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Quaresma

Sumário
Ciclo da Páscoa: Mistério da Redenção.............................................................................................3
TEMPO DA QUARESMA ..................................................................................................................3
Expiação do pecado por parte do homem .................................................................................3
Comentário dogmático ..............................................................................................................4
Ensinamento ascético ................................................................................................................5
Caráter litúrgico .........................................................................................................................6
TEMPO DA PAIXÃO.........................................................................................................................7
Expiação do pecado por parte de Jesus .....................................................................................7
Comentário Dogmático ..............................................................................................................8
Ensinamento Ascético ................................................................................................................8
Caráter Litúrgico .........................................................................................................................9
A Semana Santa ...................................................................................................................... 10

Nota:

Venda Proibida - Distribuição Gratuita

Textos extraídos dos Missais Romanos:

Missal Quotidiano Dom Beda Keckeisen O.S.B - 1956

Missal Romano – Edições Paulinas - 1963

Digitalizado: Diego do Nascimento Vieira - Educando para o Céu.

Instagram: @educandoparaoceu

Site: www.educandoparaoceu.com.br

2022

2 Tempo da Quaresma
Ciclo da Páscoa: Mistério da Redenção
TEMPO DA QUARESMA
Expiação do pecado por parte do homem

Na linguagem corrente, a Quaresma abrange os dias que vão da Quarta-feira de Cinzas


até ao Sábado Santo. Contudo, a liturgia propriamente quaresmal começa com o primeiro
Domingo da Quaresma e termina com o sábado antes do Domingo da Paixão.
A Quaresma pode ser considerada, no ano litúrgico, o tempo mais rico de ensinamentos.
Lembra o retiro de Moisés, o longo jejum do profeta Elias e do Salvador.
Durante estes quarenta dias os Cristãos se unem intimamente aos sofrimentos e à morte
do Divino Salvador, a fim de ressuscitarem com Ele para uma vida nova, nas grandes solenidades
pascais.

Tempo da Quaresma 3
Data dos tempos Apostólicos – Nos primeiros tempos do Cristianismo esta ideia
fundamental achava sua aplicação no Batismo dos catecúmenos e na reconciliação dos
penitentes. Por toda a liturgia da Quaresma, a Igreja, instruía os pagãos que se preparavam para
o Batismo. No Sábado Santo mergulhava-os nas fontes batismais, de onde saíam para uma vida
nova, como Cristo do túmulo. Por sua vez, os fiéis, gravemente culpados, deviam fazer penitência
pública e cobrir-se de cinzas (Quarta-feira de cinzas), para acharem uma vida nova em Jesus
Cristo. Convém repara nestes dois elementos, para compreender a liturgia da Quaresma e a
escolha de muitos textos sagrados.
A Quaresma como sinônimo de jejum observado por devoção individual na Sexta-feira e
Sábado Santos, e logo estendido a toda a Semana Santa. Na segunda metade do século II, a
exemplo de outras igrejas, Roma introduziu a observância quaresmal em preparação para a
Páscoa, limitando, porém, o jejum a três semanas somente: a primeira e quarta da atual
Quaresma e Semana Santa. A verdadeira Quaresma com os quarenta dias de jejum e abstinência
de carne, data do século IV.
O jejum consistia originalmente numa única refeição tomada à tardinha; por volta do ano
1000 antecipou-se para as três horas da tarde e no século XV tornou-se uso comum o almoço ao
meio-dia. Com o correr dos tempos, verificou-se que era demasiado penosa a espera de vinte e
quatro horas; foi-se, por isso, introduzindo o uso de tomar alguma coisa à tarde, e logo mais
também pela manhã, costume que vigora ainda hoje. O jejum atual, portanto, consiste em tomar
uma só refeição diária completa, na hora de costume: pela manhã, ao meio-dia ou à tarde, com
duas refeições leves no restante do dia.

