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melhor antidepressivo?
Paula Benevenuto Hartmann
INTRODUÇÃO
Contudo, caso seja da preferência do paciente ou se houver falha da abordagem inicial, é possível
Quadros moderados e graves: Estes casos devem incluir o uso de antidepressivos, de preferência
• Também não deixe de avaliar se o paciente faz uso regular de outra medicação e do seu potencial
de interação farmacológica.
• Pergunte sobre a presença de ideação suicida e considere isso na hora de escolher a abordagem.
• Alguns exames laboratoriais iniciais podem ser realizados, assim como ECG.
• Pesquise a história de tratamento prévio: se o paciente ou familiar próximo já fez tratamento com
algum antidepressivo antes e qual foi a sua resposta. Caso tenha usado alguma medicação no
passado de forma bem sucedida, recomenda-se optar pela mesma medicação agora.
Considerações antes da Prescrição
• A escolha do antidepressivo deve considerar também a presença de comorbidades, o perfil de efeitos
colaterais, a preferência do paciente, a comodidade posológica, a tolerância, seu custo e seu perfil de
interações farmacológicas.
• Considere que os efeitos adversos de uma medicação podem ser úteis para tratar certos sintomas (ex:
medicações que causam mais sonolência em pacientes com insônia).
• Para tentar diminuir os efeitos adversos iniciais é possível iniciar o tratamento com metade da dose
terapêutica com alguns antidepressivos, como ISRS e ISRSN. Contudo, a dose deve ser aumentada para a
dose terapêutica mínima dentro de alguns dias, o que varia conforme o fármaco.
• A opção por uma medicação de liberação prolongada parece aumentar a adesão ao tratamento.
antidepressivos
Medicações de 1a linha:
Medicações de 2a linha:
sertralina;
• Vilazodona;
• Bupropiona;
Medicações de 3a linha:
• Agomelantina.
• Reboxetina.
• Muitas vezes o fármaco escolhido pode apresentar efeitos adversos. Contudo, a maioria desses
diminui de intensidade após as primeiras semanas de tratamento. É necessário discutir com o
paciente o quanto estes são toleráveis.
• Uma resposta parcial ao tratamento deve ser observada em 2 a 4 semanas, esperando-se que
ocorra a remissão do quadro em 6 a 12 semanas, quando em doses terapêuticas.
• Caso o paciente não apresente melhoras, mesmo que parciais, em 2 a 4 semanas, deve-se checar a
adesão ao tratamento proposto e, conforme a necessidade, aumentar a dose. Muitas medicações
devem ter sua dose aumentada de forma lenta e gradual.
• Após a remissão dos sintomas, o antidepressivo deve ser mantido por 6 a 9 meses.
• Se houver risco de recorrência, o tratamento deve ser mantido por 2 anos ou mais.
• Casos resistentes, de difícil manejo ou com muitas comorbidades devem ser encaminhados ao
especialista.
cuidados especiais
• A retirada da medicação deve ocorrer de forma gradual e lenta para evitar os
sintomas de descontinuação, que ocorrem nos casos em que há uma interrupção
abrupta.
cuidados especiais
ISRS
Alguns desses efeitos podem ser diminuídos optando-se por iniciar o tratamento com uma dose inferior à
dose terapêutica e promovendo aumentos graduais ou tratando os eventos adversos com outros
fármacos (ex: náusea com antieméticos e insônia com agentes hipnóticos ou sedativos). Muitos deles
tendem a diminuir naturalmente após algumas semanas de uso.
A descontinuação abrupta (especialmente das medicações com meia-vida curta) podem originar uma
forma de síndrome de abstinência. Esta classe possui maiores chances de causar síndrome
serotoninérgica quando associados aos triptanos.
ISRs
• Pode ser uma boa opção quando há queixa de fadiga, lentificação, muito sono e apatia; por outro lado,
pode ser muito estimulante para pacientes agitados e ansiosos, não sendo a melhor opção nesses casos.
• Pode ter como efeito adverso disfunção sexual e alguma redução do sono e do apetite.
