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ASSEMBLEIA DE DEUS

HISTÓRIA DA

Prof. Eliel dos Santos Gaby


AULA 3
Aluno: JOYCE GOMES BARBOSA ROCHA
Email: joyce.20220396@aluno.fbnovas.edu.br
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Aluno: JOYCE GOMES BARBOSA ROCHA

CONVERSA INICIAL

O objetivo desta aula é conhecer algumas características da primeira


reunião de obreiros das Assembleias de Deus no Brasil, que influenciaram no
surgimento da Convenção Geral, de modo a compreender o processo de
implantação do sistema educacional bíblico-teológico a partir do modelo sueco
de escolas bíblicas para capacitação dos obreiros das Assembleias de Deus no
Brasil. O conteúdo desta aula está dividido em cinco temas: no primeiro, vamos
tratar sobre a primeira reunião de obreiros, identificando seus participantes e os
assuntos debatidos; no segundo, vamos ver os encontros de obreiros fora do
estado do Pará, onde iniciou-se de fato a construção das convenções de igrejas;
no terceiro, vamos estudar a primeira Escola Bíblica de Obreiros, onde a AD
começou de fato a discutir assuntos bíblico-teológicos; no quarto, vamos analisar
o sistema de ensino sueco de Escolas Bíblicas, por meio da revisão histórica da
igreja de Estocolmo; no último, vamos abordar as Escolas Bíblicas e o processo
de formação da identidade teológica assembleiana brasileira.
As primeiras reuniões realizadas pelos obreiros e pelas lideranças das
Assembleias de Deus no Brasil foram, em sua maioria, espontâneas, sem muitas
formalidades, possivelmente realizadas por conta de demandas que surgiam
naturalmente no exercício das atividades da igreja. É possível também deduzir
que, nas reuniões iniciais, a presença dos membros da igreja era comum, afinal
a igreja estava iniciando e o número de membros não era tão grande. Com o
avanço da igreja, as demandas aumentaram; assim, surgiu a necessidade de
formar obreiros e construir uma liderança maior.
Por muitos anos, a dinâmica das escolas bíblicas de obreiros norteou o
processo de formação bíblico-teológico dos obreiros e da membresia das
Assembleias de Deus no Brasil. A ausência de seminários bíblicos e institutos
teológicos favoreceu o avanço do modelo, que de alguma forma supria as
necessidades do período inicial da igreja. Mesmo com a chegada do ensino
formal, ministrado nos primeiros institutos bíblicos e seminários, o modelo não
se esgotou, estando até os dias de hoje presente nas Assembleias de Deus em
todas as regiões do Brasil.

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TEMA 1 – PRIMEIRA REUNIÃO DE OBREIROS

A Assembleia de Deus foi fundada no mês de junho de 1911. Assim, por


dez anos, em virtude do vertiginoso crescimento e expansão da igreja pelo país,
partindo de Belém, estado do Pará, as reuniões eram basicamente informais,
pois aconteciam de acordo com demandas locais. Não há registros nesse
período de encontros significativos com a liderança das Assembleias de Deus.
“A primeira reunião entre obreiros da Assembleia de Deus no Brasil foi realizada
no período de 18 a 22 de agosto de 1921, na Vila São Luiz, em Igarapé-Açu, no
estado do Pará. Reuniu obreiros de 16 igrejas paraenses, mais uma,
amazonense” (Araújo, 2011, p. 153). Sobre a escolha do local que hospedou a
primeira reunião, Joanyr de Oliveira (1997, p. 62) destaca:

A vila era ponto estratégico, pois servia de ligação entre a capital e as


demais localidades da antiga Estra da de Ferro Belém-Bragança
devido às suas plantações de café. Nessa localidade, a Assembleia de
Deus chegara por volta de 1915. Na gestão do pastor João Pereira de
Queiroz, a igreja atingiu o ápice de sua trajetória, chegando a
representar um marco na história do trabalho pentecostal não somente
no Estado do Pará como em todo o país. Desse trabalho, saíram, ou
para lá se dirigiam, as proeminências dos batalhadores do Evangelho
que aos poucos iam surgindo. Por não haver templo ainda, os irmãos
se reuniram na casa do pastor.

