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PDF of Curso Elementar de Direito Romano Thomas Marky Full Chapter Ebook
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Thomas Marky
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CURSOELEMENTAR
DEDIREITO
ROMANO
No mundo concemporô.-
neo, são dois os maiores e tn;Üs
importantes sistemas jurídicos: o
"Co111monLaw", da Inglaterra e
dos países de colonização inglesa,
como os Esrados Unidos, e o Siste-
ma Romano-Germânico, rambém
chamado "CiL1i/ Lml'", do qual
fazem parte os países da Europa
con rinen cal (Alemanha, Ir.ilia,
França ecc.), da América Latina
(quase rodos, dentre os quais, o
Brasil) e aré mesmo da Ásia. como
o Japão e a Coréia do Sul. O Siste-
ma Romano-Germànico encontra
seus fundamentos no direico
romano, com as acualizações trazi-
das pela doutrina medieval, pelo
chamado direico comum e, princi-
palmente. pelos pandecciscas
alenües do séc. XIX.
O direito romano é, reco-
nhecidamente, a base do nosso
direico, especialmente do direito
civil. Como apontam os estudio-
sos, aproximadamente dois terços
dos arrigos de nosso Código Civil
(excluída a parre do Direito de
Empresa) foram coligidos, direta
ou indiretamente, das fontes
jurídicas romanas.
O escudo da experiência US - Acervo - FD - Fac. de Direito
jurídica romana não se traduz,
como poderiam pensar alguns li
li llil Ilillllll
ll111111111111111
2972068-10
principiantes, em exame arqueoló- Curso elementar de direito romano
L
1 T -
CURSOELEMENTAR
DEDIREITO
ROMANO
_ 9ªedição .
revista
eatualizada
2019
Marky, Thomas .
Curso Elementar de Direito Romano / Marky, Thomas . 9ª ed. - São Paulo : YK
Editora, 2019.
CDU - 34(82)
L
r
Duas Palavras 5
DUAS PALAVRAS
Alexandre A. CoRRÊA
Professor catedrático da Faculdade
de Direito da Universidade de São Paulo
(1965-1996)
r
1homasMARKY
Prefácio à Nona Edição 9
Eduardo C. SILVEIRAMARCHI
Professor Titular de Direito Romano da Faculdade
de Direito do Largo de São Francisco - Universidade
de São Paulo (USP), discípulo e "filho acadêmico" do
autor,
Dá rcio R. MARTINSRODRIGUES ,
HélcioM. FRANÇAMADEIRAe
Bernardo B. QUEIROZ DEMORAES,
Docentes de Direito Romano da mesma Instituição
e "netos acadêmicos" do autor.
fndice Sistemático 11
DUAS PALAVRAS...............................................................................................
.................
.........5
PREFÁCIOÀ PRIMEIRAEDIÇÃO...................................................................................
7
PREFÁCIOÀ NONA EDIÇÃO ...................................................................................
......9
UTILIDADE DO ESTUDODO DIREITOROMANO ....................................................
21
INTRODUÇÃOHISTÓRICA .........................................................................................
25
PARTE1:PARTEGERAL.......................................................... 33
CAPÍTULO1 - CONCEITODE DIREITO ......................................................................
35
DIREITOOBJETIVO: CONCEITO E CLASSIFICAÇÕES.....................
..............................................
35
DIREITOSUBJETIVO: CONCEITO E CLASSIFICAÇÕES........................
........................................38
CAPÍTULO6- NEGÓCIOJURÍDICO............................................................................
71
CONCEITO................
..............................................................
..................................................
................
71
REPRESENTAÇÃO
..............
............................
............
..................
..................
....................
....................
. 73
CLASSIFICAÇÃODOS NEGÓCIOSJURÍDICOS.................................
.............................................
75
VÍCIOSDO NEGÓCIO JURÍDICO.................................................
.....................................
..................
76
i) Simulação e reserva mental .......................................................
.........................................
77
ii) Erro ................
.......................................
....................
.....................
...........................
..................
78
iii) Dolo ..................................................
.........................................................................................79
iv) Coação ................................................................ .... 80
..................................................................
ELEMENTOSDOS NEGÓCIOSJURÍDICOS ................
............................
...........
.................
...........
.. 80
i) Condição .......................................
...............................................
.............................................
82
ii) Termo ............................................
......................................
................................... 85
......................
iii) Modo .....................................................................................................
.....................................
86
PARTEli: DIREITOSREAIS..................................................... 89
CAPÍTULO7 - DIREITOSREAIS...................................................................................
91
CONCEITODE DIREITOSREAIS................
.....................................
.............................
....................... 91
ESPÉC
IESDE DIREITOSREAIS..........................................
.............................
........................
.............93
CAPÍTULO8 - PROPRIEDADE.....................................................................................
95
CONCEITO........................
...........................
.............................................................
........................
........ 95
LIMITAÇÕESLEGAISÀ PROPRIEDADE..................................
...........
....................
.................
..........96
COPROPRIEDADE............................
...........................
...................................
........................................
97
l
1 Índice Sistemático 13
CAPÍTULO1O - POSSE..............................................................................................
107
CONCEITO...........................................................................
......................
.........................................
....107
HISTÓRIA DA POSSE.................
..............................................................
............................................109
AQUISIÇÃO E PERDADA POSSE...................
.................................................................................. 11O
CAPÍTULO17 - CONTRATOS.............................................................
...................... 155
CONCEITO............................................
......................
..........................................
.................................. 155
CONTRATOSFORMAIS.................................................
............................
..........................................155
CONTRATOSDO DIREITOCLÁSSICO...............................................................................
..............156
CONTRATOSREAIS ........................
...............
.................
......................................................................
157
i) Mútuo (Mfd.tuum)..................................................
....................................................
............157
ii) Depósito (DepQsitum) .........................................................
................................................
158
iii) Comodato (Commodªtum) .........................
..................................................................... 159
iv) Penhor (Contrºctus pignoraticius) ...............................
..................
................
.................. 160
CONTRATOSINOMINADOS ..............................................................................
....................
........... 160
CONTRATOSCONSENSUAIS....................................
.............................................
