Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
(Livro 2) Os Lobos Do Milênio
(Livro 2) Os Lobos Do Milênio
(Livro 2) Os Lobos Do Milênio
1. Tradições
2. Ninguém Humilha a Matilha
3. Visitantes Inesperados
4. Quanta Audácia
5. Entrando na Fila
6. Aumentando as Apostas
7. Controle de Danos
8. Fricção Aquecida
9. Lavagem de Roupas
10. Hora do Almoço
11. Declarações
12. Pânico no Paraíso
13. Um Tempo a sós
14. Arte Nebulosa
15. O Elevador do Êxtase
16. Perguntas
17. Deixe-me entrar
18. Mémoire
19. Spotlight
20. Restrições
21. Mente Aberta
22. Inseguranças
23. A Ópera
24. Yuletide
25. Correndo
26. Caminhos da Mente
27. Marionetistas
28. Cortado
29. Desperta
30. Família
Capítulo 1
TRADIÇÕES
Sienna
Mãe: Si?
Sienna: Oi
Sienna: Obrigada por perguntar, mãe
Minha mãe estava perdendo amigos por causa do que eu havia feito?
Essa era a última coisa que eu queria que acontecesse.
Eu não tinha a intenção de dividir a matilha. E o que a mídia estava
dizendo sobre mim?
Selene: Irmã, todas as garotas no trabalho pensam que você é
incrível
Selene: exagerei?
A noite anterior foi a primeira que passei sozinha desde que nos
acasalamos.
Eu mal conseguia dormir, fiquei deitada na cama lembrando do que
tinha acontecido no escritório de Aiden. Eu queria poder voltar atrás e
lidar com tudo de outra maneira.
Eu me sentia incompleta quando acordei naquela manhã. Eu mal
conseguia comer. As pontadas de arrependimento suprimiram qualquer
apetite que eu pudesse ter.
Eu não conseguia nem mesmo me obrigar a ir para a Casa da Matilha.
Em vez disso, passei o dia na casa dos meus pais pintando.
Quando eu precisava endireitar minha cabeça, geralmente recuava
para o estúdio anexo à minha galeria, mas esses dois lugares eram
presentes de Aiden, e eu não queria mais deixá-lo perturbar minha
mente.
Mas eu sabia que não poderia evitá-lo para sempre. Não só porque ele
era meu companheiro, mas porque naquela noite era o chá de bebê da
minha irmã.
Ela e seu marido, Jeremy, estavam esperando seu primeiro filho, e
Aiden e eu éramos os padrinhos lunares, então nós dois tínhamos que
comparecer.
Uma hora antes de termos que estar no restaurante, ele parou em
nossa casa. Eu tinha voltado para casa mais cedo, com a intenção de
consertar as coisas e estava esperando por ele na cozinha.
A porta da garagem se abriu e ele entrou com a mesma expressão
indiferente de ontem à noite, antes de eu sair de seu escritório.
Ele me olhou, nem um pouco surpreso em me ver ali. — Você pintou
alguma coisa de que gostou?
— Como você... — Então eu olhei para baixo e vi as pequenas
manchas de tinta seca em minhas calças. — Olha, Aiden, vamos só passar
por essa noite?
— Não acho que vamos ter problemas. Eu adoro bebês.
— Eu nunca disse que não queria um filho. Claramente, você não
ouviu nada do que eu disse.
— Ser minha companheira significa que nossa família não é só você e
eu; é a Matilha toda.
— Isso é engraçado vindo de um homem que nem fala com os
próprios pais. Quanto tempo se passou desde que eles navegaram em
direção ao pôr do sol? Dez anos?
— É complicado, Sienna.
— É isso não é? Acho extremamente hipócrita da sua parte querer
uma família, considerando o pouco esforço que faz para manter contato
com a sua. Eles nem mesmo vieram para a nossa cerimônia de
acasalamento.
— Não vou cometer os mesmos erros que eles. — Ele fez uma pausa,
suspirando. — Se é assim que vai ser, eu não acho que devo ir esta noite.
Você pode dizer a eles que estou ocupado com o trabalho.
— Eu não vou fazer isso porque, ao contrário de você, eu me
preocupo em estar presente com a família, e você vai ser o padrinho
lunar da minha futura sobrinha, então você vai estar lá esta noite, goste
ou não. A Matilha pode ser minha família agora, mas vale para os dois
lados, e Selene é sua família agora também.
Eu não tinha notado até agora, mas minhas mãos estavam fechadas e
minhas unhas estavam cravadas nas minhas palmas.
Não tinha percebido até então que talvez a relação complicada de
Aiden com seus pais fosse a razão de ele ser tão inflexível sobre começar
um relacionamento para o bem da Matilha.
Eles eram a coisa mais próxima de uma família que ele tivera até eu
aparecer.
Talvez esta noite fosse algo bom para ele. Ele podia ver como uma
família saudável funcionava unida.
Eu só esperava que Selene e minha mãe não fossem tão loucas por
bebês a ponto de ficarem do lado de Aiden quando o assunto surgisse, o
que eu sabia que aconteceria.
Nós dois nos transformamos em silêncio. Um contraste gritante com
nossa brincadeira de duas manhãs atrás.
Eu não pude deixar de olhar furtivamente enquanto ele puxava a
calça por cima das coxas rasgadas e da bunda forte e musculosa. Posso ter
ficado com raiva dele, mas ele ainda era meu companheiro, e essa
distância estava me matando.
Eu o queria muito. Cada parte de mim ansiava por seu toque,
fantasiava sobre o gosto de seus lábios.
Quando a Bruma chegou, eu não sabia o que fazer. Aquilo nos
transformou em animais selvagens e completamente enlouquecidos por
sexo. No ano passado, meu sexo praticamente explodia sempre que
Aiden olhava para mim.
— Você vai ficar me olhando a noite toda ou vai terminar de se
arrumar? — ele perguntou, tirando-me do meu devaneio.
— Não se iluda. Eu só queria ter certeza de que sua roupa estava
bonita.
— Então agora sou um tirano e ainda por cima não me visto bem?
— Pare com essa maldade — eu disse, ficando um pouco chateada.
— Ei, Sienna, — disse ele, arrumando a gravata.
— O quê? — Eu disparei, esperando pelo próximo comentário
sarcástico.
— Você está linda.
Por mais que tentasse, não pude evitar de corar. Meu deus, ele era um
idiota, mas eu o amava por isso.
— Depressa, vamos nos atrasar, — eu disse, pegando meu casaco. —
Vejo você no carro.
Michelle: pq?
Michelle: O QUÊ?????
Michelle: e a mãe?
Eu não era idiota. Eu sabia que meus pais não tinham vindo para a cidade
com o desejo de se reconectar.
Depois que Aaron morreu, eles deixaram claro quais eram suas
prioridades. Claro, eu era tão culpado quanto eles por não manter
contato, mas tinha dezoito anos quando eles começaram sua jornada
pelo mundo.
Eu havia perdido meu irmão e precisava deles mais do que nunca. Em
vez de se certificarem de que eu estava bem, eles me entregaram à
Matilha e, ao mesmo tempo, me disseram adeus.
Posso ter sido o alfa, mas não significava que tinha todas as respostas.
Foi um alívio quando acordei e vi que o carro deles havia sumido.
Depois que Sienna foi para a cama ontem à noite, eu esperava algum
tipo de conversa séria, inferno, talvez até um pedido de desculpas. Em
vez disso, acabamos de falar sobre suas viagens e ouvi suas críticas e
elogios a pessoas que nunca havia conhecido antes.
Por que eu estava ficando nervoso com isso? Não é como se eles
fossem ficar para sempre. Dei a eles uma semana no máximo antes que
fossem obrigados a viajar novamente.
Talvez eu os visse novamente em mais dez anos. Até então, eu estava
mais do que satisfeito em receber um ou dois cartões postais aleatórios
que eles mandariam.
Eu poderia lidar com tudo isso mais tarde esta noite, no entanto.
Agora eu estava finalmente sozinho e podia começar a trabalhar na
montanha de papelada que estava na minha mesa.
Quando abri a primeira pasta da pilha, ouvi uma batida suave na
porta do meu quarto.
— Sim? Entre — eu disse.
— Espero não estarmos interrompendo nada, — começou minha
mãe, entrando com meu pai como se fossem os donos do lugar. —
Quando você se livrou das secretárias? Eu me sinto tão rude em aparecer
sem alguém para me anunciar.
— Gosto do que você fez no escritório, filho, — disse meu pai,
examinando a sala. — Você contratou alguém ou fez o trabalho sozinho?
— Eu mesmo fiz. Acho que o papel de parede e as tapeçarias não
combinavam muito comigo.
— Você não jogou fora as tapeçarias, jogou, Addy? Aquelas eram peças
inestimáveis da herança da Matilha.
É claro que essa foi a primeira coisa que lhe veio à mente. Foi ela
quem fez com que eu crescesse conhecendo cada pedaço da tradição e
história da Matilha.
Quando eu era pequeno, ela me fazia recitar os nomes dos últimos
vinte alfas e o que cada um deles tinha feito para contribuir com nossa
Matilha antes que eu pudesse jantar.
— Onde está aquela sua esposa cabeça quente? — perguntou Daniel.
— Não sei, — respondi.
— Eu a controlaria com mais vontade se fosse você, — respondeu ele.
— Ela tem o pavio curto, e não há como adivinhar que outras
'declarações' ela possa fazer
— Eu não sou o dono dela, pai. Ela é uma mulher adulta.
— Bem, de acordo com as notícias, você deve ser o único que acha
isso, — interrompeu minha mãe. — Aquela façanha no festival foi
inescrupulosa. Mesmo estando do outro lado do mundo, nós ficamos
sabendo, pelo amor de deus.
— Ela e eu estamos conversando sobre isso, mãe. Eu não preciso que
vocês interfiram.
— Pelo contrário, acho que é exatamente o que você precisa que
façamos. É claro que ela não tem conceito de dever ou tradição. Daniel,
ajude a explicar ao nosso filho a importância do que está acontecendo.
— Aiden, você tem que perceber que Sienna não cresceu como você.
