

PAGAMENTO DE DESPESAS PROCESSUAIS AO FINAL

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 8


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
Entendem-se por despesas os valores que se destinam a remunerar terceiras pessoas
acionadas pelo aparelho judicial, no desenvolvimento da atividade do Estado-juiz. Por exemplo,
honorários do perito, transporte do oficial de justiça.

Em regra, o Estado, se for vencido pagará no final do processo as despesas, conforme prevê
o art. 91 do CPC.

Art. 91. As despesas dos atos processuais praticados a requerimento da


Fazenda Pública, do Ministério Público ou da Defensoria Pública serão pagas
ao final pelo vencido.

Salienta-se que quando a Fazenda Pública requerer perícia, esta poderá ser realizada por
entidade pública ou, então, deve ser custeada com recursos previstos no orçamento para tal
finalidade. Não sendo realizada por entidade pública nem havendo previsão orçamentária, o
pagamento deve ser feito no exercício seguinte, depois da inclusão da previsão no respectivo
orçamento. Nesse sentido, os §§ 1º e 2º do art. 91 do CPC.

Art. 91,
§ 1º As perícias requeridas pela Fazenda Pública, pelo Ministério Público ou
pela Defensoria Pública poderão ser realizadas por entidade pública ou,
havendo previsão orçamentária, ter os valores adiantados por aquele que
requerer a prova.
§ 2º Não havendo previsão orçamentária no exercício financeiro para
adiantamento dos honorários periciais, eles serão pagos no exercício
seguinte ou ao final, pelo vencido, caso o processo se encerre antes do
adiantamento a ser feito pelo ente público.

RECEBIMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

A sentença condenará o vencido a pagar os honorários advocatícios do vencedor, conforme


prevê o art. 85 do CPC.

Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do


vencedor.

Os honorários constituem direito do advogado e têm natureza alimentar, com os mesmos


privilégios dos créditos oriundos da legislação do trabalho, sendo vedada a compensação em caso
de sucumbência parcial (§14).

Esse direito também é expressamente previsto para os advogados públicos pelo §19, do art.
85 do CPC, in verbis:

Art. 85, § 19. Os advogados públicos perceberão honorários de sucumbência,


nos termos da lei.

Cada Ente Federado irá regular a forma de repasse e o percentual de honorários que o
Advogado Público irá receber.

A Procuradoria Geral da República ajuizou uma Ação Declaratória de Inconstitucionalidade


(ADI 6053) sustentando a inconstitucionalidade do §19 do art. 85 do CPC, tendo em vista que o

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 9


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
valor dos honorários sucumbências devem ser destinado ao Estado, uma vez que o Advogado
Público aceita trabalhar pelos seus vencimentos. O STF, por maioria, declarou o §19 constitucional.

O Tribunal, por maioria, declarou a constitucionalidade da percepção de


honorários de sucumbência pelos advogados públicos e julgou
parcialmente procedente o pedido formulado na ação direta para, conferindo
interpretação conforme à Constituição ao art. 23 da Lei 8.906/1994, ao art.
85, § 19, da Lei 13.105/2015, e aos arts. 27 e 29 a 36 da Lei 13.327/2016,
estabelecer que a somatória dos subsídios e honorários de
sucumbência percebidos mensalmente pelos advogados públicos não
poderá exceder ao teto dos Ministros do Supremo Tribunal Federal,
conforme o que dispõe o art. 37, XI, da Constituição Federal, nos termos do
voto do Ministro Alexandre de Moraes, Redator para acórdão, vencido o
Ministro Marco Aurélio (Relator). O Ministro Roberto Barroso acompanhou o
voto do Ministro Alexandre de Moraes com ressalvas. Falaram: pelos
interessados Presidente da República e Congresso Nacional, o Ministro José
Levi Mello do Amaral Júnior, Advogado-Geral da União; pelo amicus curiae
Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil – CFOAB, o Dr.
Marcello Terto e Silva; pelo amcicus curiae Associação Nacional dos
Procuradores e Advogados Públicos Federais – ANPPREV, o Dr. Hugo
Mendes Plutarco; pela interessada Associação Nacional dos Procuradores
Municipais – ANPM, o Dr. Cláudio Pereira de Souza Neto; pela interessada
Associação Nacional dos Procuradores De Estado – ANAPE, o Dr. Raimundo
Cezar Britto Aragão; pelo interessado Fórum Nacional de Advocacia Pública
Federal, o Dr. José Eduardo Martins Cardozo; pela interessada Associação
Nacional dos Advogados Públicos Federais – ANAFE, o Dr. Marcus Vinicius
Furtado Coelho; pelo interessado Sindicato Nacional dos Procuradores da
Fazenda Nacional –SINPROFAZ, o Dr. Gustavo Binenbojm; e, pelo
interessado Conselho Curador dos Honorários Advocatícios – CCHA, o Dr.
Bruno Corrêa Burini. Plenário, Sessão Virtual de 12.6.2020 a 19.6.2020.

PRAZO EM DOBRO

A Fazenda Pública, inclusive para recorrer possui prazo em dobro, nos termos do art. 183
do CPC.

Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas


respectivas autarquias e fundações de direito público gozarão de prazo em
dobro para todas as suas manifestações processuais, cuja contagem terá
início a partir da intimação pessoal.

Destaca-se que não se aplica em dobro os prazos próprios, ou seja, aqueles em que a
própria lei prevê um prazo diferenciado para a Fazenda Pública, são eles:

• Prazo para contestar a ação popular;

• Prazo nos Juizados Federais e nos Juizados da Fazenda Pública;

• Prazo para depósito do rol de testemunhas;

• Prazo para impugnação ao cumprimento da sentença e para embargos à execução pela


Fazenda Pública;

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 10


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
• Prazos em ADI e ADC;

• Prazo na suspensão de segurança;

• Prazo para propor a ação rescisória;

• Prazo para impetrar mandado de segurança

Importante consignar que a prerrogativa da dobra legal do art. 183 do CPC não é cumulável
com o prazo em dobro previsto no art. 229 do CPC. Segundo Leonardo da Cunha, “porque haveria
uma extensão desarrazoada de prazo para a Fazenda Pública, cujo interesse já se encontra
resguardado com a aplicação isolada do art. 183 do CPC, outorgando-lhe prazo em dobro para
todas as suas manifestações no processo. Caso fosse possível cumular as duas regras, a Fazenda
Pública teria prazo em quádruplo para suas manifestações, desbordando da finalidade a que se
visa alcançar com a regra contida no aludido art. 183 do CPC. Assim, numa demanda proposta, por
exemplo, em face da Fazenda Pública e, igualmente, em face de um particular, enquanto esse
último dispõe de prazo de 30 dias para a prática de seus atos processuais (CPC, art. 229), a
Fazenda Pública desfruta da prerrogativa de igualmente praticar os atos nos prazos computados
em dobro (CPC, art. 183)”.

APLICABILIDADE

As prerrogativas analisadas acima serão aplicadas à administração indireta quando forem


regidas por direito público. Portanto, as entidades paraestatais que possuem personalidade de
pessoa jurídica de direito privado não fazem jus aos privilégios concedidos à Fazenda Pública.

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 11


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
REMESSA NECESSÁRIA

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Inicialmente, pertinente considerar que houve mudança terminológica feita pelo Código de
Processo Civil de 2015, o reexame necessário ou o duplo grau de jurisdição obrigatório passa a ser
chamado de REMESSA NECESSÁRIA.

2. NATUREZA JURÍDICA

Contra os pronunciamentos do Estado-juiz há três mecanismos que podem ser utilizados


para “atacar” as decisões judiciais, são eles:

1º RECURSOS

Estão previstos no art. 994 do CPC, são interpostos antes do trânsito em julgado e dentro
da mesma relação jurídica processual.

Art. 994. São cabíveis os seguintes recursos:


I - apelação;
II - agravo de instrumento;
III - agravo interno;
IV - embargos de declaração;
V - recurso ordinário;
VI - recurso especial;
VII - recurso extraordinário;
VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário;
IX - embargos de divergência.

2º AÇÕES IMPUGNATIVAS

São instrumentos que exigem uma nova relação jurídica processual, ou seja, para atacar o
pronunciamento do Estado-juiz é necessário o ajuizamento de outra ação, a exemplo da ação
rescisória, do mandado de segurança contra ato judicial, dos embargos de terceiro (segundo
Gajardoni), da reclamação.

3º SUCEDÂNEOS RECURSAIS

São os instrumentos que acabam “fazendo as vezes” de recurso, mas não estão previstos
no rol do art. 994 do CPC e, em alguns casos, não possuem previsão legal (pedido de
reconsideração).

É o caso da remessa necessária.

3. CONCEITO

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 12


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
O reexame necessário é uma condição de eficácia da sentença, ou seja, a sentença não
produzirá efeitos e nem transitará em julgado quando a lei determinar que precisa ser revista por
outra instância.

Súmula 423 STF - Não transita em julgado a sentença por haver omitido o
recurso ex officio, que se considera interposto ex lege.

4. HIPÓTESES DE CABIMENTO

DECISÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA

Sempre que a pessoa jurídica de direito público (administração direta e indireta) for
sucumbente, nos termos do art. 496 do CPC.

Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão
depois de confirmada pelo tribunal, a sentença:
I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e
suas respectivas autarquias e fundações de direito público;
II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução
fiscal.

Salienta-se que estão excluídas da previsão da remessa necessária as empresas públicas


e as sociedades de economia mista, tendo em vista que são pessoas jurídicas de direito privado.

Além disso, a regra é remessa necessária apenas de sentença. Portanto, não será cabível
a remessa necessária da decisão concessiva de tutela antecipada, bem como de acórdão ou
julgado originário.

Destaca Leonardo da Cunha que “é possível que o juiz decida o mérito contra a Fazenda
Pública por meio de uma decisão interlocutória. Com efeito, o juiz pode decidir parcialmente o
mérito, numa das hipóteses previstas no art. 356. Tal pronunciamento, por não extinguir o processo,
é uma decisão interlocutória, que pode já acarretar uma execução imediata, independentemente de
caução (CPC, art. 356, § 2º). Conquanto seja uma decisão interlocutória, há resolução parcial do
mérito, apta a formar coisa julgada material. Mesmo não sendo sentença, estará sujeita à remessa
necessária. Isso porque a ela se relaciona com as decisões de mérito proferidas contra a Fazenda
Pública; a coisa julgada material somente pode ser produzida se houver remessa necessária. Se
houve decisão de mérito contra o Poder Público, é preciso que haja seu reexame pelo tribunal
respectivo; é preciso, enfim, que haja remessa necessária. Significa, então, que há remessa
necessária de sentença, bem como da decisão interlocutória que resolve parcialmente o mérito”

MANDADO DE SEGURANÇA

No mandado de segurança procedente contra pessoa jurídica de direito público a sentença


estará sujeita ao reexame necessário.

Lei 12.016/20119, Art. 14. Da sentença, denegando ou concedendo o


mandado, cabe apelação.

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 13


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
§ 1o Concedida a segurança, a sentença estará sujeita obrigatoriamente ao
duplo grau de jurisdição.

Segundo Leonardo da Cunha, “no mandado de segurança, haverá remessa necessária não
porque a sentença foi proferida contra a União, o Estado, o Município, o Distrito Federal ou qualquer
outro ente público, mas porque se trata de sentença concessiva da segurança. Concedida a
segurança, ainda que se trate de sentença contra empresa pública ou sociedade de economia
mista, haverá a remessa necessária. Numa demanda de procedimento comum, não há remessa
necessária de sentença proferida contra um ente privado, mas, no mandado de segurança, proferida
sentença de procedência, independentemente da condição da parte demandada, haverá remessa
necessária”.

Por fim, o STJ entende que as hipóteses de dispensa da remessa necessária não se aplicam
ao mandado de segurança, eis que há de prevalecer a norma especial em detrimento da geral.

AÇÃO POPULAR

Na ação popular a sentença que extingue o processo sem resolução do mérito ou da que
julga improcedente o pedido estará sujeito ao reexame necessário. Trata-se de uma remessa
necessária invertida, tendo em vista que é a favor da coletividade.

Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação
está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois
de confirmada pelo tribunal; da que julgar a ação procedente caberá
apelação, com efeito suspensivo.

Salienta-se que o art. 19 da Lei de Ação Popular, pelo microssistema, aplica-se aos casos
de ação civil pública e de ação de improbidade administrativa.

