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Introdução

O presente trabalho tem como tema a evolução politica, economica e socio cultural dos
primeiros Estados em África(XII a XV), objecto é a evolução politica, economico e socio
cultural dos primeiros estados na África Austral (XII a XV) e como aspecto a evolucao politica,
economico e socio cultural do Estado de Mwenemutapa (XII a XV).
Nos ultimos dias é frequente ouvir algumas discussões no seio do mundo académico
sobre os primeiros estados em Africa, que tiveram um papel muito importante no seu
desenvolvimento como tanto nas suas relacoes com outros povos, falando no concreto o Estado
de Mwenemutapa que se tornou um grande imperio, que numa primeira fase teve as suas
relacoes comerciais com os povos arabes e mais tarde com os europeus, neste caso os
portugueses que de uma forma monopolizaram este comercio tendo espulsado os arabes de
praticar o comercio com os mesmo, e não obstante este Estado atingiu o seu apogeu, o que quer
dizer que teve a sua evolucao ate ao ponto de se formar um poderoso Estado que tanto é falado
por países do ocidente, pelo potencial comercio que esteve envolvido durante muitos anos, em
consequencia disto tudo que teriamos relatado nos surgiu a seguinte pergunta de partida ou de
reflexão: como foi a evolução politica, economico e socio cultural do Estado de Mwenemutapa
desde a sua formacao até ao seculo XV?
Em torno desta pergunta , levantou se a seguinte hipotese: o Estado de Mwenemutapa
teve uma evoluçao politica, economica e social cultural tao rapido devido a sua localizacao
geografica que lhe possibilitava a comunicação com os outros povos comercializando os seus
recursos minerais, uma vez que, este Estado possuia muito ouro que era precisado pelos europeus
para as suas transacoes comerciais com os arabes, comprando as especiarias que chegavam tão
caro na Europa, neste caso, este Estado servia de reserva de recurso minerais que possibilitava os
europeus a compra das especiarias e temperos uma vez que a europa tinha acabado o seu ouro
pela compra das mesmas, entao com este comercio o mesmo estado terá uma evolução politica,
economica e socio cultural tao rapido.
O mesmo trabalho, tem como objectivo geral compreender o processo da evolução
politica, economico, socio cultural do Estado de Mwenemutapa, e afiguram como objectivos
especificos localizar no espaço e tempo o Estado de Mwenemutapa; explicar o processo da
evolucao politica, economica, socio cultural do Estado de Mwenemutapa. Para materialização
este trabalho privilegiou se o método dedutivo partindo do geral para o particular isto porque,
numa primeira fase o tema do trabalho abrange a evolucao politica, economico e socio cultural
dos primeiros estados em África e duma forma particular espelha a evolução politica, economica
e socio cultural do Estado de Mwenemutapa. Na elaboração do trabalho baseou-se na selecção
bibliográfica, leituras, analises, debates em grupo, e por fim a compilação de dados em trabalho
final.
O presente tema já foi tratado por vários autores em diversas vertentes, a título de
exemplo Carlos Serra na sua obra de 2000, com o título “História de Moçambique: Primeiras
Sociedades Sedentárias e Impacto de Mercadores (200/300-1886)”, aborda que a cerca de 1450,
o grande Zimbabwe foi abandonado pela maior parte dos seus habitantes e não são muito claras
as razões do abandono. Na sequência da invasão e da conquista do Norte do planalto
zimbabweano pelos exércitos de Mutota ocorridas por volta de 1440 - 1450, desenvolveu se
entre os rios Mazoe e Luia, o centro de um novo Estado, chefiado pela dinastia dos
Mwenemutapas. Este núcleo que a dinastia governava era circundado por uma cintura de Estados
vassalos. Entre os estados vassalos encontravam se Sedenda, Quissanga, Quiteve, Báruè,
Maungwe e outros. Os chefes desses Estados pagavam tributo ao Mwenemutapa reinante
confirmado por este quando subia ao poder.
Outra abordagem digna de menção da vida economica do estado de Mwenemutapa é
apreciação económica feita pelo Hipólito Sengulane, na sua obra de 2007, intitulada Das
Primeiras Economias ao Nascimento da Economia-Mundo, avança que a actividade económica
fundamental das comunidades do Estado era a agricultura. Cultivava-se essencialmente a mapira
e a mexoera e nas terras aluvionares da zona costeira e dos rios, o arroz. O instrumento agrícola
por excelência era a enxada de cabo curto. Como técnica usava-se a queimada. O trabalho
agrícola era feito em colectivo, o que não deixava alternativa para iniciativas individuais. Outras
actividades como a pecuária, caça, pesca e artesanato apareciam como actividades
complementares. A mineração do ouro que se encontrava nas regiões planálticas de Chidima,
Dande, Manica e Butua aparecia como actividade imposta pela aristocracia ou pelos
comerciantes estrangeiros, sendo feita quando o ciclo agrícola não imponha a ocupação .
Uma outra a bordarem é feita pela Amélia Souto, na sua obra editada em 1999, com o
titulo “Guia Bibliográfica Para Estudante de História de Moçambique (200/300-1930)” afirma
que a questão da sucessão, foi sempre uns dos grandes problemas dos Estados em África, na
medida em que ela era um teste crucial a estabilidade do Estado, tendo conduzido muitas vezes a
luta sangrenta e a sua fragmentação. O Estado de Mwenemutapa não ficou isento deste problema
sendo umas das maiores fraquezas do seu sistema estatal, na medida em que, o sistema de
sucessão produzia mais do que um pretendente ao trono.
A motivação pelo trabalho surge na medida em que aborda um dos temas na história da
evolução dos primeiros Estados africanos , ou seja, cria um espaço na busca das origens dos
primeiros Estados africano no caso concreto o estado de Mwenemutapa e sendo, estudantes de
curso de história acolhemos o tema com maior satisfação, pois estaríamos a nos associar a vários
debates levantados acerca de entidades ou tribo.
Espera-se que o trabalho crie um acesso á debate no seio da sociedade, servindo de
motivação para o seu aprofundamento. Esperamos também que o mesmo trabalho sirva de um
texto de apoio e quiçá, sirva de uma inspiração para os investigadores assim na busca das nossas
origens dos primeiros Estados africanos.
Capítulo I
1.1.Localização geográfica
Quanto aos seus limites geográficos, o Estado de Mwenemutapa vai desde o rio Zambeze
(Norte), rio Limpopo (sul), oceano Indico (leste) e Deserto de Kalaari (Serra, 1988, p. 64)