Sabemos que você não pode escolher com quem acasalar, então não
estamos dizendo que nada disso é culpa sua, mas ela é muito jovem,
filho.
— Ela simplesmente não entende o que significa estar à frente do
grupo. Quando o deixamos no comando, sabíamos que tudo estaria em
boas mãos. Você foi preparado para isso. Ela não foi.
— E daí? Você está dizendo que as coisas não estão em boas mãos? —
Eu perguntei, perplexo.
— Sinceramente, Addy, não estão. Esta família tem sido a cabeça da
Matilha por cinco gerações, e essa garota qualquer pode acabar
manchando todo o nosso legado.
Eu estava farto de seus insultos. Eles eram meus pais, mas havia um
limite que eu não os deixaria ultrapassar.
— É da minha companheira que você está falando, mãe.
— Sim, tenho plena ciência disso. Suas origens humildes são de
conhecimento comum, querido. Não há necessidade de ficar irritado.
— Estamos aqui para ajudá-lo com esse pequeno problema, Aiden. Se
você, sua mãe e eu nos sentarmos com Sienna, sei que podemos fazê-la
entender que a união da Matilha é mais importante do que seus
protestos fantasiosos.
— Pai, eu já disse, estamos trabalhando nisso juntos.
— E você acha que está dando certo? — minha mãe respondeu. —
Você tem 29 anos, Addy. O que você acha que acontece quando o alfa de
uma Matilha chega aos trinta e ainda não tem filhotes? As pessoas
começam a ficar preocupadas. Outros alfas começam a observar seu
território.
— Você precisa colocá-la sob controle e tentar criar uma família,
Aiden. É sua responsabilidade como alfa.
Antes que eu pudesse dizer outra palavra. Josh entrou pela porta, sem
saber da briga que eu estava tendo com meus pais. Ele os viu e então
olhou para mim.
— Eu volto depois — ele disse, começando a recuar.
— Não, eles já estavam saindo, — respondi, feliz por encerrar a
conversa.
— Josh, é você? — perguntou minha mãe, radiante. — Ah, que
homem bonito você se tornou. Eu também ouvi que você acasalou.
— Olá, Sra. Norwood, Sr. Norwood. Sim, já faz um tempo. Na
verdade, é por isso que estou aqui. Aiden, nossas amáveis esposas
escaparam do segurança de Sienna. Meus rapazes estão meio que
perdendo a paciência.
Ótimo, isso era exatamente o que eu precisava agora.
Olhei para minha mãe, que estava prestes a proferir algo presunçoso,
como: "Eu te avisei". Nós nos olhamos, e eu soube imediatamente que ela
não ficaria em silêncio. O momento era bom demais para ela desperdiçá-
lo.
— Sim, parece que você tem total controle sobre sua companheira —
ela disse, mordendo a ponta de seus óculos de sol. — Bem, já que tudo
está sob controle por aqui, acho que podemos encontrar um lugar para
almoçar, Daniel. Você não acha?
— Sim, vamos deixar Aiden em paz. Veremos você e Sienna esta noite,
filho. Manhattans às oito. Sem desculpas.
Fiz questão de acompanhá-los até a porta e a fechei prontamente
após sua saída.
Minha vida estava indo de mal a uma merda completa, mas a primeira
coisa a fazer era ter certeza de que Sienna estava segura.
Esta foi a quarta vez que ela e Michelle escaparam de seus guarda-
costas. Insisti neles desde que aquela mulher estranha, Eve, apareceu no
Baile de Inverno do ano passado e disse a Sienna que ela estava em
perigo.
— Eu não sabia que seus pais estavam na cidade, — disse Josh.
— Eu também não, até ontem à noite. E mal posso esperar que eles
saiam.
— Você... quer falar sobre isso? — disse Josh, claramente se sentindo
um pouco estranho, mas também obrigado a perguntar. A comunicação
interpessoal nunca foi seu ponto forte.
— Está tudo bem, — respondi, para grande alívio de Josh. — No
momento, precisamos descobrir onde nossas esposas estão.
— Como é o horário nobre do brunch, e estamos em uma quinta-
feira, tenho um bom palpite de onde Michelle levou Sienna.
— Ótimo, você pode ir buscá-las? Preciso resolver algumas coisas
aqui.
— Sim, sem problemas. Eu as trarei de volta aqui imediatamente.
— Mande Sienna direto para o meu escritório. Vou ter uma longa
conversa com ela.
Sienna
— Espera aí, você quer dizer que alguém está nos espionando? — Eu
perguntei. — Tipo, agora?
— Não tenho certeza, mas não consigo me livrar dessa sensação
sinistra que começou assim que entramos no táxi.
Eu examinei a área atrás de Sienna e não pude ver nada incomum
além de uma mulher usando tons pastéis fora da estação.
— Si, eu acho que você está sendo paranoica. Além disso, é impossível
reconhecê-la com essa roupa.
Antes que Sienna pudesse responder, meu telefone explodiu com
notificações.
Porra, é o Josh.
Ele não é dos mais espertos, mas ele tinha uma habilidade incrível de
saber quando eu estava aprontando.
— Me dê um segundo. Acho que fomos pegas.
— Nossa sorte ia acabar uma hora, — respondeu Sienna, virando sua
taça de champanhe.
Sienna
Desde aquela viagem de carro com Sienna, minha cabeça tinha virado
uma teia emaranhada de pensamentos e emoções. Tentei meditar, mas
não consegui clarear minha consciência. Sempre que ficava assim, tinha
que apelar pros velhos hábitos.
Eu precisava de uma bebida.
O Housman's era o meu lugar preferido quando eu precisava fugir.
Era um antigo bar escondido em um beco. Não tinha nada do brilho e do
glamour dos bares e clubes populares, mas isso que eu amava nele.
Eu nunca tive que me preocupar com um lobo da Casa da Matilha
entrando pela porta ou qualquer outra pessoa que pudesse me
reconhecer.
A mulher atrás do bar era uma doce senhora chamada Clementine.
Ela me tratava como uma filha, sempre fazendo questão de me agarrar
pela mão e me perguntar como eu estava.
Ela sabia que eu só a visitava quando precisava resolver alguma coisa,
e cara, eu tinha muita coisa para resolver.
Sienna era como uma irmã mais nova para mim. Eu via muito de mim
mesma nela, e quando ela se acasalou com Aiden, meus sentidos de cura
me disseram que ela precisava de alguém para ajudá-la a viver na
Matilha.
Eu cresci naquele mundo e podia ajudá-la de uma forma que sua mãe
e sua irmã não conseguiam.
Claro que a ironia não passou despercebida. Eu tinha 25 anos e não
estava acasalada, praticamente uma solteirona nos anos de lobisomem,
aconselhando uma garota de 20 anos sobre como planejar uma família e
lidar com seu companheiro.
Depois de minhas aventuras fracassadas com Aiden e Josh, eu estava
impaciente para encontrar meu companheiro. A cura era um trabalho
solitário. Fui a quem todos procuraram, mas para onde a Curandeira
deveria ir quando tinha problemas?
Era isso que eu estava tentando descobrir no Housman’s.
Tomei um gole da minha bebida.
Escorreu pela minha garganta e espalhou seu fogo pelo meu peito.
Mas em vez de parar ali, seu calor continuou descendo pelo meu corpo,
estabelecendo-se entre minhas pernas em um inferno inesperado.
Porra, a Bruma está perto.
Enquanto as explosões pulsavam na minha virilha, examinei o bar.
Nenhum dos homens estava me olhando.
A Bruma pode deixar as lobas com tesão, mas ainda deve haver
alguma atração entre os amantes.
Eu me virei e examinei as cabines. O frio na barriga começou a
percorrer todo o meu estômago. Isso não poderia estar certo.
Eu estava olhando para um casal que estava se tocando. Eles não eram
amigos, eu sabia disso, mas por que minha Bruma estava me puxando em
direção a eles?
Eles devem ter sentido o quão excitada eu estava ficando porque a
mulher parou de beijar o pescoço de seu parceiro e olhou em minha
direção.
Nós nos olhamos, e então ela sussurrou no ouvido de seu homem. Ele
me deu uma olhada e sorriu antes de dar sua resposta.
A mulher se levantou e caminhou em minha direção. Ela tinha
cabelos crespos e ruivos e uma linda pele cor de café. Seus quadris
balançavam de um lado para o outro em um ritmo hipnotizante.
Talvez ela queira apenas pedir uma bebida no bar. Olhe para a sua
bebida. Não faça contato visual.
— Meu parceiro e eu não pudemos deixar de notar você.
Merda.
Meu rosto corou quando me virei para encará-la. — Eu sinto muito.
Eu não queria ficar olhando.
— Gostou do que viu? — ela perguntou com um sorriso brincalhão.
Espere, o que ela quer dizer?
Antes que eu pudesse pensar em uma resposta, minha Bruma
explodiu.
Eu agarrei o balcão para me manter de pé. Algo nessa mulher e no seu
homem fez meu corpo derreter. Olhei para o parceiro dela, um
dominante alto e musculoso com cabelos castanhos esvoaçantes e barba
áspera.
Eles eram tão lindos e sexy. Eu nunca tinha feito nada assim antes,
mas nada sobre isso parecia errado.
— Gostei muito, — respondi, tocando a mão da mulher.
Nós três caímos na cama, arrancando as roupas um do outro em um
frenesi acalorado. Eu agarrei o homem e comecei a beijá-lo, mas a
pressão quente dos lábios da mulher em meus seios me fez ofegar.
Antes que eu percebesse, entreguei meu corpo às suas mãos e lábios.
Eu me torci e flexionei sob o intenso prazer que agarrou cada músculo e
terminação nervosa.
Eles se revezaram entrando em mim. Ele com seu pênis e ela com
seus dedos e sua língua.
Senti tudo apertar e uma pressão começar a crescer dentro de mim.
Eu estava com tanto calor, quase delirando. Minha pele estava coberta
de suor e eu mal conseguia recuperar o fôlego.
— Eu vou gozar! — Eu gritei.