A 1ª Turma do STJ começou a manifestar entendimentos diferente, em que pese o


julgamento da 1ª Seção sobre o tema. Dessa forma, justificando com base na presunção de
inocência, cuja improcedência geraria uma situação favorável ao réu, bem como das prerrogativas
do órgão acusador, que pode se conformar ou não com a sentença (quando o MP propõe a ação),
decidiu-se afetar o tema sob o julgamento dos recursos repetitivos, conforme acórdão publicado no
dia 02/04/2020 para:

"Definir se há - ou não - aplicação da figura do reexame necessário nas ações


típicas de improbidade administrativa, ajuizadas com esteio na alegada
prática de condutas previstas na Lei 8.429/1992, cuja pretensão é julgada
improcedente em primeiro grau;
Discutir se há remessa de ofício nas referidas ações típicas, ou se deve ser
reservado ao autor da ação, na postura de órgão acusador - frequentemente
o Ministério Público - exercer a prerrogativa de recorrer ou não do desfecho
de improcedência da pretensão sancionadora".(ProAfR no RECURSO
ESPECIAL No 1.605.586 - DF (2016/0148114-2), 1ª Seção, Rel. Min.
Napoleão Nunes, DJE 02/04/2020)

Contudo, diante das alterações na Lei de Improbidade Administrativa, promovidas pela Lei
14.230/2021, ficou expressamente positivado que o reexame necessário não se aplica. Portanto, o
Tema 1042 ficou prejudicado.

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 14


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
Lei de Improbidade Administrativa –
Art. 17, § 19. Não se aplicam na ação de improbidade
administrativa: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
I - a presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor em caso de
revelia; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
II - a imposição de ônus da prova ao réu, na forma dos §§ 1º e 2º do art. 373
da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo
Civil); (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
III - o ajuizamento de mais de uma ação de improbidade administrativa pelo
mesmo fato, competindo ao Conselho Nacional do Ministério Público dirimir
conflitos de atribuições entre membros de Ministérios Públicos
distintos; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
IV - o reexame obrigatório da sentença de improcedência ou de extinção
sem resolução de mérito. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)

DESAPROPRIAÇÃO

O art. 28, §1º do DL 3365/41 prevê que, no caso de desapropriação, quando a sentença
condenar a Fazenda Pública a pagar o dobro do valor oferecido haverá remessa necessária.

Art. 28. Da sentença que fixar o preço da indenização caberá apelação com
efeito simplesmente devolutivo, quando interposta pelo expropriado, e com
ambos os efeitos, quando o for pelo expropriante.
§ 1 º A sentença que condenar a Fazenda Pública em quantia superior ao
dobro da oferecida fica sujeita ao duplo grau de jurisdição.

5. HIPÓTESES DE NÃO CABIMENTO

AÇÕES ORIGINÁRIAS

As ações originárias são aquelas que inicial nos Tribunais, não sendo cabível reexame
necessário. Portanto, perceba que a remessa necessária é um instituto de primeira instância.

Por exemplo, se a Fazenda Pública for sucumbente em uma ação originária do TJ, não
haverá remessa necessária para o STJ.

EM RAZÃO DO VALOR DA CONDENAÇÃO

O §3º do art. 496 do CPC fixa um teto de condenação da Fazenda Pública em que será
dispensado o reexame necessário, os valores devem ser INFERIORES e não até. Observe:

Art. 496, § 3º Não se aplica o disposto neste artigo quando a condenação ou


o proveito econômico obtido na causa for de valor certo e líquido inferior a:
I - 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as respectivas autarquias e
fundações de direito público;
II - 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as
respectivas autarquias e fundações de direito público e os Municípios que
constituam capitais dos Estados;

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 15


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
III - 100 (cem) salários-mínimos para todos os demais Municípios e
respectivas autarquias e fundações de direito público.

Importante consignar que mesmo que o valor atribuído à causa, quando proposta, seja
superior aos respectivos limites, considera-se o valor da condenação no momento do julgamento.
Além disso, não será possível quando a sentença for ilíquida.

Súmula 490 STJ - A dispensa de reexame necessário, quando o valor da


condenação ou do direito controvertido for inferior a sessenta (teto fixado no
§3º) salários mínimos, não se aplica a sentenças ilíquidas.

EM RAZÃO DOS FUNDAMENTOS DA SENTENÇA

O art. 496, §4º do CPC prevê hipóteses em que a remessa necessária será dispensada
quando a sentença possuir como fundamento:

• Súmula de tribunal superior

• Acórdão preferido pelo STF ou pelo STJ em julgamentos de recursos repetitivos;

• Entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou assunção


de competência;

• Entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo


do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa.

JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS E JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA

Não cabe remessa necessária no JEF e no JEFP.

Lei 10.259/2001 - Art. 13. Nas causas de que trata esta Lei, não haverá
reexame necessário.

Lei 12.153/2019 - Art. 11. Nas causas de que trata esta Lei, não haverá
reexame necessário

DECISÃO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO

Nos casos em que a Fazenda Pública for autora da demanda, quando o processo é extinto
sem a resolução de mérito, não caberá remessa necessária, pois não houve pronunciamento em
relação ao pedido.

6. PREPARO, RAZÕES E CONTRARRAZÕES

Como já mencionado, o reexame necessário não é um recurso, por isso não há preparo,
muito menos apresentação de razões e de contrarrazões.

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 16


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
7. AVOCAÇÃO

O Presidente do Tribunal poderá avocar os autos de primeira instância nos casos em que o
juiz deixar de fazer a remessa necessária, conforme prevê o art. 496, §1º:

Art. 496, § 1º Nos casos previstos neste artigo, não interposta a apelação no
prazo legal, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, e, se não o fizer,
o presidente do respectivo tribunal avocá-los-á.

8. RECURSO VOLUNTÁRIO DA PARTE

Segundo Fredie Didier e Leonardo da Cunha, em entendimento minoritário, não haverá


reexame necessário quando a Fazenda Pública interpuser apelação. Afirmam que “o § 1º do art.
496 dispõe que só haverá remessa necessária se não houver apelação. Havendo apelação, não
haverá remessa necessária. Haveria aí aplicação da regra da singularidade: não é possível a
remessa necessária e a apelação ao mesmo tempo. Se não há apelação, há remessa necessária.
Essa não é a explicação nem a causa para afirmar que a remessa necessária ostenta natureza
recursal. Esse não é um detalhe que componha o conceito de recurso. Na verdade, essa é uma
consequência da natureza recursal da remessa necessária, que se pode confirmar pelas normas
do direito positivo brasileiro”.

9. RECURSO ADESIVO

Não se admite recurso adesivo de reexame necessário, tendo em vista que não é recurso e
não está previsto nas hipóteses do art. 997, §§1º e 2º do CPC.

Art. 997. Cada parte interporá o recurso independentemente, no prazo e com


observância das exigências legais.
§ 1º Sendo vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles
poderá aderir o outro.
§ 2º O recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente, sendo-lhe
aplicáveis as mesmas regras deste quanto aos requisitos de admissibilidade
e julgamento no tribunal, salvo disposição legal diversa, observado, ainda, o
seguinte:
I - será dirigido ao órgão perante o qual o recurso independente fora
interposto, no prazo de que a parte dispõe para responder;
II - será admissível na apelação, no recurso extraordinário e no recurso
especial;
III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal ou se for
ele considerado inadmissível.

10. JULGAMENTO MONOCRÁTICO

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 17


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
O relator poderá monocraticamente julgar o reexame necessário, conforme entendimento da
Súmula 253 do STJ.

Súmula 253 STJ - O art. 557 (atual 932) do CPC, que autoriza o relator a
decidir o recurso, alcança o reexame necessário.

11. AMPLIAÇÃO DO COLEGIADO

Em razão do art. 942, §4º, II do CPC, não se admite ampliação do colegiado no caso de
remessa necessária.

Art. 942. Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá
prosseguimento em sessão a ser designada com a presença de outros
julgadores, que serão convocados nos termos previamente definidos no
regimento interno, em número suficiente para garantir a possibilidade de
inversão do resultado inicial, assegurado às partes e a eventuais terceiros o
direito de sustentar oralmente suas razões perante os novos julgadores.
§ 4º Não se aplica o disposto neste artigo ao julgamento:
II - da remessa necessária;

12. REFORMATIO IN PEJUS

Conforme o enunciado da Súmula 45 do STJ, no reexame necessário não pode o tribunal


agravar a condenação imposta à Fazenda Pública. Trata-se da proibição da reformatio in pejus

Súmula 45 STJ - No reexame necessário, e defeso, ao tribunal, agravar a


condenação imposta a Fazenda Pública

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 18


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
COMPETÊNCIA

1. DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIA

Antes das alterações promovidas pela EC 103/2019, o juiz estadual iria julgar causas de
competência da Justiça Federal quando:

• No foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte


instituição de previdência social e segurado. Aplica-se sempre, norma de eficácia plena.

• A comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei
poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça
estadual. Norma de aplicada contida, era necessária a previsão em lei, a exemplo do art.
381, §4º do CPC

Art. 381, § 4º O juízo estadual tem competência para produção antecipada de


prova requerida em face da União, de entidade autárquica ou de empresa
pública federal se, na localidade, não houver vara federal.

Em 2019, a EC 103 alterou a redação do art. 109, §3º da CF, não existe mais hipótese de
delegação autoaplicável, todas as hipóteses devem estar previstas em lei.

Art. 109, § 3º Lei poderá autorizar que as causas de competência da Justiça


Federal em que forem parte instituição de previdência social e segurado
possam ser processadas e julgadas na justiça estadual quando a comarca do
domicílio do segurado não for sede de vara federal.(Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

Atualmente, a Lei 5010/66 em seu art. 15, III, com redação dada pela Lei 13.876/2019, prevê
que haverá delegação nas hipóteses de matéria previdenciária para a Justiça Estadual quando não
houver sede da Justiça Federal em um raio de 70km de distância da Comarca Estadual.

Art. 15. Quando a Comarca não for sede de Vara Federal, poderão ser
processadas e julgadas na Justiça Estadual: (Redação dada pela Lei nº
13.876, de 2019)
III - as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado
e que se referirem a benefícios de natureza pecuniária, quando a Comarca
de domicílio do segurado estiver localizada a mais de 70 km (setenta
quilômetros) de Município sede de Vara Federal; (Redação dada
pela Lei nº 13.876, de 2019)

Em relação ao art. 381, §4º do CPC, a doutrina afirma que houve uma inconstitucionalidade
superveniente, uma vez que a produção antecipada de provas não é matéria previdenciária (única
que pode ser delegada).

2. INGRESSO DO ENTE FEDERAL EM DEMANDA EM CURSO NA JUSTIÇA ESTADUAL

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 19


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
Nas ações em curso perante a Justiça Estadual, quando um ente federal intervém, o
processo deve ser remetido à Justiça Federal.

Art. 45. Tramitando o processo perante outro juízo, os autos serão remetidos
ao juízo federal competente se nele intervier a União, suas empresas
públicas, entidades autárquicas e fundações, ou conselho de fiscalização de
atividade profissional, na qualidade de parte ou de terceiro interveniente,
exceto as ações:
I - de recuperação judicial, falência, insolvência civil e acidente de trabalho;
II - sujeitas à justiça eleitoral e à justiça do trabalho.
§ 1º Os autos não serão remetidos se houver pedido cuja apreciação seja de
competência do juízo perante o qual foi proposta a ação.
§ 2º Na hipótese do § 1º, o juiz, ao não admitir a cumulação de pedidos em
razão da incompetência para apreciar qualquer deles, não examinará o mérito
daquele em que exista interesse da União, de suas entidades autárquicas ou
de suas empresas públicas.
§ 3º O juízo federal restituirá os autos ao juízo estadual sem suscitar conflito
se o ente federal cuja presença ensejou a remessa for excluído do processo.

Salienta-se que a análise acerca do interesse do ente federado é feita pelo Juiz Federal, que
poderá reconhecer o interesse (mantém os autos na JF) ou não reconhecer (autos retornam para a
JE). Não poderá o juiz estadual, por exemplo, suscitar conflito de competência.

Súmula 150 do STJ - Compete à Justiça Federal decidir sobre a existência


de interesse jurídico que justifique a presença, no processo, da União, suas
autarquias ou empresas públicas.

Súmula 224 STJ - Excluído do feito o ente federal, cuja presença levara o
Juiz Estadual a declinar da competência, deve o Juiz Federal restituir os autos
e não suscitar conflito.

3. COMPETÊNCIA TERRITORIAL

ENTES FEDERAIS

O art. 109, §§ 1º e 2º da CF disciplina a competência para os casos em que as pessoas


jurídicas de direito público da União forem partes, não se aplicando para as pessoas jurídicas de
direito privado.

CF Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:


§ 1º As causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária
onde tiver domicílio a outra parte.
§ 2º As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção
judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato
ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda,
no Distrito Federal.

CPC Art. 51. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que
seja autora a União.

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 20


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
Parágrafo único. Se a União for a demandada, a ação poderá ser proposta
no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a
demanda, no de situação da coisa ou no Distrito Federal.

NA CONDIÇÃO DE AUTORA: A ação será ajuizada no foro do domicílio do réu.

