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1Capa CR38.

qxp_Capa 230x280 07/02/2022 09:33 Página 1

Materiais de demolição
Portas, janelas, tijolos e revestimentos
restaurados deixam os projetos únicos

Sem fronteiras
Brasil adentro e em Portugal,
os projetos usam madeira, telhas
artesanais e cimento queimado
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Editorial
A dupla cenário paradisíaco e ambientes aconchegantes é uma constante nos projetos da
Construir Rústicas. No litoral norte baiano, à margem do rio Jaguaribe em Fortim, CE, ou em Adpropeixe
- área do Parque Natural da Peneda-Gerês, em Portugal, todos os recantos exploram a total conexão
com a natureza e valorizam (e muito!) o conforto. Sempre distantes da agitação dos centros urbanos
(ponto positivo para os proprietários que descobriram esses refúgios), as casas são verdadeiros paraí-
sos. Tudo com elementos rústicos na medida certa: telhas artesanais, estrutura de eucalipto, cimento
queimado em pisos e paredes e muita nostalgia em função do uso de materiais de demolição. Confira
essas impressões nos dez projetos selecionados para a edição e visite sem pressa cada espaço.
Casa de veraneio é aquele lugar que sempre queremos ficar por lá durante dias, semanas ou até
mesmo meses para renovar as energias e voltar com muita disposição e novas ideias. Por isso, é mais
do que válido garimpar portas, janelas, tijolos, telhas e revestimentos de demolição. O resultado? Uma
construção única para ter orgulho e chamar de sua. Veja em Reutilizáveis (página 8) exemplos de
materiais que foram restaurados e ganharam destaque nos setores. Se gostar da ideia, fica uma dica:
reserve alguns dias e visite alguns dos endereços citados na matéria. Com certeza, você vai se encan-
tar com a beleza natural das peças.
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Índice
Ademar Sá Castanheira & Bastai Arquitectos

08 14
Gerson Castelo Branco Gerson Castelo Branco

24 34
Paulo Milani, José Alberto Busacca
Gustavo Siqueira Valença e Ricardo Salém

46 56
4
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Prime Home

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Materiais de demolição 92
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Tranquilidade elevada
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O CHARME DAS PALAFITAS NO


INSPIRADOR LITORAL BAIANO

NA PARADISÍACA PRAIA DE TAIPU DE FORA, localizada na Península


de Maraú, BA, dois bangalôs elevados destacam-se no terreno de
mais de 8 mil m2. Cobertas por telhas taubilhas combinadas à estru-
tura de eucalipto, as moradas têm reservadas as suítes com acessos
independentes, privilegiado cenário para o mar e, ao fundo, um cór-
rego sazonal que atravessa a área e forma um pequeno lago que se
integra às palmeiras nativas (Arecaceae) e às bananeiras (Musaceae).
Refúgio perfeito para o ócio, as casas foram projetadas pelo arqui-
teto Ademar Sá, de Itacaré, BA, a pedido de jovens empresários pau-
listas que vislumbraram no local mais qualidade de vida aliada a
novas atividades de negócios.

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MAR À VISTA
Sá explica que a proposta é erguer mais seis unidades no terre-
no, todas implantadas na diagonal para permitir a privacidade e a
vista para a praia. "A arquitetura explorou a rusticidade dos ele-
mentos, a riqueza de detalhes e a volumetria para que o conjunto
não se tornasse monótono", afirma.
O lote estreito e arenoso, a presença de lençol freático e as con-
dições climáticas da região possibilitaram elevar as estruturas em
palafitas afastadas do solo para evitar a umidade.
Com fundação de sapatas isoladas de concreto e estrutura do
mesmo material na versão armada em todo o embasamento e no
piso do pavimento superior, o eucalipto roliço predomina no restan-
te da estrutura e no telhado. Entre as espécies utilizadas estão tam-
bém cumaru, no deque, angelim, no forro e nas janelas, e guajará
nas telhas.
A fachada e as paredes internas receberam acabamento de
pintura acrílica branca sobre massa única desempenada que des-
taca o aspecto rústico.

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BELEZA EM EVIDÊNCIA lico marca presença em detalhes no piso da sala e nos banheiros,
Com diversas alturas de pé-direito por conta das inclinações revestindo as bancadas.
do telhado, o arquiteto explica que o forro é aparente, executa- Cada morada está dividida em dois pavimentos, com uma suí-
do em lambris de angelim com acabamento em verniz e assen- te. No térreo, estão dispostas ainda cozinha, sala e varandas areja-
tados sobre caibros. das que dão independência aos setores. O essencial para desfrutar
O porcelanato cobre todos os setores internos e o ladrilho hidráu- os dias de sol e a natureza exuberante.

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SUPERIOR TÉRREO

Deque

Varanda Cozinha

PERGOLADO COM
COBERTURA FEITA
COM ESTEIRA DE DENDÊ
SOB POLICARBONATO Estar

Banheiro

ÁREA CONSTRUÍDA: 148,77 m2


Hall

PROJETO: ADEMAR SÁ
EMPREITEIRO RESPONSÁVEL: DJALMA COOP
Suíte Suíte

LOCALIZAÇÃO: PENÍNSULA DE MARAÚ, BA

Texto Janaína Silva


Fotos Tarso Figueira
Hall

Ilustração AC Design

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Nas alturas
A CONSTRUÇÃO EM PALAFITA
PERMITIU DESFRUTAR O MELHOR
DA PAISAGEM AO REDOR

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ADPROPEIXE É UMA ÁREA DO PARQUE NATURAL DA PENEDA-GERÊS,


que fica na freguesia de Vilar da Veiga, em Portugal. À beira do rio
e distante o suficiente de centros urbanos, não por acaso foi esco-
lhida para abrigar o refúgio de veraneio. “É mais fácil chegar de
barco do que por terra”, brinca o arquiteto português responsável
pelo projeto Carlos Castanheira, da Castanheira & Bastai Arquitectos,
ao descrever subidas, descidas, trechos de terra batida e caminhos
sinuosos à beira de precipícios que são necessários percorrer até
chegar lá.
O proprietário é apaixonado por Gerês, Albufeira (cidade lito-
rânea) e água e buscava o lugar perfeito para a casa de férias.
“Depois de longa procura, surgiu a hipótese de adquirir o lote onde,
antes da existência do Parque Natural, havia uma quadra de tênis”,
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lembra o arquiteto. Por ser área de preservação, as leis eram muito


rígidas e restringiam edificações.
O projeto só seguiu adiante porque a quadra de tênis de 800 m²
tinha sido legalmente erguida antes da implementação das regras
do parque. Em conjunto com o cliente, Castanheira propôs “trocar”
os 800 m² de área impermeabilizada do solo pela morada de 190 m².
“Surpreendentemente, foi aceito por todas as entidades licencia-
doras”, conta.
Ao redor, a vegetação é densa e exuberante e, segundo o pro-
fissional, a antiga quadra era o único trecho plano nos 14.500 m²,
mas não permitia olhares panorâmicos. Daí a proposta de construir
sobre pilares de madeira (Carpicunha Madeiras), assim, o terreno
ficaria livre e os ambientes ganhariam vistas maravilhosas.