...........
................ 161
i) Compra e venda (f_mptio venditio) ...........................................
.......................................161
ii) Locação (LocQtio condfd.ctio) ........................
.....................................................................163
iii) Sociedade (Societas) ............................................
......................................................
......... 163
iv) Mandato (Mandºtum) ...................
.............................................................
........................
164
PACTOS(Pt\,CTA)......................... .....................................................................165
.....................................
DOAÇÃO ........................
....................................................
.....................................................................165
CAPÍTULO18 - QUASE-CONTRATOS......................................................
...............167
CONCEITO.................
.................
.............................................
................................................
...............167
i) Gestão de negócios (NegotiQrum ggstio) .........................
..............................................167
ii) Enriquecimento sem causa ...........................................................................
.....................168
DOAÇÕESENTRECÔNJUGES............................
.................
.......................
..............................
........204
CAPÍTULO30 - COLAÇÃO(COLL!!TIO
) ..................................................................235
18 Curso Elementar de Direito Romano
CONCEITO E HISTÓRICO...........
........................................................
.......................
........................
. 235
7, 4 (Ulpiano).
Util idade do Estudo do Direit o Romano 23
INTRODUÇÃO HISTÓRICA
l
Introdução Histórica 29
CURSO
ELEMENTAR
DE
DIREITO
ROMANO
-
l
PARTE
GERAL
Capít ulo 1 • Conceito De Direito 35
CAPÍTULO1
CONCEITO DE DIREITO
histórico e sistemático.
Historicamente, temos que distinguir o direito civil (iJ:1;s
civile, literalmente,
"direito do cidadão [romano]") do direito das gentes (íHsgfntíum), isto é, direito
dos povos.
Na verdade, a distinção baseia-se na diversidade dos destinatários das
respectivas regras. O antigo ius civi/e, também denominado nas fontes como ÍJ±S
Quiritium, destinava-se, exclusivamente, aos cidadãos romanos (Quirites). Por
outro lado, as normas consuetudinárias romanas, consideradas como comuns a
todos os povos e por isso aplicáveis não só aos cidadãos romanos (Quirites), como
também aos estrangeiros em Roma, constituíam o ius gfntium.
Para os juristas romanos da época clássica, o ius gfntium era um direito
universal, baseado na razão natural (natur4lis rr:1.tio). Por outro lado , encontramos
na codificação justinianéia outra distinção que contrapóe o ius gfntium ao ius
natur4le (Inst . 1, 2, 2) . Esse seria constituído de regras da natureza, comuns a
todos os seres vivos, como as relativas ao matrimônio, procriação e educação dos
filhos.
Também havia distinção entre i11:.s civile, de um lado, e iJ:1;s
honorr:1.rium, de
outro. A distinção baseava-se na diversidade de origem das respectivas regras. O
iY:.
s honor4rium era o direito elabor ado e introduzido pelo pretor que, com base
no seu impfrium (poder de mando) , introduzia novidades, criava novas regras
e modificava substancialmente as antigas do ius civile. Essas regras, contidas no
edito, eram as do ÍY:.S honorg_rium,do direito pretório.
Em contraposição, as regras do iy_scivile provinham do costume, das
leis, dos plebiscitos e, mais tarde, também dos senatusconsultos e constituições
imperiais.
Assim, nesse contexto, o termo iy_scivile abrangia não só o amigo direito
quiritário, como , também , o mais novo i11:.s gfntium .
Ainda a respeito da divisão de regras, quanto à sua origem, pode-se falar
de i1:1sextraording_rium,que era o direito elaborado na época imperial, mediante
a atividade jurisdicional (quase legiferante) do imperador e de seus funcionários,
que então tinham substituído o pretor nesse mister.
Por outro lado, examinando as classificações dogmáticas, encontramo s a
distinção entre direito público e direito privado. O primeiro regula a atividade
do Estado e suas relações com particulares e outros Estados . O direito privado,
por sua vez, trata das relações entre particulares (Inst. 1, 1, 4 e Pompônio, D. 1,
1, 1, 2).
Relacionada ainda com essa distinção é aquela de direito cogente (i1:1s
cggens)e de direito dispositivo (iH.sdispositivum). Cogente é a regra absoluta, de
38 Curso Elementar de Direito Romano
grande interesse público e social, cuja aplicação não pode depender da vontade
das partes interessadas. Tem que ser obedecida fielmente; as partes não podem
excluí-la , nem modificá-la . Nesse sentido os romanos diziam: "o direito público
não pode ser mudado pelo acordo entre particulares" (" il!.SpY.blicumprivatQrum
p4ctis mut4ri non pQtesi' - Papiniano D. 2 , 14, 38). Assim, por exemplo, a
responsabilidade por dolo ou má-fé não pode ser afastada pelas partes em um
contrato; qualquer cláusula nesse sentido será nu la.
O direito dispositivo, por sua vez, admitia uma autonomia de vontade dos
particulares: suas regras podiam ser postas de lado ou modificadas pela vontade das
partes, em razão de terem menor relevância social, interessando essencialmen te
às partes. Assim, na compra e venda, o vendedor respondia pelos defeitos da
coisa vendida. Essa era uma regra dispositiva, pois, por acordo expresso, as partes
podiam excluir essa responsab ilidade do vendedor.
Havia, ainda, a distinção entre direito comum (igs commgne) e direito
singular (igs singul4re). O direito comum referia-se às regras que estavam em
conformidade com os princípios gerais do direito, e, portanto, destinadas a
valer universalmente, para todas as pessoas. Por outro lado, o direito singular
era aquele que se desviava de tais princípios, isto é, era contra a lógica jurídica
(cQntraratiQnemigris), destinado a valer somente para determinada categoria de
pessoas ou siruaçóes. Esse último comportava, portanto, exceções às regras gerais
e comuns. Por exemplo, a regra "ninguém pode alegar a ignorância da lei" é regra
de direito comum; em contrapartida, era norma de direito singular conceder -se
exceção às categorias dos camponeses, menores de vinte e cinco anos, mulheres e
soldados em campanha.
Outra classificação do direito objetivo baseava-se em sua forma de criação.
