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Relação Entre A Microbiota Oral e o Desenvolvimento Do Câncer de Boca
Relação Entre A Microbiota Oral e o Desenvolvimento Do Câncer de Boca
Relação Entre A Microbiota Oral e o Desenvolvimento Do Câncer de Boca
ISSN: 2595-6825
RESUMO
Os microrganismos na cavidade oral influenciam a incidência e o desenvolvimento de
tumores, podendo servir como biomarcadores em estudos sobre câncer bucal. Objetiva-
se investigar as evidências disponíveis na literatura sobre a relação entre a microbiota
oral e o câncer de boca. Realizou-se uma revisão integrativa, incluindo artigos em
português, espanhol e inglês, das bases de dados BVS e PubMed, com exclusão de
duplicatas, opiniões, reflexões e editoriais. Ao final, 14 estudos foram incluídos. Os
resultados revelaram consenso entre várias espécies bacterianas na carcinogênese, com
níveis mais altos de Peptostreptococcus, Fusobacterium, Prevotella, Porphyromonas,
Veillonella, Haemophilus, Rothia e Streptococcus em amostras de carcinoma de células
escamosas (CCE), enquanto Actinomyces, Sutterella, Stenotrophomonas, Anoxybacillus
e Serratia foram observados em níveis mais baixos. A disbiose da microbiota oral
associou-se fortemente à carcinogênese e ao CCE. O tabagismo reduziu a diversidade
bacteriana e modificou a composição, favorecendo R. mucilaginosa, Streptococcus
salivarius e S. mitis. Bactérias periodontais como P. gingivalis, P. intermedia e F.
nucleatum foram consideradas essenciais para o desenvolvimento do CCE oral. Níveis
mais altos de Porphyromonas, Solobacterium, P. melaninogenica, Fusobacterium,
Leptotrichia e Lautotropia foram detectados no líquen plano oral, enquanto
Haemophilus, Leptotrichia, Campylobacter, Rothia mucilaginosa e Fusobacterium
foram mais prevalentes em leucoplasia. Candida albicans foi a espécie fúngica mais
comum, e o HPV o vírus mais identificado. Conclui-se que a relação complexa entre
microbiota oral e câncer bucal destaca a importância de se investigar mais as interações
presentes. Estudos apontam que a disbiose oral está associada ao Carcinoma
Espinocelular (CEC).
ABSTRACT
Microorganisms in the oral cavity influence tumor incidence and development,
potentially serving as biomarkers in oral cancer studies. The aim is to investigate
available evidence regarding the oral microbiota's relationship with oral cancer. An
integrative review was conducted, encompassing articles in Portuguese, Spanish, and
English, from BVS and PubMed, excluding duplicates, opinions, reflections, and
editorials. Ultimately, 14 studies were included. Results showed consensus among
various bacterial species in carcinogenesis, with higher levels of Peptostreptococcus,
Fusobacterium, Prevotella, Porphyromonas, Veillonella, Haemophilus, Rothia and
Streptococcus in squamous cell carcinoma (SCC) samples, while Actinomyces,
Sutterella, Stenotrophomonas, Anoxybacillus and Serratia were observed at lower
levels. Oral microbiota dysbiosis strongly correlated with SCC and carcinogenesis.
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ISSN: 2595-6825
RESUMEN
Los microorganismos en la cavidad oral influyen en la incidencia y desarrollo de
tumores, siendo biomarcadores en estudios sobre cáncer bucal. Este estudio investiga la
relación entre la microbiota oral y el cáncer de boca. Se realizó una revisión integrativa,
incluyendo artículos en portugués, español e inglés, de las bases de datos BVS y
PubMed, excluyendo duplicados, opiniones, reflexiones y editoriales. Se incluyeron 14
estudios. Se observó consenso entre varias especies bacterianas en la carcinogénesis,
con niveles más altos de Peptostreptococcus, Fusobacterium, Prevotella,
Porphyromonas, Veillonella, Haemophilus, Rothia y Streptococcus en muestras de
carcinoma de células escamosas (CCE), mientras que Actinomyces, Sutterella,
Stenotrophomonas, Anoxybacillus y Serratia estuvieron en niveles más bajos. La
disbiosis oral se asoció fuertemente con la carcinogénesis y el CCE. El tabaquismo
redujo la diversidad bacteriana y modificó la composición, favoreciendo a R.
mucilaginosa, Streptococcus salivarius y S. mitis. Bacterias periodontales como P.
gingivalis, P. intermedia y F. nucleatum fueron esenciales para el desarrollo del CCE
oral. Se detectaron niveles más altos de Porphyromonas, Solobacterium, P.
melaninogenica, Fusobacterium, Leptotrichia y Lautotropia en el liquen plano oral,
mientras que Haemophilus, Leptotrichia, Campylobacter, Rothia mucilaginosa y
Fusobacteria fueron más prevalentes en la leucoplasia. Candida albicans fue la especie
fúngica más común, y el VPH fue el virus más identificado. Se concluye que la
compleja relación entre la microbiota oral y el cáncer bucal subraya la necesidad de
investigar más las interacciones presentes. Estudios indican que la disbiosis oral está
asociada con el Carcinoma Espinocelular (CEC).
1. INTRODUÇÃO
O câncer da cavidade oral é uma das neoplasias malignas mais comuns [1].
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ele é 13º câncer mais frequente em
todo o mundo. A incidência global de câncer do lábio e da cavidade oral é estimada em
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377.713 novos casos e 177.757 mortes em 2020 [2]. A sua etiologia é multifatorial e
está relacionada a fatores genéticos, epigenéticos, habituais e microbianos, que
frequentemente variam com regiões geográficas ou grupos étnicos [3].