Eu agarrei a mulher e puxei seu rosto para o meu. Nós fechamos os
lábios, nossas línguas se tocaram alegremente, sensualmente.
Naquele instante, tudo foi liberado em uma violenta erupção e ondas
de contrações quentes sacudiram meu corpo. Todo o ar saiu correndo
dos meus pulmões e minha boca se abriu, mas não consegui gritar.
Agarrei-me a ela e ela me abraçou, olhando para mim com seus olhos
escuros e reconfortantes.
O orgasmo me deixou completamente mole. Eu me sentia como se
tivesse acabado de correr uma maratona e as únicas partes de mim que
ainda funcionassem eram o coração e os pulmões.
— Você se divertiu? — ela perguntou.
— Você está brincando? — Eu disse, ainda recuperando o fôlego. —
Sim. Eu me diverti muito.
— Bom. Nós também, — ela respondeu, sorrindo. Ela e seu parceiro
deitaram-se um de cada lado meu e acariciaram meu corpo suavemente
com a ponta dos dedos.
Fiquei lá por meia hora e os observei fazer amor enquanto recuperava
minhas forças. Por alguma razão, eu me sentia à vontade com eles de
uma maneira que nunca havia experimentado com nenhum de meus
amantes anteriores.
Quando saí, os dois ofereceram um beijo de despedida.
— Talvez a gente volte a ver você, — disse a mulher, puxando-me para
seu abraço.
Eu a cheirei uma última vez.
Eu não queria ir embora.
— Sim, eu adoraria, — respondi, segurando-a com força.
Josh
— Mãe, este é exatamente o tipo de coisa que eu pedi para você não
fazer.
— Não tenho a menor ideia a que você está se referindo, Addy. Estou
simplesmente organizando um bom almoço para sua companheira e
alguns de seus amigos e familiares.
Ela sempre fez isso, reformulando as coisas para se adequar a sua
visão, sua versão da realidade. Ela fez isso quando Aaron morreu, e ela
estava fazendo de novo agora.
Às vezes eu pensava que ela realmente acreditava, mas sempre houve
uma parte de mim que permaneceu cética. Ela era muito astuta para ser
vítima de tais delírios obstinados.
O almoço foi uma completa surpresa para mim.
Depois que Sienna e eu tivemos nosso momento na câmara do
conselho, conversei com meus pais e eles concordaram em se mudar para
um lugar na cidade. Certamente aliviou a tensão em casa, mas também
significava que eu não poderia controlá-los.
Naquele momento, eu estava observando o refeitório da Casa da
Matilha se transformar com talheres extravagantes e comidas que fariam
você pensar que o Alfa do Milênio estava vindo nos visitar.
— Isso fica aqui, querida, — chamou minha mãe, apontando para um
dos funcionários. — Quem colocou esta colher? Você não viu que está
manchada?
Ela estava tramando alguma coisa, eu tinha certeza disso.
— Addy, xô! Este almoço é só para nós, garotas. Vá cuidar de sua
Matilha.
Eu dei a ela uma última olhada, na esperança de flagrar qualquer
truque que pudesse estar escondido em seus olhos. Sienna pareceu
estranhamente receptiva quando me contou sobre o almoço, então talvez
as duas estivessem dispostas a seguir em frente.
Se fosse esse o caso, eu não iria atrapalhar.
Sienna
Corri minhas mãos sobre minha saia, alisando-a antes de seguir pelo
corredor em direção ao refeitório.
Eu queria usar calças, mas Michelle me convenceu de que seria muito
casual, então coloquei uma meia-calça e encontrei o vestido de inverno
mais pesado que eu tinha.
Ajudou o fato de Aiden manter a Casa da Matilha quentinha durante
os meses de inverno, mas eu ainda estava irritada sabendo que tinha me
trocado por causa de Charlotte.
— Boa tarde, Sra. Norwood, — disse a funcionária ansiosa parada do
lado de fora da porta. Ela era uma jovem garota de olhos arregalados com
cabelo loiro escuro trançado em um coque elegante e duas pintas em sua
bochecha esquerda.
— Existe uma senha? — Eu perguntei depois que ela permaneceu
imóvel.
— Aí, eu sinto muito, eu sou tão boba. Eu estava distraída com seu
vestido. É tão bonito. Ai, meu deus, será que falei demais? Eu sinto
muito. Eu nunca sei quando calar a boca.
— Tudo bem. Não tem problema — eu respondi, sorrindo. —
Obrigada pelo elogio. Eu adorei seu penteado.
— Mesmo? — ela disse, radiante. — Obrigada. Sra. Norwood. É uma
honra conhecê-la. Você é minha ídola.
— Como assim?
— Tudo o que você está fazendo por jovens lobas. Informando-nos
que podemos tomar nossas próprias decisões. É empoderador ver nossa
senhora alfa assumir a postura que você assumiu no festival.
Eu não tinha certeza de como responder. A ideia de ser um modelo
me pegou de surpresa. Selene tinha brincado comigo sobre isso, mas eu
nunca pensei em nada disso.
Além do mais, essa garota deveria ser só alguns anos mais nova do
que eu. Como ela poderia me admirar?
— Obrigado pelas adoráveis palavras, — disse eu, — mas não quero
deixá-los esperando ali.
— Claro, sinto muito ter atrasado você, Sra. Norwood, — ela
respondeu, abrindo a porta.
Eu esperava ver apenas Aiden e seus pais, mas em vez disso fui
recebida por uma mesa cheia de todas as minhas amigas mais próximas e
familiares.
Minha mãe, Selene, Jocelyn, Michelle, Mia... até Erica estava lá.
— Bem, não fique aí parada como um poste, querida. Venha e tome o
seu lugar como nossa convidada de honra.
— O que vocês estão fazendo aqui? — Eu perguntei, caminhando em
direção à mesa.
— Agora que somos uma família, achei que seria bom para todas nós,
garotas, nos conhecermos. Afinal, todos nós sabemos quem realmente
comanda as coisas na Casa da Matilha — disse Charlotte com um sorriso
brincalhão. — Aqui, sente-se, — disse ela, puxando minha cadeira.
Fiz uma careta para Michelle como se perguntasse — o que é que está
acontecendo, — mas ela apenas deu de ombros.
— Agora, gostaria de fazer um brinde à minha nora, — disse
Charlotte, erguendo o copo.
— Sienna, querida, você passou por tanta coisa na semana passada, e
eu admito que a chegada de Daniel e eu foi... um pouco chocante.
— Eu gostaria de me desculpar por isso. Acho que todos poderíamos
ter nos comportado melhor, por isso organizei este encontro. Acho que é
hora de começarmos do zero, Sienna. A novos começos e ao futuro desta
família.
Todos aplaudiram e brindaram com as taças. Eu acho que Aiden
estava certo; talvez Charlotte tivesse um lado sincero, afinal.
— Selene, querida, quando é o parto? — continuou Charlotte. — Você
está uma grávida tão radiante.
— Ah, obrigada, Charlotte, — Selene respondeu, corando. — Eu dou à
luz em três semanas. Então teremos mais uma mocinha para se juntar a
nós na mesa.
— Tenho certeza de que você também está ansiosa, Melissa.
— Ansiosa é pouco, — disse Selene.
— Ei, tenho sido muito boa em não meter o nariz nas coisas.
— Mãe, você almoça com meu obstetra três vezes por semana.
— Somos amigos médicos, Selene. Nem tudo gira ao seu redor — ela
respondeu com um sorriso culpado. — Mas, para responder à sua
pergunta, Charlotte, mal posso esperar pela chegada da minha primeira
neta.
— O primeiro bebê de muitos, tenho certeza, — respondeu Charlotte.
Quando os garçons saíram com o primeiro prato, Charlotte
continuou sua conversa.
— E, Mia, você já tem um filhotinho, não é?
— Sim, gêmeos, na verdade. Eles estão com quatro meses agora.
— Você deveria tê-los trazido, — disse Michelle. — Eles são os bebês
mais fofos que eu já vi na vida.
— Eles estão com o pai durante a tarde, então se eu estiver checando
muito meu telefone, é por isso.
— É muito corajosa por deixar Kyler e Emmett sozinhos com Harry.
— Eu sei, é por isso que estou voltando em duas horas. Estamos indo
aos poucos.
— E você, Michelle? — disse Charlotte. — As crianças estão no seu
radar?
— Veremos. Josh e eu queremos muito, e agora que a Bruma chegou,
eu não ficaria surpresa se tivesse um anúncio a fazer antes do ano novo.
— Meu Deus, parece que pode haver um bando de pequeninos
correndo por aqui em breve. Erica, quais são seus planos?
— Não estou acasalada, — respondeu Erica, um pouco na defensiva.
— Entendo, — respondeu Charlotte. — Bem, a temporada está
chegando, minha querida. Talvez este seja o seu ano de sorte. Jocelyn,
querida, o que você estava me contando outro dia sobre como a saúde de
uma Matilha se baseia na preservação de sua posteridade?
Eu lancei a Jocelyn um olhar interrogativo.
Ela tinha falado com Charlotte pelas minhas costas? Por que ela não
mencionou nada quando fui vê-la outro dia?
— Eu acho que você está interpretando minhas palavras um pouco
fora do contexto, Charlotte, — respondeu Jocelyn calmamente. — O que
eu disse foi: a consciência coletiva de uma Matilha é melhorada quando
eles sabem que o futuro é estável, e parte dessa estabilidade envolve a
criação de um grupo saudável de filhotes.
— Sim, sim, mas resumindo, ter bebês é bom para a Matilha. Acho
que todos nesta mesa concordam. Você não acha, Sienna?
Eu estava começando a ficar incomodada. Todo esse almoço não era
para nos conhecermos, mas sim para me lembrar de que todas ao meu
redor estavam tendo bebês.
— Claro, — respondi com cautela. — Estou feliz que minhas amigas e
irmã tenham escolhido ter filhos. É uma decisão bem significante.
— Eu concordo plenamente, — respondeu Charlotte. — Muita coisa
pode mudar quando você decide ter filhos ou não.
Ela fez uma pausa para se certificar de que tinha toda a minha
atenção, e de repente eu me senti como se fôssemos as únicas duas
pessoas na sala.
