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Fábio da Silva
Doutorando em Administração pela Universidade Potiguar (UNP)
Instituição: Universidade Potiguar (UNP)
Endereço: Natal - RN, Brasil
E-mail: fabiosoyme@hotmail.com
Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.16, n.9, p. 16591-16607, 2023 16591
RESUMO
O presente artigo é um ensaio teórico que visa discutir a aplicabilidade da ética e da
sustentabilidade na perspectiva empreendedora. Assim este artigo buscou verificar os conceitos
e formas na utilização dos princípios da sustentabilidade nas empresas e organizações. Neste
sentido o estudo foi realizado uma revisão sistemática de literatura e por meio de pesquisa
bibliográfica e em artigos científicos, apresentando conceitos acerca dos temas e discutindo as
controversas visões sobre a ética nas organizações tendo como base além de livros e publicações
das principais revistas eletrônicas de administração. Ética e sustentabilidade nos negócios são
temas emergentes que vem ganhando cada vez mais espaço para discussão no meio acadêmico e
empresarial. Entende-se por empresa responsável socialmente, com padrões éticos aceitáveis de
comportamento e sustentável, aquela que busca o equilíbrio entre os pilares econômico, social e
ambiental, agindo de forma a preservar além da sustentabilidade do seu negócio, o bem estar
coletivo utilizando boas práticas de gestão, atitudes legalmente e socialmente aceitas e para
referenciar a sustentabilidade que tem como objetivo procurar satisfazer as necessidades
presentes de produção e consumo, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir
suas próprias necessidades.
ABSTRACT
This article is a theoretical essay aimed at discussing the applicability of ethics and sustainability
from an entrepreneurial perspective. This article sought to verify the concepts and ways in which
the principles of sustainability are used in companies and organizations. A systematic literature
review was carried out using bibliographic research and scientific articles, presenting concepts
on the themes and discussing the controversial views on ethics in organizations, based on books
and publications in the main electronic management journals. Ethics and sustainability in
business are emerging themes that are gaining more and more space for discussion in the
academic and business world. A socially responsible company, with acceptable ethical standards
of behavior and sustainability, is one that seeks a balance between the economic, social and
environmental pillars, acting in such a way as to preserve, in addition to the sustainability of its
business, the collective well-being using good management practices, legally and socially
accepted attitudes and to refer to sustainability, which aims to meet present production and
consumption needs without compromising the ability of future generations to meet their own
needs.
1 INTRODUÇÃO
Atualmente, o tema desenvolvimento sustentável tem se evidenciado de forma crescente
no cenário econômico mundial, existindo assim uma concordância quanto à importância de se
minimizar a poluição ambiental e os desperdícios, reduzindo o índice de pobreza e desigualdade
social. As preocupações com a sustentabilidade chegam ao setor empresarial, que passam a
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buscar, de forma simultânea, ser eficiente em termos econômicos, optando por práticas mais
responsáveis de negócios.
É cada vez maior o interesse da sociedade por empresas que buscam transparecer a
imagem de organização politicamente correta, ambientalmente responsáveis e que buscam o
bem-estar social (ZYLBERSZTAJN, 2002; SERPA, 2006; ALMEIDA, 2007). Neste contexto,
estudiosos buscam formular modelos de avaliação para a manutenção do equilíbrio entre os
interesses pessoais e coletivos (URDAN e ZUÑIGA, 2001; PEIXOTO, 2004; OLIVEIRA et al.,
2004 apud SERPA, 2006). Por vezes estes interesses entre as mais diversas pessoas ligadas às
organizações são conflitantes até mesmo com os próprios interesses da empresa (ALMEIDA,
2007). É dentro deste ambiente de diferentes motivações e razões que valores morais e conduta
ética são importantes para auxiliar o profissional a tomar decisões condizentes com determinadas
exigências que a sociedade busca e espera.
A preocupação das empresas com seus objetivos e resultados quantitativos acabam
deixando em plano secundário, princípios que deveriam ser básicos tanto para as empresas como
para as pessoas que as conduzem.