Nesta reunião, estiveram presentes obreiros de 16 igrejas do estado do


Pará e uma do estado do Amazonas (Araújo, 2014, p. 206): Abaeté, Afuá, Aramã,
Belém, Bonito, Bragança, Capanema, Cedro, Guamá, Manaus, Pau Amarelo,
Peixe Verde, Quatipuru, Soure, São Luiz do Pará, Tauari e Timboteua.
Participaram dessa reunião os seguintes obreiros (Araújo, 2014, p. 206): Absalão
Piano, Adriano Nobre, Bruno Skolimovski, Clímaco Bueno Aza, Crispiniano
Fernandes Melo, Francisco Gaspar, Isidoro Saldanha de Oliveira, João Pereira
de Queiroz, Joaquim Batista de Melo, José Bezerra Cavalcante, José Floriano
Cordeiro, José Manoel Costa de Almeida Sobrinho, José Paulino Estumano de
Moraes, José Plácido da Costa, Josino Galvão de Lima, Manoel Cézar da Silva,
Manoel José da Penha Filho, além dos missionários Nels Nelson e Samuel
Nyström. Gunnar Vingren não participou dessa reunião porque estava na Suécia
tratando de sua saúde.
Merece consideração nesse encontro a comunhão vivenciada entre os
participantes. Diferentemente de reuniões posteriores, não há indicativo de
divergências ou animosidades entre os presentes; pelo contrário, o sentimento
foi de união diante dos desafios que se agigantavam diante deles. O assunto
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mais importante discutido tratou da responsabilidade da evangelização e do


avanço da fé pentecostal no país. Joanyr de Oliveira (1997, p. 62) destacou que
foi “unânime a aceitação do desafio, ficando todos dispostos e entregues à
vontade de Deus para a realização de sua exclusiva vontade”. Além da questão
do avanço da igreja por meio da evangelização, “pequenas dúvidas teológicas e
o andamento dos trabalhos” foram discutidos (Araújo, 2014, p. 206).
Embora o dinamismo denominacional exigisse uma estruturação cada vez
mais significativa, a prática de reuniões locais ou regionais continuou presente
nas Assembleia de Deus em todos os momentos de sua história. A prática da
“reunião de obreiros” tornou-se inclusive parte da identidade da AD no Brasil. De
modo similar à primeira reunião de obreiros, as pautas que norteiam essas
reuniões continuam tratando de questões relacionadas com a evangelização e o
andamento dos trabalhos. As questões doutrinárias, ou seja, de caráter bíblico-
teológico, são discutidas atualmente no âmbito da Convenção Geral, por meio
de comissões específicas denominadas “Conselho de Doutrina” e “Comissão de
Apologética”.

TEMA 2 – ENCONTROS DE OBREIROS FORA DO ESTADO DO PARÁ E


CONVENÇÃO GERAL

“O mais antigo encontro de pastores fora do estado do Pará foi realizado


em outubro de 1923, nos dias 21 a 28, quando realizou-se a primeira Convenção
no Estado de Alagoas” (Araújo, 2011, p. 153). Esse encontro coincidiu com as
festividades alusivas à inauguração da igreja de Alagoas. O escritor Emílio
Conde, considerado o “apóstolo da imprensa pentecostal”, registrou a emoção
dos participantes ao encontrar e ouvir os líderes da igreja: "“No sábado à noite
chegaram os irmãos Gunnar Vingren, Samuel Nyström, Samuel Hedlund, Simon
Sjögren, entre outros. Foi um verdadeiro júbilo para nós ver esses trabalhadores
do Senhor chegarem cheios de fé, de sabedoria e do Espírito Santo” (Araújo,
2011, p. 153). Posteriormente, por sugestão de obreiros convencionais, as
convenções foram sendo estabelecidas em todo território nacional. Essa
expansão gerou uma importante reflexão sobre a necessidade e o objetivo do
seu funcionamento para o avanço do evangelho.
O historiador da Assembleia de Deus, Emílio Conde, registrou algumas
impressões que foram verificadas nessa convenção estadual (2008, p. 153):

