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EXU

PRÍNCIPE
DAS TREVAS
CAPÍTULO 01
CONVERSANDO COM O DIABO.......................04

CAPÍTULO 02
O PRÍNCIPE DAS TREVAS.......................................18

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CA P Í T U LO
01

CONVERSANDO
C OM O
DIABO

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Pense bem antes de imprimir!
— Voc ê existe mesmo?

— Ora, não lembra o que disse o card eal


Ratzinger? “Para os fiéis cristãos, o Dia-
bo é uma presença misteri osa, mas real,
pessoal e não simbólica”.

— Talvez c onc ord e com o último predica-


do.

— Por quê? – Perguntou o Diabo.

— Porque símbolo, reza a etimologia da


palavra grega, é o que une, agrega. O an-
tônimo é diabolos, o que d esagrega. D es-
culpe a minha falta d e fé.

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— Em mim ou no card eal?

— Nos dois. Na ausência d e uma boa dúvi-


da car tesiana, fico com S pinoza: se voc ê,
c ontra a vontad e d e D eus, induz os se-
res humanos a praticar o mal, e ainda nos
c ond ena à dana ção eterna, que diabos d e
d eus é esse que o d ei xa impune e ainda
permite que sejamos punidos por voc ê?
Afinal, voc ê é inimigo ou cúmplic e d e
D eus?

— Não esqueça, fui criado por D eus.

— Não c omo d emôni o, mas c omo anjo -


obser vei.

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— Sim, agora sou um anjo d ecaído, pois
fiz c om que a primeira criatura, Adão, se
voltasse c ontra o Criador. Adão tornou-
-se cativo d e meu reino. Jesus teve que
morrer na cruz para resgatá-lo.

— Não me venha com esse papo d e Mel


Gibson - reagi. — Voc ê bem sabe que D eus
tinha o pod er d e arrancar Adão do reino
do mal sem precisar mandar o seu Filho
e d ei xar que sofresse tanto. Qual pai se
c ompraz com o sofrimento do filho? Je-
sus vei o nos ensinar o amor como prática
d e justiça. E foi vítima da injustiça es-
trutural que predominava em sua época,
c omo ainda hoje.

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— D eus tentou me enganar – quei xou-se o
Diabo. — Manteve em segredo o nascimen-
to d e Jesus. Mas à medida em que o Filho
crescia, fui perc ebendo quão perfeito ele
era. Quis, por tanto, tê-lo ao meu lado.

— Voc ê tentou seduzi-lo três vezes e que-


brou a cara. Prometeu-lhe os reinos d es-
te mundo, mas ele preferiu o d e D eus;
mandou que transformasse pedras em
pã es, mas ele não a c ed eu à primazia dos
sentidos; quis vê-lo voar c omo os anjos,
atirando-se do piná culo do Templo, mas
ele optou pelas vias ordinárias, e não pe-
los efeitos extraordinári os.

— Admito que não c onsegui dobrá-lo aos

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meus caprichos. Mas d esencad eei as for-
ças do mal contra ele, até que morresse
na cruz.

— M as ele ressuscitou, venc eu o mal – fri-


sei.

— Sim, D eus me enganou.

— C omo assim?

— O homem Jesus era a isca na qual D eus


esc ond eu o anzol da divindad e d e Cristo.
Ao perc eber isso, era tard e d emais.

— Por que D eus, em vez d e sa crificar seu


Filho na cr uz, não matou voc ê?

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— Isso é um segredo entre mim e D eus.

— Não posso a creditar que D eus compar-


ta qualquer coisa c om voc ê, c omo as al-
mas d e seus filhos e filhas, e nem mesmo
a existência. Ou a cha que vou a creditar
que a falta d e Adão tenha sido mais gra-
ve que o assassinato do Filho do Homem
na cr uz?

— Eu sou a c ontradição d e D eus – vanglo-


ri ou-se o Diabo.
— Voc ê já leu Robinson Cr usoé? Lembra
da “catequese” que ele tentou impingir
em S exta-Feira? Este indagou: “S e voc ê
diz que D eus é tão for te, tão grand e, ele
não é mais for te e mais pod eroso que o

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Diabo?”
Cr usoé c onfirmou. Então S exta-Feira
c oncluiu: “Por que D eus não mata o Diabo
para ele não fazer mais maldad e?” Em-
bara çado, Crusoé fingiu que não ouviu.