— Outras áreas da sua vida que você pode nem pensar que estão
relacionadas podem ser afetadas. Seu trabalho, seus hobbies... seu
companheiro. Sim, começar uma família é uma decisão muito
significante.
Aquela foi a gota d’água. Eu podia ver que atrás daquela pele de
cordeiro, havia uma loba.
Era impossível um mundo onde ela e eu nos reconciliássemos.
Mesmo se eu engravidasse amanhã, ela não daria a mínima para mim. Ela
só queria ter um neto, um neto Norwood.
— Charlotte, você não precisa fingir que gosta de mim.
— O que você quer dizer querida?
— Este teatrinho não vai funcionar. Você não vai me pressionar a ter
um bebê me cercando de mulheres que querem ser mães. Amo cada uma
dessas mulheres de todo o coração e respeito suas escolhas, mas elas
nunca me pressionariam para começar uma família como você está
tentando fazer agora.
— Quando você vai parar de me ver como uma vilã, Sienna?
— Quando você parar de agir como tal e começar a me respeitar.
— É difícil respeitar uma pessoa que só pensa em si mesma, querida.
— Engraçado — eu respondi. — A única razão pela qual você voltou
aqui foi para se certificar de que o legado de sua família não fosse
manchado por uma novata que não tem medo de ser sincera.
— Sienna. Charlotte, por favor, parem com isso, — implorou Melissa,
pondo-se de pé.
— Tudo bem, você pode pensar que sou horrível, mas sempre serei a
mãe de Aiden e sempre o colocarei em primeiro lugar.
— Isso é o que significa ser acasalado, senhorita. Você faz sacrifícios.
Aiden está fazendo de tudo para atender às suas frívolas exigências, e o
que você fez em troca? O envergonhou na frente de toda a Matilha e o
privou da maior alegria que um lobo pode ter. Você não merece meu filho
e nunca vai merecer.
As palavras de Charlotte me consumiram como ácido enquanto meu
coração afundava em meu estômago. Eu não ia dar a ela a satisfação de
me ver chorar.
— Com licença, senhoras, mas acho que não posso continuar aqui.
Assim que saí do refeitório, corri para o meu escritório e tranquei a
porta.
As lágrimas derramaram e eu deslizei para o chão, incapaz de
controlar a dor que me dominou. Eu não pude evitar, mas senti que havia
um fiapo de verdade nas palavras de Charlotte.
Naquele momento, eu não queria ver ninguém, exceto Aiden. Eu
queria senti-lo e ouvi-lo me dizer que eu era o suficiente, que era sua
companheira e que ele me amaria para sempre.
Capítulo 11
DECLARAÇÕES
Sienna
Meu telefone vibrou sem parar pelo resto da tarde. Todo mundo estava
tentando falar comigo depois que eu fugi do almoço de Charlotte.
Achei que queria ficar sozinha, mas estava completamente enganada.
Eu precisava falar com alguém.
Pensei em Jocelyn, mas ainda não tinha certeza de qual era sua
conexão com Charlotte, e Michelle e Mia não entenderiam o que eu
estava passando.
Eu precisava da minha mãe.
Mãe: Combinado!
Mãe: Te amo, Si. Bjs
Sienna voltou para casa com um humor incomum. Pela primeira vez
desde o Festival, ela parecia à vontade.
Jocelyn já tinha me contado o que aconteceu no almoço, e eu
esperava que Sienna me desse outro ultimato em relação à minha mãe,
mas em vez disso, ela rastejou em meus braços e me perguntou sobre o
meu dia.
Eu não conseguia entender.
Simplesmente deitamos nos braços um do outro e conversamos.
Conversamos sobre tudo e qualquer coisa. Conversamos até o sol nascer.
Foi tão simples e fácil. Era como se reconectar com um velho amigo
depois de passar décadas separados.
Isso me lembrou o quão louco eu era por ela, que companheira
perfeita ela era. Depois de ontem à noite, eu nunca poderia imaginar
uma vida sem ela ao meu lado.
Uma batida forte na minha porta me distraiu dos meus devaneios.
— Addy, a imprensa está aqui para você atualizá-los sobre o novo
Festival.
— Sim, já vou, mãe.
— Bom. É péssimo manter a imprensa esperando. Mentes ociosas
escrevem histórias fantásticas.
Ela sempre tinha que transmitir um pouco de sua sabedoria? Ela sempre
tinha que dar a palavra final?
Caminhei em direção à sala de imprensa com o conflito se formando
em minhas entranhas. Eu não tinha certeza do que queria dizer, mas o
que quer que eu dissesse, precisava aguardar. Um alfa nunca vacila com
suas palavras.
Cheguei para ver minha mãe, meu pai, Sienna e o resto do conselho
flanqueando o pódio em uma linha organizada. Os repórteres se
amontoaram na sala como sardinhas.
Senti seus olhos em mim, rastreando todos os meus movimentos e
expressões faciais.
Minha mãe e meu pai sorriram como se nada tivesse acontecido entre
nós. Então eu flagrei o olhar de Sienna, sua expressão mais reservada,
mas dez vezes mais genuína.
Ia doer, mas eu já tinha decidido.
Coloquei minhas mãos em cada lado do pódio e inclinei-me para o
buquê de microfones apontado para meu rosto.
— Bom dia, — comecei. — Há alguns dias, Sienna e eu anunciamos
que concordamos em reagendar o ritual do Festival da Fertilidade para a
próxima lua cheia. Desde então, divulgamos muito poucas informações a
respeito.
Com o canto do olho, vi minha mãe balançando a cabeça. Tudo
estava indo como ela havia planejado.
— Bem, a razão para isso é porque eu decidi respeitar a decisão de
minha companheira e adiar indefinidamente o ritual.
— Quando Sienna e eu estivermos prontos para começar a ter filhos,
nós avisaremos a Matilha, mas por ora, nossa decisão de começar uma
família não será ditada por nada, exceto por nossos próprios desejos
pessoais. Obrigado.
Uma ladainha de objeções disparou da multidão junto com mãos
ansiosas, mas eu não tinha intenção de responder às suas perguntas.
Tudo o que me importava naquele momento era estar com minha
companheira.
Eu me virei para Sienna, que estava radiante. Ela murmurou um
silencioso "eu te amo" que me encheu de orgulho e alegria.
Todos, incluindo meu conselho, ficaram pasmos. Eu podia ver meus
pais inquietos, seus olhos tremendo, tentando não perder o rumo na
frente das câmeras.
— Encontre-me no meu escritório em dez minutos, — eu disse,
beijando minha mãe na bochecha. — Pai, você também está convidado.
— Os dois estavam furiosos demais para proferir uma resposta adequada,
mas eu não me importava se eles aparecessem.
Peguei Sienna pela mão e dei um beijo suave em seus lábios. — Sinto
muito por ter demorado tanto.
— Ah, Addy! Eu não posso acreditar que você foi tão tolo!
— Esta não é a decisão de um alfa forte, filho. Você está estabelecendo
um precedente perigoso.
Sentei-me em minha cadeira, encarando-os com uma alegria
inesperada. Havia algo de engraçado em como todas as críticas que eles
estavam guardando, acabaram sendo disparadas de uma forma
desesperada.
— O que quer que aquela garota tenha feito com você, — censurou
minha mãe, apontando o dedo para Sienna, — é o resultado de
motivações egoístas. Ela não se importa nem um pouco com a Matilha e
com esta família.
— Sua mãe e eu tentamos tirar você da bagunça que ela criou, mas
você simplesmente mergulhou de cabeça dentro dela. Diga alguma coisa,
inferno.
Eu contemplei as duas figuras fumegantes na minha frente.
Nada que eles pudessem fazer ou dizer me deixaria tão feliz quanto
Sienna.
Nada que eles pudessem fornecer me faria sentir tão completo
quanto eu me sentia quando estava com ela.
— Mãe. pai, desde que vocês chegaram aqui, deixaram uma coisa bem
clara para mim: sua prioridade sempre será proteger o legado de nossa
família. Achei que isso poderia ter mudado quando mamãe ofereceu
aquele almoço, mas estava claramente enganado.
— Vocês estão tão envolvidos com o que é melhor para a família que
não têm ideia do que significa ser família. Sienna é minha companheira.
Ponto final. Fim da história.
— Não há mais ninguém neste mundo com quem eu queira viver. E
nada vai comprometer nossa parceria. Nem vocês, nem a matilha, e
certamente nem se tivermos filhos ou quando tivermos.
— Não espero que vocês entendam, então direi de outra forma: Eu
não quero ver nenhum de vocês mais.
O rosto de meu pai ficou sério e ele apertou a mandíbula. Eu não me
importei se ele estava chateado. Ele mesmo havia causado isso; ambos
tinham.
— Entendo perfeitamente, — disse Daniel, colocando as mãos nos
ombros de minha mãe. — Estou feliz que Aaron não está por perto para
ver que tipo de lobo você se tornou.
Os olhos da minha mãe lacrimejaram enquanto ela me olhava
incrédula, balançando a cabeça. — Addy... Aí, Addy. Estou tão
desapontada.
Eles deixaram a sala rapidamente, mas fizeram questão de fechar a
porta atrás deles com um barulho frio e sem cerimônia.
Qualquer gota de culpa que eu pensei que pudesse ter falhou em se
materializar. A tentativa de meu pai de usar a morte de Aaron em seu
benefício apenas tornou a decisão mais fácil.
Voltei minha atenção para Sienna, que, pela primeira vez na memória
recente, estava sem palavras.
— Eu não fiz isso apenas por você, — eu disse, desconfortável com o
silêncio dela. — Já faz muito tempo que preciso enfrentá-los.
Sienna caminhou em minha direção e deslizou a mão em volta da
minha cintura, puxando-me para um beijo apaixonado. Fechei meus
olhos e me perdi em seu abraço.
Sienna
Sienna: Experimenta
Aiden: emoji
Sienna: Não me faça voltar com a castidade
Sienna: Sim
Sienna: Hoje às 4?
Sienna
Achei que estava sendo bastante razoável, mas Sienna me irritou. Eu não
sabia como ser mais legal.
