TCC VERSÃO FINAL - Anderson de Oliveira Alves

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA – UNIPÊ

BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL

Anderson de Oliveira Alves – RGM: 10710477

MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS RELACIONADAS AO SISTEMA DE


COBERTA: Estudo de caso realizado na coberta de um centro de distribuição
na cidade de Cabedelo

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)


apresentado ao Centro Universitário de João
Pessoa (UNIPÊ) como requisito para a obtenção
do título de Bacharel em Engenharia civil

Orientador: Prof. Dr. Thiago da Silva Almeida

JOÃO PESSOA-PB
2022.2
AGRADECIMENTO

Primeiramente a Deus que com graça e misericórdia tem me sustentado


durante todos os dias da minha vida e com a alegria da salvação também me dá forças
para suportar as lutas diárias.
Aos meus pais Edson e Angela que sempre insistiram em investir e incentivar
meus estudos, abrindo mão de muitas coisas para me proporcionar uma condição
confortável de estudo, além de confiar e acreditar sempre no eu potencial.
A minha esposa que está ao meu lado em todos os momentos e decisões da
minha vida em quem tenho auxilio e apoio para qualquer situação.
Aos meus irmãos e familiares em quem durante todo esse tempo me apoiaram
e dentro de suas condições contribuíram para essa conquista. Com quem compartilho
minhas dificuldades diárias.
Ao meu orientador Prof. Dr. Thiago da Silva Almeida por ter aceitado a
orientação do meu TCC e com toda dedicação e solicitude me ajudou além de ter sido
um excelente professor durante a graduação e um grande companheiro de toda turma.
Aos meus amigos Leonardo e Bianca a quem tive o grande prazer de
compartilhar diversos momentos, me ajudaram durante todo o curso de diversas
formas. Sou grato a Deus por essa amizade que surgiu durante o dia a dia do curso.
Aos colegas de turma, colegas de trabalho, e todos quantos de alguma forma
me ajudaram durante o período de graduação estendo minha gratidão.
ALVES, Anderson de Oliveira. Manifestações Patológicas Relacionadas o Sistema de
Coberta: Estudo de caso realizado na coberta de um centro de distribuição na cidade
de Cabedelo. 2022. 21 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação). Graduação
em Engenharia Civil, Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ, João Pessoa,
2022.

RESUMO

Mesmo diante do avanço no uso de tecnologia, quanto aos estudos,


aplicações, métodos de execução e materiais utilizados nos processos construtivos
das edificações, ainda é comum encontrar em diversos prédios na Paraíba,
manifestações patológicas relacionadas ao não funcionamento ou danos causados
aos elementos de coberta. Isso pode estar diretamente ligado com a utilização de
materiais fora do seu campo de utilidade, falta de manutenções preventivas e falta de
mão de obra qualificada, que possua domínio sobre os materiais que foram escolhidos
e os métodos construtivos utilizados para a execução dos mesmos. Este trabalho tem
como função analisar conteúdos relacionados às possíveis causas e surgimento de
manifestações patológicas relacionadas a coberta e aplicar esse conhecimento
realizando um estudo de caso em prédios ocupados com o uso de comércio e varejo
no estado da Paraíba. A escolha de tal segmento de utilidade predial foi dada, visto
que durante os períodos chuvosos na região da Paraíba, diversas empresas deste
segmento sofrem com as consequências da aparição dessas manifestações
patológicas em seus prédios, chegando em alguns casos até a interromper seu
funcionamento ou ter prejuízos por danos em mercadorias. Diante disso, este trabalho
visa ajudar profissionais a identificar e prevenir a aparição de manifestações
patológicas relacionadas a impermeabilização de cobertas através método de
inspeção e manutenção, a fim evitar ou mitigar danos, surgimento de outras
patologias, prejuízos financeiros e mostrar indicações teóricas e práticas da execução
do sistema de coberta com os tipos de cobertas e os materiais comumente utilizados
em nossa região.

Palavras-chave: Impermeabilização. Cobertas. Manifestações Patológicas.


Infiltração.
ALVES, Anderson de Oliveira. Pathological Manifestations Related to the Roof
System: A case study carried out on the roof of a distribution center in the city of
Cabedelo. 2022. 21 p. Completion of course work (Graduation). Degree in Civil
Engineering, University Center of João Pessoa – UNIPÊ, João Pessoa, 2022.

ABSTRACT

Even in face of the advance in the use of technology, as for the studies,
applications, execution methods and materials used in the constructive processes of
the buildings, it is still common to find in several buildings in Paraíba, pathological
manifestations related to the non-functioning or damages caused to the deck elements.
This can be directly linked to the use of materials outside their field of utility, lack of
preventive maintenance and lack of qualified labor, which has domain about the
materials that were chosen and the construction methods used for their execution. This
work has the function of analyzing contents related to the possible causes and
emergence of pathological manifestations related to decking and apply this knowledge
by performing a case study in buildings occupied with the use of commerce and retail
in the state of Paraíba. The choice of such segment of building utility was given, since
during rainy periods in the region of Paraíba, several companies of this segment suffer
with the consequences of the appearance of these pathological manifestations in their
buildings, arriving in some cases even to interrupt its operation or have losses for
damages in goods. Given this, this work aims to help professionals to identify and
prevent the appearance of pathological manifestations related to the waterproofing of
covers through inspection and maintenance methods, in order to avoid or mitigate
damage, the appearance of other pathologies, financial losses and show theoretical
and practical indications of the execution of the covering system with the types of
covers and materials commonly used in our region.

Keywords: Waterproofing. Covers. Pathological Manifestations. Infiltration.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Telhado com telha fibrocimento...................................................... 14


Figura 2 - Limo criado em telha fibrocimento .................................................. 15
Figura 3 - Telha termoacústica ....................................................................... 16
Figura 4 - Método de emenda transversal ...................................................... 17
Figura 5 - Método de execução de transpasse longitudinal ............................ 17
Figura 6 - Telhado com telha cerâmica........................................................... 18
Figura 7 - Estrutura para telha canal .............................................................. 19
Figura 8 - Calha em fibra de vidro .................................................................. 21
Figura 9 - Calha metálica ................................................................................ 22
Figura 10 - Calha em concreto sobre laje ....................................................... 23
Figura 11 -Forte São Marcelo em Salvador - BA ............................................ 25
Figura 12 - Especificação de camadas do sistema de impermeabilização ..... 27
Figura 13 - Aplicação de impermeabilização de manta liquida ....................... 29
Figura 14 - Aplicação de manta asfáltica em platibanda ................................ 30
Figura 15 - Fluxograma de programa de inspeção predial ............................. 33
Figura 16 - Gráfico de aumento de custo em função do aumento da corrosão x
tempo .............................................................................................................. 37
Figura 17 - Rachadura entre algeroz e platibanda.......................................... 40
Figura 18 - Expressão gráfica de queda de desempenho em função do tempo41
Figura 19 - Manchas e desplacamento de reboco por infiltração ................... 42
Figura 20 - Mofo em paredes causadas por infiltração ................................... 43
Figura 21 - Infiltração em quadro elétrico ....................................................... 43
Figura 22 - Centro de distribuição de produtos ............................................... 45
Figura 23 - Funcionários secando o piso com uma mangueira ...................... 46
Figura 24 - Produtos danificados por vazamento de água.............................. 47
Figura 25 – Formação de poças por infiltração ............................................... 48
Figura 26 - Esboço de deformação por esforço de momento fletor nas calhas50
Figura 27 - Corrosão em rufo metalizo ........................................................... 51
Figura 28 - Calha e rufo lateral da edificação ................................................. 51
Figura 29 - Execução da calha rufo em fibra de vidro .................................... 52
Figura 30 - Esboço da calha lateral direita...................................................... 52
Figura 31 - Esboço das intervenções realizadas ............................................ 53

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Método de fixação das telhas ........................................................ 15


Tabela 2 - Coeficientes multiplicativos de vazão de projeto ........................... 24
Tabela 3 - Etapas do processo de impermeabilização ................................... 28
Tabela 4 - Aplicação de impermeabilização rígida ......................................... 28
Tabela 5 - Locais de aplicação ....................................................................... 30
Tabela 6 - Classificação de fissuras, trincas e rachaduras ............................. 39
Tabela 7 - Fatores de risco de presença de água em instalações elétricas ... 44
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 9

2 OBJETIVO............................................................................................................. 12

2.1 Geral..................................................................................................................... 12

2.2 Específico............................................................................................................ 12

3 METODOLOGIA.................................................................................................... 12

3.1 Materiais...............................................................................................................12

3.2 Coleta de dados.................................................................................................. 13

4 REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................... 14

4.1 Telha fibrocimento............................................................................................. 14

4.2 Telha termoacústica........................................................................................... 16

4.3 Telha cerâmica.................................................................................................... 18

