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QUESTÃO

José do Patrocínio, estudante de Direito da FDA-UFAL, ficou extasiado com as manifestações populares
havidas em São Paulo e no Rio de Janeiro, em especial os ataques feitos por grupamentos mascarados que
danificavam bancos, concessionárias de autos de luxo e lanchonetes da McDonald’s, embora fosse um
consumidor fiel do Big Mac e da Coca Cola com pouco gás e muito gelo, servida na rede de lanchonetes
multinacional, afinal não se tratava de hamburgueria gourmet e ele podia pagar.

Patrocínio, então com 20 anos de idade (Art, 65, I), ficava indignado com a pasmaceira de Maceió: -
“uma província sem pegada revolucionária”, dizia. Leitor do “Manifesto Comunista” de Marx e Engels,
desejava, agora, adquirir “Qu'est-ce que la propriété? ou Recherche sur le principe du Droit et du
Gouvernment”, obra de Pierre-Joseph Proudhon, que o impressionara bastante em função de uma fala do
Professor em aula citando o filósofo: “propriedade é roubo”.

Como cursava francês, na Aliança, e sabia da existência da obra entre as coleções da Biblioteca Geral da
UFAL, resolveu tomar emprestada, porém com o firme propósito de se apropriar, tanto que, passados
mais de 10 meses da expiração do prazo, não a devolveu.
Durante esses meses, envolto com a leitura do livro, influenciado pelos black blocs do sudeste, indignado
com o Reitor que não recebeu um grupo de alunos do Diretório Central dos Estudantes e negando para si
o valor civilizatório da lei, resolveu bolar um plano para depredar a própria Universidade (Culpabilidade
= premeditação, maior condição de evitabilidade).

Aproveitando que estudava a noite, demorava um pouco mais para sair e, uma vez por semana, destruía
e/ou inutilizava portas e vidraças, pichando, ademais, as paredes com o símbolo do anarquismo.

Na quarta semana, em sua última investida, ao derrubar uma porta deparou-se em uma sala na Reitoria
com um “iMac” da Apple com “tela de retina”.

Seus olhos brilharam, era o seu sonho de consumo, todavia um sonho distante, pois não tinha condições
para comprar: não trabalhava e vivia às expensas dos pais, pessoas de classe média - um professor de
ensino médio no COC e uma bancária do Santander.

Não teve dúvidas, subtraiu o computador e o levou para o seu quarto, em sua residência.

Patrocínio, não obstante pedidos de sua mãe, sequer buscava um estágio para poder pagar pequenas
despesas. Era aluno perspicaz, embora pouco empenhado e com desempenho sofrível nas várias
disciplinas que cursou. (Conduta social e personalidade, nexo com o crime)

Já foi preso pela polícia em uma briga de rua, discutia muito com o pai a quem intitulava de
“reacionário”, e consumia, em raves, anfetaminas as quais chamava de “bala”.

Quando da execução do dano, Patrocínio estava sob o efeito da “tulipa azul”, um tipo de anfetamina que
confessou, perante o Juiz, usou para tomar coragem no momento da conduta criminosa.

Após investigação policial desvendar os fatos, facilitada pelas fotos da ação enviadas por ele próprio para
colegas, através Instagram,

ele foi processado e, ao final, condenado por apropriação indébita (CP, art. 168), dano ao patrimônio
público (CP, art. 163, III) e furto (CP, art. 155).
Diante do caso hipotético apresentado aplique a pena, considerando, inclusive, a espécie de concurso
de crimes

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