Eu dei a ela uma saída fácil. Por que ela não aceitou?
Era como se ela não levasse sua posição a sério.
Uma posição que costumava ser preenchida por mim.
Eu precisava de Michelle. Ela sempre soube como me acalmar quando
eu ficava assim.
Michelle: Vem logo pra casa. Eu tenho uma surpresa para você
Sienna
Eu não conseguia acreditar que estava fazendo isso. Josh não iria nem
olhar para isso até de manhã.
Na verdade, pelo jeito que ele estava me importunando, eu não tinha
tanta certeza. Ele realmente se importava em doar para instituições de
caridade ou estava tentando me dar uma bronca na frente de todos.
Tudo porque ele errou e estava tentando fazer as pazes.
Antes de Aiden e eu termos acasalado. Josh e eu já estávamos meio
brigados. Eu o achava um idiota, e ele me achava uma cabeça de vento.
Mas depois que passamos mais tempo juntos, aprendemos a tolerar
um ao outro. Quer dizer, nós fomos obrigados a isso.
Josh não era apenas o melhor amigo de Aiden, mas também estava
acasalado com minha melhor amiga, Michelle. Em outras palavras,
nossos relacionamentos pessoais dependiam de nós dois nos darmos
bem.
E Josh não entendia que eu estava lidando com muitas dúvidas e
inseguranças.
Ninguém entendeu, realmente — eu incluída.
Eu estava dando o meu melhor para ser uma boa Luna, mas precisava
começar a aceitar ajuda.
Razão pela qual decidi que precisava finalmente confrontar meus
problemas em vez de varrê-los para debaixo do tapete.
Sienna: Oi Konstantin
Konstantin: Claro!
Konstantin: Quando você pode?
Erica: Pois é, eles não estão com agenda lotada, tipo, por vários
meses?
Michelle: relaxem
Michelle: chateauuuuu!!!!
Depois que Aiden ajudou a limpar minha mente e lidar com a minha
Bruma, me senti muito mais confiante em tentar outra sessão com
Konstantin.
— Você está pronta para tentar novamente? — ele perguntou,
sentando na minha frente em seu escritório.
— Acho que sim.
Eu respirei fundo.
— Eu tenho certeza.
— Aconteça o que acontecer, não lute. Entende? Você tem que ceder,
— disse Konstantin. — É a única maneira de descobrir o que sua mente
esconde.
— Vou fazer o meu melhor.
— Me dê suas mãos.
Um exuberante jardim cheio de arcos floridos e fontes jorrando abriu o
caminho para uma linda mansão de tijolos. Eu levantei meu vestido
enquanto caminhava em direção a ele, tentando não sujá-lo.
Espere, o que eu estava fazendo? Isso não era real.
Enquanto eu acelerava meu ritmo, meus seios praticamente derramaram
do corpete apertado que os estava impulsionando.
Mais uma vez, isso foi obra da minha própria mente. Tudo na minha
cabeça foi projetado por mim. Da última vez, foi um castelo assustador,
desta vez, uma encantadora propriedade rural no período vitoriano.
Sinceramente, eu preferia este lugar
Quando cheguei à mansão, encontrei Aiden dentro, vestido com um terno
elegante e gravata.
Minha mente, de alguma forma, o tornava ainda mais bonito.
— Para onde? — Eu perguntei, examinando a enorme mansão.
— Este é o seu cérebro, — respondeu ele. — Siga seus instintos. Onde está
dizendo para você ir?
Sem pensar, comecei a subir a grande escadaria, com Aiden seguindo
atrás. Passei por dezenas de portas, mas sabia que nenhuma delas era a que
eu estava procurando.
Corredores tortuosos.
Escadas mais estreitas.
Papéis de parede mudando constantemente.
Este lugar era mais um labirinto do que uma mansão. Eu estava
começando a sentir como se algo estivesse faltando até que me vi parando
abruptamente no meio de um corredor.
— Acho que está aqui, mas não sei por quê, — disse eu, confusa. — Não
há nem portas neste corredor.
Eu instintivamente olhei para o teto e encontrei uma porta do sótão,
ligeiramente entreaberta.
— É muito alto para alcançar. Dê-me um impulso.
Eu esperava de verdade que minha mente tivesse sido cortês o suficiente
para me dar roupas íntimas desta vez.
Quando Aiden me levantou, comecei a sentir um formigamento por todo
o meu corpo.
A maldita Bruma de novo, o mecanismo de defesa do meu corpo. Isso
significa que devemos estar perto.
— Está acontecendo de novo, — choraminguei.
O rosto de Aiden estava perigosamente perto da minha bunda.
— Não lute contra isso. Ceda a tudo o que sua mente lhe disser para fazer
quando entrarmos naquela sala.
Consegui puxar a escada para baixo e subi-la, tentando não pensar em
como estava me sentindo extremamente excitada.
Quando vi o que havia dentro do sótão, meu queixo caiu.
— Que porra é essa?
Acessórios BDSM artigos de madeira enchiam a sala, junto com muitos
chicotes e correntes.
Eu tinha acabado de nos levar a uma maldita masmorra de sexo —
exceto que era no sótão.
A Bruma se espalhou pelo meu corpo como um incêndio. Eu queria
arrancar minhas roupas, e quando olhei para Aiden, parecia que o mesmo
pensamento passava por sua cabeça também.
Aproximei-me de uma das engenhocas de madeira, sem controle do meu
próprio corpo, como se estivesse sonâmbula.
Minha mente prendeu as alças em volta dos meus pulsos.
— O que você está fazendo? — Aiden perguntou com um sorriso
malicioso.
— Sinceramente, não sei, — eu disse, tentando não entrar em pânico.
Outra onda de Bruma me atingiu, e tudo que eu queria era sentir algo.
Sentir qualquer coisa.
— Pegue um chicote, — ordenei.
Capítulo 21
MENTE ABERTA Sienna
Aiden desamarrou meu vestido até que minhas costas estivessem expostas,
enquanto minhas mãos permaneciam amarradas. Minha Bruma, ou melhor,
meu subconsciente, queria tanto isso que doía.
Seus dedos traçaram minhas costas nuas. Havia luxúria em seu toque.
Suas unhas estavam cravadas em minha pele. Eu estava sedenta por algo
maior do que apenas um leve arranhão.
Eu precisava sentir algo real.
— O chicote, — eu disse novamente.
Aiden examinou a variedade de chicotes na parede e escolheu um com
várias tiras. Ele brincou com meu corpo antes de dar uma leve chicotada na
minha bunda.
Ainda não era suficiente.
— Mais forte, — exigi.
— Com prazer, — respondeu ele, com um brilho diabólico nos olhos.
Ele bateu o chicote contra minha carne novamente. Doeu dessa vez, mas
meu corpo queria mais.
— MAIS FORTE, — gritei.
Quando ele desceu o chicote novamente, eu estremeci.
O que eu estava fazendo?
Isso não parecia certo. Aquela não era eu.
E aquele também não parecia Aiden.
O que estava acontecendo na minha cabeça?
Meus desejos mudaram. De repente eu não queria mais isso.
— Aiden, pare, — eu disse, lutando contra as amarras em que me
coloquei.
Mas ele não parou.
Ele me chicoteou com o chicote novamente.
E de novo.
— Aiden, — eu gritei. — Ouça-me!
— Não, não podemos parar.
CHICOTADA
— Temos que continuar...
CHICOTADA
— Precisamos saber
CHICOTADA
Eu estiquei meu pescoço para olhar para Aiden, e não pude nem
reconhecê-lo.
Ele parecia tão intenso e determinado, mas seus lábios estavam curvados
em um sorriso perturbador.
Ele estava gostando disso.
— Não lute contra isso, — ele gritou.
Eu senti algo uivar dentro de mim — meu lobo interior. Ele começou a
ficar cada vez mais alto até abafar todo o resto.
A sala começou a girar Então tudo desapareceu.
Konstantin: Você é.
Sienna: Ok...
Josh
Bati na porta de Aiden e entrei em seu escritório. Tudo que estava em
cima de sua mesa estava espalhado pelo chão, e o almíscar do sexo
pairava no ar.
Ele ainda não tinha vestido a camisa e a gravata estava frouxa no
pescoço.
Pelo menos ele estará de bom humor. Ele acabou de transar.
— Ei, podemos conversar? — Eu perguntei hesitante.
Esses momentos com Aiden sempre foram estranhos. Eu não sabia se
deveria cumprimentá-lo ou me curvar e chamá-lo de meu alfa.
Minha amizade com Aiden começou muito antes de ele se tornar o
alfa da Matilha da Costa Leste, mas na casa da Matilha, a linha entre
nossa amizade e relacionamento profissional era confusa.
— Parece que nós dois tivemos tardes produtivas. — Aiden sorriu.
— Pois é, acho que sim, — eu disse, coçando minha nuca. — Na
verdade, é sobre isso que eu queria falar com você, minha produtividade.
— O quê, vai me dizer que está sobrecarregado? — Aiden riu. —
Porque parece que Michelle estava mantendo você bem ocupado.
— Você fez de Sienna seu novo beta, — eu gritei, incapaz de segurar
mais.
Aiden parecia atordoado.
Ele claramente não esperava aquela explosão.
— Isso tem a ver com a patrulha? — Aiden perguntou.
— Sim, mas não tem a ver só com a patrulha. Eu me um sinto inútil
do caralho quando venho trabalhar e vejo todas as minhas tarefas nas
mãos da Sienna.
— Josh, para falar a verdade, tenho tentado envolver Sienna na minha
vida profissional porque ela tem estado distante ultimamente. Mas ela
também tem sido um grande trunfo para a Casa da Matilha.
— Eu tenho trabalhado tanto para mostrar a você que ainda me
dedico a esta matilha e a você.
— Eu sei, Josh. E eu agradeço. Mas depois do que aconteceu com a
Sienna no festival, preciso provar que esses fanáticos estão errados e
mostrar à matilha o quanto Sienna pode brilhar quando tem a
oportunidade.
Ele suspirou profundamente e recostou-se na cadeira da
escrivaninha.
