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EXPOSIÇÃO DO CONTEÚDO DA CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA DEI VERBUM

Luiz Gustavo Monteiro dos Santos


Aluno do Curso de Bacharelado em Teologia
da Faculdade Canção Nova (Cachoeira Paulista-SP)
E-mail: monteirodossantosl@gmail.com

Lino Rampazzo
Doutor em Teologia pela Pontificia
Università Lateranense (Roma)
Professor do Curso de Bacharelado em Teologia
da Faculdade Canção Nova (Cachoeira Paulista-SP)
E-mail: lino.rampazzo@uol.com.br

Resumo: Este artigo tem como finalidade exprimir tudo aquilo que a Constituição Dogmática
Dei Verbum apresenta, recorrendo também a outras diversas citações de autores e documentos
relevantes ao tema, procurou-se falar a respeito da revelação, bem como a transmissão dessa
revelação, a inspiração e revelação das Sagradas escrituras, bem como ela própria.

Palavra-chave: Concílio Vaticano II - Doutrina - Revelação - Sagrada Escritura

Sumário: Introdução. 1. Sobre a revelação. 2. A Transmissão da revelação. 3. Inspiração e


Revelação das Sagradas Escrituras. 4. O Antigo Testamento. 5. O Novo Testamento. 6. As
sagradas escrituras no cotidiano da Igreja. Conclusão. Referências.

Introdução:

A Constituição Dogmática Dei Verbum é uma constituição em forma de bula pontifícia


e é um dos principais documentos do Concílio Vaticano II. É designada “constituição
dogmática" por se tratar de "matéria de fé”. De fato, o seu conteúdo aborda o delicado e
complexo problema da relação entre as Sagradas Escrituras e a Tradição. Tem como objetivo
também estabelecer normas acerca da Revelação Divina, a fim de explicar e deixar definido o
pensamento, e a crença da Igreja sobre esta questão, portanto o texto trabalha a revelação em
diferentes nichos e apresenta como ela está presente em cada um deles.

Neste texto procura-se fazer uma síntese geral do que foi apresentado no documento, e
como a revelação foi se manifestando ao longo de toda a história da Igreja. Objetiva-se, pois,
expor e explicar as etapas da revelação divina na história, e mostrar sua importância para vida
da Igreja, bem como explicar e dar enfoque a tradição e as Sagradas Escrituras.

1. Sobre a revelação:
Desde o princípio Deus quis e procurou se revelar através da criação, por meio da
natureza, das criaturas e do ser humano, mesmo quando estes o desobedeceram e pecaram
contra Ele através do pecado original, o orgulho, ainda Quis continuar próximo da
humanidade, e à ajudar a se reconectar a Ele novamente, por isso se revelou e formou um
povo, e continuou se manifestando dia após dia de geração em geração, preparando este povo
para a salvação que um dia iria vir para eles, Jesus Cristo Seu filho único e legítimo O qual é
Sua revelação por excelência.

Para que todo Seu projeto se realiza-se, no início suscitou os patriarcas, Abraão, Isaac e
Jacó, se revelou a eles e através deles realizou sua promessa de que possuiriam uma
descendência extremamente numerosa, através destes formou nações e povos, dentre eles seu
povo eleito:

²Porei minha aliança entre mim e ti


e te tornarei extremamente numeroso”.
³Abrão prostrou-se com o rosto em terra e Deus lhe disse: 4"Esta
é minha aliança contigo:
serás pai de uma multidão de nações.
5
Não mais te chamarás Abrão
mas teu nome será Abraão,
porque te farei pai de uma multidão de nações.
6
Eu te tornarei extremamente fecundo; de ti farei nações e de ti
nascerão reis. 7Estabelecerei minha aliança entre mim e ti e tua
descendência depois de ti, de geração em geração, uma aliança
perene, para ser teu Deus e o de tua descendência depois de ti.
8
Darei a ti e a tua descendência depois de ti a terra onde moras
como estrangeiro, toda a terra de Canaã, como possessão
perpétua. Eu serei o Deus deles”. (Bíblia de Aparecida 2006, Gn
17, 2-8,)

Logo após suscitar os pais da fé e formar seu povo eleito, Deus continuou a se revelar
através dos profetas, isto é mensageiros inspirados pelo Espírito Santo para preparar o povo
para a vinda do messias salvador.

