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Vacina: X 17 (2024) 100430

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Vacina: X
Página inicial da revista: www.elsevier.com/locate/jvacx

Visão geral da cobertura de vacinação infantil no Brasil e o impacto da pandemia

de COVID-19
Pandemia de COVID-19: a saúde de nossas crianças está em risco? Uma análise
de
períodos pré-COVID-19 e durante a pandemia de COVID-19
J'e ssica Paula Martins , 1Giulia Almeida Alatzatianos1 , Tais Mendes Camargo1 ,
Fernando Augusto Lima Marson 1,*
Laboratório de Biologia Molecular e Genética, Universidade Sa˜o Francisco, Bragança Paulista, Sa˜o Paulo, Brasil

A R T I C L EI N F A B S T R A C T
O
Introdução: A doença do coronavírus (COVID-19) teve um grande impacto em vários aspectos relacionados à
Palavras- saúde da população, incluindo a taxa de adesão à vacinação. Este estudo descreve como a cobertura de vacinação
chave: Brasil
infantil (CVC) no Brasil foi afetada pela pandemia no período de 2020 a 2022 e explora a relação entre esses dados
Epidemiologia
e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e o número de votos recebidos no governo com uma ideologia
Imunização
SARS-CoV-2 política de direita.
Vacinação Métodos: Foi realizada uma análise ecológica da CVC, incluindo 12 vacinas. O IDH foi avaliado
Vacinas considerando-se o IDH-Geral, o IDH-Renda, o IDH-Longevidade e o IDH-Educação. A porcentagem de votos
válidos recebidos pelo ex-presidente (ideologia política de direita) também foi obtida. Os testes de correlação
de Spearman foram aplicados para comparar os marcadores.
Resultados: Durante o período analisado, foi observada uma tendência de crescimento linear no CVC entre 2015 e
2018 em relação a todas as vacinas. No entanto, a partir de 2018, após as eleições presidenciais no Brasil, o CVC
reduziu significativamente, apresentando uma queda ainda mais acentuada com o início da pandemia da COVID-
19. Essa redução no CVC observada para algumas vacinas foi relacionada à maior porcentagem de votos para o
governo com ideologia política de direita, especialmente em relação às vacinas BCG (bacilo de Calmette e Guerin)
e pentavalente (que protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e bactéria Haemophilus influenzae tipo
b). Além disso, ao analisar o IDH, observou-se que os valores mais baixos desse indicador estavam associados a
uma redução mais expressiva da CVC, principalmente relacionada às vacinas febre amarela, pentavalente,
pneumocócica conjugada 10-valente, rotavírus humano e tríplice viral (proteção contra sarampo, caxumba e
rubéola - MMR).
Conclusão: Embora o Brasil tenha um histórico bem-sucedido e exemplar no combate a várias doenças,
principalmente devido à alta taxa de CVC, a redução contínua dessa cobertura deve ser cuidadosamente
avaliada pelos gestores de saúde.

1. Introdução expectativa de vida da população brasileira [1]. É responsável pela


distribuição de vacinas para toda a população brasileira, apresenta um
Criado em 1973, o Programa Nacional de Imunizações do Sistema histórico de sucesso e tem experiências bem-sucedidas em termos de
Único de Saúde do Brasil é coordenado pelo Ministério da Saúde em campanhas nacionais de vacinação [1-3]. Por meio desse programa, o
conjunto com as secretarias municipais e estaduais de saúde [1]. É Brasil conseguiu eliminar e controlar várias doenças e, devido à sua
reconhecido mundialmente por sua relevante intervenção na saúde ação, o perfil epidemiológico das doenças imunopreveníveis sofreu
pública, contribuindo para a redução da mortalidade infantil e grande impacto no país [3]. Considerado referência em outros países
melhorando a qualidade de vida da população. como um dos

* Autor correspondente em: Universidade Sa˜o Francisco, Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Laboratório de Biologia Molecular e Genética. Avenida
Sa˜o Francisco de Assis, 218. Jardim S˜ao Jos'e, Bragança Paulista 12916-900, S˜ao Paulo, Brasil.
Endereços eletrônicos: jes.sy.paula@hotmail.com (J. Paula Martins), giulia.alatzatianos@mail.usf.edu.br (G. Almeida Alatzatianos), tais.camargo@usf.edu.br (T.
Mendes Camargo), fernando.marson@usf.edu.br, fernandolimamarson@hotmail.com (F. Augusto Lima Marson).
1 Os autores contribuíram igualmente para este estudo.
https://doi.org/10.1016/j.jvacx.2024.100430
Recebido em 9 de outubro de 2023; Recebido em formato revisado em 23 de dezembro de 2023; Aceito em 3 de janeiro de 2024
Disponível on-line em 9 de janeiro de 2024
2590-1362/© 2024 O(s) autor(es). Publicado por Elsevier Ltd. Este é um artigo de acesso aberto sob a licença CC BY-NC-ND (http://creativecommons.org/licenses/by-
nc-nd/4.0/).
J. Paula Martins et al. Vacina: X 17 (2024) 100430

