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Resposta A Nota de Culpa
Resposta A Nota de Culpa
Advogada
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Carta Registada
Data: ______________
Assunto: Procedimento Disciplinar
Ex.mos Senhores,
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(________________) (_____________)
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Rua Doutor Francisco Duarte, 235, Lj. 14, 4715 - 017 Braga Tel.: 253 265 156 Fax: 253 140 958
Lídia Borralheiro
Advogada
Concretamente são lhe imputados atos violadores dos deveres expressamente previstos nas alíneas a),
c), e) e h), do n.º 1, do artigo 128.º do Código do Trabalho, e enquadrável no disposto no n.º 1, do artigo
351.º, do Código do Trabalho, bem como, cumulativamente, nas situações previstas nas alíneas b), c) e
i), do n.º 2, da mesma disposição legal.
Por não concordar integralmente com os factos que lhe vêm imputados e, por conseguinte, com a
sanção de despedimento com justa causa, o Trabalhador Arguido apresenta a sua defesa.
I – Dos Factos
1.1. Da Impugnação
1.º Admitem-se, por verdadeiros, os factos aduzidos nos artigos 1, 2, 9,16 e 17.
2.º Admite-se igualmente, por verdadeiro, o facto alegado no artigo 6, mas apenas na parte seguinte
«Independentemente de quem começou a discussão, ambos “chamaram nomes” um ao outro”.
3.º Já não se admite, a respeito deste artigo que se diga que ambos se agrediram mutuamente.
4.º Impugnam-se, por não serem verdadeiros, os factos alegados nos artigos 3 a 8 inclusive, 10 a
15 inclusive, 18 a 32.
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Lídia Borralheiro
Advogada
5.º Mais se impugna, especificadamente, o artigo 28 desta nota de culpa, quando se diz «violação
dolosa [de] diligência na realização do trabalho e na produtividade da empresa».
6.º Por sua vez, impugna-se igualmente e especificadamente o artigo 30, quando se diz
«traduzindo a violação dos deveres expressamente previsto nas alíneas c) e h), do n.º 1 do art.º
128.º do Código do Trabalho».
7.º Por fim impugna-se, também, o artigo 31, quando se diz “enquadrável (…) nas situações
previstas nas alíneas c) do n.º 2 da mesma disposição legal”.
8.º No âmbito do exercício da sua atividade profissional, o Trabalhador, no dia 12/07/2016 foi alvo
de uma brincadeira, cuja iniciativa terá partido do trabalhador Tiago Matos.
10.º Quando o Trabalhador se apercebeu do sucedido, tentou, junto dos seus colegas, obter a
entrega do seu casaco.
11.º Porém, numa atitude nada profissional, os colegas de trabalho gozaram com o Trabalhador.
15.º O Trabalhador ______________ tentou ainda dar um pontapé na zona púbica do Trabalhador
Arguido, o que não logrou por este último se ter protegido com as mãos.
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Lídia Borralheiro
Advogada
16.º Esta situação levou o Trabalhador Arguido a sentir necessidade de se defender quer das
agressões físicas quer das agressões do Trabalhador ______________.
17.º Perante o ataque físico do Trabalhador ______________o Trabalhador Arguido apenas reagiu
com palavras e em legítima defesa!!
19.º Também são do conhecimento directo da empresa outros episódios de elevada perigosidade e
violência do Trabalhador _____________ dentro das instalações da empresa, como a ameaça a
Colegas com o X-acto (como fez ao Trabalhador ___________), como a ameaça de riscar e
incendiar todos os carros dos restantes trabalhadores que se encontrassem estacionados à
porta da empresa...
20.º O Trabalhador Pedro violou os deveres dos Trabalhadores, como o de zelo, diligência,
urbanidade ao ameaçar e agredir de forma voluntária e deliberada o Trabalhador Arguido que
caiu no chão e que levou um pontapé entre pernas, perante todos os Colegas, mas que devia ter
permanecido na sequência deste ataque calmo e quieto para violar os deveres dos
Trabalhadores no local de trabalho!
23.º O Trabalhador ______________ ainda conseguiu pegar num apanhador de lixo em chapa, para
com ele bater novamente no Trabalhador Arguido!
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Lídia Borralheiro
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26.º Ora, assim sendo, não se pode aceitar que se diga que os restantes trabalhadores tenham
ficado nervosos.
27.º Esta situação ocorreu precisamente e como bem se diz na nota de culpa, no momento da troca
de turnos, pelo que não se admite que se diga que esta situação obrigou os restantes
trabalhadores a abandonar os seus postos de trabalho para ocorrer à situação.