É aquela feita de acordo com as fontes do direito, de que trataremos no próximo
capítulo.
Os direitos subjetivos, por sua vez, não têm todos as mesmas características.
Podem ser classificados conforme o tipo do poder que representam e, por
outro lado, de acordo com o dever jurídico que geram. Com essa classificação,
na realidade, fazemos a divisão da matéria do direito privado romano em
conformidade com os conceitos da dogmática moderna, e traçamos os planos de
nosso estudo.
Em grandes linhas, os direitos subjetivos (e os deveres jurídicos) são de
dois tipos, decorrentes de relações familiares ou patrimoniais. Os primeiros
incluem os relativos ao casamento, ao poder familiar e à tutela e curatela .
Os direitos subjetivos (e os deveres jurídicos) patrimoniais dividem-se em
dois grupos: os direitos reais e as obrigações.
Os direitos reais são direitos que conferem um poder amplo,
potencialmente absoluto, sobre coisas. Sua característica essencial é valerem
"contra todos" (frga Qmnes). O comportamento alheio que o titular do direito
subjetivo pode exigir é o de todos, que são obrigados a respeitar o exercício de
seu direito (poder) absoluto sobre a coisa .
Os direitos obrigacionais, por sua vez, existem tão somente entre pessoas
determinadas e vinculam uma (o devedor) à outra (o credor).
Por exemplo, o proprietário tem um direito real sobre o imóvel em que
mora. Todos devem respeitá-lo. Por outro lado, o locatário de um imóvel só tem
direito obrigacional contra a pessoa que o alugou a ele. Pode exigir dessa pessoa
que o deixe morar no imóvel, mas não tem direito nenhum contra outros, entre
os quais pode estar o verdadeiro proprietário também.
Naturalmente, também há direitos patrimoniais relacionados com as
relações jurídicas familiares ou delas decorrentes.
fu relações e modificações patrimoniais decorrentes do falecimento de
uma pessoa, intimamente ligadas também ao direito de família, são tratadas pelo
direito das sucessões.
Nosso plano é, por razões didáticas, começar pelo estudo dos direitos
patrimoniais e continuar com os de família e das sucessões.
Antes de examiná-los, porém, é necessário explicar os conceitos e
princípios gerais de nossa ciência, cujo conhecimento é pressuposto necessário
para o bom entendimento da matéria. Assim, estudaremos, como parte geral
introdutória, o sujeito de direito, depois os objetos de relações jurídicas e, por
fim, os fatos jurídicos, que criam, modificam ou extinguem direitos subjetivos.
A defesa dos direitos subjetivos, que é feita por via de processo judicial,
não será tratada especificamente, mas seus princípios gerais serão mencionados
sempre que necessários ou úteis para a melhor compreensão do assunto.
Capítulo 2 • Fontes Do Direito 41
CAPÍTULO2
FONTES DO DIREITO
COSTUME
Entre as fontes do direito romano, no segundo sentido, está o costume
(direito não escrito), que, no período arcaico, foi quase exclusivamente a
sua única fonte. O costume (chamado em latim de consuetgdo, mos ou, mais
especificamente, mQres maiQrum - isto é, "costumes dos antepassados") é a
observância constante e espontânea de determinadas normas de comportamento
humano na sociedade. Cícero o definiu como regra de conduta aprovada, sem
lei, pelo decurso de longuíssimo tempo e pela vontade de todos: "aquilo que a
vetustez (ou longo espaço de tempo) aprovou, sem lei, pela vontade de todos"
(quod volunt4te Qmnium si_neÍfge vety_stascomprobgyit-De inv. 2, 22, 67). Juliano
o caracterizava como "uso arraigado" (invete1r1ta consuetgdo - D. 1, 3, 32, 1) e
Ulpiano como "uso diuturno" (diutgrna consuety_do- D. 1, 3, 3, 3). De qualquer
modo, a observância da regra consuetudinária deve ser constante e universal.
42 Curso Elementar de Direito Romano
i) Leise plebiscitos
As leis e plebiscitos eram manifestações coletivas do povo. As primeiras,
"leis propostas" (/t?gesrog4tae) por um magistrado, discutidas e aprovadas nas
assembleias populares (comitia) por ele convocadas, de que só participavam
cidadãos romanos (isto é, o povo romano - pQpulus Rom4 nus) . Os segundos,
plebi scitos (plebiscita), forma anômala de fonte de direito, eram decisões da
plebe, reunida sem os patrícios. Essas delibera ções passaram a ser obrigatórias
para a comunidade toda desde que a Lei Hortênsia (!ex Ho rtfnsia), de 286 a.C.,
assim determinou, equiparando-as, portanto , às leis.
Interessante observar que são pouquíssimas as leis romanas de grande
import ância para o direito privado: não mais de vinte e cinco. Conservou-se o
nome de aproximadamente oitocentas leis nos quinhentos anos em que tais fontes
produziram direito.
ii) Senatusconsultos
Os senatu scons ultos (senatusconsyJta) eram deliberações do Senado. Na
República, eram dirigidos mormente aos administradores públicos, dando-lhes
instruções sobre o exercício de suas funções. O Senado era, portanto, um órgão
consultivo da administração pública. No início do Principado (final do séc. I a.C.),
os senatusconsultos passaram. a ser propostos pelos imperadores para votação
e, a princípio, consistiam., também, em instruções aos administradores. Com o
passar do tempo, porém , foram absorvendo as funções das assembleias populares
e passaram a comer normas gerais, semelhantes às leis. A partir de então, foi
reconhecida sua função legiferame. Mai s tarde , a partir do imperador Adriano
(117 - 138 d.C.), passou-se a aprovar simplesmente, por aclamação , a proposta
do imperador (or4tío p rincipis), transformando-se, destarte , o senatusconsulto
em uma forma indireta de legislação imperial.
l
Capítulo 2 • Fontes Do Direito 43
como era chamado aquele programa. Com o edito, na realidade, o pretor criava
novas normas jurídicas, ao lado das do direito quiritário. Essas novas normas
pretórias não podiam derrogar o direito quiritário, mas existiam paralelamente
a ele.
