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SUPERIOR
DE EDUCAÇÃO
POLITÉCNICO
DO PORTO
L Educação Básica
Estudos de Etnografia Portuguesa
Ficha de Inventário
Catarina Martins 3220849
Filipa Mota 3220309
Inês Gouveia 3220305
Mariana Rodrigues 3220216
Turma b
Índice
Introdução..........................................................................................................................1
I — Identificação Domínio(s)...........................................................................................1
II – O que é........................................................................................................................1
Contextualização Histórica:......................................................................................................1
Edifício da fábrica....................................................................................................................2
Fabricação:...............................................................................................................................3
III – Onde se realiza / Onde se produz / Onde se pratica / Onde se encontra...................4
IV – Quem participa / Quem produz / Quem pratica /A quem pertence...........................4
Os fundadores..........................................................................................................................5
A família Figueira....................................................................................................................6
A família Paupério....................................................................................................................6
A equipa de trabalho.................................................................................................................7
V – Quando se realiza / Quando se produz / Quando se pratica.......................................7
VI – Indicação Geográfica.................................................................................................8
Conclusão..........................................................................................................................8
VIII – Registo Fotográfico/ anexos.................................................................................10
IX – Referências Bibliográficas/Referências Webgráficas/Fontes Orais........................17
Fábrica de Biscoitos Paupério
Introdução
No âmbito da Unidade Curricular Estudos de Etnografia Portuguesa foi-nos
proposta a realização de um trabalho sobre uma tradição, expressão oral/artística ou
técnicas tradicionais, pelo que o tema selecionado foi a famosa marca Paupério. Assim,
abordaremos tópicos como a história da marca, da fábrica e da família Paupério, bem
como a localização geográfica da mesma.
Este trabalho tem como principal objetivo dar a conhecer a marca que, apesar de
muito conhecida, ainda tinha (e tem) muitos segredos por desvendar. Infelizmente, foi-
nos impossibilitada uma visita ao interior da fábrica para a realização de uma visita,
uma vez que as normas da pandemia da Covid-19 ainda se mantém. No entanto,
deslocámo-nos à cidade de Valongo, casa da Paupério, e não só visitamos a loja de
venda ao público na fábrica, como também tivemos a honra de poder conversar com
duas mulheres valonguenses que lá trabalharam, Maria Adelaide e Maria de Fátima.
Com a ajuda destas conversas, conseguimos preencher buracos vazios no nosso
trabalho, e complementar a informação pesquisada com relatos reais.
I — Identificação Domínio(s)
5. Competências no âmbito de processos e técnicas tradicionais
Categoria(s)
Cozinha, alimentação e estimulantes
II – O que é
Contextualização Histórica:
A história da Fábrica de Paupério remonta a 1874, quando António de Sousa
Malta Paupério e Joaquim Carlos Figueira fundaram a empresa. A tradição de
panificação em Valongo sempre foi parte integrante da cultura local, destacando-se
especialmente pela produção de regueifa e biscoitos, que ganharam reconhecimento
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nacional. A empresa foi criada com uma visão de preservar e promover a rica herança da
panificação na região. (Moreira & Mota, 2016).
Edifício da fábrica
A Fábrica, construída há mais de um século, passou por adaptações e expansões
ao longo do tempo para atender às crescentes necessidades de produção e proporcionar
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melhores condições de trabalho aos funcionários. A fachada, originalmente de
inspiração clássica, foi alterada devido à ampliação do espaço e exigências funcionais,
recebendo uma intervenção art déco nos anos vinte. A 1961, o edifício projetado pelo
arquiteto Fernando Seara, destacava-se pela arquitetura modernista, mantendo a
integração e respeito pela estrutura mais antiga. A construção mais recente, de estilo
modernista, destaca-se em contraste com a estrutura mais antiga, mas ao mesmo tempo
integra-se de forma contínua e harmoniosa, respeitando a estética e mantendo uma
coerência arquitetónica antiga. (Moreira & Mota, 2016).