— O que voc ê respond eria? – Indagou o


Diabo.

— Diria que D eus não pod e matar o que


não cri ou. Voc ê é uma cria ção das religi-
ões arcaicas que dividiam o mundo entre
as forças do bem e do mal, o que a Bíblia
rejeita, embora alguns polític os atuais
queiram justificar seus ímpetos bélic os e
suas ambições imperialistas na base d es-
se dualismo.

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— Mas eu figuro na Bíblia! – E xaltou-se ele.

— O que não significa que d e fato exista,


assim c omo Adão e Eva também estão
citados lá e nunca existiram. Adão signifi-
ca “terra” e Eva, “vida”. A Bíblia, c omo um
livro em linguagem popular, antropomor-
fiza c onc eitos abstratos. Ou voc ê a cha
que Elias subiu ao c éu num carro d e fogo
e que existe o dragão citado no Apoca-
lipse?

— Então voc ê não crê na minha existên-


cia? C omo explica tanto mal no mundo?

— Voc ê mente tanto e tão bem que até


faz a gente tend er a a creditar que exis-

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te. O mal é uma d ecorrência da liberdad e
humana. Eternizar o castigo é eternizar o
mal. S omos chamados a respond er livre-
mente ao amor d e D eus. E ond e há amor,
há liberdad e, inclusive d e se fechar a ele.

— E no inferno, voc ê a credita?

— Fic o c om Dostoievski, “o inferno é a in-


capa cidad e d e não pod er mais amar”.
Borges frisa que “é uma irreligi osidad e”
crer no inferno.

— Mas eu sou real – insistiu o Diabo.

— D eus não tem concorrente – rebati. —


Nós inventamos voc ê para nos eximir d e

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nossas responsabilidad es e culpas, por
nem sempre c orrespond er ao que D eus
espera d e nós.

Frei Betto é escritor, autor d e


“Treze contos diabólicos e um angélico”

(Editora Planeta)

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CA P Í T U LO
02

O PRÍNCIPE
DAS TREVAS
NA OBRA DE
R UBE NS SARAC E NI
ORGANIZADO E COMENTADO
POR ALEXANDRE CUMINO

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LÚ C I F E R , S AT Ã , S AT A N Á S , C A P E T A , D E M Ô N I O ,
BELZEBU, TINHOSO, CHIFRUDO, COISA RUIM,
PRINCIPE DAS TREVAS E TC...
O Q U E S E R I A I S T O À LUZ D A
UMBANDA?

A Umbanda não crê trevas, que outros


em “d emôni o”, da id entificam c om a pa-
forma como foi id e- lavra católica ou po-
alizado no Cristianis- pular “inferno”, e nos
mo e mais especifica- questi onamos a c er-
mente no Catolicismo ca d e nossa ignorân-
ou no Islã, no entanto cia sobre os mesmos.
muitas vezes nos d e- Afinal Inferno não é
paramos com “MI S- um estado d e espí-
TÉRI O S NEGATIVO S” rito, ou região astral
ou “MI STÉRI O S D I- criada pelo psiquismo
VINO S” assentados dos que estão men-
em fai xas negativas, talmente nesta con-
a que nós chamamos dição? No entanto me

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parec e que algumas mã e ou pai, por mais
regi ões negativas fo- amor que tenha pod e
ram criadas antes ir d esprotegida (o)
que ali chegasse o pri- d emosntrando sua
meiro ser infernal, ou fragilidad e e mesmo
melhor trevoso, bem porque para entrar
me d esculpe apenas em c er tos lugares não
um ser (filho d e D eus) se pod e ser frágil.
negativado. Não é fá-
cil avaliar quem d esc e Lendo a obra psico-
as trevas, afinal mui- grafada por Rubens
to amor d eve ter a S ara c eni nos d epa-
mã e ou o pai que vai ramos muitas ve-
visitar ou resgatar um zes c om mistéri os da
filho na cad eia, numa cria ção em suas rea-
zona d e meretríci o ou lidad es negativas que
numa “cra colândia”. em outras obras nem
Mas nem sempre esta d e per to nos foram

