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Manual do Curso em Administração Pública

Ciência Política e
Boa Governação

Código: A0017

Universidade Católica de Moçambique (UCM)


Centro de Ensino à Distância (CED)
Direitos de autor (copyright)
Este manual é propriedade da Universidade Católica de Moçambique (UCM), Centro de Ensino à
Distância (CED) e contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação e/ou reprodução deste
manual, no seu todo ou em partes, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos,
mecânico, gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Universidade
Católica de Moçambique – Centro de Ensino à Distância). O não cumprimento desta advertência é
passível a processos judiciais.

Elaborado Por: Egídio Paulo Manganhela Simango

Bacharel em Ciências Sociais e

Licenciado em Administração Pública pela

Universidade Eduardo Mondlane

Pós-Graduado em Ciência Política: Governação e

Relações Internacionais pela Universidade Católica de

Portugal em parceria com a Universidade Católica de Moçambique.

Coordenadora do Curso: Filomena Simoni Camurai

Contacto:821431737

Universidade Católica de Moçambique (UCM)


Centro de Ensino à Distância (CED)
Rua Correia de Brito No 613 – Ponta-Gêa
Beira – Sofala

Telefone: 23 32 64 05
Cell: 82 50 18 440
Moçambique
Fax: 23 32 64 06
E-mail: ced@ucm.ac.mz
Website: www.ucm.ac.mz

Agradecimentos
A Universidade Católica de Moçambique (UCM) – Centro de Ensino à Distância (CED) e o autor do
presente manual, Egídio Paulo Manganhela Simango, agradecem a colaboração de todos que directa
ou indirectamente participaram na elaboração deste manual. À todos sinceros agradecimentos.
Ciência Política e Código: A0017 i

Índice
Visão geral 1
Bem vindo a Ciência Política e Boa Governação ........................................................... 1
Objectivos do curso ....................................................................................................... 1
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................ 2
Como está estruturado este módulo................................................................................ 2
Ícones de actividade ...................................................................................................... 3
Acerca dos ícones ........................................................................................ 3
Habilidades de estudo .................................................................................................... 4
Precisa de apoio? ........................................................................................................... 4
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) .............................................................................. 5
Avaliação ...................................................................................................................... 5

Unidade N0 01-A0017 7
Tema: Origem e Natureza da Ciência Política ................................................................ 7
Introdução ............................................................................................................ 7
Sumário ......................................................................................................................... 8
Exercícios.................................................................................................................... 10

Unidade N0 02-A0017 11
Tema: Objecto da Ciência Política ............................................................................... 11
Introdução .......................................................................................................... 11
Sumário ....................................................................................................................... 12
Exercícios.................................................................................................................... 15

Unidade N0 03-A0017 17
Tema: Conceito da Ciência Política ............................................................................. 17
Introdução .......................................................................................................... 17
Sumário ....................................................................................................................... 18
Exercícios.................................................................................................................... 19

Unidade N0 04-A0017 20
Tema: Ciência Política na Antiguidade Clássica .......................................................... 20
Introdução .......................................................................................................... 20
Sumário ....................................................................................................................... 21
Exercícios.................................................................................................................... 23

Unidade N0 05-A0017 24
Tema: Ciência Política na Idade Média. ....................................................................... 24
Introdução .......................................................................................................... 24
ii Índice

Sumário ....................................................................................................................... 25
Exercícios.................................................................................................................... 27

Unidade N0 06-A0017 27
Tema: Ciência Política na Idade Moderna.................................................................... 27
Introdução .......................................................................................................... 27
Sumário ....................................................................................................................... 28
Exercícios.................................................................................................................... 30

Unidade N0 07-A0017 31
Tema: Conceito de Estado. .......................................................................................... 31
Introdução .......................................................................................................... 31
Sumário ....................................................................................................................... 31
Exercícios.................................................................................................................... 33

Unidade N0 08-A0017 33
Tema: Elementos do Estado......................................................................................... 33
Introdução .......................................................................................................... 33
Sumário ....................................................................................................................... 34
Exercícios.................................................................................................................... 36

Unidade N0 09-A0017 36
Tema: Funções do Estado ............................................................................................ 36
Introdução .......................................................................................................... 36
Sumário ....................................................................................................................... 37
Exercícios.................................................................................................................... 39

Unidade N0 10-A0017 39
Tema: Formas de Estado ............................................................................................. 39
Introdução .......................................................................................................... 39
Sumário ....................................................................................................................... 40
Exercícios.................................................................................................................... 42

Unidade N0 11-A0017 39
Tema: Regimes Políticos ............................................................................................. 39
Introdução .......................................................................................................... 39
Sumário ....................................................................................................................... 40
Exercícios.................................................................................................................... 42

Unidade N0 12-A0017 39
Tema: Sistemas Políticos ............................................................................................. 39
Introdução .......................................................................................................... 39
Ciência Política e Código: A0017 iii

Sumário ....................................................................................................................... 40
Exercícios.................................................................................................................... 42

Unidade N0 13-A0017 39
Tema: Partidos Políticos .............................................................................................. 39
Introdução .......................................................................................................... 39
Sumário ....................................................................................................................... 40
Exercícios.................................................................................................................... 42

Unidade N0 14-A0017 39
Tema: Sistemas de Partidos ......................................................................................... 39
Introdução .......................................................................................................... 39
Sumário ....................................................................................................................... 40
Exercícios.................................................................................................................... 42

Unidade N0 15-A0017 39
Tema: Sistemas de Governo ........................................................................................ 39
Introdução .......................................................................................................... 39
Sumário ....................................................................................................................... 40
Exercícios.................................................................................................................... 42

Unidade N0 16-A0017 39
Tema: Grupos de Interesse e de Pressão ...................................................................... 39
Introdução .......................................................................................................... 39
Sumário ....................................................................................................................... 40
Exercícios.................................................................................................................... 42

Unidade N0 17-A0017 39
Tema: Métodos de Investigacão e Análise em Ciência Política .................................... 39
Introdução .......................................................................................................... 39
Sumário ....................................................................................................................... 40
Exercícios.................................................................................................................... 42

Unidade N0 18-A0017 39
Tema: Perspectiva Individualista ................................................................................. 39
Introdução .......................................................................................................... 39
Sumário ....................................................................................................................... 40
Exercícios.................................................................................................................... 42

Unidade N0 19-A0017 39
Tema: Perspectiva Racionalista ................................................................................... 39
Introdução .......................................................................................................... 39
iv Índice

Sumário ....................................................................................................................... 40
Exercícios.................................................................................................................... 42

Unidade N0 20-A0017 39
Tema: Perspectiva Funcionalista.................................................................................. 39
Introdução .......................................................................................................... 39
Sumário ....................................................................................................................... 40
Exercícios.................................................................................................................... 42

Unidade N0 21-A0017 39
Tema: Perspectiva Sistémica ....................................................................................... 39
Introdução .......................................................................................................... 39
Sumário ....................................................................................................................... 40
Exercícios.................................................................................................................... 42

Unidade N0 22-A0017 39
Tema: Governo............................................................................................................ 39
Introdução .......................................................................................................... 39
Sumário ....................................................................................................................... 40
Exercícios.................................................................................................................... 42

Unidade N0 23-A0017 39
Tema: Governação ...................................................................................................... 39
Introdução .......................................................................................................... 39
Sumário ....................................................................................................................... 40
Exercícios.................................................................................................................... 42

Unidade N0 24-A0017 39
Tema: Boa Governação ............................................................................................... 39
Introdução .......................................................................................................... 39
Sumário ....................................................................................................................... 40
Exercícios.................................................................................................................... 42
Ciência Política e Código: A0017 1

Visão geral

Bem vindo a Ciência Política e

Boa Governação
O estudo da Ciência Política começou na Antiguidade Clássica, embora o
seu campo de acção fosse distinto do actual. Quando surge a Ciência
Política, ela andava atrelada aos outros ramos do saber, como o Direito.

A primeira preocupação era de delimitar o âmbito da Ciência Política


com vista a definir o seu objecto de estudo.

Alguns autores consideravam a ciência Política como a ciência do Estado,


seus elementos, funções e suas formas. Portanto, o Estado era o seu
objecto.

Mais tarde surgem outros estudiosos que consideravam a Ciência Política


como ciência do poder, acabando-se tornando consenso. Referindo-se ao
poder não simplesmente aquele que é exercido pelo Estado mas também
por outras entidades. Ao se referir ao poder é necessário ter em conta não
só a conquista mas também a sua manutenção.

Para além do estudo da Ciência Política, urge a necessidade de referir à


Governação como o mecanismo através do qual os Governos
transformam os seus planos em bens públicos.

Actualmente, não se pode falar de governação sem se falar da boa


governação. A governação deve ser exercida respeitado certos valores ou
princípios, como a integridade, transparência, legalidade, igualdade, etc.

Objectivos do curso
Quando terminar o estudo da Ciência Política e Boa Governação, o
estudante será capaz de:
2 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

 Conhecer a Origem, Natureza, Objecto e Conceito da Ciência


Política;
 Conhecer a História ou Evolução da Ciência Política desde
Antiguidade Clássica à Idade Moderna;
Objectivos
 Conhecer o Conceito de Estado, seus Elementos, Funções e suas
Formas;
 Conhecer os Regimes Políticos, Sistemas Políticos, Partidos
Políticos, Sistemas de Partidos, Sistemas de Governo, Grupos de
Pressão e de Interesse;
 Conhecer os Métodos de Investigação e Análise em Ciência
Política; e
 Conhecer o Governo, Governação e Boa Governação.

Quem deveria estudar este


módulo
Este módulo foi concebido para todos aqueles que frequentam os cursos à
distância, oferecidos pela Universidade Católica de Moçambique (UCM),
através do seu Centro de Ensino à Distância (CED).

Como está estruturado este


módulo
Todos os módulos dos cursos produzidos por UCM - CED encontram-se
estruturados da seguinte maneira:

Páginas introdutórias

 Um índice completo.

 Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os


aspectos-chave que você precisa conhecer para completar o estudo.
Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de
começar o seu estudo.
Ciência Política e Código: A0017 3

Conteúdo do curso / módulo

O curso está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma


introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo
actividades de aprendizagem, um resumo da unidade e uma ou mais
actividades para auto-avaliação.

Outros recursos

Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista


de recursos adicionais para você explorar. Estes recursos podem incluir
livros, artigos ou sites na internet.

Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação

Tarefas de avaliação para este módulo encontram-seno final de cada


unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para
desenvolver as tarefas, assim como instruções para as completar. Estes
elementos encontram-se no final do modulo.

Comentários e sugestões

Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários


sobre a estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os seus comentários
serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este curso / modulo.

Ícones de actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das
folhas. Estes icones servem para identificar diferentes partes do processo
de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma
nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.

Acerca dos ícones


Os icones usados neste manual são símbolos africanos, conhecidos por
adrinka. Estes símbolos têm origem no povo Ashante de África
Ocidental, datam do século XVII e ainda se usam hoje em dia.

Pode ver o conjunto completo de ícones deste manual já a seguir, cada


um com uma descrição do seu significado e da forma como nós
interpretámos esse significado para representar as várias actividades ao
longo deste módulo.
4 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Habilidades de estudo
Caro estudante, procure olhar para você em três dimensões
nomeadamente: o lado social, profissional e estudante, daí ser importante
planificar muito bem o seu tempo.

Procure reservar no mínimo 2(duas) horas de estudo por dia e use ao


máximo o tempo disponível nos finais de semana. Lembre-se que é
necessário elaborar um plano de estudo individual, que inclui, a data, o
dia, a hora, o que estudar, como estudar e com quem estudar (sozinho,
com colegas, outros).

Evite o estudo baseado em memorização, pois é cansativo e não produz


bons resultados, use métodos mais activos, procure desenvolver suas
competências mediante a resolução de problemas específicos, estudos de
caso, reflexão, etc.

O manual contém muita informação, algumas chaves, outras


complementares, daí ser importante saber filtrar e apresentar a
informação mais relevante. Use estas informações para a resolução das
exercícios, problemas e desenvolvimento de actividades. A tomada de
notas desempenha um papel muito importante.

Um aspecto importante a ter em conta é a elaboração de um plano de


desenvolvimento pessoal (PDP), onde você reflecte sobre os seus pontos
fracos e fortes e perspectivas o seu desenvolvimento.

Lembre-se que o teu sucesso depende da sua entrega, você é o


responsável pela sua própria aprendizagem e cabe a ti planificar,
organizar, gerir, controlar e avaliar o seu próprio progresso.