Fabricação:
A fábrica das Bolachas Paupério utiliza uma combinação de métodos artesanais e
equipamentos modernos na produção das suas bolachas. Embora mantenha técnicas
tradicionais em parte do processo, também utiliza maquinaria especializada para
misturar ingredientes, moldar as bolachas e garantir consistência na produção em larga
escala. O equilíbrio entre a tradição e a tecnologia permite manter a qualidade e o sabor
distintivo das bolachas Paupério. (Paupério – Nevis)
Com o passar dos anos a produção foi evoluindo. Todos os processos foram
analisados, melhorados e otimizados, foi criado um software de gestão para responder à
especificidade da grande componente artesanal da produção. No interior da fábrica,
fizeram-se obras, todos os armários e bancadas foram colocados de novo em inox, os
equipamentos obsoletos foram substituídos e foram compradas carrinhas novas para a
distribuição. Os resultados foram impressionantes, o custo da produção foi diminuído
em mais de 20%. (Moreira & Mota, 2016).
No ano de 2008 a empresa viu o seu volume de negócios aumentar 15%, um ritmo
de crescimento que se manteve nos 3 anos seguintes. Em 2012 cresceu 23%, em 2014
cresceu mais de 20%. O milagre tem um nome: gourmet. (Moreira & Mota, 2016).
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A fábrica é reconhecida pela sua experiência na criação de bolachas de alta
qualidade, mantendo muitas receitas originais e oferecendo uma gama diversificada de
produtos, como por exemplo o vinho de Porto. (Paupério.pt)
Apesar de estar inserida numa antiga malha urbana, a fábrica foi tendo cada vez
mais área, e em 1961, foi crescendo ao longo do tempo. O espaço foi sendo
“conquistado” através da junção de três prédios confinantes que abrange a atual rua de
Sousa Paupério. Construi-se 292m2 de área coberta, que acrescem aos 600m2 de espaço
coberto do restante conjunto. (Moreira & Mota, 2016).
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Os dois sócios, um natural de Valongo e o outro, do Porto, nasceram ambos nos
anos 30 anteriores, numa época em que os grupos que tinham a arte e o ofício como
como ocupação foram extintos, deixando de haver formação nestas áreas. Assim, terão
os dois crescido durante uma ausência de ensino vocacionado para a formação de
técnicos para os setores agrícola, industrial e comercial. A aquisição de experiência
pelos dois terá sido, provavelmente, adquirida junto das respetivas famílias.
Posteriormente, terão também adquirido experiência no Brasil, país onde estiveram, e
onde ambos angariaram saberes nas áreas do comércio e dos negócios. (Moreira &
Mota, 2016).
Os fundadores
O facto de a Paupério & Companhia ter esta denominação desde a sua fundação
pode levar a crer que o sócio com o apelido Paupério teria entrado na sociedade com
mais capital, dando assim o seu nome à mesma. No entanto, tal não aconteceu. Não é
conhecido qual o sócio que entrou com mais capital, sabendo-se apenas que a sociedade
ter-se-á repartido por duas partes iguais. A família Paupério era já uma família de
renome na cidade de Valongo, na área da fabricação de pão. Assim, dada a criação da
sociedade, os dois sócios António de Sousa Malta Paupério e Joaquim Carlos Figueira
decidem apostar num nome já conhecido pelos Valonguenses pela qualidade e
excelência. (Moreira & Mota, 2016).
Os dois, quando se associam, tinham retornado das suas viagens ao Brasil. Casam
os dois no ano de 1868, um em Valongo e outro no Porto mas passam a morar,
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juntamente com as suas esposas, em Valongo, muito perto da Fábrica. Também em
Valongo falecem os dois, António de Sousa Malta Paupério em 1907 e Joaquim Carlos
Figueira em 1909. (Moreira & Mota, 2016).
A família Figueira
O cofundador da Fábrica Paupério – Joaquim Carlos Figueira – nasceu a 11 de
agosto de 1834 e foi batizado no dia 15 de agosto do mesmo ano, na freguesia de
Vitória, na cidade do Porto. O seu pai, Custódio Carlos Figueira, era portuense e a mãe,
Teresa Marques de Jesus, descendia de valonguenses.