— Com Sienna, estou começando a ver um novo caminho para nossa
Matilha que eu nunca teria visto por conta própria.
— Claro, mas onde me encaixo nessa visão do futuro? — Eu
perguntei.
Houve um silêncio tenso entre nós.
Não importa se Aiden me perdoou ou não, as coisas estavam
diferentes agora. E isso era difícil de aceitar.
Michelle
— Sienna, aqui!
— Não, aqui, Sra. Norwood!
— Esse vestido é lindo. Quem o desenhou?
— Dê-nos um sorriso!
Um sorriso.
O tapete vermelho se estendeu na minha frente, parecendo que
continuava por um milhão de quilômetros.
Flashes ofuscantes, perguntas invasivas, observadores cobiçando.
Eu poderia lidar com tudo isso.
Sorrir parecia impossível agora.
O que aconteceu com Konstantin estava me consumindo por dentro,
sua presença ainda persistia em minha mente.
Ele estava me usando.
Por quê, eu não tinha certeza, mas ele era poderoso e tinha exercido
algum nível de controle sobre mim que eu nem tinha percebido.
Eu precisava contar a Aiden o que tinha acontecido, mas o Baile de
Inverno não era o lugar. Ou talvez fosse e eu estava com muito medo de
reviver aquilo...
Aiden apertou minha mão. — Sienna, você está bem? Eu sei que isso é
um pouco demais, mas estaremos lá dentro antes que você perceba.
— Não, está tudo bem — você está certo, — eu disse, forçando um
sorriso. — Vamos.
Eu praticamente puxei Aiden ao longo do tapete vermelho, parando o
mínimo de vezes possível. Talvez se apenas entrássemos, tudo seria...
Dez vezes pior.
Quando entramos no Casa da Matilha no topo da escada, todos
pararam o que estavam fazendo e olharam para nós.
Todos.
Eu vi minha mãe puxando a manga do meu pai e apontando para
mim e Aiden, parecendo que ela estava prestes a ter um derrame de
emoção ao ver sua filha fazer sua grande entrada no Baile de Inverno.
Selene sorriu para mim. Eu esperava estar fazendo justiça ao vestido
dela. Honestamente, foi a peça de roupa mais elegante que eu já vi.
Um vestido decotado, longo com lantejoulas douradas, que deve ter
levado semanas para ser feito. Ela até fez para Aiden uma gravata
dourada combinando.
Você realmente deveria ter passado mais tempo no tapete vermelho. Por
que você é tão egoísta, Sienna? Apenas pensando em si mesma.
Meu olhar começou a disparar para frente e para trás entre Mia, Erica,
Josh e Michelle. Eu senti como se todos eles pudessem ler minha mente,
como se conhecessem meus segredos.
Do jeito que Konstantin fez.
Aguenta firme, Sienna.
Eu joguei minha cabeça para o alto e acenei para a multidão,
segurando a mão de Aiden com força com a minha outra mão enquanto
descíamos a escada.
Eu sabia que poderia superar isso com ele ao meu lado.
Ele só está ao seu lado porque não sabe a verdade.
Que pensamentos horríveis que continuavam rastejando em minha
cabeça? Minha ansiedade estava gritando.
Quando chegamos ao fim da escada, a multidão voltou a tagarelar. Eu
tinha que contar a Aiden sobre Konstantin antes de explodir.
— Aiden, eu tenho algo para contar.
— Sienna, tenho que cumprimentar todos os dignitários e resolver
alguns assuntos antes do banquete. Você ficará bem por conta própria
por um tempo?
— Claro, — eu disse, tentando sorrir. — Vou encontrar minha família.
Enquanto ele se afastava, a voz voltou:
Veja, ele não consegue nem ficar perto de você. Ele odeia a maneira como
você tira toda a diversão e festividade da festa com o seu desespero.
— Pare... pare de me atormentar, — eu murmurei, segurando minhas
mãos na minha cabeça.
Quando me virei, Michelle estava parada a poucos centímetros de
mim e quase gritei.
— Ai, meu Deus, Michelle, você me assustou. Mas estou muito feliz
em ver você, — eu disse, aliviada. — Estou quase enlouquecendo.
— Sienna, você esta uma maravilha, — disse Michelle, acariciando
meu cabelo. — E esse vestido - ouro puro.
— Selene que fez. Ela provavelmente faria algo para você se...
— Sua irmã sabe que você é uma vagabunda? — Michelle perguntou
abruptamente com um sorriso meio estranho.
— Como é? — Eu disse, recuando.
— E quanto ao Aiden? Ele sabe onde você tem passado as noites?
— Michelle, não sei o que você viu, mas posso explicar. Na verdade,
eu preciso contar para alguém.
— Me poupe, Sienna. Eu sei quem você realmente é. Seus segredos
não permanecerão assim por muito tempo. Em breve, todos conhecerão
sua verdadeira natureza, — disse ela.
Estreitando os olhos, ela apontou para a festa lotada cheia de minha
família e amigos.
Por que ela estava sendo tão cruel? Aquilo não parecia ser minha
melhor amiga de forma alguma.
A sala começou a parecer que estava se fechando sobre mim.
Todo mundo se tornou um borrão de lágrimas.
Eu não poderia estar ali. Eu não aguentaria.
Então eu corri.
É o que você faz de melhor.
Jocelyn
Tentei conter minha risada quando Nina me empurrou para a biblioteca
e nosso champanhe espirrou no chão.
— Nina, tenha cuidado. Este é um tapete persa. Você sabe como são
caros? — Eu disse, rindo enquanto tentava enxugá-lo com meu vestido.
— Não sabia. Obrigado pela dica. — Nina sorriu. — Mas como vou
colocá-lo na minha bolsa antes de sair?
— Para seus dias de ladra acabaram, — eu disse, puxando-a para baixo
no tapete ao meu lado. — Você está no caminho de Deus agora.
— Hmm, definitivamente isso não é de Deus, — disse ela, puxando-
me para um beijo.
Cada vez que seus lábios tocavam os meus, parecia mágica. Eu
gostaria de poder engarrafar aquele sentimento e usá-lo como um
remédio, porque parecia tornar tudo melhor — pelo menos naquele
momento.
— Tive uma ideia, — anunciei, embriagada. — Aqui, me ajude com
isso.
Arrastei o tapete persa para perto da lareira crepitante e agarrei o
máximo de almofadas e travesseiros que pude encontrar, criando um
covil macio para desabarmos.
Nós seguramos as mãos e caímos para trás, caindo na pilha de
travesseiros em um ataque de risos.
— Obrigado por abandonar a festa comigo. — Eu sorri. — Estou meio
de saco cheio com os bailes de inverno.
— Você não tem que me agradecer. Não sou uma garota que curte
muito multidões — afinal, eu sou uma ladra.
Nós nos viramos e olhamos uma para a outra. Os olhos ômega de
Nina brilhavam com as chamas dançantes e fizeram meu coração
palpitar.
— Meus pais eram ambos ladinos, — eu disse de repente. — Eu nunca
disse isso a ninguém antes.
— É sério? — Nina perguntou, surpresa. — Por que eles foram
exilados?
— Eles eram soldados na milícia da matilha. Eles discordaram de seu
alfa, pessoas inocentes estavam sendo feridas e não podiam mais ser
cúmplices.
— Então eles escolheram ser lobos ômega. Eles passaram a vida
inteira tentando compensar os erros do passado.
— Eles parecem pessoas boas, não como eu, — disse Nina, virando-se.
— Todos cometemos erros, mas eles não nos definem. A Matilha da
Costa Leste reconheceu isso e os acolheu. Eles podem fazer o mesmo por
você.
Pressionei meu corpo contra o de Nina e a beijei novamente.
— Você não precisa mais ficar sozinha.
— Nem você, — disse ela, beijando-me apaixonadamente de volta.
Minha Bruma se acendeu com desejo e comecei a morder seus lábios
enquanto suas mãos acariciavam meus seios.
Eu montei nela e puxei meu vestido pela cabeça enquanto ela tirava o
dela.
O calor do fogo no corpo nu de Nina aqueceu sua pele, e quando
minha própria carne nua tocou a dela, desejei que nos fundíssemos em
um único ser.
Eu belisquei e chupei seus mamilos, provocando um gemido suave.
Eu estava por cima, mas não por muito tempo. Nina gostava de me
dominar...
Ela assumiu o controle, me virando, deitando-me de costas e
afastando meus joelhos.
Ela foi beijando minha barriga até chegar no meu sexo e começou a
sacudir sua língua dentro de mim com tal habilidade que
instantaneamente me deixou molhada.
Comecei a gemer alto, incapaz de me controlar. Eu torcia para que
ninguém estivesse passando lá fora, ou eles poderiam ouvir.
Nina mergulhou seus dedos dentro de mim e começou a massagear
partes do meu sexo que a maioria dos homens nem sabia que existiam.
Enquanto ela movia os dedos ritmicamente, minha Bruma explodiu e
comecei a ter um orgasmo.
— Porra! — Eu gritei em êxtase.
Naquele momento, toda a maldita festa provavelmente poderia me
ouvir.
E eu não me importava nem um pouco.
Aiden
Embora Raphael tenha perdido o evento deste ano, muitos outros alfas
notáveis estavam presentes.
Normalmente ficávamos bêbados com as melhores garrafas de uísque
e trocávamos histórias de caça a noite toda, mas este ano foi diferente.
Eu estava acasalado, e era Sienna, não esses dignitários, com quem eu
queria passar a noite.
— Aiden, seu cachorro velho, finalmente sossegou, hein? — George, o
alfa da matilha canadense, me deu um tapa nas costas. — Eu já estava
ficando preocupado com você sozinho chegando perto dos trinta.
Eu não estava com humor para aturar aquele idiota.
Notei Josh socializando com os outros betas, e uma ideia me ocorreu.
— Você me daria licença por um momento? — Eu disse,
abandonando George e correndo até Josh.
— Josh, precisamos conversar sobre as coisas que você disse no meu
escritório outro dia.
— Ah, Aiden, ouça... Eu estava errado quando disse que você fez de
Sienna seu novo beta, — Josh se desculpou.