1.2. Origem do Estado de Mwenemutapa


A cerca de 1450, o grande Zimbabwe foi abandonado pela maior parte dos seus
habitantes e não são muito claras as razões do abandono. Na sequência da invasão e da conquista
do Norte do planalto zimbabweano pelos exércitos de Mutota ocorridas por volta de 1440 - 1450,
desenvolveu se entre os rios Mazoe e Luia, o centro de um novo Estado, chefiado pela dinastia
dos Mwenemutapas. Este núcleo que a dinastia governava era circundado por uma cintura de
Estados vassalos. Entre os estados vassalos encontravam se Sedenda, Quissanga, Quiteve, Báruè,
Maungwe e outros. Os chefes desses Estados pagavam tributo ao Mwenemutapa reinante
confirmado por este quando subia ao poder (Serra, 2000, p. 34).
De acordo com Gentili (1998, p.113), o reino Mutapa situado entre, os rios Zambeze,
Mazoe e Muzengezi, foi provavelmente formado por exilados do Zimbabwe no século XV. Posto
em crise durante o século XVI pelos impostos dos Portugueses e por causa da perda de
hegemonia sobre várias entidades políticas situadas na costa. Mutapa continuou a exercer um
papel na região, mesmo se territorialmente redimensionado e enfraquecido por uma série de lutas
internas.
Segundo Mudenge apud Souto (1996), refere que:
A fundação do Estado de Mwenemutapa esta ligada ao declínio do Estado de
Zimbabwe a partir de meados do século XIV. Alguns processos são mencionados para a
criação do Estado de Mwenemutapa – Shona karanga, refere ainda que o Estado foi
fundado por um membro dissidente da dinastia do grande Zimbabwe, Chamado Mutota,
também acrescenta que a origem do Estado do Mwenemutapa foi resultado de um
processo de infiltração de invasores caçadores de elefantes que vinham do sul, das
regiões de Shangwe – Chidima - Dande durante um período prolongado de seca do qual

Mutota era chefe (p.39).