4.4 Calhas e rufos..................................................................................................... 20

4.4.1 Calha em fibra de vidro................................................................................... 21

4.4.2 Calha metálica.................................................................................................. 22

4.4.3 Calha em concreto ..........................................................................................23

4.3.4 Dimensionamento de calha.............................................................................24


4.5 Impermeabilização .............................................................................................25

4.5.1 Projeto de impermeabilização ......................................................................27

4.5.2 Impermeabilização rígida ..............................................................................28

4.5.3 Impermeabilização flexível ...........................................................................29

4.6 Manutenção .........................................................................................................30

4.6.1 Inspeção predial ............................................................................................32

4.6.2 Manutenção preventiva .................................................................................35

4.6.3 Manutenção corretiva ...................................................................................36

4.7 Manifestações patológicas ................................................................................37


4.7.1 Fissuras, trincas e rachaduras .......................................................................39

4.7.2 Queda de desempenho ...................................................................................40

4.7.3 Umidade ou infiltração ....................................................................................41

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................44

5.1 Ficha de inspeção ..............................................................................................44

5.2 Histórico ..............................................................................................................45

5.3 Avaliação de possíveis causas..........................................................................47

5.4 Estado de conservação e Prognóstico ............................................................49

5.5 Soluções ..............................................................................................................50

6 CONCLUSÃO ........................................................................................................53

REFERÊNCIAS..........................................................................................................55
9

1 INTRODUÇÃO

De acordo com os dados da análise e previsão de chuvas para o estado da


Paraíba de 2022 realizado pela AESA, o período compreendido entre abril e julho as
chuvas previstas para o Estado são em média de 624,2 mm. Durante esse período, a
previsão é que o Litoral receba a maior precipitação pluviométrica, com máxima de
1.141mm, seguido do Brejo, com 761, e agreste com 535 mm.
Segundo Bandeira (2022) meteorologista da AESA, mesmo que a previsão não
exceda a média histórica nessas regiões, não se pode descartar a ocorrência de
eventos extremos durante este período. Isso porque as águas do Oceano Atlântico
estão aquecidas, algo em torno de 28 graus. Isto faz com que as nuvens se
desenvolvam mais, aumentando as chances de precipitações mais intensas.
Conforme o alerta emitido pela INMET no dia 29 de março, nos próximos 4
meses pode chover entre 20 e 30 mm/h ou até 50 mm/dia com ventos intensos (40-
60 km/h). O risco de corte de energia elétrica, queda de galhos de árvores,
alagamentos e de descargas elétricas é baixo.
Durante esses períodos chuvosos é possível notar em diversos tipos de
edificações em nosso estado a aparição de manifestações patológicas, que são
provenientes de problemas na coberta. Estas manifestações podem acarretar danos
em diversas esferas, inviabilidade do uso da edificação (principalmente, em se
tratando da utilização para comércio e varejo), danos e avarias em bens, danos à
estrutura, proliferação de fungos e mofo e doenças causadas por situações de
insalubridade.
Esse tipo de problema pode ocorrer por vícios construtivos, falhas na execução
periódica da manutenção preventiva e danos causados de forma natural ou por fatores
externos. Tendo em vista que a coberta tem como objetivo principal manter a
edificação estanque, garantindo uma boa funcionalidade assim como proteger os
demais elementos que compõem a construção de agentes agressivos que são
conduzidos pela chuva e o meio externo. O sistema de cobertura é um dos
componentes da edificação mais exposto e agredidos pelos efeitos das chuvas.
O sistema de impermeabilização é um dos elementos mais negligenciados na
construção, por não ser visível e em outros casos por opção de economia.
10

Conforme os dados publicados pela Vedacit (2010) os custos da


impermeabilização de toda a obra em sua maioria não excedem 3% no custo total da
edificação.
Silva (2018), corrobora dizendo que se o sistema de impermeabilização for
implantado durante a execução da edificação, os custos com projeto, consultoria,
fiscalização, materiais e execução representarão de 1 a 3% do valor total da obra, já
se a impermeabilização não for bem executada ou não for executada, os custos com
reparos posteriormente podem chegar a 15% do valor total da obra, isso quando não
são irreparáveis.
Corroborando, diz Barroso (2015), que os custos referentes à correção de
patologias de impermeabilização podem chegar a ser 15 vezes mais caros do que o
valor necessário para a execução dele no período de construção.
Logo os cuidados com o sistema de impermeabilização e execução dos
elementos de coberta não se tornam apenas uma opção que deve ser encarado
apenas para fins de estética ou custos adicionais, mas como uma forma de manter a
edificação protegida, evitar aparição de manifestações patológicas em outros
elementos da edificação e prolongar a vida útil do da construção.
Segundo Storte (2014) A importância da impermeabilização nos processos
construtivos não se dá apenas pelas questões estéticas devido ao aparecimento de
infiltrações, mas por ser uma questão de segurança, já que evita a deterioração da
estrutura.
Assim como a estrutura da edificação trabalha em conjunto para suportar e
transmitir as cagas atuantes descarregando no solo sem que haja danos a estrutura.
Devemos pensar na coberta como um sistema que opera em conjunto destinada
receber as águas pluviais, conduzi-las e descarrega-las sem causar danos nem
transtornos a edificação nem ao usuário.
Os prejuízos causados por um mal funcionamento do sistema de coberta pode
exceder em muito o custo da execução da coberta no período da execução da obra
ou da impermeabilização, por isso se faz necessário atentar para a eliminação de
vícios construtivos no período de construção, prevendo as possíveis manifestações
patológicas no sistema escolhido
Este trabalho visa elencar prevenções e soluções baseadas no referencial
teórico disponível e em estudos de caso, atentando para as técnicas e produtos
11

utilizados na região. Pontuando as principais manifestações ocorridas nos prédios da


região e pensando também no investimento realizado para um bom sistema de
coberta e impermeabilização, custos gerados pela negligência dessa etapa tão
importante de uma obra e impactos gerados na utilização do prédio e funcionamento
das atividades da empresa.
12

2 OBJETIVO

2.1 Geral

Identificar as principais patologias de origem na coberta, assim como as formas


de recuperar e mitigar os danos gerados por tais.

2.2 Específico

 Identificar patologias provenientes de problemas de coberta ou falta de


manutenção;
 Elencar soluções para as manifestações patológicas comuns na região;
 Identificar manutenções necessárias para o bom funcionamento do sistema de
coberta e prolongamento da sua vida útil.

3 METODOLOGIA

O trabalho foi realizado mediante revisão bibliográfica sobre as manifestações


patológicas referentes à manutenção de coberta, mostrando métodos construtivos e
corretivos para solucionar problemas.
Já o estudo de caso será realizado em lojas e galpões ocupados por uma
“empresa x” do setor de comércio e varejo, sinalizando complicações por problemas
de coberta e manutenções propostas e executadas para correção.

3.1 Materiais

Foi adotada a inspeção visual para a identificação das patologias e conforme a


metodologia indicada na Norma de Inspeção Predial Nacional do IBAPE (2012).
O estudo foi aplicado na cidade de Cabedelo, no estado da Paraíba, no centro
de distribuição de uma empresa privada, que armazena parte dos produtos de todas
suas filiais distribuídas no estado. O estudo foi realizado de modo a resguardar a
identidade da empresa.
13

O método indicado pela Norma do IBAPE, empregado na inspeção, foi


classificado como de risco médio, por trazer complicações ao funcionamento da
edificação. Foi aplicado uma inspeção de nível 2, onde para algumas conclusões de
laudos foi necessário a participação de terceiros.
Os resultados foram adaptados a fim de simplificar o entendimento do leitor
quanto às patologias analisadas. Outra questão a ser considerada é que pelo fato de
o presente trabalho ter finalidades acadêmicas, a inspeção foi realizada sob
supervisão de um profissional legalmente habilitado pelos conselhos indicados em
Norma, porém, a utilização de certos documentos não fora pertinente.

