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Teste de Avaliação – “Os Lusíadas” de Luís de Camões

Língua Portuguesa – 9º Ano


Ano Lectivo 2010 / 2011

Nome: ________________________________ Data: _________________________


Observações: _________________________________________________________

I - Lê o texto com atenção.


“Eternos moradores do luzente E porque, como vistes, tem passados
Estelífero pólo e claro assento, Na viagem tão ásperos perigos,
Se do grande valor da forte gente, Tantos climas e céus experimentados,
De Luso, não perdeis o pensamento, Tanto furor de ventos inimigos,
Deveis ter sabido claramente Que sejam, determino, agasalhados
Como é dos Fados grandes certo intento Nesta costa Africana como amigos.
Que por ela se esqueçam os humanos, E, tendo guarnecida a lassa frota,
De Assírios, Persas, Gregos e Romanos. Tornarão a seguir sua longa rota.”

Já lhe foi, bem o vistes, concedido Estas palavras Júpiter dizia


Cum poder tão singelo e tão pequeno Quando os Deuses, por ordem respondendo,
Tomar ao Mouro forte e guarnecido, Na sentença hum do outro diferia,
Toda a terra que rega o Tejo ameno. Razões diversas dando e recebendo.
Pois contra o Castelhano tão temido O padre Baco ali não consentia
Sempre alcançou favor do Céu sereno. No que Júpiter disse, conhecendo
Assi que sempre, enfim, com fama e glória Que esquecerão seus feitos no Oriente,
Teve os trofeus pendentes da vitória. Se lá passar a Lusitana gente.

Deixo, Deuses, atrás a fama antiga Ouvido tinha os fados que viria
Que co a gente de Rómulo alcançaram, Hua gente fortíssima de Hespanha,
Quando com Viriato, na inimiga Pelos mar alto, a qual sujeitaria
Guerra Romana tanto se afamaram. Da Índia tudo quanto Dóris banha,
Também deixo a memória que os obriga E com novas vitórias venceria
A grande nome, quando se alevantaram A fama antiga, ou sua, ou fosse estranha.
Hum por seu capitão, que peregrino Altamente lhe dói perder a glória
Fingiu na cerva espírito divino. De que Nisa celebra inda a memória.

Agora vedes bem que, cometendo Vê que já teve o Indo subjugado


O duvidoso ma, num lenho leve, E nunca lhe tirou Fortuna ou Caso,
Por vias nunca usadas, não temendo Por vencedor da Índia ser cantado
De Áfrico e Noto a força, a mais se atreve; De quantos bebem a água de Parnaso.
Que havendo tanto já que as partes vendo Teme agora que seja sepultado
Onde o dia é comprido e onde breve, Seu tão célebre nome em negro vaso
Inclinam seu propósito e perfia D’água do esquecimento, se lá chegam
A ver os berços onde nasce o dia. Os Fortes Portugueses que navegam.

Prometido lhe está o fado eterno, Sustentava contra ele Vénus bela
Cuja alta lei não pode ser quebrada, Afeiçoada à gente Lusitana,
Que tenham longos tempos o governos Por quantas qualidades via nela
Do mar que vê do Sol a roxa entrada. Da antiga tão amada sua Romana:
Nas águas tem passado o duro Inverno, Nos fortes corações, na grande estrela,
A gente vem perdida e trabalhada, Que mostraram na terra Tingitana,
Já parece bem feito que lhe seja E na língua, na qual, quando imagina,
Mostrada a nova terra que deseja. Com pouca corrupção crê que é Latina.

A professora: Lúcia Martins


Teste de Avaliação – “Os Lusíadas” de Luís de Camões
Língua Portuguesa – 9º Ano
Ano Lectivo 2010 / 2011

II – Compreensão e interpretação
1. Identifica, após uma leitura atenta e cuidadosa:
1.1. O episódio retratado nestas estrofes.
1.2. A divisão material aqui subjacente.
1.3. O plano narrativo envolvente.

2. Especifica:
2.1. O emissor da mensagem.
2.2. O destinatário da mesma.

3. Refere o assunto das estâncias transcritas no excerto.


4. Atenta na oitava 24 e responde de forma completa:
4.1. Qual será, a teu ver, o melhor sinónimo para o sintagma “forte gente”?
4.2. Por que razão é feita referência aos povos “Assírios, Persas, Gregos e Romanos”?

5. Onde se reuniram os Deuses?


6. Como estão sentados os deuses na sala de reuniões?
7. Por que ordem intervêm eles?
8. Baco é opositor ou adjuvante? Porquê?
9. Vénus constitui um adjuvante, por excelência, dos Portugueses. Explicita as motivações para
tal tomada de posição.
10. Atenta no discurso directo presente neste episódio.
10.1. Justifica o uso do discurso directo neste episódio.
10.2. Transforma-o em discurso indirecto.

III – Assinala com F (falsa) ou V (verdadeira) as seguintes frases, corrigindo as falsas sem
utilizares a sua negativa.
1. “Os Lusíadas” pertencem ao género dramático.
2. A personagem principal é Vasco da Gama.
3. A Proposição é a parte introdutória, na qual o poeta anuncia o que vai cantar.
4. A Dedicatória consiste no oferecimento do Poema a D. Manuel I.

A professora: Lúcia Martins


Teste de Avaliação – “Os Lusíadas” de Luís de Camões
Língua Portuguesa – 9º Ano
Ano Lectivo 2010 / 2011

5. Pode considerar-se que “Os Lusíadas” se constroem através da articulação dos seguintes
planos: Intervenção do Poeta, Intervenção dos Deuses, Viagem de Vasco da Gama e
História de Portugal.
6. O poeta inicia a Narração de “Os Lusíadas” com a partida das naus de Lisboa a oito de
Julho de 1497.
7. O início da Narração e o início da acção da viagem não coincidem.
8. No Consílio dos Deuses não intervém nenhum deus.
9. Baco decide proteger os portugueses.
10. Os versos “Altamente lhe dói perder a glória / De que Nisa celebra inda a memória”
referem-se a Marte, deusa da guerra.
11. Marte e Vénus apresentam-se como adjuvantes em relação aos portugueses.
12. O Consílio dos Deuses realizou-se no Olimpo.
13. Quanto à sua estrutura interna, “Os Lusíadas” dividem-se em dez cantos.
14. Segundo a sua estrutura interna há, na obra, quatro partes: Proposição, Invocação,
Dedicatória e Narração.
15. No verso “Tomar ao Mouro forte e guarnecido” (est. 25, v. 3) está presente uma sinédoque.
16. No verso “Que co a gente de Rómulo alcançaram” (est. 26, v.2) está patente uma perífrase.
17. A língua latina é entendida, aqui. Como uma fonte de fidelidade e de garantia das línguas
nacionais românicas.

Bom Trabalho

A professora: Lúcia Martins

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