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Jesus enviou um dos seus mensageiros, José Menezes, do Rio Grande


do Norte, e no sábado à noite chegaram os irmãos Gunnar Vingren,
Samuel Nyströn, Samuel Hedlund, Simom Sjogren, Elizabeth
Johanson e Lily Johnson. Foi um verdadeiro júbilo para nós ver esses
trabalhadores do Senhor chegar cheios de fé, de sabedoria e do
Espírito Santo. Glória a Jesus. No domingo, 21, começou a
Convenção. Logo de manhã houve reunião da Escola Dominical. À
tarde, culto ao ar livre. À noite o templo estava repleto de pessoas que,
com muita atenção, escutavam a Palavra de Deus.

Nos dias 17 e 18 de fevereiro de 1929, reuniram-se na cidade de Natal,


estado do Rio Grande do Norte, um grupo de pastores, com o objetivo de marcar
uma convenção nacional “para resolverem certas questões que se prendiam ao
progresso e a harmonia da causa do Senhor” (Oliveira, 1997, p. 128). Fizeram
parte desta reunião os seguintes pastores: Cícero Canuto de Lima, Francisco
Gonzaga da Silva, Antônio Lopes, Ursulino Costa, José Amador, Napoleão de
Oliveira Lima, José Barbosa, Francisco César, Natanael G. Figueiredo e Pedro
Costa (Oliveira, 1997, p. 128). Nessa oportunidade, foi definido que a primeira
convenção nacional das Assembleias de Deus no Brasil ocorreria no período de
5 a 10 de setembro de 1930 na cidade de Natal, capital do estado do Rio Grande
do Norte. Essa convenção marcou o início da autonomia dos obreiros nacionais,
uma vez que, até então, apenas os missionários suecos lideravam a igreja. De
acordo com a edição do mês de novembro de 1930 do Jornal Boa Semente
(citado por Araújo, 2014, p. 209), estiveram presentes nessa convenção:

Gunnar e Frida Vingren, Daniel Berg, Otto Nelson, Samuel Nyström,


Nels Julius Nelson, Algot Svensson, Anders Johansson, Beda Palma,
Joel Carlson e Nils Kastberg, o pastor Lewi Pethrus, e os pastores
brasileiros Cicero Canuto de Lima, Francisco Gonzaga, Josino Galvão,
Juvenal Roque de Andrade, José Felinto, José Amador, Napoleão de
Oliveira Lima, Manoel Hygino de Souza, Luiz Gonçal ves Chaves,
Antonio Lopes Galvão, Ursulino Costa, Manoel César (Néco), Manoel
Pessoa Leão e Diomedes Pereira.

As primeiras convenções das Assembleias de Deus no Brasil podem ser


resumidas da seguinte maneira1:

• A primeira convenção foi realizada entre os dias 5 e 10 de setembro, na


cidade de Natal, estado do Rio Grande do Norte. Os principais assuntos
abordados trataram da apresentação de relatórios dos missionários, da
direção do trabalho nas regiões norte e nordeste, da unificação dos jornais
Boa Semente e Som Alegre, e da questão do ministério feminino.

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As informações originais que serviram de base para esta síntese estão dispostas
detalhadamente nas obras de Joanyr de Oliveira (1997) e Isael de Araújo (2014).
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• A segunda convenção foi realizada entre os dias 9 a 16 de abril de 1933,


na cidade do Rio de Janeiro. Os principais temas abordados trataram do
não reconhecimento do batismo em águas, quando não estivesse em
conformidade com a Bíblia, em especial batismo sem imersão. A ata
dessa convenção, presidida pelo pastor Samuel Nyström e secretariada
por Emílio Conde, registrou o seguinte (citada por Oliveira, 1997, p. 129,
e mantida a grafia original):