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MUITA MADEIRA
Antes mesmo de saber a localização da casa de veraneio, o pro-
prietário tinha uma ideia em mente: queria que fosse de madeira e
tivesse praticidade. Com essa diretriz, o arquiteto elaborou um pro-
grama interno bem simples, no qual todos os cômodos se orientam
em terraços e conforme a paisagem.
“O volume principal está elevado do solo por 52 pilares de madei-
ra, em um emaranhado ordenado e construtivo. O mesmo emara-
nhado é desenvolvido nas estruturas de lajes, paredes e escadas.
Quase tudo ficou à vista, mesmo quando coberto por isolamentos
térmicos ou impermeabilizantes. No interior, a estrutura é à vista, sen-
tida e vivida”, analisa Castanheira.
O concreto foi usado apenas nas sapatas. Já estrutura, pisos inter-
nos e tetos são de madeira casquinha-vermelha, enquanto todo o
lado externo recebeu cumaru.
As fachadas de vidro (Lusoduplo) ao sul e ao poente evidenciam
a relação direta com a natureza, permitindo que o verde adentre
os ambientes. Já as fachadas a nascente e a norte são praticamente
sem vidros e cobertas com folhas de cobre, mesmo material que
compõe o telhado. Os caixilhos também são de madeira.

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COMO O PROPRIETÁRIO FAZIA QUESTÃO QUE A CASA FOSSE DE MADEIRA,


O MATERIAL FOI USADO COMO REVESTIMENTO DE AMBIENTES INTERNOS E EXTERNOS

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OS AMPLOS PANOS DE VIDROS APROXIMAM NATUREZA


E ARQUITETURA E PROPORCIONAM BOA ILUMINAÇÃO NATURAL

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DIVISÃO INTERNA
Para chegar à residência, existem dois caminhos: pela ponte
localizada à margem da cobertura de cobre ou pelas escadas, recur-
so menos escolhido no dia a dia.
Logo na entrada principal, o corredor permite acesso à sala e
cozinha. Do outro lado ficam os três quartos e os banheiros. Todos
têm livre passagem para os deques externos, que constituem uma
área de circulação periférica e ainda contam com bancos para
descansar e apreciar a vista. Tanto a área social como a íntima pos-
sui pé-direito nivelado em 2,50 m.
Por ser uma morada para férias, recursos aconchegantes não
faltam, como a lareira que divide estar e jantar ou a cozinha ameri-
cana, que possibilita preparar os pratos e entreter os convidados
simultaneamente. “A casa Adpropeixe é um mirante habitável que,
embora suspenso, está extremamente ligado ao local inserido”, sin-
tetiza Castanheira.

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INFERIOR TÉRREO

Passarela
Garagem

Cozinha
Jantar

Dormitório Dormitório
Suíte Banheiro

Varanda
Lareira

Estar

ÁREA CONSTRUÍDA: 190 m²


PROJETO: CASTANHEIRA & BASTAI ARQUITECTOS
LOCALIZAÇÃO: GERÊS/PORTUGAL

Texto Renata Putinatti


Fotos Ricardo Junqueira
Ilustração AC Design

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À margem do rio
COM AMPLOS PANOS DE VIDRO, A CASA COM
ESTRUTURA DE EUCALIPTO FAVORECE O ENCONTRO
DOS MORADORES COM A NATUREZA
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A 118 KM DA CAPITAL CEARENSE, O MUNICÍPIO DE FORTIM ENCAN-


TA TURISTAS de todo o País com suas belezas naturais. Além das praias
paradisíacas, é emoldurado pelo límpido Rio Jaguaribe. Foi neste
cenário privilegiado que a família decidiu construir a casa de vera-
neio. Após a aquisição do lote de 7.200 m², os proprietários contra-
taram o arquiteto Gerson Castelo Branco, de Fortaleza, CE, para con-
cretizar seu sonho. “Eles solicitaram uma residência aberta à paisa-
gem, pois queriam ver o encontro do rio com o mar de qualquer
cômodo”, explica o profissional.

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Valendo-se do clima praiano, o arquiteto investiu em um sobra-


do de estilo rústico com estrutura de eucalipto autoclavado e telha-
do com forração de lambri coberto com taubilhas. Movimentações
de terra foram dispensadas por Castelo Branco. “Procurei manter
completamente a topografia natural do terreno. O maior desafio foi
a aprovação das secretarias do meio ambiente, já que coloquei a
casa no limite do terreno junto ao rio.”
Com 1.000 m², a residência foi erguida com fundação de bases
de concreto, que receberam pilares de eucalipto. “Aproveitei o des-
nível do terreno e criei um deque que se projeta sobre a margem do
rio. Abaixo dele, há espaço para paisagismo e o muro de conten-
ção da piscina que acompanha o formato da borda dela”, indica
o profissional.
Todas as fachadas do imóvel apresentam amplos panos de vidro,
facilitando o diálogo entre interior e exterior.
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INTEGRAÇÃO COMO PALAVRA-CHAVE


Por tratar-se de um imóvel de veraneio, o setor social é amplo e
conectado. “Tive cuidado em integrar os espaços. O jardim com o
espelho d'água na fachada, por exemplo, leva a natureza do rio
para os cômodos internos facilitado pelas transparências dos vidros
e venezianas”, ressalta Castelo Branco.
Para manter a continuidade visual, todos os ambientes recebe-
ram piso de pedra macapá, que conta com tonalidade clara que
remete à cor das dunas cearenses.
Na ala íntima, a intenção foi preservar as suítes e criar indepen-
dência visual da área de hóspedes. O setor foi revestido com tábuas
corridas no piso e pintura texturizada nas paredes a fim de conferir
mais aconchego.
Rústica por natureza, a morada apresenta decoração também
assinada por Castelo Branco e é marcada por mobiliário despo-
jado e objetos decorativos artesanais confeccionados por arte-
sãos da região.

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A área externa oferece extensa piscina integrada à sauna a


vapor e diverte moradores e hóspedes. Para celebrar os bons
momentos, deliciosas refeições podem ser realizadas na área gour-
met e no espaço da pizza com vista para o rio e o mar. “Tudo nes-
te projeto é harmonioso e bem solucionado. É uma grande gaio-
la de eucalipto pousada na margem do rio, como uma gaivota
tranquila”, filosofa o arquiteto, lembrando que o projeto levou nove
meses para ser concluído.