NA CONDIÇÃO DE RÉ: É hipótese de foro concorrente, podendo ser demandada:

o No domicílio do autor;

o No local do fato ou do ato que justifica a ação;

o No local do imóvel;

Tratando-se de imóvel, parte da doutrina sustenta que se deve combinar com o regra
do art. 47 do CPC, devendo ser ajuizada no foro da coisa (não haveria foro
concorrente).

o No DF

o Na capital do Estado (seção judiciária).

ENTES ESTADUAIS

Previsto no art. 52 do CPC. Vejamos:

Art. 52. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja
autor Estado ou o Distrito Federal.
Parágrafo único. Se Estado ou o Distrito Federal for o demandado, a ação
poderá ser proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou
fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou na capital do
respectivo ente federado.

Perceba que se o Estado ou DF forem autores a competência será do domicílio do réu. Por
outro lado, quando forem réus, haverá competência concorrente entre:

• Foro do domicílio do autor;

• Foro de ocorrência do fato ou ato que originou a demanda;

• Foro de situação da coisa;

• Capital do respectivo ente federado.

NA EXECUÇÃO FISCAL

Tratando-se de execução fiscal a ação deve ser ajuizada no foro do domicílio do réu, no de
sua residência ou no lugar em que ele for encontrado. Salienta-se que não se trata de foro
concorrente, mas sim de foro sucessivo, ou seja, deve seguir, necessariamente, a ordem do §5º do
art. 46 do CPC.

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 21


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
Art. 46, § 5º A execução fiscal será proposta no foro de domicílio do réu, no
de sua residência ou no do lugar onde for encontrado.

Salienta-se que eventual mudança de domicílio do executado, após a propositura da


execução fiscal, não altera a competência já fixada.

Súmula 58 STJ - Proposta a execução fiscal, a posterior mudança de


domicílio do executado não desloca a competência já fixada

NO MANDADO DE SEGURANÇA

Tratando-se de autoridade coatora estadual, a competência territorial será definida pelo


domicílio funcional (sede funcional), não importando o local em que o ato foi praticado.

Tratando-se de autoridade coatora federal, conforme entendimento do STF e do STJ, aplica-


se o mesmo entendimento dos foros concorrentes.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. MANDADO DE SEGURANÇA. ARTIGO


109, § 2º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. POSSIBILIDADE DE
AJUIZAMENTO NO DOMICÍLIO DO AUTOR. FACULDADE CONFERIDA AO
IMPETRANTE. PRECEDENTES. 1. O STJ, seguindo a jurisprudência
pacificada do Supremo Tribunal Federal, entende que as causas intentadas
contra a União poderão ser aforadas na Seção Judiciária em que for
domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu
origem à demanda, ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito
Federal. 2. Optando o autor por impetrar o mandamus no seu domicílio, e não
naqueles outros previstos no § 2° do art. 109 da Constituição Federal, não
compete ao magistrado limitar a aplicação do próprio texto constitucional, por
ser legítima a escolha da parte autora, ainda que a sede funcional da
autoridade coatora seja no Distrito Federal, impondo-se reconhecer a
competência do juízo suscitado. 3. Nesse sentido: AgInt no CC 158.943/SP,
Rel. Ministro Sérgio Kukina, Primeira Seção, DJe 17/12/2018; AgInt no CC
154.470/DF, Rel. Ministro Og Fernandes, Primeira Seção, DJe 18/04/2018;
AgInt no CC 153.724/DF, Rel. Ministra Regina Helena Costa, Primeira Seção,
DJe 16/2/2018; AgInt no CC 148.082/DF, Rel. Ministro Francisco Falcão,
Primeira Seção, DJe 19/12/2017.

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 22


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
MEIOS ALTERNATIVOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS (ADR’S)
E FAZENDA PÚBLICA

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

ADR’s (alternative dispute resolutions) são meios alternativos para a resolução de conflitos,
a exemplo da arbitragem, mediação, conciliação e até negócios jurídicos processuais.

Segundo Leonardo da Cunha, “estudos mais recentes demonstram que tais meios não
seriam “alternativos”, mas sim adequados, formando um modelo de sistema de justiça multiportas.
Para cada tipo de controvérsia, seria adequada uma forma de solução, de modo que há casos em
que a melhor solução há de ser obtida pela mediação, enquanto outros, pela conciliação, outros,
pela arbitragem e, os que se resolveriam pela decisão do juiz estatal. Há, ainda, outros meios, a
exemplo da negociação direta e do dispute board”

2. ARBITRAGEM

PREVISÃO LEGAL E CONSIDERAÇÕES

A Lei 8.987/1995, em seu art. 23-A, foi a primeira norma a prever o uso da arbitragem nos
casos de concessão e permissão de serviço público.

Art. 23-A. O contrato de concessão poderá prever o emprego de mecanismos


privados para resolução de disputas decorrentes ou relacionadas ao contrato,
inclusive a arbitragem, a ser realizada no Brasil e em língua portuguesa, nos
termos da Lei no 9.307, de 23 de setembro de 1996

Igualmente, havia a previsão de arbitragem para os contratos de parceria público privada,


nos termos do art. 11, III da Lei 11.079/2004.

Art. 11, III - o emprego dos mecanismos privados de resolução de disputas,


inclusive a arbitragem, a ser realizada no Brasil e em língua portuguesa, nos
termos da Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996, para dirimir conflitos
decorrentes ou relacionados ao contrato.

Em 2015, a Lei 13.129, alterou o art. 1º da Lei 9.307/96 a fim de permitir a arbitragem também
nos processos que envolvam as pessoas jurídicas de direito público da administração direita e
indireta.

Art. 1º As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para


dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis.
§ 1o A administração pública direta e indireta poderá utilizar-se da arbitragem
para dirimir conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis.
§ 2o A autoridade ou o órgão competente da administração pública direta para
a celebração de convenção de arbitragem é a mesma para a realização de
acordos ou transações.

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 23


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
REQUISITOS

a) Direitos patrimoniais disponíveis

Tratando-se de atividades sancionatórias administrativas e penais não há possibilidade


de arbitragem, a exemplo de questões que envolvam matéria tributária ou processo
administrativo disciplinar.

b) Competência da autoridade administrativa para a celebração da convenção

As partes podem celebrar cláusula arbitral (antes do conflito) ou um compromisso arbitral


(após o conflito), a competência será da autoridade administrativa competente para
celebrar acordo.

c) Arbitragem por direito

Não pode ser julgada por equidade, nos casos que envolvam a Fazenda Pública.

A regra de direito poderá ser tanto de direito interno quanto externo, deve-se analisar o
caso concreto.

d) Publicidade

A arbitragem que envolve a Fazenda Pública deve ser pública, não se admite, aqui, a
arbitragem sigilosa, em razão do princípio constitucional da publicidade.

e) Língua portuguesa

Trata-se de requisito específico, previsto nas Leis 8.987/1995 e 11.079/2004. Não está
previsto na Lei 9.307/96, embora a doutrina entenda que o ideal é que esteja em língua
portuguesa.

3. NEGÓCIO JURÍDICO PROCESSUAL

PREVISÃO LEGAL

O art. 190 do CPC, cláusula geral, disciplina o negócio processual atípico, ou seja, não estão
previstos expressamente na lei. Deriva da vontade das partes. Vejamos:

Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição,


é lícito às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento
para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus
ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o
processo.
Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das
convenções previstas neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos
casos de nulidade ou de inserção abusiva em contrato de adesão ou em que
alguma parte se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade.

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 24


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
REQUISITOS

3.2.1. Capacidade

A Fazenda Pública só pode negociar sobre os seus direitos processuais. A negociação,


portanto, não pode atingir terceiros fora do processo.

Por exemplo, pode convencionar que não haverá denunciação à lide, mas não pode fazer o
mesmo em relação à assistência.

3.2.2. Objeto lícito

O negócio jurídico processual não pode versar ofender garantias constitucionais do


processo. Por exemplo, negociar que não haverá contraditório no processo, viola a CF, seria um
objeto ilícito.

3.2.3. Forma

Em relação à forma do negócio jurídico processual, há na doutrina que entende que pode
ser celebrado oralmente (minoria), outros apenas por escrito buscando maior segurança jurídica.

Não se exige escritura pública, pode ser celebrado antes ou após o início do processo.

3.2.4. Autonomia da vontade

Todo negócio material e processual pressupõe a livre manifestação de vontade das partes.

3.2.5. Partes capazes

Segundo Gajardoni, trata-se de requisito específico, não se confunde com a o primeiro


requisito (capacidade) que trata sobre a titularidade do direito.

Obs.: Didier e Daniel Neves não fazem tal distinção.

Para celebrar negócios processuais atípicos a Fazenda Pública deve ser representada
(presentada) por aquele que tenha competência para celebrar acordos, será fixado pela legislação
de cada ente.

3.2.6. Direitos que admitem autocomposição

É mais uma condição específica, segundo Gajardoni.

A Fazenda Pública só poderá celebrar negócio jurídico processual em relação a direitos que
admitem transação.

CASUÍSTICA

A seguir iremos analisar cinco hipóteses em que é possível ou não a celebração de negócio
jurídico processual.

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 25


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
3.3.1. Reexame necessário

A Fazenda Público pode perfeitamente um negócio jurídico processual para dispensar o


reexame necessário, desde que se enquadre na hipótese do art. 496, §4º, IV da CF.

Art. 496,
§ 4º Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver
fundada em:
IV - entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito
administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer
ou súmula administrativa.

3.3.2. Prazos

Nada impede a celebração de negócio jurídico processual para a alteração de prazo,


ampliando ou diminuindo, havendo concordância da outra parte.

3.3.3. Renúncia antecipada a recursos

Em relação à renúncia antecipada a recursos, não há consenso na doutrina.

1ªC – Sim, adota-se o mesmo raciocínio da arbitragem.

2ªC – Não. É ilógico renunciar a algo que ainda não possui vício. Por exemplo, as partes
convencionam que não vão apelar da sentença. Conduto o juiz profere uma decisão extra petita,
pelo acordo, a parte vencida não poderia recorrer. Não há lógica.

3.3.4. Renúncia à denunciação à lide

Como já mencionado, pode-se celebrar negócio jurídico processual em que haja a renúncia
à denunciação à lide.

3.3.5. Dispensa de vista pessoal por carga ou por remessa

Por ser uma prerrogativa da Fazenda Pública não há óbice para que seja dispensada.

3.3.6. Rateio de sucumbência

Desde que os advogados concordem, é possível celebrar negócio jurídico processual para
que seja feito rateio dos honorários de sucumbência.

4. CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO

CONCEITO

A conciliação e a mediação são técnicas para que se alcance a autocomposição no


processo, que será feita através de uma transação, de uma renúncia ou de um reconhecimento.

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 26


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
(DES) NECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO LEGAL

Tratando-se de renúncia de direitos, alienação de bens e aumento de despesas, em razão


da indisponibilidade do interesse público, é necessária autorização legal (análise de cada lei
específica).

HIPÓTESES DE AUTORIZAÇÃO LEGAL

No âmbito federal, inúmeras leis autorizam a Fazenda Pública a transacionar,


consequentemente, poderá haver mediação e conciliação.

a) TAC

Art. 5º, § 6° da Lei 7.347/85 Os órgãos públicos legitimados poderão tomar


dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências
legais, mediante cominações, que terá eficácia de título executivo
extrajudicial

b) JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS E DA FAZENDA PÚBLICA

Lei 12.153/09, Art. 8º Os representantes judiciais dos réus presentes à


audiência poderão conciliar, transigir ou desistir nos processos da
competência dos Juizados Especiais, nos termos e nas hipóteses previstas
na lei do respectivo ente da Federação.

Lei 10.259/01 Art. 10. Parágrafo único. Os representantes judiciais da União,


autarquias, fundações e empresas públicas federais, bem como os indicados
na forma do caput, ficam autorizados a conciliar, transigir ou desistir, nos
processos da competência dos Juizados Especiais Federais

Parcela da doutrina sustenta que a autorização, prevista no JEF e no JEFP, dispensa a


necessidade de autorização em lei própria para celebração no âmbito das Procuradorias dos
Estados e dos Municípios.

