Processo: é um instrumento pelo qual um sujeito vai buscar a
solução de um conflito ou ao exercício dos seus direitos perante o poder judiciário. O direito subjetivo de recorrer ao Estado com o objetivo de que este resolva um conflito se chama Direito de Ação. É o direito de provocar o Poder Judiciário.
1. Jurídico: a jurisdição cabe ao Estado, especificamente ao
Poder Judiciário. É um poder/dever do Estado: poder porque as decisões emanadas pelo Estado devem ser executadas imperativamente e obriga os sujeitos a executá-las. E dever porque o Estado não pode se esquivar de solucionar os conflitos. ● Características da Jurisdição: Heterocomposição Substitutividade - o juiz, ao decidir, substitui a vontade dos conflitantes (não é exclusivo da jurisdição); Imparcialidade - o juiz deverá ser imparcial; Indelegável - a atividade jurisdicional é indelegável, poderá somente ser exercida pelo órgão que a CF/88 considera competente; Inafastabilidade - toda lesão ou ameaça ao direito não poderá ser afastada do conhecimento pelo Poder Judiciário; Inércia - as partes devem provocar a jurisdição, pois ela não age de ofício; Investidura - a jurisdição deve ser feita por um juiz selecionado por concurso público (A regra não é absoluta, como o ingresso ao STF como Ministro, não precisa necessariamente de ter feito concurso para juiz/jurisdição); Definitividade - existe para garantir que a decisão judicial, após a resolução de conflitos, não seja cancelada; Imperatividade - as decisões do estado juiz tem força coativa e obrigam os litigantes. ● Espécies de Jurisdição: Voluntária - ex: divorcio, mediação, não há conflito, assegura um direito, questão é decidida pelas partes; Contencionista - solicita o juiz de outra comarca determinar o percurso do processo de outro estado, há conflito, obriga uma das partes (réu), questão é solucionada por decisão judicial (pelo juiz). ● Divisão do Poder Judiciário - ex: STF, STJ, Justiça Eleitoral etc. Existe para um melhor aproveitamento da jurisprudência. 2. Relação Processual: a relação processual é formada por 3 sujeitos, o Autor (aquele que provoca o Poder Judiciário), Réu (aquele que se defende das pretensões do autor) e o Juiz (a personificação do Estado, o qual vai solucionar o conflito) ● Obs: O juiz não pode ser próximo de uma das partes (amigo, irmão, padrasto) e não pode ter interesse na causa que ele está julgando. Ou seja, as partes (autor e réu) precisam ser equidistantes do julgador para evitar que um tenha mais vantagens que outro e visar a posição de igualdade entre estes e o Juiz imparcial.
Então pode-se dizer também, que o processo é uma relação jurídica
de direito público, composta por autor, réu e juiz, que tem como objetivo solucionar um conflito e que se desenvolve a partir de uma sequência ordenada de atos. Conclui-se que o Direito Processual é um conjunto de normas e princípios que regem o exercício da jurisdição pelo Poder Judiciário, diante de uma provocação do Autor e da defesa do Réu. Fontes do Direito Processual
1º) Constituição Federal: traz normas e princípios fundamentais
que devem ser observados ao decorrer do processo 2º) Tratados Internacionais: podem ter força de emenda constitucional 3º) Leis Complementares: matérias específicas, como algumas matérias do Direito Eleitoral e Direito Processual em matéria tributária 4º) Leis Ordinárias: regra geral 5º) Fontes Complementares: costumes, analogias, os princípios gerais do direito, jurisprudência e equidade.
Princípios Constitucionais Processuais
1- Princípio do Devido Processo Legal
Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal. É um princípio que limita a atuação do Estado no exercício da jurisdição e proteger os sujeitos do arbítrio estatal (ou seja, ele evita o abuso estatal). -> Formal: Ele é uma forma de controle da atuação do estado no exercício da jurisdição, o qual dá Modelo Prévio de atuação que o juiz deverá seguir durante o percurso do processo e nas suas decisões (que devem ser coerentes a este procedimento). -> Substancial: impõe a observância dos princípios da razoabilidade (é o uso do bom senso na hora de interpretar uma norma) e da proporcionalidade.
2- Princípio do Direito de Ação: é o direito de provocar o estado por
meio de um processo
3 Princípio da Boa-Fé Processual: aquele que de alguma forma
participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé (boa-fé objetiva, observa a conduta do agente). Ele é aplicado não só para as partes, mas para o juiz também. Boa-fé subjetiva observa a intenção do agente.
