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Políticas e Estratégicas Da Medicina Tradicional
Políticas e Estratégicas Da Medicina Tradicional
O Docente
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PhD. Marla Manjaze
3. Conclusão ................................................................................................................................ 8
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2. Revisão Literária
2.1. Conceitos Da Medicina tradicional
Medicina tradicional é o conjunto de práticas em saúde desenvolvidas antes do que se classifica
como medicina moderna (ou convencional) e que ainda hoje são praticadas por diversas culturas
em todo o mundo.
Medicina tradicional é um termo amplamente utilizado para referir-se aos diversos sistemas de
Medicina Tradicional, como por exemplo a medicina tradicional chinesa, a ayurvédica hindu, a
medicina unani - árabe e as diversas formas de medicina indígena. Abrange terapias com
medicação à base de ervas, partes de animais ou minerais, e terapias sem medicação, como
a acupuntura, as terapias manuais e as terapias espirituais.
Nos países onde o sistema de saúde hegemônico se baseia na medicina alopática ou onde a
Medicina Tradicional ainda não se incorporou no sistema nacional de saúde, não se distingue dos
demais aspectos dos sistemas tradicionais, seja por sua transmissão oral de lendas – onde são
atualizados valores espirituais, ético/morais, e acontecimentos históricos significativos, seja por se
caracterizar como conhecimento empírico/prático resultante de hábitos consagrados pela
experiência, a não ser quando se associa a práticas médicas profissionais reconhecidas,
hegemônicas ou não hegemônicas, consideradas como plausíveis pela medicina moderna ou
científica. (OMS, 2002).
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transmitir uma visão reducionista sobre essas práticas e considerá-las essencialmente como não
saberes, ou práticas superficiais e supersticiosas e de índole folclórico. De tal modo que ficou
reduzida as ditas práticas obscurantistas, onde os praticantes da Medicina Tradicional eram
perseguidos e confundidos com feiticeiros.
O acesso dos chamados indígenas aos serviços de saúde foi durante todo o período colonial
cerceado por questões raciais e sociais, o que implica afirmar que o acesso aos serviços de saúde
coloniais foi bastante precário. Mas o não reconhecimento, pelo Estado colonial, de práticas
populares de cura como saber legítimo também foi um factor que marcou as políticas de saúde em
Moçambique.
Essa perspectiva, embora admitisse uma certa flexibilidade das fronteiras entre a medicina
europeia e a africana, pressupunha uma hierarquia dos saberes e uma exclusão absoluta dos rituais
que integravam as práticas de cura em Moçambique. A título exemplificativo, a Reforma
Administrativa Ultramarina (RAU) aprovada pelo Decreto-lei n.° 23 de 15 de novembro de 1993,
sobre a atribuição de competências aos auxiliares de administração civil nas colonias portuguesas,
num dos seus artigos, postulava que, aos regedores indígenas aos régulos, competia “opor-se à
prática de bruxarias e adivinhações e muito especialmente das que representavam violência contra
pessoas”. Contudo em várias zonas do país, não era raro ver os próprios colonos consultar um
terapeuta local, quer para resolver certos problemas de saúde, quer para alcançar soluções sobre
problemas espirituais ligados à vida quotidiana.
Durante a luta armada de libertação nacional (1964 - 1974), nas zonas libertadas novas situações
surgiram e com estas novas solicitações entre as quais a resolução de problemas de saúde em locais
onde a ajuda nem sempre era possíve. Então, o património de conhecimento popular sobre plantas
medicinais existentes foi utilizado para resolver muitos problemas de saúde. Só com a criação do
Ministério da Saúde (MISAU) e da definição das suas atribuições, após a independência nacional
em 1975, é que foi definida uma política em relação a Medicina Tradicional. Aliás com a
nacionalização da Medicina, a tarefa de prevenir e curar doenças passou a ser um dever exclusivo
do Estado15 Nas últimas décadas há um interesse crescente em múltiplos sectores sociais no
ocidente dirigido às chamadas medicinas alternativas e complementares. Além de ser fomentada
pelas frustrações, insatisfações e limites vividos com a biomedicina e suas dificuldades relativas
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ao acesso e custo, a valorização das medicinas complementares e alternativas deve-se, também, a
seus méritos próprios. Tal valorização é reconhecida internacionalmente na saúde pública.
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2.3. Diferença entre medicina Tradicional e medicina Científica
A contribuição de Arthur Kleinman na área da antropologia médica, para distinção da medicina
tradicional do conhecimento de saúde científico e dos distintos povos é notável. Segundo esse
autor, um sistema etnomédico e/ou a medicina folk, distingue-se da medicina popular, familiar,
praticada por todos os membros de uma comunidade, da medicina profissional científica, ocidental
/cosmopolita ou mesmo da medicina alternativa e complementar resultante da profissionalização
das práticas indígenas e tradicionais (Chinesa, Ayurvédica ou Européias medievais não
hegemônicas, tipo: quiropraxia, hidroterapia, apitoxinoterapia, etc.).
