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Vacina: X
Página inicial da revista: www.elsevier.com/locate/jvacx
de COVID-19
Pandemia de COVID-19: a saúde de nossas crianças está em risco? Uma análise
de
períodos pré-COVID-19 e durante a pandemia de COVID-19
J'e ssica Paula Martins , 1Giulia Almeida Alatzatianos1 , Tais Mendes Camargo1 ,
Fernando Augusto Lima Marson 1,*
Laboratório de Biologia Molecular e Genética, Universidade Sa˜o Francisco, Bragança Paulista, Sa˜o Paulo, Brasil
A R T I C L EI N F A B S T R A C T
O
Introdução: A doença do coronavírus (COVID-19) teve um grande impacto em vários aspectos relacionados à
Palavras- saúde da população, incluindo a taxa de adesão à vacinação. Este estudo descreve como a cobertura de vacinação
chave: Brasil
infantil (CVC) no Brasil foi afetada pela pandemia no período de 2020 a 2022 e explora a relação entre esses dados
Epidemiologia
e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e o número de votos recebidos no governo com uma ideologia
Imunização
SARS-CoV-2 política de direita.
Vacinação Métodos: Foi realizada uma análise ecológica da CVC, incluindo 12 vacinas. O IDH foi avaliado
Vacinas considerando-se o IDH-Geral, o IDH-Renda, o IDH-Longevidade e o IDH-Educação. A porcentagem de votos
válidos recebidos pelo ex-presidente (ideologia política de direita) também foi obtida. Os testes de correlação
de Spearman foram aplicados para comparar os marcadores.
Resultados: Durante o período analisado, foi observada uma tendência de crescimento linear no CVC entre 2015 e
2018 em relação a todas as vacinas. No entanto, a partir de 2018, após as eleições presidenciais no Brasil, o CVC
reduziu significativamente, apresentando uma queda ainda mais acentuada com o início da pandemia da COVID-
19. Essa redução no CVC observada para algumas vacinas foi relacionada à maior porcentagem de votos para o
governo com ideologia política de direita, especialmente em relação às vacinas BCG (bacilo de Calmette e Guerin)
e pentavalente (que protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e bactéria Haemophilus influenzae tipo
b). Além disso, ao analisar o IDH, observou-se que os valores mais baixos desse indicador estavam associados a
uma redução mais expressiva da CVC, principalmente relacionada às vacinas febre amarela, pentavalente,
pneumocócica conjugada 10-valente, rotavírus humano e tríplice viral (proteção contra sarampo, caxumba e
rubéola - MMR).
Conclusão: Embora o Brasil tenha um histórico bem-sucedido e exemplar no combate a várias doenças,
principalmente devido à alta taxa de CVC, a redução contínua dessa cobertura deve ser cuidadosamente
avaliada pelos gestores de saúde.
* Autor correspondente em: Universidade Sa˜o Francisco, Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Laboratório de Biologia Molecular e Genética. Avenida
Sa˜o Francisco de Assis, 218. Jardim S˜ao Jos'e, Bragança Paulista 12916-900, S˜ao Paulo, Brasil.
Endereços eletrônicos: jes.sy.paula@hotmail.com (J. Paula Martins), giulia.alatzatianos@mail.usf.edu.br (G. Almeida Alatzatianos), tais.camargo@usf.edu.br (T.
Mendes Camargo), fernando.marson@usf.edu.br, fernandolimamarson@hotmail.com (F. Augusto Lima Marson).
1 Os autores contribuíram igualmente para este estudo.
https://doi.org/10.1016/j.jvacx.2024.100430
Recebido em 9 de outubro de 2023; Recebido em formato revisado em 23 de dezembro de 2023; Aceito em 3 de janeiro de 2024
Disponível on-line em 9 de janeiro de 2024
2590-1362/© 2024 O(s) autor(es). Publicado por Elsevier Ltd. Este é um artigo de acesso aberto sob a licença CC BY-NC-ND (http://creativecommons.org/licenses/by-
nc-nd/4.0/).