Embora houvesse a mudança anual dos magistrados, o edito passava a
conter um texto estratificado, fruto da experiência acumulada dos antecessores,
formando o chamado "edito cranslatício" (edj_ctum translaticium). Inovações
também podiam ser introduzidas pelo novo pretor, medi ;rnte o edito chamado
"repentino" (repentinum), no curso do mandato (depois proibido para evitar
casuísmos, isto é, decisões diferentes para casos essencialmente idênticos).
A redação definitiva do edito do pretor foi obra do jurista Sálvio Juliano,
por ordem do Imperador Adriano, por volta do ano 130 d.C., conhecido como
"Edito Perpétuo de Sálvio Juliano" (Edictum Perpftuum S4.lvii juli4ni). Tal
compilação representou o fim da evolução dessa fonte de direito.
confiança. Esse o libertava imediatamente após cada venda, com o que o filho
voltava automaticamente para o poder do pai. Após a terceira venda, porém, o
filho libertado já não retornava à sujeição do pai, cujo poder sobre ele assim se
extinguia.
A "interpretação dos jurisconsultos " (interpret4tioprudfntium), entretanto,
não foi enquadrada entre as fontes do direito na época republicana, que somente
conheceu uma influência de fato dos juristas de renome.
O papel oficial dos jurisconsultos na atividade produtora de normas
jurídicas começou com o imperador Augusto (27 a.C. - 14 d.C.), que conferiu
aos mais conhecidos e apreciados o privilégio de darem pareceres sobre questões
de direito. Nesse mister, eles eram expressamente autorizados pelo imperador:
tinham o "direito de responder por autoridade do imperador" (iy,_srespondfndi
ex auctorit4te pri_ncipis).Por isso mesmo , esses pareceres vinculavam o juiz que
decidia a causa, a não ser que houvesse pareceres contraditórios de igual valor.
Posteriormente, os pareceres (respQnsa)dos jurisconsultos, versando sobre
a aplicação das regras jurídicas aos mais variados fatos da vida, concorreram
para a elaboração dos princípios fundamentais do direito e representaram, desse
modo, a manifestação mais original do gênio criador dos romanos nesse campo.
Durante o Principado, nos primeiros séculos de nossa era, uma plêiade de ilustres
jurisconsultos deu sua contribuição grandiosa à elaboração do direito de Roma.
CAPÍTULO3
NORMAJURÍDICA
APLICAÇÃODA NORMAJURÍDICA
A norma jurídica contém disposições abstratas a serem aplicadas aos casos
concretos que a vida apresenta. Por isso, sua aplicação pressupõe o conhecimento
perfeito, seguro e completo da norma jurídica abstrata e dos fatos concretos.
i) Norma jurídica abstrata
O aplicador do direito (advogado, juiz etc.), diante do fato concreto, deve,
em primeiro lugar, procurar identificar e conhecer a norma jurídica aplicável. No
caso do juiz, pressupóe-se que a saiba ("o tribunal conhece o direito" - igra nQvit
Para esse conhecimento da norma jurídica, o aplicador tem de proceder,
c!:!:_ria).
de início, a um trabalho de "crítica", para verificar se a norma é válida e se o texto
é autêntico.
"Conhecer as leis", dizia o jurista Celso (D. l, 3, 17), "náo significa saber
as suas palavras, mas compreender sua força e poder" (scire Lggesnon hoc est Vfrba
e{lrum tengre, sed vim ac potest{ltem) , vale dizer, procurar estabelecer o verdadeiro
sentido e alcance do seu texto.
Essa atividade chama-se interpretação da norma jurídica: é o procedimento
técnico pelo qual, partindo-se das palavras da lei, e levando-se em consideração
variados elementos (gramatica l, histórico, cultural, sociológico, lógico-
sistemárico), chega-se a colher o pleno e exato significado, ou seja, reconstrói -se
o pensamento ou vontade efetiva do legislador.
A interpretação pode ser autêntica ou doutrinal. A primeira é a que se faz
mediante uma nova norma jurídica expedida pelo órgão legiferante compete nte.
A segunda, por meio do trabalho dos cultores do direito . Quanto aos resultados
da interpretaçáo, pode ela simplesmente confirmar o sentido (interpret4tio
declarativa), estendê-lo (ínterpret4tio extensiva) ou restringi-lo (interpret4tío
48 Curso Elementar de Direito Romano
restrictiva).
Às vezes não bastam os métodos de cnuca e interpretação para o
conhecimento do direito aplicável, porque pode acontecer que não exista preceito
abstrato para um determinado caso concreto. Verificando-se tal hipótese, o
aplicador do direito tem que suprir a lacuna da norma jurídica. Essa atividade se
chama "analogià': por semelhança, presume-se a vontade do legislador.
Chama-se anal!2gi,a/r:gisquando se estende a aplicação de determinada
regra a fatos nela não previstos. Chama-se analggia Í!::!:,ris,
por sua vez, o processo
de se criar uma nova norma para ser aplicada a um caso concreto, com base nos
princípios gerais do sistema jurídico vigente.
ii) Fatos concretos
Voltando, agora, ao segundo aspecto da aplicação da norma jurídica,
pode-se dizer que ela pressupõe o conhecimento objetivo dos fatos em discussão
no caso concreto.
Isso se dá pela prova. Os fatos são comprovados por todos os meios de
prova em direito permitidos, especialmente por documentos, testemunhas,
depoimentos das partes, perícias etc .
Em um processo judicial, o chamado "ânus da prova", ou seja, o encargo
ou peso de se provar, cabe, como regra geral, ao autor da ação (que é quem
"acusa"), e não ao réu ("na dúvida, em favor do réu" - in d!::!:.bio
pro reo- brocardo
jurídico; cf. Gaio, D. 50, 17 , 125). Na prática, essa regra do ânus da prova pode,
muitas vezes, ser decisiva para o resultado de uma lide processual.
Ainda quanto à prova, o direito, às vezes, contenta-se com um
acontecimento provável, mas não provado e, até, com fatos inverídicos.
No primeiro caso, fala-se de presunção e no segundo, de ficção.