Assim, conclui se que, a formação do estado de Mwenemutapa foi aliada a vários


conflitos entre os chefes no Estado do grande Zimbabwe pelo controle do comércio a longa
distância, para além dos conflitos entres os chefes, houve também a necessidade da procura das
terras férteis para a agricultura e a criação de gado, uma vez que não se verificava a existência da
mosca tsé-tsé e também a necessidade de troca comercial com os Árabes no vale do Zambeze.

1.3. Estrutura das classes


Para Serra (1988, p.65), comunidade Shona caracterizava - se pela coabitação 1 no seio
dos dois níveis sócio - económico distintos: a comunidade aldeã (a musha ou incumbe)
relativamente autárcia e estruturada pelas relações de parentescos por outro lado, aristocracia
dominante controlando o comércio da longa distância e dirigindo a vida da comunidade.

1.4. Aristocracia dominante


De acordo com Serra (1988, p. 67), sendo um Estado tão vasto, para o seu domínio era
necessário dividir em regiões e controladas em comunidades aldeãs e classe dominante. Na
comunidade Shona o estado era personificado pela pessoa do soberano, o Mambo que devia
desligar se da sua origem terrena para conferir a sua realeza, um carácter sagrado. Tornava - se
assim o representante supremo de todas as comunidades, o símbolo da unidade de interesses
dessas comunidades. A fim de quebrar todas as ligações com a sua linhagem para se tornar
representante de toda sociedade indiferente às rivalidades familiares, o Mambo comete no
memento da sua entronização, o incesto com uma parente próxima, infringindo desde modo o
mais absoluto interdito.

1
Referente a convivência de dois ou mais indivíduos no mesmo espaço social.
Capítulo II
2. Organização Política - Administrativa
Segundo Mar (1975:19), a estrutura do império do Mwenemutapa, cuja capital era
conhecida como Zimbabwe as suas instituições políticas, sociais e económicas apresentam uma
forma que nos podem levar a classifica-lo com certas reservas, como sistema imperial. O Estado
é conhecido como dagamba e como reino tongue. Delas pode se deduzir que o rei era soberano e
a autoridade mais elevada e que governava em colaboração muito próxima da sua mãe e de um
conselho de ministros-muzimos, pessoas muito respeitadas.
Este conselho reunia se em caso de milandos que por aventura existissem entre os
súbditos ou para tomar decisões em conflitos político-militares com os outros reinos. Pode
deduzir também que as normas sociais eram severamente compridas e respeitadas, sendo a
justiça o meio da qual se serviam para resolver problemas. Era praticada por pessoas que viviam
inteiramente dedicadas a esta ciência – mágica (Idem).
De acordo com Serra (1988, p. 67), autoridade efectiva do Mambo processava-se através
dos seus subordinados territorial que integravam um aparelho de Estado sendo os nove
funcionários, estes eram responsáveis pela defesa, comércio; cerimónias mágico-religiosa,
relações exteriores e festas dentro do estado do Mwenemutapa; as três principais mulheres do
soberano (Mazarira, Inhahanda e Nyambuisa) que desempenhavam funções de considerável
importância; Mutumes que recolhia a informação ao soberano do Estado.
Na mesma ordem de ideia Sengulane (2007,), concorda com outros autores sobre o
possivel abandono do clã Rozwi que tinha no seu corte tres mulheres ao nos referenciar os
seguintes termos:
O abando do Grande Zimbabwe pelas populações no século XV, sob a chefia do clã Rozwi tem
haver, com a deslocação do poder político e económicos, para o sul e para oeste. Sobre esta fase,
emerge uma estrutura política, cujo vértice era ocupado por um Mwenemutapa designado
também por mambo. Esta estrutura contava com as três principais mulheres do soberano e com
funcionários da corte, uns designados Mutumes e outro Infices. O território estava dividido por
unidades maiores designadas províncias governadas por um Fumo ou Encosse, divididas em

aldeias, as Mushas dirigidas por um Mukuru ou Mwenemusha {ancião}, (p. 247).