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Suíte

SUPERIOR
ÁREA CONSTRUÍDA: 1.000 m²
PROJETO: GERSON CASTELO BRANCO
Suíte

LOCALIZAÇÃO: FORTIM, CE

Texto Paula Andrade


Suíte
Varanda

Fotos Gui Morelli


TÉRREO Ilustração AC Design
Suíte

INFERIOR

Estar

Escritório

Jantar Terraço

Coz.

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Tal qual
um pássaro
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COM LINHAS ARROJADAS QUE LEMBRAM ASAS,


A RESIDÊNCIA DE EUCALIPTO DIALOGA
COM A BELA PAISAGEM CEARENSE

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AS LINHAS DO TELHADO ESTRUTURADO


COM EUCALIPTO AUTOCLAVADO E
TELHAS DE TAUBILHA SÃO UM DOS
DIFERENCIAIS DO PROJETO

DIZEM QUE A PRIMEIRA IMPRESSÃO É A QUE FICA. No caso desta


morada assinada pelo arquiteto Gerson Castelo Branco, da capital
cearense, ela não poderia ser melhor. Com estrutura de eucalipto
autoclavado e telhado coberto com taubilhas, a arquitetura arroja-
da chama atenção de longe. “Ela tem muitas venezianas e vidros e
conta com asas que remetem a um pássaro”, comenta o profissional.
A beleza da morada está à altura da paisagem. Defronte à famo-
sa Lagoa de Uruaú, no município de Beberibe, a 78 Km de Fortaleza,
CE, foi erguida sobre bases de pedra, que sustentam os pilares de
eucalipto. Como o extenso lote de cerca de cinco hectares é aci-
dentado, fez-se necessária a construção de apenas um muro de
contenção de alvenaria.
“Foi realizada uma leve movimentação de terra na parte frontal
para tornar a área mais plana , facilitando a chegada dos proprie-
tários e possibilitando a criação do espelho d'água. No mais, o pro-
jeto fluiu rapidamente, sem dificuldades”, conta Castelo Branco.
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FOI NECESSÁRIA UMA LEVE


MOVIMENTAÇÃO DE TERRA
NO TERRENO PARA A
CRIAÇÃO DO ESPELHO
D'ÁGUA QUE DÁ BOAS-
VINDAS A QUEM CHEGA

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Com 900 m², a residência recebe em grande estilo a família, que


mora em Fortaleza, e seus convidados. Tirando partido da localiza-
ção privilegiada, o arquiteto concebeu a casa de modo a deixar a
lagoa em primeiro plano. Por isso, a construiu próxima ao nível da
água e apostou em grandes aberturas de vidro, para proporcionar
vistas e integrar o interior ao exterior. “Após passar pela ponte aci-
ma do espelho d'água, todos já tem uma visão geral da residência
e da paisagem.”
Transparência é uma das marcas registradas do projeto e pode ser
observada até mesmo nos banheiros. Assim, o casal relaxa na banhei-
ra da suíte máster, contemplando o horizonte através das venezianas.
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DESCANSO PRIVILEGIADO
As quatro suítes para lá de aconchegantes contam com mezani-
nos e mirantes particulares. Para o piso, foram selecionadas tábuas cor-
ridas de ipê, ao passo que os banheiros foram revestidos com epóxi
branco, que destoam do tom amadeirado e levam luz aos cômodos.
Aproveitando que Beberibe é rica em olarias, o arquiteto utilizou
tijolos artesanais em algumas paredes e nos pisos da área externa.
Resistente e rústico, o material está em sintonia com o eucalipto.
Vale lembrar que a decoração de interiores também é assina-
da por Castelo Branco. Utilizando mobiliário do acervo da família e
objetos decorativos nas lojas da região, compôs ambientes que pri-
mam pelo despojamento e conforto.

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DIVERSÃO EM ALTA
O equipado espaço gourmet anexo à varanda permite que pro-
prietários e hóspedes realizem as refeições curtindo os dias ensola-
rados e as noites de lua cheia. Entre um prato e outro, eles podem
curtir a sala de cinema, a adega, o salão de jogos e a piscina. Como
se vê, opções de entretenimento não faltam nesta casa. Ou então,
basta dirigir-se à Lagoa de Uruaú logo em frente. Nada mal...

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ÁREA CONSTRUÍDA: 900 m2


PROJETO: GERSON CASTELO BRANCO
LOCALIZAÇÃO: BEBERIBE, CE

Texto Paula Andrade SUPERIOR


Fotos Gui Morelli
Ilustração AC Design
Mirante

Desp.
Miran

Suíte
te

Suíte

Mirante

Suíte
e
Mirant

Suíte

44
34-45 Proj04 - Gerson Castelo - Urau_00-00 Bases 18/08/14 17:25 Page 45

INFERIOR
TÉRREO

Piscina
Ga
rag
Mirante em

Estar Mirante

Jantar

Espelho d’água Hall Co


zin
ha

Adega
Ponte Desp.

Suíte Mirante Sauna

Dep.

Suíte

Garagem
Barcos

45
46-55 Proj05 - Gustavo Valenca_00-00 Bases 18/08/14 17:03 Page 46
46-55 Proj05 - Gustavo Valenca_00-00 Bases 18/08/14 17:03 Page 47

Integração total
COMO O SETOR DE LAZER DEVERIA SER O DESTAQUE PRINCIPAL,
A CASA SE ABRE COMPLETAMENTE PARA A PISCINA E O GOURMET
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MAR CALMO, ÁGUAS CRISTALINAS, PISCINAS NATURAIS. Esses são lipto tratado, sendo que uma dá acesso à casa e outra ao gourmet”,
apenas alguns dos atrativos da badalada praia de Guarajuba, em descreve Valença.
Camaçari, BA, que fica a pouco mais de 40 km da capital baiana. Esse posicionamento favoreceu o aproveitamento das vistas dos
Cercada por toda essa beleza, a residência projetada por Gustavo quatro cantos (norte, sul, leste e oeste). Então, no pavimento superior,
Siqueira Valença, arquiteto da Valença & Valença - Arquitetura e as suítes se organizam de maneira cardinal, uma para cada direção.
Interiores, de Salvador, BA, deveria atender a alguns pedidos dos pro- Apenas a máster tem panorama de 180o, para que o casal desfrute do
prietários: cinco suítes, área de lazer grande e ambiente gourmet entorno e da própria casa, pois é voltada para a área de lazer.
caprichado. Tudo para agradar a família e os amigos que os visitam Para edificar a residência de 356 m², foram usadas fundação de sapa-
com frequência. tas de concreto armado e estrutura mista de concreto armado (setores
O terreno de 600 m², plano e de esquina, não demandou movi- cobertos por laje ou que a sustentam) e eucalipto autoclavado.
mentação de terra. “Adoro fazer projetos em lote de esquina por- A tropicalidade é evidente na fachada pintada de verde (Coral)
que permitem explorar melhor as fachadas. Nesse caso, como tam- sobre textura, assim, fica com aspecto mais rústico e despojado. O
bém era poente, valorizei com piscina, deque e fiz duas entradas eucalipto autoclavado da estrutura do telhado é exibido por todos
principais, uma em cada rua, marcadas por pergolados de euca- os ângulos e foi coberto por telhas de concreto (Cascatel).