Neste tempo, suscita os escribas e hagiógrafos para comunicarem de maneira escrita por
inspiração do Espírito Santo, tudo quanto havia já sido revelado até então, e para que toda
aquela revelação se mantivesse a salva como sinal de esperança, e da presença de Deus entre
seu povo, bem como uma prova concreta de toda sua promessa, estes escritos conhecemos
como antigo testamento.

E assim pela encarnação do verbo, Jesus Cristo, na plenitude dos tempos, Deus se
revelou completamente e plenamente, e Cristo juntamente, através de seus ensinamentos,

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parábolas e ações mostrou tudo aquilo que O agradava e que era lícito ao homem realizar na
terra para atingir a salvação e a comunhão plena com Deus.

Após a vinda de Jesus, sua vida, morte, ressurreição e ascensão, Deus envia por fim o
Espírito Santo, para guiar os homens no caminho da verdade, e garantir que permanecerão
unidos até o fim dos tempos, através dos dons de seu espírito, Ele abre a mente humana às
coisas do alto e o homem consegue reconhecer a salvação que recebeu pelo sacrifício de
Jesus, e passa a ter fé também em seu Salvador, por meio dele ainda a fé é aperfeiçoada, a fim
de que se torne uma fé mais concreta e confiante.

Deus escolheu se revelar a humanidade para dar a oportunidade de participarem das


coisas divinas, todo ser humano é capaz de conhecer todas essas coisas pela razão, mas
necessitam também do auxílio do Espírito Santo, aquele que como uma luz clareia a escuridão
da mente com a verdade e guia até ela.

2. A Transmissão da revelação:

Para que toda a revelação se mantivesse salva e para que permanecesse viva, Jesus antes
de sua morte e ressurreição, suscitou os apóstolos, e diversos discípulos ao longo do caminho,
mais aos apóstolos coube a missão de levar adiante tudo aquilo que haviam aprendido com
Ele, e assim logo após a vinda do Espírito Santo em pentecostes, os apóstolos iniciaram sua
missão de levar a palavra de Deus a toda criatura, por todo canto, até os confins da terra,
realizaram estes feitos por ação do espírito, o qual os inspirou para comunicar a palavra
oralmente, e também de maneira escrita, suscitando alguns apóstolos e homens para esta
tarefa de documentar tudo aquilo que havia ocorrido, e que era fundamental para sustentar a
fé, a estes escritos chamamos novo testamento.

Para a revelação continuar e se manter viva para as próximas gerações, os apóstolos


então deixaram os bispos, isto é, seus sucessores, para que continuassem a missão que
começaram, entregando lhes o seu próprio ofício de magistério (Dei Verbum, Cap. II, 7,
1965), assim tem início o Magistério da Igreja, e a Tradição que assegura todos aqueles
escritos que foram feitos antes e depois de Cristo, e que apresentam toda a revelação divina,
inspirada pelo Espírito Santo, o qual rege e anima toda a Igreja.

Este mesmo espírito continua constantemente a se revelar na Igreja, a seus fiéis e ao


magistério como um sinal eterno da presença de Deus entre os homens e seu interesse em
fazer o homem participar da realidade divina.

Os bispos então recebem a missão de levar a palavra de Deus e Seus ensinamentos à


Igreja até o final dos tempos, e ensiná-los a todos, para que permaneçam no caminho da
verdade, e seguindo o exemplo e preceitos dos apóstolos, guardem a fé, e cheguem a
santidade. O alicerce para toda a tradição passa a ser as sagradas escrituras que comunicam e
dão veracidade ao projeto de Deus para a Igreja:

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Mediante a mesma Tradição, conhece a Igreja o cânon inteiro
dos livros sagrados, e a própria Sagrada Escritura entende-se
nela mais profundamente e torna-se incessantemente operante; e
assim, Deus, que outrora falou, dialoga sem interrupção com a
esposa do seu amado Filho; e o Espírito Santo - por quem ressoa
a voz do Evangelho na Igreja e, pela Igreja, no mundo - introduz
os crentes na verdade plena e faz com que a palavra de Cristo
neles habite em toda a sua riqueza (cfr. Col. 3,16) (Dei Verbum
Cap. II, 8, 1965).