Precisa de apoio?
Caro estudante, temos a certeza de que por uma ou por outra situação, o
material impresso, lhe pode suscitar alguma dúvida (falta de clareza,
alguns erros de natureza frásica, prováveis erros ortográficos, falta de
clareza conteudística, etc). Nestes casos, contacte o tutor, via telefone,
escreva uma carta participando a situação e se estiver próximo do tutor,
contacte-o pessoalmente.

Os tutores têm por obrigação, monitorar a sua aprendizagem, dai o


estudante ter a oportunidade de interagir objectivamente com o tutor,
usando para o efeito os mecanismos apresentados acima.

Todos os tutores têm por obrigação facilitar a interação, em caso de


problemas específicos ele deve ser o primeiro a ser contactado, numa fase
posterior contacte o coordenador do curso e se o problema for da natureza
geral, contacte a direcção do CED, pelo número 825018440.

Os contactos só se podem efectuar, nos dias úteis e nas horas normais de


expediente.
Ciência Política e Código: A0017 5

As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, tem


a oportunidade de interagir com todo o staff do CED, neste período pode
apresentar dúvidas, tratar questões administrativas, entre outras.

O estudo em grupo, com os colegas é uma forma a ter em conta, busque


apoio com os colegas, discutam juntos, apoiem-me mutuamnte, reflictam
sobre estratégias de superação, mas produza de forma independente o seu
próprio saber e desenvolva suas competências.

Juntos na Educação à Distância, vencedo a distância.

Tarefas (avaliação e auto-


avaliação)
O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e auto-
avaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é importante
que sejam realizadas.As tarefas devem ser entregues antes do período
presencial.

Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrga, e o não


cumprimento dos prazos de entrega , implica a não classificação do
estudante.

As trabalhos devem ser entregues ao CED e os mesmos devem ser


dirigidos ao tutor/docentes.

Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os


mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do
autor.

O plagiarismo deve ser evitado, a transcrição fiel de mais de 8 (oito)


palavras de um autor, sem o citar é considerado plágio. A honestidade ,
humildade cintífica e o respeito pelos direitos autorais devem marcar a
realização dos trabalhos.

Avaliação
Vocé será avaliado durante o estudo independente (80% do curso) e o
período presencial (20%). A avaliação do estudante é regulamentada com
base no chamado regulamento de avaliação.

Os trabalhos de campo por si desenvolvidos , durante o estudo individual,


concorrem para os 25% do cálculo da média de frequência da cadeira.

Os testes são realizados durante as sessões presenciais e concorrem para


os 75% do cálculo da média de frequência da cadeira.
6 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Os exames são realizados no final da cadeira e durante as sessões


presenciais, eles representam 60% , o que adicionado aos 40% da média
de frequência, determinam a nota final com a qual o estudante conclui a
cadeira.

A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de: (a) admissão ao exame,


(b) nota de exame e, (c) conclusão do módulo.

Nesta cadeira o estudante deverá realizar: 3 (três) trabalhos; 2 (dois)


testes escritos e 1 (um) exame escrito.

Não estão previstas quaisquer avaliação oral.

Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizadas


como ferramentas de avaliação formativa.

Durante a realização das avaliações , os estudantes devem ter em


consideração: a apresentação; a coerência textual; o grau de
cientificidade; a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a
indicação das referências utilizadas, o respeito pelos direitos do autor,
entre outros.

Os objectivos e critérios de avaliação estão indicados no manual.


Consulte-os.

Alguns feedbacks imediatos estão apresentados no manual.


Ciência Política e Código: A0017 7

Unidade N0 01-A0017

Tema:

Origem e natureza da Ciência


Política

Introdução
Podemos entender que o estudo da ciência política remonta da
antiguidade. Neste período a ciência política era estudada não de forma
autónoma, em tanto que ciência, mas junto das outras ciências, como a
História, ciência do Direito, a Economia, etc. Na generalidade, os povos
já tinham esta preucupação pelo estudo da ciência política.

Surgiram grandes pensadores desde Aristóteles, Cícero, São Tomáz de


Aquino, Santo Agostinho, Maquiavel, Thomas Hobbes, Montesquieu e
outros não menos importantes que se preucupavam com a melhor forma
de governar a Cidade.

Destaque também vai, à influência que a Igreja Católica deu ao estudo da


ciência política na Idade Média, pois, neste período a ideologia
dominante era a Teologia.

Os ideais da Revolução francesa e do desenvolvimento das doutrinas


socialistas também deram outro rumo à natureza da ciência política.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer a origem e natureza da ciência política;

 Identificar o período em que se inicia a preucupação pela ciência


8 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Objectivos política;

 Identificar os vários pensamentos políticos que atravessaram a


sociedade.

Sumário
A preocupação pelo estudo da ciência política remonta à
antiguidade. Nesta época, as diversas ciências como a História, a
ciência do Direito, a economia, etc, não se encontravam separadas.
A preucupação pela política era uma generalidade entre os povos,
mas foi com os gregos que ela atingiu a fase mais elevada
(Henriques e Cabrito, 1995).

Na sua obra “A Política”, Aristóteles (384 – 322 a. C) examina os


elementos que compõem a Cidade (polis), nomeadamente, as
famílias, o território, a população, e fundamentalmente, o governo.
Ele analisa os regimes políticos, segundo a sua estrutura e eficácia.
Para ele, a política é um tratado sobre o Estado. Dos diversos
regimes políticos, Aristóteles emite juízo de valor escolhendo
aquele que em sua opinião será o melhor.

Em Roma, a ciência política não conheceu grandes


desenvolvimentos. Terá contribuído o espírito de elite dos romanos
em que desprezavam todos os que não fossem romanos. idem

Cícero (106 a. C. – 43 a. C.), um dos grandes expoentes do


pensamento político do seu tempo, abordava as diversas formas de
governo, das instituições romanas, etc.

Na Idade Média, período da consolidação e afirmação do


Cristianismo, o pensamento político foi dominado pela orientação
da Igreja Católica. Deve-se destacar o contributo relevante
Ciência Política e Código: A0017 9

introduzido pela doutrina cristã na ciência política: o da


reciprocidade de direitos e deveres que deve existir entre os
monarcas e a comunidade. Consideram estes que o poder não deve
ser visto como um imperativo absoluto.

Santo Agostinho (354 - 430), expoente do pensamento mediaval,


considera que a sociedade é regulada por uma autoridade mas este
poder nunca deve ser assumido como propiedade pessoal (princípio
da despersonalização do poder). Para ele, o poder é para fazer
reinar a justiça.

Maquiavel (1469 - 1527), na sua obra “O Príncepe”, enumera um


conjunto de homens que alcançaram e conservaram o poder com
êxito e numa segunda parte fornece um conjunto de normas
concernentes à arte de governar. Esta obra é mais um manual de
arte da política que um tratado da ciência política.

Thomas Hobbes (1588 - 1679) foi o primeiro a teorizar a política


em tanto que Estado Moderno, assente no conceito de soberania,
entendida como capacidade de decidir. Para Hobbes, este poder não
é original e nem divino, mas sim resultado de um contrato através
do qual os súbditos o delegam no Estado, tendo em vista a
harmonia dos interesses da sociedade.

Montesquieu (1689 - 1755), defensor acérrimo da partilha do poder


(legislativo, executivo e judiciário), como forma de o limitar, é o
fundador da moderna ciência política.

A Revolução Francesa e o desenvolviento das doutrinas socialistas


de que Rousseau é um percursor, virão trazer novos contributos
quanto à natureza da ciência política.
10 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Exercícios

1 – Quando surge a preucupação pelo estudo da ciência política?

2 – O estudo da ciência política surge autónoma das outras ciências


Auto-avaliação humanas?

3 – Qual era a preucupação de Aristóteles no estudo da ciência política?

4 – Qual foi a ideologia que dominou a Idade Média?

5 – Como é que a orientação da Igreja Católica dominou o pensamento


político da época?

6 – Qual era a preucupação de Santo Agostinho no estudo da ciência


política?

7 – Qual era a preucupação de Maquiavel no estudo da ciência política?

8 – Qual a concepção do poder para Thomas Hobbes?

9 – Montesquieu foi o defensor da partilha do poder. Quais poderes?

10 – Qual era a intenção de Montesquieu ao defender a partilha do poder?


Ciência Política e Código: A0017 11

11 – Quem o fundador da moderna ciência política?

Unidade N0 02-A0017

Tema:

Objecto da Ciência Política

Introdução
Toda a ciência deve estar dotada de um objecto delimitado. A delimitação
do objecto da ciência política atravessou vários debates entre estudiosos
da matéria.

A mais antiga tradição dos politicólogos era a ordem ética ou religiosa da


ciência política. A partir do século XX, o seu âmbito de análise é
alargado, deixando de ser somente a questão ética ou religiosa e passando
para debates mais acesos.
12 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

É daí que, surgem alguns politicólogos que circuncreviam o objecto da


ciência política ao estudo do Estado, e outros à todas as manifestações de
autoridade/poder e, ainda outros, que procuram reduzir o poder da sua
globalidade para formas mais restritas, o poder político.

De uma forma geral, a ciência política estuda todas as formas de luta pela
aquisição e exercício do poder político ou forma de influenciar os seus
interesses.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Delimitar o objecto de estudo da ciência política.

 Conhecer as várias interpretações do debate sobre o objecto da ciência


Objectivos política.

Sumário
Qualquer que seja a ciência, deve estar composta por um objecto.
Fernandes (1995) considera que a delimitação do objecto da ciência
política foi influenciada pela tradição do pensamento devotado ao estudo
dos fenómenos políticos. A primeira e mais antiga tradição do
pensamento dos politicólogos envolve julgamentos de ordem ética ou
religiosa.

A partir do século XX, a ciência política viu alargar-se o seu objecto de


estudo a todos os domínios políticos, onde o poder se manifesta, sem
contudo existir unanimidade de opinião acerca da sua delimitação.

Alguns especialistas em ciência política circunscrevem o objecto da


ciência política ao Estado e outros ampliam-no à todas as manifestações
de autoridade, transformando-a na ciência do poder. Outros ainda
Ciência Política e Código: A0017 13

circunscrevem-no à concepção intermédia, quer dizer, entre estes dois


extremos.

Na linguagem corrente, a ciência política é vista como ciência do Estado,


significando que a palavra política e Estado andam associados. A ciência
política dedica-se, nesta óptica, ao estudo das origens do Estado e do seu
devir. O estudo da ciência política não se limita ao Estado mas também
aos fenómenos paraestatais, interestatais, superestatais ou transestatais,
pois, todos estes fenómenos políticos surgem em referência ao Estado.
Com a multiplicação das organizações internacionais de carrácter
intergovernamental ou supranacional, assistiu-se a uma triplicação do
número de Estados existentes no mundo.

A maioria dos politólogos actuais, tanto europeus como americanos, não


concorda com a definição da ciência política como ciência do Estado.
Consideram que esta definição provêm do fim da Idade Média. Para
estes, o desenvolvimento da cooperação internacional no século XX
destruíu as bases políticas do Estado soberano. Concluem que o objecto
da ciência política não se confina ao Estado. A ciência política é ciência
do poder, pois, o que está em causa não é somente o Estado, como
também as colectividades locais, os sindicatos, as empresas e as igrejas.
Qualquer agrupamento que se constitua em poder, se relaciona com a
ciência política. idem

Fazer da ciência política a ciência do Estado é atribuir-lhe um âmbito de


estudo muito restrito. Esta concepção deixa, naturalmente, de fora do
objecto da ciência política a análise e explicação dos fenómenos políticos
inerentes aos grupos de interesse e de pressão, aos partidos políticos e às
próprias instituições religiosas.

Estas duas concepções do objecto da ciência política correspondem à


concepções extremas. Entre estas duas concepções existem posições
intermédias, que refutam a ideia do objecto da ciência política como o
Estado e também não aceitam o estudo do poder sob todas formas.

Estes, os intermédios, consideram que fazer da ciência política como


ciência do poder é destinar-lhes uma ampla área de acção. Questionam se
todos os poderes são objecto da ciência política, ou apenas alguns; se é
somente o poder supremo ou também o poder menor das instituições; se
14 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

apenas o poder que se manifesta sobre toda comunidade nacional ou


também o que se limita a um grupo territorial ou institucional.

Os intermédios procuram isolar certas formas de poder, que qualificam de


poder político, e as quais constituiriam o objecto da própria ciência
política.

A ciência política estuda todas as formas internas que lutam pela


aquisição e exercício do poder ou que procuram influenciá-lo para a
satisfação dos seus interesses, e as forças internacionais que influenciam
ou tentam influenciar o comportamento do conjunto dos órgãos que numa
sociedade tem capacidade para obrigar os outros a adoptar certos
comportamentos.