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apresentados e muito E sta seria uma forma
menos d e tal forma. d e entend er o mítico
Lúcifer-yê, um mis-
Em A Evolução dos téri o assentado nas
Espíritos tomamos Trevas para recolher
conhecimento d e um os que ficam pelo ca-
Avatar, um D emiur- minho.
go, que em uma era
d esconhecida para No CAVA LEIRO DA
nós, Era Cristalina, E STRELA GUIA nos
talvez a mítica Atlân- d eparamos c om “O
tida, que encarnou e Própri o S er Infernal”
chamou a si todos os que invad e a “Assem-
filhos d e D eus nega- bléia Sinistra” c om o
tivados para rec olhe- objetivo específico d e
rem-se com ele nas levar c onsigo o Cava-
fai xas negativas do leiro, que mergulha na
astral. dor e nas trevas.

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N A S P A L AV R A S D O C AV A L E I R O
DA ESTRELA DA GUIA:

O QUE ME AC ONTEC EU? O horror, o pavor,


o medo, a angústia, a aflição, o d esespe-
ro, a loucura, o remorso, a tenta ção, a lu-
xúria, o d esejo, e muitos outros mistéri os
das trevas da ignorância se fizeram vivos
no meu mental: tanto superi or quanto in-
feri or. Todo o meu ser imor tal foi vi olado e
vi olentado. O horror d e me ver sendo le-
vado pelo própri o senhor dos horrores. O
medo do que me a contec eria. A angustia
por não saber se voltaria à Luz. A aflição
por meu estado enérgic o que se enfra-
quecia a cada instante. O d esespero pelas
dores horríveis que sentia ao ser tor tura-

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do cruelmente. A loucura pelas visões hor-
rendas que tive. O remorso ao ter, diante
d e meus olhos, todos os meus fra cassos
diante da lei na execução d e d etermina-
das tarefas. A tenta ção, ao ter meu men-
tal inferi or ativado ao máximo por aquele
que tem a chave d e a c esso a ele. A luxú-
ria ao dar vazão a tenta ção, ampliada em
muito na sua intensidad e. O d esejo ao ver,
ainda que ilusóri o, o ser dos meus encan-
tos e d esejos.

A tudo eu ouvia, via ou reagia c om uma


obser va ção apenas: eu sou voc ê e voc ê é
par te d e mim...

[...] Então, em um último esforço, criei em


meu mental o vazi o absoluto...

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A voz do silênci o... eu tornei a ouvi-la, no
meu vazi o absoluto, dizendo: “S e voc ê
morrer por mim, eu, o seu Criador, irei re-
vivê-lo em mim, pois só eu sou a Vida, o
resto é apenas um mei o d e vida da Vida.

Eu sou a Vida, e quem vive em mim, por


mim e para mim, jamais morrerá...

[...] Minha prova havia terminado. Um dia


meu anc estral místic o me havia dito: “Um
dia eu testarei seu amor por mim”. Este
havia sido o dia... E foi este amor que me
resgatou da queda nas trevas do mental
inferi or...

No GUARD IÃO DA MEIA N OI TE a mesma histó-


ria se passa por outro prisma, no qual é res-

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saltado o compromisso que todos os guardi-
ões assumem, após a queda do C avaleiro e
sua posteri or reencarna ção.

No título GUARD I ÕE S DO S SE TE POR TAI S, Lú-


cifer-yê aparec e muitas vezes c omo o mistéri o
da ilusão, aquele que abenç oa amaldiç oando e
que amaldiçoa abençoando, pois se apresen-
ta inver tido na cria ção. Ac ompanhamos uma
luta milenar travada entre o C avaleiro da Es-
trela da Guia junto aos Guardi ões, c ontra Lú-
cifer-yê e os caídos nas trevas humanas. Fica
claro, no entanto, que tem uma impor tância
mai or a presença d e Lúcifer-yê e seu mistéri o
nas fai xas negativas.