Desta forma, tradição e Sagradas Escrituras, formam uma só coisa, no qual uma não
funciona sem a outra, pois para as sagradas escrituras existir foi necessário uma tradição que
também fora inspirada pelo Espírito Santo, esta tradição que deu origem aos escritos continua,
agora por meio dos escritos que confirmam a tradição e a sustentam, pela ação do mesmo
espírito.
A Tradição transmite aos sucessores dos apóstolos a palavra de Deus confiada por Cristo
Senhor e pelo Espírito Santo, para que eles, com a luz do Espírito de verdade, a conservem, a
exponham e a difundam fielmente na sua pregação; donde resulta assim que a Igreja não tira
só da Sagrada Escritura a sua certeza a respeito de todas as coisas reveladas. Por isso, ambas
devem ser recebidas e veneradas com igual espírito de piedade e reverência. (Dei Verbum
Cap. II, 9 1965)

O magistério formado pelos sucessores dos apóstolos tem o dever de zelar pelas
sagradas escrituras, e são os únicos que podem interpretá-las, pois exercem seu ministério em
nome de Jesus Cristo, eles não estão acima delas, mais sim a seu serviço, cabe a eles
interpretar e ensinar a verdade contida nelas a toda a igreja, tudo isso segundo e por meio da
ação do Espírito Santo, autor das sagradas escrituras.

3. Inspiração e Revelação das Sagradas Escrituras

As sagradas escrituras foram inspiradas pelo Espírito Santo, o antigo e o novo


testamento, isto é, Deus para garantir que tudo o quanto havia sido revelado permanece-se
intacto e pudesse ser passado de geração em geração, preparou homens para documentar tudo
aquilo que fora revelado, fez isso usando estes homens como instrumentos vivos e cientes de
tudo aquilo que escreviam, não usou eles apenas como um instrumento inerte, mais sim quis
dar voz e espaço a razão e ao entendimento humano, ao passo que o espírito os inspirava.

Tudo aquilo que estes homens, conhecidos como escribas e hagiógrafos, escreveram
devem ser tidos como verdades reveladas pelo Espírito Santo, pois “toda a Escritura é
divinamente inspirada e útil para ensinar, para corrigir, para instruir na justiça: para que o
homem de Deus seja perfeito, experimentado em todas as obras boas” (Bíblia de Aparecida
2006, Tim. 3, 7-17).

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Uma vez que estes escritos foram escritos por mãos humanas, para poder interpretar o
que os autores sagrados quiseram exprimir, é necessário se atentar aos gêneros literários,
contexto em que foi escrito, objetivo, e para quem foi escrito, pois muitas palavras possuem
significados e intenções diferentes da época atual, por isso não se deve realizar uma leitura
literal dos escritos sagrados, pois pode-se cair em erros terríveis de interpretação, é importante
estar a atento a toda estrutura do texto e a todo seu contexto para entendê lo.

É importante também ao ler as sagradas escrituras levar em conta a tradição da Igreja,


para não cair em contradições e erros, pois as escrituras foram definidas segundo a tradição, é
importante estar aberto ao Espírito Santo, autor de todo texto sagrado, para melhor
compreender o que se procurou exprimir, além disso a leitura deve ser realizada reconhecendo
todo o conjunto e sua unidade, não é apenas livros isolados, embora quando foram escritos
não se passava na mente do escritor sagrado que seu livro entraria em uma coleção inteira
composta por outros livros, mas através da revelação e ação do espírito estes livros foram
reunidos formando um canon onde todos formam uma perfeita harmonia um com outro.

4. O Antigo Testamento

Deus iniciou sua revelação através dos patriarcas e suscitando seu povo, através da
descendência destes, e com a aliança de Moisés realizada no sinai quando libertou o povo de
Israel da escravidão do Egito, em seguida falou aos profetas, escribas e hagiógrafos, que
optaram por datar tudo quanto tinha sido revelado a eles, esta revelação que agora se
encontrava escrita, tinha o objetivo de ser como uma luz de um farol para o todo o povo de
Israel, e ser um constante sinal de esperança, para que o povo nunca desanimasse e sempre se
lembrase de suas origens e raizes.

O antigo testamento prefigura tudo que acontecerá no novo, prepara o caminho para a
vinda do messias Jesus Cristo, embora haja questões não muito bem definidas e momentos
transitórios e imperfeitos, ele ensina a pedagogia de Deus, como Ele cuida dos seus e o quão
grande é seu zelo, e amor para com seu povo, ali também ensina importantes preceitos e leis
para que o ser humano possa viver uma vida plena, saudável, e feliz, e saiba como viver longe
do pecado e das armadilhas que o cercam.