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COMO A RESIDÊNCIA FICA EM UM TERRENO DE ESQUINA, POSSUI DUAS


ENTRADAS, UMA DELAS É PELA VARANDA INTEGRADA À SALA DE JANTAR

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ELEMENTOS NATURAIS
De acordo com o arquiteto, por se tratar de uma casa de praia,
os materiais são mais básicos para fugir do concreto da cidade e
aproximar os clientes da natureza. “Usamos uma paleta extensa, com
eucalipto, madeira, fibras naturais, bambu e pedras. Isso dá mais
valor à arquitetura”, comenta.
Na ala social essa característica é bem aparente. A começar
pela escada de eucalipto autoclavado (Venturoli), executada e
montada de forma artesanal durante a obra, com acabamento de
fibras naturais para valorizar os nós e encontros de peças. Na pare-
de, o painel de mosaico de mármore crema marfil (Pavimenti) acom-
panha a inclinação da escada.
Aqui o piso de porcelanato (Portinari) de tonalidade clara é a
base neutra para o mobiliário predominantemente de madeira.

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Amplas portas de correr de vidro deixam ventilação e luminosida- “A palavra-chave é integração, uma casa que não se divide e não
de adentrar com abundância e ainda cumprem a tarefa de elimi- se separa. Ela foi feita para o lazer”, diz.
nar as divisas entre interior e exterior. “As esquadrias são de PVC com Dessa maneira, a varanda de 38,50 m² se transformou em uma
laminado de madeira (Eco Esquadrias), uma tecnologia nova, que grande área ao ar livre para receber amigos e familiares, conforme
garante manutenção infinitamente menor que a da madeira pura”, os proprietários desejavam. O conforto fica por conta dos móveis
afirma o profissional. (Home Design Casual) com acabamento de bambu, mesmo mate-
Outro elemento importante para melhorar a circulação do ar é rial usado na bela treliça artesanal com amarração de cipó.
o pé-direito, que no estar segue o padrão de 2,60 m, porém, no jan- “Gosto muito da divisão da planta dessa residência, que se
tar chega a 6 m, devido à intervenção da escada. assemelha a uma cruz. Possui uma suíte em cada direção, com
Valença faz questão de ressaltar que o setor social não se res- um núcleo formado pelo pé-direito duplo e a escada, além de
tringe às salas de jantar e estar, mas contempla todo o térreo, já que uma 'perna' maior que se estende da sala até o gourmet”, anali-
a varanda e o lazer estão totalmente unidos aos ambientes internos. sa o arquiteto.

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DIVERSÃO SEM FIM


Ambiente mais desejado pelos proprietários, o espaço gourmet
de 22,50 m² é completo e perfeito para reunir os convidados.
Churrasqueira pré-moldada com kit de inox e fechamento de vidro
temperado, forno a lenha pré-moldado para pizza, chapa e gela-
deira formam um conjunto de equipamentos para diversificar em
almoços e jantares. O balcão alto revestido de granito café bahia
agrega estilo de bar, aspecto reforçado pelas banquetas laranjas
(Home Design Casual).
Tudo isso bem pertinho da piscina de 50 m² feita com estrutura
mista de concreto armado e blocos. “Como a proposta para esse
item era ter diversos usos, ela contempla hidro, prainha e uma área
mais profunda com 1,40 m para arriscar algumas braçadas”, acres-
centa Valença. O revestimento interno é de pastilhas de porcelana
2,50 x 2,50 cm nas cores Aracati e Tinharé (Atlas).
Para quem quer apenas tomar sol, basta aproveitar as espre-
guiçadeiras dispostas por todo o entorno. O conforto térmico do
piso é garantido pelo material atérmico (Castelatto) que imita
réguas de madeira.
Além de entretenimento, a piscina também cumpre a função de
separar a casa da rua, proporcionando privacidade aos morado-
res. Por essa razão, todo o setor é “fechado” por cercas-vivas de
coqueiros (Cocos nuficera), palmeiras (Arecaceae) e clúsias (Clusia
fluminensis), vegetação densa que elimina a necessidade de muros.

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SUPERIOR

Suíte

Suíte Suíte

Suíte

TÉRREO

Área de
Serviço

Cozinha

Gourmet Dep.
Emp.
Estar

Jantar Suíte Dep.


Emp.

ÁREA CONSTRUÍDA: 356 m²


Spa

PROJETO: VALENÇA & VALENÇA -


Deque

ARQUITETURA E INTERIORES
LOCALIZAÇÃO: GUARAJUBA, BA

Texto Renata Putinatti


Fotos Marcelo Negromonte
Piscina Varanda

Ilustração AC Design

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Camarote com
vista para o mar
A BELEZA ESTONTEANTE DE TRANCOSO, BA,
É A ESTRELA PRINCIPAL DA RESIDÊNCIA

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IMAGINE ACORDAR E DAR DE CARA COM A IMENSIDÃO AZUL DO


MAR de Trancoso. É isso que acontece na casa de veraneio locali-
zada no litoral baiano. Apaixonados pelo Brasil, o casal de france-
ses escolheu a região justamente pela paisagem e belezas naturais.
Como os proprietários gostam muito de receber, nos ambientes não
podiam faltar conforto e aconchego.
Por morar fora do País, a proprietária deixou tudo nas mãos do
construtor e designer Ricardo Salém, da mesma região, e dos arqui-
tetos Paulo Milani e José Alberto Busacca, de São Paulo, SP, que ganha-
ram carta branca para desenvolver o projeto e a decoração.
A roupagem é rústica e simples. “É o que eles chamam de estilo
'trancosense'”, brinca Milani, que optou por usar a madeira como
peça-chave, da estrutura ao mobiliário. A cultura tupiniquim não
ficou de fora e foi celebrada por meio de cocares na parede e nos
materiais escolhidos, a exemplo do telhado de telhas artesanais do
tipo taubilha e do caminho com pergolado presente na entrada.
Com fundação de sapatas rasas, a residência foi executada em
madeira maçaranduba com base de concreto. A escolha das maté-
rias-primas promove o ar bucólico, fortalecido pelos pisos e paredes
de cimento queimado. Especializados em luminotécnica, os arqui-
tetos propuseram um projeto alimentado apenas com LEDs, criando
uma atmosfera mágica sem consumir muita energia elétrica.