possível aumento na hesitação com o calendário de vacinação infantil


O Programa Nacional de Imunizações, um dos maiores programas de
durante a pandemia da COVID-19 no Brasil entre os brasileiros
vacinação do mundo, disponibiliza gratuitamente cerca de 45
imunobiológicos para diferentes faixas etárias [3-5]. No entanto, desde
2017, os níveis de doses de vacinas aplicadas têm diminuído e, como
consequência, a cobertura vacinal infantil no calendário de vacinação
tem apresentado uma queda acentuada. Esse cenário foi agravado pela
pandemia da doença do coronavírus (COVID-19) [6-8].
Com o surto da pandemia de COVID-19, várias medidas
preventivas foram aplicadas na tentativa de impedir a propagação do
coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2) [9-
11]. O desenvolvimento de novas vacinas estava entre essas medidas
[12,13]. Portanto, em janeiro de 2021, a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária do Brasil concedeu aprovação emergencial à
vacina CoronaVac, desenvolvida pela empresa farmacêutica chinesa
Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, e à vacina Covishield,
produzida pela empresa farmacêutica Serum Institute of India, em
parceria com a AstraZeneca/Oxford University e a Fundação Oswaldo
Cruz [14]. Essas vacinas foram distribuídas e aplicadas seguindo uma
lista de grupos prioritários definida pelo Ministério da Saúde [15,16] e,
a partir de fevereiro de 2021, outras vacinas começaram a ser utilizadas
no Brasil, como a vacina Comirnaty, produzida pela indústria
farmacêutica norte-americana Pfizer, em parceria com o laboratório de
biotecnologia alemão BioNTech [17]. Inclusive, a vacinação contra a
gripe foi capaz de promover melhores resultados entre os pacientes
hospitalizados devido à COVID-19, principalmente em pacientes que
receberam as duas vacinas - contra a gripe e contra a COVID-19 [18].
Mesmo diante de um cenário otimista em decorrência das vacinas
contra a COVID-19, a pandemia provocou interrupções nos serviços
de saúde não emergenciais, incluindo os serviços de imunização, com
a consequente redução da cobertura vacinal, principalmente entre as
crianças [19-23]. Esse fato pode ter sido agravado pela relutância da
população em procurar serviços de saúde devido ao risco de contaminação
pelo novo vírus (SARS-CoV-2) nas unidades de saúde ou ao compartilhar
meios de transporte para esses locais [24]. Outros fatores também
podem ter influenciado a diminuição da cobertura vacinal no Brasil,
incluindo a disseminação de notícias políticas e difamatórias sobre
medicamentos ineficazes e tratamentos duvidosos para o manejo de
doenças respiratórias e sobre o desenvolvimento, a origem e a
implementação das vacinas contra a COVID-19 [10,11,16,25-27]. Isso
criou desconfiança na sociedade sobre como agir em relação às novas
vacinas e também gerou incerteza em relação a outras vacinas já
incluídas no calendário de vacinação brasileiro [7,28-32].
Nesse contexto, dados oficiais publicados pelo Fundo de
Emergência das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), pela
Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e pela Organização
Mundial da Saúde (OMS) demonstraram que 23 milhões de crianças
não receberam vacinas básicas dos serviços de saúde de rotina em
2020. Esse foi o número mais alto desde 2009 e aumentou 3,7 milhões
em relação aos números de 2019, o que resultou em um número
crescente de crianças em risco de doenças devastadoras, mas evitáveis
[33,34]. Devido à redução da cobertura vacinal no Brasil, em maio de
2022, a OPAS classificou o país como um local de alto risco para a
reintrodução de doenças erradicadas, como a poliomielite. Esses
relatos reforçam a urgência de se investigar e sintetizar as razões pelas
quais a eficácia do Programa Nacional de Imunizações brasileiro diminuiu
acentuadamente antes, durante e após a pandemia da COVID-19, mais
especificamente quando se observa o calendário de vacinação infantil,
com o objetivo de desenvolver planos e métodos para recuperar o
histórico de experiências bem-sucedidas em campanhas que o Sistema
Único de Saúde (SUS) tem proporcionado à população [1]. Assim,
parece relevante destacar que os dados pré-enviados e analisados, bem
como as considerações deste artigo, acrescentam informações valiosas
para apoiar questões relacionadas às políticas de saúde, principalmente
as públicas, visando à orientação das estratégias de vacinação no
Brasil.
Levando isso em consideração, este estudo teve o objetivo de
verificar a probabilidade de o produto ser usado para fins de pesquisa.
2
J. Paula Martins et al. influenciado a situação da vacinação no país, Vacina:
ou seja,X 17a(2024)
redução da
100430
população, de 2015 a 2022, e associar esses valores ao Índice de
CVC de acordo com o calendário de vacinação infantil. Os dados
Desenvolvimento Humano (IDH) brasileiro por unidade federativa e a
sobre o IDH e a porcentagem (%)
questões políticas associadas ao governo federal brasileiro.

2. Métodos

Este estudo desenvolveu uma análise epidemiológica do caráter


ecológico dos dados do Ministério da Saúde do Brasil disponíveis no
Tab-Net - um tabulador genérico de domínio público que permite a
organização rápida dos dados de acordo com a pesquisa desejada. O
Tab-Net foi desenvolvido pelo Data-SUS (Departamento de
Informática do Sistema Único de Saúde) para reunir informações dos
bancos de dados do SUS (https
://datasus.saude.gov.br/acesso-a-informacao/imunizacoes-desde
-1994/; acessado em 25 de abril de 2023) [35]. Sua plataforma de
informações sobre imunização vem coletando e armazenando
informações, como dados de cobertura de vacinação, número de doses
aplicadas e taxa de abandono desde 1994. Este estudo obteve dados
sobre a cobertura de vacinação infantil (CVC) com base em três
períodos de análise com dados encontrados na plataforma do governo
em relação à vacinação: (período 1) 2018 e 2015 (período pré-
pandêmico com um governo durante uma ideologia política de
esquerda), (período 2) 2020 e 2018 (período pré-pandêmico com um
governo durante uma ideologia política de direita) e, finalmente,
(período 3) 2022 e 2020 (período pandêmico com um governo
durante uma ideologia política de direita).
Entre os imunizantes, as seguintes vacinas foram investigadas
considerando a CVC: (i) vacina BCG (bacilo Calmette e Guerin), (ii)
vacina DTP [vacina tríplice bacteriana para prevenir difteria, tétano e
coqueluche], (iii) vacina contra febre amarela, (iv) vacina contra
hepatite B, (v) vacina meningocócica C conjugada, (vi) vacina
pentavalente (que protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite
B e bactéria Haemophilus influenzae tipo b), (vii) vacina
pneumocócica conjugada 10-valente [que protege contra a doença
pneumocócica invasiva, pneumonia, pneumonia e otite média aguda
causadas por Streptococcus pneumoniae dos sorotipos 1, 4, 5, 6B, 7F, 9V,
14, 18C, 19F, 23F e sorotipo 19A (proteção cruzada)], (viii) vacina
oral contra o poliovírus, dose 1 (15 meses de idade), (ix) vacina oral
contra o poliovírus - dose de reforço (quatro anos de idade), (x)
vacina contra rotavírus humano, (xi) vacina tetravalente (proteção
contra difteria, tétano, coqueluche e meningite) e (xii) vacina tríplice
viral (proteção contra sarampo, caxumba e rubéola - MMR). O CVC
(%) de cada vacina foi obtido de 2015 a 2022 e por unidade da
federação (Estados e Distrito Federal) no Brasil. A mudança no CVC por
períodos também foi apresentada, ou seja, período 1, período 2 e,
finalmente, período 3, conforme descrito anteriormente.
Os valores do IDH considerando o país e suas unidades
federativas foram avaliados por meio de quatro marcadores: (i)
IDH-Geral, (ii) IDH-Renda (dimensão: padrão de vida decente;
indicador: renda nacional bruta per capita), (iii) IDH-Longevidade
(dimensão: vida longa e saudável; indicador: expectativa de vida ao
nascer) e (iv) IDH-Educação (dimensão: conhecimento; indicador:
anos esperados de escolaridade e média de anos de escolaridade). O
conjunto de dados foi obtido na página da Web do Atlas Brasil
(https://www.atlasbrasil.org.br/ranking; acessado em 25 de abril de
2023) [36], que armazena dados do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística que retratam o desenvolvimento humano
sustentável e as desigualdades no Brasil. Os valores de IDH
apresentados no estudo referem-se a 2021, que é o último ano com
dados armazenados pelo sistema. Além disso, foi obtido o percentual
(%) de votos válidos em 2018 e 2022 para o governo com
ideologia política de direita, para ambos os turnos das eleições
presidenciais no Brasil, ou seja, primeiro e segundo turnos. Os
dados contendo o número de votos válidos foram obtidos de acordo
com os dados fornecidos pelo Tribunal Superior Eleitoral do Brasil.
Esses dados foram usados para avaliar se a disputa ideológica, os
discursos contra a vacinação contra a COVID-19 e as medidas
políticas do governo federal por meio da ideologia política de direita
para gerenciar a crise de saúde e realizar a vacinação poderiam ter
3
J. Paula Martins et al. Vacina: X 17 (2024) 100430