Acta da 1ª Reunião Comvencional. Ás 9 horas do dia 10 de Abril de


1933, na sede da Assembleia de Deus, no Rio de Janeiro, à rua
Figueira de Mello 232, presentes muitos Missionarios, Pastores,
Evangelistas e outros trabalhadores, representando as Assembleias de
Deus de todo o Brasil, tiveram inicio os trabalhos da 1ª reunião
Comvencional. Após a leitura de um trecho da Biblia e feitas algumas
orações, o irmão Samuel Nyström pede a Comvenção para escolher
um irmão para presidir os trabalhos e outro para os secretariar; os
presentes nomeiam, então, o irmão Samuel Nyström para presidente e
o irmão Emílio Conde para secretario. O irmão Samuel explica, para
orientar, qual deve ser a ordem dos trabalhos; resolve-se que os
assumptos. fossem tratados separadamente, e na ordem em que os
mesmos. fossem surgindo. O irmão Nils Kastberg, lê os versículos 41
e 42 do capituto 2 dos Atos dos Apostolos, e fala sobre a ceia do
Senhor; faz algumas considerações e pede a Comvenção par se
manifestar a respeito. Após haverem alguns irmãos falado sobre o
assumpto, a Comvenção resolveu que a ceia do Senhor só deveria ser
administrada aos que, havendo sido baptisados por imersão,
demostrem estar em comunhão e na mesma fé, com as Assembléas
de Deus!

• A terceira convenção foi realizada entre os dias 14 e 25 de fevereiro de


1934, na cidade de Recife, estado do Pernambuco. Os principais temas
abordados foram: necessidade do batismo com o Espírito Santo para
dirigir uma igreja e questões de rebelião.
• A quarta convenção foi realizada entre os dias 7 e 15 de setembro de
1935, na cidade de João Pessoa, estado da Paraíba. Os principais temas
abordados foram: princípios do casamento, ceia do Senhor, convenções
regionais e preparo dos pregadores.
• A quinta convenção foi realizada entre os dias 13 e 20 de junho de 1936,
na cidade de Belém, estado do Pará. Os principais temas abordados
foram: batismo em águas, necessidade da carta de recomendação, jornal
Mensageiro da Paz, Harpa Cristã, desligamento de obreiros, sucessão
pastoral e unção de enfermos.
• A sexta convenção foi realizada entre os dias 3 e 17 de outubro de 1937,
na cidade de São Paulo. Os principais temas abordados trataram foram:
ceia do Senhor, escola dominical e escola bíblica de obreiros,
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evangelização, fachadas dos templos, formação de obreiros, salário de


pastores e programas de rádio.
• A sétima convenção foi realizada entre os dias 5 e 11 de agosto de 1938,
na cidade de Recife, estado do Pernambuco. Os principais temas
abordados foram: disciplina na igreja, dons espirituais, construções de
templos, convenções e Harpa Cristã.

Nos anos seguintes (1939-1945), não foram realizadas convenções.


Porém, foram realizadas Semanas Bíblicas e sessões extraordinárias da
Convenção Geral. No período entre 21 e 28 de outubro de 1946, na cidade de
Recife, estado do Pernambuco, a Convenção Geral das Assembleias de Deus
no Brasil (CGADB) tornou-se pessoa jurídica (Araújo, 2014, p. 212). A partir de
1946, as convenções voltaram a ser realizadas periodicamente.

TEMA 3 – PRIMEIRA ESCOLA BÍBLICA DE OBREIROS

A Escola Bíblica de Obreiros foi uma iniciativa adotada pelos missionários


suecos no Brasil, uma vez que a prática já era adotada na Suécia. Era um
sistema que tinha o objetivo de capacitar biblicamente os obreiros, sem
preocupar-se com o aprofundamento teológico. “Por sua posição de primeira
igreja, e centro das atividades evangelísticas no país, a Assembleia de Deus de
Belém tinha a responsabilidade de preparar os obreiros que, dia a dia, o Senhor
ia chamando” (Conde, 2008, p. 45). “Considerando essa necessidade (1921),
foram ministrados estudos bíblicos pelo missionário Samuel Nyström, de 4 de
março a 4 de abril de 1922” (Araújo, 2011, p. 169). O modelo de capacitação
bíblica em escolas bíblicas já havia sido aprovado pela igreja sueca; no Brasil,
havia se mostrado eficiente, fato que permitiu sua expansão em diversas regiões
do país. A duração dessas escolas era bastante extensa, principalmente em
comparação com hoje em dia.
Os pastores presentes (Conde, 2008, p. 46) na primeira Escola Bíblica de
Obreiros foram: José Morais, finuno Skolimowski, Isidor Filho, José Felinto,
Almeida Sobrinho, Antônio Règo Barros, Julio Silva, Francisco Gonzaga, José
da Penha, Juvenal Roque de Andrade, João Queirós, João Batista de Melo,
Manoel César, Paulino Fontenele da Silveira, Januárlo Soares e João Francisco
Argemiro. Ainda em 1922, na cidade de Afuá, estado do Pará, “foi realizada uma
Convenção Regional que reuniu os obreiros de todo o Estado para estudarem a