Enunciado 62 - Os representantes judiciais da União, autarquias, fundações


e empresas públicas federais têm autorização legal, decorrente da Lei n.
10.259, de 12 de julho de 2001 para, diretamente, conciliar, transigir ou
desistir de recursos em quaisquer processos, judiciais ou extrajudiciais, cujo
valor da causa esteja dentro da alçada equivalente à dos juizados especiais
federais.

c) TERMO DE COLABORAÇÃO DA CVM

Lei 6.385/76, Art. 11 § 5º “A Comissão de Valores Mobiliários, após análise


de conveniência e oportunidade, com vistas a atender ao interesse público,
poderá deixar de instaurar ou suspender, em qualquer fase que preceda a
tomada da decisão de primeira instância, o procedimento administrativo
destinado à apuração de infração prevista nas normas legais e
regulamentares cujo cumprimento lhe caiba fiscalizar, se o investigado
assinar termo de compromisso no qual se obrigue a: (Redação dada pela Lei
nº 13.506, de 2017)

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 27


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
I - cessar a prática de atividades ou atos considerados ilícitos pela Comissão
de Valores Mobiliários; e
II - corrigir as irregularidades apontadas, inclusive indenizando os prejuízos.

d) TC DE CESSAÇÃO DE PRÁTICA E ACORDO DE LENIÊNCIA DO SBDC

Lei 12.529/11,
Art. 85. Nos procedimentos administrativos mencionados nos incisos I, II e III
do art. 48 desta Lei, o Cade poderá tomar do representado compromisso de
cessação da prática sob investigação ou dos seus efeitos lesivos, sempre
que, em juízo de conveniência e oportunidade, devidamente fundamentado,
entender que atende aos interesses protegidos por lei.

Art. 86. O Cade, por intermédio da Superintendência-Geral, poderá celebrar


acordo de leniência, com a extinção da ação punitiva da administração
pública ou a redução de 1 (um) a 2/3 (dois terços) da penalidade aplicável,
nos termos deste artigo, com pessoas físicas e jurídicas que forem autoras
de infração à ordem econômica, desde que colaborem efetivamente com as
investigações e o processo administrativo e que dessa colaboração resulte:

e) ACORDO DE LENIÊNCIA DA LEI ANTICORRUPÇÃO

Lei 12.846/13, Art. 16. A autoridade máxima de cada órgão ou entidade


pública poderá celebrar acordo de leniência com as pessoas jurídicas
responsáveis pela prática dos atos previstos nesta Lei que colaborem
efetivamente com as investigações e o processo administrativo, sendo que
dessa colaboração resulte:

f) ACORDOS E CONCILIAÇÃO EM SETORES REGULADOS

Anatel, Lei 9.472/97, art. 93, XV – o foro e o modo para solução extrajudicial
das divergências contratuais.

ANP, Lei 9.478/97, art. 43, X – as regras sobre solução de controvérsias,


relacionadas com o contrato e sua execução, inclusive a conciliação e a
arbitragem internacional;

CRITÉRIOS OBJETIVOS PARA CELEBRAÇÃO

A Fazenda Pública, desde que haja previsão legal, pode autorizar seus procuradores a
celebrarem acordo, a exemplo do que ocorre na Lei 12.846/2013. Ressalta-se que é necessário que
a lei fixe critérios objetivos, sob pena de violar o princípio da isonomia.

Importante consignar que o Pacote Anticrime alterou o art. 17, §1º da Lei de Improbidade
Administrativa, autorizando o acordo de não persecução cível, o qual foi revogado pela Lei
14.230/2021.

LIA Art. 17,


§ 1º As ações de que trata este artigo admitem a celebração de acordo de
não persecução cível, nos termos desta Lei.

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 28


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
A Lei 14.230/2021 disciplinou de forma detalhada, em seu art. 17-B, o acordo de não
persecução civil. Contudo, apenas o MP é legitimado para a celebração de acordo de não
persecução civil, o Poder Público não pode mais.

Art. 17-B. O Ministério Público poderá, conforme as circunstâncias do caso


concreto, celebrar acordo de não persecução civil, desde que dele advenham,
ao menos, os seguintes resultados: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
I - o integral ressarcimento do dano; (Incluído pela Lei nº 14.230, de
2021)
II - a reversão à pessoa jurídica lesada da vantagem indevida obtida, ainda
que oriunda de agentes privados. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 1º A celebração do acordo a que se refere o caput deste artigo dependerá,
cumulativamente: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
I - da oitiva do ente federativo lesado, em momento anterior ou posterior à
propositura da ação; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
II - de aprovação, no prazo de até 60 (sessenta) dias, pelo órgão do Ministério
Público competente para apreciar as promoções de arquivamento de
inquéritos civis, se anterior ao ajuizamento da ação; (Incluído pela Lei nº
14.230, de 2021)
III - de homologação judicial, independentemente de o acordo ocorrer antes
ou depois do ajuizamento da ação de improbidade
administrativa. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 2º Em qualquer caso, a celebração do acordo a que se refere o caput deste
artigo considerará a personalidade do agente, a natureza, as circunstâncias,
a gravidade e a repercussão social do ato de improbidade, bem como as
vantagens, para o interesse público, da rápida solução do
caso. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 3º Para fins de apuração do valor do dano a ser ressarcido, deverá ser
realizada a oitiva do Tribunal de Contas competente, que se manifestará, com
indicação dos parâmetros utilizados, no prazo de 90 (noventa)
dias. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 4º O acordo a que se refere o caput deste artigo poderá ser celebrado no
curso da investigação de apuração do ilícito, no curso da ação de
improbidade ou no momento da execução da sentença
condenatória. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 5º As negociações para a celebração do acordo a que se refere
o caput deste artigo ocorrerão entre o Ministério Público, de um lado, e, de
outro, o investigado ou demandado e o seu defensor. (Incluído pela Lei
nº 14.230, de 2021)
§ 6º O acordo a que se refere o caput deste artigo poderá contemplar a
adoção de mecanismos e procedimentos internos de integridade, de auditoria
e de incentivo à denúncia de irregularidades e a aplicação efetiva de códigos
de ética e de conduta no âmbito da pessoa jurídica, se for o caso, bem como
de outras medidas em favor do interesse público e de boas práticas
administrativas. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 7º Em caso de descumprimento do acordo a que se refere o caput deste
artigo, o investigado ou o demandado ficará impedido de celebrar novo
acordo pelo prazo de 5 (cinco) anos, contado do conhecimento pelo Ministério
Público do efetivo descumprimento. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)

Obs.: De acordo com Gajardoni, o Poder Público poderá celebrar TAC para a reparação de danos
ao erário, mas não poderá cominar sanções da lei de improbidade.

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 29


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
LEI 13.140/2015 E A PREVISÃO DE MEIOS CONSENSUAIS PELA ADMINISTRAÇÃO

Os artigos 32 a 40 da Lei de Mediação estabelecem que os entes federados poderão criar


Câmaras de Mediação gerenciadas pela advocacia pública.

Art. 32. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão criar


câmaras de prevenção e resolução administrativa de conflitos, no âmbito dos
respectivos órgãos da Advocacia Pública, onde houver, com competência
para:
I - dirimir conflitos entre órgãos e entidades da administração pública;
II - avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio
de composição, no caso de controvérsia entre particular e pessoa jurídica de
direito público;
III - promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de
conduta.
§ 1º O modo de composição e funcionamento das câmaras de que trata
o caput será estabelecido em regulamento de cada ente federado.
§ 2º A submissão do conflito às câmaras de que trata o caput é facultativa e
será cabível apenas nos casos previstos no regulamento do respectivo ente
federado.
§ 3º Se houver consenso entre as partes, o acordo será reduzido a termo e
constituirá título executivo extrajudicial.
§ 4º Não se incluem na competência dos órgãos mencionados no caput deste
artigo as controvérsias que somente possam ser resolvidas por atos ou
concessão de direitos sujeitos a autorização do Poder Legislativo.
§ 5º Compreendem-se na competência das câmaras de que trata o caput a
prevenção e a resolução de conflitos que envolvam equilíbrio econômico-
financeiro de contratos celebrados pela administração com particulares.

Art. 33. Enquanto não forem criadas as câmaras de mediação, os conflitos


poderão ser dirimidos nos termos do procedimento de mediação previsto na
Subseção I da Seção III do Capítulo I desta Lei.
Parágrafo único. A Advocacia Pública da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, onde houver, poderá instaurar, de ofício ou
mediante provocação, procedimento de mediação coletiva de conflitos
relacionados à prestação de serviços públicos.

Art. 34. A instauração de procedimento administrativo para a resolução


consensual de conflito no âmbito da administração pública suspende a
prescrição.
§ 1º Considera-se instaurado o procedimento quando o órgão ou entidade
pública emitir juízo de admissibilidade, retroagindo a suspensão da prescrição
à data de formalização do pedido de resolução consensual do conflito.
§ 2º Em se tratando de matéria tributária, a suspensão da prescrição deverá
observar o disposto na Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código
Tributário Nacional.

Art. 35. As controvérsias jurídicas que envolvam a administração pública


federal direta, suas autarquias e fundações poderão ser objeto de transação
por adesão, com fundamento em:
I - autorização do Advogado-Geral da União, com base na jurisprudência
pacífica do Supremo Tribunal Federal ou de tribunais superiores; ou

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 30


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
II - parecer do Advogado-Geral da União, aprovado pelo Presidente da
República.
§ 1º Os requisitos e as condições da transação por adesão serão definidos
em resolução administrativa própria.
§ 2º Ao fazer o pedido de adesão, o interessado deverá juntar prova de
atendimento aos requisitos e às condições estabelecidos na resolução
administrativa.
§ 3º A resolução administrativa terá efeitos gerais e será aplicada aos casos
idênticos, tempestivamente habilitados mediante pedido de adesão, ainda
que solucione apenas parte da controvérsia.
§ 4º A adesão implicará renúncia do interessado ao direito sobre o qual se
fundamenta a ação ou o recurso, eventualmente pendentes, de natureza
administrativa ou judicial, no que tange aos pontos compreendidos pelo
objeto da resolução administrativa.
§ 5º Se o interessado for parte em processo judicial inaugurado por ação
coletiva, a renúncia ao direito sobre o qual se fundamenta a ação deverá ser
expressa, mediante petição dirigida ao juiz da causa.
§ 6º A formalização de resolução administrativa destinada à transação por
adesão não implica a renúncia tácita à prescrição nem sua interrupção ou
suspensão.

Art. 36. No caso de conflitos que envolvam controvérsia jurídica entre órgãos
ou entidades de direito público que integram a administração pública federal,
a Advocacia-Geral da União deverá realizar composição extrajudicial do
conflito, observados os procedimentos previstos em ato do Advogado-Geral
da União.
§ 1º Na hipótese do caput , se não houver acordo quanto à controvérsia
jurídica, caberá ao Advogado-Geral da União dirimi-la, com fundamento na
legislação afeta.
§ 2º Nos casos em que a resolução da controvérsia implicar o reconhecimento
da existência de créditos da União, de suas autarquias e fundações em face
de pessoas jurídicas de direito público federais, a Advocacia-Geral da União
poderá solicitar ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão a
adequação orçamentária para quitação das dívidas reconhecidas como
legítimas.
§ 3º A composição extrajudicial do conflito não afasta a apuração de
responsabilidade do agente público que deu causa à dívida, sempre que se
verificar que sua ação ou omissão constitui, em tese, infração disciplinar.
§ 4º Nas hipóteses em que a matéria objeto do litígio esteja sendo discutida
em ação de improbidade administrativa ou sobre ela haja decisão do Tribunal
de Contas da União, a conciliação de que trata o caput dependerá da
anuência expressa do juiz da causa ou do Ministro Relator.

Art. 37. É facultado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, suas
autarquias e fundações públicas, bem como às empresas públicas e
sociedades de economia mista federais, submeter seus litígios com órgãos
ou entidades da administração pública federal à Advocacia-Geral da União,
para fins de composição extrajudicial do conflito.

Art. 38. Nos casos em que a controvérsia jurídica seja relativa a tributos
administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil ou a créditos
inscritos em dívida ativa da União:

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 31


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
I - não se aplicam as disposições dos incisos II e III do caput do art. 32;
II - as empresas públicas, sociedades de economia mista e suas subsidiárias
que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens
ou de prestação de serviços em regime de concorrência não poderão exercer
a faculdade prevista no art. 37;
III - quando forem partes as pessoas a que alude o caput do art. 36:
a) a submissão do conflito à composição extrajudicial pela Advocacia-Geral
da União implica renúncia do direito de recorrer ao Conselho Administrativo
de Recursos Fiscais;
b) a redução ou o cancelamento do crédito dependerá de manifestação
conjunta do Advogado-Geral da União e do Ministro de Estado da Fazenda.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não afasta a competência do
Advogado-Geral da União prevista nos incisos VI , X e XI do art. 4º da Lei
Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993 , e na Lei nº 9.469, de 10 de
julho de 1997 . (Redação dada pela Lei nº 13.327, de 2016) (Produção de
efeito)

Art. 39. A propositura de ação judicial em que figurem concomitantemente


nos polos ativo e passivo órgãos ou entidades de direito público que integrem
a administração pública federal deverá ser previamente autorizada pelo
Advogado-Geral da União.

Art. 40. Os servidores e empregados públicos que participarem do processo


de composição extrajudicial do conflito, somente poderão ser
responsabilizados civil, administrativa ou criminalmente quando, mediante
dolo ou fraude, receberem qualquer vantagem patrimonial indevida,
permitirem ou facilitarem sua recepção por terceiro, ou para tal concorrerem.

