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Introdução ao Eurocódigo 7

Dimensionamento geotécnico
Eurocódigo 7
• NP EN 1997-1: Parte 1: Regras gerais
(ENV 1997-1)

• NP EN 1997-2: Parte 2: Prospeção geotécnica


e ensaios
(ENV 1997-2 + ENV 1997-3)
Conteúdo da Parte 1 (NP EN 1997-1)

• Secção 1 - Generalidades

• Secção 2 - Bases do projeto geotécnico

• Secção 3 - Caracterização geotécnica

• Secção 4 - Supervisão da construção, observação e


manutenção

• Secção 5 - Aterros, rebaixamento freático, melhoramento


ou reforço do terreno
• Secção 6 Fundações superficiais

• Secção 7 Fundações em estacas

• Secção 8 Ancoragens

• Secção 9 Estruturas de suporte

• Secção 10 Rotura Hidráulica

• Secção 11 Estabilidade global



• Secção 12 Aterros

• Anexos A a J

• Anexo Nacional NA
Distinção entre princípios e regras de aplicação
• Os princípios são referenciados por um número
entre parênteses seguido da letra P (por
exemplo (1)P) e englobam:

– Disposições e definições de caráter geral para as


quais não são permitidas alternativas,

– Requisitos e modelos analíticos para os quais


não se permite alternativa, a não ser que
expressamente especificado
Distinção entre princípios e regras de aplicação

• As Regras de Aplicação são regras


generalizadamente aceites que são conformes
aos Princípios e que satisfazem os seus
requisitos.

• As Regras de aplicação são identificadas por


um número entre parênteses (por exemplo (1))
Anexos
• Anexo A – fornece valores recomendados para
os coeficientes parciais de segurança que
poderão ser alterados pelo anexo nacional. No
caso português são introduzidas poucas
alterações que, obviamente, devem ser tidas em
conta.

• Anexos B a J – fornecem informações


suplementares a título de orientação, tais como
métodos de cálculo aplicados
internacionalmente. Têm caráter informativo.
Anexo Nacional NA
• O anexo nacional está inserido na parte final da NP
EN1997-1.

• Estabelece procedimentos alternativos e valores,


recomenda classes e inclui notas indicando onde
poderão ter de ser feitas opções nacionais.

• No preambulo da NP EN1997-1 são enumerados as


regras, princípios e anexos onde é permitida a opção
nacional.
Categorias geotécnicas

• Para estabelecer os requisitos do projeto geotécnico a NP EN 1997-


1 recomenda a classificação das estruturas nas Categorias
Geotécnicas 1, 2 ou 3 de acordo com a complexidade da estrutura,
das condições do terreno e do carregamento, e do nível de risco
que é aceitável para os propósitos da estrutura

• As categorias geotécnicas são usadas no eurocódigo 7 para


estabelecer a amplitude da caracterização requerida in situ e a
quantidade de esforço a despender na verificação do projeto.

• Estruturas simples com risco desprezável e onde os requisitos


fundamentais podem ser satisfeitos com base na experiência local e
em estudos de caracterização geotécnica de natureza qualitativa
cairão na Categoria 1.
Categorias geotécnicas

• A categoria geotécnica 2 abrange os tipos correntes de estruturas e


de fundações que não envolvam nem risco fora de comum nem
condições difíceis no que diz respeito ao terreno ou ao
carregamento.

• O projeto das estruturas da categoria 2 deve assegurar a satisfação


dos requisitos fundamentais e incluir dados geotécnicos
quantitativos.

• Poderão ser usados procedimentos de rotina no projeto de


estruturas da categoria 2.
Exemplos de estruturas ou partes de estruturas correntes
da categoria 2 (Nota da Regra 1.4(19))

• Fundações superficiais
• Ensoleiramentos gerais
• Fundações por estacas
• Muros e outras estruturas de retenção ou suporte de solo ou de
água
• Escavações
• Pilares e encontros de pontes
• Aterros e movimentos de terras
• Ancoragens no terreno e outros sistemas de ancoragem
• Túneis em rocha resistente não fraturada e sem requisitos especiais
de impermeabilização e outros
Categoria geotécnica 3

• Abrangem todas as estruturas ou partes


de estruturas que não se situam nas
categorias 1 e 2

• No projeto das estruturas desta categoria


deverão ser normalmente utilizadas
disposições e regras alternativas às desta
norma.
Exemplos de estruturas da categoria 3 (Nota da Regra
1.4(21))