Bastos (1999), citando o Professor Marcelo Rebelo de Sousa, considera


que o objecto da ciência política é o estudo científico dos factos políticos
na perspectiva do acesso, a titularidade, o exercício e o controle do poder
político. Aqui é necessário distinguir o poder que o homem tem sobre a
natureza do poder do homem sobre o homem. O poder do homem sobre o
homem pressupõe a existência de uma relação entre seres humanos, na
medida em que se traduz na potencialidade de alguém impor aos outros
um determinado comportamento.
Ciência Política e Código: A0017 15

Exercícios

1 – Qual a mais antiga preucupação dos politicólogos ao estudar o objecto


da ciência política?

Auto-avaliação 2 – Em que consiste a concepção da ciência política como ciência


do Estado?

3 – Em que consiste a concepção da ciência política como ciência


de autoridade/poder?

4 – A terceira concepção é menos extrema entre as duas anteriores.


Qual a posição desta terceira concepção em relação ao objecto da
ciência política?
Ciência Política e Código: A0017 17

Unidade N0 03-A0017

Tema:

Conceito da Ciência Política

Introdução
Começa-se por definir a ciência política procurando separar a política da
ciência. Enquanto que a política é a arte de governação ou forma de
encontrar os melhores resultados, a ciência, nas suas investigações usa
um método e tem um objecto bem delimitado.

A acção política não se reduz à acção dos partidos políticos. Toda a acção
humana, dentro da sociedade, é acção política, daí que, Aristóteles
considera que todo o homem é um animal político.

A ciência política é uma ciência social que tem um objecto e método,


estuda os factos ou acontecimentos políticos, não só os inerentes ao
Estado mas em todas outras vertentes, quer seja local, institucional, etc.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Diferenciar Política da Ciência Política.

 Conhecer a Política.

Objectivos  Perceber a Política como uma acção humana e não simplesmente dos
Partidos Políticos.
18 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Sumário
Para se poder definir de forma mais clara o termo ciência política, pode-
se começar por destrinçar a palavra política da ciência, pois, a política
leva-nos a várias interpretações, da mesma forma que ciência remete-nos
a um objecto preciso e métodos de investigação e análises que lhe é
inerente.

Fernandes (1995) refere que a palavra política tem sido entendida, por
alguns, como a técnica com vista a alcançar os melhores resultados, com
menor dispêndio de esforço, e outros consideram como a arte de
governar, permitindo desta forma obter sempre os melhores resultados
entre vários.

Aristóteles já referia que o homem é um animal político, ou seja, o


homem é um ser social. A perspectiva aristotélica é no sentido em que a
natureza humana exige a vida em sociedade, a vida em comum, bem
como as decisões sobre estes aspectos. A política não se refere
exclusivamente ao processo de governação ou de luta pela conquista e
exercício de poder, mas a toda acção humana que produza algum efeito
sobre à organização, o funcionamento e os objectivos de uma sociedade.
A acção política não se limita, de modo algum, à acção dos partidos
políticos, podendo ser vista a participação na vida social ou como na luta
pelo poder do Estado, através dos partidos políticos, refere Obede Baloi
(1995).

O termo política significa tudo o que se refere a Cidade,


consequentemente, tudo o que é urbano, civil, público e até mesmo
sociável. O termo política se expandiu graças a influência da grande obra
de Aristóteles, designada A Política, que foi considerada como o primeiro
tratado sobre a natureza, funções e divisão do Estado, e sobre as várias
formas de governo (Bobbio, Matteucci e Pasquino, 1992).

Enquanto isto, a ciência remete-nos a existência de um objecto e método,


logo, a ciência política seria o estudo dos fenómenos políticos (factos e
acontecimentos políticos), guiando-se por um método, como a
observação, análise, comparação, sistematização, com vista a interpretar
Ciência Política e Código: A0017 19

o poder político. Portanto, é a ciência que estuda o poder político segundo


o método científico.

Exercícios

1 – Defina Política.

2 – Porque Aristóteles considerou que o homem é um animal político?

3 – Podemos reduzir a acção política ao alcance do poder político?


Auto-avaliação
4 – Qual foi o estudioso que expandiu o estudo da Política?

5 – Porque consideramos que a Política é uma ciência?


20 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Unidade N0 04-A0017

Tema:

Ciência Política na Antiguidade Clássica

Introdução
A Ciência Política, entanto que ciência, com um objecto, método e
analisar os fenómenos de forma sistematizada, teve o seu início na Grécia
Antiga. Foi Aristóteles o primeiro a fazer as análises dos fenómenos
políticos usando o método indutivo. Aristóteles idealizou 3 formas de
governo que na sua óptica seriam perfeitos: a monarquia, aristocracia e
república. Foi Aristóteles o primeiro a aceitar o pluralismo na sociedade,
contrariamente a Platão.

Platão considera que para o bom governo ele deve ser dirigido por um
filósofo, pois, este detém conhecimentos suficientes para dirigirem a
sociedade. Estes governantes poderiam trabalhar usando a sua sabedoria
sem necessitar de Leis.

Para o estudo da Ciência Política, na Antiguidade Clássica, esses dois


foram os que mais se notabilizaram, sem, contudo, tirar mérito a outros
estudiosos desta época.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer a origem da Ciência Política.


Ciência Política e Código: A0017 21

 Conhecer o pensamento político de Platão.

 Conhecer o pensamento político de Aristóteles.

Objectivos

Sumário
Foram os Gregos da Antiguidade Clássica os primeiros a observarem,
analisarem e sistematizarem os fenómenos políticos. Entre os Gregos, foi
Aristóteles o autor dessa descoberta, quem melhor sistematizou o estudo
dos fenómenos políticos, utilizando pela primeira vez o método indutivo.

Fernandes (1995) considera que Aristóteles reuniu um conjunto de factos


e acontecimentos, observou-os, analisou-os e sistematizou as suas
conclusões. Ele analisou 158 Constituições de Cidades Gregas,
analisando os seus regimes.

Platão procurou definir o bom governo, e para tal, desenvolveu a teoria


do Estado ideal, observando os factos, usando o método indutivo.

Bastos (1999) refere que Platão, projecta a construção de uma sociedade


perfeita, através da justiça, baseada no interesse geral e não no interesse
individual. Para ele, a justiça é o atributo para uma sociedade ideal. Para
a sociedade ideal, propõe uma sociedade estratificada em 3 classes: os
magistrados (governantes), os guardas (militares) e os trabalhadores
(camponeses, artesãos e comerciantes).

Estas formas de governo proposto por Platão tem uma natureza cíclica na
medida em que elas podem ser transmutadas da sua forma inicial.
Pretendia ele dizer que o governo do Rei-filósofo (sofiocracia), que são
os magistrados, pode-se degenerar em governo dos guardas (timocracia)
ou em governo das massas (democracia). Numa situação destas, deveria-
se retomar à sofiocracia, através da conversão do tirano pelo filósofo e a
sua transformação em Rei-filósofo.
22 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Para Platão, o governo deve ser entregue a um Rei-filósofo, dado ser


único com acesso às ideias e às formas originais. Esse governante
supremo poderia exercer o poder, sem necessitar de Leis, e subordinar a
vontade individual dos membros da comunidade às suas decisões.

Enquanto isto, Aristóteles começa por defender que o homem é um


animal político, feito para viver em sociedade. A vida do homem em
sociedade tem origem natural. Para ele, se as causas da contestação
política e das revoluções é a desigualdade existente nas sociedades, então
deve existir uma classe média, aqueles que tem o suficiente para a
satisfação das suas necessidades, para poderem manter o correcto
funcionamento da sociedade. Ou melhor, os muito pobres não tem nada a
perder com a instabilidade social, enquanto que os poucos ricos (classe
média) devem encontrar meios de não serem afectados pela instabilidade
que ocorrer.

As formas de governo sã e que procuram o bem comum, para Aristóteles,


são: a monarquia (governo de um só), a aristocracia (governo de um
pequeno grupo de homens) e a república (governo da multidão). Se estas
formas de governo se degerarem e os governantes prosseguirem o
interesse da classe dirigente, teremos, a tirania (monarquia governada no
interesse exclusivo do monarca), oligarquia (forma de governo dirigida
unicamente no interesse dos ricos) e democracia (forma de governo
dirigida unicamente no interesse dos pobres). Aristóteles considera a
democracia o mais tolerável entre os governos viciosos.

Aristóteles foi o primeiro a defender as sociedades pluralistas, contra os


defensores do totalitarismo.
Ciência Política e Código: A0017 23

Exercícios

1 – Onde é que se realizam as primeiras observações e análises


sistematizadas dos fenómenos políticos?

Auto-avaliação 2 – Para a construção do Estado ideal, qual foi o pensamento político de


Platão?

3 – Porque Platão considera que o governo ideal, por si proposto, tem


uma natureza cíclica?

4 – Para Platão, quem deve ser governante:

5 – Porque Aristóteles defende a existência de uma classe média?

6 – Qual é o pensamento político de Aristóteles com vista a construção de


um governo perfeito?
24 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Unidade N0 05-A0017

Tema:

Ciência Política na Idade Média

Introdução
Santo Agostinho e São Tomás de Aquino foram os dois estudiosos, mais
vulgares da Idade Média que idealizaram a governação e os melhores
regimes.
Estes dois estudiosos, os seus pensamentos foram bastantes influenciados
pela ideologia dominante nessa altura, que era a Teologia.
Santo Agostinho concebe duas cidades: cidade de Deus e terrena, em que
elas estão em permanente conflito com o objectivo de controlarem o
mundo. A cidade de Deus, que para Santo Agostinho é a ideal, vivem em
conformidade com os mandamentos de Deus, enquanto que a cidade
terrena é o reino de satanáz.
São Tomás de Aquino considera que a origem do poder é divina mas ele
pertence ao povo. O povo pode transferir aos governantes. São Tomás de
Aquino começa a admitir a democracia e que vai ter as suas influências
no futuro da Europa.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer os principais percurssionistas do estudo da Ciência Política


na Idade Média.
Ciência Política e Código: A0017 25

 Conhecer a ideologia que dominou a Idade Média e que influenciou


todo o pensamento político da altura.

Objectivos  Conhecer o pensamento político de Santo Agostinho.

 Conhecer o pensamento político de São Tomás de Aquino.

Sumário
Os estudos realizados na Idade Média relativos á Ciência Política, foram
desenvolvidos por Santo Agostinho e São Tomáz de Aquino.

A ideologia que dominou o mundo mediaval foi a Teologia, concepção


que fundamenta o princípio de que o poder emana de Deus. Para
Fernandes (1995), o teocracismo teve uma grande influência na
afirmação do poder em toda a época mediaval, dado que o poder dos
príncipes era limitado pelo poder temporal da igreja, à qual prestavam
juramento de obediência.

Bastos (1999) refere que Santo Agostinho (354-430) idealiza duas


Cidades: Cidade de Deus e cidade terrena. A cidade de Deus caracteriza-
se por reunir as pessoas que vivem em conformidade com os
mandamentos de Deus, e que, por essa via, alcançam amor perfeito, a paz
profunda, a justiça plena, a liberdade e a realização pessoal. A cidade
terrena é o reino de satanás, caracterizado por pessoas que vivem num
pemanente estado de conflito, de injustiça e de guerra.

Estas duas cidades estão em permantente conflito, com o objectivo de


controlarem o mundo. Para Santo Agostinho, os Estados cristãos
procuram alcançar a cidade de Deus.

Para se manter a paz, a justiça, a ordem e a segurança, segundo Santo


Agostinho, deve haver uma autoridade política e do Estado. Ele concebe
a autoridade política como uma dádiva de Deus aos seres humanos, daí
que, é absoluto o dever de obediência dos governados em relação aos
26 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

governantes, e não compete aos homens distinguir entre governantes bons


e maus ou entre formas de governo justos ou injustos.

São Tomás de Aquino (1225-1274), também figura importante no estudo


da Ciência Política, na Idade Média, defende a existência de uma ordem
única na natureza, criada pela providência divina.

Sendo o homem um animal político, conforme Aristóteles, São Tomás de


Aquino considera que a natureza social do homem, racionalmente vai
criar uma autoridade que terá a tarefa de governação. Considera o Estado
como o modelo de sociedade perfeita, com o fim de prosseguir o bem
comum. Para os homens poderem dedicar à prossecução dos fins eternos
do Estado, eles devem ter acesso a um mínimo de bens que possam
assegurar a sua subsistência.