Portanto o antigo testamento conta a história desde o início da revelação, e prepara o


caminho para a vinda de Jesus, ao mesmo tempo em que seu sentido último é completado no
novo, com a vinda do Messias e seus ensinamentos, que explicam e completam o antigo, os
testamentos ambos se completam, um não haveria de ter tamanho significado e importância
sem o outro.

5. O Novo Testamento

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Quando enfim chegou a plenitude dos tempos, a palavra de Deus, enfim se fez carne, e
habitou entre os humanos, agora Deus não estava apenas no mundo invisível mas estava
também na realidade visível, a realidade dos homens, através de seu filho Jesus Cristo, e
agora poderia de uma vez por todas salvar o ser humano da morte eterna, e abrir caminho para
a vida santa no reino dos céus, Jesus veio para cumprir sua missão de redimir a humanidade,
que havia caído no início dos tempos decorrente do pecado original, agora Ele, através de seus
ensinamentos, vida, exemplos, sua paixão, morte e ressurreição gloriosa, se revela plenamente
e ensina de uma vez por todas sua lei, a lei do amor, bem como sua doutrina, e revela tudo o
quanto é lícito ao homem saber sobre a realidade divina, e o mundo que há de vir. O novo
testamento é um testemunho de tudo aquilo que Jesus fez, ensinou e revelou, nele se encontra
o ápice de toda a sagrada escritura, os Evangelhos, que falaremos mais adiante.

O novo testamento nasceu através do testemunho dos apóstolos que viveram e


presenciaram inúmeros fatos e acontecimento da vida de Jesus, estes santos homens a fim de
que tudo quanto fora revelado a eles se mantivessem preservados ao longo do tempo e para
que fosse passado as próximas gerações, escreveram tudo que havia acontecido, por
inspiração divina do Espírito Santo, que os fez catalogar tudo aquilo que era essencial e
importante para sustentar a fé da Igreja e preservar a revelação revelada em Jesus.

No novo testamento também está escrito toda a história da Igreja primitiva, tudo quanto
havia acontecido logo após a ascensão gloriosa de Jesus aos céus, é narrado o dia de
pentecostes, quando o Espírito Santo veio sobre os apóstolos reunidos no cenáculo em
jerusalém e os fizeram falar em diversas línguas sob um sinal de línguas como de fogo:

1
Ao chegar o dia de Pentecostes, todos estavam reunidos no
mesmo lugar. 2De repente, veio do céu um ruído semelhante ao
de uma forte ventania e encheu toda a casa onde estavam. 3E
apareceram-lhes línguas como de fogo, que se repartiam,
pousando sobre cada um deles. 4Todos ficaram cheios do
Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme
o Espírito concedia a eles se expressarem. (Bíblia de Aparecida
2006, At 2, 1-4)

É narrado como a Igreja foi se organizando em seu início, e quais foram as primeiras
discussões e divergências de opiniões entre os apóstolos, além disso uma vasta coleção de
cartas escritas por Paulo se encontram lá também, cartas estas que possuem um papel
catequético muito importante, falam de como seguir a Jesus de maneira mais reta e santa, e
aborda preceitos para uma vida cristã árdua e verdadeira.

Os Evangelhos isto é a boa nova, são o centro e o maior tesouro do novo testamento,
pois é neles que está o maior testemunho da vida de Jesus, a Igreja defende que os evangelhos
tiveram suas origens nos apóstolos, que como dito anteriormente dedicaram-se a catalogar
todos os fatos mais importantes da vida de Jesus por inspiração do Espírito Santo, os
evangelhos constituem o centro de toda a sagrada escritura e todo seu sentido último.

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6. As sagradas escrituras no cotidiano da Igreja

A Igreja tem como alicerce a Sagrada Escritura e a Tradição, ambas andam juntos e
sustentam toda a fé católica; a palavra de Deus é juntamente celebrada com o corpo e sangue
de Cristo em cada celebração da santa missa, nelas estão contidas tudo aquilo que Deus quis
revelar aos homens por meio do Espírito Santo, bem como seus preceitos e doutrinas, o
mesmo espírito congrega e anima toda a Igreja, desta forma faz ressoar a palavra de Deus em
seu meio através das sagradas escrituras, alimenta a fé por meio de seus dons, e traz esperança
aos fiéis por meio delas, por isso é correto dizer que as sagradas escrituras são palavras vivas
de Deus para a humanidade, que por ação do espírito à escuta medita e guarda em seu
coração, e espera fielmente pela consumação dos tempos e a vida eterna, vivendo uma vida de
santidade conforme aquilo que a palavra os inspiram e orientam.

