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Artigo Sobre A Dei Verbum - Luiz Gustavo Monteiro Dos Santos - Teologia - Faculdade Canção Nova
Artigo Sobre A Dei Verbum - Luiz Gustavo Monteiro Dos Santos - Teologia - Faculdade Canção Nova
Lino Rampazzo
Doutor em Teologia pela Pontificia
Università Lateranense (Roma)
Professor do Curso de Bacharelado em Teologia
da Faculdade Canção Nova (Cachoeira Paulista-SP)
E-mail: lino.rampazzo@uol.com.br
Resumo: Este artigo tem como finalidade exprimir tudo aquilo que a Constituição Dogmática
Dei Verbum apresenta, recorrendo também a outras diversas citações de autores e documentos
relevantes ao tema, procurou-se falar a respeito da revelação, bem como a transmissão dessa
revelação, a inspiração e revelação das Sagradas escrituras, bem como ela própria.
Introdução:
Neste texto procura-se fazer uma síntese geral do que foi apresentado no documento, e
como a revelação foi se manifestando ao longo de toda a história da Igreja. Objetiva-se, pois,
expor e explicar as etapas da revelação divina na história, e mostrar sua importância para vida
da Igreja, bem como explicar e dar enfoque a tradição e as Sagradas Escrituras.
1. Sobre a revelação:
Desde o princípio Deus quis e procurou se revelar através da criação, por meio da
natureza, das criaturas e do ser humano, mesmo quando estes o desobedeceram e pecaram
contra Ele através do pecado original, o orgulho, ainda Quis continuar próximo da
humanidade, e à ajudar a se reconectar a Ele novamente, por isso se revelou e formou um
povo, e continuou se manifestando dia após dia de geração em geração, preparando este povo
para a salvação que um dia iria vir para eles, Jesus Cristo Seu filho único e legítimo O qual é
Sua revelação por excelência.
Para que todo Seu projeto se realiza-se, no início suscitou os patriarcas, Abraão, Isaac e
Jacó, se revelou a eles e através deles realizou sua promessa de que possuiriam uma
descendência extremamente numerosa, através destes formou nações e povos, dentre eles seu
povo eleito:
Logo após suscitar os pais da fé e formar seu povo eleito, Deus continuou a se revelar
através dos profetas, isto é mensageiros inspirados pelo Espírito Santo para preparar o povo
para a vinda do messias salvador.
Neste tempo, suscita os escribas e hagiógrafos para comunicarem de maneira escrita por
inspiração do Espírito Santo, tudo quanto havia já sido revelado até então, e para que toda
aquela revelação se mantivesse a salva como sinal de esperança, e da presença de Deus entre
seu povo, bem como uma prova concreta de toda sua promessa, estes escritos conhecemos
como antigo testamento.
E assim pela encarnação do verbo, Jesus Cristo, na plenitude dos tempos, Deus se
revelou completamente e plenamente, e Cristo juntamente, através de seus ensinamentos,
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parábolas e ações mostrou tudo aquilo que O agradava e que era lícito ao homem realizar na
terra para atingir a salvação e a comunhão plena com Deus.
Após a vinda de Jesus, sua vida, morte, ressurreição e ascensão, Deus envia por fim o
Espírito Santo, para guiar os homens no caminho da verdade, e garantir que permanecerão
unidos até o fim dos tempos, através dos dons de seu espírito, Ele abre a mente humana às
coisas do alto e o homem consegue reconhecer a salvação que recebeu pelo sacrifício de
Jesus, e passa a ter fé também em seu Salvador, por meio dele ainda a fé é aperfeiçoada, a fim
de que se torne uma fé mais concreta e confiante.
2. A Transmissão da revelação:
Para que toda a revelação se mantivesse salva e para que permanecesse viva, Jesus antes
de sua morte e ressurreição, suscitou os apóstolos, e diversos discípulos ao longo do caminho,
mais aos apóstolos coube a missão de levar adiante tudo aquilo que haviam aprendido com
Ele, e assim logo após a vinda do Espírito Santo em pentecostes, os apóstolos iniciaram sua
missão de levar a palavra de Deus a toda criatura, por todo canto, até os confins da terra,
realizaram estes feitos por ação do espírito, o qual os inspirou para comunicar a palavra
oralmente, e também de maneira escrita, suscitando alguns apóstolos e homens para esta
tarefa de documentar tudo aquilo que havia ocorrido, e que era fundamental para sustentar a
fé, a estes escritos chamamos novo testamento.