São Tomás de Aquino considera que o poder tem uma origem divina mas
ele, em relação ao pensamento tradicional, faz uma inovação,
considerando que a titularidade do poder é do povo e que só através deste
é que pode ser transferido aos governantes. Significa que, sendo o povo o
titular do poder, este tanto pode ser exercido pelo povo de forma
colectiva, como através de governantes que tenham sido escolhido por
ele.

Em termos de regimes políticos, São Tomás de Aquino considera que o


ideal é monarquia e o pior é a tirania, daí a necessidade de se evitar que o
monarca se transforme em tirano. Se o monarca se transformar em tirano,
ele deve ser deposto.

São Tomás de Aquino foi o primeiro defensor da concepção do poder


pelo povo, ou seja, origem popular do poder, que terá depois maiores
consequências na Europa. Há no pensamento político dele, alguns traços
de elementos de autoridade mas também democráticos, o que lhe faz, de
certo modo, ambivalente.
Ciência Política e Código: A0017 27

Exercícios

1 – Qua a ideologia que dominou a Idade Média e em que consiste?

2 – Qual a concepção da cidade de Deus e terrena para Santo Agostinho?


3 – Qual a cidade ideal para Santo Agostinho?
4- Qual a origem do poder para São Tomás de Aquino?
Auto-avaliação
5 – A quem pertence o poder em São Tomás de Aquino?
6 – Qual o melhor regime para São Tomás de Aquino?
7 – Qual o pior regime para São Tomás de Aquino?
8 – Qual foi o primeiro estudioso que defendeu a concepção do poder do
povo?

Unidade N0 06-A0017

Tema:

CIÊNCIA POLÍTICA NA IDADE


MODERNA

Introdução
A obra “O Príncipe” de Maquiavel é que introduz as concepções
modernas da Ciência Política. Este se preucupa com a manutenção do
poder através da eficácia do governo. A eficácia do governo deve-se
reflectir na obediência dos seus cidadãos. Maquiavel não se preucupa
28 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

com as questões morais, daí que este tenha introduzido o método


objectivo.

Bodin desenvolve a teoria da soberania. Considera que a soberania do


Estado é o poder que não tem igual internamente e não tem superior
externamente.

Hobbes projecta a sociedade perfeita através da construção de um poder


político forte. Considera que na história da humanidade existem dois
grandes estados: o estado da natureza e o da sociedade. O estado da
natureza é caracterizado pelos conflitos entre os homens e para se passar
para o estado da sociedade é necessário os homens abdicarem de uma
parte dos seus direitos a favor do Estado.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer as teorias introduzidas na modernidade;

 Conhecer o sinónimo de “maquiavelismo”;

Objectivos  Conhecer o conceit de soberania para Bodin;

 Conhecer as teorias introduzidas por Hobbes com vista a construção


do Estado.

Sumário
Fernandes (1995) considera que as concepções modernas da ciência
política radicam da admirável obra de Maquiavel – “O Príncipe”.
Influenciado pela obra de Aristóteles, Maquiavel atribui à sua obra
um objectivo e um método diferente. Enquanto que Aristóteles se
preocupa com o bom governo que assegure o bem estar dos seus
cidadãos, Maquiavel se preocupa com a eficácia do governo através
Ciência Política e Código: A0017 29

da obediência dos seus cidadãos. O “maquiavelismo” tornou-se


sinónimo de um determinado tipo de comportamento: o daquele
que “não olha aos meios para atingir os fins”. Para Maquiavel, o
único fim político relevante era a conquista e a manutenção do
poder.

No respeitante a metodologia de investigação, Maquiavel


introduziu o método objectivo, independente de preocupações
morais, e o método comparativo histórico, cujo papel é muito
importante na ciência política.

Jean Bodin também deu um contributo à ciência política ao


desenvolver a teoria de soberania do Estado. Para ele o Estado
soberano é um poder que não tem igual na ordem interna e não tem
superior na ordem externa.

Thomas Hobbes apresenta um projecto de sociedade em que os


indivíduos abdicam de uma parte dos seus direitos com objectivo
de construir um poder político forte.

Bastos (1999) refere que Hobbes para construir o poder político


forte começa por explicar a existência de dois grandes estados na
história da humanidade: o estado de natureza e o estado de
sociedade.

O estado de natureza caracteriza-se pela ausência de um poder


político forte e pela existência de conflitos permanentes entre os
homens. Considera que todos os homens estão em permanente
conflito, atacando como forma de se antecipar a qualquer ataque
que pudesse ser dirigido contra eles. Há uma constante violação da
paz, da justiça, da segurança das pessoas e dos seus bens.

O estado da sociedade caracteriza-se pela existência de um contrato


social que está na origem de poder político forte, cujo objectivo
essencial é o de estabelecer um ambiente de paz. Este contrato
social é o resultado da renúncia definitiva que cada homem faz a
favor do Estado de parte dos seus direitos.
30 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Surge aí o Estado como resultado deste pacto social e ele não pode
ser renunciado. A renúncia significaria que o Estado deixaria de
existir e voltar a cair na anarquia que prevalece no estado de
natureza.

Exercícios

1 – Qual a teoria de Maquiavel para a eficácia do governo?

2 – Qual o sinónimo de “maquiavelismo”?

Auto-avaliação
3 – Qual o conceito de soberania para Bodin?

4 – Qual o entendimento que Hobbes tem do estado da natureza?

5 – Qual o entendimento que Hobbes tem do estado de sociedade?

6 – Como construir um Estado forte em Hobbes?


Ciência Política e Código: A0017 31

Unidade N0 07-A0017

Tema: CONCEITO DE ESTADO

Introdução
Existem numerosos conceitos de Estado mas o mais importante ao se
definir o Estado é procurar tornar essas definições o mais abrangente
possível. É necessário ter em conta não só a actividade administrativa
mas também a sua forma política de organização e a relação que ela tem
com outros Estados.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Compreender o conceito de Estado

 Procurar alargar o conceito de Estado a outras actividades.

Objectivos

Sumário
Existem numerosas definições do Estado, algumas das quais se
prestam a grandes equívocos.

Marcello Caetano admite que a palavra Estado assenta em varias


acepções, das mais importantes a internacional, a constitucional e a
administrativa.

A acepção internacional refere o Estado como uma entidade


soberana, titular de direitos e obrigações na esfera internacional.
32 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Significa que o Estado não tem igual internamente e não tem


superior externamente.

A acepção constitucional considera o Estado como uma


comunidade de cidadãos com um poder constituído para prosseguir
os seus fins nacionais. Aqui leva-se em conta a forma politica
interna que caracteriza o Estado. A monarquia absoluta é diferente
da monarquia constitucional, da república ou da ditadura. Essas são
formas políticas que cada Estado pode seguir na ordem
constitucional.

A acepção administrativa considera o Estado como pessoa


colectiva pública que no seio da comunidade desenvolve, sob
direcção do Governo, a actividade administrativa. Aqui refere-se a
toda actividade administrativa desenvolvida com vista a satisfazer
as necessidades colectivas.

Outros autores consideram o Estado como o conjunto dos órgãos


que, numa sociedade, aparecem a exercer o poder político. Esta
definição é restrita na medida em que refere simplesmente na parte
funcional dos seus órgãos. Aqui ela refere a uma parte do Estado.

Ainda outros autores consideram o Estado como uma instituição


social equipada e destinada a manter a organização política de um
povo, interna e externamente. Esta definição do Estado remete-nos
a ideia de poder para garantir a organização social contra os perigos
internos e externos.
Ciência Política e Código: A0017 33

Exercícios

1 – Defina o Estado na acepção internacional?

2 – Defina o Estado na acepção constitucional?

3 – Defina o Estado na acepção administrativa?


Auto-avaliação
4 – Qual o conceito de Estado que conhece de outros autores?

Unidade N0 08-A0017

Tema: ELEMENTOS DO ESTADO

Introdução
Falar dos elementos do Estado, entanto que tal, foi a partir da Idade
Moderna com os Estados modernos. É a partir deste período que
começa-se a despertar a ideia de economia mercantil e da
consciência nacional. É com os Estados modernos que surge o
poder institucionalizado, despersonalizado e organizado de forma
hierárquica.
34 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Nos períodos anteriores ao Estado moderno encontramos o domínio


da Igreja sobre as instituições, a personalização do poder e a
autoridade familiar nas instituições.

Com os Estados modernos podemos falar da população, do


território e do poder político, que são os elementos constituíntes do
Estado.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Identificar os elementos do Estado;

 Caracterizar o Estado no período anterior ao Estado moderno;


Objectivos

Sumário
Fernandes (1995) considera que o Estado moderno surgiu na
Europa com a Idade Moderna sobre as ruínas do feudalismo. Ela
assentou no desenvolvimento da economia mercantil e a libertação
das sociedades civis do domínio temporal da Igreja, baseiando-se
num Estado com a concentração dos poderes nas mãos dos
Príncipes e o despertar da consciência nacional.

O Estado moderno evoca a ideia dum poder institucionalizado,


despersonalizado, eficaz e organizado que garanta a segurança
contra os perigos internos e externos e não um poder personalizado.

O Estado moderno, contrariamente das sociedades primitivas, onde


o poder político era o prolongamento de uma autoridade familiar ou
uma extenção da função religiosa, este surge como uma instituição
despersonalizada e um poder institucionalizado.
Ciência Política e Código: A0017 35

O conjunto dos governantes e governados constitui a população do


Estado, que vive num determinado território segundo regras de
conduta definidas pelos órgãos do poder e salvaguardados pela
autoridade pública.

O Estado garante o bem estar social da colectividade através da


organização política do povo, dentro do seu território.

Daí que, são elementos do Estado a população, o território e o


aparelho do poder ou o poder político

O povo é o elemento básico na constituição do Estado. Ele é o


primeiro elemento do Estado, a parte humana e imprescindível à
existência de um Estado (Henriques e Cabrito, 1995)

Marcello Caetano considera povo ao grupo de indivíduos que,


tendo em vista a realização de objectivos comuns, se constitui
numa comunidade política, subordinando-se a Leis próprias e
subordinando-se a um mesmo poder.

Um povo constitui-se como Estado quando tem um território onde


é exercido a vontade política. Ao território não se refere
simplesmente ao solo geograficamente delimitado pelo subsolo
mas também o espaço aéreo e marrítimo.

Fernandes (1995) considera que a questão do território encontra-se


ligado à ideia de Estado moderno na medida em que ela passou a
ser o patrimóno da colectividade e não propriedade dos chefes. O
território é um elemento imprescindível do Estado, daí que, os
povos tem mantido, através da história, e/ou lutando para
conquistar e alargar estes espaços.

O território do Estado deve estar delimitado por fronteiras naturais


ou convencionais, que definem o âmbito geográfico da
competência dos órgão supremos do Estado.

O poder político é o último e fundamental dos elementos


constitutivos do Estado. Uma colectividade fixada num território só
36 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

ascende à categoria de Estado quando passa a exercer o poder


político. Este poder é exercido por um conjunto de órgãos do
Estado, tem competências previstas na Lei, portanto, limitado pelo
Direito.

Exercícios

1 – Caracterize o Estado no período anterior à Idade Moderna.

2 – Caracterize o Estado moderno.

Auto-avaliação 3 – Quais os elementos do Estado?

4 – Defina o povo, usando o conceito de Marcello Caetano.

Unidade N0 09-A0017

Tema: AS FUNÇÕES DO ESTADO

Introdução
O Estado, enquanto pessoa colectiva pública, tem como fim a
satisfação de do interesse colectivo. Às funções do Estado, referi-
Ciência Política e Código: A0017 37

mo-nos ao conjunto de actividades por este desenvolvido com vista


à realização dos seus fins.

Aos Estados modernos, considera-se funçao do Estado, as jurídicas


e as não jurídicas. Funções jurídicas referi-mo-nos à legislativa e
judicial. Às funções não jurídicas referi-mo-nos à política.

As funções do Estado tem uma relação intrínseca com


Administração Pública na medida em que esta depende das Leis
elaboradas pela função legislativa e depende da política que tem o
papel de identificar aquilo que são os interesses gerais de uma
determinada comunidade. A função de justiça é feita pelos
Tribunais que possuem juízes independentes.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer as funções do Estado.

 Saber diferenciar estas funções.


Objectivos  Conhecer a relação que elas estabelecem com a Administração
Pública.