No GUARD IÃO DAS SE TE E NC R UZILHA DAS


pod emos ler as palavras d e Lúcifer-yê, em

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d esabafo dirigido ao Criador, a quem ele diz
amar, adorar e venerar. Abai xo c oloc o apenas
uma par te d e seu “d esabafo” d e forma edita-
da:

-Por que, meu S enhor? Por que tinhas d e


me enviar até este abismo da perdição
humana?
Por que logo eu, que tanto vos amo, ado-
ro e venero, tinha d e ser o esc olhido para
ser o catalizador, absor vedor e a cumu-
lador das energias geradas por todos os
espíritos humanos viciados? Por que, meu
S enhor? Não ved es que eles, os humanos
nunca vão aprend er...
[...] S enhor meu, eu vos amo, respeito, ado-
ro e venero, e, no entanto sou tão incom-
preendido pelos ser vos do meu irmão do

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alto! Eles não entend em que se sou como
sou é porque assim são os semelhantes
d eles que não vos amam, veneram, ado-
ram e respeitam, e que por vós são en-
viados ao meu reino sem luz c om todos os
víci os humanos, os quais tornam meus do-
míni os d epósitos da esc ória humana. Eles
não sabem que só od ei o quem vos d es-
preza; só persigo quem se afasta d e voz...
[...] Por que vosso ser vo do alto não diz a
eles como realmente sou, quem eu sou e
por que sou c omo sou?

Logo esta representa ção d e Lucifer-yê está


distante da tradici onal representa ção católica
d e “Lucifer” (“O Anjo C aido”, aquele que d esa-
fi ou D eus, por vaidad e, ego e eorgulho).

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E agora, quase d ez anos d epois, c om a publi-
ca ção do rec ém lançado CAVA LEIRO DO A RC O
ÍRI S, temos uma c onclusão c om rela ção a este
mistéri o na cria ção, que se revela num diálo-
go travado entre o Cavaleiro e o “Príncipe das
Trevas”, como vemos abai xo:

- D escobriu quem sou eu, Mago da Vida?


- S e não estou enganado, é aquele que
chamo d e Príncipe das Trevas. E stou c er-
to?
- É assim que me c onc ebe, mago da Vida?
- É assim que o id ealizo e conc ebo, já que
reina absoluto nos domíni os sóbri os da
fa c e escura do S enhor das Trevas.
- Não a cha melhor uma c onc epção menos
humana, M ago da Vida?
- Nem pense nisso, Príncipe das Trevas.

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- Por que não? Uns me c onc ebem e id e-
alizam como um cão infernal, outros me
imaginam c omo uma hidra ou um dragão,
ambos assustadores. Já me id ealizaram
e conc eberam d e tantas formas que só
a criativa imagina ção humana é capaz d e
tanto, sabe?
- S ei, sim. Por isso o id ealizo e o c onc ebo
como príncipe, Príncipe das Trevas!
- Tem c er teza d e que não me prefere como
a tenebrosa, assustadora e maldita ser-
pente das trevas , à qual voc ê vinha com-
batendo d esd e que se humanizou e id eali-
zou-me e conc ebeu-me c omo a traiçoeira
e peçonhenta serpente das trevas?
- Nem pense nisso, príncipe! Já chega d e
combater serpentes.
- Mas foi voc ê mesmo que semeou essa

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minha conc epção no mei o humano, M ago
da Vida!
- Eu fiz isso?
- Fez, sim.
- Essa não! D eve ter sido por causa dos
meus anc estrais irmãos venenosos e trai-
çoeiros, sabe?
- Eu sei?
- Não sabe?
- Eu d everia saber, Mago da Vida? Afinal,
venenosos e traiç oeiros são seus asque-
rosos irmãos anc estrais, não eu, que só
tenho rec olhido-os em meus domíni os e
contido suas iras e fúrias c om os tormen-
tos que eles criaram para si mesmos.
- Essa não! S ó agora voc ê me revela isso,
irmão Príncipe das Trevas?
- O que foi que eu revelei, irmão Mago da

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Vida?
- Que voc ê assume a c ondição c om a qual
o distinguimos em nossa imagina ção, e d e-
pois plasma o tormento que é em si mes-
mo, já segundo nossa c onc epção e id eali-
za ção. E daí em diante se nos mostra tão
tormentoso e assustador c omo imagina-
mos que d eva ser, oras!
- Voc ê não sabia que eu era, e sou assim?
- A gora sei, irmão Príncipe das Trevas.
- Que Mago da Vida estúpido que voc ê era,
não?
- S em ofensas, príncipe. Não vamos bai-
xar o nível d e nossa c onversa, c er to?
- Tudo bem, Mago. Mas que voc ê foi um
estúpido em comparar-me aos seus vene-
nosos e traiç oeiros irmãos anc estrais, isso
foi, c er to?