Civilidade, ética, responsabilidade social e ambiental começam a ganhar maior espaço no
ambiente organizacional a partir do momento que as empresas começam a despertar que,
seguindo preceitos de boa conduta, podem criar diferenciais competitivos através de uma imagem
translúcida de ações éticas e responsáveis social e ambientalmente. Na dinâmica atual de
mercado entende-se que não há mais espaço para competição entre resultado econômico e
sustentabilidade (ALMEIDA, 2007). Frente ao novo arranjo mercadológico as empresas devem
estar ligadas às suas responsabilidades econômicas e legais, porém necessitam despertar para
assuntos ligados ao bem estar social e a conduta ética dentro e fora de seus domínios, pois
desenvolvendo e implementando de fato determinados valores asseguram a própria
sustentabilidade.
O objetivo deste artigo é poder, pela pesquisa, analisar incentivos a novas tecnologias que
empresas vêm efetuando atualmente no conceito de sustentabilidade, demonstrando o impacto
tanto financeiro quanto competitivo das empresas e os benefícios ao meio ambiente.
Com abordagem de pesquisa qualitativa que pretende descrever a complexidade de
determinados problemas e a interação entre as variáveis constituintes. Já o procedimento técnico
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baseia-se na pesquisa bibliográfica, que é desenvolvida a partir de material já elaborado, consti-
tuído, principalmente, de livros e artigos científicos (DIEHL e TATIM, 2004).
A justificativa do trabalho é mostrar os benefícios e a importância do sustentabilidade,
nas empresas, para a preservação do meio ambiente, que, segundo Araújo (2006), é composta
por ações que as organizações realizam, visando à redução de impactos ambientais e à promoção
de programas sociais que se mantêm economicamente viáveis no mercado.
Nas empresas e nos negócios, a ética deve ser olhada de dois pontos de vista que se
complementam: Ética Empresarial – ou seja, a conduta da entidade que chamamos
empresa, formal e juridicamente entendida como pessoa coletiva [...]. Ética Profissional
– ou seja, a conduta individual das pessoas que trabalham na e para a empresa enquanto
indivíduos adultos e responsáveis (OLIVEIRA, 2010, p.415).
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O enfoque proposto por Ashley (2005) sugere que as responsabilidades éticas
correspondem a atividades e comportamentos esperados, quando no sentido positivo, e
reprovados quando no sentido negativo por membros da sociedade. Estes padrões, esperados ou
reprovados, não constam formalizados em leis ou descritos detalhadamente em algum código
sendo que a responsabilidade ética envolve normas ou expectativas de comportamento para
atender as expectativas do público envolvido com a organização.
Para haver debate acerca do que é ou não ético, é necessário considerar fatores como as
expectativas da sociedade sobre a empresa, a cidadania corporativa, ou seja, o nível de
engajamento da empresa com atividades que promovam o bem estar social, menor dependência
de normas legais para buscar a cidadania corporativa e por fim os direitos dos stakeholders onde
a empresa deve ser responsável por agir de forma equilibrada buscando respeitar os direitos dos
acionistas e demais pessoas ligadas (OLIVEIRA, 2010).
A necessidade de se adotar o comportamento ético nas organizações em função da
crescente pressão social pelo tema e da premissa de que nas organizações estabelecem-se
condutas baseadas nos valores morais que aceitamos enquanto indivíduos é cada vez maior. Não
se pretende, cobrando postura ética dos gestores nas empresas, dizer que não haverá mazelas
após adoção de comportamento ético organizacional, pois não são as empresas as únicas
responsáveis pelo atual momento sócio econômico vivido mundialmente.
Com a incorporação de comportamentos eticamente aceitos as empresas adquirem
medidas em suas ações dentro de sua realidade de livre arbítrio uma vez que estão sob constante
vigilância de consumidores cada vez mais exigentes que não poupam esforços para boicotar
determinada atitude caso esta seja interpretada como abusiva ou fora dos padrões aceitáveis de
conduta podendo gerar assim grande ônus para a organização (SROUR, 2000).
O esforço para reverter eventual dano de imagem pode ser muito maior do que o esforço
pela busca de práticas de comportamento ético nas empresas.
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3 ÉTICA PARA A SUSTENTABILIDADE
Percebe-se que existe uma necessidade urgente de mudança de vida porque já está
comprovado que o meio ambiente é finito e que a vida no planeta resta ameaçada.
Assim, a dimensão ética trata de uma questão existencial, pois é algo que busca garantir
a vida, não estando simplesmente relacionado à natureza, mas a toda uma relação entre o
indivíduo e o ambiente a sua volta.