3.2 Coleta de dados

Para a coleta e análise de dados, foram utilizados registros fotográficos tirados


pessoalmente, projeto arquitetônico da edificação, informações sobre problemas
anteriormente identificados e manutenções realizadas, obtidas com os responsáveis
pelo setor de manutenção e funcionários que trabalham no local acerca do
aparecimento das patologias, da frequência com que surgiram no prédio e com qual
frequência as evidências das patologias surgem.
14

4 REFERENCIAL TEÓRICO

4.1 Telha fibrocimento

Figura 1 - Telhado com telha fibrocimento

Fonte: autoria própria (2022)

A telha de fibrocimento apresentada na figura 1, entrou no mercado para


substituir a telha de amianto que era muito usada, porém trazia riscos à saúde do
usuário. É uma das soluções de coberta mais baratas do mercado, além de ser
consideravelmente leve, segundo dados da Brasilit (2007) ela pode vir a pesar em
média 19,33 kg/m² incluindo o recobrimento, absorção de água e fixações, podendo
variar para mais ou menos de acordo com a espessura da telha utilizada.
Seu módulo de fabricação permite uma versatilidade maior no uso da mesma,
não requer uma mão de obra muito especializada, pode ser manuseada de forma
manual no ato da instalação. É conhecida por sua leveza e alta resistência, o que a
torna econômica por reduzir a quantidade de elementos da estrutura de coberta.
A fixação das telhas deve ser executada de acordo com as instruções do
fabricante, mediante condições de aplicação analisadas pelo responsável técnico,
como exemplificado na tabela 1, o método recomendado para a fixação de telhas de
1,10 cm de largura.
15

Tabela 1 - Método de fixação das telhas

Autor: Brasilit (2007)

As telhas podem vir a durar de 30 a 70 anos, isso irá depender das condições
de uso e manutenção aplicadas para prolongar a vida útil do material, alguns desses
cuidados são pintar o telhado com tintas específicas (100% acrílica) regularmente,
trocar as peças trincadas, limpar as calhas com frequência e substituir acabamentos
danificados como as cumeeiras. A forma mais simples e eficaz de evitar a degradação
acelerada desse tipo de telha é mantê-la sempre limpa, pois o acúmulo de sujeira,
provoca presença de umidade constante, que por sua forma camadas de limo,
fragilizando o material como mostra a figura 2.

Figura 2 - Limo criado em telha fibrocimento

Autor: Autoria própria (2022)


16

4.2 Telha termoacústica

Figura 3 - Telha termoacústica

Autor: Kingspan (2022)

As telhas termoacústicas representada na figura 3, popularmente conhecidas


como telha sanduíche são bastante utilizadas como solução para um telhado que
forneça conforto, segundo Kingspan (2022) o isolamento térmico proporcionado pelo
núcleo atua como uma cobertura isolante contra o frio ou calor, isso implica no uso de
menos ar condicionado, atendendo facilmente os requisitos de economia de energia.
A Telha Termoacústica Tipo Forro é produzida com chapa de aço galvalume,
com núcleos isolantes de acordo com a sua necessidade. Ideal para obras
residenciais, comerciais ou industriais
Esse tipo de telha é muito leve chegando a pesar em média 11,40 kg/m²
podendo aumentar ou diminuir de acordo com a espessura, também contribui para
que o sistema de coberta em si seja mais leve, pois sua alta resistência, reduz a
quantidade de elementos de estrutura de coberta.
É importante atentar para as instruções de execução de emendas, para que o
material possua o desempenho esperado após a execução conforme figura 4.
17

Figura 4 - Método de emenda transversal

Autor: Kingspan (2022)

Do mesmo modo a execução do transpasse longitudinal deve-se observar os


requisitos exigidos pelo fabricante, assim como a inclinação mínima, como mostra a
figura 5.

Figura 5 - Método de execução de transpasse longitudinal

Autor: Kingspan (2022)

As vantagens de utilizar as telhas termoacústica em relação aos outros tipos


são:
18

O uso de isolantes térmicos em projetos da construção civil auxilia no


atendimento às exigências da Norma de Desempenho 15.575
Incluir isolantes térmicos em projetos residenciais auxilia no atendimento aos
critérios do programa “Selo Azul Caixa” de construção sustentável da Caixa
Econômica Federal (CEF)
 Rápida instalação
 Excelente isolante térmico e acústico
 O isolamento térmico melhora a eficiência de sistemas de aquecimento e ar-
condicionado, gerando economia de energia elétrica
 O aço galvalume aumenta em até 4 vezes a vida útil das telhas metálicas, pois
combina a resistência estrutural do aço e a durabilidade do alumínio - o que
melhora a resistência à oxidação
 Não acrescentam muito peso à estrutura
 Possuem boa resistência mecânica – suporta pequenos impactos
 Não mofam

4.3 Telha cerâmica

Figura 6 - Telhado com telha cerâmica

Autor: Autoria própria (2021)

As telhas cerâmicas ilustradas na figura 6, têm como matéria prima a argila, um


dos insumos mais antigos utilizados na construção. A produção desse tipo de telha
teve início quando surgiram os conhecimentos a respeito da queima de argila, onde
19

começaram a produzir utensílios a partir dessa matéria prima e só em 1841 foi dado
início a produção das telhas cerâmicas de encaixe como conhecemos hoje, inventada
pelos irmãos Gilardon d'Altkirche, franceses, da Alsácia (MARGON, 2007).
Ainda bastante utilizada na construção civil, principalmente em residências e
construções antigas, as telhas cerâmicas de encaixe exigem uma inclinação mais
íngreme, tendo sua inclinação mínima em torno de 30°, variando de acordo com o tipo
modelo da telha e do fabricante.
A escolha desse tipo de telha deve levar em consideração sua carga elevada,
por se tratar de um material que pode chegar em média a 45 kg/m², demandar uma
quantidade de elementos estruturais maior em relação aos outros tipos de telhas
conforme ilustra a figura 7, e sua resistência mecânica é relativamente baixa em
relação as outras telhas utilizadas no mercado da construção civíl.

Figura 7 - Estrutura para telha canal

Fonte: TopTelhas (2016)

Por ser uma das soluções mais antigas quando se fala em telhado, não é
requerido para sua linha de montagem uma mão de obra especializada e possui
também uma facilidade de manutenção, visto que as peças do telhado podem ser
facilmente retiradas e recolocadas em caso de danos ou perda de desempenho do
material.
20

4.4 Calhas e rufos


A NBR 10844 define a calha como sendo o elemento que recolhe a água de
coberturas, terraços e similares e a conduz a um ponto de destino, podendo ser do
tipo água-furtada, de beiral ou de platibanda. Também é definido pela mesma norma
que o elemento de calha obedeça aos requisitos mínimos de funcionalidade.
 Recolher e conduzir a vazão de projeto até locais permitidos pelos dispositivos
legais;
 Ser estanque;
 Permitir a limpeza e desobstrução de qualquer ponto no interior da instalação;
 Absorver os esforços provocados pelas variações térmicas a que estão
submetidas;
 Quando passíveis de choques mecânicos, ser constituídas de materiais
resistentes a estes choques;
 Nos componentes expostos, utilizar materiais resistentes às intempéries;
 Nos componentes em contato com outros materiais de construção, utilizar
materiais compatíveis;
 Não provocar ruídos excessivos;
 Resistir às pressões a que podem estar sujeitas;
 Ser fixadas de maneira a assegurar resistência e durabilidade
 O rufo por sua vez possui a função de impedir a penetração da água através
da união entre telhas e paredes ou platibanda, não conduz volume de água
semelhante à calha, mas tem grande contribuição na eficiência do sistema de
cobertura.
Conforme a NBR 15575:2013 define, um sistema de cobertura é um conjunto
de elementos que são dispostos no topo da construção com a função de assegurar às
águas pluviais estanqueidade e proteger os demais elementos da edificação da
deterioração por agentes naturais, além de contribuir de maneira positiva para o
conforto termoacústico do local.
Sendo assim os diversos tipos de materiais e suas aplicabilidades, visam
atender os requisitos mínimos de desempenho normalizado e além disso atender as
demandas da edificação nas suas especificidades quanto a variação de temperatura,
grau de agressividade de agentes de degradação, exposição à radiação, índices
pluviométricos, entre outros fatores.
21

Entre outras funções cumpridas pelas calhas e rufos também é possível


destacar a proteção do reboco externo da edificação, evitar rachaduras e corrosões
nas fundações, já que encaminham a água para a captação da rua e impedir a
umidade nas paredes, o que causa estragos e bolhas na pintura. Entretanto, há
controvérsias em relação à utilização das calhas. Algumas pessoas acreditam que
esse material é imprescindível para o bom escoamento e encaminhamento da água
da chuva, já outras preferem os telhados sem calhas, porque demandam menos
manutenção. Junior (2014) ressalta, ainda, que para dispensar o uso de calhas, o
telhado não deve estar muito alto em relação ao terreno, isso evita respingos
excessivo e prejudica o acabamento das paredes da construção junto ao chão. É
necessário ter uma área de drenagem e captação da água da chuva (de preferência
com pedriscos) para receber a água que vai cair direto de toda a extensão do telhado,
complementa.