Sumário
Necessitando o Estado de desenvolver um conjunto de actividades,
tendo em vista a prossecução de certos fins, precisará ela de
congregar à sua volta o maior número de elementos da
colectividade.
38 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Henriques e Cabrito, 1995, consideram funções do Estado ao


conjunto de actividades por este desenvolvido com vista à
realização dos seus fins. São actividades desenvolvidas pelos
órgãos do poder político do Estado, tendo em vista a realização dos
objectivos que se lhes encontram constitucionalmente cometidos.

Não há consenso quanto ao modo de classificação das actividades


(funções) desenvolvidas pelo Estado com vista a alcançar os seus
fins.

Alguns autores marxistas distinguem 3 modalidades de actividades


(funções) do Estado. A primeira seria a função técnico-económica,
que actua ao nível da instância económica; a política, que actua ao
nível da luta política de classes e a ideológica, que tem em vista a
inserção dos homens nas actividades práticas que suportam a
estrutura do Estado.

Marcello Caetano analisa as funções do Estado, enquadrado aos


Estados modernos, baseando-se no Direito. Deste modo, considera
haver 2 funções do Estado: jurídicas e não jurídicas. A função
jurídica engloba a função legislativa, através do qual o Estado cria
as normas jurídicas de carácter geral e impessoal. A função
legislativa define opções, objectivos, normas abstractas, enquanto a
Administração Pública está subordinada à Lei. A Lei é o
fundamento, o critério e o limite de toda actividade administrativa.
A função executiva ou administrativa, que, complementando a
função legislativa, assegura o cumprimento da lei. As funções não
jurídicas englobam a função politica ou governativa cuja actividade
é desenvolvida no sentido de manter a sociedade política e definir
e prosseguir o interesse geral da colectividade. A política, entanto
que actividade do Estado, tem o fim específico de definir o
interesse geral da colectividade. A Administração Pública existe
para prosseguir o interesse geral da colectividade
Ciência Política e Código: A0017 39

Exercícios

1 – Quais as funções do Estado para os marxistas?

2 – Quais as funções do Estado para Marcello Caetano?


3 – Qual o papel da função legislativa?

Auto-avaliação 4 – Qual o papel da função política?

Unidade N0 10-A0017

Tema: FORMAS DE ESTADO

Introdução
Ao se referir à forma de Estado, deve-se distinguir entre Estados
Unitários e Estados Complexos. Quando num território existir único
órgão de poder político, aí estaremos perante Estados Unitários. Em
relação aos Estados Complexos, temos a União Real e as Federações.
Enquanto a União Real é a união de Estados que dá origem a um único
Estado, a Federação é a associação de Estados que dá origem a criação de
um novo Estado, e novos órgãos de poder político sobrepostos aos órgãos
dos Estados federados.
40 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer as Formas de Estado.

 Conhecer Estados Unitários.


Objectivos  Conhecer Estados Complexos.

Sumário
Bastos, 1999, refere que ao se falar das formas de Estado deve-se
distinguir entre Estados Unitários e Estados Complexos. O critério
que está na base da distinção é a existência de um ou mais poderes
políticos no mesmo Estado. Refere-se ao modo do Estado dispor do
seu poder em face de outros poderes de igual natureza.

Ao se referir às formas de Estado só é possível quando se trata do


mesmo tipo histórico de Estado. Só se pode distinguir o Estado
Unitário do Estado Federal no âmbito do Estado moderno.

O Estado Unitário é um Estado simples em que há um só poder


político para todo território. O poder do Estado pode estar
concentrado e centrailizado nos órgãos centrais, ou encontrar-se
repartido pelos órgãos locais com poderes e competências
relactivamente autónomos. No primeiro caso estamos perante o
Estado Unitário centralizado; no segundo perante Estado Unitário
descentralizado, segundo António José Fernandes.

Para os Estados Unitários centralizados estamos perante um poder


político estadual enquanto que os Estados Unitários
descentralizados as províncias ou regiões tornam-se autónomas,
Ciência Política e Código: A0017 41

pois, os seus órgãos desempenham funções políticas, com alguns


poderes ou competências de carácter legislativo ou governativo.

É centralizado quando a maior parte dos actos que lhes dizem


respeito são praticados pelos agentes ou órgãos centrais do Estado.

O Estado Unitário descentralizado caracteriza-se essencialmente


pela autonomia administrativa e financeira que concede às
colectividades territoriais.

Em relação aos Estados complexos, temos a União Real e as


Federações. Enquanto a União Real há uma fusão de poderes
políticos, nas Federações os poderes políticos estão sobrepostos.

A União Real é uma união de Estados, que dá lugar à criação de


um novo Estado.

Na Federação, estamos em presença de uma associação de Estados,


que dá lugar à criação de um novo Estado, e em que surgem novos
órgãos de poder político sobrepostos aos órgãos dos Estados
federados.

Para António José Fernandes, 1995, os Estados federados


constituem a única modalidade de Estados não soberanos, na
medida em que uma união com uma Constituição comun, os
Estados tornam-se membros de um Estado Federal. Não perdem a
qualidade de Estado mas não são soberanos, na medida em que as
prerrogativas soberanas, no domínio das relações externas, são
transferidas para o Estado Federal, e os actos legislativos por eles
adoptados têm de respeitar a Constituição Federal.

Os Estados Federados continuam a ser verdadeiros Estados, pois


podem elaborar as suas próprias Constituições e fazer leis no
domínio da sua competência e dispõem de meios próprios para
fazer respeitar as suas leis dentro do território que lhes pertence.
Não são soberanos, primeiro, porque as suas constituições tem de
respeitar a Constituição Federal ; segundo, porque as suas leis tem
42 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

de se subordinar às leis dimanadas dos órgãos da Federação e


podem ser anuladas pelos Tribunais Federais se forem contrárias à
Constituição Federal ou se incidirem sobre domínio reservados às
leis federais ; terceiro, porque não podem manter relações
internacionais próprias.

Portanto, as colectividades estaduais (federados) estão, pois,


dependentes da colectividade federal, competindo aos órgãos
federais definir os objectivos sociais e políticos de toda a federação
e afirmar internacionalmente os interesses e a vontade desta como
um todo; é federação que constitue os Estados Federados.

Exercícios

1 – Qual o critério de base para distinguir Estados Unitários dos


Complexos?

Auto-avaliação 2 – Podemos considerar os Estados federados de soberanos?


Ciência Política e Código: A0017 43

Unidade N0 11-A0017

Tema: REGIMES POLÍTICOS

Introdução
É muito frequente, para quem se preocupa com problemas políticos, fazer
uma confusão entre regimes e sistemas políticos, referindo-se a mesma
coisa. O termo sistema diz respeito ao conjunto dos elementos de um todo
e à sua interacção permanente, enquanto que regimes diz respeito ao
modo como este todo se forma e funciona.

Em relação ao Estado, o sistema se define por referência à sede do


exercício do poder, enquanto que o regime está ligado à forma em que o
poder está revestido.

Aristóteles foi o estudioso clássico que concluiu existirem 3 tipos de


regimes políticos. A Monarquia, Aristocracia e Democracia. O mesmo
estudioso considera que estes 3 regimes concorrem para a satisfação do
interesse geral. Mas eles podem degenerar em Tirania, Oligarquia e
Demagogia caso a sua acção seja feita para os seus próprios interesses
descurando o interesse geral.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Distinguir os 3 regime políticos.

 Distinguir Tirania da Oligarquia e da Demagogia.


Objectivos
44 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Sumário
Segundo Fernandes, 1995, Aristóteles é que fez a classificação dos
regimes políticos, atendendo exclusivamente na forma do poder.

Aristóteles analisou centenas de Constituições do seu tempo e procurou


classificar os regimes com base no número dos que exerciam o poder .

Considerou que Monarquia é o regime em que só um é que exerce o


poder, Aristocracia em que o poder é exercido por alguns e a Democracia
ao regime em que o poder é compartilhado por todos os cidadãos.

Para que estes regimes se tornem puros, os detentores e executores do


poder devem se manifestar fiéis ao interesse geral. Caso contrário se
degeneram em regimes corrompidos.

Nestes termos, a Monarquia se degenera em Tirania se o homem que


governa fizer só para o seu próprio interesse; a Aristocracia se degenera
em Oligarquia quando se verificar o mesmo fenómeno; a Democracia se
degenera em Demagogia, quando todos procurarem satisfazer os seus
próprios interesses, descurando o interesse geral.

Exercícios

1 – Qual foi a base em que Aristóteles usou para concluir existirem 3


regimes políticos?

2 – Distingue os 3 regimes políticos.

Auto-avaliação 3 – Quais as razões que levam a degeneração dos regimes


políticos?

4 – Distingue Tirania da Oligarquia e da Demagogia.


Ciência Política e Código: A0017 45

Unidade N0 12-A0017

Tema: SISTEMAS POLÍTICOS

Introdução
Na sua acepção geral, considera-se um sistema a um conjunto de
elementos interdependentes, ligados entre si por relações, tais que, se uma
delas é modificada, as outras também o são e, consequentemente, todo o
conjunto é afectado.

O sistema político refere-se a qualquer conjunto de instituições, grupos


ou processos políticos caracterizado por um certo grau de
interdependência recíproca. Portanto, o homem como um animal social,
está sempre envolvido numa multiplicidade de relações , em virtude das
quais ele condiciona os seus próprios semelhantes e é por este
condicionado.

Em qualquer agrupamento social há, por isso, duas componentes


fundamentais: de um lado os indivíduos singulares e, do outro, as
relações que caracterizam a convivência recíproca dos indivíduos.

Portanto, não se pode resumir sistemas políticos ao Estado, pois, ele não
se confunde à estrutura do aparelho do Estado.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer o funcionamento de um sistema.

 Conhecer o sistema político.

Objectivos
46 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

 Conhecer o sistema político na perspectiva funcionalista.

 Conhecer o sistema político nas relações de poder.

Sumário
Sistema político, para Fernandes, é o conjunto de processos de decisão e
das relações de poder que dizem respeito à totalidade de uma sociedade
global. Nem todos os processos de decisão inerentes a uma sociedade
global passam efectivamente pelo aparelho do Estado.

O aparelho do Estado constitui o elemento essencial do sistema político.


Ele está no centro do sistema, e este gira à sua volta.

O sistema político compreende dois tipos de estrutura política existentes


na sociedade global: por um lado, as estruturas que constituem o aparelho
do Estado, por outro lado, as estruturas que, apesar de desempenharem
funções e papéis políticos, como os partidos políticos, grupos de interesse
e de pressão e grupos parapolíticos.

Portanto, o Estado não integra todas as estruturas políticas, nem


desempenha todas actividades políticas da sociedade.

O aparelho do Estado constitui o centro do sistema político, pois, são os


órgãos do aparelho do Estado que tomam as decisões obrigatórias para os
membros da sociedade. Mas estas decisões resultam, a maior parte das
vezes, das exigências políticas que lhes são formuladas e apresentadas
por estruturas não estaduais, como os grupos de interesse, grupos de
pressão e partidos políticos.

Nos regimes totalitários, em que ao Estado pertencem efectivamente


todas as estruturas políticas da sociedade e o qual controla todas as suas
funções e actividades, aí pode-se confundir o Estado do sistema político.
Ciência Política e Código: A0017 47

Ao se analisar a perspectiva sistémica, viu-se que alguns realçavam o


aspecto funcional do sistema político, enquanto que outros salientavam o
aspecto estrutural, colocando o acento tónico no processo decisional.
Portanto, existem teorias que consideram o sistema político como um
conjunto de funções e outros que consideram pelas relações de poder.

O sistema político como sistema de funções considera que os fenómenos


são estudados não por aquilo que são mas por aquilo que fazem, pela
função que desempenham no conjunto do sistema social.

Enquanto que sistema político como sistema de poder, compete ao


sistema político tomar as decisões necessárias para alcançar os objectivos
gerais da sociedade, identificando o sistema político como um sistema de
poder. Preocupam-se em descobrir quem, de facto, detém e exerce o
poder político numa determinada sociedade, do que em enumerar as
funções que o sistema político exerce.

Esta concepção do sistema político permite descobrir o tipo de relações


existentes entre o poder político, poder económico e o poder ideológico
numa dada sociedade. Permite responder se a classe economicamente
dominante numa sociedade é, por isso mesmo, também política e
ideologicamente dominante; permite analisar a relação entre a estrutura
do poder e a estrutura social, e identificar quem detém efectivamente o
poder e quem influencia a distribuição autoritária dos valores numa
sociedade.
48 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Exercícios

1 – Antes de se falar do sistema político referiu-se ao sistema. Em que


consiste?

2 – Defina sistema político.

Auto-avaliação 3 – Diferencie Estado do sistema político.

4 – Até que ponto nos sistemas totalitários o Estado confunde-se


com o sistema político?