Da mesma forma, sendo a medicina científica legalmente considerada o sistema de saúde oficial
do nosso país, algumas pessoas a ensinam com certo paternalismo e preconceito com as pessoas
ligadas à medicina tradicional. Dada esta situação injusta, é importante perguntar-nos: estes
sistemas médicos são assim tão diferentes? Tendo em conta os seus aspectos essenciais, a resposta
seria não, porque:
1. A primeira e talvez a mais importante semelhança entre os dois: baseiam-se num propósito
comum. Existe um padrão primário, inato ao homem, que o faz buscar uma forma de encontrar
saúde para si por meio da medicina, tendo como objetivo final atender aqueles que sofrem de
alguma doença ou enfermidade.
2. Ambos são sistemas médicos: um corpo de doutrina pelo qual cada cultura concebe o processo
saúde-doença e atua em relação a ele nas suas diferentes dimensões.
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3. Não se desenvolvem como processos individuais e isolados, mas num contexto comunitário;
geralmente em seu próprio ambiente, com pessoas que compartilham a mesma cultura.
4. Ambos ocupam uma posição oficial na sua sociedade, são por ela reconhecidos e desempenham
um papel muito importante. Têm uma “localização social integrada”, uma vez que nenhum deles
é marginalizado pela sociedade a que pertencem.
5. Quanto ao aspecto jurídico, ambos estão em harmonia com as leis estabelecidas pela sua cultura,
obedecendo-as e colaborando com elas.
7. Têm a mesma dimensão moral: a razão que os move tem uma nuance vocacional que procura
uma ajuda social sincera, mas não o desejo de lucro ou outros interesses pessoais.
Juntamente com estas semelhanças essenciais, e porque ambos os medicamentos são sistemas
abertos, facilmente influenciados por factores exógenos, uma espécie de situação sincrética
ocorreu desde o seu encontro há vários séculos.
O contato cada vez mais próximo entre os dois, que reduziu a espessura da barreira transcultural,
tornou-se um processo de troca de elementos locais e estrangeiros: o curandeiro peruano dotou a
medicina científica de um vasto conhecimento de plantas medicinais e de métodos terapêuticos
empíricos a partir dos quais. foram criadas terapias com orientação científica; enquanto a medicina
científica também vem enriquecendo a formação profissional do curador.
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A interculturalidade em saúde apresenta-se como opção para melhorar o panorama; em que cada
cultura, mantendo a sua identidade, possa aceitar e adoptar paradigmas que não são os seus para o
cuidado óptimo da saúde de qualquer indivíduo no nosso país. Isto, idealmente, traduzir-se-ia num
clima de inclusão, integralidade e complementaridade tão necessário para resolver os problemas
que o nosso sistema de saúde sofre.
Este respeito mútuo é importante, para que possamos dialogar interculturalmente, encontrando
pontos de encontro ou articulação que nos possam levar a melhorar os níveis de saúde da nossa
população.
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3. Conclusão
Em conclusão, a medicina tradicional representa uma rica tapeçaria de práticas de saúde enraizadas
em culturas diversas e históricas em todo o mundo. Embora historicamente tenha sido
marginalizada em alguns contextos, a medicina tradicional continua a desempenhar um papel
crucial na manutenção da saúde e no tratamento de doenças em muitas comunidades. Seu
ressurgimento recente reflete não apenas uma busca por alternativas à medicina convencional, mas
também um reconhecimento crescente dos benefícios e saberes acumulados ao longo de gerações.
O futuro da saúde global pode se beneficiar da inclusão mais ampla e respeitosa da medicina
tradicional nos sistemas de saúde públicos, permitindo que indivíduos tenham acesso a uma gama
mais ampla de opções terapêuticas que abordam suas necessidades holísticas. Este reconhecimento
também é essencial para preservar e promover o patrimônio cultural e os conhecimentos
tradicionais que contribuem para a diversidade e a riqueza da prática médica em todo o mundo.
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4. Referências Bibliográficas
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Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia; 1993.
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Maputo.
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https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/112147/AFR_RC50_R3_por.pdf?sequence=1&i
sAllowed=y. (Acessado em: 25/04/2024).
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2001;14(2):62-65.
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de Reserva do Peru; 1988.
Salaverry O. Interculturalidade em saúde. Rev Peru Med Exp Saúde Pública. 2010; 27(1):80-93.
Knipper M. Além dos indígenas: saúde e interculturalidade em nível global. Rev Peru Med Exp
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