Presunção (praes!::!:,mptio)
é a aceitação, pelo direito, como verdadeiro
de um fato provável. Em outras palavras, é a admissão dos fatos alegados sem
necessidade de prova, por serem muito verossímeis. Por exemplo, presumem-se
legítimos os filhos nascidos desde 180 dias, contados do início da convivência
conjugal, até 300 dias subsequentes à sua dissolução.
Normalmente, a presunção não é absoluta; quer dizer, o contrário pode ser
provado. Em tal hipótese falamos da presunção simples ou relativa ("presunção
apenas de direito" - praes!::!:,mptio
i!::!:.rÍS
t4ntum), pois, no exemplo, pode o marido
apresentar contraprova.
Às vezes, porém, a contraprova não é permitida. É o caso da presunção de
direito ou absoluta ("presunção de direito e pelo direito" - praes!::!:,mptio
Í!::!:.ris
et de
Í!::!:,re)
. Por exemplo, a presunção de veracidade da coisa julgada e a de ilegitimidade
do filho nascido além de 300 dias após a dissolução da sociedade conjugal pela
Capítulo 3 • Norma Jurídica 49
morte do pai.
Note-se que, na realidade, a presunção simples (praesl:f:.mptio i!:f:.ris)
nada mais é que a inversão do ônus da prova: aceita-se uma situação provável
como verdadeira, dispensando-se a comprovação. Daí decorre que cabe à parte
interessada a produção de prova contrária para derrubar a presunção. Assim, em
um processo judicial, sendo o auto r da ação o beneficiado pela presunção, o ônus
da prova, como exceção àquela regra geral, caberá ao réu.
Dada a enorme relevância do ânus da prova e da sua inversáo, o legislador
moderno cosruma também recorrer à "velha e sempre nova" presunção simples
do direito romano para restabelecer o equilíbrio contratual em certas relações
jurídicas, protegendo a parte hipossuficiente , ou seja, a mais fraca. Por exemplo,
presumem-se verdadeiras as alegações do consumidor em face do fornecedor de
produtos ou serviços.
A ficção é diferente da presunção, pois nela o direito considera verdadeiro
um fato que já se sabe inverídico: fecha conscientemente os olhos diante da
realidade. Assim era, no direito romano, a ficção de considerar o nascituro como
já nascido, sempre que se tratava de seus interesses ("o nascituro é tido como
já nascido toda vez que se tratar de vantagens do próprio feto" - nascitl:f:.ruspro
ia.mn11.tohabftur, quQtiensde cQmmodisipsi.usp11.rtusag4.tur- brocardo jurídico,
cf Paulo, D. 1, 5, 7) ou a "ficção da Lei Cornélia" (fictio lggis Cornfliae), que
considerava o cidadão romano que caía prisioneiro do inimigo e em seu poder
falecia escravo, como se tivesse morrido antes de ser capturado, de modo a salvar-
se seu testamento.
CAPÍTULO4
SUJEITOS DE DIREITO
Sujeito s de direito são as pessoas que podem ser parte em relaçóes jurídicas,
tanto do lado ativo (correspondente ao poder de exigir certa conduta alheia),
como do lado pas sivo (correspondente ao dever jurídico de prestar tal conduta).
Pessoa física é a pessoa humana. O direito, contudo, reconhece também a
personalidade civil, isto é, a qualidade de sujeito de direito, a entidades artificiais,
que são chamadas pessoas jurídicas.
PESSOA FÍSICA
A pessoa física, também chamada pessoa natural, é o ser humano dotado
de persona lidade civil. Sua existência se inicia com o nascimento.
O nascituro não é ainda pessoa, mas é protegido desde a concepçáo e
durante toda a gestação, que o direito presume durar o prazo mínimo de 180
dias e o máximo de 300 dias (praesy_mptioiy_riset de iy_re,ou seja, uma presunção
absoluta) . Já o direito romano conheceu essa proteção: considerava o nascituro
como já nascido (ficção), para fins de reservar-lhe vantagens : "o nascituro é tido
por já nascido toda vez que se tratar de vantagens dele mesmo " (nascit!:f:.rus pro
ig_mnato habftur, quQtiensde cQmmodis ipsj_uspg_rtusag4tur - Gai. 1, 147 e Paulo,
D. 1, 5, 7).
O feto tem de nascer com vida e com forma humana. Não é pessoa
o natimorto . Por isso, havia discussóes entre os jurisconsultos romanos sobre
o que significava sinal de vida do parto: seria necessário o primeiro choro do
neonato (vagido) ou bastaria qualquer movimento do corpo? Considerava -se
que os recém -nascidos não tinham forma humana somente em casos acentuados
de teratogenia, isto é, de deformação física gravíssima. Esses eram chamados de
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52 Curso Elementar de Direito Romano
CAPACIDADE DE DIREITO
A capacidade de direito, também chamada capacidade jurídica de
gozo, significa a aptidão da pessoa para ser sujeito de direitos e obrigações.
Modernamente, todos têm capacidade de direito, desde o nascimento. Não era
assim no direito romano, pois nele se distinguiam diversas categorias de pessoas.
Para ter capacidade de direito plena, era necessário, no direito romano ,
que a pessoa fosse: (i) livre; (ii) cidadã romana; e (iii) independente do pátrio
poder (que se chamava syj i!::!:.ris).
Verifiquemos, pois, esses três requisitos, examinando o estado de liberdade
(stg_tuslibertg_tis),o de cidadania (stg_tuscivit4tis) e a situação familiar (st4tus
Ja.mi_liae),pressupostos da capacidade de direito em Roma.
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Capítulo 4 • Sujeitos De Direito 53
estrangeiros que pertencessem a um país que não fosse reconhecido por Roma,
ainda que não estivesse em estado de guerra, eram considerados escravos, se
caíssem no poder dos romanos. O mesmo se dava com o romano que caísse em
mãos do inimigo. Mas o cidadão romano que se tornava prisioneiro de guerra
do inimigo, ao voltar à pátria , recuperava automaticamente a liberdade e todos
os direitos que tinha antes de ser capturado (Pompônio, D. 49, 15, 5, 2 e Gaio,
D. 41, 1, 7 pr.). Isso se chamava "direito de poslimínio" (iy_spostlimi.nii), isto é,
o conjunto dos direitos decorrentes da volta à pátria.