• Pode ser uma boa opção nas queixas de redução de energia e de muito sono.
• Sua dose deve ser iniciada mais baixa e aumentada de forma lenta nos casos em que há transtornos
ansiosos associados.
Sertralina • Também pode ser uma boa opção na depressão com sintomas psicóticos.
• Boa opção para os pacientes ansiosos, sendo mais sedativa e com leve efeito anticolinérgico.
• Por isso deve ser preferencialmente administrada à noite, a menos que cause insônia.
• Contudo, está bastante vinculada à sintomas de abstinência na interrupção abrupta e aos efeitos sobre a
Paroxetina parte sexual.
ISRs
• Pode ser uma opção na comorbidade com transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), transtornos ansiosos e
na depressão psicótica.
• Pode estar indicado em comorbidades com transtornos ansiosos, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e
transtorno disfórico pré-menstrual.
Citalopram • Deve ser evitado em casos de síndrome do QT longo, ICC descompensada, IAM recente, bradicardias e
distúrbios hidroeletrolíticos.
• Assim como o Citalopram está indicado em comorbidades com transtornos ansiosos, transtorno
obsessivo-compulsivo (TOC) e transtorno disfórico pré-menstrual.
Escitalopram • Contudo, sua dose máxima é limitada por possíveis alterações no ECG.
• Deve ser evitado em pacientes com QT longo ou que usem medicação que aumentem o QT.
certas áreas cerebrais. Além de boas opções no tratamento do transtorno depressivo, podem ser
usadas quando há comorbidade com dor crônica e sintomas da perimenopausa. Pela sua atuação sobre
• Efeito colateral: náusea; pode ser diminuído com a opção de comprimido de liberação prolongada.
• Além do tratamento da depressão, pode ser uma opção para tratamento dos sintomas da perimenopausa.
• No tratamento pode haver aumento do LDL, triglicerídeos e colesterol total. Recomenda-se sua avaliação.
Desvenlafaxina
• Atenção para os sintomas de descontinuação na suspensão abrupta.
• Além do tratamento do transtorno depressivo maior, é uma boa opção nos casos em que há comorbidade
com dor crônica (ex: neuropatia diabética e fibromialgia) e transtorno de ansiedade generalizada.
• Pacientes cuja sintomatologia depressiva também envolva quadros álgicos podem se beneficiar.
• Também pode ser uma opção nos casos em que há incontinência urinária por esforço.
Duloxetina • Deve ser evitada em hepatopatas, nefropatas e cardiopatas grave e em casos de glaucoma de ângulo
fechado descompensados.
• Além de indicação no tratamento do transtorno depressivo maior, é uma boa opção quando há
comorbidade com tabagismo e o paciente deseja interromper o vício.
• Contudo, pode agravar alguns quadros ansiosos, além de possui risco de convulsão dose-dependente
(especialmente nos predispostos).
Bupropiona • Cuidado em pacientes com doença de Parkinson, pois pode interagir com suas medicações.
• Deve ser evitada em casos de epilepsia, transtornos alimentares (bulimia e anorexia), tumores cerebrais,
traumatismo craniano, em pacientes que estão descontinuando álcool e sedativos e em casos de tumores
dependentes da prolactina.
• É um tetracíclico que atua sobre a noradrenalina e serotonina, mas sem bloqueio dos transportadores.
• Está relacionada ao ganho de peso e sedação (uso preferencial à noite) pela propriedade anti-histamínica,
constituindo-se em uma opção para pacientes com insônia e perda do apetite.
• É mais sedativas em doses menores. Conforme a dose aumenta, a sedação pode diminuir. Contudo,
Mirtazapina sugere-se cautela ao dirigir ou no manuseio de alguns equipamentos ou máquinas.
• É um antidepressivo atípico: inibe a recaptação de serotonina e age como antagonista de seus receptores.
• Em doses baixas é usado como sedativo. Por isso, sugere-se cautela ao dirigir ou no manuseio de alguns
equipamentos ou máquinas.
• Seu efeito ocorre em doses mais altas. A formulação de liberação prolongada permite chegar essas doses.