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PONTO DE PARTIDA
A morada de 800,15 m² foi concebida de forma a aproveitar a
irregularidade do terreno. “Ao invés de fazer uma terraplanagem,
decidimos colocar a casa nas partes planas. Isso fez com que ela
contasse com três níveis”, explica Milani.
A disposição horizontal tira proveito máximo da brisa marinha e
do vento, e todos os cômodos são de frente para o mar. A ala social
e íntima estão no plano mais alto. A cozinha e a área de serviço
seguem o declive do terreno e localizam-se no meio, enquanto a
piscina, cuja borda infinita se mistura à paisagem, fica mais abaixo.
As suítes apresentam dimensões generosas. Com enormes esqua-
drias e panos de vidro, mais uma vez, a vista foi o ponto de partida
para a ala íntima. Dessa forma, tanto moradores como visitantes podem
acordar com o barulho das ondas. No segundo piso, o quarto do casal
é um mirante de onde se pode assistir ao pôr do sol e há também um
mezanino para momentos de relaxamento em frente à TV.

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O desenho e execução do mobiliário foram feitos pelos arquitetos


em parceria com a Marcenaria Trancoso, de Ricardo Salém. Segundo
ele, a proprietária deixou a escolha do décor em suas mãos. “Um dos
pontos altos é o tapete da sala, feito por uma cooperativa da Bahia”,
relata o construtor. Como tudo foi pensado no apelo visual, a varan-
da de frente para o mar abraça todo o estar e setor interno do térreo.
Cozinha, sala de jantar e serviço estão no segundo nível, em um
bloco separado. “Foi um pedido da cliente para ter privacidade”,
pontua Milani.

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ESTILO INDÍGENA
No terreno da propriedade ainda há uma oca, uma espécie de
sala de estar externa. Com 63 m², a estrutura é de eucalipto e con-
ta com cobertura de piaçava e piso de cimento queimado. Todos
os móveis foram confeccionados por Salém. Já os objetos decorati-
vos foram garimpados em lojas de artesanato da região.

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CENÁRIO IDÍLICO
A piscina é a queridinha dos proprietários. Feita de concreto
armado e revestida com pastilhas (Atlas), conta com 110 m². Em fun-
ção da borda infinita, a estrutura se funde com a vista para o mar e
a paisagem local, criando um quadro de pura beleza. O espaço
possui spa e bar, onde os convidados podem apreciar deliciosos drin-
ques, facilidade garantida graças à proximidade com a cozinha. O
charmoso deque de cumaru apoia as espreguiçadeiras e também
atua como borda. Já o pergolado implantado ao lado confere con-
fortável sombra para cochilos durante a tarde.
Plantas nativas e exemplares tropicais favorecem a harmonia
da arquitetura com a natureza. “A cliente pediu para não usarmos
nada que estivesse acostumada, como espécies tipicamente euro-
peias”, conta Salém. Pedido feito, os profissionais inseriram helicô-
nias (Heliconiaceae), palmeiras-fênix (Phoenix roebelenii), alpínias
(Alpinia purpurata), primaveras (Bougainvillea glabra), coqueiros
(Cocos nucifera), hibiscos (Hibiscus rosa-sinensis), costelas-de-adão
(Monstera deliciosa) e agaves (Agave angustifolia). Destaque para
o jasmim-manga (Plumeria rubra) que floresce e perfuma o pergo-
lado da entrada.

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SUPERIOR

TÉRREO
Mezanino

Estar
Suíte Suíte

Louçaria
Cozinha Suíte

Jantar
Varanda

ÁREA CONSTRUÍDA: 800,15 m2


PROJETO, PAISAGISMO
E DECORAÇÃO: PAULO MILANI,
Bar

JOSÉ ALBERTO BUSACCA


E RICARDO SALÉM
Spa

LOCALIZAÇÃO: TRANCOSO, BA

Texto Camila Toledo


Fotos Tarso Figueira
Piscina

Ilustração AC Design

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Música, sossego e praia


A MORADA LOCALIZADA EM CAMAÇARI, BA, É IDEAL PARA RELAXAR
AOS FINAIS DE SEMANA E FUGIR DA CORRERIA DA CIDADE GRANDE

UMA CASA PARA VIVER A VIDA. Essa foi a definição do enge- se de uma residência para dois jovens amigos, primos e sócios que
nheiro Alex Rebouças, proprietário da Prime Home, de Salvador, BA, pediram um lugar especial para relaxar, onde simplicidade e des-
sobre a morada em Barra do Jacuípe, em Camaçari, BA. pojamento convivem em perfeita sintonia. “Os clientes optaram por
Para imprimir o verdadeiro estilo baiano, o profissional fez ques- essa região por ser a única praia do litoral norte que propicia o uso
tão de criar um ambiente com muitos detalhes e integração. Trata- de jet ski e quadriciclos”, destaca Rebouças.

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Os principais desafios encontrados no projeto apareceram na


hora de implantar a residência no lote de 588,35 m². Como o terre-
no possui um grande declive, o engenheiro aproveitou as condições
naturais e implantou a piscina na parte inferior. Com isso, foi possível
criar o modelo com borda infinita e vista privilegiada, de um ângu-
lo um pouco mais alto.
A pedido dos proprietários, caixas de som devidamente instala-
das - sem causar desconforto para os vizinhos - proporcionam a inte-
gração sonora em todos os ambientes da casa. “Em qualquer can-
to, é possível apreciar uma agradável música”, diz.
Com o intuito de aumentar a interação entre os proprietários,
Rebouças se preocupou em conceber uma residência completa-
mente integrada. “A partir do momento em que você sai da área
íntima e atravessa a porta dos quartos e bangalôs, já é possível obser-
var as conexões entre os ambientes”, afirma.
A casa chama atenção pelo tom vermelho pintado com tinta
na cor Pitanga (Suvinil). O telhado conta com telhas de cimento
(Cascatel) na cor Pérola.