Em relação à regra de confidencialidade, segundo Leonardo da Cunha “o que é confidencial


não é o processo no qual se realiza a sessão de mediação ou de conciliação. É preciso que se
divulguem sua existência e os atos nele praticados. O conteúdo das sessões de mediação ou de
conciliação que é sigiloso. E deve ser mesmo; para que viabilize a autocomposição, as partes
precisam ter a garantia de que tudo o que disserem não poderá servir para a defesa da parte
contrária. O princípio da publicidade não tem a amplitude que fundamenta a destacada
preocupação. Fosse assim, todas as reuniões realizadas por autoridades públicas deveriam ser
públicas, devendo toda conversa, negociação, diálogo ser divulgado e publicizado. O conteúdo das
sessões de mediação e conciliação é sigiloso, mas o resultado e a motivação da Administração
Pública são públicos e devem ser divulgados. O processo judicial é público. Todos os atos são
públicos. Mas as conversas, os debates, a negociação travada na sessão de mediação são
confidenciais. Não obtida a autocomposição, segue o procedimento, todo público, mas as conversas
não podem ser divulgadas, sob pena de inviabilizar qualquer negociação. Obtida a autocomposição,
aí serão divulgados o resultado e a motivação do Poder Público. O que importa é o resultado: houve
ou não autocomposição. Se não houve, é irrelevante saber o que se conversou. Se houve, devem
ser divulgados o resultado e a motivação, como, aliás, está no enunciado 36 do Fórum Nacional do
Poder Público. A sessão de mediação ou de conciliação é confidencial, tal como estabelece o art.
30 da Lei 13.140, de 2015. Se as conversas ou informações forem registradas de algum modo e
apresentadas em processo judicial ou arbitral, não devem ser admitidas (Lei 13.140/2015, art. 30,
§ 2º). É ilícita a prova que atente contra a confidencialidade. Não estão abrigadas pela
confidencialidade as informações relativas à ocorrência de crime de ação pública; a

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 32


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
confidencialidade não afasta o dever de prestação de informações às autoridades fazendárias.
Enfim, a confidencialidade é medida que se impõe durante as sessões de mediação e conciliação
de que participa a Fazenda Pública.”

DESIGNAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO

O art. 334 do CPC prevê que será designada audiência de conciliação e mediação, somente
é cabível para a Fazenda Pública se houver autorização específica para os advogados públicos
realizarem acordos.

ENUNCIADO 24 do CJF – Havendo a Fazenda Pública publicizado ampla e


previamente as hipóteses em que está autorizada a transigir, pode o juiz
dispensar a realização da audiência de mediação e conciliação, com base no
art. 334, § 4º, II, do CPC, quando o direito discutido na ação não se enquadrar
em tais situações.

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 33


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
TUTELA PROVISÓRIA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

As tutelas provisórias são fundadas em cognição sumária, conferida com base na


verossimilhança das alegações. Poderão ser tutelas de urgência (antecipada e cautelar) e de
evidência.

2. PREVISÃO LEGAL

O art. 1.059 do CPC prevê a possibilidade de aplicação do regime de tutela provisória para
a Fazenda Pública, devendo ser observado os limites legais.

Art. 1.059. À tutela provisória requerida contra a Fazenda Pública aplica-se


o disposto nos arts. 1º a 4º da Lei nº 8.437, de 30 de junho de 1992 , e no art.
7º, § 2º, da Lei nº 12.016, de 7 de agosto de 2009 .

Significa que, nas hipóteses não alcançadas pelas vedações legais, é plenamente possível
a concessão de tutela de urgência contra a Fazenda Pública. Cabível, portanto, com as ressalvas
das hipóteses previstas em diversos dispositivos legais, a tutela de urgência contra a Fazenda
Pública.

3. CABIMENTO

Em regra, cabe tutela provisória contra Fazenda Pública, era vedado nos casos de:

• Compensação tributária

• Desembaraço estrangeiro

• Aumento ou concessão de vantagem a servidor público

• Equiparação entre servidores públicos

Contudo, o STF considerou inconstitucional impedir ou condicionar a concessão de medida


liminar, o que caracteriza verdadeiro obstáculo à efetiva prestação jurisdicional e à defesa do direito
líquido e certo do impetrante. A Corte concluiu que:

É inconstitucional ato normativo que vede ou condicione a concessão de


medida liminar na via mandamental. STF. Plenário. ADI 4296/DF, Rel. Min.
Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes julgado em
9/6/2021 (Info 1021).

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 34


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

Atenção! Em virtude dessa decisão do STF, fica superada a Súmula 212 do STJ:

Súmula 212-STJ: A compensação de créditos tributários não pode ser


deferida em ação cautelar ou por medida liminar cautelar ou antecipatória.
(entendimento superado)

4. LIMITES E CONSTITUCIONALIDADE

Salienta-se que parte da doutrina sustenta que as vedações legais à concessão de tutela de
urgência são inconstitucionais, por atentarem contra a garantia da inafastabilidade da tutela
jurisdicional. Por outro lado, há quem entenda não haver inconstitucionalidade, tendo em vista que
o dispositivo não estaria, rigorosamente, a vedar ou restringir a concessão da tutela de urgência.
Estariam, em verdade, tratando de hipóteses em que não se fariam presentes os requisitos para a
sua concessão, ou porque esta seria irreversível, ou porque ausente o periculum in mora.

Importante consignar que as vedações não impedem que, no caso concreto, o juiz veja a
possibilidade de conceder a tutela provisória.

5. TUTELA PROVISÓRIA EM ACP E MS COLETIVO

A concessão de tutela provisória em ACP e no MS Coletivo só poderá ser concedida após


manifestação do representante judicial da Fazenda Pública. Não pode ser concedida inaudita altera
pars.

Art. 2º da Lei 8.437/92: Art. 2º No mandado de segurança coletivo e na ação


civil pública, a liminar será concedida, quando cabível, após a audiência do
representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se
pronunciar no prazo de setenta e duas horas”

6. ESTABILIZAÇÃO DA TUTELA ANTECIPADA

Após a concessão da tutela antecipada antecedente, sem que seja interposto recurso,
poderá ser estabilizada. O processo será extinto e os efeitos da tutela serão permanentes.

Art. 304. A tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303, torna-se
estável se da decisão que a conceder não for interposto o respectivo recurso.
§ 1º No caso previsto no caput , o processo será extinto.
§ 2º Qualquer das partes poderá demandar a outra com o intuito de rever,
reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada nos termos do caput . §
3º A tutela antecipada conservará seus efeitos enquanto não revista,
reformada ou invalidada por decisão de mérito proferida na ação de que trata
o § 2º.

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 35


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
§ 4º Qualquer das partes poderá requerer o desarquivamento dos autos em
que foi concedida a medida, para instruir a petição inicial da ação a que se
refere o § 2º, prevento o juízo em que a tutela antecipada foi concedida.
§ 5º O direito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada, previsto no
§ 2º deste artigo, extingue-se após 2 (dois) anos, contados da ciência da
decisão que extinguiu o processo, nos termos do § 1º.
§ 6º A decisão que concede a tutela não fará coisa julgada, mas a estabilidade
dos respectivos efeitos só será afastada por decisão que a revir, reformar ou
invalidar, proferida em ação ajuizada por uma das partes, nos termos do § 2º
deste artigo

Admite-se contra a Fazenda Pública a estabilização da tutela antecipada. Não há prejuízo,


tendo em vista que no prazo de 2 anos poderá ser feita a revisão.

Não será possível no âmbito dos JEF e do JEFP, tendo em vista que não cabe pedido de
tutela antecipada antecedente.

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 36


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
SUCUMBÊNCIA

1. REGRA GERAL

Encontra-se prevista no §§ 3º e §5º do art. 85 do CPC, estabelecendo que os honorários


nas causas em que a Fazenda Pública for parte deve seguir determinados parâmetros:

• mínimo de dez e máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação ou do proveito
econômico obtido até 200 salários-mínimos;

• mínimo de oito e máximo de dez por cento sobre o valor da condenação ou do proveito
econômico obtido acima de 200 salários-mínimos até 2.000 salários-mínimos;

• mínimo de cinco e máximo de oito por cento sobre o valor da condenação ou do proveito
econômico obtido acima de 2.000 salários-mínimos até 20.000 salários-mínimos;

• mínimo de três e máximo de cinco por cento sobre o valor da condenação ou do proveito
econômico obtido acima de 20.000 salários-mínimos até 100.000 salários-mínimos;

• mínimo de um e máximo de três por cento sobre o valor da condenação ou do proveito


econômico obtido acima de 100.000 salários-mínimos.

O cálculo será feito por faixas, não é linear. Imagine, por exemplo, que a Fazenda Pública
tenha sido condena a 300.000 salários-mínimos, os honorários serão fixados separadamente,
primeiro da faixa de 200.000 e depois na faixa de 100.000.

Art. 85, § 5º Quando, conforme o caso, a condenação contra a Fazenda


Pública ou o benefício econômico obtido pelo vencedor ou o valor da causa
for superior ao valor previsto no inciso I do § 3º, a fixação do percentual de
honorários deve observar a faixa inicial e, naquilo que a exceder, a faixa
subsequente, e assim sucessivamente.

Tratando-se de sentença ilíquida, a fixação de honorários só se dará após a liquidação.

Art. 85,
§ 4º Em qualquer das hipóteses do § 3º :
I - os percentuais previstos nos incisos I a V devem ser aplicados desde logo,
quando for líquida a sentença;
II - não sendo líquida a sentença, a definição do percentual, nos termos
previstos nos incisos I a V, somente ocorrerá quando liquidado o julgado;
III - não havendo condenação principal ou não sendo possível mensurar o
proveito econômico obtido, a condenação em honorários dar-se-á sobre o
valor atualizado da causa;
IV - será considerado o salário-mínimo vigente quando prolatada sentença
líquida ou o que estiver em vigor na data da decisão de liquidação.

2. CAUSAS DE VALOR IRRISÓRIO

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 37


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
Nas causas em que o valor honorários for irrisório ou que a causa não tenha valor, o juiz
fixará honorários por equidade.

Art. 85,
§ 8º Nas causas em que for inestimável ou irrisório o proveito econômico ou,
ainda, quando o valor da causa for muito baixo, o juiz fixará o valor dos
honorários por apreciação equitativa, observando o disposto nos incisos do §
2º.

Tratando-se de causas de valor excessivo, conforme entendimento majoritário, deve seguir


a regra geral. Não há previsão legal para que sejam fixados por equidade.

3. ISENÇÃO DE SUCUMBÊNCIA

Há determinados casos (cumprimento de sentença) em que a Fazenda Pública está isenta


do pagamento de honorários.

Art. 85, § 7º Não serão devidos honorários no cumprimento de sentença


contra a Fazenda Pública que enseje expedição de precatório, desde que não
tenha sido impugnada.

Importante consignar que no caso de cumprimento de sentença individual, de ação coletiva,


haverá o pagamento de honorários. Nesse sentido, a Súmula 345 do STJ:

Súmula 345 do STJ - São devidos honorários advocatícios pela Fazenda


Pública nas execuções individuais de sentença proferida em ações coletivas,
ainda que não embargadas.

Por fim, conforme prevê a Súmula 420 do STJ, não haverá pagamento de honorários quando
a Defensoria Pública atua contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença. Por exemplo,
a DPU ajuíza uma ação contra a União, não haverá pagamento de honorários.

Caso a DPU ajuíze uma ação contra o Município de São Paulo haverá o pagamento de
honorários, tendo em vista que é pessoa jurídica de direito público diverso.

Súmula 421 STJ - Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria


Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direito público à qual
pertença.

4. DESISTÊNCIA DE EXECUÇÃO FISCAL

Caso a Fazenda Pública o desista da execução fiscal, antes do devedor se defender, não
haverá pagamento de custas e honorários.

LEF Art. 26 – Se, antes da decisão de primeira instância, a inscrição de Dívida


Ativa for, a qualquer título, cancelada, a execução fiscal será extinta, sem
qualquer ônus para as partes.

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 38


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
5. MANDADO DE SEGURANÇA

Tratando-se de MS não há sucumbência para nenhuma das partes.

Art. 25. Não cabem, no processo de mandado de segurança, a interposição


de embargos infringentes e a condenação ao pagamento dos honorários
advocatícios, sem prejuízo da aplicação de sanções no caso de litigância de
má-fé.

Súmula 512 STF - Não cabe condenação em honorários de advogado na


ação de mandado de segurança.

Súmula 105 STJ - Na ação de mandado de segurança não se admite


condenação em honorários advocatícios

6. DESAPROPRIAÇÃO

O art. 27, §1º do DL 3365/41 prevê regra especial para a fixação de honorários, fixando o
limite de 151.000,00, que foi declarado inconstitucional pelo STF. Portanto, não se aplica a regra
geral do CPC e nem há limite de valor.

