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Ldia10 Questao Aula Camoes Rimas
Ldia10 Questao Aula Camoes Rimas
Avaliação: O professor:
1. cuidado: pensamento;
2. tratos: convívio;
3. busquem: busque, procure;
4. calma: calor do sol;
5. gesto: rosto.
1. Com base na primeira quadra, indica três traços que caracterizam o modo como «a gente toda» vê
o sujeito poético.
2. Explicita um dos efeitos expressivos produzidos pelas enumerações presentes nos versos 9 e 11.
3. Comenta o sentido do verso «que eu só em humilde estado me contento» (v. 12) no contexto dos
dois tercetos.
1. De acordo com a primeira estrofe, «a gente toda» (v. 1) vê o sujeito poético como um indivíduo «perdido» (v. 1), ou
louco, ensimesmado («tão entregue a meu cuidado» v. 2), sempre à margem, evitando deliberadamente a convivência
com as outras pessoas («andar sempre dos homens apartado», v. 3), e desprendido das regras do convívio em
sociedade («dos tratos humanos esquecido», v. 4).
2. As enumerações dos versos 9 e 11 surgem integradas na reflexão que o sujeito poético desenvolve sobre a busca
dos outros, «a outra gente» (v. 10), no primeiro terceto.
A enumeração «a terra, o mar e o vento» (v. 9) sugere a dimensão abrangente e quase ilimitada dessa busca,
convocando três dos elementos clássicos da Natureza – Terra, Água e Ar –, referidos numa sequência sugestiva de
movimento e de uma dinâmica ascensional (da terra e do mar para o vento/Ar). Sugere também o seu carácter
insaciável e algo insano, pois a procura chega a pretender transpor o espaço humanamente mais controlável, a
Terra, para se concretizar no «mar» e no espaço aéreo («vento»).
No verso 11, a enumeração «ferro, fogo, frio e calma», elencando os diversos obstáculos a ultrapassar pela
«outra gente» (v. 10) durante a sua busca, remete para a diversidade, complexidade e exigência dessa procura, já
que a mesma implica a superação de desafios exigentes em termos sensoriais e o confronto com ambientes e
elementos extremos. Dada a multiplicidade de adversidades a vencer por quem persegue «riquezas» e «honras»
(v. 10), a enumeração contribui ainda para sugerir a agitação e o desassossego em que parecem viver aqueles de
quem o «eu» lírico se distingue.
3. O verso 12 constitui a afirmação, por parte do sujeito poético, de uma opção de vida simples («em humilde estado me
contento»), oposta à dos seres humanos que buscam incessantemente «riquezas» e «honras» e a quem se refere no
primeiro terceto.
O verso marca o desinteresse e o desprendimento do «eu» pelos bens materiais, contrastando com os que são
movidos por tais objetivos, por votar a sua existência a um bem simbólico perene: o sentimento amoroso,
manifestado na entrega total ao ser amado e à contemplação da beleza deste, inscrita para sempre dentro de si
(«me contento,/de trazer esculpido eternamente/vosso fermoso gesto dentro n’alma.», vv. 12-14).
Assim, anuncia a vivência interior da beleza e do amor como os valores da vida do «eu».
(Nota: Questionário e cenários de resposta parcialmente
adaptados da Prova Escrita de Literatura Portuguesa,
2007, 2.ª fase, Gave)