A família Figueira também era, assim como a família Paupério, uma família de
renome na cidade de Valongo. Joaquim Carlos Figueira ocupou, pelo menos durante
sete anos, o lugar de vice-presidente da Câmara Municipal de Valongo. Esteve também
ligado à fundação da Associação Beneficente do Hospital de Nª Sr.ª da Conceição de
Valongo, bem como a sua mulher, que chegou a ser presidente da mesma a partir de
1906. Joaquim Carlos Figueira foi também um dos fundadores do Clube Recreativo de
Valongo.
A família Paupério
António de Sousa Malta Paupério, natural de Valongo e filho de Ricardo Sousa
Paupério e Teresa Rosa de Jesus Brito, casa-se com Ana Rodrigues Alves em 1868. O
nome de António, tal como o do seu sócio, consta na lista de associados da Associação
Beneficente do Hospital e também como fundador do Clube Recreativo de Valongo. A
sua mulher faleceu em 1891, deixando António viúvo. Nove anos mais tarde sofre mais
uma perda, a sua filha Teresa de Jesus Malta Paupério. Teresa realizou o seu testamento
em 1895, por já estar consideravelmente doente, instituindo como seus testamenteiros
em primeiro lugar, Joaquim Carlos Figueira e, apenas em segundo lugar, o seu pai. Este
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episódio, apesar de desgostoso, revela a clara amizade existente entre as famílias dos
dois fundadores. (Moreira & Mota, 2016).
A equipa de trabalho
A equipa da fábrica, ao longo dos anos, foi sempre constituída por cerca de 30
pessoas, divididas pelos diferentes postos de trabalho e pela grande variedade de
máquinas existentes. (Fabrico Nacional – Paupério. RTP)
Maria Adelaide trabalhou na fábrica durante 7 anos, dos 16 aos 23 anos de idade,
tempo durante o qual se ocupou, maioritariamente, do embalamento das famosas caixas
de bolachas. Segundo ela, “as pessoas cansavam-se muito rápido de uma tarefa e
queriam sempre andar a trocar, como acho que é em todas as fábricas, por ser um
trabalho muito repetitivo” e acrescenta ainda “eu fiz quase sempre o mesmo, as
embalagens, os lacinhos que embrulhavam o papel dentro da caixa, gostava muito e
nunca quis trocar de posto”. Questionamos também sobre o ambiente entre colegas,
pergunta à qual obtivemos a seguinte resposta: “era muito divertido, estávamos sempre
na conversa, sabíamos tudo da vida uns dos outros, às vezes até demais (…) cantávamos
cantigas e se fosse preciso também havia um passinho de dança.” “Era um ambiente de
trabalho com horários rígidos, mas totalmente descontraído em termos de ambiente.”
A equipa da fábrica, ao longo dos anos, foi sempre constituída por cerca de 30
pessoas, divididas pelos diferentes postos de trabalho e pela grande variedade de
máquinas existentes.
VI – Indicação Geográfica
As lojas Paupério estão localizadas em vários locais como Caminha, Macedo de
Cavaleiros e Coimbra, contudo as lojas oficias são as de Rio Tinto e a de Valongo, onde
se encontra a fábrica da marca.
O Rio Ferreira, que atravessa o atual território do concelho, terá servido de linha
de fronteira entre o território de Anégia e o território de Portucale. Além disso, destaca-
se o seu papel importante, na sua localização, junto à fábrica, que facilitava a produção,
através da moagem hidráulica.
Conclusão
Dando por concluído este trabalho, podemos afirmar que o mesmo deu a conhecer
ao grupo um tema com o qual nenhum dos elementos estava familiarizado. Em termos
históricos, foi-nos possível abordar e aprofundar a história da cidade de Valongo, bem
como da fábrica, que nos sujeitou especial curiosidade. Como referido nos parágrafos
introdutórios, não foi possível realizar uma visita guiada ao interior da fábrica, pelas
normas de contingência contra a Covid-19. No entanto, e após discussão em grupo,
chegamos à conclusão que um dia mais tarde, quando a fábrica voltar a realizar essas
visitas, teríamos gosto em realizá-la, uma vez que ficamos realmente intrigadas sobre
como tudo funciona dentro da Paupério.