• Estruturas de grande dimensão ou pouco comuns


• Estruturas que envolvem riscos fora de comum ou
condições invulgares ou excecionalmente difíceis de
terreno ou de carregamento
• Estruturas em áreas de elevada sismicidade
• Estruturas em áreas com provável instabilidade local ou
movimentos persistentes do terreno que requeiram
estudos específicos de caracterização geotécnica ou
medidas especiais.
Valores característicos
dos parâmetros geotécnicos
• O processo de seleção (Princípio 2.4.5.2(1)P), a
partir de ensaios em laboratório e/ou no campo,
dos valores característicos para os parâmetros
geotécnicos relevantes para o projeto podem
geralmente ser divididos em dois passos
principais:

– Passo 1: estabelecer os valores das propriedades do


terreno apropriadas

– Passo 2: a partir destes, selecionar o valor


característico como uma estimativa cautelosa do
valor que condiciona a ocorrência do estado limite,
incluindo toda a informação relevante e
complementar. (Princípio 2.4.5.2(2)P)
Princípio 2.4.5.2(2)P da NP EN 1997-1

• Este princípio define o valor característico como


sendo “selecionado como uma estimativa
cautelosa do valor que condiciona a ocorrência
do estado limite”

– Selecionado – dá ênfase à importância do julgamento


em engenharia

– Estimativa cautelosa – é requerido algum


conservadorismo

– Estado limite – o valor selecionado deve referir-se ao


estado limite
Aspetos a ter em conta na seleção de valores
característicos para os parâmetros geotécnicos
(Princípio 2.4.5.2(4)P)
• As informações geológicas e outras informações de base, tais como
dados de projetos anteriores;

• A variabilidade dos valores medidos da propriedade do terreno e


outras informações relevantes, por exemplo, a partir do
conhecimento existente;

• A amplitude dos estudos de caracterização de campo e de


laboratório;

• O tipo e o número de amostras;

• A extensão da zona do terreno que condiciona o comportamento da


estrutura geotécnica no estado limite em consideração;

• A aptidão da estrutura geotécnica transferir cargas de zonas do


terreno mais deformáveis para zonas menos deformáveis.
Quantidade de informação e o grau de
confiança na mesma

• A cautela com que um valor característico será


selecionado depende, entre outras coisas, da confiança
que o engenheiro geotécnico tem no seu conhecimento
do terreno.

• Isto é determinado por:

– a quantidade de informação (resultados de ensaios


locais e outras informações relevantes)

– a variabilidade dos resultados


Uso de métodos estatísticos
• As técnicas estatísticas têm como objetivo calcular o
valor do parâmetro “característico” a partir dos
parâmetros da amostra (valor médio, desvio padrão) e
de um conhecimento a priori.

• O valor característico é selecionado tal que existe só


uma pequena probabilidade de o valor que governa o
estado limite no terreno ser menos favorável do que o
valor característico.

• O uso de métodos estatísticos implica que existe um


número suficientemente grande de resultados de
ensaios (estes resultados de ensaios podem incluir
dados da experiência prévia).
Regra 2.4.5.2(11)

• Se se usarem métodos estatísticos, o


valor característico deve ser deduzido de
forma a que a probabilidade calculada de
que o valor que condiciona a ocorrência
do estado limite em consideração seja
mais desfavorável não exceda 5%.
Estados Limites

• A NP EN 1990 define estados limites como


“estados para além dos quais a estrutura deixa
de cumprir os critérios de projeto relevantes”

• O objetivo dos estados limites de projeto é de


verificar que nenhum estado limite é excedido
quando os valores de cálculo relevantes das
ações, das propriedades de resistência do
material e das propriedades geométricas são
usados em modelos de cálculo apropriados.
Estados Limites

• Estados limites últimos (ELU) definidos na NP EN 1990


como “estados associados ao colapso ou a outras
formas semelhantes de rotura estrutural” (por exemplo,
rotura da fundação por insuficiente resistência ao
carregamento)

• Estados limites de utilização (ELUt) definidos na NP EN


1990 como “estados que correspondem a condições
para além das quais deixam de ser satisfeitos os
requisitos específicos de utilização para a estrutura ou
membros estruturais” (por exemplo, assentamento
excessivo relacionado com o uso pretendido da
estrutura)
Estados limites últimos (ELU) considerados
na NP EN 1997-1 (Princípio 2.4.7.1(1)P)