Art. 27 § 1º do DL 3.365/41 - A sentença que fixar o valor da indenização


quando este for superior ao preço oferecido condenará o desapropriante a
pagar honorários do advogado, que serão fixados entre meio e cinco por
cento do valor da diferença, observado o disposto no § 4o do art. 20 do
Código de Processo Civil, não podendo os honorários ultrapassar R$
151.000,00 (cento e cinquenta e um mil reais).

Súmula 131 STJ: Nas ações de desapropriação incluem-se no cálculo da


verba advocatícia as parcelas relativas aos juros compensatórios e
moratórios, devidamente corrigidas.

Súmula 141 STJ: Os honorários de advogado em desapropriação direta são


calculados sobre a diferença entre a indenização e a oferta, corrigidas
monetariamente.

7. AÇÕES PREVIDENCIÁRIA E ACIDENTÁRIAS

IMPROCEDÊNCIA DE PREVIDENCIÁRIO IMPROCEDÊNCIA DE ACIDENTÁRIA

Aplica-se a regra geral do art. 85, §3º do CPC. Haverá isenção (art. 129 da Lei 8.213/1991)
Sendo o valor da causa irrisório, o juiz irá fixar
os honorários por equidade (art. 85, §8º)

Caso a ação seja procedente, aplica-se a Súmula 111 do STJ.

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 39


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
Súmula 111 do STJ: Os honorários advocatícios, nas ações previdenciárias,
não incidem sobre as prestações vencidas após a sentença

8. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL E MATERIAL

A condenação em dano moral e material contra ou a favor do Poder Público, segue a regra
geral.

Tratando-se de condenação de dano moral e material cumulado com a fixação de pensão,


calcula-se o valor de honorários pela soma do dano moral mais uma anuidade da pensão, depois
aplica a regra geral.

Art. 85, § 9º Na ação de indenização por ato ilícito contra pessoa, o percentual
de honorários incidirá sobre a soma das prestações vencidas acrescida de
12 (doze) prestações vincendas.

Súmula 326 do STJ: Na ação de indenização por dano moral, a condenação


em montante inferior ao postulado na inicial não implica sucumbência
recíproca

9. RECONHECIMENTO JURÍDICO PELA FAZENDA PÚBLICA

Aplica-se o art. 90, §4º do CPC para a Fazenda Pública, assim os honorários poderão ser
reduzidos pela metade.

Art. 90. Proferida sentença com fundamento em desistência, em renúncia ou


em reconhecimento do pedido, as despesas e os honorários serão pagos pela
parte que desistiu, renunciou ou reconheceu.
§ 4º Se o réu reconhecer a procedência do pedido e, simultaneamente,
cumprir integralmente a prestação reconhecida, os honorários serão
reduzidos pela metade.

10. EXECUÇÃO FISCAL

Em regra, o débito tributário não inclui honorários advocatícios.

O juiz não fixa honorários advocatícios para o advogado público nas execuções fiscais
federais, tendo em vista que já está incluído na CDA o montante de 20%.

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 40


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Há dois modelos para o cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública, quais sejam:

• Por quantia – arts. 534 e 535 (título judicial) e art. 910 (título extrajudicial)

• Demais obrigações (fazer, não fazer, dar, entregar) – segue a regra geral, mesma para
os particulares.

2. PROCEDIMENTO

A Fazenda Pública será intimada do cumprimento de sentença para que, no prazo de 30


dias (não aplica em dobro), apresente a impugnação.

Art. 535. A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu representante


judicial, por carga, remessa ou meio eletrônico, para, querendo, no prazo de
30 (trinta) dias e nos próprios autos, impugnar a execução, podendo arguir:

Salienta-se que por seguir o Regime de Precatórios, não se aplica a multa prevista no §1º,
do art. 523 do CPC.

Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em


liquidação, e no caso de decisão sobre parcela incontroversa, o cumprimento
definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente, sendo o
executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias,
acrescido de custas, se houver.
§ 1º Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput , o débito será
acrescido de multa de dez por cento e, também, de honorários de advogado
de dez por cento.

Leonardo da Cunha pontua que “a Fazenda Pública não é intimada para pagar, justamente
porque não lhe é franqueada a possibilidade de pagamento voluntário. Cabe-lhe pagar as
condenações que lhe são impostas, de acordo com a ordem cronológica de inscrição dos
precatórios. É por isso que não incide, no cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública, a
multa prevista no § 1º do art. 523 do CPC. Por essa mesma razão, não é possível à Fazenda Pública
valer-se do expediente previsto no art. 526 97 do CPC e, antecipando-se à intimação para
pagamento, já efetuá-lo no valor que entende devido. 98 A Fazenda Pública não é intimada, como
já afirmado, para pagar, mas para apresentar impugnação. O pagamento voluntário não lhe é
franqueado, porque está sujeita à disciplina do precatório, prevista no art. 100 da Constituição
Federal, devendo aguardar o momento próprio para pagar, em observância à ordem cronológica.
Aliás, o pagamento voluntário, em descumprimento à ordem cronológica, pode acarretar o
sequestro do valor, por preterição àquela mesma ordem cronológica (CF, art. 100, § 6º).”

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 41


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
3. IMPUGNAÇÃO

A impugnação ao cumprimento de sentença por quantia sobre limitação de cognição, ou


seja, só podem ser alegadas as matérias que estão previstas no art. 535 do CPC, quais sejam:

• falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia;

• ilegitimidade de parte;

• inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;

• excesso de execução ou cumulação indevida de execuções.

Quando se alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia quantia superior


à resultante do título, cumprirá à executada declarar de imediato o valor que entende
correto, sob pena de não conhecimento da arguição.

• incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;

• qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação,


compensação, transação ou prescrição, desde que supervenientes ao trânsito em
julgado da sentença

4. INEXIGIBILIDADE DO TÍTULO

O título será inexigível quando ainda não se verificou a ocorrência do vencimento da


condição ou termo da obrigação. O §5º ao §8º do art. 85 do CPC equiparou a inexigibilidade do
título à sentença ou decisão proferida pelo juiz transitada em julgado, mas que, ao tempo da
prolação, violava jurisprudência do STF em controle abstrato ou em controle difuso de
constitucionalidade.

Art. 85,
§ 5º Para efeito do disposto no inciso III do caput deste artigo, considera-se
também inexigível a obrigação reconhecida em título executivo judicial
fundado em lei ou ato normativo considerado inconstitucional pelo Supremo
Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do ato
normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como incompatível com
a Constituição Federal , em controle de constitucionalidade concentrado ou
difuso.
§ 6º No caso do § 5º, os efeitos da decisão do Supremo Tribunal Federal
poderão ser modulados no tempo, de modo a favorecer a segurança jurídica.
§ 7º A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no § 5º deve ter sido
proferida antes do trânsito em julgado da decisão exequenda.
§ 8º Se a decisão referida no § 5º for proferida após o trânsito em julgado da
decisão exequenda, caberá ação rescisória, cujo prazo será contado do
trânsito em julgado da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal.

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 42


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
Destaca-se que se a decisão do STF ocorrer após o trânsito em julgado, caberá ação
rescisória, sendo que o prazo de 2 anos da rescisória é contado a partir do trânsito em julgado da
decisão do STF que declarou a inconstitucionalidade.

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 43


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
PROCEDIMENTOS ESPECIAIS

1. POSSESSÓRIA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA

É perfeitamente possível que a Fazenda Pública seja esbulhadora ou turbadora, por exemplo
utiliza um terreno para guardar maquinário de uma pavimentação de rua. Neste caso, haverá a
aplicação do art. 562, parágrafo único, do CPC:

Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem
ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de
reintegração, caso contrário, determinará que o autor justifique previamente
o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada.
Parágrafo único. Contra as pessoas jurídicas de direito público não será
deferida a manutenção ou a reintegração liminar sem prévia audiência dos
respectivos representantes judiciais.

Perceba que a liminar só poderá ser concedida após a manifestação dos representantes
judiciais da Fazenda Pública. A falta de manifestação prévia é considera ilegal, sendo passível de
agravo.

2. POSSESSÓRIA E PETITÓRIAS DE CONFLITO COLETIVO PELA POSSE DA TERRA

Tratando-se de possessória de força velha (mais de um ano e dia) ou diante do não


cumprimento da liminar, o juiz deverá marcar audiência de conciliação, devendo haver a intimação
do Público (§4º) que não é parte do processo, mas deve participar da audiência.

Art. 565. No litígio coletivo pela posse de imóvel, quando o esbulho ou a


turbação afirmado na petição inicial houver ocorrido há mais de ano e dia, o
juiz, antes de apreciar o pedido de concessão da medida liminar, deverá
designar audiência de mediação, a realizar-se em até 30 (trinta) dias, que
observará o disposto nos §§ 2º e 4º.
§ 1º Concedida a liminar, se essa não for executada no prazo de 1 (um) ano,
a contar da data de distribuição, caberá ao juiz designar audiência de
mediação, nos termos dos §§ 2º a 4º deste artigo.
§ 2º O Ministério Público será intimado para comparecer à audiência, e a
Defensoria Pública será intimada sempre que houver parte beneficiária de
gratuidade da justiça.
§ 3º O juiz poderá comparecer à área objeto do litígio quando sua presença
se fizer necessária à efetivação da tutela jurisdicional.
§ 4º Os órgãos responsáveis pela política agrária e pela política urbana da
União, de Estado ou do Distrito Federal e de Município onde se situe a área
objeto do litígio poderão ser intimados para a audiência, a fim de se
manifestarem sobre seu interesse no processo e sobre a existência de
possibilidade de solução para o conflito possessório.

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 44


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
3. AÇÃO MONITÓRIA

Nos termos do art. 700, §6º do CPC, é perfeitamente possível o cabimento de monitória
contra a Fazenda Pública.

Art. 700. A ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com
base em prova escrita sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do
devedor capaz:
§ 6º É admissível ação monitória em face da Fazenda Pública.

Além disso, não havendo embargos ao mandado monitório, a conversão, prevista no art.
701, §2º do CPC, estará sujeita ao reexame necessário.

Art. 701, § 2º Constituir-se-á de pleno direito o título executivo judicial,


independentemente de qualquer formalidade, se não realizado o pagamento
e não apresentados os embargos previstos no art. 702 , observando-se, no
que couber, o Título II do Livro I da Parte Especial .
§ 4º Sendo a ré Fazenda Pública, não apresentados os embargos previstos
no art. 702 , aplicar-se-á o disposto no art. 496 , observando-se, a seguir, no
que couber, o Título II do Livro I da Parte Especial.

4. RECOLHIMENTO DE ITCMD NO INVENTÁRIO E ARROLAMENTO DE BENS

ITCMD é um imposto de competência do Estados, cobrado em razão da transferência causa


mortis de bens. Por outro lado, inventário e arrolamento de bens são espécies de procedimento
especial para levantamento e posterior partilha entre os herdeiros dos bens deixados pelo falecido.

INVENTÁRIO ARROLAMENTO DE BENS

Há conflito ou pessoas incapazes entre os Herdeiros capazes e ausência de conflito (há


herdeiros consenso)

Pagamento do ITCMD ocorre antes da partilha O lançamento do ITCMD é feito após a partilha

Art. 659. A partilha amigável, celebrada entre partes capazes, nos termos da
lei, será homologada de plano pelo juiz, com observância dos arts. 660 a
663 .
§ 2º Transitada em julgado a sentença de homologação de partilha ou de
adjudicação, será lavrado o formal de partilha ou elaborada a carta de
adjudicação e, em seguida, serão expedidos os alvarás referentes aos bens
e às rendas por ele abrangidos, intimando-se o fisco para lançamento
administrativo do imposto de transmissão e de outros tributos porventura
incidentes, conforme dispuser a legislação tributária, nos termos do § 2º do
art. 662 .

Art. 662. No arrolamento, não serão conhecidas ou apreciadas questões


relativas ao lançamento, ao pagamento ou à quitação de taxas judiciárias e
de tributos incidentes sobre a transmissão da propriedade dos bens do
espólio.

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 45


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
§ 2º O imposto de transmissão será objeto de lançamento administrativo,
conforme dispuser a legislação tributária, não ficando as autoridades
fazendárias adstritas aos valores dos bens do espólio atribuídos pelos
herdeiros.

Há doutrina que sustenta a inconstitucionalidade dos dispositivos acima, tendo em vista que
legislam sobre Direita Tributário através de lei ordinária, sendo a matéria reservada à lei
complementar.

5. CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO EM MATÉRIA TRIBUTÁRIA

A consignação em pagamento em matéria tributária segue o regramento do art. 164 do CTN,


não se aplica o Código de Processo Civil. Portanto, não será admitida a consignação extrajudicial
em matéria tributária envolvendo a Fazenda Pública.

