Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Núcleo Histórico Da Oliva
Núcleo Histórico Da Oliva
A INDÚSTRIA DO FERRO
Em 1925 António José Pinto de Oliveira, filho de António José Oliveira Júnior (fundador
da Oliveira & Palmares, empresa que em 1920 passa a denominar-se Empresa
Industrial de Chapelaria, Lda.) funda a empresa Oliveira, Filhos & Cª. Ldª.
O capital social da empresa é subscrito pelos sócios António José Pinto de Oliveira,
Manuel Francisco Dias Garcia, António Diamantino, António José de Oliveira Júnior,
Manuel Leite da Silva Garcia, Benjamim Valente da Silva, Domingos José de Oliveira,
José António das Neves e Augusto de Almeida Pinho.
Ao longo de trinta anos, António José Pinto Oliveira dedica-se a criar um verdadeiro
Império do Ferro que produziu os mais diversos produtos metalúrgicos,
nomeadamente, alfaias agrícolas, forjas portáteis, equipamento para a indústria da
chapelaria, máquinas de costura, tubos para canalizações, fogões em ferro fundido,
ferros de engomar, autoclismos, prensas para bagaço, máquinas para padarias,
radiadores e salamandras, equipamento para lavandarias industriais, tornos de
bancada, banheiras e lavatórios coletivos, motores de explosão de pequena cilindrada,
entre muitos outros.
Apostando na sólida formação dos seus quadros, numa política de bons salários
acompanhada de interessantes estratégias de utilização eficiente da mão-de-obra, na
racionalização do espaço da fábrica (quer do ponto de vista arquitetónico quer do
ponto de vista do layout das secções), construída de forma a que as distâncias a
percorrer pelas peças em processo de fabrico fossem mínimas, e numa eficiente
utilização da tecnologia moderna, que resultará em grandes níveis de produtividade, a
OLIVA irá distanciar-se claramente da restante industria nacional colocando-se ao nível
das empresas europeias mais dinâmicas.
ASSISTÊNCIA E REGALIAS
A OLIVA foi, durante muito tempo, não só uma garantia de emprego como, sobretudo,
uma referência para a classe trabalhadora.
A juntar a bons salários (muito acima da média verificada no País), existia um conjunto
de condições laborais (a empresa detinha, entre outros serviços, uma cantina,
balneários e vestiários e um posto médico) e regalias sociais que eram fruto da política
de previdência social instituída pelo seu fundador.
Considerando que os operários são a maior riqueza de uma empresa e que esta não
pode existir unicamente para o lucro, António José Pinto de Oliveira cria, na década de
40, o Fundo Oliveira Júnior que visava atribuir prémios de permanência e mérito,
subsídios de complemento da pensão e apoio no pagamento de despesas (saúde,
subsídio de almoço, transportes, educação, casamento, nascimento, falecimento),
subsídios para mudança de residência, cursos de aperfeiçoamento profissional, etc.
Este Fundo estará na origem da criação, em 1955, da Fundação Oliveira Júnior (em
memória do seu pai), que pretende contribuir para a suficiência, saúde, bem-estar,
instrução, educação e recreio dos empregados e operários da empresa (in, a Grei
Sanjoanense, 28 de Janeiro de 1956).
Em 1945 António José Pinto de Oliveira vai ainda mais longe, cedendo um terreno para
a construção do primeiro Centro de Reeducação Profissional do País, destinado a
ministrar formação profissional nas oficinas de metalurgia da Oliva, sendo que os
melhores alunos seriam integrados nos quadros da empresa.
Acrescia, ainda, a este apoio financeiro, o reconhecimento pela dedicação dos
trabalhadores à empresa, nomeadamente, através da atribuição de galardões aos
funcionários, em cerimónias públicas (por exemplo, durante os almoços da Natal da
empresa) ou através do pagamento de viagens e excursões anuais aos trabalhadores.
DESPORTO, CULTURA E RECREIO
Em 1951 foi fundado o Centro de Cultura e Recreio “OLIVA” que teve como objetivo
promover a valorização intelectual e moral dos trabalhadores.
Das muitas iniciativas promovidas pelo Centro saliente-se a criação de uma biblioteca,
a realização de sessões de cinema, a promoção de atividades desportivas, a criação de
um orfeão e de um grupo de teatro, a realização de festas de Natal para as crianças da
Oliva (durante as quais se realizava um espetáculo, um lanche e a oferta de
brinquedos) e excursões para os trabalhadores e suas famílias.
Complementarmente, a Fundação Oliveira Júnior organizava ainda, todos os anos,
uma colónia de férias que, durante três semanas, levava os filhos ou irmãos dos
trabalhadores para a Figueira da Foz.
Finalmente, a OLIVA foi ainda pioneira na área do mecenato empresarial, ao recuperar
a Capela de Nossa Senhora da Oliva, onde atualmente funciona a Igreja Matriz de Tojal
(Sátão, Viseu)