J. Paula Martins et al. Vacina: X 17 (2024) 100430
2. Métodos
3. Resultados
Fig. 1. Cobertura vacinal infantil no Brasil considerando as vacinas avaliadas no estudo. Cada linha indica uma vacina e sua evolução no período do estudo com
relação à cobertura vacinal. A imagem mostra uma cobertura de 95% (linha horizontal quebrada), que indica uma das principais métricas para evidenciar o
sucesso da campanha de vacinação. O eixo x mostra os anos de avaliação e os seguintes marcadores (linhas contínuas): (2018) eleições presidenciais no Brasil;
(2020) surto da pandemia da doença do coronavírus (COVID)-19 no Brasil; e (2022) novas eleições presidenciais no Brasil. Os dados foram obtidos do Data-
SUS (Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil) para gerar informações do banco de dados do Sistema Único de Saúde do Brasil
(https://datasus.saude.gov. br/acesso-a-informacao/imunizacoes-desde-1994/; acessado em 25 de abril de 2023). A vacina pneumocócica conjugada 10-valente
oferece proteção contra a doença pneumocócica invasiva, pneumonia e otite média aguda causadas por Streptococcus pneumoniae dos sorotipos 1, 4, 5, 6B, 7F,
9V, 14, 18C, 19F, 23F e sorotipo 19 (proteção cruzada).
Fig. 2. Variação da cobertura vacinal (%) em relação às vacinas avaliadas no estudo. Os dados são apresentados por períodos, como segue: (período 1) 2018 a
2015 (período pré-pandêmico com um governo com ideologia política de esquerda), (período 2) 2020 a 2018 (período pré-pandêmico com um governo com
ideologia política de direita) e, finalmente, (período 3) 2022 a 2020 (período pandêmico com um governo com ideologia política de direita). Nesse gráfico, os valores
negativos indicam que a diferença entre os anos estava associada a uma diminuição na cobertura de vacinação infantil, ou seja, os valores iniciais eram mais altos
do que os observados nos outros anos (2018, 2020 e 2022). Os dados são apresentados usando a porcentagem (%) de mudança na cobertura de vacinação entre os
anos. A cor verde indica um aumento na cobertura vacinal; a cor vermelha indica uma diminuição na cobertura vacinal. Os dados foram obtidos do Data-SUS
(Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil) para gerar informações do banco de dados do Sistema Único de Saúde do Brasil (https
://datasus.saude.gov.br/acesso-a-informacao/imunizacoes-desde-1994/; acessado em 25 de abril de 2023). A vacina pentavalente oferece proteção contra a difteria, o
tétano, a coqueluche, a hepatite B e a bactéria Haemophilus influenzae tipo b; A vacina pneumocócica conjugada 10-valente oferece proteção contra a doença
pneumocócica invasiva, pneumonia e otite média aguda causadas pelo Streptococcus pneumoniae dos sorotipos 1, 4, 5, 6B, 7F, 9V, 14, 18C, 19F, 23F e sorotipo 19
(proteção cruzada); a vacina tríplice viral oferece proteção contra sarampo, caxumba e rubéola - MMR. (Para interpretação das referências a cores na legenda desta
figura, o leitor deve consultar a versão web deste artigo).
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J. Paula Martins et al. Vacina: X 17 (2024) 100430
Tabela
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Porcentagem (%) de votos para um governo com ideologia política de direita nas eleições presidenciais de 2018 e 2022 no Brasil e Índice de Desenvolvimento Humano
e seus componentes em 2021 de acordo com as unidades federativas brasileiras (Estados e Distrito Federal).
Estados e Distrito Federal*** Eleições de 2018 Eleições de 2022 Índice de Desenvolvimento Humano**
** Esse conjunto de dados foi obtido na página do Atlas Brasil (https://www.atlasbrasil.org.br/ranking; acessado em 25 de abril de 2023). Os valores do IDH
considerando o país e suas unidades federativas foram avaliados por meio de quatro marcadores: (i) IDH-Geral, (ii) IDH-Renda (dimensão: padrão de vida decente;
indicador: renda nacional bruta per capita), (iii) IDH-Longevidade (dimensão: vida longa e saudável; indicador: expectativa de vida ao nascer) e (iv) IDH-
Educação (dimensão: conhecimento; indicador: anos esperados de escolaridade e média de anos de escolaridade).
