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história, cultura,

patrimônio e tempo
observe as imagens
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Que diferenças você percebe na maneira de se comunicar, de


se vestir e de namorar dos jovens que aparecem nas fotos?
O QUE A HISTÓRIA ESTUDA?
A História estuda os processos de MUDANÇAS e de PERMANÊNCIAS ocorridas
na humanidade ao longo do tempo.

EXEMPLOS:

MUDANÇA - a maneira como nos comunicamos atualmente;

PERMANÊNCIA - as manifestações de machismo na sociedade atual;


DEFINIÇÃO

História é o estudo dos seres humanos


no Tempo.
Marc Bloch
AS FONTES DA HISTÓRIA
Como estudar o passado se ele está “morto” e não tem como
“ressuscitá-lo”?
➢ Só se pode conhecer o passado por meio dos vestígios
(marcas, pistas deixadas pelos seres humanos na sua
passagem pela Terra). E esses vestígios são chamados de
FONTES HISTÓRICAS (elementos da cultura material e
imaterial).
TIPOS DE FONTES HISTÓRICAS

➢ ESCRITAS: um documento oficial (ex: texto de


uma lei), uma carta, um artigo de jornal ou revista,
uma letra de música, um poema, etc.
Página 1 -
Edição de Carta de um
03 de soldado
Setembro britânico.
de 1939 1944
➢ IMAGÉTICAS: reproduções de pinturas, fotos
antigas ou atuais, caricaturas, desenhos,
reproduções de cenas de filmes, de histórias em
quadrinhos.
A Face da Guerra
Salvador Dalí
Data: 1940 - 1941
Estilo: Surrealism
Período: Classic Period
(1941-1989)
Género: allegorical painting
Materiais: oil, canvas
Localização: Museu Boijmans
Van Beuningen
Dimensões: 79 x 64 cm
Hiroshima, no Japão, após a explosão da Roterdã, na Holanda, na Segunda Guerra
bomba nuclear (1945) Mundial (1940)
Uma das tantas charges soviéticas
ironizando as ações de Hitler: o Führer
Caricatura de Hitler e do líder do império enviando seus soldados à morte certa na
japonês, 1942. vastidão da União Soviética.

Primeira edição da
HQ Capitão
Cena do América.
desembarq Publicado em:
ue na março de 1941
Normandia Editora: Timely
, no Dia D.
PublicationsPaís:
do filme, O
Estados Unidos da
Resgate
do AméricaCategoria:
Soldado Revista
Ryan - PeriódicaGênero:
1998. Super-heróis
➢ ORAIS: depoimentos de pessoas sobre os mais
diferentes aspectos da vida. Colhidos geralmente a
partir de entrevistas, programas de rádio, cações.
➢ CULTURA MATERIAL: restos de moradias,
sepulturas, artefatos domésticos, instrumentos de
trabalho, de guerra e de caça.
Campo de concentração de Auschwitz | Maior
campo de extermínio da Alemanha nazista, e
artefatos do museu. Além de armas e instrumentos
bélicos.

Tesouro judeu da Segunda Guerra Mundial é


encontrado durante reforma de casa na Polônia
Acredita-se que donos da casa, que provavelmente
morreram no Holocausto, tenham escondido os
artefatos à época do conflito.
Pesquisadores encontram mais de 400 artefatos em escavações realizadas na região de
Sauerland, onde 208 trabalhadores forçados foram executados em março de 1945. Mais
de 70 anos depois, historiadores e arqueólogos alemães descobriram novos detalhes
sobre três massacres realizados por tropas nazistas em março de 1945 na região de
Sauerland.
Os pesquisadores apresentaram nesta sexta-feira (08/03/2109) mais de 400 artefatos
encontrados em três escavações realizadas na floresta da região. Nas escavações,
arqueólogos encontraram pertences das vítimas que foram mortas por tropas nazistas.
Entre os objetos estão um livro de orações, um dicionário polonês, restos de tecidos,
moedas e louças soviéticas, projéteis de bala e pás.

Com o conteúdo de arquivos históricos foi possível reconstruir a sequência dos atos
truculentos. Entre 20 e 23 de março de 1945, em três pontos da floresta, soldados
nazistas assassinaram os trabalhadores e enterraram os corpos.

A maioria dos artefatos foi encontrada no local do primeiro massacre, onde 60 mulheres,
dez homens e uma criança receberam ordens de deixar roupas e pertences na beira da
estrada. Em seguida, eles foram executados. Os projéteis encontrados na área revelaram
que algumas das vítimas tentaram fugir, mas acabaram sendo mortas.