Comentário dogmático

“Todos pecamos, e todos precisamos fazer penitência”, afirma São Paulo. A penitência é
uma virtude sobrenatural (intimamente ligada à virtude da justiça), que inclina o pecador a
detestar o pecado, a repará-lo dignamente e a evita-lo no futuro.
Os motivos principais que nos obrigam à penitência são:
a) O dever de justiça para com Deus, a quem devemos honra e glória, o que lhe
negamos com nosso pecado;
b) A nossa incorporação com Cristo, o qual inocente, expiou os nossos pecados; nós,
culpados, devemos associar-nos a Ele, no Sacrifício da Cruz, com generosidade e
verdadeiro espírito de reparação;
c) O dever de caridade para com nós mesmos que precisamos descontar as penas
merecidas com os nossos pecados e reprimir nossas paixões;
d) O dever da caridade para com o nosso próximo, que afastamos de Deus com os maus
exemplos.

Vê-se daí quão útil para o pecador aproveitar o tempo da Quaresma para multiplicar
as boas obras, e assim dispor-se para a conversão.

4 Tempo da Quaresma
Ensinamento ascético

Segundo os Santos Padres, a Quaresma é um período de renovação espiritual, de vida


cristã mais intensa e de destruição do pecado, para uma ressurreição espiritual, que marque na
Páscoa o reinício de uma vida nova em Cristo ressuscitado.
A Quaresma tem por finalidade primordial incitar-nos à oração, à instrução religiosa, ao
sacrifício e à caridade fraterna. Recomenda-se por isso, particularmente a meditação da Paixão
de Cristo.
As práticas exteriores que devem desenvolver em nós o espírito do Cristo e unir-nos a
seus sofrimentos, são o jejum, a oração e a esmola.
O jejum e a abstinência da carne se fazem para que nos lembremos de mortificar nossos
sentidos, orientando-os particularmente ao arrependimento sincero e emenda de nossos
pecados.
A caridade fraterna – base do Cristianismo – inclui a esmola e todas as obras de
misericórdia espirituais e corporais.
O jejum é imposto pela Igreja Santa Igreja a todos os fiéis, depois de 21 anos completos
até atingirem os 60 anos. Seria engano pernicioso não reconhecer a utilidade desta mortificação
corporal. Seria menosprezar o exemplo do próprio Cristo e pecar gravemente contra a
autoridade da sua Igreja. O Prefácio da Quaresma nos descreve os efeitos salutares do jejum, e
aqueles que por motivos justos são dele dispensados não estarão do jejum espiritual, isto é, de
se privarem de festas, teatros, leituras puramente recreativas, etc...
A oração. Assim como a palavra abrange todas as mortificações corporais, da mesma
maneira compreende a palavra oração todos os exercícios de piedade feitos neste tempo, com
um recolhimento particular, como sejam: a assistência a Santa Missa, a Comunhão frequente, a
leitura de bons livros, a meditação, especialmente da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, a Via
Sacra e a assistência às pregações quaresmais.
A esmola compreende as obras de misericórdia para com o próximo. Já no Antigo
Testamento está dito: “Mais vale a oração acompanhada do jejum e da esmola do que amontoar
tesouros” (Tob. 12,8). Praticando essas obras, preparavam-se antigamente os catecúmenos para
o Batismo que iam receber no Sábado de Aleluia, enquanto os penitentes públicos se
submeteram a elas com espírito de dor e arrependimento de coração.
Saibamos também nós que aquele que não faz penitência perecerá para toda a
eternidade (Luc. 13,3)

Tempo da Quaresma 5
Caráter litúrgico

Todos os dias da Quaresma e do Advento e outros dias do ano, fazem-se as “Estações


litúrgicas”. São funções especiais na várias igrejas de Roma, para onde, na Idade Média, o Papa
se dirigia em procissão e aí fazia “estação”, celebrando com a assistência de todos os sacerdotes
das igrejas romanas. Os fiéis reuniam-se numa igreja próxima, chamada Collécta; nome que
significa precisamente “lugar de reunião”, à espera do Sumo Pontífice, que ao chegar, rezava
uma oração. A seguir, todos em procissão dirigiam-se para a igreja estacional onde o Papa
celebrava o Santo Sacrifício. Após a função, os sacerdotes, levando consigo uma partícula da
hóstia consagrada pelo Papa, retornavam às suas igrejas. Celebravam então para os numerosos
fiéis impossibilitados de participar da Missa estacional. E no vinho consagrado colocavam a
referida partícula, que recebia o nome de fermento, por simbolizar e fomentar a unidade do
Sacrifício Eucarístico e a união com o Papa. Hoje resta somente o nome das Estações e as funções
solenes nas igrejas estacionais, que somam apenas a quarenta e três.
Cada dia da Quaresma tem sua Missa própria. Os vários formulários, que datam da época
das estações, foram compostos em vista de uma renovação espiritual dos fiéis e uma condigna
preparação dos catecúmenos para o Batismo, que se lhes administrava no Sábado Santo.
Cada dia deste Tempo tem a sua “estação”, com indulgências especiais e uma liturgia
própria, cujos Cânticos e Leituras nos incitam à penitência e à conservação, enquanto as Orações
imploram para nós perdão e a graça.