*** Os códigos numéricos representam os códigos usados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
a) 1ª rodada - 2022 com vacina BCG - M2 [P-valor = 0,046; CC = Quanto ao IDH e seus componentes, os dados a seguir apresentaram
0,388 (IC95% = (-)0,001 a 0,676) - baixo índice de correlação]; uma correlação estatisticamente significativa (Fig. 4):
b) 1ª rodada - 2018 com a vacina contra febre amarela - M2 [P-valor
= 0,017; CC = 0,457 (IC95% = 0,081 a 0,789) - baixo índice de a) HDI-Longevidade com a vacina contra febre amarela - M1 [P-valor =
correlação]; 0,004; CC
c) 2ª rodada - 2018 com a vacina contra febre amarela - M2 [P-valor = (-)0,537 (IC95% = (-)0,767 a (-)0,186) - índice de correlação
= 0,048; CC = 0,385 (IC95% = (-)0,006 a 0,674) - baixo índice de moderado];
correlação]; b) HDI-Geral com a vacina pentavalente - M1 [P-valor = 0,003; CC =
d) 1ª rodada - 2022 com a vacina contra febre amarela - M2 [P-valor (-)0,554 (IC95% = (-)0,777 a (-)0,210) - índice de correlação
= 0,009; CC = 0,494 (IC95% = 0,129 a 0,741) - baixo índice de moderado];
correlação]; c) IDH-Renda com a vacina pentavalente - M1 [P-valor = 0,005; CC
e) 2ª rodada - 2022 com a vacina contra febre amarela - M2 [P-valor = (-)0,528 (IC95% = (-)0,721 a (-)0,173) - índice de correlação
= 0,008; CC = 0,498 (IC95% = 0,133 a 0,734) - baixo índice de moderado];
correlação]; d) HDI-Educação com a vacina pentavalente - M1 [P-valor =
f) 1ª rodada - 2018 com a vacina pentavalente - M1 [Valor P = 0,025; CC = (-)0,430 (IC95% = (-)0,703 a (-)0,049) - baixa
0,016; CC = (-)0,459 (IC95% = (-)0,720 a (-)0,083) - baixa correlação
correlação índice de tensão];
índice de tensão]; e) HDI-Longevidade com a vacina pneumocócica conjugada 10-valente
g) 2ª rodada - 2018 com a vacina pentavalente - M1 [Valor P = - M2 [P-valor = 0,019; CC = 0,449 (IC95% = 0,072 a 0,714) - baixo
0,005; CC = (-)0,524 (IC95% = (-)0,759 a (-)0,168) - moderado índice de correlação];
índice de correlação]; f) HDI-Geral com a vacina contra rotavírus humano - M1 [Valor P =
h) 1ª rodada - 2022 com a vacina pentavalente - M1 [Valor P = 0,015; CC = (-)0,465 (IC95% = (-)0,724 a (-)0,714) - baixa
0,010; CC = (-)0,485 (IC95% = (-)0,736 a (-)0,118) - baixa correlação
correlação índice de tensão];
índice de tensão]; g) IDH-Renda com a vacina contra rotavírus humano - M1 [P-valor =
0,038; CC = (-)0,402 (IC95% = (-)0,685 a (-)0,014) - baixa
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J. Paula Martins et al.
correlação Vacina: X 17 (2024) 100430
índice de tensão];
Tabela
1
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J. Paula Martins et al. Vacina: X 17 (2024) 100430
Tabela 2
Redução da cobertura vacinal infantil (%) no Brasil, considerando as diferentes vacinas avaliadas no estudo e os momentos selecionados (2020-2018 e 2022-2018)*,**.