• A ocorrência de priapismo é pouco comum, mas caso ocorra deve-se descontinuar a medicação.
• Deve ser evitado logo após um IAM, em casos de arritmias ou bloqueios, alterações renais, hepáticas e
grávidas.
• É um antidepressivo multimodal.
• Seu uso vem sendo associado a uma menor ocorrência de disfunção sexual.
• Atenção: diminuir sua dose à metade quando for coadministrado com fluoxetina, paroxetina e
bupropiona.
• Possui menos efeitos adversos sobre a sexualidade, peso e menor sedação durante o dia, quando tomada
à noite.
• Deve ser evitadas por pacientes com quadros demenciais, hepatopatas e pacientes com cirrose.
Agomelantina • Recomenda-se cautela com o uso de álcool ou medicações que tenham efeito hepático durante o
tratamento.
• Caso aumente em mais de 3 vezes as enzimas hepáticas e surja icterícia, recomenda-se a realização de
exames e a suspensão da medicação.
Apesar de serem medicações eficientes, possuem muitos efeitos adversos, perfil de interação
farmacológica menos favorável e podem ser mais letais em overdose. Os efeitos adversos envolvem
sedação, ganho de peso, retenção urinária, constipação, hipotensão ortostática e, em doses altas,
alterações cardíacas, convulsões e coma. Por isso, atenção à prescrição quando há ideação suicida.
Recomenda-se que antes de iniciar o tratamento com esta classe o paciente realize os seguintes
exames: hemograma completo, eletrólitos, função hepática e ECG.
A prescrição destes fármacos geralmente se inicia de forma lenta e o aumento da dose ocorre
progressivamente e ao longo de alguns dias. A Clomipramina é a medicação com mais efeito sobre a
serotonina nesta classe.
Por isso sua prescrição necessita de cuidados, que envolvem uma dieta restrita e rigorosa, além de
especial atenção às interações medicamentosas. Isso explica porque não constituem a 1a linha de
tratamento. Contudo, são boas opções em casos resistentes.
Após interromper o tratamento com um IMAO, deve-se esperar 14 dias (ou mais) antes de iniciar outro
antidepressivo. Podem interagir com agentes hipoglicemiantes. Caso haja crise hipertensiva com seu
uso, tratar com alfa-adrenérgicos (ex: clorpromazina ou fentolamina).
Síndrome Serotoninérgica
medicações que atuem sobre esse neurotransmissor. Casos graves podem levar
Mioclonia Clônus
Tremor Diarreia
Hiperreflexia Vômitos
Sertralina, Fluoxetina,
Destaque para a Mirtazapina.
Fluvoxamina, Duloxetina,
Venlafaxina e Bupropiona.
Padrões de efeitos colaterais da 1ª linha
Coagulação /
ECG / Arritmias
Sangramentos
plaquetária e aumentam as
Citalopram, Escitalopram e
chances de sangramento no
Quetiapina.
TGI (especialmente se
associados a AINEs).
Paroxetina
Interações Medicamentosas
Perfil de Interação
Baixo Perfil de Interação: Elevado Perfil de Interação:
Intermediário:
• Sertralina;
• Escitalopram;
• Duloxetina;
• Fluoxetina;
• Citalopram;
• Bupropiona;
• Paroxetina;
• Mirtazapina;
• Agomelantina;
• Fluvoxamina;
• Venlafaxina;
• Levomilnaciprano;
• Selegilina;
• Desvenlafaxina. • Vortioxetina;
• Moclobemida.
• Vilazodona.
Interações Medicamentosas
Duloxetina
Interage com cimetidina,
ciprofloxacino e ticlopidina.
Interações Medicamentosas
• Antidepressivos Tricíclicos, Vortioxetina, Risperidona, Olanzapina, Tramadol, Codeína (e outros opióides - reduzem
os efeitos), Beta-bloqueadores, Tamoxifeno.
• Sadock BJ, Sadock VA, Ruiz P. Compêndio de Psiquiatria - Ciência do Comportamento e Psiquiatria Clínica. Editora Artmed, 11a
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