Do exposto conclui se que o Estado de Mwenemutapa era dirigido por um chefe soberano
chamado mwenemutapa coajudado por suas tres mulheres e com alguns funcionarios ao serviço
do grande senhor que era considerado dono do imperio, os tais funcionarios são os infices e
mutumes, e não obstante por ser um grande imperio estava sujeito a uma divisao que pode ser
designados de provincias dirigidos por fumo ou emcosse, que por sua vez os tais territorios
designado provincias tambem estavam divididos em aldeia ou mushas onde governava os
Mukuru ou mwenemushas.
Ao dizer de Mudenge apud Souto (1996, p.40), a questão da sucessão, foi sempre uns dos
grandes problemas dos Estados em África, na medida em que ela era um teste crucial a
estabilidade do Estado, tendo conduzido muitas vezes a luta sangrenta e a sua fragmentação. O
Estado de Mwenemutapa não ficou isento deste problema sendo umas das maiores fraquezas do
seu sistema estatal, na medida em que, o sistema de sucessão produzia mais do que um
pretendente ao trono.
A avaliar de Serra (1988:70), a aristocracia dominante no de Estado de Mwenemutapa
tinha como as obrigações; orientar as cerimónias de invocação das chuvas, pedir aos Muzimos a
fertilidade de solo, o sucesso das colheita, garantir a segurança das pessoas e os seus bens,
assegurar a estabilidade política e militar no território, manutenção da paz interna, organização
de obra de beneficência, servir de intermediário e fiel entre os vivos e os mortos, orientar as
cerimónias mágico - religiosas contra as calamidades naturais e epidemia.

2.1. Comunidade aldeã


A actividade produtiva essencial das comunidades rurais, karonga - Shona baseava se na
agro – pecuária, o trabalho nas minas aparece como uma imposição 2 dos exteriores. Os jazigos
auríferos situavam-se nas terras planálticas (Chidima e Dande), Butua e Manica. A nível de
produção era baixo. Nos trabalhos agrícolas, o principal instrumento de trabalho era pequenas
enxadas de cabos curtos e agricultura era praticada sobre queimada. Os principais cereais
cultivados eram a mapira, a mexoera, o naximim ao longo dos rios, e, sobre toda zona costeira
em solo aluvionares, cultivava se arroz usualmente para venda (Santos apud Serra, 1988, p. 35).
Esta classe composta pelas massas, em particular os camponeses tinha como as
obrigações de pagamento de imposto pelo trabalho, mineração de ouro quer para alimentar o
comércio a longa distância, que garantia a importação de produtos que na sociedade Shona
ascendia de bens de prestígios, prestação de alguns dias de trabalho nas propriedades dos chefes.
Todas as relações entre os membros da sociedade Chona, ao nível das mushas, eram

2
Uma forma de obrigar as cumunidades aldeas, a trabalhar nas minas.
fundadas no parentesco. Não era como indivíduo que se tinha acesso à terra, mas como parente e
membro da musha. Acima das mushas, como entidade superior, como que fora delas, erguia-se a
aristocracia dominante, benfeitora ou punitiva, habitando a imponência dos madzimbabwe,
símbolos físicos da exploração e testemunhos em pedra da luta de classes (Ibid).