de idade) (dados ausentes de 2015 e 2016 - apesar da motivação para a


de votos válidos nas eleições presidenciais no Brasil são apresentados
primeira dose, a dose de reforço está atualmente disponível para
de acordo com a população do país e de suas unidades federativas.
aplicação nas unidades de saúde) e vacina tetravalente (dados descritos
Quanto ao IDH (Geral, Educação, Renda e Longevidade) no ano de
apenas para os anos de 2015 e 2016,
2021 e a porcentagem (%) de votos válidos para o governo com uma
ideologia política de direita nos anos de 2018 e 2022, eles foram
correlacionados com a redução do CVC para diferentes vacinas nas
unidades federativas brasileiras.
A análise estatística foi feita usando o software Statistical Package
for the Social Science (IBM SPSS Statistics for Macintosh, versão
27.0). Os testes de correlação de Spearman foram aplicados para
comparar o IDH (Geral, Educação, Renda e Longevidade) no ano de
2021 e a porcentagem (%) de votos válidos para um governo com
ideologia política de direita com as taxas de CVC. Para avaliar a
possível taxa de redução da CVC, dois momentos foram escolhidos em
nosso estudo: (momento 1 - igual ao período 2) diminuição/aumento
da adesão no calendário de vacinação (período pré-pandêmico e
governo com ideologia política de direita) entre os períodos de 2020 a
2018 - com o objetivo de avaliar apenas a influência da disputa
ideológica, os discursos contra a vacinação contra a COVID-19 e as
medidas políticas do governo federal para gerenciar a crise de saúde e
realizar a vacinação; e (momento 2 - igual ao período 2 mais o período
3) diminuição/aumento da adesão no calendário de vacinação
(períodos pré-pandêmico e pandêmico e governo com ideologia
política de direita) entre os períodos de 2022 a 2018 - com o objetivo
de investigar a influência de uma ideologia política de direita,
conforme descrito acima, e o surto da pandemia da COVID-19.
Na correlação de Spearman, foram considerados os seguintes
pontos de corte: (i) ± 0,90-1,0, índice de correlação positivo-negativo
muito alto; (ii)
± 0,70-0,90, alto índice de correlação positivo-negativo; (iii) ± 0,50-
0,70, moderado índice de correlação positivo-negativo; (iv) ± 0,30-
0,50, baixo índice de correlação positivo-negativo; e (v) 0,00-0,30,
índice de correlação positivo-negativo insignificante. Um erro alfa de
0,05 foi empregado na análise estatística. Nosso grupo de pesquisa
usou uma abordagem estatística semelhante à usada em dois estudos
anteriores, ou seja, um deles associou o número de mortes de pacientes
submetidos a tratamento hospitalar para síndrome respiratória aguda
causada pela COVID-19 no Brasil e o IDH, enquanto o outro associou
o número de mortes devido à evolução clínica da fibrose cística
[Online Mendelian In- heritance in Man (OMIM) no 219700] e o IDH
[37,38].
A apresentação gráfica foi elaborada usando o GraphPad Prism
versão 8.0.0 para Mac, GraphPad Software, San Diego, CA, EUA, acessado
em 25 de abril de 2023 em: https://www.graphpad.com. Além disso,
foram usados gráficos XY para descrever a relação entre a
redução/aumento de CVC para as diferentes vacinas e os anos de
dados analisados. Além disso, o gráfico da matriz de correlação foi
usado para apresentar correlações por unidade federativa no Brasil,
entre a) IDH-Geral, IDH-Educação, IDH-Renda, IDH-Longevidade e a
redução/aumento da CVC para diferentes vacinas, b) porcentagem (%)
de votos válidos e redução/aumento da CVC para diferentes vacinas, e
c) IDH e porcentagem (%) de votos válidos.
Os dados usados em nosso estudo estão disponíveis publicamente.
Por ser anônimo, este é um estudo isento de consentimento, pois não
apresenta nenhum risco para os participantes da pesquisa e foi
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São
Francisco [Certificado de Apresentação de Revisão Ética no
67241323.0.0000.5514].

3. Resultados

3.1. Cobertura vacinal infantil no Brasil

Embora doze vacinas diferentes tenham sido incluídas no estudo,


três delas não foram usadas na análise final [DTP (dados ausentes de 2017 a
2020, e as instruções de vacinação foram alteradas para adultos e
gestantes), vacina oral contra o poliovírus - dose de reforço (quatro anos
4
J. Paula Martins et al. (%) é mostrada na Fig. 4. Os valores de correlação
Vacina:positivos
X 17 (2024)indicam
100430
com dados completos para a vacina tríplice viral (MMR) somente nos
que o aumento da porcentagem (%) de votos ou do IDH foi
anos seguintes)]. A evolução da CVC para as demais vacinas é
responsável pela variação da CVC (%) por vacina incluída no estudo.
mostrada na Fig. 1 e nas Tabelas Suplementares 1-9. Na Fig. 1, os
dados mostram a CVC de acordo com a população total do país e por
ano de análise. Portanto, observou-se que, no período avaliado, a CVC
foi praticamente linear de 2015 a 2018 para todas as vacinas, com exceção
da febre amarela, que apresentou aumento de cobertura. No entanto,
em 2018, após as eleições presidenciais no Brasil, observou-se uma
redução na CVC, que se agravou após o surto pandêmico de COVID-
19. Curiosamente, após 2021, observou-se um leve aumento no CVC.
Ao considerar todas as vacinas, poucas apresentaram valores
superiores a 95% do CVC no período investigado. Essas vacinas
foram: (2015) vacina BCG, vacina meningocócica C conjugada,
vacina pneumocócica conjugada 10-valente, vacina oral contra
poliovírus dose 1 e vacina contra rotavírus humano; (2016) vacinas BCG
e pentavalente; (2017) vacina BCG; e (2018) vacinas BCG e
pentavalente. No período de 2018 a 2022, nenhuma vacina apresentou
valores superiores a 95% do CVC (Fig. 1). Os dados referentes a cada
unidade federativa do país e por ano de avaliação são apresentados
nas Tabelas Suplementares 1-9.

3.2. Visão geral da redução da cobertura de vacinação infantil no Brasil

O estudo avaliou a redução/aumento do CVC nos períodos 1


(2018-2015), 2 (2020-2018) e, finalmente, 3 (2022-2020). No período
1
investigada, observou-se uma diminuição na CVC para todas as
vacinas [BCG, hepatite B, conjugada meningocócica C, conjugada
pneumocócica 10-valente, dose 1 da vacina oral contra o poliovírus,
rotavírus humano e tríplice viral (MMR)], exceto para as vacinas
pentavalente e contra a febre amarela, que seguiram uma tendência de
aumento, atingindo, respectivamente, 1,03% e 13,19% (Figs. 1 e 2). A
maior redução na CVC ocorreu no período 1 para a vacina
meningocócica C conjugada (-9,70%), a dose 1 da vacina oral contra
o poliovírus (-8,75%) e a vacina pneumocócica conjugada 10-valente
(-7,81%), quando vigorava o período pré-pandêmico com um governo
com ideologias políticas de esquerda (Figuras 1 e 2). No período 2
investigado, foi observada uma diminuição na CVC para todas as
vacinas, com uma diminuição maior na CVC para a vacina contra hepatite
B (-22,63%), a vacina BCG (-22,58%) e a vacina contra rotavírus
humano (-13,99%) quando o período pré-pandêmico com um governo
com ideologias políticas de direita estava em vigor (Figuras 1 e 2).
Em seguida, observou-se um ligeiro aumento na CVC no período 3
para quatro vacinas [hepatite B (16,60%), BCG (12,67%), febre
amarela (3,00%) e dose 1 da vacina oral contra o poliovírus (0,33%)]
e uma ligeira diminuição para as outras [pentavalente (-0.62%),
meningocócica C conjugada (-0,69%), pneumocócica 10-valente
conjugada (-0,70%), rotavírus humano (-1,41%) e tríplice viral
(MMR) (-3,44%)] (Figs. 1 e 2) quando vigorou o período pandêmico
com um governo com ideologias políticas de direita.