Outra fonte da escravidão era o nascimento. Era escravo o filho de escrava,
independentemente do estado de liberdade do pai (livre ou escravo). Foi somente
o direito justinianeu que concedeu o favor da liberdade ao filho de escrava que
tivesse estado em liberdade em qualquer momento da gestação. Isso com base
na ficção estabelecida pela regra já mencionada, isto é, a de que o nascituro era
considerado como já nascido (Inst. 1, 4 pr. e Marciano, D. 1, 5, 5, 2).
Quanto ao conteúdo da escravidão, escravo não podia ser sujeito de
direitos, por lhe faltar a capacidade jurídica. Não podia ter direitos privados nem
públicos. Sua união conjugal, denominada "con cubérnio" (contubf.rnium) não
era casamento no sentido jurídico romano. Não havia, assim, entre ele, a mulher
e os filhos, relações jurídicas de parentesco, para fins de sucessão e outros. Não
tinha patrimônio e tudo que adquiria pertencia ao dono (Gai . 1, 52). Esse tinha
sobre ele poderes tão amplos como sobre as demais coisas de sua propriedade .
Podia aliená-lo; em princípio, até matá-lo. Entretanto, mesmo assim, a condição
humana do escravo o distinguia das outras coisas do patrimônio do dono.
O direito romano reconheceu sempre a personalidade humana do escravo,
que era chamado de "pessoa servil" (persQnaservi_lis).Ele também participava,
desde as origens, do culto religioso da família. Seu túmulo era lugar sagrado,
à semelhança daquele dos livres. Matar um escravo era crime, a que, já na
República, correspondia a pena pública do homicídio, pela "Lei Cornélia acerca
dos homicidas" (/ex Corndia de sicariis).
No período imperial, foi proibido ao dono torturar os escravos. Podiam
esses recorrer à proteção dos magistrados (Gai. 1, 53). Do ponto de vista
patrimonial, verificou-se, também, uma evolução favorável ao escravo. Já na
República , o escravo podia possuir um pequeno pecúlio, cedido pelo seu dono,
que ele geria livremente. Legalmente, o pecúlio continuava a pertencer ao dono,
mas na prática estava sendo administrado pelo escravo, como se fosse dele.
Além disso, o escravo podia ser incubido de gerir empreendimentos
comerciais de seu proprietário, sendo, por isso, chamado pela doutrina moderna
d e ((escravo manager)).
54 Curso Elementar de Direito Romano
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Dorothy was thankful again; this time for the darkness which hid the
hot blushes. For she remembered how ready she had been to read
quite a different meaning into all of his sayings and doings.
And the little sister of fickleness? Dorothy was loyal after her kind,
and she quickly found excuses for Isabel. Was it not what always
happens when a man of the world and a stranger is pitted against a
playmate lover?
So the pyramid of misapprehension was builded course by course
until it lacked only the capstone, and this was added in the answer to
Dorothy’s question:
“When did all this happen, Bella, dear?”
“The last time he was here; years ago, it seems to me—but perhaps
it is only months or weeks.”
This was the capstone, and there was now no room for doubt. It was
nearly two weeks since Brant had stopped coming, and there had
been no intermission in Harry’s visits. Indeed, it was only a few days
since he had taken Isabel to the opera. Dorothy choked down a little
sigh, put herself and her own dream of happiness aside, and
became from that moment her sister’s loyal and loving ally.
“Don’t be discouraged, dear,” she said caressingly. “You must learn
to wait and be patient. I know him—better, perhaps, than you do—
and I say he will come back. He will never take ‘No’ for an answer
while you and he live.”
Isabel got up and felt under her sister’s pillow for a handkerchief.
“You are good and comforting, Dothy,” she whispered, “and I think I
am happy in spite of my misery.” She bent to leave a kiss on the
cheek of goodness and comfort. “I am going to bed now; good night.
Why, how hot your face is!”
“How cold your lips are, you mean,” said Dorothy playfully. “Go to
bed, dear, and don’t worry any more. You will make yourself sick.”
But when her sister was gone she lay very still, with closed eyes and
trembling lips, and so fought her small battle to the bitter end,
winning finally the victory called self-abnegation, together with its
spoils, the mask of cheerfulness and the goodly robe of serenity.
CHAPTER XIV
THE ANCHOR COMES HOME
When he was suffered to escape after his attempt upon Brant’s life
in the private room at Elitch’s, James Harding tarried in Denver only
so long as the leaving time of the first westward bound train
constrained him. Nevertheless, he went as one driven, and with
black rage in his heart, adding yet another tally to the score of his
account against the man who had banished him.
But, like Noah’s dove, he was destined to find no rest for the sole of
his foot. Having very painstakingly worn out his welcome in the
larger mining camps, he was minded to go to Silverette, hoping to
pick a living out of the frequenters of Gaynard’s. Unluckily, he was
known also in Silverette; and unluckily again, word of his coming
preceded him from Carbonado, the railway station nearest to the
isolated camp at the foot of Jack Mountain. Harding walked up from
Carbonado, was met at a sharp turn in the wagon road by a
committee from the camp above, and was persuaded by arguments
in which levelled rifles played a silent but convincing part to retrace
his steps.
Returning to Carbonado, his shrift was but a hand’s breadth longer.
On the second day, when he was but barely beginning to draw
breath of respite, he was recognised as the slayer of one William
Johnson, was seized, dragged into the street, and after an
exceedingly trying half hour was escorted out of camp and across
the range by a guard of honour with drawn weapons.
Under such discouragements he promptly determined to face the ills
he knew, drank deeply at the well of desperation, and, making a
forced march to the nearest railway station, boarded the first train for
Denver. It was a hazardous thing to do. Brant was a man of his word,
and the banished one had known him to go to extremities upon
slighter provocation. But, on the other hand, Denver was a
considerable city, and their ways might easily lie apart in it.
Moreover, if the worst should come, it was but man to man, with
plenty of old scores to speed the bullet of self-defence.