M1 (momento 1 - igual ao período 2) diminuição/aumento da adesão no calendário de vacinação (período pré-pandêmico e governo com ideologia política de
direita) entre os períodos de 2020 a 2018 - com o objetivo de avaliar apenas a influência da disputa ideológica, os discursos contra a vacinação contra a doença
do coronavírus (COVID-19) e as medidas políticas do governo federal para gerenciar a crise sanitária e realizar a vacinação; M2 (momento 2 - igual ao período 2 mais
o período 3) diminuição/aumento da adesão no calendário de vacinação (períodos pré-pandêmico e pandêmico e governo com ideologia política de direita) entre
os períodos de 2022 a 2018 - com o objetivo de investigar a influência de uma ideologia política de direita, conforme descrito acima, e o surto da pandemia da
COVID-19; BCG, vacina contra o bacilo de Calmette e Gu'erin; YF, vacina contra a febre amarela; HB, vacina contra a hepatite B; MC, vacina meningocócica C
conjugada; penta, vacina pentavalente (que protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e bactéria Haemophilus influenzae tipo b); 10P, vacina pneumocócica
conjugada 10-valente [que protege contra a doença pneumocócica invasiva, pneumonia e otite média aguda causadas por Streptococcus pneumoniae dos sorotipos 1, 4,
5, 6B, 7F, 9V, 14, 18C, 19F, 23F e 19A (proteção cruzada)]; Pólio, dose 1 da vacina oral contra poliovírus; Rota, vacina contra rotavírus humano; MMR, vacina
Triplice Viral (proteção contra sarampo, caxumba e rubéola).
*Os dados foram obtidos do Data-SUS (Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde) para gerar informações a partir da base de dados do Sistema
Único de Saúde (https://datasus.saude.gov.br/acesso-a-informacao/imunizacoes-desde-1994/; acessado em 25 de abril de 2023).
**Os valores marcados em cinza indicam que houve um aumento na cobertura de vacinação infantil no período avaliado. Os dados foram apresentados nesse formato
4. Discussão
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J. Paula Martins et al. Vacina: X 17 (2024) 100430
Fig. 3. Matriz de correlação entre a porcentagem (%) de votos para o governo com uma ideologia política de direita no Brasil e a variação da cobertura de vacinação
infantil (%) em relação às vacinas avaliadas neste estudo. Valores de correlação positivos indicam que o aumento na porcentagem (%) de votos foi responsável por uma
maior redução na cobertura de vacinação infantil. Aquisição de dados: Os dados referentes à porcentagem de votos válidos foram obtidos de acordo com os dados
oficiais publicados pelo Tribunal Superior Eleitoral do Brasil. Os dados sobre a cobertura de vacinação infantil foram obtidos do Data-SUS (Departamento de
Informática do Sistema Único de Saúde) para gerar informações do banco de dados do Sistema Único de Saúde (https://datasus.saude.gov. br/acesso-a-
informacao/imunizacoes-desde-1994/; acessado em 25 de abril de 2023). A análise estatística foi realizada usando o teste de correlação de Spearman. Nas correlações de
Spearman, foram considerados os seguintes pontos de corte: (i) ± 0,90-1,0, índice de correlação positivo-negativo muito alto; (ii) ± 0,70-0,90, índice de correlação
positivo-negativo alto; (iii) ± 0,50-0,70, índice de correlação positivo-negativo moderado; (iv) ± 0,30-0,50, índice de correlação positivo-negativo baixo; e (v) 0,00-
0,30, índice de correlação positivo-negativo insignificante. Um erro alfa de 0,05 foi usado na análise estatística. Os valores significativos foram descritos no texto. M1
(momento 1 - igual ao período 2) diminuição/aumento da adesão no calendário de vacinação (período pré-pandêmico e governo com ideologia política de direita) entre
os períodos de 2020 a 2018 - com o objetivo de avaliar apenas a influência da disputa ideológica, os discursos contra a vacinação contra a doença do coronavírus
(COVID-19) e as medidas políticas do governo federal para gerenciar a crise de saúde e realizar a vacinação; M2 (momento 2 - igual ao período 2 mais o período 3)
diminuição/aumento da adesão no calendário de vacinação (períodos pré-pandêmico e pandêmico e governo com ideologia política de direita) entre os períodos de 2022
a 2018 - com o objetivo de investigar a influência de uma ideologia política de direita, conforme descrito acima, e o surto da pandemia da COVID-19; BCG, vacina
contra o bacilo de Calmette e Gu'erin; YF, vacina contra a febre amarela; HB, vacina contra a hepatite B; MC, vacina meningocócica C conjugada; penta, vacina
pentavalente (que protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e bactéria Haemophilus influenzae tipo b); 10P, v a c i n a pneumocócica conjugada 10-valente
[que protege contra a doença pneumocócica invasiva, pneumonia e otite média aguda causadas por Streptococcus pneumoniae dos sorotipos 1, 4, 5, 6B, 7F, 9V, 14,
18C, 19F, 23F e 19A (proteção cruzada)]; Pólio, dose 1 da vacina oral contra poliovírus; Rota, vacina contra rotavírus humano; vacina Triplice viral [que protege contra
sarampo, caxumba e rubéola - MMR]; 1R, primeira; 2R, segunda rodada. (Para interpretação das referências a cores na legenda desta figura, o leitor deve consultar a
versão web deste artigo).
