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O Iluminismo (Atividade 3 – Primeiro Bimestre)

Da direita para a esquerda, os pensadores precursores do iluminismo: René Descartes, Francis


Bacon, John Locke e Isaac Newton.

O Iluminismo ou ilustração francesa foi uma corrente de pensamento que


prevaleceu na Europa no século XVIII, denominado século das luzes. A palavra
Iluminismo lembra “iluminar” ou “lançar luzes.” Para a ideologia burguesa
reinante naquele contexto isso significava afirmar que era preciso romper com
os resquícios da chamada Idade das Trevas ou Idade Média: o Feudalismo, o
Absolutismo, o misticismo católico. As propostas dos iluministas para a
religião, por exemplo, foram importantes para popularização da idéia de Estado Laico, isto é, que não interfere nos
assuntos religiosos e garante liberdade religiosa para sua população. Os filósofos iluministas defendiam o predomínio da
razão sobre a fé e acreditavam que o progresso e a felicidade seriam o caminho traçado para a humanidade. O
movimento iluminista originou-se no Renascimento cultural, científico e artístico. Para os renascentistas, a razão e a
ciência eram as bases para a compreensão do mundo. Para o Iluminismo, Deus está na natureza e no homem, podendo
ser descoberto pela razão. Assim sendo, a Igreja não exerceria o papel fundamental para a salvação da alma. Os
filósofos iluministas defendiam a liberdade de expressão dos cidadãos, a liberdade religiosa, acreditavam que todos são
iguais perante a lei e que todos têm o direito de defesa contra o abuso das autoridades. Os quatro principais
precursores do Iluminismo foram Descartes, Bacon, Locke e Newton.

O francês René Descartes (1596-1650) foi considerado o pai do racionalismo moderno e sua principal obra foi o
‘Discurso do Método’. Nessa obra, adotou a dúvida sistemática como meio para encontrar a verdade. Segundo
Descartes, deveríamos duvidar de tudo, ou seja, a dúvida seria a premissa das coisas. Para esse iluminista, a dúvida
acabaria através da comprovação científica das coisas ou dos seres. Dizia ele “penso, logo existo.” O segundo pensador,
também precursor do Iluminismo, foi o inglês Francis Bacon (1561-1626). Considerado o revolucionário do método
científico, foi o responsável por ter criado a experimentação científica, na qual a conclusão deve ser comprovada pela
experiência e pela prática. O inglês John Locke (1632-1704) foi considerado o terceiro crítico veemente da teoria política
do poder divino (rei com poder divino). Locke formulou a teoria política de que o governante deveria respeitar os
direitos naturais e não ultrapassar os limites dos representantes que o escolheram. Foi também um dos fundadores da
monarquia parlamentar. O quarto precursor do pensamento iluminista foi Isaac Newton (1642-1727), também de
origem inglesa. Para esse pensador iluminista, os fenômenos naturais são regidos por leis naturais. Ele criou a “lei da
gravidade” e é considerado o pai da Física Moderna. Os quatro pensadores iluministas descritos acima foram de
fundamental importância para a mudança de mentalidade da sociedade européia. A partir das idéias iluministas, os
pensadores franceses aprofundaram e divulgaram a corrente de pensamento iluminista pelo mundo, influenciando
diretamente a Revolução Francesa, marco de ruptura com a sociedade do Antigo Regime.

As revoluções inglesas do século XVII abriram caminho para a Revolução Industrial no século XVIII,
transformação radical dos meios de produção que teve seu epicentro na Inglaterra e se espalhou pelo mundo, inclusive
em solo francês. A França era exatamente o país que tinha os mais conhecidos monarcas absolutistas. Os reis franceses
governavam seu reino com poderes ilimitados e não havia espaço para questionamento das suas decisões. Os
iluministas foram de encontro com essa característica da sociedade francesa e defenderam formas de limitar o poder
real. Eles propuseram que essa limitação ocorresse por meio de um Congresso, que seria eleito pelo povo e o
responsável por elaborar uma Constituição, um documento que serviria como a base de uma nação, trazendo os
direitos e deveres de todos dentro do Estado. Os iluministas também questionavam a ausência de liberdade dentro de
sua sociedade, pois, como mencionado, não havia espaço para a contestação das vontades do monarca. Assim, eles
eram defensores da liberdade de expressão e do direito dos cidadãos de fazerem críticas às autoridades quando lhes
fosse apropriado. Defendiam o direito de liberdade de reunião para poderem debater suas ideias sem o temor de sofrer
represálias, e defendiam a liberdade religiosa porque não concordavam com as perseguições que aconteciam por conta
das diferenças entre as religiões. Esses ideais tiveram forte apoio da burguesia, o grupo que identificou que eles
poderiam ser benéficos na sua ascensão social e econômica.
Nossa Carta Magna foi fortemente influenciada pelo Iluminismo: “Art. 5º Todos são iguais perante a
lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.”