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- Ponto para voc ê, príncipe. Eu real-men-
te fui um estúpido quando a creditei que
aqueles safados eram voc ê. Mas ago-ra
não me enganarão mais, sabe?
- Porque a cha que eles não o enganarão,
se são uns enganados enganadores?
- Bom, eu já o id ealizei e conc ebi c omo o
Príncipe das Trevas, que aos meus olhos só
se mostrará c omo escuridão, nunca como
uma aparência d esumana. Por tanto se al-
guma sombra mover-se no mei o da escu-
ridão, com c er teza não será voc ê porque
é ela em si mesmo, e não o que se move
d entro d ela.
- Que sábia d esc ober ta, Mago da Vida. Já
estou d ei xando d e vê-lo c omo um estúpi-
do e a chando-o um sábi o.
- Eu, um sábi o? Nem pense isso, príncipe.

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S ou só um mod esto aprendiz dos vastos
mistéri os da Cria ção. A gora, voc ê sim, é
um sábi o que tem muito o que me ensi-
nar sobre seus domíni os ocultos pela es-
curidão do seu mistéri o, que é voc ê em si
mesmo.
- Voc ê está me id ealizando c omo um sá-
bi o, Mago da Vida?
- Já o id ealizei c omo sapientíssimo Prín-
cipe das Trevas, que c er tamente me ins-
truirá em c omo d evo proc ed er c om meus
astutos, traiç oeiros e venenosos ir-mãos
anc estrais que se ocultaram na sua es-
curidão. C om c er teza d e agora em diante
eles não ficarão invisíveis aos meus olhos
porque os diferenciarei d e voc ê mesmo, já
que voc ê é a escuridão e eles são as som-
bras ou as formas d esumanas que vivem,

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habitam e se movem em seus domíni os.
C om c er teza caso eu venha a ser c onfun-
dido por eles, voc ê imediata-mente me
aler tará e instr uirá sobre como proc ed er
em seus domíni os e como anular as a ções
intentadas por eles.
- Essa não, Mago da Vida!!!
- Esse sim, Príncipe das Trevas...
[...] Voc ê disse que me ama e estima, res-
peita e confia e até me tem na c onta d e
um nobre príncipe!
- É isso mesmo. Eu d esc obri sua razão
d e existir c omo par te do todo e encon-
tro nobreza no seu modo d e atuar, pois
não atua d e outro modo e forma que não
a d esejada por quem o id ealiza, conc ebe
e concretiza. S ó um nobre é tão genero-
so, e só um c onc ed e o que d ele d esejam,

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ou estão aptos adquirirem, assumirem e
sustentarem. Um nobre não nega algo se
o que lhe foi pedido é justo, e não impõe
nada a ninguém se for vi olentar sua natu-
reza ou contraria seus d esejos mais ínti-
mos, sabe?
- A gora sei, Mago da Vida. Já estou me
sentindo um nobre príncipe regente dos
vastos domíni os escuros do S enhor da Tre-
vas. E, para ser sinc ero, até estou me sen-
tindo melhor nessa sua nova id ealiza ção e
conc epção humana do que eu me senti na
conc epção anteri or, quando voc ê me id e-
alizou como uma asquerosa e traiç oeira,
venenosa e ardilosa serpente, sabe?
- A gora sei, Príncipe das Trevas!...
[...] - É isso, Mago esclarecido. Eu não te-
nho a iniciativa em nenhum campo. A mim

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compete unicamente a rea ção a todas as
iniciativas inc orretas. S e uma religião dis-
ser que um d eterminado proc edimento é
um pecado, quem proc ed er segundo ela
indicou estará pecando e provocará uma
rea ção d e minha par te. E se a rea ção é
ir para o purgatóri o, o pecador irá para o
purgatóri o. S e indicar que d eve ir para o
inferno, então irá para o inferno. E assim
por diante.
Eu sou um mistéri o que só adquiro existên-
cia a par tir das a ções contrárias à vida.
Mas, quando c essam as a ç ões e as cau-
sas d elas, c essa minha atua ção na vida d e
quem me ativou em sua existência.
- Acho isso tudo d e uma lógica e grand eza
única, nobre e esclarec edor Príncipe das
Trevas.