Art. 164. A importância de crédito tributário pode ser consignada judicialmente


pelo sujeito passivo, nos casos:
I - de recusa de recebimento, ou subordinação deste ao pagamento de outro
tributo ou de penalidade, ou ao cumprimento de obrigação acessória;
II - de subordinação do recebimento ao cumprimento de exigências
administrativas sem fundamento legal;
III - de exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, de tributo
idêntico sobre um mesmo fato gerador.
§ 1º A consignação só pode versar sobre o crédito que o consignante se
propõe pagar.
§ 2º Julgada procedente a consignação, o pagamento se reputa efetuado e
a importância consignada é convertida em renda; julgada improcedente a
consignação no todo ou em parte, cobra-se o crédito acrescido de juros de
mora, sem prejuízo das penalidades cabíveis.

6. EXECUÇÃO FISCAL

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A execução fiscal é um procedimento especial de execução, regulado pela Lei 6.830/80, em


que a Fazenda Pública cobrará créditos de natureza tributária ou não. São constituídos em virtude
da natureza pública do ente credor, a exemplo de tributos, multas, sanções aplicadas por órgãos
de fiscalização.

IN (APLICABILIDADE) DA DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA

Não há consenso acerca da aplicação do incidente de desconsideração da pessoa jurídica,


previsto nos arts. 133 e seguintes do CPC, nos casos de responsabilidades de terceiros (arts. 134
e 135 do CTN), principalmente quando há redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente
(Súmula 435 do STJ).

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 46


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
Súmula 435 - Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de
funcionar no seu domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes,
legitimando o redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente.

Há julgados aplicando a desconsideração e também julgados em que não se aplica.

REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO FISCAL. SUCESSÃO DE


EMPRESAS. GRUPO ECONÔMICO DE FATO. CONFUSÃO
PATRIMONIAL. INSTAURAÇÃO DE INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO
DA PERSONALIDADE JURÍDICA. DESNECESSIDADE. VIOLAÇÃO DO
ART. 1.022, DO CPC/2015. INEXISTÊNCIA [...] IV - A previsão constante no
art. 134, caput, do CPC/2015, sobre o cabimento do incidente de
desconsideração da personalidade jurídica, na execução fundada em título
executivo extrajudicial, não implica a incidência do incidente na execução
fiscal regida pela Lei n. 6.830/1980, verificando-se verdadeira
incompatibilidade entre o regime geral do Código de Processo Civil e a Lei de
Execuções, que diversamente da Lei geral, não comporta a apresentação de
defesa sem prévia garantia do juízo, nem a automática suspensão do
processo, conforme a previsão do art. 134, § 3º, do CPC/2015. Na execução
fiscal "a aplicação do CPC é subsidiária, ou seja, fica reservada para as
situações em que as referidas leis são silentes e no que com elas compatível"
(REsp n. 1.431.155/PB, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda
Turma, julgado em 27/5/2014). V - Evidenciadas as situações previstas nos
arts. 124, 133 e 135, todos do CTN, não se apresenta impositiva a instauração
do incidente de desconsideração da personalidade jurídica, podendo o
julgador determinar diretamente o redirecionamento da execução fiscal para
responsabilizar a sociedade na sucessão empresarial. Seria contraditório
afastar a instauração do incidente para atingir os sócios-administradores (art.
135, III, do CTN), mas exigi-la para mirar pessoas jurídicas que constituem
grupos econômicos para blindar o patrimônio em comum, sendo que nas
duas hipóteses há responsabilidade por atuação irregular, em
descumprimento das obrigações tributárias, não havendo que se falar em
desconsideração da personalidade jurídica, mas sim de imputação de
responsabilidade tributária pessoal e direta pelo ilícito. VI - Recurso especial
parcialmente conhecido e, nesta parte, improvido.

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL.


REDIRECIONAMENTO A PESSOA JURÍDICA. GRUPO ECONÔMICO "DE
FATO". INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE
JURÍDICA. CASO CONCRETO. NECESSIDADE. 1. O incidente de
desconsideração da personalidade jurídica (art. 133 do CPC/2015) não se
instaura no processo executivo fiscal nos casos em que a Fazenda exequente
pretende alcançar pessoa jurídica distinta daquela contra a qual,
originalmente, foi ajuizada a execução, mas cujo nome consta na Certidão de
Dívida Ativa, após regular procedimento administrativo, ou, mesmo o nome
não estando no título executivo, o fisco demonstre a responsabilidade, na
qualidade de terceiro, em consonância com os artigos 134 e 135 do CTN. 2.
Às exceções da prévia previsão em lei sobre a responsabilidade de terceiros
e do abuso de personalidade jurídica, o só fato de integrar grupo econômico
não torna uma pessoa jurídica responsável pelos tributos inadimplidos pelas
outras. 3. O redirecionamento de execução fiscal a pessoa jurídica que
integra o mesmo grupo econômico da sociedade empresária originalmente

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 47


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
executada, mas que não foi identificada no ato de lançamento (nome na CDA)
ou que não se enquadra nas hipóteses dos arts. 134 e 135 do CTN, depende
da comprovação do abuso de personalidade, caracterizado pelo desvio de
finalidade ou confusão patrimonial, tal como consta do art. 50 do Código Civil,
daí porque, nesse caso, é necessária a instauração do incidente de
desconsideração da personalidade da pessoa jurídica devedora. 4. Hipótese
em que o TRF4, na vigência do CPC/2015, preocupou-se em aferir os
elementos que entendeu necessários à caracterização, de fato, do grupo
econômico e, entendendo presentes, concluiu pela solidariedade das
pessoas jurídicas, fazendo menção à legislação trabalhista e à Lei n.
8.212/1991, dispensando a instauração do incidente, por compreendê-lo
incabível nas execuções fiscais, decisão que merece ser cassada. 5. Recurso
especial da sociedade empresária provido.

Segundo Gajardoni, o incidente sempre poderá ser aplicado (não prevalece na doutrina).
Contudo, não é uma solução adequada para a Fazenda Pública, já que as hipóteses de
desconsiderações são totalmente diversas das hipóteses de responsabilização de terceiros.

RECURSOS CABÍVEIS

Prevê o art. 34 da Lei de Execução Fiscal que quando a condenação for igual ou inferir a 50
ORTN somente será admitido embargos infringentes (julgado pelo próprio juiz da causa) e de
declaração, não cabendo apelação para o TJ.

Art. 34, § 2º - Os embargos infringentes, instruídos, ou não, com documentos


novos, serão deduzidos, no prazo de 10 (dez) dias perante o mesmo Juízo,
em petição fundamentada.

Já houve o questionamento acerca da constitucionalidade do art. 34, §2º por suposta


violação ao duplo grau de jurisdição, o STF entendeu que o dispositivo é constitucional.

Contra a decisão nos embargos infringentes, não cabe mandado de segurança. Será
impugnada mediante recurso extraordinário, conforme entendimento do STJ.

INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA. PROCESSUAL CIVIL E


TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. CAUSA DE ALÇADA. RECURSO
ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. ART. 34 DA LEI 6.830/80.
CONSTITUCIONALIDADE RECONHECIDA PELO STF NO ARE 637.975-
RG/MG - TEMA 408/STF. EXECUÇÃO FISCAL DE VALOR IGUAL OU
INFERIOR A 50 ORTN'S. SENTENÇA EXTINTIVA. RECURSOS CABÍVEIS.
EMBARGOS INFRINGENTES E DE DECLARAÇÃO. EXCEÇÃO. RECURSO
EXTRAORDINÁRIO (SÚMULA 640/STF). MANDADO DE SEGURANÇA.
SUCEDÂNEO RECURSAL. NÃO CABIMENTO. SÚMULA 267/STF. 1. Cinge-
se a questão em definir sobre ser adequado, ou não, o manejo de mandado
de segurança para atacar decisão judicial proferida no contexto do art. 34 da
Lei 6.830/80, tema reputado infraconstitucional pela Suprema Corte (ARE
963.889 RG, Relator Min. Teori Zavascki, DJe 27/05/2016). 2. Dispõe o artigo
34 da Lei 6.830/80 que, "Das sentenças de primeira instância proferidas em
execuções de valor igual ou inferior a 50 (cinquenta) Obrigações Reajustáveis
do Tesouro Nacional - ORTN, só se admitirão embargos infringentes e de
declaração". 3. O Supremo Tribunal Federal, ao julgar o ARE 637.975-

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 48


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
RG/MG, na sistemática da repercussão geral, firmou a tese de que "É
compatível com a Constituição o art. 34 da Lei 6.830/1980, que afirma
incabível apelação em casos de execução fiscal cujo valor seja inferior a 50
ORTN" (Tema 408/STF). 4. Nessa linha de compreensão, tem-se, então, que,
das decisões judiciais proferidas no âmbito do art. 34 da Lei nº 6.830/80, são
oponíveis somente embargos de declaração e embargos infringentes,
entendimento excepcionado pelo eventual cabimento de recurso
extraordinário, a teor do que dispõe a Súmula 640/STF ("É cabível recurso
extraordinário contra decisão proferida por juiz de primeiro grau nas causas
de alçada, ou por turma recursal de Juizado Especial Cível ou Criminal"). 5.
É incabível o emprego do mandado de segurança como sucedâneo recursal,
nos termos da Súmula 267/STF ("Não cabe mandado de segurança contra
ato judicial passível de recurso ou correição"), não se podendo, ademais,
tachar de teratológica decisão que cumpre comando específico existente na
Lei de Execuções Fiscais (art. 34). 6. Precedentes: AgInt no RMS 55.125/SP,
Rel. Ministra Regina Helena Costa, Primeira Turma, DJe 16/11/2017; AgInt
no RMS 54.845/SP, Rel. Ministro Gurgel de Faria, Primeira Turma, DJe
18/12/2017; AgInt no RMS 53.232/SP, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia
Filho, Primeira Turma, DJe 11/05/2017; AgInt no RMS 53.267/SP, Rel.
Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe 10/05/2017; AgRg no AgRg no
RMS 43.562/SP, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe
24/10/2013; RMS 42.738/MG, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira
Turma, DJe 21/08/2013; AgRg no RMS 38.790/SP, Rel. Ministro Ari
Pargendler, Primeira Turma, DJe 02/04/2013; RMS 53.613/SP, Rel. Ministra
Assusete Magalhães, Segunda Turma, DJe 24/05/2017; RMS 53.096/SP,
Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 20/04/2017; AgInt no
RMS 53.264/SP, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma,
DJe 07/04/2017; AgInt no RMS 50.271/SP, Rel. Ministra Diva Malerbi
(Desembargadora Convocada TRF 3ª Região), Segunda Turma, DJe
12/08/2016. 7. TESE FIRMADA: "Não é cabível mandado de segurança
contra decisão proferida em execução fiscal no contexto do art. 34 da Lei
6.830/80". 8. Resolução do caso concreto: recurso ordinário do município de
Leme/SP, a que se nega provimento.

EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL E GARANTIA DO JUÍZO

Há um conflito aparente de normas entre o art. 16, §1º da Lei de Execução Fiscal e o art.
914, do CPC

Art. 16 - O executado oferecerá embargos, no prazo de 30 (trinta) dias,


contados:
§ 1º - Não são admissíveis embargos do executado antes de garantida a
execução.

Art. 914. O executado, independentemente de penhora, depósito ou caução,


poderá se opor à execução por meio de embargos.

Conforme já decidiu o STJ, nos casos de execução fiscal, em razão do princípio da


especialidade, aplica-se a Lei de Execução Fiscal. Portanto, exige-se a garantia do juízo (na análise
do caso concreto, excepcionalmente, pode ser dispensada).