3.A vida economica no Estado de Mwenemutapa


De acordo com Mar (1975, p.19), economicamente, o reino vivia predominantemente de
agricultura variados cereais sem faltar do milho, frutas, vegetais, oleaginosas, estando ela ligada
a criação de gado e de aves doméstica e uma pequena indústria caseira. Paralelo a esta produção
existia indústria e o comércio mas desenvolvido, salientando se a extracção mineira, o trabalho
de metais, tais como o cobre, ouro, prata, bronze destinava – se ao fabrico de instrumentos
utilizado na lavoura, uso caseiro e ourivesaria. Nele existia indústria de cordoaria e fabrico de
tecido de algodão e curtimentos de peles. A caça era uma fonte de riqueza aproveitada para
fornecimento de carne e para obtenção de pele e de marfim. O marfim de mesmo modo como
cobre e outros metais preciosos destinava em grande parte para a exportação.
Mudenge apud Souto (1996:40), a base económica e riqueza do Estado situava se sobre
tudo na agricultura, na pastorícia, no comércio, mineração, caça, tributo, taxa, presentes e na
manufactura e indústria de pequena escala. O mesmo argumenta dizendo que, a actividade
económica dominante ao longo de toda sua História foi a agricultura e a pastorícia.
Sengulane (2007), avança mais sobre as actividades de sobrevivencia do estado de
Mwenemutapa ao nos referenciar os seguintes termos:
A actividade económica fundamental das comunidades do Estado era a agricultura.
Cultivava-se essencialmente a mapira e a mexoera e nas terras aluvionares da zona
costeira e dos rios, o arroz. O instrumento agrícola por excelência era a enxada de cabo
curto. Como técnica usava-se a queimada. O trabalho agrícola era feito em colectivo, o
que não deixava alternativa para iniciativas individuais. Outras actividades como a
pecuária, caça, pesca e artesanato apareciam como actividades complementares. A
mineração do ouro que se encontrava nas regiões planálticas de Chidima, Dande,
Manica e Butua aparecia como actividade imposta pela aristocracia ou pelos
comerciantes estrangeiros, sendo feita quando o ciclo agrícola não imponha a

ocupação(p.252).

Na base dos pronunciamento do autor acima supra citado pode se concluir que a vida
economica deste Estado de Mwenemutapa estava baseiada na agricultura, mas existiam algumas
actividades secundarias como a pesca, caça, a criação de animais. Entretanto neste estado notou
se apratica da mineracao que era da classe dominte como tambem o comercio. Aqui referenciar
tambem que a gricultura praticada no Estado de Mwenemutapa tinha algumas tecnicas
rudmentares como é o caso das queimadas razao pelo qual pode se dizer que era uma agricultura
intinerante.
No âmbito do comércio, o Estado de Mwenemutapa estava ligado com os Árabe-Persa e
com os Portugueses, este comércio era efectuado pelos chefes locais, os intermediários, que
serviam como elo de ligação entre os chefes locais e os estrangeiros, isto é, levavam os
mercadores do interior para a costa. Os árabes traziam missanga, tecidos, para além dos tecidos e
missangas comprados na índia, os portugueses traziam o vinho e em troca recebiam ouro. Os
tecidos e missangas perdiam a sua qualidade de mercadorias ao entrar no Estado e
transformavam se em bens de prestígios, suportes de lealdade política e de submissão (Serra,
200, p. 55).
Na percepção de Rezende apud Sengulane (2007, p, 269), refere que eram exercidas duas
formas de trocas: a troca em terra e a troca ao largo. A primeira forma consiste em as populações
do interior trazerem o ouro para a costa onde o entregavam as populações intermediárias da
costa, habituadas a negociar com os Portugueses. Os grupos de interiores indicavam ao grupos
conectores as mercadorias e produtos que desejavam em, troca. Os grupos conectores garantiam
a transacção e recebia dos Portugueses um peso de ouro consoante o número de ligações que
tinham estabelecido. A troca ao largo fazia se nos navios. Era praticado sempre que o clima dos
territórios fosse insalubre e inapropriado para a saúde e quando os habitantes dos territórios se
mostravam hostis. Os intermediários locais chegavam em canoas ou pirogas com o ouro entre
pelas populações dos interiores
De acordo Gamal (1981, p. 613), a interacção do comércio externo foi possível graças ao
desenvolvimento de uma tecnologia marítima apropriada e ao domínio dos ventos e as correntes
do oceano Indico. A característica Geográfica deste oceano é inversão sazonal dos ventos de
monção.
4. A ideologia
Para Serra (1988, p. 72), um culto forte entre os karanga - Shona era, indiscutivelmente
dedicado aos espíritos dos antepassados, os Muzimos 3, comportaria não apenas os antepassados
de cada um, mas igualmente, os de cada linhagem. Entre os Muzimos, aqueles mais respeitados e
temidos era os dos reis. Era prática regular as classes dirigente do Estado de Mutapa e do Estado
satélites contactarem os seus Muzimos, através de especialista médiuns designados por Swikiros.
Havia dois termos para designar Deus: Mulungu utilizado nas terras marítimas ao longo
do vale do Zambeze e a nordeste do planalto zimbabweano e Mwuari usado a sul do planalto.
A propriedade do saber dos Muenemutapas cobria, também, a esfera dos contactos com as
entidades sobrenaturais que se julgava, povoavam a natureza e o mundo em geral. Essa é a razão
porque eram interditos os feiticeiros não devidamente autorizados pelos Mambos.
Portanto, as rendas em trabalho e os próprios tributos simbólicos deviam surgir aos
aldeões não como exacções directamente humana mas como imposições morais ou como
oferendas necessárias para aqueles que, se bem que estivessem na terra, serviam no entanto no
céu: Os Mambos. A eles deviam obediência todos os membros das mushas. Era como súbditos
que obedeciam, não como parentes. Eram parentes ao nível das Mushas e súbditos ao nível do
Estado(Ibdem).
Os Mambos constituíam os antídotos mais eficazes contra os caos e a sua morte
significava a perda da estabilidade. Quando morria um Muenemutapa e até à eleição do novo
Mambo, o poder era exercido por personagem que usava o nome de Nevinga. Sem ser portador
de qualquer tributo régio, era morto logo após a eleição do Mambo de direito. A eleição do novo
Mambo, do verdadeiro Mambo, constituía motivo de festa porque se acreditava ter a ordem sido
resposta no importantíssimo papel de Mambo vivo, que tenha admiração e entusiasmo causa aos
seus crédulos adoradores (Ibid).