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Mediante a mesma Tradição, conhece a Igreja o cânon inteiro
dos livros sagrados, e a própria Sagrada Escritura entende-se
nela mais profundamente e torna-se incessantemente operante; e
assim, Deus, que outrora falou, dialoga sem interrupção com a
esposa do seu amado Filho; e o Espírito Santo - por quem ressoa
a voz do Evangelho na Igreja e, pela Igreja, no mundo - introduz
os crentes na verdade plena e faz com que a palavra de Cristo
neles habite em toda a sua riqueza (cfr. Col. 3,16) (Dei Verbum
Cap. II, 8, 1965).
Desta forma, tradição e Sagradas Escrituras, formam uma só coisa, no qual uma não
funciona sem a outra, pois para as sagradas escrituras existir foi necessário uma tradição que
também fora inspirada pelo Espírito Santo, esta tradição que deu origem aos escritos continua,
agora por meio dos escritos que confirmam a tradição e a sustentam, pela ação do mesmo
espírito.
A Tradição transmite aos sucessores dos apóstolos a palavra de Deus confiada por Cristo
Senhor e pelo Espírito Santo, para que eles, com a luz do Espírito de verdade, a conservem, a
exponham e a difundam fielmente na sua pregação; donde resulta assim que a Igreja não tira
só da Sagrada Escritura a sua certeza a respeito de todas as coisas reveladas. Por isso, ambas
devem ser recebidas e veneradas com igual espírito de piedade e reverência. (Dei Verbum
Cap. II, 9 1965)
O magistério formado pelos sucessores dos apóstolos tem o dever de zelar pelas
sagradas escrituras, e são os únicos que podem interpretá-las, pois exercem seu ministério em
nome de Jesus Cristo, eles não estão acima delas, mais sim a seu serviço, cabe a eles
interpretar e ensinar a verdade contida nelas a toda a igreja, tudo isso segundo e por meio da
ação do Espírito Santo, autor das sagradas escrituras.
Tudo aquilo que estes homens, conhecidos como escribas e hagiógrafos, escreveram
devem ser tidos como verdades reveladas pelo Espírito Santo, pois “toda a Escritura é
divinamente inspirada e útil para ensinar, para corrigir, para instruir na justiça: para que o
homem de Deus seja perfeito, experimentado em todas as obras boas” (Bíblia de Aparecida
2006, Tim. 3, 7-17).
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Uma vez que estes escritos foram escritos por mãos humanas, para poder interpretar o
que os autores sagrados quiseram exprimir, é necessário se atentar aos gêneros literários,
contexto em que foi escrito, objetivo, e para quem foi escrito, pois muitas palavras possuem
significados e intenções diferentes da época atual, por isso não se deve realizar uma leitura
literal dos escritos sagrados, pois pode-se cair em erros terríveis de interpretação, é importante
estar a atento a toda estrutura do texto e a todo seu contexto para entendê lo.
4. O Antigo Testamento
Deus iniciou sua revelação através dos patriarcas e suscitando seu povo, através da
descendência destes, e com a aliança de Moisés realizada no sinai quando libertou o povo de
Israel da escravidão do Egito, em seguida falou aos profetas, escribas e hagiógrafos, que
optaram por datar tudo quanto tinha sido revelado a eles, esta revelação que agora se
encontrava escrita, tinha o objetivo de ser como uma luz de um farol para o todo o povo de
Israel, e ser um constante sinal de esperança, para que o povo nunca desanimasse e sempre se
lembrase de suas origens e raizes.