A ética precisa nascer da essência do humano, é preciso que exista um sentimento de
felicidade humana; “sentir-se em casa”. O homem com consciência, inteligência, vontade e amor
é cuidador da terra.
Essa ideia está muito ligada aos dizeres da Carta da Terra feita pela UNESCO no ano de
2000: “Esta situação nos obriga a viver um sentido de responsabilidade universal, identificando-
nos com toda a comunidade de vida terrestre bem como com a nossa comunidade local”.
A ética, portanto, estuda as relações entre o indivíduo e o contexto em que está situado.
Ou seja, entre o individualizado e o mundo a sua volta. Procura enunciar e explicar as
regras, normas, leis e princípios que regem os fenômenos éticos. São fenômenos éticos
todos os acontecimentos que ocorrem nas relações entre o indivíduo e o seu contexto.
A efetividade da ética está na sua utilização/prática. Pode-se saber muito de ética, mas o
verdadeiro valor da ética não está nesses conhecimentos acumulados, mas no uso aplicado sobre
atos e comportamentos que deles se possa fazer.
Aquele que muito conhece e pouco prática em ética não pode ser chamado de prudente
ou virtuoso pelo simples fato de conhecer. É preciso ter uma distinção entre o saber ético e a
prática ética. Identifica-se, portanto, as seguintes características da ética para sustentabilidade:
1. Visão sistêmica do mundo e da vida;
2. Reconhecimento dos limites de uso da natureza e da finitude dos recursos naturais;
3. Compromisso com a construção do desenvolvimento sustentável, em uma
perspectiva presente e futura;
4. Satisfação das necessidades básicas, materiais, culturais e psico-sociais;
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5. Respeito à diversidade cultural, ética, política, religiosa e de gênero;
6. Valorização dos outros;
7. Responsabilidade individual e social com as nossas atitudes;
8. Reconhecimento do direito à vida com as nossas atitudes;
9. Comprometimento com os direitos humanos, democracia, paz justiça e amor.
Para o alcance efetivo da dimensão ética da sustentabilidade é preciso basear-se em quatro
princípios: a) O princípio da afetividade; b) O princípio do cuidado e da compaixão; c) O
princípio da cooperação e d) O princípio da responsabilidade.
O impasse na construção de uma ética de responsabilidade e cuidado para com o meio
ambiente, ao partir do pressuposto de que a ética auxilia na busca do que é bom e desejável para
todos, torna-se uma discussão que envolve as organizações e empresas inevitavelmente.
Uma possível resposta a essa questão foi apresentada por Jonas ao propor “uma ética de
responsabilidade para com as gerações futuras e que nortearia o agir humano com vistas a
sobrevivência planetária. ” (ALENCASTRO, 2009, p. 14).
As questões centrais acerca das organizações sustentáveis dizem respeito, basicamente:
ao desenvolvimento de novos produtos e processos mais eficientes; a novas práticas de
marketing; à utilização de materiais mais adequados; à reciclagem e redução do consumo de
energia e água; e a estratégias e/ou ações que minimizem os impactos ambientais da poluição e
da emissão de gases e resíduos e que promovam a sustentabilidade.
Nesse contexto, a responsabilidade sobre problemas ambientais é coletiva: empresas
desenvolvem produtos e métodos de produção ambientalmente amigáveis, com melhores
condições de trabalho; consumidores desenvolvem uma nova consciência sobre a sustentabili-
dade do planeta por meio do consumo responsável; e governos estabelecem marcos regulatórios
que promovam melhorias no meio ambiente. Ou seja, todos os atores sociais passam a adotar
novos comportamentos que mitiguem riscos ao meio ambiente e busquem o uso mais racional e
eficiente dos recursos naturais.
Payne e Raiborn (2001), ao analisarem o comportamento ético das organizações,
relacionando as questões econômicas com o desenvolvimento sustentável, afirmam que as
empresas estão se tornando mais conscientes quanto às questões ambientais e seus impactos no
ambiente empresarial. Esse comportamento que denominam “ambientalismo dos negócios”
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(business environmentalism) deverá ir além do cumprimento das leis, refletindo na missão, nas
políticas e nas ações organizacionais.
Em tese, políticas empresariais sustentáveis ajudam a promover a redução dos custos,
incrementar vendas e melhorar a reputação das organizações, além de limitar a poluição e o
esgotamento dos recursos. Dessa maneira, ações sustentáveis tornam-se importante valor,
inclusive ético, a ser adotado em todos os negócios.