4.4.1 Calha em fibra de vidro

Figura 8 - Calha em fibra de vidro

Fonte: Cardivem (2007)

As calhas em fibra de vidro apresentam uma boa resistência e tem ganho o


mercado, principalmente na região nordeste pela sua resistência ao meio agressivo e
propício à corrosão.
22

A fibra de vidro possui vantagens em relação aos outros tipos de calha por ser
um material leve, reduzindo as cargas dos elementos de cobertura, pode ser moldada
de acordo com a necessidade do projeto, por ser um material artesanal feito a mão,
não se limita a medidas estipuladas pelo mercado.
Outra grande vantagem da fibra de vidro é a possibilidade de efetuar
manutenções em caso de queda de desempenho ou algum dano causado ao material,
fazendo com que mesmo que ela inicialmente tenha um custo elevado em relação a
outros tipos de calhas, sua manutenção torna-se mais barata, permitindo que se faça
intervenções pontuais em locais que apresentem problemas.
 Algumas vantagens da utilização da calha de fibra de vidro são:
 Resistência à corrosão;
 Alta capacidade de isolamento térmico e elétrico;
 Baixa degradabilidade;
 Resistência à radiação ultravioleta;
 Leveza, que auxilia no transporte e aplicação;
 Baixo custo de mão de obra e manutenção.
 Possibilidade de reparar danos

4.4.2 Calha metálica

Figura 9 - Calha metálica

Fonte: Mega Nordeste (2022)

As calhas feitas de materiais metálicos ilustrado na figura 9 são muito comuns


nas edificações, geralmente em zinco, podendo também ser produzida em chapa
23

galvanizada, alumínio ou cobre, a calha metálica pode apresentar um comprimento


comercial de 1 a 3 metros, sempre de acordo com a necessidade do consumidor e da
sua demanda. Esse tipo de calha é fabricado de forma manual ou por maquinário,
utilizado chapas metálicas e realizando as dobras de acordo com as necessidades da
coberta. Sua aplicação se dá por processo de montagem encaixando peça sobre peça
com um transpasse entre partes, sempre observando para que a peça do nível mais
alto da calha sobreponha a peça subsequente no sentido do fluxo da água.

4.4.3 Calha em concreto

As calhas de concreto ilustrado na figura são geralmente utilizadas em


coberturas que possuem lajes, onde se utiliza como base a própria estrutura. Esse
tipo de calha comumente é composto de sub-base de concreto armado com piso de
regularização, bordas laterais em alvenaria com embolso de regularização e tem toda
sua superfície impermeabilizada com algum tipo de impermeabilizante flexível.

Figura 10 - Calha em concreto sobre laje

Fonte: Byalacity.ru (2016)

As calhas em concreto são muito resistentes em comparação a outros materiais


utilizados para esta finalidade, por não necessitar de muitos cuidados em relação a
queda de desempenho do material.
24

Os principais cuidados a serem tomados são quanto ao dimensionamento,


prevenção de fissuras, limpeza e impermeabilização.

4.4.4 DIMENSIONAMENTO DE CALHAS

O dimensionamento de calha segundo NBR 10844:1989 deve ser realizado de


modo que as calhas de beiral e platibanda devem, sempre que possível, ser fixadas
centralmente sob a extremidade da cobertura e o mais próximo desta. A inclinação
das calhas de beiral e platibanda deve ser uniforme, com valor mínimo de inclinação
de 0,5%.
As calhas de água-furtada têm inclinação de acordo com o projeto da cobertura.
Quando a saída não estiver colocada em uma das extremidades, a vazão de projeto
para o dimensionamento das calhas de beiral ou platibanda deve ser aquela
correspondente à maior das áreas de contribuição. Quando não se pode tolerar
nenhum transbordamento ao longo da calha, extravasores podem ser previstos como
medida adicional de segurança. Nestes casos, eles devem descarregar em locais
adequados.
Em calhas de beiral ou platibanda, quando a saída estiver a menos de 4m de
uma mudança de direção, a Vazão de projeto deve ser multiplicada pelos coeficientes
da tabela 2.

Tabela 2 - Coeficientes multiplicativos de vazão de projeto

Fonte: Adaptado de NBR 10844 (1989)

Deve ser levado em conta para cálculo do dimensionamento de calha a vazão


de projeto a ser utilizada, a área de seção molhada, em m², o coeficiente de
rugosidade do material que será utilizado para produzir o elemento, o raio hidráulico,
o perímetro molhado e a declividade.
25

A durabilidade da calha de uma edificação pode interferir também na


durabilidade global da construção, principalmente em casos de edifícios de estrutura
metálica e de madeira que sofrem maior dano quando em contato direto com a água.
Por este motivo é de extrema importância garantir que a execução da calha irá garantir
proteção aos elementos inferiores e utilizar tecnologias e materiais de modo a dar
longevidade ao elemento.

4.5 Impermeabilização

Segundo a NBR 9575: 2010 a impermeabilização é o conjunto de operações e


técnicas construtivas, compostos por uma ou mais camadas, que tem por finalidade
proteger as construções contra a ação deletéria de fluidos, de vapores e da umidade.

Figura 11 -Forte São Marcelo em Salvador - BA

Fonte: Tripadivisor.com.br (2017)

O uso de impermeabilização no Brasil iniciou no período da colonização com


os portugueses para proteção dos fortes em contato com o mar. Um exemplo do uso
de impermeabilização da época é o Forte de São Marcelo ilustrado na figura 11,
localizado na cidade de Salvador (Bahia), a técnica consistia no uso de óleo de baleia
misturado com cal e areia para gerar uma argamassa com resistência e baixa
permeabilidade, visto que era comum na época o uso da construção feita de pau-a-
pique ( barras de madeira prensadas com barro) ou ainda construções com blocos de
26

tijolos de barro cru. Materiais que necessitavam de proteção contra a percolação de


água. (POZZOLI,1991)
Desde então já era perceptível que o sistema de impermeabilização mesmo
ainda sem os avanços tecnológicos empregados atualmente, contribui com proteção
dos materiais que não possuíam resistência ou tinham suas propriedades de
resistência afetadas quando em contato com a água, logo, mesmo não sendo
constituída de materiais de função estrutural, se fazia de extrema importância para
garantir a eficácia e o prolongamento da vida útil dos materiais empregados na
construção.
A partir do século XIX, o Brasil toma conhecimento das impermeabilizações
metálicas, confeccionadas com chapas de cobre. Este tipo de impermeabilização,
bastante empregado na Europa em grandes obras, persistiu aqui no Brasil nas
primeiras décadas do século XX. Exemplos típicos são os teatros municipais do Rio
de Janeiro e de São Paulo (POZZOLI, 1991).
Picchi (1986) refere-se que, na década de 60, começou o emprego dos
sistemas impermeabilizantes com elastômeros sintéticos de neoprene e
hypalon em solução. Nesse mesmo período houve um sensível aprimoramento das
emulsões asfálticas, fruto do desenvolvimento do estudo da petroquímica.
Storte (2014) pontua a falta ou falha na impermeabilização como uma forma de
acelerar o processo degradativo da construção, de mesmo modo que a sua boa
funcionalidade pode prolongar a vida útil da mesma e prevenir o surgimento de
manifestações patológicas oriundas da constante presença de água e da penetração
de agentes agressivos nos materiais utilizados.
Sendo assim a impermeabilização torna-se parte essencial da construção,
também por se tratar de uma das etapas com maior custo-benefício, onde pode vir a
custar em média 3% do custo total da edificação segundo VEDACIT (2010) e os
transtornos causados pela sua falta ou falha em seu sistema de atuação podem vir a
gerar custos elevados, em alguns casos até inviabilizando uma intervenção corretiva.
27

4.5.1 Projeto de impermeabilização

Segundo a NBR 9575 (2010) projeto de impermeabilização é o conjunto de


informações gráficas e descritivas que definem integralmente as características de
todos os sistemas de impermeabilização empregados em uma dada construção, de
forma a orientar inequivocamente a produção deles.
O projeto de impermeabilização compõe a gama de projetos necessário para a
construção e é tão importante como um projeto arquitetônico, de instalações ou
qualquer outro. A prática de executar impermeabilização mediante projeto é muito
negligenciada no mercado de trabalho, seja por falta de planejamento ou redução de
custos. Isso implica numa crescente de patologias causadas por falhas no sistema de
impermeabilização.
Na concepção do projeto deve-se levar em conta o elemento que será afetado,
de que forma será afetado, seja por águas pluviais, capilaridade, água de algum
funcionamento da própria edificação. Análise correta juntamente com a indicação
devida do sistema de impermeabilização a ser empregado, irá evitar uma série de
patologias comumente vistas nas edificações.
Citando Arantes (2007) um dos maiores erros na aplicação da
impermeabilização decorrem da montagem incorreta do sistema isso pode ser
causado por vícios construtivos e práticas errôneas difundidas na construção civil,
mas é comum acontecer por não haver um projeto de especificação do sistema de
impermeabilização como ilustra a figura

Figura 12 - Especificação de camadas do sistema de impermeabilização

Fonte Cetimpe (2012)


28

A definição de cada etapa da execução segundo projeto isenta a negligencia de um


desses processos importantes e a execução de cada etapa de acordo com os parâmetros
indicados no projeto é o que irá garantir que se obtenha o desempenho máximo esperado. A
tabela mostra um resumo dos processos, bem como seus elementos constituintes.