5 – Em que consiste a análise funcional do sistema político?

6 – Em que consiste a análise das relações do poder do sistema


político?

Unidade N0 13-A0017

Tema: PARTIDOS POLÍTICOS

Introdução
Os partidos políticos existem para exercer o poder político. Este é o único
objectivo do partido político. Eles para além de pretenderem exercer o
poder político, tem como função facilitar aos diversos grupos sociais
apresentarem os seus questionamentos e por outro lado influenciar nas
tomadas de decisão, quer seja dos grupos sociais, quer seja das massas.

A história reconhece a existência de duas classificações de partidos


políticos: os partidos dos quadros ou dos notáveis e das massas. O partido
dos quadros, não se encontram estruturados, aparecem para preparar
Ciência Política e Código: A0017 49

eleições e é constituído por individualidades reconhecidas na sociedade.


Estes não estão preocupados com o número de membros mas com a
qualidade. Enquanto que o partido das massas estão estruturados, tem a
preocupação de ter mais membros. Não se preocupam com a qualidade
mas com a quantidade dos seus membros.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Saber definir partido político

 Conhecer o objectivo do partido político.


Objectivos  Conhecer as funções dos partidos políticos.

 Conhecer as classificações dos partidos políticos.

Sumário
Bastos, 1999, citando o Professor Marcelo Rebelo de Sousa, considera
partido político toda associação duradoura de cidadãos ou entidades em
que estes se agrupam, visando representar politicamente e participar no
funcionamento do sistema de governo constitucionalmente instituído,
para o efeito contribuindo para a designação dos titulares dos órgãos do
poder político do Estado.

Encobre esta definição os seguintes elementos: uma associação,


associação de cidadãos, associação duradoura, com objectivo de
representação política global da colectividade e de participação no
funcionamento do sistema de governo constitucionalmente instituído.
Finalmente, contribuindo para a designação dos titulares dos órgãos do
poder político do Estado.
50 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Moreira (1984), considera que os partidos políticos são organizações que


lutam pela aquisição, manutenção e exercício do poder. A ambição de
ocupar o poder é a característica essencial do político. O político quer o
poder porque julga ter uma solução para o interesse público. A vontade
de exercer o poder é o que distingue o partido dos grupos de interesse e
de pressão.

As funções dos partidos variam de acordo com o tipo de ambiente em que


nasceram, visto que procuram dar resposta às exigências específicas de
cada um.

São duas as principais funções dos partidos políticos: por um lado,


facilitar aos grupos sociais exprimirem as próprias reivindicações e as
próprias necessidades. Aqui os grupos sociais fazem o “questionamento
político” da sociedade e as decisões que são tomadas tem como
consideração certas necessidades da sociedade. Por outro lado, é através
dos partidos que as massas participam no processo de formação das
decisões políticas.

Em relação à classificação dos partidos, temos os partidos de quadros e


partidos de massas.

Os partidos de quadros ou dos notáveis é constituído por pessoas ilustres,


individualidades com certa identidade de opinião que se reúnem para
preparar as eleições. Por isso que são considerados de partidos flexíveis,
indisciplinados e pouco estruturado. Estes estão mais preocupados com a
qualidade dos seus membros do que com a sua quantidade.

Ao passo que os partidos de massas, aparecem historicamente ligados ao


alargamento do sufrágio universal. Esses partidos são caracterizados pela
larga camada de aderentes e de militantes e em programas claramente
delineados. Estes partidos são mais centralizados, disciplinados e
procuram recrutar e formar o máximo de militantes.
Ciência Política e Código: A0017 51

Exercícios

1 – Defina partido político.

2 – Quais os objectivos dos partidos políticos?

3 – Quais as funções dos partidos políticos?


Auto-avaliação
4 – Caracterize o partido dos notáveis.

5 – Caracterize o partido das massas.

Unidade N0 14-A0017

Tema: SISTEMA DE PARTIDOS

Introdução
Já nos referimos anteriormente que um sistema implica a inter-relacão
entre as partes e de forma recíproca, alterando todo o conjunto. Quando
falamos de sistema de partidos é preciso também ter em conta os partidos
existente num sistema político, a relação que eles estabelecem, e estes
com o Estado.

A base para a definição de sistema de partido é o número de partidos


existente, sendo um, dois ou muitos. Quando é um consideramos sistema
de partido monopartidário, quando são dois os dominantes, estaremos
perante sistema de partido bipartidário e quando são muitos estaremos
perante o multipartidarismo.

A viabilização de qualquer governo implica uma estabilidade no


parlamento. Significa que o governo deve ter uma maioria no parlamento
52 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

de forma a satisfazer as suas vontades. Não tendo uma maioria, ele deve
fazer coligações com os pequenos partidos.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer qual o critério base para definição de sistema de partidos.

 Conhecer quais os tipos de sistemas de partidos.

Objectivos  Saber quais as razões para se estabelecer coligações.

Sumário
Considera-se sistema de partido ao conjunto de relações determinado pelo
número de partidos existentes num sistema político, pela sua dimensão e
pelo tipo de relações que se estabelecem entre eles e o Estado. A
generalidade dos autores utiliza como critério base o número de partidos.

Fernandes, 1995, considera que Arthur N. Holcombe (1933) ao se referir


ao sistema de partidos estabeleceu uma tipologia, segundo o número, a
qual assenta numa tríade: monopartidarismo, bipartidarismo e
multipartidarismo.

Em 1968, Jean Blondel melhorou esta tipologia, dividindo o


bipartidarismo e o multipartidarismo em dois subtipos cada, ficando da
seguinte forma:

Monopartidarismo: É o sistema de partido único em que um só partido


existe e exerce o poder político;

Bipartidarismo: Destacam-se dois partidos pela sua dimensão eleitoral e


na composição dos órgãos do poder político de base electiva. Nasce aqui
dois subtipos:
Ciência Política e Código: A0017 53

Bipartidarismo perfeito: Os dois partidos mais destacados, juntos,


alcançam entre 85% a 90% dos lugares no parlamento;

Bipartidarismo imperfeito: Os dois maiores partidos mais destacados,


juntos, alcançam entre 75% e 80%. Aqui o mais votado, de modo a
viabilizar o seu governo, tendo um parlamento maioritário, carece de
formar uma coligação com um terceiro pequeno partido;

Multipartidário: Integram mais do que dois partidos relevantes. Nasce


aqui dois subtipos:

Multipartidarismo Perfeito ou Integral: Há uma pulverização partidária,


obrigando a coligações sistemáticas e amplas como forma de viabilizar o
governo;

Multipartidarismo Imperfeito ou de Partido Dominante: Não se confunde


com o sistema de partido único, mas é destacado um partido,
ultrapassando 35% na sua expressão eleitoral e aproximando-se da
maioria parlamentar, o que permite a formação de governos
monopartidários, com clara preponderância de partido dominante.

Exercícios

1 – Defina sistema de partidos.

2 – Qual a tipologia de sistema de partidos que conhece?

3 – Quais os subtipos do sistema bipartidário?


Auto-avaliação
4 – Quais os subtipos do sistema multipartidário?

5 – Qual a percentagem para considerarmos que estamos perante o


sistema bipartidário perfeito?
54 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Unidade N0 15-A0017

Tema: SISTEMAS DE GOVERNO

Introdução
Ao falarmos de Sistema Político de Governo, temos em primeiro lugar
que saber o que é um sistema. Referimos anteriormente que o sistema é a
interacção permanente e recíproca entre vários elementos causando uma
alteração no todo.

O Sistema Político de Governo refere-se à sede do exercício do poder,


sede de apoio e sede efectiva. Ou melhor, não basta exercer o poder, é
necessário ter apoio para um exercício estável. Significa que os Governos
devem ter uma maioria parlamentar para a sua efectiva governação. Para
além da sede de apoio, temos a sede efectiva que não é menos que a sede
de apoio.

O Sistema de Governo procura localizar o apoio que o Governo necessita


para o seu efectivo funcionamento. Temos neste caso, o Sistema
Parlamentar (com enfoque no Parlamento), Presidencialista (enfoque no
Presidente) e semipresidencialista (uma mistura entre o Parlamento e o
Presidente).

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer sede de exercício do poder.

 Conhecer sede de apoio.


Objectivos  Conhecer sede efectiva.

 Conhecer Sistema Parlamentar.

 Conhecer Sistema Presidencialista.

 Conhecer Sistema Semipresidencialista.


Ciência Política e Código: A0017 55

Sumário
Já nos referimos anteriormente que o regime político é distinto do sistema
político. Enquanto que sistema refere-se ao conjunto de elementos de um
todo e à sua interacção permanente, regime diz respeito ao modo como
esse todo se forma e funciona.

No que diz respeito ao Estado, o sistema deve ser entendido em relação à


sede do exercício do poder. Muitas vezes quando falamos da sede,
aparentemente é aquilo que a Constituição formal refere mas que pode
não ser a Constituição real. Muitas vezes a Constituição formal não
coincide com a real, pois, a formal tem uma relação com a imagem que o
poder deseja radicar na sociedade, enquanto que a real obedece a
estrutura e o funcionamento do aparelho do poder.

Fernandes, 1995, refere que o principal elemento dos sistemas políticos é


a sede do poder, e todo o processo político se traduz essencialmente numa
luta pela sua ocupação e manutenção. Há que distinguir a sede do
exercício da sede de apoio, e esta da sede efectiva ou real.

A sede do exercício diz respeito ao próprio aparelho do poder, ao


conjunto dos órgãos, enquanto que a sede de apoio refere-se aos grupos,
estratos sociais e classes que estão numa relação de obediência
consentida com o aparelho do poder. A sede efectiva são os grupos ou
órgãos que desfrutam da capacidade de influenciar e, até, controlar o
exercício do poder.

Há uma entrega da sede do exercício do poder ao partido maioritário,


decorrente da legitimidade democrática. Ou melhor, a sede do exercício
se alia ao partido maioritário, pois, tem maiores probabilidades de ver as
56 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

suas decisões voluntariamente obedecidas por ser o que demonstra maior


sede de apoio ou de adesão.

Em regimes democráticos e pluralistas, que prevêem a alternância da sede


e da mudança de ideologia, a sede de exercício do poder anda de certo
modo ligado à sede de apoio. Por sua vez, a sede efectiva controla a sede
de apoio.

No que respeita à classificação dos sistemas de governo, interessa


analisar como está estruturado o aparelho de Estado, por forma a
descobrir onde reside a sede do exercício real, isto é, identificar a pessoa,
o órgão ou conjunto de órgãos sem cujo consentimento o poder não está
disponível.

O Sistema Parlamentar ou Parlamentarismo, é um sistema político de


governo caracterizado pela responsabilização do Governo perante o
Parlamento, reconhecimento do Parlamento como fonte de todos os
poderes, não eleição do Chefe de Estado por sufrágio universal e direito
de dissolução do Parlamento pelo Chefe do Estado. No Parlamentarismo
existe uma estreita ligação entre o Parlamento e o Governo que se traduz
na colaboração entre estes dois órgãos.

No Parlamentarismo, o poder executivo está dividido em dois órgãos: o


Chefe do Estado, que não tem responsabilidade política, exercendo
apenas poderes formais, e o Governo propriamente dito, que dirige a
acção do poder executivo, assumindo a direcção política sob a direcção
de um Chefe do Governo (Primeiro-ministro).

O Governo resulta de eleições directas e universais, visto a sua nomeação


obedecer aos resultados das eleições parlamentares. O Governo só pode
exercer as suas funções se tiver a confiança do Parlamento, isto é, se
contar com o apoio da maioria absoluta dos deputados.

O Parlamento, eleito directamente pelos cidadãos, dispõe de diversos


meios para controlar a acção do Governo. Além de ter a faculdade de
elaborar as Leis sem as quais o Executivo não poderia governar, os seus
membros podem exigir-lhe as explicações que considerarem necessárias,
criticar a acção governativa e apresentar moções de censura, para
averiguar se o Executivo dispõe, ou não, de apoio do Parlamento.
Ciência Política e Código: A0017 57

No Parlamentarismo, quando o Governo não dispuser da confiança do


Parlamento, ver-se-á na necessidade de se demitir. É esta a
responsabilidade política do Governo perante o Parlamento que constitui
o traço fundamental do Sistema Parlamentar.

O Sistema Presidencialista caracteriza-se pelo princípio da separação de


poderes, eleição do Chefe do Estado por sufrágio universal, atribuição ao
Presidente da República das funções de Chefe de Estado e Chefe do
Executivo, independência do Governo face ao Parlamento e na
impossibilidade do Chefe do Estado de dissolver o Parlamento.