3.3. Correlação entre a redução da cobertura de vacinação infantil e o


IDH (geral, educação, renda e longevidade) e a porcentagem (%) de votos
válidos para um governo com ideologias políticas de direita

A Tabela 1 mostra os valores do IDH e seus componentes, bem


como a porcentagem (%) de votos válidos para um governo com
ideologias políticas de direita nas eleições presidenciais (ambos os
turnos das eleições de 2018 e 2022) de acordo com as unidades
federativas do país. A Tabela 2 apresenta os valores de CVC
diminuídos/aumentados (%) no Brasil, considerando as diferentes
vacinas investigadas e os momentos selecionados para o estudo
[Momento 1 (M1): do ano de 2020 ao ano de 2018 (igual ao período
2) e Momento 2 (M2): do ano de 2022 ao ano de 2018 (igual ao
período 2 mais o período 3)].
A matriz de correlação de Spearman entre a porcentagem (%) de
votos para a ideologia política de direita e a variação do CVC (%) por
vacina incluída no estudo é mostrada na Fig. 3, enquanto a correlação
entre os valores do IDH e seus componentes com a variação do CVC
5
J. Paula Martins et al. Vacina: X 17 (2024) 100430

Fig. 1. Cobertura vacinal infantil no Brasil considerando as vacinas avaliadas no estudo. Cada linha indica uma vacina e sua evolução no período do estudo com
relação à cobertura vacinal. A imagem mostra uma cobertura de 95% (linha horizontal quebrada), que indica uma das principais métricas para evidenciar o
sucesso da campanha de vacinação. O eixo x mostra os anos de avaliação e os seguintes marcadores (linhas contínuas): (2018) eleições presidenciais no Brasil;
(2020) surto da pandemia da doença do coronavírus (COVID)-19 no Brasil; e (2022) novas eleições presidenciais no Brasil. Os dados foram obtidos do Data-
SUS (Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil) para gerar informações do banco de dados do Sistema Único de Saúde do Brasil
(https://datasus.saude.gov. br/acesso-a-informacao/imunizacoes-desde-1994/; acessado em 25 de abril de 2023). A vacina pneumocócica conjugada 10-valente
oferece proteção contra a doença pneumocócica invasiva, pneumonia e otite média aguda causadas por Streptococcus pneumoniae dos sorotipos 1, 4, 5, 6B, 7F,
9V, 14, 18C, 19F, 23F e sorotipo 19 (proteção cruzada).

Fig. 2. Variação da cobertura vacinal (%) em relação às vacinas avaliadas no estudo. Os dados são apresentados por períodos, como segue: (período 1) 2018 a
2015 (período pré-pandêmico com um governo com ideologia política de esquerda), (período 2) 2020 a 2018 (período pré-pandêmico com um governo com
ideologia política de direita) e, finalmente, (período 3) 2022 a 2020 (período pandêmico com um governo com ideologia política de direita). Nesse gráfico, os valores
negativos indicam que a diferença entre os anos estava associada a uma diminuição na cobertura de vacinação infantil, ou seja, os valores iniciais eram mais altos
do que os observados nos outros anos (2018, 2020 e 2022). Os dados são apresentados usando a porcentagem (%) de mudança na cobertura de vacinação entre os
anos. A cor verde indica um aumento na cobertura vacinal; a cor vermelha indica uma diminuição na cobertura vacinal. Os dados foram obtidos do Data-SUS
(Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil) para gerar informações do banco de dados do Sistema Único de Saúde do Brasil (https
://datasus.saude.gov.br/acesso-a-informacao/imunizacoes-desde-1994/; acessado em 25 de abril de 2023). A vacina pentavalente oferece proteção contra a difteria, o
tétano, a coqueluche, a hepatite B e a bactéria Haemophilus influenzae tipo b; A vacina pneumocócica conjugada 10-valente oferece proteção contra a doença
pneumocócica invasiva, pneumonia e otite média aguda causadas pelo Streptococcus pneumoniae dos sorotipos 1, 4, 5, 6B, 7F, 9V, 14, 18C, 19F, 23F e sorotipo 19
(proteção cruzada); a vacina tríplice viral oferece proteção contra sarampo, caxumba e rubéola - MMR. (Para interpretação das referências a cores na legenda desta
figura, o leitor deve consultar a versão web deste artigo).

6
J. Paula Martins et al. Vacina: X 17 (2024) 100430

Tabela
1
Porcentagem (%) de votos para um governo com ideologia política de direita nas eleições presidenciais de 2018 e 2022 no Brasil e Índice de Desenvolvimento Humano
e seus componentes em 2021 de acordo com as unidades federativas brasileiras (Estados e Distrito Federal).
Estados e Distrito Federal*** Eleições de 2018 Eleições de 2022 Índice de Desenvolvimento Humano**

1R 2R 1R 2R Geral Renda Educação Longevid


ade
11 Rondoˆnia 62.24 72.18 64.36 70.66 0.700 0.677 0.694 0.731
12 Acre 62.24 77.22 62.50 70.30 0.710 0.655 0.692 0.788
13 Amazonas 43.48 50.27 42.81 48.90 0.700 0.641 0.720 0.744
14 Roraima 62.97 71.55 69.57 76.08 0.699 0.680 0.673 0.745
15 Para' 36.19 45.19 40.27 45.25 0.690 0.645 0.686 0.744
16 Amapá 40.74 50.20 43.41 51.36 0.688 0.648 0.647 0.778
17 Tocantins 44.64 48.98 44.00 48.64 0.731 0.684 0.732 0.779
21 Maranha˜o 24.28 26.74 26.02 28.86 0.676 0.603 0.716 0.715
22 Piauí 18.76 22.95 19.90 23.14 0.690 0.649 0.698 0.726
23 Ceará' 21.74 28.89 25.38 30.03 0.734 0.658 0.766 0.784
24 Rio Grande do Norte 30.21 36.59 31.02 34.90 0.728 0.692 0.680 0.819
25 Paraíba 31.30 35.02 29.62 33.38 0.698 0.653 0.669 0.779
26 Pernambuco 30.57 33.50 29.92 33.07 0.719 0.647 0.721 0.797
27 Alagoas 34.40 40.08 36.05 41.32 0.684 0.630 0.679 0.748
28 Sergipe 27.21 32.46 29.16 32.79 0.702 0.662 0.684 0.764
29 Bahia 23.41 27.31 24.31 27.88 0.691 0.648 0.659 0.772
31 Minas Gerais 48.31 58.19 43.60 49.80 0.774 0.718 0.762 0.846
32 Espírito Santo 54.76 63.06 52.23 58.04 0.771 0.715 0.742 0.864
33 Rio de Janeiro 59.79 67.95 51.09 56.53 0.762 0.759 0.758 0.769
35 Sa˜o Paulo 53.00 67.97 47.71 55.24 0.806 0.771 0.839 0.810
41 Paraná 56.89 68.43 55.26 62.40 0.769 0.744 0.780 0.785
42 Santa Catarina 65.82 75.92 62.21 69.27 0.792 0.759 0.790 0.827
43 Rio Grande do Sul 52.63 63.24 48.89 56.35 0.771 0.767 0.750 0.797
50 Mato Grosso do Sul 55.06 65.22 52.70 59.49 0.742 0.733 0.741 0.751
51 Mato Grosso 60.04 66.42 59.84 65.08 0.736 0.720 0.758 0.730
52 Goia's 57.24 65.52 52.16 58.71 0.737 0.714 0.778 0.721
53 Distrito Federal 58.37 69.99 51.65 58.81 0.814 0.821 0.817 0.803

1R, primeira rodada; 2R, segunda rodada.