4 FALANDO DE SUSTENTABILIDADE
Sustentabilidade é um termo relativamente antigo, originário no saber técnico da
agricultura no século XIX (SUNKEL, 2001). Porém, a preocupação da sustentabilidade com o
meio ambiente parece um tema recente, discutido por autores de diversas linhas de pensamento
e de diferentes formações acadêmicas. O estudo do tema se intensificou nas décadas de 1980 e
1990, em decorrência do aumento da preocupação com a questão ambiental. Preocupação esta,
que diz respeito ao intenso processo de degradação generalizada do meio ambiente e dos recursos
naturais, provocados pela intensificação do crescimento econômico e populacional ocorridos no
século XX.
Segundo Starke (1991), o termo desenvolvimento sustentável surgiu em 1980 no
documento: Estratégia de Conservação Mundial - conservação dos recursos vivos para o
desenvolvimento sustentável. Esse documento foi publicado pela União Internacional para a
Conservação da Natureza - UICN, pelo Fundo Mundial para Vida Selvagem - WWF e pelo
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente - PNUMA. De acordo com o texto: “para
ser sustentável, o desenvolvimento precisa levar em conta fatores sociais e ecológicos, assim
como econômicos; as bases dos recursos vivos e não-vivos; as vantagens de ações alternativas, a
longo e a curto prazo” (STARKE, 1991, p. 9).
A visão de práticas sustentáveis difundiu-se principalmente após a criação, pela
Organização das Nações Unidas - ONU, da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento - CMMAD, em 1983. Nesse momento, foi materializado o relatório: Nosso
Futuro Comum, um documento responsável pelas primeiras conceituações oficiais, formais e
sistematizadas sobre o desenvolvimento sustentável. Neste novo paradigma, o relatório
conceituou desenvolvimento sustentável como “desenvolvimento que permite satisfazer as
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necessidades presentes sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer suas
próprias necessidades” (WCED, 1987, p.43).
Sustentabilidade pode ser definida como: “O suficiente, para todos, em todos os lugares
e sempre”. A ideia é que devemos consumir o necessário para nossa vida, e diminuir o consumo
abusivo e depredador para podemos garantir a vida para todos, aqui abarcadas todas as formas
de vida, numa visão biocêntrica, em todos os lugares do mundo e para as presentes e futuras
geração. Pois bem. A frase falou tão pouco e ao mesmo tempo falou tudo.
Para que essa sustentabilidade seja efetiva é preciso que surja uma consciência global
para esse mundo em crise. É a ideia trazida por Jeremy Rifkin na sua obra Civilização Empática.
Foi com essa ideia de visão global desses problemas sociais, ambientais e econômicos
que em 2015 a ONU apresentou os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável que são
compostos por 17 objetivos com 169 metas. Essas atitudes são importantíssimas, eis que trazem
um direcionamento para vários setores, sejam públicos ou privados, de adorarem medidas para o
fortalecimento da sustentabilidade em suas variadas dimensões.
Assim, a sustentabilidade possui alicerces que são suas dimensões: a ambiental, a social,
a econômica, a tecnológica e a ética.
Na dimensão ambiental se discute a importância da proteção do meio ambiente e
consequentemente do Direito Ambiental, tendo este como finalidade a garantia da sobrevivência
no planeta de todas as espécies de seres vivos.
A dimensão social é vista como capital humano e consiste no aspecto social relacionado
às qualidades dos seres humanos. Está baseada num processo de melhoria da qualidade de vida
da sociedade, pela redução das discrepâncias entre a opulência e a miséria, com o nivelamento
do padrão de renda, acesso à educação, moradia e alimentação, etc.
Esse enfrentamento dos problemas sociais passa necessariamente pela correção do quadro
de enfrentamento de desigualdade social e da falta de acesso da população pobre aos seus direitos
sociais básicos, o que, diga-se de passagem, é potencializadora da degradação ambiental.
Visa, portanto, pelo menos a garantia do mínimo existencial que deve ser identificado
como o núcleo sindicável da dignidade humana, incluindo como proposta para sua concretização
os direitos à educação fundamental, à saúde básica, à assistência no caso de necessidade e ao
acesso à justiça, todos exigíveis judicialmente de forma direta, eis que previstos na Constituição
da República Federativa do Brasil de 1988.