Compete ao Presidente da República o exercício da função Executiva e


coordenar a acção administrativa. O Presidente não pode ser deposto pelo
Parlamento, salvo em caso de extrema acusação criminal. Quer dizer que
tanto o acesso à presidência, como a permanência nela, são independentes
do Parlamento. Da mesma forma que o Parlamento é independente dele.

O Sistema de Convenção ou de Assembleia caracteriza-se pela


supremacia expressa do Parlamento sobre o Governo. Por delegação do
povo, a Assembleia representativa concentra todos os poderes soberanos,
rejeitando-se formalmente o princípio da separação de poderes.

Neste sistema, não existe poder executivo distinto da Assembleia. Os


membros do Governo são escolhidos pela Assembleia, de entre os seus
membros, e podem por ela ser demitidos. Tanto o poder legislativo como
o poder executivo pertencem à Assembleia representativa.

No Sistema de Convenção não há Chefe do Estado singular. A


Assembleia elege uma comissão permanente que no intervalo das sessões
legislativas exerce as atribuições dela e em vários países actua como
Chefe do Estado colegial.

O Sistema Misto Semipresidencialista é uma mescla de presidencialismo


e de parlamentarismo. O esquema institucional do semipresidencialismo é
muito parecido com o Sistema Parlamentar, pois, também existe um
Chefe de Estado e um Chefe do Governo, e o Executivo só pode governar
se tiver a confiança do Parlamento.
58 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

No Sistema semipresidencialista, o Chefe do Estado é que dirige o


Governo e toma as grandes decisões políticas. Ele desfruta de amplos
poderes, sendo por isso o elemento central do sistema.

O Executivo depende, simultaneamente, do Presidente da República e do


Parlamento: necessita da confiança de ambos os órgãos.

Exercício

1 – O que entende por sede do poder?

2 – O que entende por sede de apoio?

3 – O que entende por sede efectiva?


Auto-avaliação
4 – Caracterize o Sistema Parlamentar.

5 – Caracterize o Sistema Presidencialista.

6 – Caracterize o Sistema Semipresidencialista.


Ciência Política e Código: A0017 59

Unidade N0 16-A0017

Tema: GRUPOS DE INTERESSE E


DE PRESSÃO

Introdução
Quando falamos de um sistema político, vimos que eles são alimentados
e realimentados pelo ambiente externo. As decisões que os órgãos de
poder político tomam tem, algumas vezes, como origem a pressão externa
ao sistema.

Os grupos de pressão influenciam os governantes a tomarem decisão


tendo em conta os seus interesses, enquanto que o grupo de interesse
procura, dentro da Lei vigente, realizar os seus fins.

Há uma diferença entre grupo de pressão e de interesse, embora que


muitos autores procuravam torná-las sinónimas. O grupo de pressão não
tem interesse de atingir o poder político mas de influenciar este para
tomar decisões respeitando os seus interesses e expectativas.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Saber diferenciar grupo de pressão de grupo de interesse.

 Conhecer o significado de “lobby”.

Objectivos  Saber que um grupo de pressão não tem interesse de atingir o poder
político.
60 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Sumário
O funcionamento de um sistema político depende das exigências que lhes
são formuladas e dos recursos e apoios de que dispõe, como referimos
anteriormente. Nas sociedades modernas, os indivíduos isoladamente não
conseguem expressar os seus interesses e necessidades e fazer chegar as
suas reivindicações aos centros de decisão do sistema político, nem
influir na tomada de decisão. É nesta perspectiva que existem numerosas
associações com vista a defender os interesses específicos dos seus
associados.

A distinção entre grupos de interesse e de pressão não tem merecido a


unanimidade dos autores, existindo alguns que refutam qualquer
distinção. Consideram alguns que todos os grupos de pressão é grupo de
interesse, acrescentando que não existe grupo de interesse que não recorra
a pressão para fazer prevalecer o seu interesse.

Na verdade, o grupo de interesse pode actuar apenas na esfera da vida


privada, sem qualquer relação com o poder político. Os grupos de
interesse procuram realizar seus fins de acordo com a Lei vigente,
enquanto que os grupos de pressão são associações que exercem uma
pressão sobre os poderes políticos. Estes procuram influenciar o poder
político para que as suas decisões sejam favoráveis à realização dos seus
interesses e aspirações. Exercem pressão sobre os governantes para que
modifiquem as Leis em benefício dos seus interesses, sem pretenderem
conquistar o poder político. Nos Estados Unidos da América este
fenómeno foi designado de “lobby”. Toda acção realizada junto de
qualquer autoridade para influir sobre as suas decisões, através dos
métodos apropriados, desde a propaganda hábil até aos meios de
intimidação, designa-se “lobby”.
Ciência Política e Código: A0017 61

Exercício

1 – Defina grupo de interesse.

2 – Defina grupo de pressão.

3 – Defina “lobby”.
Auto-avaliação
4 – Qual o papel do grupo de pressão?

Unidade N0 17-A0017

Tema: MÉTODOS DE
INVESTIGACÃO E ANÁLISE EM
CIÊNCIA POLÍTICA

Introdução

O estudo da ciência política não se limita a um campo restrito como era


anteriormente. O estudo do poder já não é visto, simplesmente nas
instituições governamentais. O seu campo foi se alargando, passando pela
conquista, manutenção e mais instituições, diferentes das governamentais
também se preocupam pelo poder.

A ciência política para além de emprestar alguns métodos e técnicas de


outras ciências sociais, passou a desenvolver seu próprio na medida em
que o seu objecto é específico.

Surge a perspectiva das tendências individuais, racionalistas,


funcionalista e sistémica.
62 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Saber se a ciência Política tem um método próprio.

 Conhecer a evolução da ciência política até ter seu próprio


Objectivos método.

 Conhecer as perspectivas de investigação em ciência política.

Sumário
A questão sobre método e investigação em ciência política foi colocada
devido a sua delimitação. A discussão era se esta ciência tem métodos
próprios diferentes das outras ciências sociais, ou empresta as
perspectivas e as técnicas das outras.

Alguns advogam que ela utiliza os métodos das outras ciências, e outros,
porém, consideram que os politicólogos podem desenvolver métodos
próprios, para uma análise aprofundada do seu objecto de investigação.

Fernandes, 1995, refere que Marcel Prélot defende que os politicólogos


não terão de recorrer a outros métodos se não aos utilizados pelas
ciências sociais. A estes seguiram outros também com o mesmo
pensamento.

Maurice Duverger, com um pensamento contrário, considera que nada


impede que esta ciência desenvolva seus próprios métodos, utilizando
técnicas aperfeiçoadas como a quantificação e a matemática. À medida
que a ciência política ampliou o seu campo de interesse, para além do
sistema governamental formalmente instituído, os grupos de pressão,
comportamento eleitoral, movimentos sociais e socialização política, ela
passou a recorrer às disciplinas próximas como a sociologia e a
Ciência Política e Código: A0017 63

psicologia, pois, estas já estavam equipadas com um corpo de teoria e


técnicas dirigidas para as novas variáveis que passaram a ser cada vez
mais incluídas na esfera da pesquisa da ciência política.

É natural que a ciência política utilize métodos das outras ciências sociais
mas sempre procurando métodos próprios que correspondam ao seu
objecto.

A investigação e análise da ciência política não se limita a uma única


perspectiva, na medida em que o poder se exerce a diversos níveis e a sua
conquista e manutenção interessa a diferentes grupos.

Assim, os trabalhos dos cientistas políticos e a orientação dos cursos de


ciência política são influenciados pelas perspectivas das tendências
individuais, racionalista, funcionalista e sistémica.

Exercício

1 – Tem a ciência política seu método próprio?

2 – Quais as perspectivas das tendências na ciência política?

Auto-avaliação
64 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Unidade N0 18-A0017

Tema: PERSPECTIVA
INDIVIDUALISTA

Introdução
A perspectiva individualista tem como base de análise do
comportamento político, o comportamento do homem como indivíduo. É,
portanto, o homem que influencia o grupo. Nesta perspectiva, as
personalidades conseguem incutir no grupo um determinado
comportamento político.

Considera esta perspectiva que, também a partir do grupo pode-se estudar


os comportamentos individuais. Esta perspectiva recorre muito a
psicologia e o meio social onde os indivíduos se encontram. Portanto, o
homem molda o grupo, da mesma forma que o grupo molda o homem.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer a perspectiva individualista.

 Conhecer como é que o homem molda o grupo.

Objectivos
Ciência Política e Código: A0017 65

Sumário
A perspectiva das tendências individuais baseia-se no pressuposto que as
decisões com relevância política são de homens concretos, pelo que o
objecto de estudo da ciência política deve ser o comportamento dos
homens individuais ou dos grupos, segundo Bastos.

Esta perspectiva considera que a acção política tem sempre origem em


homens individualmente considerados. Ela procura averiguar a posição
do agente político em relação aos problemas do domínio da ciência
política e prever as suas decisões e intervenções a partir desta
averiguação. Esta perspectiva recorre a conceitos sociais e psicológicos.

A perspectiva individualista procura estudar o tipo de personalidade, as


biografias dos grandes políticos, notícias dos jornais e comentários nele
inseridos.

Fernandes, considera que este modelo segue dois caminhos: por um lado,
a partir das tendências individuais pode-se explicar a acção política; por
outro, a partir do grupo é possível interpretar o comportamento não só do
indivíduo mas também do grupo.

Esta perspectiva, ora limitada ao indivíduo, ora considerando o indivíduo


como agente do processo político, aceita que pelo menos grande parte do
comportamento político é emocional, isto é, não assenta em consciente
escolha dos objectivos.

O desenvolvimento desta perspectiva permite a partir da análise do


comportamento individual, chegar-se ao comportamento do grupo,
tomando como base da explicação do comportamento político.
66 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Exercício

1 – Qual a origem da acção política na perspectiva individualista?

2 – Fale sobre o comportamento individual e comportamento de grupo.

Auto-avaliação

Unidade N0 19-A0017

Tema: PERSPECTIVA
RACIONALISTA

Introdução
Esta perspectiva é contrariada pela tradição do pensamento político,
segundo a qual, o comportamento do grupo é seleccionado pelos agentes
políticos. A perspectiva racionalista procura a razoabilidade, através do
qual, o decisor, em face de uma conjuntura concreta, pondera os fins que
pretende alcançar.

É nesta perspectiva que nasce a teoria dos jogos, em que os decisores


procuram analisar o comportamento do adversário, visando maximizar os
ganhos e minimizar as perdas.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer a essência da teoria racionalista.

 Compreender a teoria de jogos.

Objectivos  Compreender porque consideramos a teoria racionalista de totalizante.


Ciência Política e Código: A0017 67

Sumário
A perspectiva racionalista pressupõe que as decisões com relevância
política são tomadas com base em critérios racionais. Bastos, refere que
o decisor político, em face de uma conjuntura concreta, pondera os meios
existentes relativamente aos fins que visa alcançar. A decisão tomada será
a mais adequada para atingir os objectivos que foram projectados, tendo
em conta os constrangimentos existentes no momento em que se decide.

Esta teoria aplica a teoria dos jogos, segundo as quais, os decisores


actuam visando maximizar os ganhos e minimizar as perdas, pelo que a
decisão racional deve ter em consideração qual poderá vir a ser o
comportamento adoptado pelo adversário.

Fernandes considera que a perspectiva racionalista não exclui a


importância das tendências individuais, mas inclui na definição dos
motivos, daí que esta perspectiva é totalizante, no sentido em que toma
em consideração a personalidade básica do indivíduo.

Esta perspectiva faz ressaltar a importância do ambiente da decisão, como


a situação geográfica, composição étnica do grupo, as fronteiras físicas, a
pirâmide etária, peso da história, etc.. Nenhum centro de decisão política
pode ignorar a existência de factores inerentes à própria conjuntura e
também o facto de a decisão final ser tomada por homens e que todos
estão condicionados pela sua concepção do mundo e da vida.
68 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Exercício

1 – Qual a origem da acção política na perspectiva racionalista?

2 – Em que consiste a teoria de jogos?

3 – Porque consideramos que a perspectiva racionalista é totalizante?


Auto-avaliação

Unidade N0 20-A0017

Tema: PERSPECTIVA
FUNCIONALISTA

Introdução
A perspectiva funcionalista, diferentemente da individualista e
racionalista, que dá ênfase ao homem, esta procura entender as funções
que cada órgão ou entidade na estrutura social desempenham.

São as funções destes órgãos que determinam as acções políticas ou


comportamento político. Os órgãos, pelas suas pujanças na sociedade,
acabam influenciando o comportamento político global.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer a essência da teoria funcionalista.