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Palavra de Deus” (Conde, 2008, p. 46). No Dicionário do Movimento Pentecostal,


publicado pela CPAD (Casa Publicadora das Assembleias de Deus no Brasil), é
possível verificar os conteúdos que foram discutidos nessa Escola Bíblica a partir
de um registro feito originalmente no Evangelii Harold (jornal publicado pela
Igreja Filadélfia de Estocolmo):

Os primeiros dias foram de oração, depois se seguiram estudos


bíblicos. O tema dos estudos bíblicos foi "A obra de Deus". Durante a
primeira semana, estudaram os fundamentos: A Palavra. Quando
acharam que os fundamentos estavam firmes, estudaram na segunda
semana “o exterior”: os diversos livros bíblicos. Na semana seguinte,
detiveram-se no estudo do “o interior”: os diversos compartimentos ou
períodos. A quarta semana foi usada para mais detalhadamente
estudarem os “compartimentos da graça” de acordo com a Epístola aos
Efésios. (Araújo, 2014, p. 282)

No período entre 24 de março e 28 de abril de 1924, foi realizada a


segunda Escola Bíblica de Obreiros da Assembleia de Deus no Brasil, na cidade
de Belém, estado do Pará. No período entre 24 de outubro e 7 de novembro de
1927, também na cidade de Belém, estado do Pará, foi realizada mais uma
Escola Bíblica de Obreiros. Por ocasião da realização da Convenção Geral na
cidade do Rio de Janeiro em 1943, as Escolas Bíblicas de Obreiros se tornaram
oficiais.
A importância das Escolas Bíblicas de Obreiros pode ser verificada
também no período que compreende os anos 1939 a 1945, quando as
Assembleias de Deus no Brasil instituíram no lugar das Convenções Gerais as
“Semanas Bíblicas das Assembleias de Deus no Brasil”. Embora algumas
poucas questões de ordem administrativa tenham sido tratadas nesses anos,
houve um desejo de aproveitar os encontros de obreiros para o estudo
sistemático da Bíblia Sagrada. Embora o nome “Escola Bíblica de Obreiros” não
tenha sido adotado nesse período, a dinâmica da “Semana Bíblica” era
semelhante.

TEMA 4 – SISTEMA DE ENSINO SUECO DAS ESCOLAS BÍBLICAS

As escolas bíblicas da Suécia receberam seu formato a partir da


observação do sistema educacional formal. “Esse sistema na Suécia reproduzia
o sistema de educação de adultos desenvolvido nos países escandinavos,
elaborado na forma de campanha popular, fundada pelo pastor Nikolai Frederik
Severin Grundtvig na Dinamarca em 1883” (Araújo, 2011, p. 170). Ele foi
considerado o “pai ideológico do colégio popular” que defendia a educação dos
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alunos para atuarem de forma contributiva direta em suas comunidades,


utilizando-se de habilidades assimiladas na escola. Seu desejo era formar alunos
capazes de realizar algo significativo no dia a dia das pessoas, ao contrário do
que ocorria nas universidades, que formavam alunos visando essencialmente a
erudição.
No dia 19 de outubro de 1915, a Igreja Filadélfia de Estocolmo, pastoreada
por Lewi Pethrus iniciou uma Escola Bíblica de caráter pentecostal, uma vez que
esta igreja se tornou a primeira igreja pentecostal na Suécia, com duração de
três meses. Todos os missionários que foram enviados ao Brasil passaram por
essa escola. O pastor Samuel Nyström, um dos pioneiros do movimento
pentecostal no Brasil, antes de ser enviado como missionário, também
frequentou essa escola. Na Convenção Geral, realizada na cidade de João
Pessoa, estado da Paraíba, no período de 7 a 15 de setembro de 1935, um
obreiro brasileiro (cujo nome é desconhecido) sugeriu a criação de convenções
regionais no Brasil e a realização de Escolas Bíblicas regionais. O pastor Joel
Carlson que secretariou essa reunião escreveu o seguinte sobre essa sugestão:

O irmão despertou a Convenção a, se for possível, organizar escolas


bíblicas e convenções regionais. Esse assunto despertou muito os
irmãos delegados. Todos acharam que isso seria o melhor modo de se
guardar bem unidos as igrejas e trabalhadores. Certo é que muitos
oraram em favor disso! Diversos Estados têm tido convenções
regionais durante diversos anos. Isso tem resultado em bênçãos
gloriosas. (Araújo, 2011, p. 154)

Por ocasião da realização da Convenção Geral, realizada em São Paulo,


no período entre 3 e 17 de outubro de 1937, o missionário Gustav Bergström
falou sobre a importância da Escola Bíblica para os obreiros, e como ela deveria
ser adotada como pré-requisito exigido dos candidatos ao ministério da igreja:

Gustav Bergström pediu a criação de uma Escola Bíblica anual, com


duração de pelo menos dois meses, para todos os obreiros do Brasil e
aspirantes ao ministério. O assunto começou a ser debatido pela
manhã, e a discussão prosseguiu na reunião à tarde. Um dos
convencionais presentes lembrou que bastava fazer valer a decisão da
Convenção de 1935, realizada em João Pessoa, e já seria suficiente
[...] Ao final da discussão, foi frisada a necessidade de uma maior
preocupação com a preparação dos obreiros quanto ás doutrinas
bíblicas [...] Foi acertado que as igrejas deveriam enviar os seus
alunos, pagando suas respectivas passagens e custeando mais
algumas despesas para a manutenção dos mesmos na escola. Outro
detalhe é que os enviados deveriam ser “irmãos que tenham sentido a
vocação de Deus para o Seu trabalho e desejam aprender. (Daniel,
2004, p. 125)

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As Assembleias de Deus cresciam rapidamente no Brasil, o que exigia


uma qualificação bíblica de excelência para os obreiros que deveriam liderá-las.
Não havia nenhum outro tipo de formação bíblica em andamento; por isso, em
1943, a Convenção das Assembleias de Deus no Brasil decidiu formalizar a
prática. Geralmente, as escolas tinham duração de 30 dias, com assuntos
divididos por semana. Tampouco havia metodologia específica para a
explanação dos conteúdos – pelo contrário, acreditava-se que a utilização de
qualquer método poderia limitar a ação do Espírito Santo.
Por acreditar firmemente no modelo das Escolas Bíblicas como
instrumento de formação bíblico-teológica, no ano de 1948, na presidência da
Convenção Geral, o pastor Samuel Nyström defendeu a sua continuidade diante
da proposta feita pelos missionários norte-americanos Lawrence Olson e J.P.
Kolenda, que sugeriram a aplicação do modelo de institutos bíblicos nas
Assembleias de Deus no Brasil.
De acordo com a proposta dos missionários Olson e Kolenda, o modelo
das Escolas Bíblicas trazido pelos missionários suecos deveria avançar com a
implantação de institutos bíblicos, que formariam seus alunos em um período de
tempo maior (em comparação ao sistema sueco de Escolas Bíblicas). Olson e
Kolenda defenderam também a inclusão de cursos por correspondência como
instrumentos de formação bíblico-teológica para os obreiros nacionais. Samuel
Nyström, acompanhado de outros obreiros, rejeitou essa proposta, defendendo
que o modelo sueco era suficiente para a formação dos obreiros no Brasil.
Embora as Escolas Bíblicas permaneçam presentes na vida da igreja
hoje, sua importância foi reduzida e seus objetivos foram alterados. Ao contrário
do que se via na história da igreja pentecostal brasileira, hoje as escolas são
direcionadas aos membros em geral, e os assuntos tratados não enfocam mais
a direção e a liderança eclesiástica.

