Matéria - Filhos da Pauta

Editoria: Cultura

Título: Digilustradores
Gravata: Como a popularização da arte digital trouxe novas oportunidades para
artistas

Repórter: Stephanie Pereira

Editor: Vitor Hugo Batista

Texto:

A digitalização mudou o mundo, não é novidade. Novidade é como cada vez mais
pessoas estão aproveitando a tecnologia para ganhar espaço no mercado, como o caso das
ilustradoras Lorena Giostri e Brenda Bossato. As artistas utilizam ferramentas digitais como
seu principal objeto de trabalho e até produziram uma HQ (história em quadrinhos) e um
livro.

Lorena Giostri, designer gráfica e ilustradora freelancer, produz desenhos digitais há

cerca de 3 anos, depois de muito tempo trabalhando com a arte tradicional, conta que
encontrou diversas vantagens no método de produção digital, entre elas a velocidade e
facilidade em comparação a técnicas tradicionais.

Olho: “Não acho que haja alguma vantagem injusta do desenho digital sobre o
tradicional, porque o tradicional é mais exclusivo”

De acordo com Lorena, cada vez mais pessoas estão inovando com obras digitais, o
que não apresenta um risco à arte tradicional, e sim o surgimento de novas oportunidades e
técnicas nunca antes vistas.

Algumas dessas novas oportunidades refletem diretamente no mercado. Como o fato

de que a artista vende produtos ilustrados pela internet, principalmente redes sociais, como
seu Instagram. “Alguns produtos dependem das ilustrações e algumas ilustrações dependem
dos produtos”, diz ela, “às vezes eu desenho algo que fica legal em um bottom e às vezes eu
desenho algo já planejando a capa de um sketchbook” (caderno utilizado por artistas para
praticar ilustrações).
 FOTO 01: O quadrinho “Pipo” narra a história de um cachorrinho de rua. Ilustração:
Lorena Giostri.

Um de seus projetos mais recentes foi a HQ “Pipo”, escrita por Ygor Freitas e
ilustrada por Lorena, que divergiu da técnica com que estava acostumada ao criar a “meta
pessoal” de ilustrar toda a HQ com seu IPad. Esse projeto está disponível no Catarse, a
primeira plataforma de financiamento coletivo do Brasil, onde qualquer um pode apoiá-lo
para contribuir com sua produção.

Plataformas como essa são uma de muitas que artistas utilizam hoje em dia para
produzir obras que não seriam possíveis sem esse suporte. Outro exemplo disso é o livro
infantil “Herança”, escrito e ilustrado por Brenda Bossato, e também disponibilizado no
Catarse para receber apoio.

Brenda Bossato, ilustradora freelancer que elabora material didático e infantil, produz
arte digital há cerca de 5 anos e trabalhava no estúdio Dogzilla, até que decidiu investir em
seus próprios projetos, após ver se inspirar em outros artistas que expuseram seus trabalhos na
Bienal de Quadrinhos de Curitiba.

FOTO 02: “Herança” foi ilustrado com o uso de um IPad, diferentemente da maior
parte das obras digitais, que são feitas com mesas digitalizadoras. Foto: Stephanie Pereira.
Brenda usa os websites Behance, Instagram e Facebook para expor suas ilustrações, e
também faz as chamadas commissions, ou comissões. As commissions são encomendas feitas
pela internet em que clientes compram uma ilustração que descrevem ao artista, sendo que a
descrição serve de base para a produção da obra. As commissions são entregues no formato de
arquivo para que o cliente utilize a ilustração como preferir, desde que não seja para lucro
próprio.

Olho: “O desenho tradicional tem um charme, são trabalhos muito espontâneos e

muito fantásticos”

Assim como Lorena, Brenda não acha que o meio digital seja injusto. Ainda diz que a
arte digital completa a tradicional e é mais acessível tanto para artistas quanto para o público,
já que apresenta um custo relativamente menor do que a produção tradicional. Graças a isso, o
mundo da arte têm se tornado mais democrático e quem antes teria que ir ao museu para ver
obras fantásticas agora pode fazer isso com apenas um clique.

VÍDEO 01: Brenda conta um pouco do processo de produção de seu livro. Vídeo:
Stephanie Pereira