Tabela 3 - Etapas do processo de impermeabilização

Fonte: Editado de Freire (2007)

4.5.2 Impermeabilização rígida

A NBR 9575 (2003) define impermeabilização rígida como o conjunto de


materiais aplicáveis nas partes da edificação que não estão sujeitas a fissuração. A
tabela 4 apresenta alguns locais de aplicação para a impermeabilização rígida.

Tabela 4 - Aplicação de impermeabilização rígida

Fonte: Adaptado de Andrade (2019)


29

A impermeabilização rígida é normalmente realizada através de uso de


argamassa ou de aditivo para argamassa impermeabilizante e concreto (cimentos
poliméricos e cristalizantes), ou misturas especiais aplicadas na forma de pinturas
(resina epóxi), sendo produtos de natureza mineral ou inorgânica, capazes de reduzir
a permeabilidade desses sistemas. Como são menos resistentes a vibrações e
movimentos, suas aplicações são recomendadas para as partes mais estáveis como
mostra a figura 13 e menos propensas a trincas e fissuras da edificação, como
fundações, pisos internos, contenções e piscinas enterradas (HUSSEIN, 2013).

Figura 13 - Aplicação de impermeabilização de manta liquida

Autor: Fibersals (2022)

4.5.3 Impermeabilização flexível

A NBR 9575 (2003) define impermeabilização flexível como o conjunto de


materiais ou produtos aplicáveis nas partes construtivas sujeitas a fissuração. Podem
ser aplicadas em estruturas sujeitas a variações térmicas diferenciadas e/ou grandes
vibrações, cargas dinâmicas, recalques e/ou forte exposição solar. A tabela 5
apresenta alguns locais de aplicação.
30

Tabela 5 - Locais de aplicação

Fonte: Adaptado de Andrade (2019)

Esse tipo de impermeabilização destina-se a estruturas flexíveis, atendendo às


demandas que o sistema rígido não pode ser aplicado. Podendo ser aplicado com
camada única ou múltiplas camadas, podendo ser necessário em alguns casos a
estruturação para maior resistência aos esforços mecânicos.
São diversos os tipos de impermeabilizações flexíveis aplicadas no mercado
com destaque para as mantas poliméricas de PVC ou a manta asfáltica que é uma
das soluções de impermeabilização bastante utilizada por ser de fácil execução como
mostra a figura 14.

Figura 14 - Aplicação de manta asfáltica em platibanda

Fonte: Autoria própria (2022)

4.6 Manutenção

De acordo com a NBR 5674:2012, considera-se manutenção o conjunto de


atividades a serem realizadas para conservar ou recuperar a capacidade de
funcionamento da edificação e suas partes constituintes de atender as necessidades
31

e a segurança dos usuários, e podem ser realizadas tanto na fase de pré-construção


como na de pós-construção.
Segundo o pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de
São Paulo (IPT), engenheiro, THOMAZ (2013) diz que é um erro pensar que uma
construção será eterna sem qualquer tipo de intervenção para corrigir o desgaste que
os sistemas construtivos apresentam ao longo da vida útil.
Logo a edificação passa por duas etapas fundamentais, construção e utilização.
Ao longo da construção pode-se prever, eliminar e mitigar problemas, seguindo os
padrões normativos da construção brasileira, fazendo uso de técnicas conceituadas
no mercado, utilizando materiais de qualidade e executando com boa mão de obra
sob supervisão de profissional qualificado. Porém, ainda que a construção seja
finalizada em perfeito estado de funcionamento, problemas podem surgir durante a
utilização. Devido ao desgaste natural dos materiais empregados, má utilização ou
danos causados pelos usuários é inevitável que surjam manifestações patológicas na
edificação.
Monchy (1991), afirma que o termo "manutenção" é originado de vocábulo de
uso militar em contexto de combate, cujo sentido era "manter, nas unidades de
combate, o efetivo e o material num nível constante".
A NBR 5674 (ABNT 2012), também destaca que as edificações agregam
valores de cunho social fundamental e devem ser construídas de modo a atender os
usuários durante um longo período, e ao longo deste tempo, devem apresentar
condições adequadas ao uso que se destinam, resistindo aos agentes ambientais e
uso que alteram suas propriedades técnicas iniciais.
Gomide (2011) explica que um edifício possui materiais e componentes que
formam elementos, e que por sua vez formam os sistemas e a integração de todos os
sistemas constituintes irá resultar na durabilidade total do edifício. Entende-se que a
conservação de um edifício está ligada à conversação desses sistemas prediais, já
que eles sofrem processos de deterioração de forma diferenciada
A manutenção, portanto, é um mecanismo responsável por garantir que o
material ou elemento construtivo atue com desempenho aceitável por maior período,
mantendo em estado de conservação. Também é responsável por corrigir algum
componente ou material que apresente defeito, avarias ou queda de desempenho
técnico.
32

4.6.1 Inspeção predial

A ABNT NBR 16747 deve ser aplicada às edificações de qualquer tipologia,


públicas ou privadas, e estabelece conceitos, diretrizes e procedimentos relativos à
inspeção predial, uniformizando a metodologia a ser empregada nessa atividade, e
definindo, inclusive, as suas etapas mínimas.
A inspeção predial, conforme definida nesta Norma, consiste em uma avaliação
global da edificação, observando-se, por exemplo, o seu estado de conservação e a
conformidade da sua manutenção com a ABNT NBR 5674. Dependendo do porte e
da complexidade da edificação, esta atividade poderá envolver uma equipe
multidisciplinar de profissionais habilitados (arquitetos, engenheiros civis, eletricistas,
mecânicos etc.).
Aliado a ela temos a NBR 14037:2014 (Diretrizes para elaboração de manuais
de uso, operação e manutenção das edificações – Requisitos para elaboração e
apresentação dos conteúdos), que tem como objetivo estabelecer os requisitos
mínimos para elaboração e apresentação dos conteúdos a serem incluídos no manual
de uso, operação e manutenção, o qual deve ser elaborado pelo construtor.
Para que se possa haver uma prevenção ou intervenção em uma edificação é
necessário avaliar o estado de conservação e condições de desempenho técnico,
essa avaliação é realizada assim como de um ser humano, buscando através de
manifestações, identificar problemas ou preveni-los através de atividades de
manutenção.
O IBAPE/SP (2012) define inspeção predial como a análise isolada ou
combinada das condições técnicas, de uso e de manutenção da edificação, tendo
como objetivo identificar o estado geral da edificação e de seus sistemas construtivos,
observados os aspectos de desempenho, funcionalidade, vida útil, segurança, estado
de conservação, manutenção, utilização e operação, consideradas às expectativas
dos usuários de forma sistemática, como ilustra o fluxograma na figura 15.
33

Figura 15 - Fluxograma de programa de inspeção predial

Fonte: Editado de IBAPE (2014)

Também temos a definição na norma de Manutenção de edificações NBR 5674


(1999) inspeção como a avaliação do estado da edificação e de suas partes
constituintes, realizada para orientar as atividades de manutenção. Em sua
atualização em 2012 completa dizendo que esse tipo de procedimento deve obedecer
a um intervalo de tempo previsto no manual do programa de manutenção e seguir um
roteiro de forma ordenada para que se possa registrar corretamente o relatório da
inspeção realizada.
O resultado de um relatório de inspeção segundo a NBR 5674 (2012) deve:
- Descrever a degradação de cada sistema, subsistema, elemento ou
componente e equipamento da edificação;
- Apontar e, sempre que possível, estimar a perda de seu desempenho;
- Recomendar ações para minimizar os serviços de manutenção corretiva; e
- Conter prognósticos de ocorrências.
- Para realização das inspeções prediais é necessário se valer de um modelo
de relatório que direcione a rotina de inspeção, passa isso podemos adotar a
classificação da norma de inspeção do IBAPE/SP que divide os graus de risco em três
níveis sendo:
Crítico: Quando pode causar risco a segurança e saúde do usuário, perda de
desempenho e funcionalidade podendo causar paralisação, aumento do custo da
manutenção e interferência da vida útil.
34