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 49


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. EMBARGOS DO DEVEDOR.
EXECUTADO. BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA. PATRIMÔNIO.
INEXISTÊNCIA. HIPOSSUFICIÊNCIA. EXAME. GARANTIA DO JUÍZO.
AFASTAMENTO. POSSIBILIDADE. 1. "Aos recursos interpostos com
fundamento no CPC/1973 (relativos a decisões publicadas até 17 de março
de 2016) devem ser exigidos os requisitos de admissibilidade na forma nele
prevista, com as interpretações dadas, até então, pela jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça" (Enunciado Administrativo n. 2 - STJ). 2. Os
embargos são o meio de defesa do executado contra a cobrança da dívida
tributária ou não tributária da Fazenda Pública, mas que "não serão
admissíveis ... antes de garantida a execução" (art. 16, § 1º, da Lei n.
6.830/80). 3. No julgamento do recurso especial n. 1.272.827/PE, Rel. Min.
Mauro Campbell Marques, submetido ao rito dos recursos repetitivos, a
Primeira Seção sedimentou orientação segunda a qual, "em atenção ao
princípio da especialidade da LEF, mantido com a reforma do CPC/73, a nova
redação do art. 736 do CPC dada pela Lei n. 11.382/2006 - artigo que
dispensa a garantia como condicionante dos embargos - não se aplica às
execuções fiscais diante da presença de dispositivo específico, qual seja o
art. 16, § 1º, da Lei n. 6.830/80, que exige expressamente a garantia para a
apresentação dos embargos à execução fiscal." 4. A Constituição Federal de
1988, por sua vez, resguarda a todos os cidadãos o direito de acesso ao
Poder Judiciário, ao contraditório e à ampla defesa (art. 5º, CF/88), tendo esta
Corte Superior, com base em tais princípios constitucionais, mitigado a
obrigatoriedade de garantia integral do crédito executado para o recebimento
dos embargos à execução fiscal, restando o tema, mutatis mutandis, também
definido na Primeira Seção, no julgamento do REsp 1.127.815/SP, na
sistemática dos recursos repetitivos. 5. Nessa linha de interpretação, deve
ser afastada a exigência da garantia do juízo para a oposição de embargos à
execução fiscal, caso comprovado inequivocamente que o devedor não
possui patrimônio para garantia do crédito exequendo. 6. Nada impede que,
no curso do processo de embargos à execução, a Fazenda Nacional
diligencie à procura de bens de propriedade do embargante aptos à penhora,
garantindo-se posteriormente a execução. 7. Na hipótese dos autos, o
executado é beneficiário da assistência judiciária gratuita e os embargos por
ele opostos não foram recebidos, culminando com a extinção do processo
sem julgamento de mérito, ao fundamento de inexistência de segurança do
juízo. 8. Num raciocínio sistemático da legislação federal aplicada, pelo
simples fato do executado ser amparado pela gratuidade judicial, não há
previsão expressa autorizando a oposição dos embargos sem a garantia do
juízo. 9. In casu a controvérsia deve ser resolvida não sob esse ângulo (do
executado ser beneficiário, ou não, da justiça gratuita), mas sim, pelo lado da
sua hipossuficiência, pois, adotando-se tese contrária, "tal implicaria em
garantir o direito de defesa ao "rico", que dispõe de patrimônio suficiente para
segurar o Juízo, e negar o direito de defesa ao "pobre". 10. Não tendo a
hipossuficiência do executado sido enfrentada pelas instâncias ordinárias,
premissa fática indispensável para a solução do litígio, é de rigor a devolução
dos autos à origem para que defina tal circunstância, mostrando-se
necessária a investigação da existência de bens ou direitos penhoráveis,
ainda que sejam insuficientes à garantia do débito e, por óbvio, com
observância das limitações legais. 11. Recurso especial provido, em parte,
para cassar o acórdão recorrido.

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 50


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL E EFEITO SUSPENSIVO

Diferentemente do que ocorre na garantia do juízo, o STJ entende que eventual efeitos
suspensivo deve seguir o art. 919 do CPC, já que não há previsão da Lei de Execução Fiscal.

Art. 919. Os embargos à execução não terão efeito suspensivo.


§ 1º O juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo
aos embargos quando verificados os requisitos para a concessão da tutela
provisória e desde que a execução já esteja garantida por penhora, depósito
ou caução suficientes.
§ 2º Cessando as circunstâncias que a motivaram, a decisão relativa aos
efeitos dos embargos poderá, a requerimento da parte, ser modificada ou
revogada a qualquer tempo, em decisão fundamentada.
§ 3º Quando o efeito suspensivo atribuído aos embargos disser respeito
apenas a parte do objeto da execução, esta prosseguirá quanto à parte
restante.
§ 4º A concessão de efeito suspensivo aos embargos oferecidos por um dos
executados não suspenderá a execução contra os que não embargaram
quando o respectivo fundamento disser respeito exclusivamente ao
embargante.
§ 5º A concessão de efeito suspensivo não impedirá a efetivação dos atos de
substituição, de reforço ou de redução da penhora e de avaliação dos bens.

CABIMENTO DE EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE

É cabível exceção de pré-executividade em execução fiscal, desde que envolvam questões


de ordem pública ou que a matéria alegada seja provada de plano.

Súmula 393 STJ: A exceção de pré-executividade é admissível na execução


fiscal relativamente às matérias conhecíveis de ofício que não demandem
dilação probatória.

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 51


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
QUESTÕES PROCESSUAIS

1. REVELIA

Revelia é a presunção de veracidade dos fatos alegados na inicial quando a parte não se
defende, nos termos do art. 344 do CPC.

Art. 344. Se o réu não contestar a ação, será considerado revel e presumir-
se-ão verdadeiras as alegações de fato formuladas pelo autor.

Quando a relação jurídica for derivada de direito público, em razão da indisponibilidade do


interesse, não poderá ser aplicada a revelia contra a Fazenda Pública. Por outro lado, tratando-se
de relação jurídica derivada direito privado, a exemplo da cobrança por dado em um atropelamento
pela viatura da prefeitura, será aplicável a revelia.

FAZENDA PÚBICA E REVELIA DIREITO PROCESSUAL CIVIL.


INCIDÊNCIA DOS EFEITOS MATERIAIS DA REVELIA CONTRA A
FAZENDA PÚBLICA EM CONTRATOS DE DIREITO PRIVADO. Incidem os
efeitos materiais da revelia contra o Poder Público na hipótese em que,
devidamente citado, deixa de contestar o pedido do autor, sempre que estiver
em litígio uma obrigação de direito privado firmada pela Administração
Pública, e não um contrato genuinamente administrativo. Segundo os arts.
319 e 320, II, ambos do CPC, se o réu não contestar a ação, reputar-se-ão
verdadeiros os fatos afirmados pelo autor, não induzindo a revelia esse efeito
se o litígio versar sobre direitos indisponíveis. A Administração Pública
celebra não só contratos regidos pelo direito público (contratos
administrativos), mas também contratos de direito privado em que não se faz
presente a superioridade do Poder Público frente ao particular (contratos da
administração), embora em ambos o móvel da contratação seja o interesse
público. A supremacia do interesse público ou sua indisponibilidade não
justifica que a Administração não cumpra suas obrigações contratuais e,
quando judicializadas, não conteste a ação sem que lhe sejam atribuídos os
ônus ordinários de sua inércia, não sendo possível afastar os efeitos materiais
da revelia sempre que estiver em debate contrato regido predominantemente
pelo direito privado, situação na qual a Administração ocupa o mesmo degrau
do outro contratante, sob pena de se permitir que a superioridade no âmbito
processual acabe por desnaturar a própria relação jurídica contratual firmada.
A inadimplência contratual do Estado atende apenas a uma ilegítima e
deformada feição do interesse público secundário de conferir benefícios à
Administração em detrimento dos interesses não menos legítimos dos
particulares, circunstância não tutelada pela limitação dos efeitos da revelia
prevista no art. 320, II, do CPC. Dessa forma, o reconhecimento da dívida
contratual não significa disposição de direitos indisponíveis; pois, além de o
cumprimento do contrato ser um dever que satisfaz o interesse público de
não ter o Estado como inadimplente, se realmente o direito fosse indisponível,
não seria possível a renúncia tácita da prescrição com o pagamento
administrativo da dívida fulminada pelo tempo. (REsp 1.084.745-MG, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 6/11/2012).

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 52


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
2. MULTA POR RECURSO PROTELATÓRIO

O CPC prevê que a interposição de agravo interno e de embargos de declaração, com


caráter protelatório, enseja a aplicação da multa. Ficando condicionado a interposição de qualquer
recurso ao depósito prévio da multa.

Contudo, a Fazenda Pública, apesar de sofrer a sanção no caso de recurso protelatório, não
fica condicionada ao depósito prévio para interpor recursos.

Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o
respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras
do regimento interno do tribunal.
§ 5º A interposição de qualquer outro recurso está condicionada ao depósito
prévio do valor da multa prevista no § 4º, à exceção da Fazenda Pública e do
beneficiário de gratuidade da justiça, que farão o pagamento ao final.

Art. 1.026. Os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo e


interrompem o prazo para a interposição de recurso.
§ 3º Na reiteração de embargos de declaração manifestamente protelatórios,
a multa será elevada a até dez por cento sobre o valor atualizado da causa,
e a interposição de qualquer recurso ficará condicionada ao depósito prévio
do valor da multa, à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de
gratuidade da justiça, que a recolherão ao final.

3. PEDIDO DE SUSPENSÃO DE SEGURANÇA

Conforme leciona Leonardo da Cunha, “o pedido de suspensão de liminar ou de segurança


é conferido às pessoas jurídicas de direito público por leis extravagantes sempre que houver lesão
a um dos interesses públicos relevantes. Assim, e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à
segurança e à economia públicas, permite-se o ajuizamento de requerimento dirigido ao presidente
do respectivo tribunal, a fim de que seja suspensa a execução ou o cumprimento da liminar”.

Poderá ser intentado por pessoa jurídica de direito público (União, Estados, Distrito Federal,
Municípios, autarquias e fundações públicas). A competência para apreciar o pedido de suspensão
é do presidente do tribunal que teria competência para julgar o recurso contra a decisão concessiva
do provimento liminar, antecipatório ou final de mérito.

LMS
Art. 15. Quando, a requerimento de pessoa jurídica de direito público
interessada ou do Ministério Público e para evitar grave lesão à ordem, à
saúde, à segurança e à economia públicas, o presidente do tribunal ao qual
couber o conhecimento do respectivo recurso suspender, em decisão
fundamentada, a execução da liminar e da sentença, dessa decisão caberá
agravo, sem efeito suspensivo, no prazo de 5 (cinco) dias, que será levado a
julgamento na sessão seguinte à sua interposição.
§ 1o Indeferido o pedido de suspensão ou provido o agravo a que se refere
o caput deste artigo, caberá novo pedido de suspensão ao presidente do
tribunal competente para conhecer de eventual recurso especial ou
extraordinário.

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 53


Disponibilizado exclusivamente para JOSÉ CLÉCIO SANTOS VARJAO, documento 027.879.795-48, email escritorioclecio@hotmail.com

.
§ 2o É cabível também o pedido de suspensão a que se refere o § 1o deste
artigo, quando negado provimento a agravo de instrumento interposto contra
a liminar a que se refere este artigo.
§ 3o A interposição de agravo de instrumento contra liminar concedida nas
ações movidas contra o poder público e seus agentes não prejudica nem
condiciona o julgamento do pedido de suspensão a que se refere este artigo.
§ 4o O presidente do tribunal poderá conferir ao pedido efeito suspensivo
liminar se constatar, em juízo prévio, a plausibilidade do direito invocado e a
urgência na concessão da medida.
§ 5o As liminares cujo objeto seja idêntico poderão ser suspensas em uma
única decisão, podendo o presidente do tribunal estender os efeitos da
suspensão a liminares supervenientes, mediante simples aditamento do
pedido original.

Lei 8.437/92 - Art. 4° Compete ao presidente do tribunal, ao qual couber o


conhecimento do respectivo recurso, suspender, em despacho
fundamentado, a execução da liminar nas ações movidas contra o Poder
Público ou seus agentes, a requerimento do Ministério Público ou da pessoa
jurídica de direito público interessada, em caso de manifesto interesse público
ou de flagrante ilegitimidade, e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à
segurança e à economia públicas.
§ 1° Aplica-se o disposto neste artigo à sentença proferida em processo de
ação cautelar inominada, no processo de ação popular e na ação civil pública,
enquanto não transitada em julgado.
§ 2o O Presidente do Tribunal poderá ouvir o autor e o Ministério Público, em
setenta e duas horas.
§ 3o Do despacho que conceder ou negar a suspensão, caberá agravo, no
prazo de cinco dias, que será levado a julgamento na sessão seguinte a sua
interposição.
§ 4o Se do julgamento do agravo de que trata o § 3o resultar a manutenção
ou o restabelecimento da decisão que se pretende suspender, caberá novo
pedido de suspensão ao Presidente do Tribunal competente para conhecer
de eventual recurso especial ou extraordinário.
§ 5o É cabível também o pedido de suspensão a que se refere o § 4o, quando
negado provimento a agravo de instrumento interposto contra a liminar a que
se refere este artigo.
§ 6o A interposição do agravo de instrumento contra liminar concedida nas
ações movidas contra o Poder Público e seus agentes não prejudica nem
condiciona o julgamento do pedido de suspensão a que se refere este
artigo.
§ 7o O Presidente do Tribunal poderá conferir ao pedido efeito suspensivo
liminar, se constatar, em juízo prévio, a plausibilidade do direito invocado e a
urgência na concessão da medida.
§ 8o As liminares cujo objeto seja idêntico poderão ser suspensas em uma
única decisão, podendo o Presidente do Tribunal estender os efeitos da
suspensão a liminares supervenientes, mediante simples aditamento do
pedido original.
§ 9o A suspensão deferida pelo Presidente do Tribunal vigorará até o trânsito
em julgado da decisão de mérito na ação principal.

CS – FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 54

Você também pode gostar