3
Um termo usado nos estados, para referir os espíritos dos antepassados.
Conclusão
Realizado trabalho, conclui se que, este Estado nasceu do deslocamento da população
que se encontrava no Estado de Zimbabwe, houve muitas sucessões de conflitos entre os chefes
que um quando vencesse podia subir ao trono e podia controlar o comércio na costa com os
estrangeiros, isto é, os chefes queriam controlar o comércio, beneficiando a sua família e
fortificando o poder político; assistiu se também a fome, provocada pela ausência de terra férteis
impedindo a prática da agricultura; não obstante, a necessidade do comércio com os árabes levou
o abandono do rio Save devido a seca, deslocando se para o vale do Zambeze.
Esse grupo de população que abandonou o Estado do Zimbabwe, foi se estabelecer no
vale do Zambeze nas terra dos Mutapas onde tinha as terras favoráveis para agricultura e a
pastorícia que garantia a dieta alimentar daquela população, formando assim, um novo Estado
que se localizava desde o rio Zambeze ao limpopo e do indico ao deserto de Kalaari. O Estado
desenvolveu se entre os rios Mazoe e Luia. Politicamente, dentro do Estado existia no topo a
classe reinante e na base a classe reinado, portanto a classe reinante era aquela que estabelecia
leis e controlava o comércio tanto interno como externo e a classe reinada era a produtora ou seja
aquela que assegurava a economia do Estado.
No que tange a economia, a base económica era a agricultara, a pastorícia como
actividades mais frequentes e existindo também actividades auxiliares como a pesca, caça,
artesanato e a mineração de ouro em pequena escala antes da chegada dos Portugueses. A
população do Estado prestava culto aos espíritos dos antepassados, pedindo a eles a boa colheita
de cereais, protecção contra os fenómenos naturais, a sorte na caça e para resolver problemas do
Estado. A escassez de ouro na Europa, e o aumento de preços das especiarias vindas do Oriente
leva os Europeus a abrirem o oceano Atlântico como forma de contornar o mar Mediterrâneo e
mar Vermelho para aos lugares que podiam encontrar o ouro para comprar os produtos exóticos.
Consoante com objectivos traçados pelos Europeus, foram chegando nos lugares de ouro,
na costa oriental, na qual os Portugueses foram entrando no Estado de Mwenemutapa. Quando
chegaram no Estado, encontram os Árabes que fazia comércio com os chefes locais, criaram
amizade com os chefes, controlaram as rotas de comércio de ouro, as zonas de produção do ouro
na tentativa de expulsar e marginalizar os mercadores Árabes. A relação que existiu entre os
Portugueses e alguns chefes locais criou conflitos no seio do Estado, iniciando assim a
decadência do Estado.
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