Seus fatores de risco incluem tabaco e álcool, inflamação crônica, radiação
ultravioleta (UV), vírus do papiloma humano (HPV) ou infecções por Candida,
imunossupressão, predisposição genética e dieta [4]. Foi evidenciado que a associação
de tabagismo, consumo excessivo de álcool e falta de higiene oral, eleva a probabilidade
de desenvolvimento de câncer bucal, devido à presença de inflamação crônica e
infecção [5]. Além disso, a existência de infecção bacteriana emerge como uma das
principais razões por trás da inflamação crônica, favorecendo o aumento da proliferação
celular, mutagênese, ativação de oncogenes e angiogênese, fatores que conduzem ao
surgimento do câncer oral [6]. Esses elementos desempenham um papel crucial na
patogênese do câncer, influenciando a microbiota residente que é responsável pela
manutenção do equilíbrio no ambiente oral [7].
O microbioma oral é uma das comunidades microbianas mais importantes do
corpo humano, destacando-se como uma das cinco áreas prioritárias de pesquisa do
Projeto Microbioma Humano (PMH), junto com a cavidade nasal, vagina, intestino e
pele [8]. Inclui trilhões de microorganismos como bactérias, fungos, arqueas e vírus que
habitam um hospedeiro específico. Esses microrganismos podem ter efeitos benéficos
ou deletérios em seu hospedeiro [9]. O equilíbrio entre o hospedeiro humano e a
microbiota são importantes para função normal do corpo humano. Se a sua homeostase
for distorcida e algumas bactérias patogênicas se tornarem mais prevalentes na região,
podem então ocorrer as doenças [10].
Viu-se que algumas bactérias específicas foram reconhecidas como tendo
correlação com carcinomas espinocelulares orais (CECOs), foram detectados níveis
significativamente mais elevados em suas amostras, incluindo Streptococcus sp.,
Peptostreptococcus sp., Prevotella sp., Porphyromonas gingivalis, Capnocytophaga
gingivalis, Prevotella sp., Fusobacterium sp. e Veillonella sp. [10, 11, 12]. Portanto, os
micróbios orais podem refletir a saúde humana, pois certos estados de saúde parecem
estar relacionados à composição das bactérias orais, e a destruição da comunidade
microbiana está relacionada a doenças sistêmicas [8].
Diante dessa perspectiva, torna-se evidente que microrganismos presentes na
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2. OBJETIVOS
3. METODOLOGIA
4. RESULTADOS
Chattopadhyay,
P. gingivalis e F. nucleatum induzem a produção de citocinas inflamatórias,
I; Verma, M;
proliferação celular e inibição da apoptose, invasão celular e migração
Panda,
através de alterações genômicas nas células hospedeiras.
M. (2019) [6]
Pignatelli, P. et
al. Fusobacterium nucleatum e Porphyromonas gingivalis apresentam
mecanismos de inflamação que desempenham papel na carcinogênese.
(2022) [23]
Saxena, R. et al. O tabaco sem fumaça reduz a diversidade microbiana. Streptococcus é mais
(2022) [26] prevalente em não usuários e no tecido saudável de pacientes com CECO. V.
dispar e R. mucilaginosa são marcadores potenciais para disbiose oral.
5. DISCUSSÃO
iniciam-se após uma disbiose na região, muitas vezes devido à diminuição da eficácia
imunológica. A produção de protease aspártica digere o epitélio superficial, permitindo
a entrada nos tecidos subjacentes. O Candida também pode iniciar a proliferação
celular, possivelmente levando à expansão clonal de células geneticamente alteradas
[30].
Algumas espécies bacterianas, como a P. gengivalis, desempenham um papel
significativo no câncer ao induzir a invasão celular. Ela pode produzir cisteína
proteinase, retendo o receptor PAR2 e clivando a pró-enzima de MMP-9, convertendo-a
em sua forma ativa. A MMP-9 desintegra a membrana basal e a matriz extracelular,
promovendo a migração e invasão de células tumorais, facilitando a metastização e
contribuindo para o desenvolvimento e progressão do câncer [31].
Em relação ao HPV, sua infecção inicial na camada basal ocorre em três
processos principais: replicação por plasmídeo, replicação vegetativa e replicação
produtiva. Esses eventos promovem mudanças nos queratinócitos, integração do
genoma viral às células hospedeiras e perturbação dos mecanismos de controle celular,
impulsionando o desenvolvimento do câncer [32].
Nos artigos analisados, existe uma concordância entre os gêneros bacterianos
sugeridos como participantes no processo de carcinogênese. Níveis notavelmente mais
elevados de Peptostreptococcus, Fusobacterium, Prevotella (especialmente P.
melaninogenica), Porphyromonas, Veillonella (principalmente V. parvula),
Haemophilus, Rothia e Streptococcus foram identificados em amostras de CECO [4, 6,
10, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25]. Enquanto isso, gêneros como Actinomyces,
Sutterella, Stenotrophomonas, Anoxybacillus e Serratia foram encontrados em níveis
reduzidos nas lesões de CECO em comparação com os respectivos controles saudáveis
[18].
Foi estabelecida uma significativa correlação entre o microbioma oral e lesões
potencialmente malignas [10, 20, 21]. Níveis elevados de Porphyromonas,
Solobacterium, P. melaninogenica, Fusobacterium, Leptotrichia e Lautotropia foram
identificados no líquen plano oral [10]. Adicionalmente, em casos de leucoplasia, foram
observados maiores índices de Haemophilus, Leptotrichia, Campylobacter, Rothia
mucilaginosa e Fusobacterium [10, 20, 21]. Prevotella também foi notado em níveis
abundantes em pacientes com lesões pré-malignas, desempenhando um papel crucial no
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6. CONCLUSÃO
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