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AO AR LIVRE Para o paisagismo, o engenheiro afirma que a intenção foi retra-


A piscina de concreto armado com medida de 30 m² é a prin- tar um ambiente tropical. A vegetação enriquece ainda mais a
cipal atração. Conta com profundidade de 1,70 m e é revestida com área de lazer e chama atenção pela presença da palmeira-rabo-
cimento queimado branco. No entorno, está o deque de madeira de-peixe (Caryota mitis) e jasmim-manga (Plumeria rubra) locali-
cumaru. Ao redor, redes e pergolado – que possui pilares da déca- zadas entre os módulos e na área do deque com o gourmet. Ao
da de 1950 importados da Alemanha -, ficam responsáveis por pro- lado das redes, é possível identificar as helicônias (Heliconiaceae),
porcionar momentos de descanso e relaxamento. O piso da ducha enquanto na frente da casa, quem aparece são as palmeira-de-
foi revestido com taubilhas, devidamente cortadas em formato qua- manila (Veitchia merrilii) e arecas-bambu (Dypsis lutescens). Em
drado e fixadas em sentido perpendicular e alternadas. “Tornou-se vasos altos estão as exuberantes palmeiras-fênix (Phoenix roebele-
a obra de arte do jardim”, completa. Já o modelo da entrada da nii), que acompanham exemplares de agave-americana (Agave
morada recebeu réguas de madeira cumaru. americana) e agave-dragão (Agave attenuata).

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CANTO DO SOSSEGO
Com 159 m², a casa foi erguida com estrutura mista de concre-
to e eucalipto tratado. Para a obra especificou-se eucalipto de reflo- Piscina

restamento e cimento queimado. “A preocupação com a susten-


Deque

tabilidade e o reaproveitamento de materiais fica evidente na pró-


Galpão

pria construção”, frisa.


No interior, o piso é de cimento queimado, assim como o reves-
timento das paredes, banheiros, cozinha e churrasqueira. As portas
da residência são feitas de madeira cumaru (Madeireira Victória) e
as persianas com brises móveis, garantindo ventilação e vista exclu- Varanda

siva. As duas suítes contam com portas de madeira cumaru volta-


das diretamente para a área de lazer. Suíte Suíte

Cozinha

ÁREA CONSTRUÍDA: 159 m²


PROJETO: ALEX REBOUÇAS (PRIME HOME)
LOCALIZAÇÃO: CAMAÇARI, BA

Texto Vanessa Barcellini


Fotos Tarso Figueira
Ilustração AC Design

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Entre as montanhas
COM VISTA PARA O VALE, CABANA REÚNE BUCOLISMO E TRANQUILIDADE

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ACONCHEGO. ESSA É A PRIMEIRA SENSAÇÃO QUE TEMOS ao visua-


lizar a pequena choupana no meio das montanhas. Presente na área
rural de Campos do Jordão, na região serrana paulista, a casa foi
assinada pela arquiteta Maria Inês de Toledo, do escritório Toledo,
Tiezzi Arquitetos, de São Paulo, SP.
Segundo a profissional, um dos principais desafios foi manter a
vista aberta e, ao mesmo tempo, preservar a sensação de conforto
e acolhimento, já que os proprietários pretendem morar futuramen-
te no local. A combinação foi possível graças aos materiais rústicos
empregados na construção, como a madeira e as pedras, além das
simpáticas telhas de barro.

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O espaço possui vista para o vale e aspecto totalmente rústico.


Edificada em cinco meses, a morada de 150 m² é extremamente
acolhedora. Com fundação de sapatas rasas, conta com estrutura
mista, pilares em eucalipto autoclavado e alvenaria, sendo algumas
paredes revestidas com pedras. Por ser uma casa de campo, a arqui-
teta procurou usar a madeira como principal elemento construtivo.
É possível sentir o conforto do material no piso, telhado, paredes, divi-
sórias e esquadrias. Para o projeto paisagístico, a ideia foi preservar
o verde existente, o que reforça a sensação de natureza intocada.
Além da charmosa área externa, o interior encanta a todos. O
pé-direito duplo garante amplitude no estar. Tal formato permite
que os proprietários fiquem à vontade para receber os convida-
dos. O piso de eucalipto e as paredes de pedra comprovam que
o décor foi todo inspirado no estilo campestre. Determinado pelos
proprietários, algumas peças foram garimpadas em antiquários da
região. No Inverno, quando as temperaturas da região chegam
abaixo de 0º C, a pedida é ficar em frente à lareira de pedra com
acabamento de madeira.

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Para deixar a casa com mais clima de interior, na cozinha foram


construídos fogão e forno a lenha, onde são preparadas as refei-
ções. A área foi integrada à sala de jantar e a distinção sutil dos
cômodos fica por conta do piso. Enquanto na primeira há cimento
queimado e ladrilho hidráulico, a madeira segue por todo o jantar.
Tranquilidade foi o ponto de partida para a ala íntima. Elaboradas
para que os moradores pudessem relaxar, as duas suítes possuem
vista para o vale. Com uma estilosa pia de cobre, o banheiro apre-
senta piso de cimento queimado.
Como se tivesse saído dos sonhos, a cabana ficou perfeita para
ser a futura moradia dos proprietários.

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ÁREA CONSTRUÍDA: 150 m² SUPERIOR


PROJETO: TOLEDO, TIEZZI ARQUITETOS
LOCALIZAÇÃO: CAMPOS DO JORDÃO, SP

Texto Camila Toledo


Fotos Gui Morelli
Ilustração AC Design
Suíte

Mezanino

Solário

TÉRREO

Estar

Varanda

Suíte
Cozinha

Jantar

Suíte

Depósito
Lavabo

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Remanso
tropical
SENSAÇÃO DE CALMARIA É TRADUZIDA EM
ESPAÇOS PLANEJADOS E BEM DISTRIBUÍDOS

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PARAR O TEMPO E APROVEITAR CADA MOMENTO DE DESCANSO


em um cenário paradisíaco. O que parece um sonho foi concreti-
zado no projeto assinado pelo escritório Una Arquitetos, de São Paulo,
SP. Valorizando o conforto em cada detalhe, a morada de veraneio
na fascinante vila de Trancoso, BA, é dividida em dois setores unidos
por um extenso pátio. "Os pavilhões são interligados visualmente pelo
vão", explica o arquiteto Fábio Valentim. Um dos blocos reúne os
ambientes sociais, enquanto o outro acomoda três suítes com posi-
ções distintas, separadas por varandas e, sem compartilhar paredes,
para total independência dos moradores e hóspedes.
De acordo com Valentim, a implantação da construção defi-
ne o projeto, já que à medida que o terreno desce, os setores para-
lelos criam distintos pátios entre si, recebendo jardins com árvores
e espécies floríferas da região. Projetados pela Bonsai Paisagismo,
de São Paulo, SP, contaram com execução da Flora Nativa, de
Trancoso. "A arquitetura apostou no paisagismo para valorizar os
espaços externos", afirma.

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LEVEZA PELO AR fere amplitude e boa iluminação e ventilação às áreas.