Objectivos
Ciência Política e Código: A0017 69

Sumário
A perspectiva funcionalista procura explicar a função desempenhada por
uma entidade ou órgão no âmbito de uma determinada estrutura social.

A perspectiva individualista e racionalista inspiram-se nos pressupostos


de que são os homens quem finalmente tomam as decisões políticas e,
assim, a ênfase é posta em variáveis independentes do ambiente da vida
política.

A perspectiva funcionalista considera que a explicação dos fenómenos


políticos será insuficiente sempre que se restringir ao comportamento
individual dos agentes.

Segundo eles, a essas perspectivas falta a dimensão da função


desempenhada, considerando que o comportamento político é o resultado
de uma tensão entre as exigências e expectativas, que a sociedade dirige
ao agente.

Segundo a perspectiva funcionalista, a acção política é sempre


condicionada não apenas pela personalidade básica do agente, mas
também pelo complexo de funções interdependentes e conflituantes.

Exercício

1 – Qual a origem da acção política na perspectiva funcionalista?

2 – Qual a grande diferença entre a teoria funcionalista da individualista e


racionalista?

Auto-avaliação
70 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Unidade N0 21-A0017

Tema: PERSPECTIVA SISTÉMICA

Introdução
A perspectiva sistémica é a síntese entre todos os sistemas até aqui
referidos. Este sistema considera que a acção política é resultado de todo
o meio ambiente que lhe envolve. Temos o meio ambiente interno e
externo.

Sendo o sistema político aberto, ele é alimentado pelo ambiente que lhe
envolve e as decisões são tomadas tendo como base os inputs que são
introduzidos. Os outputs são as decisões que saem do sistema, tendo
como base o meio envolvente.

Portanto, o comportamento político parte da interacção do meio em que o


sistema está envolvido.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer a essência da teoria sistémica.

 Conhecer o funcionamento do sistema político neste sistema.

Objectivos 

Sumário
Segundo Bastos, 1999, a perspectiva sistémica procura explicar o
fenómeno político tendo por base o conceito de sistema, isto é, um
conjunto de elementos inter-relacionados e em interacção.
Ciência Política e Código: A0017 71

Esta perspectiva destaca o meio ambiente, quer seja interno, quer seja
externo, em que são formulados os inputs e outputs.

Os inputs são os objectos de expressão no sistema e que se


consubstanciam nos dados que são tidos em consideração pelos decisores
políticos.

Os outputs são os objectos de expressão no sistema e que se


consubstanciam nas respostas que os decisores políticos dão aos inputs.

A perspectiva sistémica, se traduz numa tentativa de síntese de todas as


perspectivas. Fernandes, considera que David Easton foi o primeiro a
aplicar coerentemente esta perspectiva no domínio da ciência política. Ele
definiu o sistema político como um conjunto de interacções através das
quais, numa determinada sociedade, se realiza a atribuição autoritária de
valores.

Easton pormenorizou a análise do sistema político em interacção com o


seu ambiente interno e externo. O sistema político está mergulhado num
meio ambiente que o sujeita a desafios aos quais deve responder.

Neste meio ambiente global, interno e externo, está inserido o sistema


político, aberto e em constantes trocas com esse meio ambiente.

Deste modo, o sistema político analisa-se num conjunto de acções que


procuram o ajuste constante entre exigências do meio ambiente e a
capacidade de resposta do sistema.

Exercício

1 – Qual a origem da acção política na perspectiva sistémica?

2 – Refere-se aos inputs e outputs.

3 – Refere-se ao ambiente interno e externo.


Auto-avaliação
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Unidade N0 22-A0017

Tema: GOVERNO

Introdução
Pode-se definir o Governo em duas acepções, a saber: primeiro como o
conjunto de pessoas que exercem o poder político numa determinada
sociedade, segundo, como o complexo de órgãos que institucionalmente
exercem o poder de forma a manter a coesão no grupo.

O Governo tem a função de garantir a integração política da sociedade e


de se defender dos confrontos com os grupos externos.

O Governo garante a execução das Leis, assegura o funcionamento da


Administração Pública e promove a satisfação de necessidades colectivas.

O Governo exerce as suas competências de forma colegial, através do


Conselho de Ministros e de forma individual, através de cada um dos
membros do Governo.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer o Governo.

 Conhecer as suas funções.

Objectivos  Conhecer as suas competências.


Ciência Política e Código: A0017 73

Sumário
Pode-se definir o Governo como o conjunto de pessoas que exercem o
poder político e que determinam a orientação política de uma
determinada sociedade. Nas sociedades modernas, o poder do Governo é
institucionalizado, por consequência a expressão “”governantes” se
entende ao conjunto de pessoas que governam o Estado e “governados”,
o grupo de pessoas que estão sujeitas ao poder do Governo, na esfera
estatal (Bobbio, Matteucci e Pasquino, 1992).

Existe uma segunda acepção do termo Governo, mais própria da


realidade do Estado moderno, a qual não indica apenas o conjunto de
pessoas que detém o poder do Governo, mas o complexo de órgãos que
institucionalmente têm o exercício do poder.

Em toda comunidade política existe um órgão que tem de impor as regras


de conduta e de tomar as decisões necessárias para manter a coesão do
grupo. Este órgão chama-se Governo. Ele tem a função específica de
realizar a integração política da sociedade e a sua defesa no confronto
com os grupos externos.

Nos Estados modernos, o Governo se compõe normalmente pelo Chefe


de Estado e do Conselho de Ministros, dirigido pelo Chefe do Governo.

Caetano considera o Governo, como órgão principal da administração


central do Estado, incumbido do poder executivo, do ponto de vista
administrativo. Como órgão político, cabe-lhe a tarefa de conduzir a
política geral do País.

O Governo tem a competência de garantir a execução das Leis, assegurar


o funcionamento da Administração Pública e promover a satisfação das
necessidades colectivas.

O Governo não só dirige a administração directa do Estado, como


também superintende a administração indirecta e tutela a administração
autónoma. É nesta perspectiva que o Governo é o órgão principal da
Administração Pública.
74 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

O Governo pode exercer as suas competências de forma colegial, através


do Conselho de Ministros, e também pode exercer de forma individual,
pelos vários membros do Governo.

Exercício

1 – Defina o Governo.

2 – Quais as suas funções?

3 – Quais as suas competências?


Auto-avaliação

Unidade N0 23-A0017

Tema: GOVERNAÇÃO

Introdução
A preocupação pelo estudo da governação é ressente. Anteriormente o
interesse era de saber quais os resultados económicos de um determinado
Governo e muito menos na forma como este conduz ou executa as suas
acções e políticas. As instituições como o Banco Mundial foram as
pioneiras em querer ver Estados eficientes sob ponto de vista de gestão
pública.

Existem 3 dimensões da governação, a política, económica e a social.

Falar de governação não é o mesmo que falar de governo. Enquanto que


governo sugere-nos uma determinada autoridade instituída, governação
será a forma como esta autoridade é exercida com vista atingir bons
resultados.
Ciência Política e Código: A0017 75

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer a diferença entre governação e Governo.

 Conhecer as dimensões da governação.

Objectivos  Conhecer qual o interesse pela governacão.

Sumário
Alcindo Gonçalves, citando Dinis, 1995, considera que o termo
governação surge a partir de reflexões conduzidas principalmente pelo
Banco Mundial, pretendendo aprofundar o conhecimento das condições
que garantam um Estado eficiente. A preocupação pela governação
deixou de ser somente para questões económicas, passando a envolver
dimensões sociais e políticas da gestão pública. A capacidade governativa
não seria avaliada apenas aos resultados da política governativa, mas
também pela forma em que os governos exercem o poder.

Para o Banco Mundial, governação é a maneira pela qual o poder é


exercido na administração dos recursos sociais e económicos de um País,
visando o desenvolvimento deste.

Óscar Monteiro,1997, considera haver 3 dimensões da governação, a


saber, a política, a económica e a social. A dimensão política são as
normas e os processos de tomada de decisão. São os mecanismos e
estruturas de implementação das normas e políticas. A dimensão
económica é o quadro das relações económicas, no plano nacional, assim
como internacional. São as normas e processos de decisão económica.
Enquanto que a dimensão social refere-se às regras sociais, valores e
padrões de conduta social. O papel da cultura, da religião e da sociedade
civil.
76 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

O Governo sugere actividades sustentadas por uma autoridade formal,


garantindo a implementação de políticas e Leis devidamente instituídos.
Ele é o órgão principal da administração central, incumbido de poder
executivo. Conduz toda a política geral do País.

Exercício

1 – Defina o Governo.

2 – Defina governação.

3 – Quais as dimensões da governação?


Auto-avaliação

Unidade N0 24-A0017

Tema: BOA GOVERNAÇÃO

Introdução
O conceito de boa governação sugere a transparência e a participação dos
cidadãos nos processos de tomada de decisão. Significa que o poder é
exercido respeitando condutas por parte dos governante, sempre na
perspectiva de melhor servir os cidadãos.

Os princípios da boa governação assenta em fundamentos como a


transparência, participação, responsabilidade, eficácia e coerência.

Não se pode falar de boa governação de forma uniforme, pois, cada País
tem as suas condições específicas.
Ciência Política e Código: A0017 77

É necessário distinguir o Governo, da governação e da boa governação. O


Governo é a entidade, a governação é a maneira e a boa governação são
as condutas.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer o Governo.

 Conhecer a governação.

Objectivos  Conhecer a boa governação.

 Conhecer os princípios de boa governação.

Sumário
Como o próprio termo já sugere, para além da governação, temos a boa
governação, remetendo-nos na necessidade de transparência nas decisões
políticas e do envolvimento dos cidadãos no processo de decisão, ou seja
na mudança do modo de governação.

A boa governação refere-se às normas, processos e condutas através dos


quais se articulam interesses, se gerem recursos e se exerce o poder na
sociedade, ou seja, a capacidade do Estado de servir os cidadãos.

Os grandes desafios da boa governação é a crescente insatisfação com a


falta de soluções dos problemas mais complexos da sociedade moderna, e
a maior exigência de participação e, por outro lado, estes mesmos
cidadãos tem menos confiança nas instituições e nas políticas.

A boa governação assenta em 5 princípios fundamentais: transparência,


participação, responsabilidade, eficácia e coerência.

A boa governação deve ser analisada atendendo às condições específicas


de cada País e não com base em modelos uniformes.

A boa governação implica que os processos de decisão sejam claros, que


hajam instituições transparentes, responsáveis, eficazes e democráticos,
78 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

que primam pela aplicação do Direito na gestão e na distribuição dos


recursos, diálogo aberto com os intervenientes sociais e económicos e
outras organizações da sociedade civil, elaborar e aplicar medidas de
combate a corrupção e uma colaboração efectiva entre os sectores
públicos e privado.

Portanto, enquanto que a governação é a maneira pela qual os Governos


gerem os recursos, a boa governação sugere-nos aos princípios e condutas
levadas a cabo por estas mesmas entidades. O primeiro elemento a surgir
é o Governo, entanto que entidade com autoridade formal, depois temos a
governação, como o mecanismo através do qual as decisões são tomadas.
Finalmente, temos a boa governação, carregando consigo as boas práticas
na condução do País.
Ciência Política e Código: A0017 79

Exercício
80 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

1 – Defina o Governo.

2 – Defina governação.

3 – Defina boa governação.


Auto-avaliação
4 – Quais os princípios da boa governação?

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Bastos, Fernando Loureiro, Ciência Política Guia de Estudo,


Associação Académica da Faculdade de Direito de Lisboa, 1999;

Bobbio, Norberto, Nicola Matteucci e Gianfranco Pasquino,


Dicionário de Política, Editora Universidade de Brasília, Vol. 2, 1992;

Caetano, Marcelo, Manual de Direito Administrativo, Tomo I, Editora


Coimbra;

Fernandes, António José, Introdução à Ciência Política, Teoria,


Métodos e Temáticas, Porto Editora, 1995;

Gonçalves, Alcindo, O Conceito de Governança, texto de apoio do


Programa de Mestrado em Direito da Universidade Católica de Santos;

Henriques, Vítor e Belmiro Gil Cabrito, Introdução à Política, Tomo I,


Texto Editora, 1995;

Monteiro, José Óscar, Apontamentos de Governação, Faculdade de


Direito, UEM, Maputo, 1997;

Moreira, Adriano, Ciência Política, Livraria Almedina, Coimbra, 1984;

www.confagri.pt/Ambiente/areastematicas/Dom
Transversais/Documentos/doc99.htm

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