* Os dados referentes à porcentagem de votos válidos foram obtidos do conjunto de dados oficiais publicados pelo Tribunal Superior Eleitoral do Brasil.

** Esse conjunto de dados foi obtido na página do Atlas Brasil (https://www.atlasbrasil.org.br/ranking; acessado em 25 de abril de 2023). Os valores do IDH

considerando o país e suas unidades federativas foram avaliados por meio de quatro marcadores: (i) IDH-Geral, (ii) IDH-Renda (dimensão: padrão de vida decente;
indicador: renda nacional bruta per capita), (iii) IDH-Longevidade (dimensão: vida longa e saudável; indicador: expectativa de vida ao nascer) e (iv) IDH-
Educação (dimensão: conhecimento; indicador: anos esperados de escolaridade e média de anos de escolaridade).
*** Os códigos numéricos representam os códigos usados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

aumento na redução da CVC. i) 2ª rodada - 2022 com a vacina pentavalente - M1 [Valor P =


Com relação à porcentagem de votos obtidos nas eleições 0,013; CC = (-)0,471 (IC95% = (-)0,727 a (-)0,098) - baixa
presidenciais no Brasil, os dados a seguir apresentaram uma correlação correlação
estatisticamente significativa (Fig. 3): índice de tensão].

a) 1ª rodada - 2022 com vacina BCG - M2 [P-valor = 0,046; CC = Quanto ao IDH e seus componentes, os dados a seguir apresentaram
0,388 (IC95% = (-)0,001 a 0,676) - baixo índice de correlação]; uma correlação estatisticamente significativa (Fig. 4):
b) 1ª rodada - 2018 com a vacina contra febre amarela - M2 [P-valor
= 0,017; CC = 0,457 (IC95% = 0,081 a 0,789) - baixo índice de a) HDI-Longevidade com a vacina contra febre amarela - M1 [P-valor =
correlação]; 0,004; CC
c) 2ª rodada - 2018 com a vacina contra febre amarela - M2 [P-valor = (-)0,537 (IC95% = (-)0,767 a (-)0,186) - índice de correlação
= 0,048; CC = 0,385 (IC95% = (-)0,006 a 0,674) - baixo índice de moderado];
correlação]; b) HDI-Geral com a vacina pentavalente - M1 [P-valor = 0,003; CC =
d) 1ª rodada - 2022 com a vacina contra febre amarela - M2 [P-valor (-)0,554 (IC95% = (-)0,777 a (-)0,210) - índice de correlação
= 0,009; CC = 0,494 (IC95% = 0,129 a 0,741) - baixo índice de moderado];
correlação]; c) IDH-Renda com a vacina pentavalente - M1 [P-valor = 0,005; CC
e) 2ª rodada - 2022 com a vacina contra febre amarela - M2 [P-valor = (-)0,528 (IC95% = (-)0,721 a (-)0,173) - índice de correlação
= 0,008; CC = 0,498 (IC95% = 0,133 a 0,734) - baixo índice de moderado];
correlação]; d) HDI-Educação com a vacina pentavalente - M1 [P-valor =
f) 1ª rodada - 2018 com a vacina pentavalente - M1 [Valor P = 0,025; CC = (-)0,430 (IC95% = (-)0,703 a (-)0,049) - baixa
0,016; CC = (-)0,459 (IC95% = (-)0,720 a (-)0,083) - baixa correlação
correlação índice de tensão];
índice de tensão]; e) HDI-Longevidade com a vacina pneumocócica conjugada 10-valente
g) 2ª rodada - 2018 com a vacina pentavalente - M1 [Valor P = - M2 [P-valor = 0,019; CC = 0,449 (IC95% = 0,072 a 0,714) - baixo
0,005; CC = (-)0,524 (IC95% = (-)0,759 a (-)0,168) - moderado índice de correlação];
índice de correlação]; f) HDI-Geral com a vacina contra rotavírus humano - M1 [Valor P =
h) 1ª rodada - 2022 com a vacina pentavalente - M1 [Valor P = 0,015; CC = (-)0,465 (IC95% = (-)0,724 a (-)0,714) - baixa
0,010; CC = (-)0,485 (IC95% = (-)0,736 a (-)0,118) - baixa correlação
correlação índice de tensão];
índice de tensão]; g) IDH-Renda com a vacina contra rotavírus humano - M1 [P-valor =
0,038; CC = (-)0,402 (IC95% = (-)0,685 a (-)0,014) - baixa
7
J. Paula Martins et al.
correlação Vacina: X 17 (2024) 100430

índice de tensão];
Tabela
1

8
J. Paula Martins et al. Vacina: X 17 (2024) 100430

Tabela 2
Redução da cobertura vacinal infantil (%) no Brasil, considerando as diferentes vacinas avaliadas no estudo e os momentos selecionados (2020-2018 e 2022-2018)*,**.

M1 (momento 1 - igual ao período 2) diminuição/aumento da adesão no calendário de vacinação (período pré-pandêmico e governo com ideologia política de
direita) entre os períodos de 2020 a 2018 - com o objetivo de avaliar apenas a influência da disputa ideológica, os discursos contra a vacinação contra a doença
do coronavírus (COVID-19) e as medidas políticas do governo federal para gerenciar a crise sanitária e realizar a vacinação; M2 (momento 2 - igual ao período 2 mais
o período 3) diminuição/aumento da adesão no calendário de vacinação (períodos pré-pandêmico e pandêmico e governo com ideologia política de direita) entre
os períodos de 2022 a 2018 - com o objetivo de investigar a influência de uma ideologia política de direita, conforme descrito acima, e o surto da pandemia da
COVID-19; BCG, vacina contra o bacilo de Calmette e Gu'erin; YF, vacina contra a febre amarela; HB, vacina contra a hepatite B; MC, vacina meningocócica C
conjugada; penta, vacina pentavalente (que protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e bactéria Haemophilus influenzae tipo b); 10P, vacina pneumocócica
conjugada 10-valente [que protege contra a doença pneumocócica invasiva, pneumonia e otite média aguda causadas por Streptococcus pneumoniae dos sorotipos 1, 4,
5, 6B, 7F, 9V, 14, 18C, 19F, 23F e 19A (proteção cruzada)]; Pólio, dose 1 da vacina oral contra poliovírus; Rota, vacina contra rotavírus humano; MMR, vacina
Triplice Viral (proteção contra sarampo, caxumba e rubéola).
*Os dados foram obtidos do Data-SUS (Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde) para gerar informações a partir da base de dados do Sistema
Único de Saúde (https://datasus.saude.gov.br/acesso-a-informacao/imunizacoes-desde-1994/; acessado em 25 de abril de 2023).
**Os valores marcados em cinza indicam que houve um aumento na cobertura de vacinação infantil no período avaliado. Os dados foram apresentados nesse formato

para favorecer a compreensão da análise de correlação entre os marcadores.