— Não, tenho pensado muito sobre o que você disse, e você está
certo. Tenho tirado suas responsabilidades a fim de tornar Sienna mais
envolvida.
Josh parecia atordoado.
— Agora que estou acasalado, não posso viajar tanto quanto antes.
Quero que você seja meu novo embaixador — meu dignitário, que posso
enviar ao exterior em meu lugar quando surgir a oportunidade. O que
acha disso?
— Aiden, não sei o que dizer, seria uma honra, — respondeu Josh,
boquiaberto.
— Ótimo, — eu disse, apertando seu ombro. — Porque eu preciso que
você comece agora. Vá se embebedar com todos aqueles dignitários
estrangeiros em meu lugar e mantenha-os distraídos.
— Se esse é meu dever, então acho que não tenho escolha, — Josh riu.
Enquanto eu inspecionava os alfas, um deles em particular chamou
minha atenção — um homem mais velho com pele marrom e uma túnica
cerimonial amarela. Havia algo familiar sobre ele, mas eu não conseguia
identificá-lo.
— Josh, quem é aquele alfa de manto amarelo?
— Aquele é Mateo, líder da matilha Colombiana.
A matilha Colombiana.
— Josh, venha comigo, — eu disse, imediatamente marchando até
Mateo.
— Mateo, já faz algum tempo que não vejo você no Baile de Inverno,
— cumprimentei-o, esperando que não fosse óbvio que tinha esquecido
quem ele era.
— Aiden, sim, é bom ver você. E uma grande jornada para mim com
nossas Matilhas tão distantes uma da outra, — Mateo disse, apertando
minha mão.
— Eu coincidentemente tive um encontro recentemente com um
membro da sua matilha — bem, um ex-membro na verdade. Eu queria
saber se você poderia esclarecer algo para mim.
Mateo ergueu as sobrancelhas: — Um ex-membro? Um lobo ômega
então. Qual é o nome dele?
— O nome dela é Nina, uma loba. Você a exilou por roubo.
— Receio que você esteja enganado, Aiden... Ninguém com esse
nome, ou por esse crime, jamais foi exilado da matilha colombiana.
Capítulo 25
CORRENDO
Sienna
O ar gelado do inverno feria minha pele nua enquanto eu corria pela rua
com meu vestido e salto alto. Estava difícil de respirar, mas era mais fácil
do que no Baile de Inverno.
Lá, eu não conseguia respirar de jeito nenhum.
Minha mente estava me sufocando e eu precisava clarear a cabeça.
Aquelas vozes... as coisas horríveis que me disseram. Será que estavam
certas? Eu fui a causa da miséria de todos?
O que Michelle disse me assombrou mais — e a maneira como ela
disse, com aquele sorriso estampado no rosto.
Ela não era ela mesma. Não poderia ser...
Ou talvez você simplesmente não queira admitir que ela estava certa.
Você é uma vagabunda.
— PARE, — eu gritei. — Saia da minha cabeça.
As luzes da rua piscaram assustadoramente ao meu redor quando
parei e segurei minha cabeça.
Eu acabei de fazer isso acontecer?
Eu não sabia mais o que era real e o que era fantasia.
Eu estava perdendo o controle da realidade.
A neve começou a cair enquanto eu prosseguia pela rua
inquietantemente silenciosa. Aquilo era real ou era outro truque que
minha mente estava pregando em mim?
Eu me lembrei daquele pesadelo horrível na minha cabeça:
Dançando com Konstantin.
Debaixo das luzes.
Deitado sobre as peles — o lobo de Aiden.
Eu fiquei tonta. Olhei para cima e todas as luzes da rua pareciam estar
me iluminando. Eu estava de volta ao palco.
— Não, — eu disse, balançando minha cabeça. — Aquilo não era real.
Mas parecia real.
Eu precisava estar em algum lugar seguro. Em algum lugar onde eu
pudesse me esconder. Minha galeria.
Corre, Sienna.
Meus calcanhares começaram a bater na neve recém-caída.
Continue correndo.
Nina
Apenas.
Continue.
Correndo.
Não pare. Não olhe para trás.
Meus pés estavam ficando cansados. Eu poderia correr muito mais rápido
se estivesse transformada, mas não poderia fazer isso enquanto carregava um
artefato inestimável.
Merda, o corredor à minha frente estava começando a fechar. Que sorte a
minha.
Eu fui extremamente estúpida por pensar que roubar de uma divindade
seria uma tarefa fácil.
Foda-se. Eu não tinha escolha.
Me transformei em loba, arrancando minhas roupas.
Peguei minha mochila em minhas mandíbulas e corri enlouquecidamente
até a luz no fim do túnel.
Eu estava por um triz.
Pressionei minhas patas traseiras no chão e saltei pela abertura, assim que
as paredes se fecharam atrás de mim.
Eu rolei pela terra e caí em uma pilha na borda de uma floresta.
Eu me transformei em um humano e me levantei, olhando para trás, para
o templo que quase tirou minha vida.
Sorrindo, levantei meu dedo do meio para o céu e mostrei minha língua.
— Chupem, deuses. Sobrevivi para roubar ainda mais.
O ar úmido parecia pegajoso contra meu corpo nu enquanto eu olhava ao
redor, procurando por minha mochila descartada. Eu a encontrei alojada em
um arbusto próximo, enquanto o artefato captava o reflexo da luz do sol
dentro dela.
— Ai está você, — eu disse, puxando meu prêmio.
A Balança de Llinos. Ela não parecia nada demais, mas era feita de ouro
maciço. Uma balança como qualquer outra.
Ela custaria um preço alto no Covil, o maior mercado negro para
lobisomens da América do Sul.
Era um objeto sagrado, supostamente contendo algum tipo de poder
divino, mas eu não acreditava nessa besteira.
Eu acreditava no que eu podia ver. No que eu poderia gastar.
O poder do dólar todo-poderoso foi o que me manteve viva, não orações a
divindades.
Eu coloquei a balança em uma pedra e comecei a incliná-la para frente e
para trás.
— Você vai determinar meu destino? — Eu perguntei ironicamente.
— Não, criança, mas eu vou, — retumbou uma voz profunda, mas
feminina atrás de mim.
Uma figura alta, esguia e encapuzada pairou sobre mim. Embora seu
rosto estivesse obscurecido, seu corpo e características eram andróginos.
— Quem... quem diabos é você? — Eu perguntei, segurando a balança no
meu peito nu.
— Sou eu quem mantém este mundo equilibrado, você alterou esse
equilíbrio, — explicou ela.
As escamas dispararam de meus braços para a mão da mulher e fiquei
paralisada. Não importa o quanto eu tentasse, eu não conseguia me mover.
Será que era uma...
Ela colocou uma pedra em cada lado da balança. — A balança vai
determinar se você viverá ou morrerá.
Eu assisti com horror quando eles balançaram para frente e para trás, até
que finalmente o lado direito caiu.
Meu corpo descongelou e eu caí no chão. — O que... o que isso significa?
— Significa que vou lhe conceder um favor. Você vive, por enquanto.
Mas, para restaurar o equilíbrio, você permanece em dívida comigo até
que cumpra um favor em troca, — ela respondeu.
— E que tipo de favor você está sugerindo? — Eu perguntei, tremendo.
— Qualquer indulgência que atenda às minhas necessidades. Vou visitá-
la novamente quando chegar a hora, — ela disse enquanto desaparecia no ar
denso, me deixando sozinha.
Meu deus, eu parecia uma idiota. Por que eu ficava tão nervosa perto
dela?
É que... eu nunca disse essas palavras a ninguém antes.
E se ela não retribuísse?
A verdade é que eu nem sabia se Nina era minha companheira. Não
tínhamos tido aquele momento de confirmação ainda — aquele
momento de certeza.
Mas, apesar disso, havia uma coisa que se tornava cada vez mais clara
para mim.
— Jocelyn..., — ela começou.
— Nina, acho que estou me apaixonando por você, — deixei escapar.
Ela estava atordoada, completamente silenciosa e imóvel.
Aí, diga alguma coisa — qualquer coisa. Isso é insuportável.
— Eu... eu, bem... — Ela trouxe seu olhar para o meu.
A última coisa que eu queria fazer era assustá-la, mas nossa conexão
era tão forte que eu sabia que ela também sentia.
Quando eu estava com Nina, era como se eu estivesse realmente viva.
Ela acendeu um fogo em meu coração, e estava queimando mais forte a
cada dia.
Ela colocou a mão sobre a minha e apertou. — Jocelyn, eu estou...
A porta da biblioteca se abriu e Aiden invadiu com Josh e um enxame
de soldados.
— Jocelyn, saia de perto dela — Aiden rosnou. — Ela não é quem diz
ser.
— Aiden, que merda você está falando? — Eu exigi. — Você não pode
simplesmente invadir aqui e...
— Ouça, Jocelyn, — Josh avisou. — Ela está mentindo para nós esse
tempo todo.
Dois soldados agarraram Nina e amarraram suas mãos atrás das
costas enquanto eu olhava com horror, incapaz de parar aquela loucura.
— Nina, o que está acontecendo? — Eu disse, engasgando.
— Sinto muito, Jocelyn. Sinto muito, — ela disse, com lágrimas
escorrendo pelo rosto.
Eles a arrastaram para fora da sala enquanto eu me sentava em nossa
pilha de travesseiros, soluçando.
Aiden olhou para mim enquanto fechava a porta, me deixando
sozinha.
Eu sempre acabo sozinha.
Capítulo 26
CAMINHOS DA MENTE
Sienna
— Esse é seu melhor, bonitão? Tem medo de me bater com mais força e
quebrar uma garra?
TOMA!
Merda.
Ok, essa realmente doeu.
Não achei que o beta tivesse coragem.
O sangue escorria pelo meu queixo enquanto eu olhava para Josh.
Aiden estava atrás dele, encostado na parede, deixando sua cadela fazer o
trabalho sujo.
— Quando você vai pular no ringue, Alfa? Não quer sujar as mãos? —
Eu cuspi.
— Por que você não me desamarra e a gente cai no mano a mano.