A Igreja deseja que a palavra de Deus chegue a todas as pessoas, de vários povos,
nações e línguas, para isto sempre realizou traduções das sagradas escrituras, a começar com a
Septuaginta por parte de alguns Judeus da chamada diáspora, diz a lenda que 70 sábios teriam
traduzidos os textos do antigo testamento para o grego koiné, ainda antes de Cristo, por volta
do século III a I, e mais tarde com a Vulgata, tradução feita do grego para o latim, por são
Jerônimo por volta do século IV e V depois de Cristo, além de outras inúmeras traduções
realizadas em tempos posteriores, as traduções mostram o caráter missionário que a Igreja
possui, uma vez que é apostólica e como apostólica é missionária; portanto tem a missão de
tornar conhecida a palavra ao redor do mundo.

A Igreja defende e desenvolve o estudo das sagradas escrituras para melhor


compreender e entender mais plenamente tudo aquilo que fora escrito por palavras humanas, a
fim de cada vez mais chegar a luz da verdade, e poder ensinar de maneira correta e eficaz todo
o povo de Deus, para que mantenham uma fé mais sólida, e pautada na razão, renovando
assim constantemente suas forças, para isso conta com os teólogos, isto é pessoas que se
dedicam ao estudo de Deus, da Igreja e das Sagradas Escrituras, a teologia tem papel
fundamental no estudo e pesquisa das escrituras, pois investiga a fundo todo contexto, gênero
literário e intenções com a qual o texto foi escrito, sempre se pautando na tradição, uma vez
que nem tudo que fora revelado está escrito.

As sagradas escrituras são o fundamento da sagrada Teologia, juntamente com a


tradição, desenvolve seus estudos investigando tudo a luz da fé, mas também fazendo uso da
razão, para que sua resolução seja sempre franca e coerente sem deixar também de inibir o
mistério, mas evidenciá-lo e compreendê-lo. As escrituras contêm em si a palavra de Deus e
uma vez que foram inspiradas pelo Espírito Santo são verdadeiramente palavra de Deus, por
isso são o centro de toda teologia, e merecem uma atenção a mais, por parte de teólogos,
padres, religiosos e fiéis leigos, pois é Deus quem fala, elas também devem estar sempre no
centro de pregações, homilias, catequeses e estudos, onde continuamente a invocação do
Espírito Santo deve se fazer constante, a fim de que Ele, autor das escrituras ilumine a cabeça
dos homens para compreender tudo aquilo que Ele quis que estivesse exarado na história.

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Padres, ministros, catequistas, e religiosos devem ter uma ligação íntima com a sagrada
escritura para não se tornarem pregadores vãos da palavra de Deus, é necessário que a
conheçam profundamente, a leiam e a estudem, para que possam ensinar corretamente o povo,
é sempre importante que a leitura da Bíblia se faça com oração, buscando o incessante auxílio
do Espírito Santo, autor das escrituras; não ler a sagrada palavra é ignorar a Deus e a Jesus
uma vez que são Sua palavra viva no meio de nós, por isso é sempre bom se esforçar pela
leitura dela, e cultivar este hábito.

Os pastores sagrados têm a missão e o dever de ensinar as sagradas escrituras a todo o


povo de Deus, devem ressaltar sempre questões relacionadas ao novo testamento,
principalmente o evangelho, centro de toda escritura. Devem buscar levar a palavra por
diversas línguas trabalhando nas traduções dos textos sagrados, estes também devem ser
acompanhados de notas explicativas sobre as passagens mais complexas e de difícil
entendimento, a fim de contribuir para o conhecimento e entendimento dos fiéis.

A Bíblia também deve ser publicada e disponível a não-cristãos e a cristãos de outras


denominações, pois a Palavra de Deus não faz distinção, mais quer chegar a todos os seres
humanos a fim de que conheçam a Ele e toda sua revelação, a palavra é a verdade, e a verdade
é como o sol, sua luz deve iluminar todos em todos os cantos do mundo, privar as pessoas
dela seria como privá-las de um direito básico e natural.

Assim finalizando, a palavra de Deus deve ser anunciada e ensinada a todos,


principalmente na Igreja, de forma que contribua também para o crescimento da Mesma, e a
solidez da fé dos fiéis, para que se tornem verdadeiros e árduos cristãos, sem que ideologias,
ideias opostas, falsas doutrinas e interpretações erradas prejudique sua fé e sua caminhada
rumo à santidade, uma fé que se fortalece na palavra de Deus, torna-se uma fé forte,
intolerante às coisas mundanas e aberta fervorosamente as coisas do alto.