***Os códigos numéricos representam os códigos usados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

posições em número de casos confirmados e mortes por COVID-19 e,


h) HDI-Educação com a vacina contra rotavírus humano - M1 [P-valor =
seguindo os protocolos internacionais, foi adotado o distanciamento
0,005; CC = (-)0,523 (IC95% = (-)0,758 a (-)0,167) - moderado
social
índice de correlação];
i) HDI-Geral com a vacina tríplice viral (MMR) - M1 [P-valor =
0,018; CC = (-)0,451 (IC95% = (-)0,716 a (-)0,075) - baixa
correlação
índice de tensão];
j) IDH-Renda com a vacina tríplice viral (MMR) - M1 [P-valor =
0,029; CC = (-)0,421 (IC95% = (-)0,696 a (-)0,036) - baixa
correlação
índice de tensão];
k) HDI-Educação com a vacina tríplice viral (MMR) - M1 [P-valor =
0,033; CC = (-)0,411 (IC95% = (-)0,691 a (-)0,026) - baixa
correlação
índice de tensão].

4. Discussão

Os resultados relatados neste artigo enfatizam uma preocupação


crescente em relação à evidente deterioração do histórico de sucesso
mundialmente reconhecido dos programas de vacinação infantil no
Brasil, mesmo antes do início da pandemia da COVID-19 no país. Os
dados analisados revelaram que vários tipos de vacinas reconhecidas
que erradicaram várias doenças registraram uma diminuição notável no
CVC, principalmente após a eleição da ideologia política de direita no
governo federal e o surto de COVID-19, que gerou uma emergência de
saúde pública no Brasil.
Nos primeiros meses da pandemia, o Brasil já ocupava as primeiras
9
J. Paula Martins et al. Vacina: X 17 (2024) 100430
em todo o país. No entanto, a adesão foi parcial, o que refletiu um
cenário de conflitos entre autoridades governamentais [prefeitos,
governadores e presidente], em que o governo federal buscava voltar
à rotina por não considerar necessária a paralisação das atividades e o
isolamento social [39]. Como consequência desse novo vírus, o Brasil
enfrentou uma crise de saúde que gerou um aumento do desemprego,
uma sobrecarga dos sistemas de saúde e um aumento da pobreza
[11,40]. Associado a isso, o Brasil não dispunha de recursos
suficientes para diagnosticar a população, o que também pode ter
contribuído para casos de subnotificação, promovendo assim um
panorama de incerteza em relação às taxas reais de incidência e
mortalidade no país [40,41].
Diante de tantas incertezas, divergências epidemiológicas,
conflitos políticos e um longo tempo de espera para que o governo
federal reconhecesse a gravidade da situação, o resultado não poderia
ser diferente: falhas na implementação de políticas públicas voltadas
para o controle da doença (COVID-19). No entanto, não podemos
responsabilizar apenas as autoridades, uma vez que parte da
população brasileira também contribuiu para a disseminação de
notícias falsas, além do fato de que houve baixa adesão dos cidadãos
às medidas de segurança [39,40]. Com o desenvolvimento de vacinas,
a esperança renasceu por um momento [10,40], mas outros desafios
estavam por vir: a comunidade científica desenvolveu uma vacina
contra a COVID-19 em tempo recorde, mas algumas etapas
convencionais foram puladas [pois o objetivo era imunizar a
população contra o vírus o mais rápido possível], mas nem todos
apoiaram tal medida, especialmente o ex-presidente, que alegou: Eu
já estava infectado e tenho anticorpos. Então, qual é o sentido de
tomar a

10
J. Paula Martins et al. Vacina: X 17 (2024) 100430

Fig. 3. Matriz de correlação entre a porcentagem (%) de votos para o governo com uma ideologia política de direita no Brasil e a variação da cobertura de vacinação
infantil (%) em relação às vacinas avaliadas neste estudo. Valores de correlação positivos indicam que o aumento na porcentagem (%) de votos foi responsável por uma
maior redução na cobertura de vacinação infantil. Aquisição de dados: Os dados referentes à porcentagem de votos válidos foram obtidos de acordo com os dados
oficiais publicados pelo Tribunal Superior Eleitoral do Brasil. Os dados sobre a cobertura de vacinação infantil foram obtidos do Data-SUS (Departamento de
Informática do Sistema Único de Saúde) para gerar informações do banco de dados do Sistema Único de Saúde (https://datasus.saude.gov. br/acesso-a-
informacao/imunizacoes-desde-1994/; acessado em 25 de abril de 2023). A análise estatística foi realizada usando o teste de correlação de Spearman. Nas correlações de
Spearman, foram considerados os seguintes pontos de corte: (i) ± 0,90-1,0, índice de correlação positivo-negativo muito alto; (ii) ± 0,70-0,90, índice de correlação
positivo-negativo alto; (iii) ± 0,50-0,70, índice de correlação positivo-negativo moderado; (iv) ± 0,30-0,50, índice de correlação positivo-negativo baixo; e (v) 0,00-
0,30, índice de correlação positivo-negativo insignificante. Um erro alfa de 0,05 foi usado na análise estatística. Os valores significativos foram descritos no texto. M1
(momento 1 - igual ao período 2) diminuição/aumento da adesão no calendário de vacinação (período pré-pandêmico e governo com ideologia política de direita) entre
os períodos de 2020 a 2018 - com o objetivo de avaliar apenas a influência da disputa ideológica, os discursos contra a vacinação contra a doença do coronavírus
(COVID-19) e as medidas políticas do governo federal para gerenciar a crise de saúde e realizar a vacinação; M2 (momento 2 - igual ao período 2 mais o período 3)
diminuição/aumento da adesão no calendário de vacinação (períodos pré-pandêmico e pandêmico e governo com ideologia política de direita) entre os períodos de 2022
a 2018 - com o objetivo de investigar a influência de uma ideologia política de direita, conforme descrito acima, e o surto da pandemia da COVID-19; BCG, vacina
contra o bacilo de Calmette e Gu'erin; YF, vacina contra a febre amarela; HB, vacina contra a hepatite B; MC, vacina meningocócica C conjugada; penta, vacina
pentavalente (que protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e bactéria Haemophilus influenzae tipo b); 10P, v a c i n a pneumocócica conjugada 10-valente
[que protege contra a doença pneumocócica invasiva, pneumonia e otite média aguda causadas por Streptococcus pneumoniae dos sorotipos 1, 4, 5, 6B, 7F, 9V, 14,
18C, 19F, 23F e 19A (proteção cruzada)]; Pólio, dose 1 da vacina oral contra poliovírus; Rota, vacina contra rotavírus humano; vacina Triplice viral [que protege contra
sarampo, caxumba e rubéola - MMR]; 1R, primeira; 2R, segunda rodada. (Para interpretação das referências a cores na legenda desta figura, o leitor deve consultar a
versão web deste artigo).

vacina? [10]. resultante da vacinação [26]. O ex-presidente também contribuiu ao


O ex-presidente também contribuiu para a disseminação de notícias incutir medo nas pessoas, expondo que caixões vazios estavam sendo
falsas e, usando vários meios de comunicação, declarou que não enterrados e que a COVID-19 nada mais era do que uma gripe [10].
vacinaria sua filha. Em várias ocasiões, ele questionou a eficácia das Sugere-se que a população brasileira seja influenciada por notícias falsas
vacinas e as evidências científicas para sua comercialização, além de e, na literatura, foi mencionado que a hesitação em vacinar as crianças
não apoiar as recomendações propostas pela OMS [42,43], como o é maior entre mães e pais jovens com baixo nível de escolaridade
isolamento social e o uso de máscaras [10]. Esse tipo de [11,44]. Assim, os discursos e as atitudes de um ex-governante que
comportamento de uma autoridade governamental pode ter minimizou a pandemia, associados a um baixo grau de escolaridade e à
influenciado a hesitação vacinal da população brasileira nos últimos exposição prolongada às mídias sociais, podem ser considerados
tempos, considerando que esse fenômeno inclui questões culturais, fatores que impulsionam a baixa adesão à vacinação, pois há
religiosas e políticas e a descrença na medicina. No entanto, vale a pena apoiadores do ex-presidente que reproduziram seus discursos e
destacar a necessidade de conscientização educacional entre os comportamentos [44].
brasileiros, considerando que a negação é frequentemente motivada Um estudo analisou especificamente o impacto da COVID-19 na
por interpretações errôneas da segurança das vacinas [26,42]. O uso CVC no Brasil e seus achados confirmaram os resultados relatados em
indevido das mídias sociais leva à disseminação de movimentos nosso estudo, mostrando que a pandemia teve um impacto negativo na
antivacina, nos quais há aqueles que acreditam que a indústria CVC [8]. Os resultados da eleição presidencial no Brasil também
farmacêutica visa apenas ao lucro e não se importa com os efeitos contribuíram para a baixa adesão da população às campanhas de
colaterais vacinação contra a COVID-19,
11
J. Paula Martins et al. Vacina: X 17 (2024) 100430