O antigo testamento prefigura tudo que acontecerá no novo, prepara o caminho para a
vinda do messias Jesus Cristo, embora haja questões não muito bem definidas e momentos
transitórios e imperfeitos, ele ensina a pedagogia de Deus, como Ele cuida dos seus e o quão
grande é seu zelo, e amor para com seu povo, ali também ensina importantes preceitos e leis
para que o ser humano possa viver uma vida plena, saudável, e feliz, e saiba como viver longe
do pecado e das armadilhas que o cercam.
5. O Novo Testamento
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Quando enfim chegou a plenitude dos tempos, a palavra de Deus, enfim se fez carne, e
habitou entre os humanos, agora Deus não estava apenas no mundo invisível mas estava
também na realidade visível, a realidade dos homens, através de seu filho Jesus Cristo, e
agora poderia de uma vez por todas salvar o ser humano da morte eterna, e abrir caminho para
a vida santa no reino dos céus, Jesus veio para cumprir sua missão de redimir a humanidade,
que havia caído no início dos tempos decorrente do pecado original, agora Ele, através de seus
ensinamentos, vida, exemplos, sua paixão, morte e ressurreição gloriosa, se revela plenamente
e ensina de uma vez por todas sua lei, a lei do amor, bem como sua doutrina, e revela tudo o
quanto é lícito ao homem saber sobre a realidade divina, e o mundo que há de vir. O novo
testamento é um testemunho de tudo aquilo que Jesus fez, ensinou e revelou, nele se encontra
o ápice de toda a sagrada escritura, os Evangelhos, que falaremos mais adiante.
No novo testamento também está escrito toda a história da Igreja primitiva, tudo quanto
havia acontecido logo após a ascensão gloriosa de Jesus aos céus, é narrado o dia de
pentecostes, quando o Espírito Santo veio sobre os apóstolos reunidos no cenáculo em
jerusalém e os fizeram falar em diversas línguas sob um sinal de línguas como de fogo:
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Ao chegar o dia de Pentecostes, todos estavam reunidos no
mesmo lugar. 2De repente, veio do céu um ruído semelhante ao
de uma forte ventania e encheu toda a casa onde estavam. 3E
apareceram-lhes línguas como de fogo, que se repartiam,
pousando sobre cada um deles. 4Todos ficaram cheios do
Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme
o Espírito concedia a eles se expressarem. (Bíblia de Aparecida
2006, At 2, 1-4)
É narrado como a Igreja foi se organizando em seu início, e quais foram as primeiras
discussões e divergências de opiniões entre os apóstolos, além disso uma vasta coleção de
cartas escritas por Paulo se encontram lá também, cartas estas que possuem um papel
catequético muito importante, falam de como seguir a Jesus de maneira mais reta e santa, e
aborda preceitos para uma vida cristã árdua e verdadeira.
Os Evangelhos isto é a boa nova, são o centro e o maior tesouro do novo testamento,
pois é neles que está o maior testemunho da vida de Jesus, a Igreja defende que os evangelhos
tiveram suas origens nos apóstolos, que como dito anteriormente dedicaram-se a catalogar
todos os fatos mais importantes da vida de Jesus por inspiração do Espírito Santo, os
evangelhos constituem o centro de toda a sagrada escritura e todo seu sentido último.
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6. As sagradas escrituras no cotidiano da Igreja
A Igreja tem como alicerce a Sagrada Escritura e a Tradição, ambas andam juntos e
sustentam toda a fé católica; a palavra de Deus é juntamente celebrada com o corpo e sangue
de Cristo em cada celebração da santa missa, nelas estão contidas tudo aquilo que Deus quis
revelar aos homens por meio do Espírito Santo, bem como seus preceitos e doutrinas, o
mesmo espírito congrega e anima toda a Igreja, desta forma faz ressoar a palavra de Deus em
seu meio através das sagradas escrituras, alimenta a fé por meio de seus dons, e traz esperança
aos fiéis por meio delas, por isso é correto dizer que as sagradas escrituras são palavras vivas
de Deus para a humanidade, que por ação do espírito à escuta medita e guarda em seu
coração, e espera fielmente pela consumação dos tempos e a vida eterna, vivendo uma vida de
santidade conforme aquilo que a palavra os inspiram e orientam.