Fig. 4. Matriz de correlação entre o Índice de Desenvolvimento Humano [IDH (Geral) e seus componentes: IDH-I (Renda), IDH-E (Educação) e IDH-L (Longevidade)
e a variação na cobertura de vacinação infantil (%) para as vacinas avaliadas no estudo. Valores de correlação positivos indicam que o aumento da porcentagem
de IDH foi responsável por uma maior redução na cobertura de vacinação infantil. Os valores significativos foram descritos no texto. Aquisição de dados: O
conjunto de dados foi obtido na página da Web do Atlas Brasil (http://www.atlasbrasil.org.br/ranking; acessado em 25 de abril de 2023). Os dados referentes às
taxas de cobertura vacinal foram obtidos do Data-SUS (Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde) para gerar informações do banco de dados do
Sistema Único de Saúde (https://datasus.saude.gov.br/acesso-a-informacao/imunizacoes-desde-1994/; acessado em 25 de abril de 2023). A análise estatística foi
realizada usando o teste de correlação de Spearman. Nas correlações de Spearman, foram considerados os seguintes pontos de corte: (i) ± 0,90-1,0, índice de
correlação positivo-negativo muito alto; (ii) ± 0,70-0,90, índice de correlação positivo-negativo alto; (iii) ± 0,50-0,70, índice de correlação positivo-negativo
moderado; (iv) ± 0,30-0,50, índice de correlação positivo-negativo baixo; e (v) 0,00-0,30, índice de correlação positivo-negativo insignificante. Um erro alfa de
0,05 foi usado na análise estatística. M1 (momento 1 - igual ao período 2) diminuição/aumento da adesão no calendário de vacinação (período pré-pandêmico e
governo com ideologia política de direita) entre os períodos de 2020 a 2018 - com o objetivo de avaliar apenas a influência da disputa ideológica, os discursos
contra a vacinação contra a doença do coronavírus (COVID-19) e as medidas políticas do governo federal para gerenciar a crise de saúde e realizar a vacinação; M2
(momento 2 - igual ao período 2 mais o período 3) diminuição/aumento da adesão no calendário de vacinação (períodos pré-pandêmico e pandêmico e governo
com ideologia política de direita) entre os períodos de 2022 a 2018 - com o objetivo de investigar a influência de uma ideologia política de direita, conforme
descrito acima, e o surto da pandemia da COVID-19; BCG, vacina contra o bacilo de Calmette e Gu'erin; YF, vacina contra a febre amarela; HB, vacina contra a
hepatite B; MC, vacina meningocócica C conjugada; penta, vacina pentavalente (que protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e bactéria Haemophilus
influenzae tipo b); 10P, vacina pneumocócica conjugada 10-valente [que protege contra a doença pneumocócica invasiva, pneumonia e otite média aguda causadas
por Streptococcus pneumoniae dos sorotipos 1, 4, 5, 6B, 7F, 9V, 14, 18C, 19F, 23F e 19A (proteção cruzada)]; Pólio, dose 1 da vacina oral contra o poliovírus;
Rota, vacina contra o rotavírus humano; vacina Triplice viral [proteção contra sarampo, caxumba e rubéola - MMR]. (Para interpretação das referências a cores
na legenda desta figura, o leitor deve consultar a versão web d e s t e artigo).