Fig. 4. Matriz de correlação entre o Índice de Desenvolvimento Humano [IDH (Geral) e seus componentes: IDH-I (Renda), IDH-E (Educação) e IDH-L (Longevidade)
e a variação na cobertura de vacinação infantil (%) para as vacinas avaliadas no estudo. Valores de correlação positivos indicam que o aumento da porcentagem
de IDH foi responsável por uma maior redução na cobertura de vacinação infantil. Os valores significativos foram descritos no texto. Aquisição de dados: O
conjunto de dados foi obtido na página da Web do Atlas Brasil (http://www.atlasbrasil.org.br/ranking; acessado em 25 de abril de 2023). Os dados referentes às
taxas de cobertura vacinal foram obtidos do Data-SUS (Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde) para gerar informações do banco de dados do
Sistema Único de Saúde (https://datasus.saude.gov.br/acesso-a-informacao/imunizacoes-desde-1994/; acessado em 25 de abril de 2023). A análise estatística foi
realizada usando o teste de correlação de Spearman. Nas correlações de Spearman, foram considerados os seguintes pontos de corte: (i) ± 0,90-1,0, índice de
correlação positivo-negativo muito alto; (ii) ± 0,70-0,90, índice de correlação positivo-negativo alto; (iii) ± 0,50-0,70, índice de correlação positivo-negativo
moderado; (iv) ± 0,30-0,50, índice de correlação positivo-negativo baixo; e (v) 0,00-0,30, índice de correlação positivo-negativo insignificante. Um erro alfa de
0,05 foi usado na análise estatística. M1 (momento 1 - igual ao período 2) diminuição/aumento da adesão no calendário de vacinação (período pré-pandêmico e
governo com ideologia política de direita) entre os períodos de 2020 a 2018 - com o objetivo de avaliar apenas a influência da disputa ideológica, os discursos
contra a vacinação contra a doença do coronavírus (COVID-19) e as medidas políticas do governo federal para gerenciar a crise de saúde e realizar a vacinação; M2
(momento 2 - igual ao período 2 mais o período 3) diminuição/aumento da adesão no calendário de vacinação (períodos pré-pandêmico e pandêmico e governo
com ideologia política de direita) entre os períodos de 2022 a 2018 - com o objetivo de investigar a influência de uma ideologia política de direita, conforme
descrito acima, e o surto da pandemia da COVID-19; BCG, vacina contra o bacilo de Calmette e Gu'erin; YF, vacina contra a febre amarela; HB, vacina contra a
hepatite B; MC, vacina meningocócica C conjugada; penta, vacina pentavalente (que protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e bactéria Haemophilus
influenzae tipo b); 10P, vacina pneumocócica conjugada 10-valente [que protege contra a doença pneumocócica invasiva, pneumonia e otite média aguda causadas
por Streptococcus pneumoniae dos sorotipos 1, 4, 5, 6B, 7F, 9V, 14, 18C, 19F, 23F e 19A (proteção cruzada)]; Pólio, dose 1 da vacina oral contra o poliovírus;
Rota, vacina contra o rotavírus humano; vacina Triplice viral [proteção contra sarampo, caxumba e rubéola - MMR]. (Para interpretação das referências a cores
na legenda desta figura, o leitor deve consultar a versão web d e s t e artigo).

[48,49]. Da mesma forma, na Holanda, a vacina pneumocócica 10-


uma vez que o ex-presidente negligenciou a gravidade da doença,
valente
disseminou o uso de medicamentos não validados para tratá-la e não
investiu em políticas de saúde pública [11]. Como resultado da atitude
negacionista do governo, a população começou a duvidar da eficácia
das vacinas e as taxas de CVC caíram mesmo antes do período
pandêmico e, durante o período pandêmico, permaneceram baixas ao
longo do tempo [8,45].
Nesse contexto, verificou-se que a vacina pneumocócica conjugada
10-valente, que foi pré-qualificada pela OMS em 2009 [46] e incluída
no calendário de vacinação brasileiro para todas as crianças menores
de dois anos de idade em 2010 [47], mostrou o Brasil como pioneiro
em seu calendário de vacinação com 95% de CVC relacionado.
Entretanto, em 2022, sua cobertura diminuiu para ~80%. Dados
coletados na Finlândia, onde a mesma vacina foi introduzida em seu
Programa Nacional de Vacinação em 2010, mostraram um grande
impacto positivo dessa vacina, com eficácia estimada em ~ 93%
12
J. Paula Martins et al. Vacina: X 17 (2024) 100430
A vacina pneumocócica conjugada 7-valente é altamente eficiente em
relação à sua ação na proteção de crianças abaixo de cinco anos de
idade contra doenças pneumocócicas, com substituição limitada de
sorotipos após a substituição da vacina pneumocócica conjugada 7-
valente pela vacina pneumocócica conjugada 10-valente [50]. Esses
achados revelam a importância dessa vacina, uma vez que as
infecções pneumocócicas são um grave problema de saúde pública
em todo o mundo, causando alta morbidade e mortalidade em
crianças pequenas que sofrem de doenças como pneumonia,
meningite e sepse, o que pode resultar em até um milhão de mortes
em crianças com menos de cinco anos de idade [51,52].
Antes do início da pandemia de COVID-19 e durante a pandemia
de COVID-19, as vacinas pentavalente e tríplice viral (MMR)
também registraram uma redução significativa na aplicação. Ao
analisar os dados da vacina pentavalente, por exemplo, as evidências
mostraram que as chances de contrair coqueluche até 2018 eram
maiores. No entanto, um estudo mostrou