Com 420 m , a casa foi construída em um terreno de 2 mil m ,
2 2
A pedido dos clientes, um jovem casal com filha pequena que
com fundação de sapatas corridas de concreto armado e estrutu- reside na Europa, foram empregados materiais simples e regionais
ra de madeira, além de muros de arrimo de pedras. O arquiteto rela- para revestir os ambientes. No exterior, Valentim destaca os deques
ta que a escolha do eucalipto sem aparelhamento teve o apelo de madeira e as pedras. Internamente, cimento queimado cobre os
estético de conservar o aspecto roliço da árvore. pisos das áreas sociais e íntimas e as paredes dos banheiros. As demais
O telhado se distingue pelas tesouras idênticas e moduladas ao receberam pintura caiada. A responsável pelo décor foi Sara Afonso,
longo dos dois pavilhões, com forro de lambri de madeira que acom- do Atelier Pó de Terra, com lojas em Arraial d´Ajuda, BA, e Trancoso.
panha a declividade das águas e é coberto por telhas cerâmicas Os móveis foram confeccionados por mão de obra local e valorizam
de tonalidade clara. O pé-direito atinge 4,5 m até a cumeeira e con- o trabalho artesanal.

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A independência entre os setores marca o projeto e permitiu a


criação de diversas varandas que propiciam momentos de descanso
e relaxamento em meio à atmosfera idílica. Com destaque para a
que está localizada de frente à piscina e permite total visualização
da estrutura de 60 m2 com profundidades entre 1 e 1,60 m. "De con-
creto, o modelo não foi revestido para dar à água a coloração de
lagoa", detalha. A borda é do mesmo material aparente lixado. Outro
diferencial é a escada especialmente desenhada para a piscina e
executada também com a madeira da estrutura da casa.
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TOQUE NATIVO
De acordo com o engenheiro agrônomo e paisagista Ricardo
Viana, da Bonsai Paisagismo, a proposta do projeto paisagístico foi a
de manter a linguagem da Mata Atlântica. Assim, foram plantadas
espécies como fruta-pão (Artocarpus incisa), palmeira-açaí (Euterpe
oleracea), mangueira-anã (Mangifera indica) e guaimbê (Philodendron
bipinnatifidum) como destaques na entrada da morada. Mini-ixora
(Ixora chinensis), acerola (Malpighia emarginata) e pitangueira (Eugenia
uniflora) aparecem nos jardins internos, ao passo que pássaro-de-fogo
(Heliconia bihai) pontua as cercas-vivas. Na área da piscina estão
alpínia (Alpinia purpurata), bananeiras (Musaceae) e filodendro wil-
soni (Philodendron pseudoradiatum). Revelam-se, assim, recantos
ideais para recarregar as energias.

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ÁREA CONSTRUÍDA: 420 m²


PROJETO: UNA ARQUITETOS
DECORAÇÃO: SARA AFONSO,
DO ATELIER PÓ DE TERRA
PAISAGISMO: BONSAI PAISAGISMO
EXECUÇÃO DO PAISAGISMO : FLORA NATIVA
LOCALIZAÇÃO: Trancoso, BA

Texto Janaína Silva


Fotos Tarso Figueira
Ilustração AC Design

INFERIOR TÉRREO

Jantar
Dep.
Cozinha

Varanda

Emp.
Estar
Piscina

Varanda

Suíte
Suíte Suíte

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Genuíno
ARQUITETURA, DECORAÇÃO, PAISAGISMO
E MOBILIÁRIO CRIADOS PELOS PROPRIETÁRIOS.
ASSIM É O HOTEL MAITEI, QUE CONCILIA RUSTICIDADE,
TOQUE PESSOAL E SOFISTICAÇÃO NA MEDIDA CERTA

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A MISTURA PERFEITA DE PRAIAS PARADISÍACAS, vegetação exuberante e muita


calmaria faz de Arraial d'Ajuda, no sul da Bahia, o destino de milhares de turistas do
Brasil e do mundo durante as férias. Debruçado nesse cenário está o Hotel Maitei,
criado e executado pelos próprios donos: o arquiteto Luciano Soares (falecido) e a
esposa Erika Sanches, que ficou responsável pela decoração e pelo paisagismo.

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UTILITAS SABURRE VOCIFICAT MEDUSA, UTCUNQUE QUINQUENNALIS CHIROGRAPHI CONU-


BIUM SANTET GULOSUS RURES, UT QUADRUPEI VERECUNDE SUFFRAGARIT CAESAR, IAM ADLAU-
DABILIS SYRTES OPTIMUS TREMULUS ORATORI CONUBIUM SANTET CONCUBINE.

O principal objetivo do casal era integrar a área construída de


1.063 m² à natureza de forma tão íntima que os hóspedes ficassem
deslumbrados logo no primeiro contato. Para chegar a esse resulta-
do, as vistas panorâmicas para o mar foram o ponto de partida para
o posicionamento do empreendimento no terreno de 1.103,44 m²,
que foi totalmente aproveitado, sem necessidade de intervenções
ou movimentação de terra.
Segundo Erika, a marca registrada do trabalho de Soares era a
funcionalidade e o uso de materiais naturais, conseguindo unir con-
temporaneidade, praia e vegetação. “Os projetos exploram muito
a madeira e o vidro”, diz.
No Hotel Maitei isso não poderia ser diferente. A maçaranduba
aparece na estrutura do telhado de forma aparelhada em caibros
de 7 x 4 cm e ripas de 5 x 2 cm, enquanto esteios de 20 x 20 cm,
15 x 15 cm e 30 x 20 cm compõem o forro aparente. Já portas, jane-
las e escada foram de feitas com a espécie tatajuba e fabricadas
na marcenaria do arquiteto. Para a cobertura, a escolha foi por
telhas matizadas (Simonassi).

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Para não perder a vista de nenhum ângulo, o vidro foi usada em


abundância no fechamento de portas e janelas, recurso que tam-
bém garante a invasão de luz natural, em especial na fachada prin-
cipal, onde está localizada a recepção. “A concepção principal era
que o hóspede pudesse desfrutar da vista deslumbrante do mar de
onde estivesse”, afirma a proprietária.
Nesse setor, o piso recebeu cimentado queimado na cor cin-
za-vince (NS Brazil) e as parede com reboco sarrafado têm aca-
bamento das tintas Terra Cor. Esses materiais representam o des-
pojamento praiano, porém, sem se distanciar da sofisticação, que
é a marca do empreendimento.
Nas suítes, os acabamentos são os mesmos usados na ala social,
mudando apenas as tonalidades das paredes. Os banheiros foram
equipados com louças e metais Deca.
Todo o mobiliário tem o toque pessoal de Soares e Erika, já que
foram desenhados e executados pelo arquiteto em sua marcena-
ria. “Conseguimos aliar conforto, aconchego e sofisticação à natu-
reza. Tudo foi pensado e sonhado em comum acordo, em uma sin-
tonia sempre muito boa”, confessa a profissional.