So reasoning, Harding stepped from the train at the Denver Union
Station in the gray dawn of an October morning, Argus-eyed, and
with his hand deep buried in the pocket of his ulster. The time was
auspicious, and he reached a near-by lodging house without mishap.
Through one long day he remained in hiding, but after dark, when
the prowling instinct got the better of prudence, he ventured out. In a
kennel some degrees lower in the scale descending than Draco’s he
met a man of his own kidney whom he had once known in the
camps, and who was but now fresh from the Aspen district and from
an outpost therein known as Taggett’s Gulch.
This man drank with Harding, and when his tongue was a little
loosened by the liquor grew reminiscent. Did the Professor recall the
killing of a man in the Gulch a year or so back—a man named
Benton, or Brinton? Harding had good cause to remember it, and he
went gray with fear and listened with a thuggish demon of
suffocation waylaying his breath. Assuredly, everybody remembered.
What of it? Nothing much, save that the brother of the murdered man
was in Colorado with the avowed intention of finding and hanging the
murderer, if money and an inflexible purpose might contribute to that
end.
That was the gist of the matter, and when Harding had pumped his
informant dry, he shook the man off and went out to tramp the streets
until he had fairly taken the measure of the revived danger. Summed
up, it came to this: sooner or later the avenger of blood would hear of
Brant, and after that the end would come swiftly and the carpenters
might safely begin to build the gallows for the slayer of Henry
Brinton. Harding had a vivid and disquieting picture of the swift
sequence of events. The brother would find Brant, and the latter
would speedily clear up the mystery and give the avenger the proofs.
Then the detective machinery would be set in motion, and thereafter
the murderer would find no lurking place secret enough to hide him.
Clearly something must be done, and that quickly. Concealment was
the first necessity; James Harding must disappear at once and
effectually. That preliminary safely got over, two sharp corners
remained to be turned at whatever cost. The incriminating evidence
now in Brant’s hands must be secured and destroyed, and Brant
himself must be silenced before the avenger of blood should find and
question him.
The disguise was a simple matter. At one time in his somewhat
checkered career Harding had been a supernumerary in a Leadville
variety theatre. Hence, the smooth-shaven, well-dressed man who
paid his bill at the Blake Street lodging house at ten o’clock that night
bore small likeness to the bearded and rather rustic-looking person
who engaged a room a few minutes later at a German Gasthaus in
West Denver. The metamorphosis wrought out in artistic detail,
Harding put it at once to the severest test. Going out again, he
sought and found the man from Taggett’s Gulch, and was
unrecognised. Introducing himself as a farmer from Iowa, he
persuaded the man to pilot him through the mazes of the Denver
underworld, and when he had met and talked with a dozen others
who knew the Professor rather better than he knew himself, he went
back to the West Side Gasthaus with a comforting abatement of the
symptoms of strangulation.
Having thus purchased temporary safety, the castaway began
presently to look about him for the means to the more important end.
Night after night he haunted the purlieus, hoping that a lucky chance
might reveal Brant’s whereabouts. But inasmuch as Brant was yet
walking straitly, nothing came of this, and in his new character
Harding could not consistently ask questions. Twice he met William
Langford face to face, and, knowing that the boy could probably give
him Brant’s street and number, he was about to risk an interview with
his protégé in his proper person when the god of evil-doers gave him
a tool exactly fitted to his hand.
It was on the Sunday evening of Brant’s relapse. Harding had been
making his usual round, and at Draco’s he met a man whose face he
recognised despite its gauntness and the change wrought by the
razor. A drink or two broke the ice of unfamiliarity, and then Harding
led the way to a card room in the rear on the pretext of seeking a
quiet place where they might drink more to their better acquaintance.
In the place of withdrawal Harding kept up the fiction of bucolic
simplicity only while the waiter was bringing a bottle and glasses.
Then he said: “I reckon you’d be willing to swear you had never seen
me before, wouldn’t you, Gasset?”
The big man gone thin was in the act of pouring himself another
drink, but he put the bottle down and gave evidence of a guilty
conscience by starting from his chair, ready for flight or fight as the
occasion might require.
“Who the blazes are you, anyway?” he demanded, measuring the
distance to the door in a swift glance aside.
Harding pulled off the wig and beard and leered across at him. “Does
that help you out any?”
Gasset sprang to his feet with a terror-oath choking him and
retreated backward to the door, hand on weapon.
“Don’t you do it, Jim!” he gasped. “Don’t, I say. I never meant to hurt
her—any of ’em will swear to that!”
Harding struck a match and relighted his cigar. He did it with leisurely
thoroughness, turning the match this way and that and ignoring his
quarry much as a cat ignores a mouse which can by no means
escape. Gasset stood as one fascinated, watching every movement
of the slim fingers and feeling blindly behind him for the knob of the
door. Whereat Harding laughed mockingly and pointed to the bottle
on the table.
“You had better come back here and take a little more of the same to
stiffen your nerve, Ike. You couldn’t hit the broad side of a barn just
now.”
Gasset found the doorknob finally and breathed freer when it yielded
under his hand. “Give me a show for my life, Jim!” he begged,
widening the opening behind him by stealthy half inches. “It ain’t
worth much, but, by God, I want it for a little while yet!”
Harding laughed again. “What is the matter with you? You would
have been a dead man long ago if I had wanted to drop you. Come
back here and finish your drink.”
Having more than once set his life over against his thirst, Gasset did
it once again, filling his glass with hands that shook, and swallowing
the drunkard’s portion at a gulp. The liquor steadied him a little and
he sat down.
“Then you ain’t out gunning for me?” he ventured.
“No; what made you think I was?”
Gasset scratched his head and tilted the bottle again. “I don’t know, if
you don’t. But it appears like to me, if anybody had killed a sister of
mine I’d want to get square. And I reckon I wouldn’t split any hairs
about his being drunk or sober at the time, nor yet about whether he
went for to do it meaningly or just did it by happen-so.”
Harding ignored the implied reproach and went on to the more
important matter:
“Damn that! It is enough for me to know that you were trying to kill
George Brant,” he said coolly. “Do you still feel that way?”