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A dimensão econômica visa diminuição das externalidades negativas da produção,
buscando por uma economia preocupada em gerar melhor qualidade de vida às pessoas. Há uma
grande ligação entre a economia e o direito ambiental, eis que ambos visam a melhoria da
qualidade de vida das pessoas para alcançarmos um desenvolvimento social, econômico e
cultural de qualidade.
A dimensão tecnológica está ligada à inteligência humana individual e coletiva
acumulada e multiplicada, que poderá garantir um futuro sustentável. Está ligada ao uso de novas
tecnologias que sejam mais sustentáveis e, portanto, menos impactantes ao meio ambiente.
Por fim, o debate da ética faz-se necessário porque o que se verifica na atualidade é a
morte da ética tradicional.
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Assim, a incorporação das dimensões da sustentabilidade, como também a internalização
do conceito de desenvolvimento sustentável, representa um desafio para as organizações, pois,
como acentua Bellen (2002, p.3), isto “é, resultado de um relativamente longo processo histórico
de reavaliação crítica da relação existente entre a sociedade civil e seu meio natural”.
Neste sentido, a busca de sustentabilidade é um processo que implica em obter,
simultaneamente, melhores condições de vida para a população e conservação do meio ambiente.
Para Jacobi (1994), isto envolve um conjunto de questões, como: crescimento econômico,
exploração dos recursos naturais, pobreza e distribuição de renda. Segundo o mesmo autor, a
noção sobre sustentabilidade implica, ainda, uma necessária inter-relação entre justiça social,
qualidade de vida, equilíbrio ambiental e a necessidade de desenvolvimento com capacidade de
suporte.
Para Almeida (2002), a empresa que busca ser sustentável deve incluir em seus objetivos
o cuidado com o meio ambiente, a preocupação com o bem-estar do stakeholder e a constante
melhoria de sua reputação. Este mesmo autor acentua que a empresa não deve se descuidar da
realidade econômica e de mercado, no entanto, seus líderes devem pensar em termos de valor
ambiental e social sob uma perspectiva futura e seus procedimentos devem estimular a busca de
ganhos de eficiência e investimentos em inovação tecnológica e gestão.
Hart e Milsten (2003) reforçam que as empresas devem empreender esforços no sentido
de desenvolver capacidades a fim de reorientar suas competências de modo a adotar tecnologias
e habilidades mais sustentáveis. Assim, partilha-se do entendimento de que as organizações, cada
vez mais, têm a sua esfera de responsabilidade aumentada e, como acentuam Hart e Milsten
(2003), enfrentam um outro desafio, que consiste na interação e diálogo com os stakeholders,
atentando para o desenvolvimento de soluções economicamente interessantes para os problemas
sociais e ambientais do futuro.
De acordo com Mahler (2007), as empresas que promovem práticas sustentáveis
concentram se em três valores centrais que abarcam as dimensões da sustentabilidade:
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A incorporação das dimensões da sustentabilidade na ação empreendedora e a evolução
desta discussão nos estudos acadêmicos têm mostrado que, gradativamente, são incorporadas
neste diálogo novas abordagens que privilegiam não só a dimensão econômica e os interesses
financeiros dos empreendedores, mas passam a abarcar o interesse de outros grupos da sociedade,
que têm ocupado um lugar especial nas discussões que envolvem este tema. É neste cenário que
este artigo se insere.
Como pode ser percebido, o empreendedor é uma pessoa a qual se pode atribuir diversas
características marcantes e com um grau de profundidade acima da média, que, geralmente, se
encontra em um cidadão comum. O potencial empreendedor pode surgir de diversas formas,
dentre as quais é motivo de destaque o empreendedorismo sustentável.
A ideia de empreendedorismo sustentável tem emergido recentemente e seus parâmetros
ainda não estão completamente definidos pela literatura. Contudo, é claramente observada a
intenção de construir suas bases a partir das noções clássicas de empreendedorismo, juntamente
com as novas concepções de empreendedorismo social e ambiental ou ecoempreendedorismo
(PARRISH, 2007; JOHNSON, 2003; ISAAK, 2002; SCHAPER, 2002).