13
J. Paula Martins et al. Vacina: X 17 (2024) 100430

vacinas fez com que a maioria das pessoas ignorasse sua importância,
que a hesitação na vacinação tornou-se um fator relevante no aumento
enquanto a falta de confiança em seus efeitos gerou medo em relação às
significativo de bebês e crianças com alto risco de serem afetados pela
doenças que as vacinas previnem [62]. Além disso, os pais tendem a se
coqueluche. Foi sugerido que há uma probabilidade maior de as
preocupar com o número de vacinas
crianças com coqueluche não terem sido vacinadas, em vez de terem
sido apenas parcialmente vacinadas, o que pode resultar em uma
tendência preocupante chamada "não vacinação infantil intencional".
A existência desse fenômeno pode ser explicada por vários fatores,
incluindo crenças filosóficas, religiosas ou pessoais, normas culturais,
falta de cronograma de vacinação e hesitação relacionada aos
fornecedores de vacinas [53]. Todos esses fatores sugerem que pode
ter havido uma diminuição na CVC de coqueluche durante a pandemia
no Brasil. Ao analisar os impactos da pandemia no esquema de vacina
tríplice viral (MMR) no país, parece relevante enfatizar que a
vacinação infantil foi afetada negativamente. Um relatório do UNICEF
de 2019 alertou a comunidade de que mais de 20 milhões de crianças
em todo o mundo não haviam sido devidamente vacinadas, o que
gerou preocupação com o surgimento de casos de sarampo, uma vez
que essa doença poderia ser facilmente prevenida pela vacinação. Um
exemplo evidente dessa preocupação foi observado na Argentina, onde
houve um surto de sarampo no final de agosto de 2019, indicando
evidências de uma possível hesitação na vacinação e que a redução do
CVC criou um risco para a população [54].
Outras vacinas relatadas, como a pentavalente/hexavalente
(protegendo
contra difteria, tétano, coqueluche, poliomielite, Haemophilus
influenzae tipo b e hepatite B), as vacinas contra sarampo e BCG já
apresentavam redução de CVC em alguns países latino-americanos
mesmo antes da pandemia, mostrando que a adesão ao calendário de
vacinação é um processo dinâmico e multifatorial, e a pandemia de
COVID-19 reforçou um cenário pior na adesão à vacinação [7]. Parece
relevante mencionar que os dados encontrados na América Latina são
semelhantes aos achados da Europa e dos Estados Unidos da América,
uma vez que a pandemia da COVID-19 promoveu uma redução na
cobertura vacinal em relação às vacinas incluídas no calendário de
vacinação infantil [19,55].
Ao contrário das outras vacinas, a vacina contra a febre amarela
apresentou um aumento significativo do CVC durante a pandemia da
COVID-19, com apenas uma ligeira redução durante o período 2, em que
o único fator avaliado foi a mudança para uma ideologia política de
direita no governo federal do Brasil. Esse fato pode estar associado à
intensificação da vacinação devido ao ressurgimento do vírus da febre
amarela no Brasil, juntamente com o aumento do número de casos em
humanos e doenças epizoóticas em macacos não humanos [56]. Além
disso, a obrigatoriedade de apresentar comprovante de vacinação
(Certificado Internacional de Vacinação e Profilaxia) para viajar para
alguns países contribuiu para o aumento da vacinação [57]. Embora
algumas áreas tropicais estejam livres da transmissão dessa doença, o
vírus ainda pode encontrar condições ecológicas favoráveis para sua
propagação, o que pode incluir alta densidade populacional, fatores
ambientais e a competência do vetor da doença [58]. Assim, com o
objetivo de evitar o risco de introdução ou reintrodução do vírus em
outros locais, o Regulamento Sanitário Internacional da OMS
recomenda essa vacina para qualquer pessoa que viaje para áreas de
risco de febre amarela, exceto para aquelas com contraindicação,
conforme relatado na literatura [59].
Embora não haja dúvidas de que a vacinação de uma grande parte
da população possa proteger todo o grupo devido à "imunidade de
rebanho" ou "imunidade coletiva", que reduz a circulação do patógeno
entre os indivíduos imunizados, esse processo tem sido prejudicado
pelo aumento injustificado da resistência à vacinação. Isso resulta em
baixas taxas de vacinação, principalmente em relação à vacinação
infantil [60,61]. Além do impacto da pandemia, outros fatores que
afetam a América Latina incluem a alta taxa de natalidade, a falta de
acesso aos serviços de saúde e a falta de recursos na área da saúde [7].
As vacinas têm sido usadas com segurança há muito tempo e, como
praticamente extinguiram várias doenças, algumas pessoas consideram
seu uso desnecessário. A ausência de doenças prevenidas por essas
14
J. Paula Martins et al. Vacina: X 17 (2024) 100430
aplicada em uma única visita ao serviço de saúde, o que pode
provocar efeitos colaterais (esperados). Essa preocupação pode levar
à recusa ou ao atraso no cumprimento da cobertura total do calendário
de vacinação infantil [63]. Portanto, como podemos avaliar com
precisão a queda acentuada na cobertura de vacinação no Brasil?
Foram identificados alguns fatores que podem explicar a
diminuição da vacinação infantil em um país considerado modelo de
cobertura vacinal, como o Brasil. Eles podem ser descritos da
seguinte forma: a) a pandemia da COVID-19 aumentou
exponencialmente a hesitação em relação à vacinação infantil,
principalmente devido à influência de um movimento político-
ideológico antivacina; b) a ampla publicação e circulação de notícias
falsas, causando desinformação, principalmente em relação aos
efeitos colaterais associados à vacinação, o que resultou na criação de
órgãos oficiais, como a OMS e o Centro Europeu de Prevenção e
Controle de Doenças, para evitar a desinformação; c) crenças pessoais
associadas principalmente a experiências anteriores com diferentes
vacinas; d) preocupação com os riscos e benefícios da vacinação,
principalmente devido à falta de conhecimento sobre esse tópico; e e)
barreiras associadas a religião, gênero, condições socioeconômicas e
culturais [16,31,63-72]. Nesse sentido, foi interessante observar que,
muitas vezes, a vacina se tornou vítima de seu próprio sucesso, uma
vez que as doenças que se tornaram raras ou ausentes foram
consideradas desnecessárias para a vacinação. Assim, considerando o
cenário apresentado, é fundamental elaborar e implementar estratégias
que busquem ampliar os esforços dos órgãos governamentais junto à
sociedade para evitar que a hesitação vacinal assuste a população. A
adoção de diretrizes de resposta coordenada entre os órgãos
governamentais é necessária para proporcionar planejamento,
definição de cronogramas e divulgação ampla e adequada de
informações. Essas diretrizes devem ser ampliadas com o objetivo de
fortalecer a vigilância epidemiológica, garantir o acesso à vacinação e
fortalecer a capacidade dos estados e municípios de manter a CVC em
todo o país. Além disso, especialistas em saúde pública, médicos e
indivíduos que defendem a vacinação devem se unir para combater a
disseminação de informações errôneas e corrigir declarações falsas,
principalmente aquelas encontradas on-line. As empresas de mídia
social também podem ajudar a impedir a desinformação,
implementando e aplicando políticas que limitem a disseminação
desse tipo de informação em suas plataformas [73].

5. Conclusões

Embora o Brasil tenha mantido um histórico bem-sucedido e


exemplar de combate a diversas doenças, principalmente em
decorrência da eficácia da CVC, a diminuição constante dessa
cobertura deve ser analisada com atenção pelos gestores da saúde
pública no país. Muitos fatores podem estar associados à redução da
adesão à vacinação infantil, entre eles questões socioeconômicas e
políticas. Assim, os gestores de saúde pública devem estar atentos à
necessidade de promover informações para orientar a população,
principalmente pais e responsáveis por crianças pequenas, com o
objetivo de evitar que agravos à saúde afetem essa faixa etária.

Declarações

Aprovação ética e consentimento para participar: O Comitê de


Ética da Universidade São Francisco aprovou a pesquisa [Certificado
de Presença de Revisão Ética no 67241323.0.0000.5514].

Financiamento

JPM recebeu uma bolsa de estudos do Conselho Nacional de


Desenvolvimento Científico e Tecnológico, número de
concessão 8887.823904/ 2023-00.

Declaração de contribuição de autoria do CRediT

Je'ssica Paula Martins: Conceitualização, curadoria de dados,


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