28.º Por outro lado, havia máquinas que se encontravam paralisadas em virtude da sua avaria.
29.º Nestes termos, não se admite que se diga que os trabalhadores tiverem de parar as máquinas
do setor para tentar acalmar os dois colegas.
30.º Atento o exposto, não se pode concluir que o sucedido possa ter perturbado o normal
funcionamento do trabalho, uma vez que os trabalhadores ainda estavam a trocar de turnos e
havia máquinas avariadas.
31.º Conforme bem se refere no artigo 27 da nota de culpa, o Trabalhador Arguido é normalmente
calmo.
32.º Apenas naquele dia, depois de enxovalhado perante todos os Colegas e de agredido, é que
ficou muito nervoso e a tremer muito.
33.º O Trabalhador Arguido nunca se viu envolvido numa situação deste género.
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Lídia Borralheiro
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34.º Este trabalhador, atenta a sua postura exemplar ao longo de todo o tempo em que prestou a sua
atividade na empresa, começou por prestar o seu trabalho ao abrigo de um contrato de trabalho
temporário, com duração de três meses.
35.º Entretanto, o Trabalhador Arguido ficou até hoje na empresa, por se mostrar uma mais valia para
a mesma.
36.º Se este trabalhador não tivesse uma postura correta e não fosse um bom profissional, tal nunca
teria ocorrido.
37.º Para além de executar as suas tarefas de forma exemplar, é um trabalhador assíduo e pontual.
38.º Do mesmo modo, é respeitador dos seus colegas de trabalho, superiores hierárquicos e demais
pessoas com que diariamente comunica no âmbito da sua atividade profissional.
39.º Nunca se tendo registado qualquer situação semelhante à que ocorreu em 12/07/2016.
40.º Ao contrário do alegado por V.as Ex.as, não se encontra violado o disposto na alínea c) do n.º 1
do artigo 128.º do Código do Trabalho.
41.º Conforme supra enunciado, o Trabalhador Arguido sempre procedeu à realização do seu
trabalho com zelo e diligência.
42.º Aliás, se assim não fosse, não estaria até à data da sua suspensão a desempenhar funções na
empresa.
43.º Para além disso, o acontecimento isolado e sem exemplo que aconteceu na data referida não
colocou, de forma alguma, em causa o trabalho prestado pelo trabalhador até então.
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Lídia Borralheiro
Advogada
44.º Com efeito, os trabalhadores encontravam-se a trocar de turnos, pelo que não podemos concluir
que o trabalho realizado pelo Trabalhador Arguido não tenha sido efetuado com zelo e diligência.
45.º Por outro lado, aduzem V.as Ex.as o argumento de que, com esta situação, o Trabalhador Arguido
violou os seus deveres quanto à promoção ou execução dos atos tendentes à melhoria da
produtividade da empresa.
46.º O que também não se aceita, pois apesar de a situação desencadeada não ser benéfica para a
produtividade da empresa, concluiu-se que a mesma também não a prejudicou.
48.º Por fim, no que respeita às violações respeitantes ao artigo 351.º do Código do Trabalho, não se
verifica igualmente o seu preenchimento quanto às alíneas b) e c).
49.º De facto esta situação conflituosa entre os dois trabalhadores alarmou os restantes colegas de
trabalho, mas nunca colocou em causa os seus direitos e garantias.
50.º Por outro lado, uma vez que esta é uma situação isolada e independente, e que não há exemplo
de outras situações deste género que envolvam o Trabalhador Arguido, não se verifica
preenchida a alínea c) da referida disposição legal.
51.º O Trabalhador Arguido nunca provocou, de forma repetida, conflitos com os trabalhadores da
empresa.
52.º Atentos os factos alegados, entende-se que não deve haver lugar ao despedimento que V.as
Ex.as afiguram como possível.
53.º Conforme resulta do artigo 328.º do Código do Trabalho, existem várias sanções disciplinares
aplicáveis ao trabalhador, no âmbito do procedimento disciplinar.
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Lídia Borralheiro
Advogada
54.º A medida de despedimento sem indemnização ou compensação é a medida mais penosa para o
trabalhador, pelo que deve ser utilizada em última ratio.
55.º No caso sub judice, pode o trabalhador ser repreendido, junto ou não dos demais colegas de
trabalho, de modo a respeitar, além de uma medida de prevenção especial, uma medida de
prevenção geral para toda a equipa.
56.º O que atentos os factos expostos e a exposição que a presente situação teve no seio da
empresa se afigura como a mais adequada tendo em conta os fins visados.
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Lídia Borralheiro
Advogada
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