TEMA 5 – AS ESCOLAS BÍBLICAS E O PROCESSO DE FORMAÇÃO DA


IDENTIDADE TEOLÓGICA

Claiton Ivan Pommerening (2015) destacou, em sua reflexão sobre as


escolas bíblicas, que elas “foram as primeiras tentativas de ensinar teologia nas
ADs do Brasil, e que elas eram o que havia de mais elaborado na época, e seus
conteúdos indicavam uma teologia experiencial e prática”. O pentecostalismo
tinha, e tem ainda, a experiência como fundamento de sua crença. Assim, a
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escola bíblica, possibilitava ao aluno vivenciar a realidade de ser ensinado por


um mestre que efetivamente lhe inspirava. Pommerening (2015) também
destaca que “as Escolas Bíblicas não eram sistemáticas, regulares e
avaliatórias, mas sim, escolas de caráter eminentemente devocional, com uma
teologia formatada no exterior, que não incentivava à reflexão, nem utilizava
manuais teológicos de grandes pensadores”. Embora os modelos atuais de
capacitação bíblico-teológica se submetam a uma metodologia específica, o
legado das escolas bíblicas é bastante significativo, fazendo parte efetiva de uma
identidade eclesiástica pentecostal.
Embora Gunnar Vingren, pioneiro da Assembleia de Deus no Brasil,
tivesse formação teológica, nunca houve da parte dele, no início da
denominação, qualquer ação no sentido de estabelecer uma escola teológica
formal. Além do modelo sueco de Escolas Bíblicas, conferências anuais
realizadas pela Igreja Filadélfia de Estocolmo também serviam de referência à
formação bíblico-teológica. Até a chegada dos missionários norte-americanos no
país, nenhum outro sistema de formação foi adotado pelas Assembleias de Deus
no Brasil. John Peter Kolenda e Lawrence Olson, ambos formados nos Estados
Unidos da América, chegaram no Brasil, respectivamente, em 1930 e 1938, e de
imediato sugeriram a adoção do modelo de institutos bíblicos na formação
bíblico-teológica, uma vez que o tempo de formação (quatro anos) acarretaria
mais qualidade e profundidade na vida dos alunos.
Na Semana Bíblica das Assembleias de Deus realizada no período entre
16 e 23 de maio de 1943, na cidade do Rio de Janeiro, o pastor John Peter
Kolenda propôs o funcionamento de um Instituto Bíblico no Brasil. Na mesma
ocasião, o pastor Lawrence Olson propôs o funcionamento de um curso por
correspondência e a imediata instalação de institutos bíblicos em todo o território
nacional. Porém, as propostas foram rejeitadas. Anos depois, o pastor John
Peter Kolenda e sua esposa, Ruth Doris Lemos, iniciaram, na cidade de
Pindamonhangaba, estado de São Paulo, o Instituto Bíblico das Assembleias de
Deus – IBAD, no dia 15 de outubro de 1958. Essa iniciativa não foi aprovada
pela Convenção Geral, porém iniciava-se aqui um processo irreversível de
formação bíblico-teológica para além das Escolas Bíblicas de Obreiros.
No dia 4 de dezembro de 1961, os pastores Lawrence Olson e Gilberto
Malafaia iniciaram, na cidade do Rio de Janeiro, o Instituto Bíblico Pentecostal –
IBP, também sem a aprovação da Convenção Geral das Assembleias de Deus