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Após a realização deste trabalho ficamos a perceber que a Paupério, apesar de ser
uma das marcas nacionais mais antigas, continua a ter grande sucesso por todo o país,
entre todas as idades.
Além disso, pudemos também perceber como poderíamos abordar temas como
este em contexto escolar, nas diferentes áreas. Sendo que se trata de uma fábrica de
bolachas, a confeção de bolachas em sala de aula podia ser uma mais valia a nível de
vocabulário novo, através da receita, e também de noções matemáticas, através das
quantidades presentes na receita. A parte histórica da cidade podia também ser
abordada, aliada a uma visita de estudo à mesma.
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Anexo 2- Identificação da rua
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Anexo 4 - exposição das várias caixas
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Anexo 6 - variedade de produtos atualmente disponíveis
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Anexo 8 - embalagens alusivas ao natal
Anexo 10 - entrevistas
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Maria Adelaide, 71 anos. Trabalhou na Paupério 7 anos
Maria Adelaide: “Trabalhei na Fábrica durante 7 anos, desde os 16 até aos 23.”
M: “Era muito bom, muito divertido, estávamos sempre na conversa e sabíamos tudo da
vida uns dos outros, às vezes até demais. Contavam coisas que não interessavam a
ninguém! Mas tirando isso, cantávamos cantigas e se fosse preciso também havia um
passinho de dança. Era um ambiente de trabalho com horários rígidos, mas totalmente
descontraído em termos de ambiente.”
M:”Sim, mas não na parte da produção, onde eu trabalhei, mas sei que costumava estar
sempre alguém nos escritórios.”
Maria de Fátima: “Na minha época os biscoitos mais vendidos eram sem sombra de
dúvida as princesas negras.”
MF: “No meu tempo as funções lá na fábrica estavam divididas da seguinte forma: só
para fazer a massa do pão de ló, colocar o papel na forma de barro, virar a massa para a
forma e colocá-los no forno, eram precisos 8 colaboradores. Os restantes colaboradores
estavam divididos pelas diversas máquinas e respetivos embalamentos.”
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G: Qual era a sua função? E se variou?
MF: “Quando entrei para a fábrica fazia um pouco de tudo, depois estive a trabalhar
mais especificamente na máquina que fazem as sugar wafer, e posteriormente a minha
função era amaçar as massas.”
MF: “Eu e a minha irmã fomos para a fábrica por influência da nossa mãe. Ela
trabalhou lá a vida toda.”
MF: “Dávamo-nos todos muito bem, era um ambiente ótimo. Era uma equipa
maioritariamente de mulheres que se ajudavam umas às outras sempre que
precisávamos. Fiz boas amizades lá.”
MF: “Uma das máquinas mais antigas é o circuito da wafer, que foi a secção onde
trabalhei mais tempo. O forno foi adaptado para fazer a placa do wafer, que depois é
colocada numa mesa para arrefecer e depois barrada com creme de manteiga e açúcar.
Por fim, juntam-se 5 placas de wafer e vão à máquina de corte para ficarem com a
forma retangular que lhe é característica.
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MF: “Sim, gostei muito. A Paupério foram os biscoitos da minha infância. É tão bom
ver que ao fim de tantos anos a Paupério consegue manter o sabor e a mesma textura de
há 30 anos.”
MF: “A Páscoa e o Natal são sem sombra de dúvida os períodos em que mais se
vendem bolachas.”
MF: “O segredo para o sabor das bolachas é utilizarmos equipamentos artesanais, e isso
faz toda a diferença no sabor final do produto”.
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https://www.startandgo.pt/m/pt/article?
id=2109&name=PAUPERIO_140_ANOS_DE_BISCOITOS_PORTUGUESES
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