Médio: Risco de provocar a perda parcial de desempenho e funcionalidade da


edificação sem prejuízo à operação direta de sistemas, e deterioração precoce.
Mínimo: Risco de causar pequenos prejuízos à estética ou atividade
programável e planejada, sem incidência ou sem a probabilidade de ocorrência dos
riscos críticos e regulares, além de baixo ou nenhum comprometimento do valor
imobiliário.
O nível de classificação da inspeção é dado segundo a complexidade para se
chegar a uma conclusão do laudo, considerando as características técnicas da
edificação, manutenção e operação existente e necessidade de formar um corpo uma
equipe de diversificados níveis de conhecimento técnico. Para isso utilizamos o
sistema de classificação do IBAPE/SP, que classifica em três níveis:
Nível 1: Inspeção Predial realizada em edificações com baixa complexidade
técnica, de manutenção e de operação de seus elementos e sistemas construtivos.
Normalmente empregada em edificações com planos de manutenção muito simples
ou inexistentes.
A Inspeção Predial nesse nível é elaborada por profissionais habilitados em
uma especialidade
Nível 2: Inspeção Predial realizada em edificações com média complexidade
técnica, de manutenção e de operação de seus elementos e sistemas construtivos,
de padrões construtivos médios e com sistemas convencionais. Normalmente
empregada em edificações com vários pavimentos, com ou sem plano de
manutenção, mas com empresas terceirizadas contratadas para execução de
atividades específicas como: manutenção de bombas, portões, reservatórios de água,
dentre outros.
A Inspeção Predial nesse nível é elaborada por profissionais habilitados em
uma ou mais especialidades.
Nível 3: Inspeção Predial realizada em edificações com alta complexidade
técnica, de manutenção e operação de seus elementos e sistemas construtivos, de
padrões construtivos superiores e com sistemas mais sofisticados. Nesse nível de
inspeção predial, obrigatoriamente, é executada na edificação uma Manutenção com
base na ABNT NBR 5674. Possui, ainda, profissional habilitado responsável técnico,
plano de manutenção com atividades planejadas e procedimentos detalhados,
35

software de gerenciamento, e outras ferramentas de gestão do sistema de


manutenção existente.
A Inspeção Predial nesse nível é elaborada por profissionais habilitados e de
mais de uma especialidade.

4.6.2 Manutenção preventiva

A manutenção preventiva segundo previsto pela NBR 5674 (1999) visa prevenir
de forma que assegure a preservação do desempenho e do valor das edificações ao
longo do tempo. O sistema de manutenção da edificação deve ser previsto deve ser
previsto pela empresa ou responsável técnico atendendo às seguintes condições:
Assessorar o proprietário nas decisões sobre a manutenção da edificação,
inclusive na organização do sistema de manutenção;
Providenciar e manter atualizados os registros da edificação;
Realizar as inspeções na edificação, apresentando relatórios periódicos sobre
suas condições, identificando e classificando os serviços de manutenção necessários;
Preparar previsões orçamentárias
Realizar ou supervisionar a realização de projetos e a programação dos
serviços de manutenção,
Realizar ou assessorar o proprietário na contratação de serviços de terceiros
para a realização da manutenção da edificação, quando for o caso.
Coelho (2016) corrobora dizendo que a manutenção é direcionada a fim de
obter alguns objetivos, sendo estes: assegurar que os edifícios e sua utilidade
continuem em uma condição segura; garantir as condições desempenho técnico de
determinado edifício; executar ações que sejam necessárias para manter o valor físico
dos edifícios; manter a qualidade do edifício.
Boto (2014) ressalta que a manutenção preventiva está aliada a um
planejamento de intervenção que define os períodos das manutenções de maneira a
diminuir o número de operações e por consequência os custos associados a este tipo
de manutenção.
Em países de primeiro mundo, a prática de manter o mobiliário em boas
condições de uso e contratar empresas para realizar inspeções prediais e elaborar
plano de manutenção é algo comum e rotineiro. (NEVES; BRANCO, 2009)
36

Temos, portanto, a manutenção preventiva como uma ferramenta para a


garantia da funcionalidade e durabilidade da edificação, tratando previamente locais
possivelmente frágeis e suscetíveis a eventuais problemas. Além disso, uma boa
execução da rotina de manutenção gera diversos benefícios à uma edificação, dentre
eles está a valorização do imóvel no mercado imobiliário, a garantia de segurança,
conforto e otimização do tempo de trabalho (VILLANUEVA, 2015).

4.6.3 Manutenção corretiva

Relembrando as palavras de Thomaz (2013) É um erro achar que uma


construção será eterna sem haver qualquer tipo de intervenção para corrigir o
desgaste que os sistemas construtivos apresentam ao longo da sua vida útil.
(JOHN, 2006) corrobora afirmando que tudo que produzimos possui uma
depreciação, seja por desgaste devido ao uso, por influências de condicionantes
físicas e naturais do meio ambiente, por reações químicas, por agentes biológicos,
intervenções do usuário, etc. Este processo de depreciação processa-se durante um
período de tempo (entre a produção do artefato até sua obsolescência) o qual se pode
chamar de vida útil.
Esse tipo de demanda é gerado por solicitação do usuário, após verificar a
aparição de alguma anomalia na edificação. Isto implica dizer que os esforços
aplicados para essa atividade e as complicações que envolvem a resolução deste tipo
de problema são maiores. Conforme afirma Bonim (1988) esse tipo de manutenção
costuma demandar esforço técnico e administrativo maior, e mesmo assim torna-se
improdutivo, por muitas vezes se tratar de uma interferência no funcionamento.
Em relação aos custos necessários para intervenção de correção é possível
notar que esse tipo de manutenção possui um custo elevado em relação a
manutenção preventiva é muito maior que o custo da execução em si. Sistter (1983)
trabalha essa ideia com um fator de degradação em função do tempo, onde quanto
mais o tempo passa maior a degradação e consequentemente maior é o custo para
execução das ações, numa escala múltipla de 5 como está representado no gráfico
na figura 16.
37

Figura 16 - Gráfico de aumento de custo em função do aumento da corrosão x


tempo

Fonte: Sistter (1983)

Deste modo a manutenção corretiva tem por função intervir quando uma
construção, elemento ou objeto está próximo ou já atingiu seu nível de desempenho
mínimo exigido, fazendo com que retorne a funcionar acima dos padrões mínimos de
desempenho.

4.7 Manifestações patológicas

Segundo HELENE (1992) "a patologia pode ser entendida como a parte da
engenharia que estuda os sintomas, os mecanismos, as causas e origens dos defeitos
das construções civis, ou seja, é o estudo das partes que compõem o diagnóstico do
problema".
A aparição de problemas patológicos nem sempre é definida por um único fator,
podendo ser proveniente de dois ou mais fatores, que podem ocorrer em diversas
fases da edificação, seja no planejamento, projeto, execução ou até mesmo no uso.
Dentre as várias causas podemos elencar as mais comuns como:
- Deficiência na avaliação da resistência do solo;
- Má definição das cargas atuantes ou da combinação mais desfavorável delas;
- Deficiência no cálculo da estrutura;
- Detalhamento insuficiente ou errado dos projetos;
- Falta de compatibilidade entre os projetos, principalmente entre o estrutural e
arquitetônico;
38

- Especificação inadequada de materiais ou uso de materiais com propriedades


diferente do especificado;
- Mão de obra desqualificada;
- Falta de fiscalização da execução;
- Má qualidade de materiais e componentes;
- Falta ou falha na Inspeção e rotinas de manutenção (preventiva e corretiva);
- Cargas acidentais ou solicitações de esforços maiores que a resistência do
material utilizado.
As patologias relacionadas à coberta são comumente identificadas pela
presença de água, seja como manchas nas paredes, pingos, formação de poças ou
presença de bolor causado por umidade. Em alguns casos essa manifestação pode
se manter ativa sem ser notada, quando a água que permeia os elementos de coberta
escoa internamente pelos demais elementos das edificações, nesses casos é
necessária uma avaliação mais cautelosa da situação para se chegar ao diagnóstico.
Os elementos de cobertas são expostos a condições climáticas diversas e
possuem contato direto com agentes degradadores, assim como as fachadas. Por ter
a extrema necessidade de se manter estanque, pode ser um causador de uma
situação caótica, em casos, por exemplo, de uma coberta de um edifício de estrutura
metálica com pontos de infiltração, podem acarretar a redução da durabilidade da
estrutura, pela presença constante de água em contato com o aço da estrutura,
afetando o funcionamento global da edificação.
Assim como qualquer outro sistema que compõem uma edificação, o sistema
de cobertura também está passível de sofrer com a presença de patologias que
possam surgir durante a vida útil dela, comprometendo assim, seu nível de
desempenho requerido. Fissuras ou rachaduras, queda de desempenho do material,
escolha de material inadequado, deformação acidental ou por sobrecarga, falta de
acompanhamento da execução e mão de obra não qualificada são algumas das
possíveis causas de surgimento de problemas em cobertas.
39

4.7.1 Fissuras, trincas e rachaduras

É comum em edificações a presença de trincas, fissuras ou rachaduras, seja


ela de grande ou pequeno porte. As fissuras por si só geralmente não são o problema,
mas sempre aponta para a presença de alguma patologia na edificação que pode
estar relacionada a recalque, dilatação térmica, resistência mecânica do material,
problemas estruturais, movimentação da edificação, entre outros fatores que
provocam um esforço maior que a resistência do material, causando uma divisão em
escala relativa à força solicitante, que pode ser classificada de acordo com a tabela 6:

Tabela 6 - Classificação de fissuras, trincas e rachaduras

Autor: Editado de Décio Fernandes (2016)

Nos casos de presença de fissuras, trincas ou rachaduras em elementos de


cobertura, além da patologia por trás dessa manifestação deve considerar a própria
fissura por menor que seja como um ponto de possível causa de infiltração, visto que
os elementos de coberta têm por função primordial manter o edifício estanque.
40

Figura 17 - Rachadura entre algeroz e platibanda

Fonte: Lucas Nobrega (2018)

Esse tipo de situação fragiliza a capacidade da coberta de ser impermeável.