• EQU
• STR
• GEO
• UPL
• HYD
ELU EQU
 Perda de equilíbrio da estrutura ou do
terreno, considerados como corpos
rígidos, em que as propriedades de
resistência dos materiais estruturais e do
terreno não têm influência significativa na
capacidade resistente.
ELU STR
 Rotura interna ou deformação excessiva
da estrutura ou de elementos estruturais
(incluindo, por exemplo, sapatas, estacas,
muros de caves), em que as propriedades
de resistência dos materiais estruturais
têm influência significativa na capacidade
resistente.
ELU GEO
 Rotura ou deformação excessiva do
terreno, em que as propriedades de
resistência do solo ou da rocha têm
influência significativa na capacidade
resistente; por exemplo: estabilidade
global, capacidade resistente de
fundações superficiais ou fundações por
estacas.
ELU UPL
 Perda de equilíbrio da estrutura ou do terreno
devido ao levantamento global originado por
pressão da água (flutuação) ou por outras ações
verticais.
ELU HYD
 Levantamento hidráulico, erosão interna e
erosão tubular no terreno causados por
gradientes hidráulicos.
Estados limites últimos
GEO e STR
em situações persistentes e transitórias
Abordagens de cálculo

• Abordagem de cálculo 1
A1 „+‟ M1 „+‟ R1 (DA-1 combinação 1)
A2 „+‟ M2 „+‟ R1 (DA-1 combinação 2)

• Abordagem de cálculo 2
A1 „+‟ M1 „+‟ R2 (DA-2)

• Abordagem de cálculo 3
(A1 ou A2) „+‟ M2 „+‟ R3 (DA-3)
Coeficientes parciais das ações (γF)
ou dos efeitos das ações (γE)

Fatores
Ação Símbolo
A1 A2

Desfavorável 1.35 1.0


Permanente gG
Favorável 1.0 1.0

Desfavorável 1.5 1.3


Variável gQ
Favorável 0 0
Coeficientes parciais dos
parâmetros dos solos (γM)
Fatores
Parâmetro do solo Símbolo
M1 M2

Ângulo de atrito* gf’ 1.0 1.25

Coesão efectiva gc’ 1.0 1.25

Coesão não drenada gcu 1.0 1.4

Peso volúmico gg 1.0 1.0

* Este fator é aplicado a tgf’


Coeficientes parciais de resistência (γR) para estruturas de
suporte de terras

Fatores
Capacidade
Símbolo
resistente
R1 R2 R3
ao carregamento
do terreno de gR;v 1.0 1.4 1.0
fundação
ao deslizamento gR;h 1.0 1.1 1.0

passiva de terras gR;e 1.0 1.4 1.0


Estado limite último EQU em situações
persistentes e transitórias
Coeficientes parciais das ações (γF)

Ação Símbolo Fatores

Desfavorável gG;dst 1.1


Permanente
Favorável gG;stb 0.9

Desfavorável gQ;dst 1.5


Variável
Favorável gQ;stb 0
Coeficientes parciais dos parâmetros
dos solos (γM)

Parâmetro do solo Símbolo Fatores

Ângulo de atrito* gf’ 1.25


Coesão efectiva gc’ 1.25
Coesão não drenada gcu 1.4
Peso volúmico gg 1
* Este factor é aplicado a tgf’
Aplicação do EC7 a muros de suporte

Teoria de Coulomb – Solos incoerentes


Estado limite GEO – DA1-Comb.2: A2+M2+R1

qd=1,3×qk
 tgf'k 
f  arctg 
'
d

Ia1,d  1,25 
h Ia2,d
Wd
pa2,d
c1 K a  f (f'd , , d , )
c2
δd
a pa1,d
Wd  Wk  1,0
b

I a1v,d  I a1,d  sen d


pa1,d  K a  1,3  qk

I a1h,d  I a1,d  cos d


pa 2,d  K a  1,0  g  h
Verificação da segurança ao escorregamento pela base

Fest ,d  Finst,d
W d  I a1v,d  I a 2v,d  tgb,d  I a1h,d  I a 2h,d 

Fest,d – valor de cálculo da força estabilizadora

Finst,d – valor de cálculo da força instabilizadora

Wd – valor de cálculo do peso do muro

Iav,d – valor de cálculo do impulso vertical

Iah,d – valor de cálculo do impulso horizontal

δb,d – valor de cálculo do ângulo de atrito entre a base


do muro e o maciço de fundação
Estado limite EQU

qd=1,5×qk
 tgf'k 
f  arctg 
'
d

Ia1,d  1,25 
h Ia2,d
Wd
pa2,d
c1 K a  f (f'd , , d , )
c2
δd
a pa1,d
Wd  Wk  0,9
b

I a1v,d  I a1,d  sen d


pa1,d  K a 1,5  qk

I a1h,d  I a1,d  cos d


pa 2,d  K a 1,1 g  h
Verificação da segurança ao derrubamento

M est ,d  M der,d
Mdest,d – valor de cálculo do momento estabilizador

Mder,d – valor de cálculo do momento derrubador

Mest,d = Wd.a

Mder,d = (Ia1h,d×c1-Ia1v,d×b)+ (Ia2h,d×c2-Ia2v,d×b)

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