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J. Paula Martins et al. Vacina: X 17 (2024) 100430
vacinas fez com que a maioria das pessoas ignorasse sua importância,
que a hesitação na vacinação tornou-se um fator relevante no aumento
enquanto a falta de confiança em seus efeitos gerou medo em relação às
significativo de bebês e crianças com alto risco de serem afetados pela
doenças que as vacinas previnem [62]. Além disso, os pais tendem a se
coqueluche. Foi sugerido que há uma probabilidade maior de as
preocupar com o número de vacinas
crianças com coqueluche não terem sido vacinadas, em vez de terem
sido apenas parcialmente vacinadas, o que pode resultar em uma
tendência preocupante chamada "não vacinação infantil intencional".
A existência desse fenômeno pode ser explicada por vários fatores,
incluindo crenças filosóficas, religiosas ou pessoais, normas culturais,
falta de cronograma de vacinação e hesitação relacionada aos
fornecedores de vacinas [53]. Todos esses fatores sugerem que pode
ter havido uma diminuição na CVC de coqueluche durante a pandemia
no Brasil. Ao analisar os impactos da pandemia no esquema de vacina
tríplice viral (MMR) no país, parece relevante enfatizar que a
vacinação infantil foi afetada negativamente. Um relatório do UNICEF
de 2019 alertou a comunidade de que mais de 20 milhões de crianças
em todo o mundo não haviam sido devidamente vacinadas, o que
gerou preocupação com o surgimento de casos de sarampo, uma vez
que essa doença poderia ser facilmente prevenida pela vacinação. Um
exemplo evidente dessa preocupação foi observado na Argentina, onde
houve um surto de sarampo no final de agosto de 2019, indicando
evidências de uma possível hesitação na vacinação e que a redução do
CVC criou um risco para a população [54].
Outras vacinas relatadas, como a pentavalente/hexavalente
(protegendo
contra difteria, tétano, coqueluche, poliomielite, Haemophilus
influenzae tipo b e hepatite B), as vacinas contra sarampo e BCG já
apresentavam redução de CVC em alguns países latino-americanos
mesmo antes da pandemia, mostrando que a adesão ao calendário de
vacinação é um processo dinâmico e multifatorial, e a pandemia de
COVID-19 reforçou um cenário pior na adesão à vacinação [7]. Parece
relevante mencionar que os dados encontrados na América Latina são
semelhantes aos achados da Europa e dos Estados Unidos da América,
uma vez que a pandemia da COVID-19 promoveu uma redução na
cobertura vacinal em relação às vacinas incluídas no calendário de
vacinação infantil [19,55].
Ao contrário das outras vacinas, a vacina contra a febre amarela
apresentou um aumento significativo do CVC durante a pandemia da
COVID-19, com apenas uma ligeira redução durante o período 2, em que
o único fator avaliado foi a mudança para uma ideologia política de
direita no governo federal do Brasil. Esse fato pode estar associado à
intensificação da vacinação devido ao ressurgimento do vírus da febre
amarela no Brasil, juntamente com o aumento do número de casos em
humanos e doenças epizoóticas em macacos não humanos [56]. Além
disso, a obrigatoriedade de apresentar comprovante de vacinação
(Certificado Internacional de Vacinação e Profilaxia) para viajar para
alguns países contribuiu para o aumento da vacinação [57]. Embora
algumas áreas tropicais estejam livres da transmissão dessa doença, o
vírus ainda pode encontrar condições ecológicas favoráveis para sua
propagação, o que pode incluir alta densidade populacional, fatores
ambientais e a competência do vetor da doença [58]. Assim, com o
objetivo de evitar o risco de introdução ou reintrodução do vírus em
outros locais, o Regulamento Sanitário Internacional da OMS
recomenda essa vacina para qualquer pessoa que viaje para áreas de
risco de febre amarela, exceto para aquelas com contraindicação,
conforme relatado na literatura [59].