Os iluministas defendiam que em economia o Estado não deveria interferir e que o


mercado deveria regular a si mesmo. Segundo eles, as interferências estatais
somente atrapalhavam a livre iniciativa e impediam o desenvolvimento do
comércio e o enriquecimento das pessoas. Eles incentivavam a livre iniciativa e
defendiam o livre comércio e a livre concorrência. Essas idéias ficaram conhecidas como liberalismo econômico, e o seu
principal formulador foi o economista Adam Smith. Houve também espaço para que outras propostas fossem
formuladas para a economia. O economista francês François Quesnay, por exemplo, defendeu a idéia de que a
agricultura seria a grande geradora de riquezas para uma nação. As propostas para a economia formuladas por Smith
contribuíram para a formação do Capitalismo, sendo que o liberalismo econômico foi muito influente na economia
mundial até a Grande Depressão ou Crash de 1929.

Voltaire (1694-1778), pseudônimo de François-Marie Arouet, foi um filósofo francês que nasceu em Paris. Suas
críticas à nobreza resultaram em várias situações de prisão e exílio. Voltaire defendia a idéia de uma monarquia
centralizada, cujo monarca deveria ser culto e assessorado por filósofos. Foi um crítico severo das instituições religiosas,
bem como dos hábitos feudais que ainda vigoravam na Europa. Afirmava que apenas aqueles dotados de razão e
liberdade poderiam conhecer as vontades e desígnios divinos. Todos os que se disseram filhos de deuses foram os pais
da impostura. Serviram-se da mentira para ensinar verdades, eram indignos de a ensinar, não eram filósofos, eram,
quando muito, mentirosos cheios de prudência. A principal obra de Voltaire, "Cartas Inglesas ou Cartas Filosóficas", foi
um conjunto de cartas acerca dos costumes ingleses os quais comparava aos do atraso da França absolutista. Apesar
disso, era contra qualquer revolução, pois acreditava que os monarcas seriam capazes de se orientar racionalmente
para cumprir o seu papel. Escreveu também novelas, tragédias e contos filosóficos, dentre os quais "O Ingênuo".

Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), foi um filósofo suíço que lançou as bases para o Romantismo europeu.
Rousseau era a favor do “contrato social”, forma de promover a justiça social que dá nome a sua principal obra.
Apregoava que a propriedade privada gerava a desigualdade entre os homens. Segundo ele, os homens teriam sido
corrompidos pela sociedade quando a soberania popular tinha acabado. O homem nasceu livre, e em toda parte se
encontra acorrentado. "O Contrato Social" é a sua obra de maior destaque de Rousseau. Em "Émile", outra obra de
grande importância, Rousseau trata da educação afirmando que ela deve ser base da reconstrução da humanidade.

Charles-Louis de Secondat ou Montesquieu (1689-1755), ficou conhecido como Barão de La Brède e de


Montesquieu. Famoso jurista e filósofo francês que se destacou nas áreas da filosofia da história e do direito
constitucional, Montesquieu foi um dos criadores da filosofia da história. Montesquieu criticou de forma sistemática o
autoritarismo político, bem como as tradições das instituições européias, especialmente da monarquia inglesa: “Não há
mais cruel tirania do que aquela que exerce à sombra das leis e com as cores da justiça.” Na sua principal obra, “O
Espírito das Leis”, Montesquieu defende a separação dos três poderes do Estado em Legislativo, Executivo e Judiciário.
Acreditava que essa fosse uma maneira de manter os direitos individuais. Sua obra foi inspiração para a "Declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão" (1789), para a Revolução Francesa e para a Constituição dos Estados Unidos (1787).

Denis Diderot (1713-1784) Foi responsável por elaborar, em parceria com D'Alembert, a famosa "Enciclopédia"
ou "Dicionário racional das ciências, das artes e dos ofícios". Composta por 33 volumes, a obra reúne os principais
conhecimentos acumulados pela humanidade naquela época. Foi editada pela primeira vez na França (1751 e 1772),
onde se difundiu para se tornar a principal propaganda iluminista. Por este motivo, os iluministas são conhecidos como
"enciclopedistas".

No Brasil, o Iluminismo se deu por meio do questionamento ao pacto colonial estabelecido pelos portugueses.
As idéias iluministas aqui fizeram com que seus adeptos defendessem o fim do colonialismo, visando à equiparação dos
status de Portugal e Brasil, mas muitos começaram a defender o separatismo, com a formação de uma república que
reproduzisse os valores iluministas no país. O iluminismo brasileiro ainda fomentou uma série de revoltas contra o
domínio colonial, das quais se destacaram a Inconfidência Mineira e a Conjuração Baiana, no final do século XVIII.

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