Gasset rose unsteadily and the dull eyes of him glowed in their
sockets. “Look at me now, Jim, and then recollect, if you can, what-
all I used to be. You know what that was; not any man in the camp
could put me on my back unless I was drunk. And now look at me—
a poor, miser’ble, broke-up wrack, just out o’ the horspital! He done it
—filled me plum full of lead when I was too crazy drunk to see
single; that’s what he done!”
“Then I suppose you wouldn’t be sorry if you had the chance to even
up with him,” said Harding, hastily building up a plan which would
enable him to make use of this opportune ally.
“Now you are talking! Say, Jim, I’m hanging on to what little scrap of
life he has left me for just nothing else. Understand?”
“Good; that is business,” quoth Harding. “I am with you to stay. Find
him for me, and I’ll help you square the deal.”
“Find him?” echoed Gasset. “Why, man alive, he is right out yonder
at the faro table! You rubbed up against him coming in here!”
“The devil you say!” Harding hastily resumed the wig and the false
beard, with a word explanatory. “He mustn’t recognise me, or the
game will be up before it begins. Pull up your chair and we’ll talk this
thing over.”
Half an hour later the two conspirators left the card room and made
their way singly through the crowd in the game room to meet at the
bar. Gasset had lingered a moment at Brant’s elbow, and, having
seen the winnings, incautiously spoke of them to Harding in Tom
Deverney’s hearing. Harding shook his head, and dragged his
companion out to the sidewalk.
“You will have to look out for Deverney—the barkeeper,” he said. “He
is Brant’s friend. The first thing is to find out where he sleeps. We’ll
go over to the other corner and wait for him till he comes out.”
CHAPTER XVI
THE GOODLY COMPANY OF MISERY
Having gone so far astray on the Sunday, it was inevitable that Brant
should awake repentant and remorseful on the Monday. He slept
late, and when he had breakfasted like a monk and had gone
downtown to face another day of enforced idleness in his office,
conscience rose up and began to ply its many-thonged whip.
What a thrice-accursed fool he had made of himself, and how
completely he had justified Mrs. Langford’s opinion of him! How
infinitely unworthy the love of any good woman he was, and how
painstakingly he had put his future beyond the hope of redemption! If
Colonel Bowran would only come back and leave him free to go and
bury himself in some unheard-of corner of the world! This was the
burden of each fresh outburst of self-recrimination.
So much by way of remorse, but when he thought of Dorothy,
something like a measure of dubious gratitude was mingled
therewith—a certain thankfulness that the trial of his good
resolutions had come before he had been given the possible chance
of free speech with her—a chance which might have involved her
happiness as well as his own peace of mind.
“Good Lord!” he groaned, flinging himself into a chair and tossing his
half-burned cigar out of the window. “I ought to be glad that I found
myself out before I had time to pull her into it. If they had let me go
on, and she would have listened to me, I should have married her
out of hand—married an angel, and I with a whole nest of devils
asleep in me waiting only for a chance to come alive! God help me!
I’m worse than I thought I was—infinitely worse.—Come in!” This last
to some one at the door.
It was only the postman, and Brant took the letters eagerly, hoping to
find one from Hobart. He was disappointed, but there was another
note from the end-of-track on the Condorra Extension, setting forth
that the chief engineer’s home-coming would be delayed yet other
days.
Brant read the colonel’s scrawl, and what was left of his endurance
took flight in an explosion of bad language. A minute later he burst
into Antrim’s office.
“Where is Mr. Craig?” he demanded.
“He has gone to Ogden,” said Antrim, wondering what had happened
to disturb the serenity of the self-contained draughtsman.
“The devil he has! When will he be back?”
“I don’t know—the last of the week, maybe.”
“Damn!”
Antrim laughed. “What ails you this morning? You look as if you’d
had a bad night. Come inside and sit down—if you’re not too busy.”
Brant let himself in at the wicket in the counter-railing and drew up a
chair.
“I am not busy enough—that is one of the miseries. And I want you
to help me out, Harry. You have full swing here when the old man is
away, haven’t you?”
“Why—yes, after a fashion. What has broke loose?”
Brant looked askance at the stenographer, and the chief clerk rightly
interpreted the glance.
“O John,” he said, “I wish you would take these letters down and put
them on No. 3. Hand them to the baggageman yourself, and then
you’ll be sure they have gone.” And when the door closed behind the
young man he turned back to Brant. “Was that what you wanted?”
“Yes, but I don’t know as it was necessary. There is nothing
particularly private about what I want to say. You see, it is this way:
Colonel Bowran is out on the Extension, and Grotter is with him. I am
alone here in the office, and I’ve got to leave town suddenly. What I
want you to do is to put somebody in there to keep house till the
colonel returns.”
The chief clerk smiled. “It must be something pretty serious to rattle
you that way,” was his comment. “You are a good enough railroad
man to know that my department has nothing to do with yours,
except to ask questions of it. And that reminds me: here is a letter
from the general manager asking if we have a late map of the
Denver yards. The president is coming west in a day or two, and
there is a plan on foot for extensions, I believe.”
“Well?” said Brant.
“It isn’t well—it’s ill. We haven’t any such map, and I don’t see but
what you will have to stay and make one.”
Now, to a man in Brant’s peculiar frame of mind employment was
only one degree less welcome than immediate release. Wherefore
he caught at the suggestion so readily that Antrim was puzzled.
“I thought you had to go away, whether or no,” he said curiously.
“Oh, I suppose I can put it off if I have to,” Brant rejoined, trying to
hedge.
“Which is another way of telling me to mind my own business,”
retorted Antrim good-naturedly. “That’s all right; only, if you have
struck a bone, you can comfort yourself with the idea that you have
plenty of good company. No one of us has a monopoly of all the
trouble in the world.”
“No, I suppose not.” Brant said so much, and then got far enough
away from his own trouble to notice that the chief clerk was looking
haggard and seedy.
“You look as if you had been taking a turn at the windlass yourself,
Harry. Have you?”
“Yes, something of that sort,” replied Antrim, but he turned quickly to
the papers on his desk.
“Nothing that I can help you figure out, is it?”
“No,” said the chief clerk, so savagely that Brant smiled.