Particularidades deste tempo: a cor dos paramentos é a violácea. Omite-se


completamente o Aleluia, e o Glória só se canta nas festas dos Santos. OS altares são despojados
de seus enfeites e o órgão se cala, menos no IV. Domingo. No fim das Missas do Tempo
Sacerdote diz: Benedicamus Domino, em vez de: Ite, Missa est, para exortar os fiéis a
perseverarem na oração.
Originalmente, a Quaresma excluía qualquer festa, devido à austeridade do Tempo; aos
poucos, contudo, foram admitidas festas do Senhor também dos Santos. Em 1960 foi
restabelecida a antiga disciplina litúrgica: com Decreto de 26 de julho foi conferida precedência
às Missas quaresmais, sobre as Missas do Santoral (exceto as de 1ª e 2ª classe).
O mesmo Decreto obriga a usar a Dalmática e a Tunicela nas Missas solenes da Quaresma
(em substituição da Casula plicada e do estolão que antes usavam o Diácono e Subdiácono).

Renovemos em nós a graça do Batismo e façamos dignos frutos de penitência. Os


textos das Missas, a cada passo, nos exortam a isso. Convém, entretanto evitar que nossa
piedade seja excitada por compaixão sentimental ou tristeza exagerada. Sim, é um combate,
uma morte terrível que vamos contemplar, mas é também, e, sobretudo, uma vitória, um
triunfo. Em verdade assistiremos a uma luta gigantesca do Homem novo; ouviremos os seus
gemidos, seguiremos os seus passos sangrentos, contaremos todos os seus ossos; mas isto é
apenas um episódio de sua vida; o desenlace é um grito de vitória, um cântico de triunfo.

6 Tempo da Quaresma
TEMPO DA PAIXÃO
Expiação do pecado por parte de Jesus

Tempo da Quaresma 7
Constituído de dois domingos que antecedem imediatamente a Páscoa, o Tempo da
Paixão, delineou-se no século VII, quando se começou a dar maior relevância ao Mistério da
Cruz. O Segundo Domingo da Paixão, ou Domingo de Ramos, primeiro dia da Semana Santa,
revela o caráter quaresmal nas orações e leituras.

Comentário Dogmático

No Tempo da Paixão, a Santa Igreja revive a cena do Calvário. Descrevem-se às vezes de


maneira dramática, o ódio e as conjurações dos judeus, que procuram matar a Jesus, o justo e
inocente. Recorda-se a instituição da Eucaristia e do Sacerdócio efetuada na Última Ceia.
Celebram-se os mistérios dolorosos da Paixão e Morte de Jesus Cristo, que revela o seu infinito
amor por nós.

Ensinamento Ascético

A Paixão de Cristo é exemplo e ensinamento. Exemplo de paciência e resignação;


ensinamento que nos leva a abraçar com amor os ensinamentos e provas da vida. As almas
generosas e fervorosas procuram, de fato, seguir a Jesus Cristo até ao sacrifício e à imolação de si
mesmas. E por isso não medem esforços para manter-se em estado de graça, observar os
mandamentos de Deus. Cumprir os deveres do próprio estado, mortificar as próprias inclinações
desordenadas e professar, com destemor, a própria fé, mesmo entre os incrédulos. O sacrifício e
a imolação levam a aceitação paciente e generosa das cruzes, a diversidades, contradições,
preocupações, dores, angústias, transtornos, separações, privações, perseguições, desgraças,
doenças e lutos. O sacrifício e imolação movem, além disso, as mortificações voluntárias que não
impeçam o cumprimento dos deveres e que não causem dano à saúde.
Jesus aplica os frutos de sua imolação somente aos que a ela se associam, pois essa divina
imolação produz o seu pleno efeito quando unida à nossa oferta.
Nesse Tempo da Paixão procuremos reviver, na meditação e na contemplação, todos os
momentos da vida do Salvador.