Na concepção de autores como Young e Tilley (2006); Dyllick e Hockerts (2002) e Cohen
e Winn (2007) o modelo de empreendedorismo sustentável emprega as variáveis existentes no
modelo de perfil empreendedor tradicional em um sentido de sustentabilidade. Envolvendo
questões acerca dos stakeholders e da rede de contato (network) do empreendedor, estratégia,
capital, oportunidades, criação do empreendimento e sua evolução (visão empreendedora),
cultura de empresa e, por fim, o perfil do próprio empreendedor.
6 EMPRESA SUSTENTÁVEL
De acordo com Barbieri e Cajazeira (2009), empresa sustentável é aquela procura
incorporar os conceitos e objetivos relacionados com o desenvolvimento sustentável em suas
políticas e práticas de forma consistente. O objetivo da empresa com responsabilidade social é
contribuir de forma efetiva para o desenvolvimento sustentável. Para a empresa, a incorporação
desses objetivos significa obter estratégias de negócios e atividades que consigam atender às
necessidades das empresas atuais, sustentando e aumentando os recursos humanos e naturais que
serão necessários no futuro.
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Os indicadores de desenvolvimento sustentável surgiram com o objetivo de mensurar e
estabelecer padrões para a análise do desenvolvimento sustentável na esfera ambiental,
econômica e social, como forma de proporcionar uma base sólida para a tomada de decisão em
todos os níveis e contribuir para a auto adaptação dos sistemas adotados para o desenvolvimento
sustentável (PINTO et al., 2011).
Os indicadores de desempenho ambiental fazem análise da eficiência da organização em
relação aos desempenhos operacional e gerencial. Os indicadores de desempenho operacional
abrangem os principais aspectos ambientais da empresa, como o consumo de energia, de água,
de matérias-primas e insumos; emissões atmosféricas, ruídos e vibrações, lançamento de
efluentes líquidos e geração de resíduos, entre outros. Já os indicadores de desempenho gerencial
fornecem informações referentes à capacidade e aos esforços da empresa para gerenciar
treinamentos, requisitos legais, custos e compras, documentação e ações preventivas ou
corretivas que influenciam o desempenho ambiental da empresa.
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste artigo teve-se como objetivo a discussão de questões emergentes no contexto
socioeconômico no empreendedorismo atual envolvendo diferentes visões acerca de temas como
ética, sustentabilidade, além de buscar a aplicabilidade dos temas no dia a dia organizacional.
Sustentabilidade, portanto, visa trazer um equilíbrio entre o ambiente, o social, o
econômico, o tecnológico e a ética. Nesse artigo o enfoque principal foi quanto à dimensão ética
da sustentabilidade com o empreendedorismo.
A prática ética deve representar a conjugação de atitudes permanentes de vida, em que se
construam, interior e exteriormente, atitudes gerenciadas pela razão e administradas perante os
princípios e as virtudes éticas.
É evidente a relação de interdependência entre empresa e sociedade, bem como a
orientação estritamente econômica do ambiente empresarial. Neste contexto, o comportamento
ético pode ser entendido como um valor da sociedade baseado em seus princípios morais. Parece
correto afirmar que não há prejuízo à imagem institucional e tampouco seja fator determinante
para a diminuição dos lucros da empresa o fato desta adotar postura social e ambientalmente
responsável, bem como incorporar comportamento ético.
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No entanto os indivíduos que preenchem integrantes e atores do mundo empresarial
constantemente são afetados por desvios de comportamento que afetam a imagem das empresas.
Por conta destes desvios de conduta organizações podem arcar com consequências que vão além
da perda de participação no mercado em que atuam ameaçando inclusive a perpetuação do
negócio (ZYLBERSZTAJN, 2002).
O contexto atual parece acirrar o julgamento favorável àquelas empresas que atuam com
foco nas pessoas, desenvolvendo comunidades inseridas em seu contexto, contribuindo para o
bem-estar social, mantendo relação de confiança com seus fornecedores e remunerando seus
acionistas, tudo isso em equilíbrio com um meio ambiente de recursos finitos e com a legislação
vigente.
Por fim considerando não haver estudo conhecido que comprove prejuízo de qualquer
ordem às empresas socialmente responsáveis, ambientalmente comprometidas e de ações
eticamente reconhecidas é sensato afirmar que as organizações ao adotarem boas práticas de
conduta nestas esferas, tendem a fidelizar clientes e atrair profissionais talentosos, sendo esta
uma receita que, aliada a boas práticas gerenciais, amplia a chance da empresa ter sucesso na
continuidade, lucratividade e sustentabilidade de seu negócio.
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