Uma luta real - não essa besteira de tortura no porão. Alfa versus ômega.
Eu sabia que não deveria provocá-lo - eu era tecnicamente o inimigo,
afinal - mas não pude evitar. Falar demais fazia parte da minha natureza.
Aiden sorriu como um idiota arrogante.
Ele começou a me circundar com as mãos atrás das costas,
perfeitamente composto. Ele estava no controle e sabia disso.
— Você não vai querer deixar isso chegar ao ponto em que eu entre
no ringue, — Aiden desafiou. — Seria uma luta mortal.
Eu me perguntei se esse alfa já havia matado alguém que o cruzou
antes. Sinceramente, eu não queria descobrir.
— Qual era o seu objetivo aqui? — Josh interrompeu. — Por que você
estava manipulando Jocelyn?
— Eu não estava...
Porra, não dê a eles nenhuma informação.
— Jocelyn não teve nada a ver com isso, ok? Ela só me ofereceu uma
boa foda ao longo do caminho.
Sua mentirosa imunda. Você é a pessoa mais baixa de todas, Nina.
— Sua vadia de merda, — Josh gritou, ecoando meus próprios
pensamentos.
Ele balançou o punho para mim novamente, mas desta vez, Aiden o
bloqueou antes que ele pudesse se conectar.
— Que merda é essa? Josh gritou.
— Que merda é essa — digo eu. Desta vez, foram meus pensamentos
ecoando os de Josh.
Por que Aiden parou aquele soco?
Será que ele percebeu que eu estava mentindo sobre meus
verdadeiros sentimentos por Jocelyn?
— Por quê você está aqui? — Aiden perguntou, seu rosto pairando a
apenas alguns centímetros do meu.
— Bem, eu certamente não vim pelas acomodações, — eu disse
sarcasticamente, olhando ao redor para a cela úmida da prisão em que eu
estava algemada. — Vou dar uma estrela pra vocês no Uivo.
— Você é uma ladra, o que significa que ninguém virá atrás de você.
Ninguém se importa se você vive ou morre, — Aiden rosnou. — Então é
melhor você começar a falar, ou vai passar o resto de sua vida solitária e
miserável nesta prisão.
— Vocês servem pelo menos um café da manhã básico?
Aiden chegou perto de me bater, mas em vez disso soltou um rugido
monstruoso e socou a parede de tijolos, deixando um buraco em forma
de punho.
Certo, acho que falei cedo demais sobre entrar no ringue com ele.
Provavelmente estamos em diferentes classes de peso.
— Vamos ver se você tem vontade de conversar depois que eu te
deixar aqui embaixo por dois dias na sua própria sujeira, como a rata
fedorenta que você é, — ele rosnou.
— Parece divertido, — gritei quando ele saiu da cela.
Antes de Josh trancar a porta, ele se inclinou para trás e me encarou.
— O que você fez com Jocelyn... você é realmente desprezível. Espero
que apodreça aqui.
A porta se fechou, deixando-me isolada.
Plateia exigente. Mas ele não estava errado sobre Jocelyn.
Estava me consumindo por dentro saber que eu havia a machucado e
não havia nada que eu pudesse fazer para consertar.
— Eu elogio você por sua resiliência, Nina. Você não é do tipo que se
desestabiliza sob pressão.
Uma figura alta encapuzada emergiu das sombras.
— Ah, ótimo, é você, — eu gemi. — Se estes são os tipos de visitas
conjugais que vou receber, gostaria de revogar meus privilégios de
visitação.
— Seu trabalho ainda não está completo. Você não deve deixar de
manter nosso acordo. Se você perturbar o equilíbrio, seus grilhões aqui
não serão páreo para as correntes que prenderão sua alma na vida após a
morte, — ela respondeu sem se abalar.
Eu balancei a cabeça, cerrando meus dentes. Ela não estava me dando
escolha. Estaríamos unidas até que minha tarefa fosse concluída.
— Você tem as ferramentas necessárias para completar sua missão,
então preste atenção ao meu aviso, não falhe de novo, — ela disse,
desaparecendo no ar.
Senti algo se materializar em meu bolso.
A chave para minhas algemas.
Jocelyn
Eu não tinha ideia se era forte o suficiente para fazer isso, mas tinha que
tentar. Eu fui capaz de absorver a dor de Nina, mas Michelle...
Ela não estava apenas com dor.
Ela estava possuída.
Os curandeiros eram resistentes à possessão — pelo menos foi o que
eu li — mas a teoria era diferente da prática.
Eu olhei para o vórtice rodopiante de móveis da Casa da Matilha que
protegia Michelle de nós chegarmos muito perto.
Selene e alguns outros ficaram presos atrás de um pódio do outro
lado da sala, sem rota de fuga.
Fiz sinal para ela correr quando dei o sinal.
— Josh, preciso que você distraia Michelle enquanto tento chegar
perto.
— Estou cuidando disso, — ele gritou, avançando em direção a ela,
usando suas garras para rasgar qualquer coisa que voasse para ele.
— O beta finalmente deu um passo à frente, — zombou o possuidor
de Michelle. — Mas será que está à altura da ocasião?
Ela ergueu os braços no ar e Josh saltou contra um lustre, quicando
como uma boneca de pano e caindo no chão.
Selene correu para a porta com seu grupo, tentando colocá-los em
segurança.
— Todo mundo corre. Não olhem para trás, — Selene gritou.
— Onde você pensa que está indo?
Selene gritou ao ser puxada para trás, deslizando pelo chão em
direção a Michelle. Eu mergulhei para frente e agarrei a mão dela.
— Jocelyn, por favor, não deixe ir, — ela chorou.
Michelle era muito poderosa. Não tínhamos chance.
Precisamos de um milagre.
Aiden
Michelle gritou de dor, como se algo dentro dela estivesse pegando fogo.
Todos os móveis flutuantes caíram no chão, e ela própria começou a cair
em queda livre.
Josh entrou em ação e a segurou, dando uma cambalhota e
segurando-a com força.
Podemos não ter outra chance.
Eu corri em direção a Michelle. Seu corpo estava se contraindo e ela
estava tentando se livrar de Josh.
— Jocelyn, se apresse. Eu não posso segurá-la por muito mais tempo,
— Josh gritou.
— Selene, tire todo mundo daqui e tranque as portas atrás de você, —
eu ordenei.
Ela assentiu e começou a conduzir os convidados restantes até a
saída.
Eu agarrei o rosto de Michelle enquanto Josh a segurava.
— Tudo bem, garota, vamos trazê-la de volta.
Comecei a absorver o que quer que estivesse dentro de Michelle em
meu corpo. Puta merda, isso é estranho.
Minhas veias começaram a ficar pretas de novo e eu suguei toda a
escuridão até que a energia se infiltrou ao longo do meu cérebro.
Meus olhos escureceram e de repente não consegui ver nada.
Comecei a vomitar, minha fisiologia de curandeira rejeitou o
convidado indesejado.
De repente, cuspi um monte de gosma preta por todo o chão e minha
visão voltou ao normal.
Que merda.
Parecia que tinha acabado de beber um galão de alcatrão.
Michelle estava deitada pacificamente nos braços de Josh.
— Eu... acho que ele se foi.
— Jocelyn... ela não está se movendo, — Josh disse calmamente.
Eu imediatamente senti seu pulso. Ela estava...
Viva.
Graças a deus.
Viva, mas sem vida.
Tentei transferir minha energia para ela, mas seu corpo não aceitava.
A escuridão se foi, mas Michelle estava em coma e eu não tinha ideia
de como trazê-la de volta.
Aiden
O vampiro estava ferido, mas eu senti que seu poder tinha ficado ainda
mais forte. Ele não estava brincando.
— Eu tentei estar em dois lugares ao mesmo tempo. Esse foi meu
erro, mas não se engane, estou por completo aqui agora, — ele fervia.
Eu olhei para o corpo inconsciente de Sienna no meio da galeria. Eu
precisava mantê-lo longe dela a todo custo.
— Sienna.
— Sienna, você tem que acordar.
— Eu preciso de você.
Eu esperava que ela não estivesse muito longe, mas nossa conexão
permanecia estática.
O vampiro disparou em minha direção como uma flecha, me
derrubando e me fazendo derrapar no chão.
Enquanto eu tentava ficar de pé, ele investiu contra mim
repetidamente.
Minhas costelas quebraram com os golpes rápidos e eu gritei de
agonia.
Ele me deixou caído no chão e voltou sua atenção para Sienna.
Não, não o deixe chegar perto dela!
Eu mudei de volta para minha forma humana e lutei para ficar de pé,
segurando meu torso.
— Ei, idiota, se você quer mexer com a cabeça de alguém, por que não
tenta a minha? No momento, estou tendo ótimas ideias sobre como vou
rasgá-lo ao meio.
Ele se virou e zombou de mim por tentar enfrentá-lo em minha
forma humana ferida.
— Se você insiste, Alfa, vou matá-lo primeiro com prazer. Então,
posso repetir a memória de arrancar sua cabeça na mente de Sienna,
várias vezes.
Enquanto o vampiro avançava em minha direção, um lobo rosnou
atrás dele.
Sienna.
Ela o agarrou e cravou suas presas profundamente em seu ombro em
um movimento rápido.
Ele gritou quando ela puxou com toda a força e arrancou um pedaço
de seu corpo, fazendo-o evaporar no ar.
O resto dele começou a desaparecer também, e estava claro que ele
não tinha controle sobre sua desestabilização repentina.
— Não, ainda não, droga. Eu estava tão perto! — Sienna se mexeu e
correu para mim, colocando meu braço em volta do ombro dela,
ajudando-me a me equilibrar. Nós dois o encaramos enquanto ele virava
pó.
— Não vou desaparecer para sempre, Sienna. Eu sempre estarei
dentro de você. Você me convidou para entrar e eu voltarei... —
Konstantin berrou.
Seu corpo evaporou antes que ele pudesse terminar seu discurso.
Sienna me abraçou e se aninhou em meu ombro. Estremeci com as
costelas quebradas, mas não me importei.
Era tão bom abraçá-la, saber que ela estava segura em meus braços.
Sienna