As escavações também mostraram que no segundo massacre uma cova, onde 80


pessoas foram mortas, foi aberta com granadas. Já no terceiro massacre, os
trabalhadores foram convocados para abrir uma suposta trincheira. Posteriormente, foram
executados e 57 corpos enterrados no local.

No fim da Segunda Guerra Mundial, tropas americanas obrigaram os membros do partido


nazista local a desenterrar os corpos e mostrá-los para os moradores da região. Depois
disso, eles foram enterrados novamente na floresta. Em 1964, as vítimas do massacre
foram exumadas e enterradas num cemitério em Meschede. Apenas 14 dos 208 mortos
foram identificadas.
CULTURA
“Chama-se cultura tudo o que é feito pelos homens, ou resulta do trabalho deles e de seus pensamentos.
[...]

Uma casa qualquer, ainda que material, é claramente um produto cultural, porque é feita pelos homens.
A mesma coisa pode-se dizer de um prato de sopa, de um picolé ou de um diário. Mas estas são coisas
de cultura material, que se pode ver, medir, pesar.

Há, também, as coisas da cultura imaterial. A fala, por exemplo, que se revela quando a gente conversa,
e que existe independentemente de qualquer boca falante, é criação cultural. Aliás, a mais importante.
Sem a fala, os homens [...] não poderiam se entender uns com os outros, para acumular conhecimentos
e mudar o mundo como temos mudado.

Além da fala, temos as crenças, as artes, que são criações culturais, porque inventadas pelos homens e
transmitidas uns aos outros através de gerações. Elas se tornam visíveis, se manifestam, através de
criações artísticas, ou de ritos e práticas – o batizado, o casamento, a missa –, em que a gente vê os
conceitos e as ideias religiosas ou artísticas se realizarem.”

Darcy Ribeiro
PATRIMÔNIO CULTURAL
Artigo 216, CF/88:
Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e
imaterial, [...] portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos
diferentes grupos formadores da sociedade brasileira [...]
OBS: Essa definição contempla todos os grupos formadores da sociedade
brasileira (indígenas, africanos e outros), além de incluir os bens de natureza
imaterial.
Nessa definição identificamos os bens de:
➢ NATUREZA MATERIAL = são bens palpáveis, como edificações
(casas, sepulturas etc), instrumentos de trabalho e de guerra, conjuntos
urbanos, sítios de valor histórico paisagístico, artístico, arqueológico etc;

➢ NATUREZA IMATERIAL = são bens não palpáveis, como, por


exemplo uma dança, uma festa, o modo de fazer uma comida ou um
ritual, modos de fazer um ofício, as criações científicas, artísticas e
tecnológicas, entre outros.
Centro Histórico de
Ouro Preto (Ouro
Preto/MG);

Parque Nacional
Serra da Capivara
(São Raimundo
Nonato/PI);

Pelourinho
(Salvador/BA);

Museu Histórico
Nacional (Rio de
Janeiro/ RJ);
Roda de Capoeira (todos
os estados);

Pintura corporal dos


índios Wajápi (AP);

Ofício das Paneleiras de


Goiabeiras (ES);

Círio de Nossa Senhora


de Nazaré (PA)
A VALORIZAÇÃO DAS MATRIZES AFRICANA E INDÍGENA
➢ Durante muito tempo, zelou-se apenas pelos bens culturais associados aos descendentes de europeus e à
história oficial, ex: o prédio do Museu Imperial em Petrópolis(RJ), que guarda mobiliário, textos, obras de
arte e objetos da família imperial portuguesa.
➢ Mas com a Constituição Federal de 1988, a política de preservação passou a zelar, também, pelos bens
culturais associados a outros grupos, como indígenas e africanos, igualmente importantes na formação da
sociedade brasileira.

EX: MATRIZ MATRIZ


INDÍGENA AFRICANA

A arte Kusiwa Matrizes do


(sistema de Samba do Rio
representações de Janeiro:
gráficas) partido alto,
praticada samba de
pelos terreiro,
indígenas. samba-enredo.

A PROTEÇÃO E VALORIZAÇÃO DAS EXPRESSÕES AFRO-BRASILEIRAS E INDÍGENAS CONTRIBUEM PARA O


FORTALECIMENTO DA AUTOESTIMA, DA IDENTIDADE E DA AUTOCONFIANÇA DESSES GRUPOS E GARANTEM A
ELES O DIREITO À MEMÓRIA.
➢ PROTEÇÃO DO NOSSO PATRIMÔNIO CULTURAL:
- Em 1937, o governo criou o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Com o
objetivo de cuidar, valorizar e divulgar o nosso patrimônio. Além de gerir o patrimônio cultural
brasileiro, ele também é encarregado de zelar pelos bens nacionais reconhecidos pela Unesco
(Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) como Patrimônio da
humanidade.