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no Brasil. Por ocasião da Convenção Geral, realizada no período entre 22 e 26


de janeiro de 1973, na cidade de Natal, estado do Rio Grande do Norte, o
Instituto Bíblico das Assembleias de Deus – IBAD foi reconhecido em caráter
oficial. Na Convenção Geral, realizada no período entre 20 e 23 de janeiro de
1975, na cidade de Santo André, estado de São Paulo, o Instituto Bíblico
Pentecostal – IBP obteve reconhecimento oficial. Entre o início das atividades do
IBAD e a Convenção Geral realizada na cidade de Natal, passaram-se 15 anos,
evidenciando assim a forte resistência contra o modelo norte-americano de
formação em quatro anos.
No ano de 1979, a Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil,
por meio da Comissão de Educação Religiosa, propôs o funcionamento, na
cidade de Campinas, estado de São Paulo, da Escola de Educação Teológicas
das Assembleias de Deus no Brasil – EETAD, dirigida pelo missionário norte-
americano Bernhard Johnson. O objetivo da escola era formar obreiros e
membros da igreja. A escola estruturou, em todas as regiões do país, núcleos
de estudo, que funcionavam por meio do envio de material didático. As aulas
eram ministradas por “monitores” (professores) locais. Esse modelo (por
extensão) permitiu o avanço do ensino bíblico-teológico nas regiões mais
distantes dos grandes centros.
Na Convenção Geral, realizada no período de 19 a 26 de janeiro de 1983,
na cidade de Vila Velha, estado do Espírito Santo, foi recomendado que os
candidatos ao ministério fossem qualificados teologicamente. Atualmente, todos
os modelos de ensino bíblico-teológico são verificados nas Assembleias de
Deus, ou seja, as escolas bíblicas, os institutos e seminários bíblicos, os cursos
de extensão, os cursos a distância e as faculdades teológicas existem
harmonicamente. Com o advento do reconhecimento do curso de Bacharelado
em Teologia pelo Ministério da Educação (Parecer CNE/CES n. 241/1999,
aprovado em 15 de março de 1999), as Assembleias de Deus iniciaram a
transição dos seminários teológicos para as faculdades teológicas.

NA PRÁTICA

Embora as Escolas Bíblicas permaneçam presentes na vida atual da


igreja, sua importância foi reduzida e seus objetivos foram alterados. Ao contrário
do que se viu na história da igreja pentecostal brasileira, hoje, as escolas são
direcionadas aos membros em geral, de modo que os assuntos tratados não se
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Aluno: JOYCE GOMES BARBOSA ROCHA

restringem à direção e liderança eclesiástica. A formação migrou para cursos


específicos, principalmente para a formação teológica. Com o advento da
adoção de metodologias científicas, a teologia se submeteu a uma reflexão
ampla, sobretudo filosófica. Na prática, devemos refletir: Qual a contribuição da
teologia na formação espiritual? A metodologia científica melhorou ou piorou o
conteúdo religioso compartilhado? Quais as perspectivas da formação bíblica-
teológica para o futuro?

FINALIZANDO

• A primeira reunião entre obreiros da Assembleia de Deus no Brasil foi


realizada de 18 a 22 de agosto de 1921, no Pará, e reuniu representantes
de 17 cidades.
• O mais antigo encontro de pastores fora do estado do Pará ocorreu em
Alagoas, em outubro de 1923.
• Na Convenção Geral de 1935, em João Pessoa (PB), foi oficializada a
criação de convenções regionais em todos os estados.
• Dez anos depois de sua fundação, a igreja de Belém/PA realizou a
primeira Escola Bíblica de Obreiros.
• As Escolas Bíblicas foram oficializadas pela convenção Geral de 1943, no
Rio de Janeiro.

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REFERÊNCIAS

ARAÚJO, I. de. 100 acontecimentos que marcaram a história das


Assembleias de Deus no Brasil. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.

_____. Dicionário do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2014.

CONDE, E. História das Assembleias de Deus no Brasil. 6. ed. Rio de Janeiro:


CPAD, 2008.

DANIEL, S. História da Convenção Geral das Assembleias de Deus no


Brasil. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.

OLIVEIRA, J. de. As Assembleias de Deus no Brasil. Rio de Janeiro: CPAD,


1997.

POMMERENING, C. I. Educação teológica nas Assembleias de Deus: relações


entre a Escola Bíblica, o Instituto Bíblico e a Academia. In: CONGRESSO DA
ANPTECRE, 5., 2015. Anais... v. 5, 2015. Disponível em:
<www2.pucpr.br/reol/index.php/5anptecre?dd99=pdf&dd1=15552>. Acesso: 26
maio 2021.

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