Conclusão:

A Dei Verbum, é um documento fundamental para a Igreja, pois expõe e define tudo
aquilo que é importante saber e seguir a respeito das sagradas escrituras, um de seus focos
principais, senão o seu principal é a revelação, vimos que Deus desde o início dos tempos
procurou estar próximo do ser humano, mesmo quando estes falharam com Ele, vimos que
Ele não ignorou seu povo, ao contrário foi se manifestando e se revelando cada vez mais até
realizar sua revelação plena no seu Filho, Jesus Cristo.

Para que toda a história e a revelação se mantivessem viva e gravada, suscitou os


profetas e por meio deles anunciou sua doutrina, e mensagem ao seu povo, e os inspirou para
que deixassem escritos tudo aquilo quanto os fora revelado, para que o povo tivesse um sinal
constante de esperança, uma vez que toda revelação preparava a vinda do messias, aquele que
iria salvar e libertar Israel um dia.

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Este messias era Jesus, filho de Deus, verbo revelado e encarnado, realizou sua missão
na terra, a fim de ensinar aos homens a verdadeira doutrina, suscitou os apóstolos, isto é,
aqueles que iriam dar continuidade ao seu legado e a seus ensinamentos, logo após alguns
anos de vida pública, foi entregue, julgado, torturado, morto e sepultado, mas ressuscitou,
com isso venceu a morte e o pecado e redimiu a humanidade e passando-se um tempo
ascendeu gloriosamente aos céus.

Mas não desamparou os apóstolos e seus discípulos, enviou a eles como outrora já havia
prometido, o Espírito Santo, e por ação deste mesmo espírito toda uma tradição se originou e
se manteve, tradição tanto oral quanto escrita. Pelo Espírito Santo a Igreja enfim estava viva e
congregada e para que tudo quanto fora revelado por Deus em toda a história se mantivesse
gravado, o Espírito inspirou os apóstolos e varões apostólicos, a fim de que escrevessem todos
aqueles fatos e acontecimentos que haviam vividos e presenciados, uma vez que Falou a eles
como em outrora Falou aos profetas, tudo o quanto foi escrito é verdadeiramente palavra de
Deus, pois veio do alto.

Os apóstolos fiéis a sua missão levaram o evangelho, isto é a boa nova a todos os
cantos, e cuidaram de preparar e suscitar sucessores, isto é, os bispos, para dar continuidade a
sua missão, estes hoje formam o magistério da Igreja, que possui todo o dever e direito de
cuidar e governar a Igreja em nome de Cristo, assim a tradição e tudo aquilo que havia sido
registrado de forma escrita, foi sendo perpetuado de geração em geração por ação do Espírito
Santo como um constante sinal de esperança, e da presença de Deus no meio dos homens.

Estas sagradas escrituras formam o alicerce da Igreja e da Fé, juntamente com a


tradição, vimos que uma é inseparável da outra, pois o espírito atua nas duas, à medida que
inspirou uma tradição toda e tornou-a escrita, esta escrita alimenta esta mesma tradição. O
documento ainda adverte a importância de estudar as sagradas escrituras à luz da tradição da
Igreja, para não cair em erros e equívocos, orienta que as escrituras devem ser lidas e
estudadas constantemente pois ignorá-las é ignorar a palavra de Deus, adverte aqueles que se
dedicam a propagar a palavra a estudarem a fundo tudo que ela diz para não se tornarem
pregadores vãos, por fim o documento fala da importância das sagradas escrituras para a fé
dos fiéis, e como ela é a fonte que sustenta e torna enraizada a fé, e um ótimo guia para a
santidade, objetivo final de todo Cristão.

Com tudo isso a Dei Verbum expressa toda importância da revelação, tradição e das
sagradas escrituras na vida da Igreja, e tudo aquilo que devemos procurar fazer para alimentar
e alicerçar a fé, é um dos documentos fundamentais e mais importantes da Igreja, uma vez
que fala sobre aquilo que a sustenta e alicerça.
Concluindo, a Dei Verbum é um documento fundamental para entender a relação entre Deus e
a humanidade através da Revelação Divina.

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Referências:

DEI VERBUM. Roma. 1965

BÍBLIA DE APARECIDA. Aparecida: Santuário. 2006

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