OBS: Quando um bem de reconhecido valor cultural se encontra ameaçado, o Iphan é chamado para
protegê-lo. E uma das formas de proteção é o TOMBAMENTO, a partir da data do tombamento, o bem
estará sob os cuidados do referido órgão, que deve impedir sua destruição ou descaracterização.
TEMPO
➢ Ao longo do tempo, os seres humanos criaram vários instrumentos de medição do tempo.
Acredita-se que o mais antigo tenha sido o relógio de sol, inventado pelos egípcios há mais
de 4 mil anos. Mais tarde foram desenvolvidos outros instrumentos, como a clepsidra, a
ampulheta, o relógio mecânico e o relógio digital.
➢ TEMPO CRONOLÓGICO:
- Na escrita da História, os seres humanos sempre tiveram de resolver o problema de
dispor os acontecimentos no tempo (eras, períodos, anos). Assim, os povos, cada um
com sua cultura, criaram calendários próprios. Para dar início à contagem do tempo,
cada povo escolheu uma data importante para ele.

Os judeus, por Os mulçumanos Já os cristão,


exemplo, por sua vez, escolheram o
começaram a contam o tempo nascimento de
contar o tempo a partir da ida de Cristo para dar
a partir da Maomé da início à
criação do cidade de Meca contagem do
mundo, que para Medina (na tempo.
para eles se atual Arábia
deu no ano Saudita), fato
3760 a.C. ocorrido em 622
d.C.
Desse modo, percebe-se que o TEMPO CRONOLÓGICO, é uma invenção dos seres
humanos e resulta de uma combinação entre eles.

Mas os historiadores não estão interessados apenas no tempo cronológico, não se


restringem a situar os fatos no tempo; interessam-se também pelas mudanças e
permanências que se verificam nas sociedades humanas ao longo do tempo. A esse tempo
das transformações e continuidades, damos o nome de TEMPO HISTÓRICO.

➢ TEMPO HISTÓRICO E DIFERENTES TEMPOS:

-TEMPO DA NATUREZA = muitos povos (do passado e do presente) organizam seu dia a dia, isto é,
distribuem o tempo baseados nos fenômenos naturais, como o nascer do Sol, as fases da Lua, a época
das chuvas, a chegada da primavera etc. Esses povos que se guiam, portanto, pela observação da
natureza, vivem no tempo da natureza.
-TEMPO DA FÁBRICA = no século XVIII, surgiram na Inglaterra, as primeiras fábricas, locais em que
homens, mulheres e crianças trabalhavam de 14 a 18 horas por dia e os horários (entrar, comer, ir ao
banheiro, sair) eram rigorosamente controlados. Esses operários associavam o tempo à vida deles dentro
das fábricas. Por isso se diz que viviam no tempo da fábrica.
-TEMPO DA INFORMÁTICA = hoje, com os avanços da informática, criou-se uma nova maneira de
perceber o tempo. Graças à internet, é possível enviar uma mensagem para a China em alguns segundos,
conversar instantaneamente via videoconferência com alguém do outro lado do mundo, realizar uma
cirurgia a distância com a ajuda de um robô. Assim, há quem diga que vivemos no tempo da informática.

Assim ao compararmos os ritmos de vida das comunidades tradicionais indígenas na Amazônia e de uma pessoa
que vive em São Paulo, percebemos que o calendário é uma construção social.
O TEMPO E SUAS DURAÇÕES
O historiador francês Fernand Braudel percebeu que os fenômenos históricos possuem durações
de ritmos variados e os classificou em fenômenos de curta, média e longa duração.

➢ CURTA DURAÇÃO: o fato breve, com data e lugar determinados, como a descoberta de
uma vacina, a criação da internet, a eleição de um presidente;

➢ MÉDIA DURAÇÃO: episódios como a Revolução Francesa (1789-1799), o Regime Militar


(1964-1985), entre outros. Eles resultam de flutuações no interior de uma estrutura;

➢ LONGA DURAÇÃO: fenômenos como o Cristianismo ocidental, o capitalismo, entre outros.


Eles são chamados de estruturais, pois moldam a estrutura social de um lugar e tem uma
duração muito extensa.
“Um povo que não
conhece sua História
está fadado a
repeti-la.” (Edmund
Burke)

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