Portanto, ainda que grande parte dos elementos de coberta apresentem desempenho
suficiente, quanto à impermeabilização a presença de uma fissura em um destes
elementos pode proporcionar a presença de umidade dentro da edificação, devido a
capacidade da água de infiltrar-se, mesmo em microfissuras.

4.7.2 Queda de desempenho

Durante uma aplicação de inspeção em uma edificação, um fator primordial que


é usado como "termômetro" para classificar o grau de risco da situação é o
desempenho do material empregado. Como falado por THOMAZ (2013) não se pode
pensar na construção, como sendo eterna sem qualquer tipo de intervenção para
corrigir o desgaste que os sistemas construtivos apresentam ao longo da vida útil.
Para Sarja e Vesikari (1996), o termo “durabilidade” pode ser expresso como a
capacidade de um edifício, componente, estrutura ou produto garantir um
desempenho mínimo em um determinado tempo, sob a influência de agentes
agressivos.
Todo material após sua fabricação já inicia seu processo de queda de
desempenho e isso não se refere apenas prazo de validade, mas que produtos mesmo
quando aplicados corretamente, ainda assim irão ter seu desempenho diminuído de
41

forma gradativa com o passar do tempo. Esse processo pode ser acelerado por causa
de uso inadequado, ambiente de agressividade constante ao material, acidentes,
entre outros. Também pode ter seu efeito retardado com a identificação prévia do
início da queda de desempenho e aplicação da manutenção preventiva ou corretiva
quando possível.

Figura 18 - Expressão gráfica de queda de desempenho em função do tempo

Fonte: Lichtenstein (1985)

Como apresentado na figura 18 o desempenho decai naturalmente de acordo


com o tempo, as intervenções realizadas não evitam que haja o desgaste natural do
material, porém retarda o efeito da queda e prolonga a vida útil do material mantendo
dentro do desempenho mínimo aceitável.

4.7.3 Umidade ou infiltração

Este ocorre quando a água que não estava prevista para penetrar na edificação
consegue de alguma forma permear entre os materiais utilizados, apresentando
manchas escuras em alguns pontos onde se concentra a umidade conforme a figura
19. Quando relacionado a coberta pode estar ligado a problemas no desempenho dos
42

materiais, presença de fissuras, danos causados em algum material ou até mesmo a


falta de algum elemento de coberta.

Figura 19 - Manchas e desplacamento de reboco por infiltração

Fonte: Lucas Ramos (2019)

Evitar 100% a presença de umidade na edificação é praticamente impossível,


logo o objetivo é procurar meios que reduzam a ação da água de forma prejudicial às
construções com métodos de impermeabilização, fazendo com que o teor de água
nas estruturas se mantenha em níveis considerados satisfatórios e não prejudiciais
(EXTERCKOETTER; ZANCAN, 2018).
A umidade nas edificações pode ser notada através da presença de manchas
escuras nas paredes ou teto, conforme a figura x. A aparição desse tipo de
manifestação geralmente é o que alerta o usuário para a presença de um problema
dessa natureza.
Quando a presença de umidade em uma edificação é constante e em locais
pouco arejados o ambiente se torna propício para a proliferação de fungos, conforme
a figura 20, afetando a aparência da edificação, causando aceleração da queda de
desempenho dos materiais afetados e em muitos casos tornando o ambiente
insalubre, podendo vir a total interdição por impossibilidade de uso.
43

Figura 20 - Mofo em paredes causadas por infiltração

Fonte: Lucas Ramos (2019)

As infiltrações também afetam outros sistemas da edificação, como por


exemplo o funcionamento elétrico de uma construção pode ser interrompido por causa
de uma infiltração, dois tipos de problemas comuns de eletricidade que podem estar
relacionados a umidade como vemos na figura 21.

Figura 21 - Infiltração em quadro elétrico

Fonte: Autoria própria (2022)

- Curto-circuito: Quando a umidade ou água em contato com componentes


elétricos faz o contato direto entre o fase e neutro, isso faz com que a resistência
elétrica no circuito seja muito pequena e a corrente elétrica atinja uma velocidade
44

muito elevada. Esse aumento de velocidade causa uma grande liberação de energia
e, consequentemente, um superaquecimento dos condutores.
- Fuga de corrente: Ocorre quando por contato direto da água com
componentes elétricos ocorra um desvio no percurso normal da carga elétrica para
fora do circuito para um condutor de resistência menor que o circuito, podendo
ocasionar choque elétrico ou disparar o IDR (Interruptor Disjuntor Residual) caso
tenha.
Esses fatores de risco de presença de água em contato com os equipamentos
devem ser previstos segundo a tabela 7 da NBR 5410 (2008).

Tabela 7 - Fatores de risco de presença de água em instalações elétricas

Fonte: ABNT NBR 5410 (2008)

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Ficha de inspeção


Tipo de edificação: Galpão de estrutura metálica
Área construída: Aproximadamente 14,000m²
45

Idade da edificação: Aproximadamente 7 anos


Início das manifestações: No período construtivo

Figura 22 - Centro de distribuição de produtos

Fonte: Autoria própria (2022)

5.2 Histórico

Ainda durante a construção, apareceram as primeiras manifestações de


problemas na coberta, quando o período de chuva teve início, pôde-se perceber que
as três calhas metálicas, responsáveis por drenar a água pluvial, não eram suficientes
para conduzir o volume demandado, chegando a transbordar por diversas vezes. As
calhas também apresentavam vazamento nos pontos de emenda, mesmo antes de
apresentar qualquer sintoma de corrosão.
Diante disso, foi realizada uma intervenção de aumento de seção transversal
da calha central e aumento da seção das tubulações de queda das calhas laterais.
Para correção foi utilizado o mesmo tipo de material empregado anteriormente na
construção.
No decorrer do uso da edificação era comum em tempos de chuvas fortes
presenciar cenas de alagamento ao longo do galpão e em diversas vezes os
funcionários precisavam parar suas atividades para escoar a água como mostra a
figura 23.
46

Figura 23 - Funcionários secando o piso com uma mangueira

Fonte: Lucas Nobrega (2019)

O agravante nessa situação é que o galpão em questão tem extrema


necessidade de se manter estanque, pois se trata de um Centro de Distribuição de
produtos de uma empresa de varejo, que estoca materiais sensíveis ao contato com
a água e faz uso de máquinas e equipamentos elétricos.
As infiltrações trouxeram complicações aos processos operacionais e de
logística, visto que, com o aumento do volume da patologia, que passou a gerar pontos
de alagamento em diversos setores do edifício, alguns locais de trajeto de máquinas
precisaram ser interditados, além de que alguns produtos e embalagens foram
extraviados como mostra a figura 24, ou tiveram que ser relocados para evitar sofrer
danos, gerando assim, retrabalho e prejuízos com tempo de operação e mão de obra.
47

Figura 24 - Produtos danificados por vazamento de água

Fonte: Lucas Nobrega (2019)

A manutenção corretiva destinada a este tipo patologia nesta situação, visa não
apenas estender a vida útil e melhorar o funcionamento da edificação em si, mas
viabilizar atividades realizadas no local, evitar danos ao patrimônio, impactando nos
lucros da empresa, trazer saúde mental aos funcionários envolvidos no transtorno e
melhorar a produtividade dos dias trabalhados.

5.3 Avaliação de possíveis causas

A classificação do nível de inspeção realizada foi considerada como nível 2


segundo a Norma de inspeção da IBAPE/SP, por se tratar de diversos fatores a serem
levados em consideração para se chegar a um laudo, também pelo fato de que se viu
a necessidade de contratar mão de obra terceirizada para corroborar com a decisão
a respeito da origem do problema.
O processo de análise da patologia foi dirigido pelo engenheiro de manutenção
da empresa, dividido em etapas, para se chegar a uma solução eficaz para o
problema.
Na primeira etapa foi realizado uma vistoria dentro do galpão, tirando fotos dos
pontos onde se encontrava a presença de água no piso, como mostra a figura 25 e
associando aos elementos de coberta perpendicular a eles, dentre esses pontos,
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dividimos entre os locais que apresentavam apenas pingos em quantidade muito baixa
e locais que formavam grandes poças.