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Este d esfecho para mostra d e forma po-
as aparições do “Prín- sitiva, ao c onc ebê-lo
cipe das Trevas” na d e forma negativa ele
obra d e Rubens S ara- se mostra d e forma
c eni, revela algo mui- negativa. Muitos crê-
to especial no que diz em que E xu d eve ser
respeito à compreen- agressivo, falar im-
são dos mistéri os, no propéri os e expor as
caso d este em espe- pessoas ao ridículo, o
cífico e d e outros que resultado é que mui-
seguem o mesmo mo- tas entidad es assu-
d elo. mem esta carapa ça
para se enquadrar na
Crei o que algo se- expectativa d e quem
melhante se dá com o evoca.
o Mistéri o E xu, por
exemplo, pois quando É claro que nem sem-
se conc ebe E xu como pre quem respond e a
algo positivo ele se este chamado são as

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entidad es d e Lei. No Catolicismo “Lu-
cifer” é o Anjo Caído
Pelo que entend e- porque quis ser como
mos aqui o “Príncipe D eus, No judaísmo
das Trevas” está mui- não há um anjo com o
to longe da conc ep- nome “Lucifer”, que é
ção e id ealiza ção do latino, uma tradução
“d emôni o” católic o ou do romano “Phósfo-
evangélico, por tan- ros”, uma divindad e,
to que cada um fique “O Por tador da Luz”.
com os “d emôni os”
que criaram para si No judaísmo Anjo não
e para suas religi ões. tem livre arbítri o ele
Pois o único e ver- cumpre a vontad e d e
dad eiro d emôni o em D eus, logo é inc onc e-
nossas vidas somos bível o mesmo se “re-
nós mesmos quando voltar”. No Velho Tes-
caminhamos movidos tamento vemos “O
pelo Ego. Opositor” (S atanás)

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dialogando com D eus, nas está a ser viço d e
como velhos amigos a D eus.
c erca d e Jó e o “ten-
tador” cria situa ç ões E voltando ao Anjo
para d esviar Jó, tão C aido, enquanto um-
querido a D eus. E sta bandista me parec e
é uma das poucas uma história bem mal
passagens do Antigo c ontada, um Anjo, o
Testamento em que mais belo, ter sua
aparec e “o opositor”, queda por vaidad e?
pois nesta realidad e Difícil d e crer, mais
pré-cristã D eus faz fá cil entend er que é
o bem e faz o mau, mais um mito e tabu
se é para matar os católic o para evitar
Egípci os Ele mesmo d e explicar um misté-
mata... mas por mei o ri o teológic o. No islã
do “Anjo da Mor te” é “Shaitan”, segundo o
claro, que não é ne- C orão teve sua queda
nhum d emôni o ape- por se recusar a abai-

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xar a cabeça para o Criador, não confun-
homem feito d e bar- dir c om Ori xás C ós-
ro, já que ele era um mic os, os quais de
anjo feito do fogo. No asentam no embai xo
mesmo Islã há tam- exatamente nos pólos
bém os G êni os (d jin) opostos aos 1 4 Ori xás
que pod em ser bons, exatamente para ab-
maus e neutros. sor ver nossos víci os
nos sete sentidos da
Afinal quem é o d e- vida:
môni o em nossas vi-
das que não nossas Fanatismo e Ilusão,
vontad es e víci os? C iúmes e Ódi o, S o-
Quanto a espíritos berba e Ignorância,
obsessores, são o que Preconc eituosidade
são, apenas espíritos. (Medi ocridad e) e In-
justiça, Arrogância e
Já “Tronos Opostos” D esord em, Imobili-
são outro mistéri o do dad e (a c omoda ção)

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e Involução, Apatia e Lucifer e Lilith como
Mor te. os Tronos Opostos
à Oxalá e Logunan
S omos nós que gera- (Oyá-Tempo), o que
mos o vici o e o opos- d eve ser interpreta-
to das vir tud es (Fé, do também e não le-
Amor, C onhecimento, vado ao pé da letra,
Justiça, Lei, Evolução são opostos mas não
e G era ção) e a função d ei xam d e ser “Misté-
dos Tronos Opostos é ri os do Criador”.
atrair os seres “pe-
sados” que carregam S ei que não é fá cil
seus víci os e absor ver entend er alguns con-
os mesmos. S ão eles c eitos, mas temos a
O Trono Oposto da eternidad e para com-
Fé, do Amor... e cla- preend ê-los não é?
ro Masculino e Femi-
nino. No Livro Ori xás
Anc estrais consid era

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