4- Princípio da Publicidade: instrumento de controle das decisões
judiciais, é também um direito ao acesso ao conteúdo das decisões. -> Publicidade Externa: direcionada a toda coletividade, são aplicados a casos de interesse público, mas em certas circunstâncias poderá ser limitada (ex: casos de segredo de justiça). -> Publicidade Interna: direcionada às partes do processo, neste caso sempre deve haver independente do caso, a exceção a regra é a Arbitragem.
5- Princípio da Eficácia: espera-se o melhor desempenho funcional
do servidor público com a produção de melhores resultados, buscando de maneira mais rápida e com melhor custo e benefício.
6- Princípio do Juiz Natural: o qual dispõe que a competência da
autoridade julgadora será anteriormente fixada em lei e tal autoridade deverá ser imparcial e isenta de motivações ou interesses no caso. Este princípio proíbe a criação de tribunal de exceção (objetivo) com o fim de garantir a imparcialidade (subjetivo) do órgão judiciário.
⬇ ️Aos litigantes são assegurados o contraditório e a ampla defesa,
com os meios e recursos a ela inerentes.
7- Princípio Contraditório: se refere ao direito de tomar
conhecimento das alegações da parte contrária e poder se contrapor. Se por um acaso for alegado a ofensa desse direito de qualquer uma das partes, a sentença poderá ser anulada caso haja boa-fé na alegação, pois não deve ser usada para o benefício da parte (ex:Anulação de Algibeira, quando alega a nulidade em momento de melhor conveniência, em vez de alegar imediatamente). -> Contraditório Formal: consagra o direito de ser informado + com a possibilidade de reagir/contrapor -> Contraditório Substancial: implica na possibilidade de efetivamente influir na decisão.
8- Princípio da Ampla Defesa: confere o direito de se valer de todos
os meios de provas e recursos juridicamente válidos para para se defender. Este princípio dá o direito de solicitar a produção de provas e de impor recursos, se houver um cerceamento do direito de defesa de qualquer uma das partes, a sentença poderá ser anulada. -> Defesa Técnica (específica): também abrange o direito à defesa técnica (é obrigatória e irrenunciável), por um advogado no processo que tenha um devido preparo e realmente defende os direitos da parte. ->Autodefesa (material): Já a autodefesa é aquela exercida pela própria parte, é renunciável e não é obrigatória.
Outras formas de resolução de conflitos
1. Mediação: técnica exercida por terceiro imparcial sem poder
decisório escolhido/aceito pelas partes, estimula e auxilia a desenvolver e encontrar soluções para a controvérsia (autocomposição, é as partes que decidem). Geralmente as partes apresentam um vínculo e apresentam o objetivo de restabelecer o diálogo e permitir que elas mesmas propunham saídas nas problemáticas. Logo, a função do mediador é a de buscar a aproximação das partes para assim elas mesmas proporem soluções (aplicado mais no Direito de Família). Em regra a audiência de mediação é obrigatória , somente não haverá a audiência se ambas as partes manifestaram desinteresse (de forma expressa) na mediação, mas se for apenas uma das partes haverá. Mas isso não se aplica ao Direito de Família, se ambas as partes mostrarem desinteresse, ainda haverá a audiência.
Petição Inicial -> informar se tem interesse ou não ->
independente da sua manifestação, será marcado o dia da audiência -> réu será citado e informado sobre a data da audiência -> réu apresenta prazo de 10 dias antes da data para informar desinteresse.
2. Arbitragem: é uma forma de heterocomposição, ou seja, existe
um terceiro que decide como o problema será resolvido. Mas este terceiro não é um juiz, e sim um ou mais árbitros (se for mais de um árbitro, deverá sempre ser em número ímpar, para a decisão não dar empate.). Pode ser Árbitro qualquer pessoa plenamente capaz e que tenha a confiança das partes, imparcialidade e não tenha interesse no resultado da demanda. As partes podem escolher o Árbitro ou os Árbitros ou também podem adotar as regras de um órgão arbitral institucional ou entidade especializada. (Geralmente utilizada quando os assuntos a serem resolvidos pela arbitragem são aqueles envolvendo direito patrimonial, impasse de um contrato e Direito Empresarial). ● A Sentença Arbitral: os efeitos de uma sentença arbitral são idênticos aos de uma sentença judicial, se a parte vencida não cumprir o que foi determinado, a sentença arbitral pode ser executada na justiça.