A Igreja deseja que a palavra de Deus chegue a todas as pessoas, de vários povos,
nações e línguas, para isto sempre realizou traduções das sagradas escrituras, a começar com a
Septuaginta por parte de alguns Judeus da chamada diáspora, diz a lenda que 70 sábios teriam
traduzidos os textos do antigo testamento para o grego koiné, ainda antes de Cristo, por volta
do século III a I, e mais tarde com a Vulgata, tradução feita do grego para o latim, por são
Jerônimo por volta do século IV e V depois de Cristo, além de outras inúmeras traduções
realizadas em tempos posteriores, as traduções mostram o caráter missionário que a Igreja
possui, uma vez que é apostólica e como apostólica é missionária; portanto tem a missão de
tornar conhecida a palavra ao redor do mundo.
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Padres, ministros, catequistas, e religiosos devem ter uma ligação íntima com a sagrada
escritura para não se tornarem pregadores vãos da palavra de Deus, é necessário que a
conheçam profundamente, a leiam e a estudem, para que possam ensinar corretamente o povo,
é sempre importante que a leitura da Bíblia se faça com oração, buscando o incessante auxílio
do Espírito Santo, autor das escrituras; não ler a sagrada palavra é ignorar a Deus e a Jesus
uma vez que são Sua palavra viva no meio de nós, por isso é sempre bom se esforçar pela
leitura dela, e cultivar este hábito.
Conclusão:
A Dei Verbum, é um documento fundamental para a Igreja, pois expõe e define tudo
aquilo que é importante saber e seguir a respeito das sagradas escrituras, um de seus focos
principais, senão o seu principal é a revelação, vimos que Deus desde o início dos tempos
procurou estar próximo do ser humano, mesmo quando estes falharam com Ele, vimos que
Ele não ignorou seu povo, ao contrário foi se manifestando e se revelando cada vez mais até
realizar sua revelação plena no seu Filho, Jesus Cristo.
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Este messias era Jesus, filho de Deus, verbo revelado e encarnado, realizou sua missão
na terra, a fim de ensinar aos homens a verdadeira doutrina, suscitou os apóstolos, isto é,
aqueles que iriam dar continuidade ao seu legado e a seus ensinamentos, logo após alguns
anos de vida pública, foi entregue, julgado, torturado, morto e sepultado, mas ressuscitou,
com isso venceu a morte e o pecado e redimiu a humanidade e passando-se um tempo
ascendeu gloriosamente aos céus.
Mas não desamparou os apóstolos e seus discípulos, enviou a eles como outrora já havia
prometido, o Espírito Santo, e por ação deste mesmo espírito toda uma tradição se originou e
se manteve, tradição tanto oral quanto escrita. Pelo Espírito Santo a Igreja enfim estava viva e
congregada e para que tudo quanto fora revelado por Deus em toda a história se mantivesse
gravado, o Espírito inspirou os apóstolos e varões apostólicos, a fim de que escrevessem todos
aqueles fatos e acontecimentos que haviam vividos e presenciados, uma vez que Falou a eles
como em outrora Falou aos profetas, tudo o quanto foi escrito é verdadeiramente palavra de
Deus, pois veio do alto.
Os apóstolos fiéis a sua missão levaram o evangelho, isto é a boa nova a todos os
cantos, e cuidaram de preparar e suscitar sucessores, isto é, os bispos, para dar continuidade a
sua missão, estes hoje formam o magistério da Igreja, que possui todo o dever e direito de
cuidar e governar a Igreja em nome de Cristo, assim a tradição e tudo aquilo que havia sido
registrado de forma escrita, foi sendo perpetuado de geração em geração por ação do Espírito
Santo como um constante sinal de esperança, e da presença de Deus no meio dos homens.
Com tudo isso a Dei Verbum expressa toda importância da revelação, tradição e das
sagradas escrituras na vida da Igreja, e tudo aquilo que devemos procurar fazer para alimentar
e alicerçar a fé, é um dos documentos fundamentais e mais importantes da Igreja, uma vez
que fala sobre aquilo que a sustenta e alicerça.
Concluindo, a Dei Verbum é um documento fundamental para entender a relação entre Deus e
a humanidade através da Revelação Divina.
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Referências:
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