8 Tempo da Quaresma
Caráter Litúrgico

A Liturgia do Tempo da Paixão tem duas particularidades:

1ª) A obrigação de velar o crucifixo e as imagens dos altares. Deriva, provavelmente do


uso, comprovado já no século IX, de estender um véu diante do presbitério, desde o início da
Quaresma. Esse rito lembrava aos fiéis que ao receber as cinzas na fronte tornavam-se
penitentes e não mereciam ver as cerimônias do Santo Sacrifício. É simbolicamente um sinal de
tristeza, condigna do tempo, e exprime o ocultamento da divindade de Cristo, que tolerou assim
ser mal tratado, humilhado e perseguido por suas criaturas.

2ª) A supressão do Salmo Júdica me, no princípio da Missa, do Glória Patri no fim do
lavabo e nos Responsórios do Ofício e, durante o Tríduo Sagrado, também no final dos Salmos.

Tempo da Quaresma 9
A Semana Santa
A origem da Semana Santa remonta aos primórdios do Cristianismo. No tempo dos
Apóstolos celebravam-se unicamente a Sexta-feira e o Sábado, os dois dias “em que o Esposo
fora tirado”, na expressão do Batista, aplicada por Tertuliano; mais tarde acrescentou-se a
Quarta-feira, “em que os judeus deram início aos perversos desígnios de traírem o Senhor”, no
dizer de São Pedro Alexandrino. Pelo ano de 247 todos os dias da Semana Santa eram
consagrados à preparação da Páscoa.
Nessa Semana observava-se rigoroso jejum com longas vigílias noturnas, que
compreendiam leituras, cantos, homilias e orações. Nos tempos de Leão I (440-461), eram dias
litúrgicos a Quarta e a Quinta-feira. Com o Papa Hilário, falecido no ano de 468, foi que se
admitiu o Santo Sacrifício na Sexta-feira e no Sábado.
Estamos no tempo da Paixão. A semana que passou ajudou-nos a compreender um
aspecto íntimo do drama mediante o qual fomos resgatados: Jesus rejeitado por seu povo e por
nós. A Semana Santa porá ainda mais em evidência o drama cruento da Cruz. A Missa de hoje,
com seus cantos, manifestação patética do sofrimento de Cristo e com suas leituras, é uma
exaltação da Paixão e da Cruz.
Abstenhamo-nos, todavia, de fingir uma comoção inquieta. Comemoramos um mistério
inseparável da Ressurreição e da Ascenção. “Era necessário que Cristo sofresse”; mas, nós o
sabemos era o caminho pelo qual devia passar para “entrar na sua glória” e abrir-nos as suas
portas.
Por esta razão, a Igreja, no decreto de reforma da Semana Santa, exorta-nos vivamente a
participar das sagradas funções a fim de tributar nosso testemunho público de amor e gratidão a
Cristo Rei.

10 Tempo da Quaresma
Que possamos bem viver este tempo riquíssimo da Quaresma, para que, com a Santa
Igreja, relembrando a morte e sepultura de Nosso Senhor Jesus Cristo, com renovado amor
por Ele, na noite sacratíssima do Sábado Santo, possamos, em vigília exultar de alegria
celebrando a sua gloriosa Ressurreição. Ora, como ensina o Apóstolo, já que pelo batismo
fomos sepultados com Cristo na Morte, e como Cristo ressuscitou dentre os mortos, assim
também nós devemos viver vida nova, cientes de que o nosso homem velho foi crucificado
com Cristo, para não sermos mais escravos do pecado. Consideremo-nos, portanto,
verdadeiramente mortos para o pecado, e vivos para Deus em Nosso Senhor Jesus Cristo.

Tenham todos, uma Santa Quaresma!


“Lembra-te homem, vieste do pó, e ao pó te hás de tornar.”
(Gn 3,19)

Tempo da Quaresma 11

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