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86-91 Proj 11 - Maitei_00-00 Bases 18/08/14 17:21 Page 90

PARA RELAXAR sibilidade nadar, tomar sol e relaxar enquanto apreciam a des-
Como se não bastasse se esbaldar nas praias de águas crista- lumbrante vista da orla.
linas e quentes de Arraial d'Ajuda, os hóspedes ainda têm à dis- O deque de madeira constitui um mirante de onde é possível
posição duas piscinas: uma no terraço e outra no térreo. Ambas observar a vegetação nativa e também o projeto paisagístico,
são de alvenaria, possuem 1,60 m de profundidade e são revesti- composto por espécies tropicais e volumosas, como helicônias
das internamente com pastilhas azuis (Vidrotil), ao passo que o (Heliconiaceae), palmeiras (Arecaceae), estrelítzias (Strelitzia regi-
entorno é de piso fulget (NS Brazil). Outro ponto em comum é pos- nae), hibiscos (Hibiscus sp) e primaveras (Bougainvillea sp).

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ÁREA CONSTRUÍDA: 1.063 m²


PROJETO: LUCIANO SOARES
DECORAÇÃO E PAISAGISMO: ERIKA SANCHES
LOCALIZAÇÃO: ARRAIAL D'AJUDA, BA

Texto Renata Putinatti


Fotos Tarso Figueira
Ilustração AC Design

91
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Reutilizáveis
[4]

COM TRAÇOS RÚSTICOS, OS


MATERIAIS DE DEMOLIÇÃO
FAZEM A DIFERENÇA

Peças antes descartadas em reformas e


demolições agora são uma ótima opção
para compor os espaços, bastando passar
por um trabalho de restauração. “Quando
as casas são derrubadas, os materiais são
jogados nas caçambas, ou até mesmo na
rua e, muitas vezes, são de ótima qualida-
de”, afirma Rodolfo Malmesi, artista plástico
e designer de São Paulo, SP.
Segundo o arquiteto Fernando Sá, de São
Paulo, SP, os elementos restaurados são ideais
para quem quer construir uma casa rústica.
Além da proposta visual, possuem como van-
tagens maior resistência e sustentabilidade.
“Acho o material de demolição uma pre-
ciosidade. Adoro garimpar, restaurar, des-
cobrir uma madeira maravilhosa embaixo de
velhas camadas de tinta e imagino novos
usos para elas. Já transformei um portão anti-
go em uma mesa linda”, diz a arquiteta Xinha
Carvalho, de Monte Verde, MG.
Porém, como podemos identificá-los? O
diferencial está no charme e nas peças irre-
gulares de tons diferentes. “As marcas de pre-
go que ficam com o tempo junto com a tin-
ta e o verniz dão um ar exclusivo. Cada peça
é única. Quanto mais irregular e antiga for a
madeira, mais me atrai”, afirma Malmesi.
Para inspirar e praticar novas ideias, sele-
cionamos alguns ambientes rústicos com
peças de demolição. Confira!

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NOVO EM FOLHA
No projeto realizado pelo arquiteto Fernando
Sá, a porta e o assoalho foram feitos de pero-
ba de demolição. O piso recebeu acaba-
mento em pátina azul.

[1]

[2]

PEQUENOS DETALHES
O artista Rodolfo Malmesi transformou a
penteadeira que seria descartada em
caminhos aparentes e cuba. Ele reaprovei-
tou o material de uma casa demolida para
criar a mesa de jantar e as portas de entra-
da e do banheiro. A escada foi feita com
dois dormentes e madeira de construção
com 30 cm de comprimento.

93
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[4]

USO DIFERENCIADO
[1]

A arquiteta Zaira Hoffmann Schlieper selecio-


nou telhas, madeiras e tijolos de demolição
assentados com junta seca, sem rejuntes.

RENOVADO de foi escolhida quando procuravam por


Os materiais foram encontrados em um depó- uma peça mais antiga, com área para visua-
sito de material de demolição e seleciona- lizar quem chega e estrutura de madeira
dos pela arquiteta Xinha Carvalho e a pro- maciça. “A cor deu roupagem nova ao pro- Texto Vanessa Barcellini
Fotos [1] Evelyn Müller, [2] Gui Morelli,
prietária da casa. A porta da sala na cor ver- jeto retrô”, afirma. [3] Gustavo Xavier e [4] Patrícia Cardoso

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92-95 Rep - Materiais Demolicao+Anun_00-00 Bases 18/08/14 09:51 Page 95

ONDE COMPRAR?

Demolishow Madeira de Demolição e remodelação de materiais antigos.


Localização: Lagoa Santa/MG Localização: São Paulo/SP Confecciona portas, janelas, mobiliário e
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dos de demolições. É uma marcenaria com quatro anos e atende arquitetos, decorado- pinho de riga, peroba rosa e perobinha do
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realiza a compra e venda de materiais de grandes especialidades é a madeira pinho o Brasil. Trabalham com peroba de demoli-
construção - visando a reciclagem. Possuem de riga. ção, com acabamentos bastante variados:
telhas, tijolos maciços, portas, madeira pau- Mais informações: (21) 2249-2327 e lavado, clareado, preto, pátina branca, entre
ferro, cortinas de aço, ripas, lustres, entre www.vecchionovo.com.br outros, além de canela (imbuia) e cruzetas
outras matérias-primas. – madeiras que eram usadas em antigos pos-
Mais informações: (42) 3236-0536 e O Velhão tes de eletricidade.
www.sites.google.com/site/ Localização: São Paulo/SP Mais informações: (73) 9107-7777 e
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Construir Rústicas • Número 18


Cenário perfeito, ambientes confortáveis e ampla área de
lazer são os elementos fundamentais para ter uma casa
de veraneio. Adiciona-se a isso materiais com beleza ím-
par como ladrilhos hidráulicos, telhas artesanais, toras de
eucalipto, cimento queimado e cobertura de piaçava. O re-
sultado são casas de tirar o fôlego clicadas para a Construir
Rústicas. Sem fronteiras, exibimos refúgios no litoral nor-
te baiano, à margem do rio Jaguaribe em Fortim, CE, e
Adpropeixe (área do Parque Natural da Peneda-Gerês), em
Portugal, e mostramos dez projetos assinados por arqui-
tetos renomados.
Além de desfrutar dos traços arquitetônicos, aprenda tam-
bém a garimpar portas, janelas, tijolos, telhas e revesti-
mentos de demolição e tenha uma residência única. Anote
todas as dicas, escolha um destino para fugir da agita-
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