Embora não haja dúvidas de que a vacinação de uma grande parte
da população possa proteger todo o grupo devido à "imunidade de
rebanho" ou "imunidade coletiva", que reduz a circulação do patógeno
entre os indivíduos imunizados, esse processo tem sido prejudicado
pelo aumento injustificado da resistência à vacinação. Isso resulta em
baixas taxas de vacinação, principalmente em relação à vacinação
infantil [60,61]. Além do impacto da pandemia, outros fatores que
afetam a América Latina incluem a alta taxa de natalidade, a falta de
acesso aos serviços de saúde e a falta de recursos na área da saúde [7].
As vacinas têm sido usadas com segurança há muito tempo e, como
praticamente extinguiram várias doenças, algumas pessoas consideram
seu uso desnecessário. A ausência de doenças prevenidas por essas
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J. Paula Martins et al. Vacina: X 17 (2024) 100430
aplicada em uma única visita ao serviço de saúde, o que pode
provocar efeitos colaterais (esperados). Essa preocupação pode levar
à recusa ou ao atraso no cumprimento da cobertura total do calendário
de vacinação infantil [63]. Portanto, como podemos avaliar com
precisão a queda acentuada na cobertura de vacinação no Brasil?
Foram identificados alguns fatores que podem explicar a
diminuição da vacinação infantil em um país considerado modelo de
cobertura vacinal, como o Brasil. Eles podem ser descritos da
seguinte forma: a) a pandemia da COVID-19 aumentou
exponencialmente a hesitação em relação à vacinação infantil,
principalmente devido à influência de um movimento político-
ideológico antivacina; b) a ampla publicação e circulação de notícias
falsas, causando desinformação, principalmente em relação aos
efeitos colaterais associados à vacinação, o que resultou na criação de
órgãos oficiais, como a OMS e o Centro Europeu de Prevenção e
Controle de Doenças, para evitar a desinformação; c) crenças pessoais
associadas principalmente a experiências anteriores com diferentes
vacinas; d) preocupação com os riscos e benefícios da vacinação,
principalmente devido à falta de conhecimento sobre esse tópico; e e)
barreiras associadas a religião, gênero, condições socioeconômicas e
culturais [16,31,63-72]. Nesse sentido, foi interessante observar que,
muitas vezes, a vacina se tornou vítima de seu próprio sucesso, uma
vez que as doenças que se tornaram raras ou ausentes foram
consideradas desnecessárias para a vacinação. Assim, considerando o
cenário apresentado, é fundamental elaborar e implementar estratégias
que busquem ampliar os esforços dos órgãos governamentais junto à
sociedade para evitar que a hesitação vacinal assuste a população. A
adoção de diretrizes de resposta coordenada entre os órgãos
governamentais é necessária para proporcionar planejamento,
definição de cronogramas e divulgação ampla e adequada de
informações. Essas diretrizes devem ser ampliadas com o objetivo de
fortalecer a vigilância epidemiológica, garantir o acesso à vacinação e
fortalecer a capacidade dos estados e municípios de manter a CVC em
todo o país. Além disso, especialistas em saúde pública, médicos e
indivíduos que defendem a vacinação devem se unir para combater a
disseminação de informações errôneas e corrigir declarações falsas,
principalmente aquelas encontradas on-line. As empresas de mídia
social também podem ajudar a impedir a desinformação,
implementando e aplicando políticas que limitem a disseminação
desse tipo de informação em suas plataformas [73].
5. Conclusões
Declarações
Financiamento
Investigação, Metodologia, Validação, Visualização, Redação - versão [15] Entenda a ordem de vacinaç˜ao contra a Covid-19 entre os grupos prioritários.
Minist'erio da Saúde. https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2021/
original, Redação - revisão e edição. Giulia Almeida Alatzatianos:
janeiro/entenda-a-ordem-de-vacinacao-contra-a-covid-19-entre-os-grupos-priori
Conceitualização, Investigação, Recursos, Validação, Visualização, tarios. Acessado em 2 de agosto de 2023.
Redação - rascunho original, Redação - revisão e edição. Tais Mendes [16] Boschiero MN, Palamim CVC, Marson FAL. Os entraves para a realização da
vacinação contra a C O V I D - 1 9 no Brasil. Hum Vaccin Immunother. 17:3989-
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