Figura 25 – Formação de poças por infiltração

Fonte: Lucas Nobrega (2019)

Os locais onde apresentava um vazamento de volume com volume elevado,


foram classificados como risco crítico, pontos prioritários a serem corrigidos, em
seguida dos que apresentavam acúmulo de água formando poças e por menos
prioritário os pontos que apenas pingavam.
Na segunda etapa realizamos uma vistoria na coberta pela parte superior,
onde visualmente detectamos possíveis pontos de infiltração em telhas, calhas, rufos
e capotes por quase toda região da coberta, dentre os problemas encontrados
podemos citar vazamentos por parafuso e emenda das telhas termoacústicas,
transbordamento de calha, brechas pontos de drenagem da calha, corrosão em
diversos pontos, principalmente nos locais em que a calha metálica estava em contato
direto com as terças da estrutura da coberta, deformação nos capotes e rufos, e
abertura entre as emendas dos mesmos.
Os pontos onde classificamos como os mais agravantes encontravam-se nas
calhas e rufos que segundo inspeção aplicada eram responsáveis por todos os pontos
de infiltração com volume excessivo, capaz de danificar os produtos estocados,
prejudicar a logística dos funcionários e em alguns casos inviabilizar as condições de
trabalho.
49

5.4 Estado de conservação e Prognóstico

Realizando a análise da coberta com o foco na calha, por ser o elemento de


maior impacto na causa da infiltração, apresentando diversos pontos de acúmulo de
água, de modo que os pontos de captação da calha encontravam-se nos níveis mais
altos, pontos de oxidação do metal em alguns lugares apenas na superfície, em outros
chegando a corroer a seção completa do metal e brechas visíveis nas emendas.
Tendo em vista que já havia sido aplicado anteriormente como primeira ação
preventiva como tentativa de conter as infiltrações proveniente das calhas uma dupla
camada de manta asfáltica, porém com vários pontos de falha na execução da
aplicação manta impermeabilizante, nos locais onde houve a união do metal com o
material impermeabilizante, pôde-se perceber a conservação do metal, porém em
80% da extensão da calha foi detectado a presença de água abaixo da camada de
impermeabilização que acelerou o processo corrosivo por manter o metal em
constante contato com a água. Outro fator observado é que os pontos de corrosão em
estágios mais avançados encontravam-se nos apoios da calha, onde o metal da calha
tinha contato direto com a estrutura metálica sem nenhum tipo de isolamento,
ocasionando um ponto propício à corrosão galvânica.
Outro agravante para a queda da capacidade de escoamento das calhas foi a
deformação gerada no sentido longitudinal, visto que elas ao longo do seu percurso
apoiavam-se acima dos pilares, formando uma espécie de “viga bi apoiada”, o seu
peso próprio aliado ao peso da água que percorria na calha, gerou um momento fletor
positivo na peça causando sua deformação. Além disso os pontos de escoamento
para os tubos de queda, foram locados próximos aos pilares e após a deformação da
peça ficaram no nível mais alto da peça como ilustra a figura 26.
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Figura 26 - Esboço de deformação por esforço de momento fletor nas calhas

Fonte: Autoria própria (2022)

O prazo estimado para o aumento da degradação da calha a foi de um ano,


visto que a seção do metal já estava comprometida em vários trechos do elemento e
os locais que ainda não haviam sido corroído a ponto de furar a calha já apresentavam
princípios de corrosão, isso aliado a presença de água constante devido a
deformação da calha e ao acúmulo de água que acumulava entre a camada as
camadas de manta e a calha, além de ser um local em que a edificação está
localizada, cerca de 1km de distância do litoral. Porém com necessidade de
intervenção urgente, por se tratar de um elemento que tem extrema necessidade de
permanecer estanque e já não correspondia com sua função.

5.5 Soluções

Diante do levantamento geral da inspeção realizada no sistema de coberta os


pontos críticos apontados estavam relacionados as calhas e seu estado de
conservação. Também podemos perceber que a impermeabilização com manta
asfáltica de forma geral não contribuiu para solução do problema, mas potencializou,
pois criou pontos de acumulo, a ponto de que a calha estava sempre com água. O
problema da impermeabilização da calha foi associado primordialmente ao método de
execução inadequado que foi aplicado o que não excluí a possibilidade de ter ocorrido
o descolamento da manta por dilatação térmica dos materiais.
O problema foi tratado de forma genérica sobrepondo as três calhas por
calhas de fibra vidro, pela sua maior resistência a corrosão, possibilidade de moldar
módulos de calhas maiores, redução do número de emendas e maior facilidade em
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executar manutenções pontuais, caso haja problemas futuros. Somado aos problemas
da calha os rufos também estavam deformados e com diversos pontos de corrosão
como mostra a figura 27 e 28.

Figura 27 - Corrosão em rufo metalizo

Fonte: Autoria própria (2022)

Figura 28 - Calha e rufo lateral da edificação

Fonte: Autoria própria (2022)

Nesse caso foi optado por moldar o rufo inteiriço com a calha como mostra a
figura 29, para evitar vazamento os vazamentos provenientes da degradação do rufo
e do vazamento entre os elementos.
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Figura 29 - Execução da calha rufo em fibra de vidro

Fonte: Autoria própria (2022)

No primeiro ponto crítico, o pilar ultrapassava a calha, interrompendo sua seção


como ilustra a figura 30. O a brecha entre a faze do pilar e o fundo da calha não
possuía nenhuma impermeabilização, além disso o sentido da queda da água não
seguia em direção ao ponto de escoamento da calha, a maior parte da água que caia
nesse trecho se direcionava ao pilar, provocando um grande vazamento.

Figura 30 - Esboço da calha lateral direita

Fonte: Autoria própria (2022)


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Esse trecho da calha foi moldado em loco para que a calha fosse laminada
direto na face do pilar, impedindo o vazamento no encontro dos dois materiais. Não
foi alterado a inclinação do nível da calha, mas para que não houvesse acumulo de
água próximo ao pilar, foi acrescentado dois pontos de captação de água
independentes do tubo de queda existente, aumentando a capacidade de escoamento
do trecho, a figura 31 ilustra a solução dada para esse trecho

Figura 31 - Esboço das intervenções realizadas

Fonte: Autoria própria (2022)

Nos outros trechos classificados com pontos críticos foi percebido que além
das infiltrações por causa da corrosão da calha, havia pontos de vazamento pelos
tubos de queda que estavam escoando a água sob pressão quando recebia um
volume grande de chuva, por vezes chegando a transbordar a calha por insuficiência
de vazão. Para isso foi necessário, além da troca da calha, aumentar a quantidade de
pontos de escoamento da calha, locando esses drenos no local de nível mais baixo
do trecho e aumentando o diâmetro do coletor horizontal, para que o sistema de
condução de água pluvial trabalhe com os condutos livres.

6 CONCLUSÃO
Diante disso podemos identificar que através da aplicação da inspeção
seguindo as instruções da norma do IBAPE/SP e NBR 5674, patologias relacionadas
a problemas de coberta e analisa-las de forma genérica, pensando no funcionamento
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global da edificação, e pontual, tratando os pontos críticos e reduzindo os problemas


causados a edificação como um todo devido à queda de desempenho dos elementos
de coberta.
Contudo, a realização da manutenção corretiva definida mediante o estudo do
caso, aliado ao estudo dos materiais e suas aplicações, foi eficaz para o plano de
contenção da patologia e desencadeou em um plano de manutenções preventivas,
onde algumas foram realizadas ainda durante a execução do plano de ação, à
exemplo do tratamento das terças metálicas do travamento da estrutura do platibanda,
que ao ser retirado a calha identificamos um princípio de processo corrosivo e
imediatamente foi realizado a aplicação de pintura de proteção anticorrosiva. Outras
manutenções necessárias para prolongar a vida útil das edificações foram elencadas
como a revisão das emendas de telhas e fixação dos parafusos, revisão dos rufos
frontais e de fundo e verificação da fixação e estado de conservação dos capotes.
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REFERÊNCIAS

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águas pluviais. Rio de Janeiro:1989.
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de Edifícios Residenciais. Rio de Janeiro, 2013.
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operação, uso e manutenção das edificações. Rio de Janeiro, 1998.
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edificações. Rio de Janeiro, 1980.
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impermeabilização. Rio de Janeiro, 2008.
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